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Licenciatura em Economia

2o Ano
Pós - Laboral

O crescimento económico e regimes de políticas Macroeconómicas num período de (2015 –


2020)

Grupo 1:
Albertina Dos Anjos
Carolina Chilaule
Grishon Muchanga
Herculano Muhai
Joaquim Madeira
Nalda Ventura

Docente: Sádia Mendes

Maputo, Junho de 2023


Discentes:

Albertina Dos Anjos


Carolina Chilaule
Grishon Muchanga
Herculano Muhai
Joaquim Madeira
Nalda Ventura

O crescimento económico e regimes de políticas Macroeconómicas num período de (2015 –


2020)

Licenciatura em Economia
2o Ano
Pós - Laboral

Trabalho de pesquisa a ser entregue na


Faculdade e Economia e Gestão, disciplina de
Practica profissional II de carácter avaliativo
e sob orientação da Dra. Sádia Mendes

Universidade Pedagógica de Maputo


Maputo, Junho de 2023
Índice
Parte I - Introdução............................................................................................................................................4
Justificativa.....................................................................................................................................................5
O Problema da Pesquisa.................................................................................................................................5
Hipóteses........................................................................................................................................................6
Objectivos...........................................................................................................................................................7
Objectivo Geral...............................................................................................................................................7
Objectivos Específicos....................................................................................................................................7
Parte II- Revisão da literatura.............................................................................................................................7
O Crescimento Económico.............................................................................................................................7
A Política Monetária.......................................................................................................................................7
Os Objectivos da Política Monetária...............................................................................................................8
Os Instrumentos de Política Monetária..........................................................................................................9
Os principais fenómenos económicos registados no período (2015 – 2020)...................................................11
A crise causa pela COVID-19.........................................................................................................................11
A crise causada pela divida publica..............................................................................................................12
Políticas económicas usadas e quais os resultados encontrados.................................................................13
Conclusão.........................................................................................................................................................14
Referências Bibliográficas.................................................................................................................................16
Parte I - Introdução

O presente trabalho tem como tema “O crescimento económico e regimes de políticas


Macroeconómicas num período de 2015 - 2020” e procura olhar para as dinamicas do mercado que
contribuem para o crescimento economico e assim contribuir para o desenvlvimento de uma nação.
Para o efeito há que considerar o papel da moeda como um elemento que pode afectar muitas
variáveis económicas importantes para o bem-estar das populações, tal é o caso da inflação. Por
isso, os políticos e os mentores da política económica em todo mundo preocupam-se com a conduta
da Política Monetária (Miskin, 2000:9).

Em termos metodologicos, este trabalho foi elaborado numa base qualitativa com recuro a uma
revisao da literatura e revisao de documentos de interesse que incluem as políticas macroeconómicas
de Moçambique.

O presente trabalho debruçar-se sobre a actuação do desenvolvimento económico e da Políticas


macroeconómicas dando enfoque na política Monetária n contexto moçambicano.

O trabalho obedece a seguinte estrutura:

 Parte I é composto pela parte introdutória que inclui a justificativa, o problema da pesquisa,
as hipóteses do trabalho e os objectivos do estudo.

 Parte II faz-se a revisão de literatura onde são analisadas as referências bibliográficas em


relação à política monetária, seus objectivos e instrumentos, o processo de criação da moeda,
o conceito de inflação, a sua relação com a política monetária e o com o crescimento
económico.

 As conclusões e respectivas referencias bibliografcas.


Justificativa

Abordar a temática do “crescimento económico e regimes de políticas Macroeconómicas” tem sua


pertinência no facto de Moçambique ser um pais em vias de desenvolvimento e que, para efectivação
do tão desejado desenvolvimento, um conjunto de medidadas de carácter tecnico devem ser tomadas.

Com efeito, um dos objectivos do Governo de Moçambique é garantir o crescimento económico


contínuo e, para isso são adoptadas políticas macroeconómicas que têm em conta a estabilidade de
preços pois assim, torna-se possível a garantia duma melhor planificação económica e a redução da
pobreza da população.

Os Planos Quinquenais do Governo priorizam a manutenção de níveis de baixos e estáveis de


inflação (uma meta de um dígito) e, as decisões de política devem estar em consonância com a meta
estabelecida. Para assegurar a estabilidade dos preços, as autoridades recorrem à política monetária.
A instituição responsável pela formulação e gestão de Política Monetária é o Banco de Moçambique
(BM), o Banco Central da República de Moçambique.

Posto isto, segundo o 3° artigo da Lei n°.01/92 de 3 de Janeiro, o BM tem como objectivo principal
a preservação do valor da moeda nacional (Lei Orgânica do Banco de Moçambique). Um dos
objectos do BM é a Política Monetária que tem como objectivo primário a estabilidade do nível geral
de preços. E para alcançar a estabilidade de preços desejada, o BM estabelece metas e, através dos
instrumentos de política monetária procura cumpri-las.

O interesse despertado sobre este tema “o crescimento económico e regimes de políticas


macroeconómicas num período de 2015 a 2020” prende-se ao facto de o nível geral de preços ter
uma tendência generalizada de superar a meta estabelecida pelo Governo (um dígito). O outro
aspecto relevante é a pretensão de verificar, se através dos instrumentos de política monetária usados
pelo Banco de Moçambique é possível influenciar o comportamento da inflação.

Temos a expectativa deste trabalho poder contribuir como mais uma fonte de consulta pela
comunidade académica sobre a temática, bem como contribuir para um melhor entendimento da
sociedade no geral sobre a relação que se estabelece entre o crescimento económico e as políticas
monetárias implementadas em Moçambique.
O Problema da Pesquisa

De um modo geral a população moçambicana é composta por leigos sobre as dinamicas das políticas
monetárias e suas influencias na sua vida particular. Normalmente a partilha do conhecimento sobe a
materia é limitada a uma elite específica, o que de certa forma torna o entendimento sobre a relacao
entre o crescimento económico e o desenvolvimento uma incógnita. Contudo, muitas vezes as
pessoas comuns se questionam como é que de repente o estado decidiu aumentar a taxa de juros,
porque sera que estes não pensam nas camadas mais pobres, entre outros tipos de questionamentos.

Moçambique é uma nação jovem e em vias de desenvolvimento e por conta disso a busca de uma
estabilidade do nível geral de preços é um dos seus principais desafios para poder concorrer para um
crescimento e desenvolvimento sustentável estável e firme. Para o efeito, é necessário aplicar um
conjunto de medidas de controlo de crescimento económico através a aplicação de instrumentos de
política monetária.

Actualmente, os principais instrumentos da política monetária em uso em Mçambique são as


Operações de Mercado Aberto, recolhimentos compulsórios, redesconto bancário e empréstimos de
liquidez, as Reservas Obrigatórias, o que contrasta com o anterior que era referente às distribuições
dos limites de crédito através dos Activo Internos Líquidos aos bancos comerciais.

Neste contexto, urge questionar: “Até que ponto os instrumentos da Política Monetária influenciam
o comportamento do desenvolvimento da economia moçambicana?”

Hipóteses

Hipótese são a resposta antecipada a um problema previamente identificado e que poderá ser testada
e comprovada a sua validade através da aplicação de regras e instrumentos de pesquisa apropriados.
Para o contexto deste trabalho, são hipóteses do nosso trabalho as seguintes:
H1- As políticas Monetárias têm influência positiva na Base Monetária afectando a o
desenvolvimento económico da sociedade no geral. (Hipótese positiva)
H2- As políticas Monetárias têm influência negativa na Base Monetária afectando negativamente a
afectando a o desenvolvimento económico da sociedade no geral. (Hipótese negativa)
H3 – Não existe relação entre as políticas monetárias, a Base Monetária e o desenvolvimento
económico. (Hipótese nula/neutra)
Objectivos

Objectivo Geral

 Conhecer a influencia das políticas monetárias no crescimento económico de Moçambique.

Objectivos Específicos

 Identificar as políticas monetárias e o crescimento económico num período de 2015-2020;


 Explicar como os instrumentos da Política Monetária são usados pelo Banco Central de
Moçambique para o desenvolvimento da economia nacional;
 Descrever os objectivos da política monetária em Moçambique;

Parte II- Revisão da literatura

O Crescimento Económico

Para Lopes e Vasconcellos (2000:46) o crescimento económico corresponde a ampliação quantitativa


da produção total, isto é, o aumento do Produto Interno Bruto (PIB), enquanto, na visão de Salvatore
e Diulio (1981:187) o crescimento económico é a expansão da capacidade produtiva no decorrer do
tempo e é geralmente medido pelo PIB.

A Política Monetária

Segundo Hillbretcht (1999:150), a condução da Política Monetária deve ser feita de maneira a
aumentar o bem-estar dos indivíduos num determinado país, enquanto, Pinho e Vasconcellos
(2004:591) consideram que a Política Monetária diz respeito à actuação do Banco Central sobre a
quantidade da moeda, do crédito e do nível da taxa de juros, com o objectivo de manter a liquidez do
sistema económico. Segundo os mesmos autores, a Política Monetária constitui-se nos processos de
oferta de moeda, nos instrumentos utilizados e nos mecanismos de transmissão dos seus efeitos. A
oferta de moeda é feita pelas autoridades monetárias, pela emissão de notas e moedas metálicas e
pelos bancos comerciais que não emitem a moeda, mas criam moeda através de captação de
depósitos.
Um conceito mais breve sobre a Política Monetária que é trazida por Mishkin (2000:9) diz que
refere-se à administração da moeda e da taxa de juros, ou seja, a determinação da oferta de moeda
pelos formuladores de política do Banco Central.
Cleto e Dezordi (2002:18), consideram que a política monetária, ao controlar a oferta de moeda, está
a estabilizar o nível geral de preços da economia. Os governos que necessitam de diminuir a taxa de
inflação reduzem a oferta monetária e aumentam a taxa de juros e esse mecanismo controla o nível
de preços.
Uma outra visão sobre a política monetária é trazida por Bosco et al, onde esta política age
directamente sobre o controle do volume de moeda em circulação com o objectivo de preservar o
valor da moeda nacional.
A política monetária pode ser:
 Expansionista: quando tem o objectivo de aumentar a procura e incentivar o crescimento
económico através do aumento da quantidade de moeda em circulação;
 Restritiva: quando se afecta negativamente o nível de expansão monetária, o que promove a
diminuição do aquecimento da economia para evitar o aumento dos preços.
A Política Monetária é a base da economia dum país, visto que o crescimento e desenvolvimento
duma nação estão intimamente ligados à política económica que o país adopta para uma determinada
ocasião e de acordo com os planos políticos dum Governo.

Os Objectivos da Política Monetária

Segundo Hillbretcht (1999:151), a Política Monetária tem como objectivos a estabilidade de preços,
da taxa de juros e do sistema financeiro, o elevado nível de emprego, o crescimento económico e a
estabilidade do mercado cambial.
É desejável para um país a estabilidade de preços, pois a inflação pode ser extremamente
prejudicial à economia e assim torna difícil a interpretação da informação que os preços transmitem
no que concerne à escassez de recursos que leva, deste modo, à má distribuição dos mesmos e
consequentemente, à queda do bem-estar da população. A inflação pode dificultar ainda a elaboração
de projectos do Governo, de empresas e das famílias, pois gera incerteza na economia, em relação a
preços futuros (Hillbretcht, 1999:151).
Uma economia deve procurar ter a estabilidade na taxa de juros, pois igualmente às flutuações dos
níveis de preços, as taxas de juro dão lugar à incerteza na economia, o que põe em causa a tomada de
decisões das famílias e das empresas em relação à poupança, aos projectos e aos investimentos. O
Banco Central considera a estabilidade da taxa de juros como um objectivo da Política Monetária,
devido à necessidade de criar um ambiente favorável para as decisões de poupança, investimentos e à
existência de pressões políticas, pois, o Banco Central é frequentemente responsabilizado pelas
elevações das taxas de juro (Hillbretcht, 1999:151).
A estabilidade do sistema financeiro contribui para a transferência eficiente dos fundos das pessoas
que poupam para indivíduos e empresas que pretendem investir e permite reduzir o grau de incerteza
nas decisões das instituições financeiras (Banco Central, bancos comerciais, bancos de investimento,
empresas de seguro, fundos de pensão, cooperativas de crédito entre outras). (Mishkin, 2000:287).

Um elevado nível de emprego, que acompanhe a estabilidade do nível de preços, é considerado um


objectivo da Política Monetária, pois, o desemprego elevado representa um sério problema social.
Uma das soluções para a redução do nível de desemprego pode ser a definição duma política do
Governo de forma a criar mais postos de trabalho, fornecer as melhores informações sobre emprego
e elaborar os programas de formação (Mishkin, 2000:285).

O objectivo de crescimento económico está associado com o objectivo de elevado nível de


emprego, pois as empresas tendem a investir em bens de equipamento para aumentar a sua eficiência
na produção. Quando o desemprego é elevado, as empresas procuram produzir com mão-de-obra
intensiva versus capital intensivo (Mishkin, 2000:286).
É importante para uma economia globalizada a estabilidade do mercado cambial, pois, as
oscilações das taxas de câmbio causam incerteza e prejudicam os negócios dos exportadores e
importadores, o que torna mais difícil planificar as actividades futuras (Mishkin, 2000:287).

Os Instrumentos de Política Monetária

Os instrumentos de Política Monetária são meios que o Banco Central utiliza para controlar e
manipular a Política Monetária do país. Através da utilização desses instrumentos, as autoridades
monetárias podem influenciar a oferta de moeda e regular a taxa de juros duma determinada
economia. Pode-se fazer a distinção de controlo monetário directo e indirecto da Política Monetária.
O controlo directo acontece quando é definido o nível das variáveis que o Banco Central pretende
alcançar através da fixação administrativa da taxa de juros para todos os bancos e da fixação
administrativa da concessão de crédito que os bancos comerciais devem dar ao público. O controle
monetário indirecto usa o conceito de mercado para a determinação das variáveis e para influenciar
os seus objectivos recorre aos instrumentos como:
 Reservas obrigatórias;
 Taxa de redesconto e
 Operações de mercado aberto.

As reservas obrigatórias (também denominada de reserva legal) são consideradas uma espécie de
imposto sobre os depósitos à vista dos bancos comerciais. É exigido aos bancos comerciais que
mantenham uma fracção dos seus recursos à vista junto do Banco Central. A taxa de reservas
obrigatórias afecta basicamente o tamanho do multiplicador dos meios de pagamento, ao
determinarem qual será o montante de moeda que ficará disponível para os bancos comerciais
cederem empréstimos (Lopes e Vasconcellos, 2000:68). Uma alteração nas reservas obrigatórias
afecta a oferta de moeda, o que faz com que o multiplicador se modifique. Um aumento na taxa de
reservas obrigatórias reduz a quantidade de depósitos que podem ser criados por um dado nível de
base monetária o que leva a uma contracção da oferta de moeda; e uma redução das reservas
obrigatórias leva a uma expansão da oferta de moeda devido à uma maior criação múltipla de
depósitos (Mishkin, 2000:281). Uma pequena modificação nas reservas obrigatórias tem efeitos
significativos sobre a oferta da moeda pois altera o multiplicador monetário, por isso o Banco
Central raramente recorre ou altera este instrumento de controlo monetário.

A taxa de redesconto é uma de taxa de juros cobrada pelo Banco Central pelos empréstimos aos
bancos comerciais que pode ser usada tanto para sinalizar as taxas de juros a serem praticadas pelo
mercado, como, principalmente, para determinar a disposição dos bancos em ter mais ou menos
liquidez, isto é, a taxa de redesconto permite a concessão de empréstimos do Banco Central aos
bancos comerciais para cobrir eventuais problemas de liquidez (Lopes e Vasconcellos, 2000:68). Se
a taxa cobrada pelo Banco Central for superior à taxa de juro de empréstimo dos bancos comerciais
(de mercado), estes reduzirão a concessão de crédito, para reduzirem o risco de ter de recorrer ao
Banco Central. Numa situação contrária, em que a taxa de cobrada pelo Banco Central for inferior da
taxa de juros do mercado, os bancos comerciais irão expandir as suas operações de crédito.

As operações de mercado aberto são instrumentos que o Banco Central utiliza quando tem como
objectivo de contrair ou expandir a base Monetária. Se o Banco Central tem o objectivo de contrair a
base Monetária, este vende parte dos seus títulos públicos e desta forma retira a moeda em
circulação. Mas se pretende fazer a expansão monetária, o Banco Central compra títulos públicos no
mercado, o que aumenta a moeda em circulação (Lopes e Vasconcellos, 2000:68). As operações de
mercado aberto são instrumentos importantes de Política Monetária, pois, são os principais
determinantes dos movimentos da taxa de juros de curto prazo, da base monetária e são as maiores
fontes de flutuações da oferta de moeda, isto é, as compras de Bilhetes de Tesouro (BT‟s) no
mercado aberto expandem a base monetária, o que eleva, portanto, a oferta de moeda e reduz as taxas
de juro de curto prazo. As vendas de BT¨s no mercado aberto reduzem a base monetária e a oferta de
moeda (Mishkin, 2000:275). O Banco Central conduz dois tipos de operações de mercado aberto,
nomeadamente as operações dinâmicas de mercado aberto que visam implementar mudanças na
Política Monetária como alterações no nível de reservas e a base monetária e as operações
defensivas de mercado aberto que tem como objectivo anular o efeito das flutuações da base
monetária e das reservas como por exemplo mudanças nos depósitos do Tesouro (Hillbretcht,
1999:145).
Os principais fenómenos económicos registados no período (2015 – 2020)
Neste intervalo de tempo houve vários fenómenos económicos que abrandaram a velocidade do
crescimento da economia nacional, mas desta citaremos apenas duas delas que são consideradas as
principais. São estes:
 A famosa divida publica ou oculta e
 A covid-19.

A crise causa pela COVID-19

Passou cerca de um ano e meio desde que os primeiros casos de infecção pelo novo corona vírus
(COVID-19) foram identificados na cidade chinesa de Wuhan. Desde então, a COVID-19
rapidamente se propagou pelo Mundo, provocando uma crise global de saúde pública. Este facto
levou a que, a 11 de Março de 2020, a Organização Mundial de Saúde (OMS) declarasse a COVID-
19 como uma pandemia.
Como forma de conter a sua rápida propagação e reduzir a pressão sobre os serviços de saúde, foram
impostas medidas restritivas e de distanciamento social em quase todo o Mundo. A intensificação da
pandemia, sobretudo nas economias desenvolvidas e em desenvolvimento, levou a que vários países
optassem por confinamentos severos e longos, causando grandes interrupções na actividade
económica. Como consequência, o que começou como uma crise global de saúde pública,
rapidamente se traduziu numa crise económica e social sem precedentes (Stevano et al., 2021).
Em Moçambique, a pandemia não foi diferente. Todavia, as condições estruturais da economia
sugerem uma dimensão de impacto diferenciado. À semelhança de outras economias, medidas
restritivas foram impostas, com efeitos imediatos na actividade económica e nas condições de
produção e reprodução social. Pouco antes do anúncio oficial do primeiro caso de infecção por
COVID-19 no País, já se faziam sentir os primeiros sinais dos efeitos da pandemia sobre a economia,
sobretudo como consequência das restrições na produção e no comércio impostas em outras
economias. Uma das consequências imediatas foi a dificuldade para importar bens essenciais para o
funcionamento da economia, incluindo matérias-primas, bens de capital e bens básicos de consumo,
num contexto em que o País é altamente dependente da importação, incluindo de produtos básicos de
consumo.

A crise causada pela divida publica

A crise estrutural do padrão de acumulação foi exacerbada pelo escândalo das chamadas «dívidas
ocultas» no valor de 2,2 mil milhões de dólares, que levou ao cancelamento do financiamento directo
ao Orçamento do Estado (OE) por parte dos principais parceiros de desenvolvimento, incluindo
doadores bilaterais, o Banco Mundial e o FMI. O cancelamento do apoio ao OE deixou a economia
numa crise fiscal sem precedentes, com impactos na despesa social, em particular na saúde, na
educação e no transporte público.
A excessiva dependência em relação a influxos externos de capitais públicos e privados em forma de
ajuda externa, investimento directo estrangeiro (IDE) e créditos comerciais no sistema financeiro
internacional é uma das características dominantes desse padrão de crescimento económico.
Associado a estes influxos de capitais externos, sobretudo o IDE, tem sido, igualmente, a
concentração da produção num pequeno leque de grandes projectos focados na produção primária
para exportação, o «núcleo extractivo da economia», constituído pelo complexo mineral energético
(recursos minerais, energia eléctrica e gás, etc.) e pelas mercadorias agrícolas primárias para
exportação (algodão, tabaco, chá, florestas, etc.) (Castel- Branco, 2010, 2014, 2015, 2017).
Moçambique recebeu aproximadamente 39 mil milhões de USD em investimento privado (IDE e
empréstimos comerciais). De cerca de 1,3 mil milhões no início da primeira década deste período, o
IDE cresceu para mais de 21 mil milhões de USD, seguido por um abrandamento no último
quinquénio, como reflexo da crise que a economia tem experienciado desde 2015, especialmente
pela queda dos preços das principais matérias-primas de exportação, nomeadamente o carvão
mineral e, mais tarde, a crise da dívida pública, provocada sobretudo pelas dívidas ocultadas. Nesse
período, mais de 90 % do IDE ocorreu na última década, principalmente como consequência do
crescimento considerável da indústria extractiva (carvão, gás, areias pesadas, etc.). No mesmo
período, particularmente entre 2002 e 2016, 77 % do IDE teve como destino o núcleo extractivo da
economia (67 %) e a infra-estrutura e serviços de suporte, com destaque para transportes e
comunicações (10 %) (Langa, 2017).

Políticas económicas usadas e quais os resultados encontrados

Face a esse cenário, foram tomadas medidas para mitigar os efeitos da COVID-19 na economia. Um
primeiro conjunto de «medidas extraordinárias» foi anunciado pelo Banco de Moçambique (BM),
em Março de 2020, pouco antes do anúncio do primeiro caso de infecção no País. Estas medidas,
cujo impacto esperado foi prontamente questionado (Ibraimo & Muianga, 2020), incluíam a redução
das taxas de reservas obrigatórias (RO), a introdução de uma linha de financiamento em moeda
estrangeira para os bancos comerciais e a não obrigatoriedade de constituição de provisões pelos
bancos comerciais (Banco de Moçambique, 2020b). Segundo o BM, as medidas visavam,
especialmente, minimizar os efeitos (de curto prazo) na inflação, na taxa de câmbio e no sistema
financeiro nacional.
Conclusão

Do estudo efectuado referente ao crescimento económico e regimes de políticas Macroeconómicas


num período de 2015 - 2020 concluímos que:
A estabilidade do nível geral de preços, materializado através de uma inflação baixa de um dígito,
constitui o mandato primário do BM. As decisões de política monetária são tomadas em função das
perspectivas de inflação de médio prazo. Simultaneamente, o BM tem a responsabilidade de
supervisionar e manter a estabilidade do sistema financeiro nacional. Para assegurar a estabilidade de
preços, o Comité de Política Monetária (CPMO) define a taxa de juro de política monetária (MIMO),
na esperança de que esta afecte a inflação por via dos canais das expectativas, taxas de câmbio e
crédito. Quando as projecções da inflação se desviam materialmente do objectivo primário de
política monetária estabelecido para o médio prazo, o CPMO toma medidas de política adequadas
para inverter tal tendência.
As primeiras medidas para mitigar os efeitos da COVID-19 sobre a economia foram adoptadas pelo
BM, com o objectivo primário de minimizar os efeitos (de curto prazo) na inflação, na taxa de
câmbio e no sistema financeiro nacional (Ibraimo & Muianga, 2020). Embora a crise da COVID-19
seja manifestamente uma crise de saúde pública que rapidamente se transformou numa crise
económica e social, com constrangimentos na procura e oferta agregadas, as medidas do BM foram
tomadas em função do seu mandato primário, a estabilidade do nível geral de preços, materializado
através de uma inflação baixa de um dígito. Entretanto, estas medidas foram tomadas num contexto
em que o sistema financeiro já apresentava vulnerabilidades e riscos, nomeadamente um grande peso
dos activos e passivos dos bancos em moeda estrangeira, fraca credibilidade da soberania
acompanhada por alta exposição dos bancos, quadros prudencial e de gestão de risco fracos (World
Bank, 2021). Estas medidas compreendiam a redução das taxas de reservas obrigatórias (RO) para os
passivos em moeda nacional e estrangeira em 1,5 pontos percentuais de 13 % para 11,5 % e de 36,5
% para 34,5 %, respectivamente (Banco de Moçambique, 2020b). Sabendo que o montante
canalizado ao banco central pelos bancos comerciais na forma de RO se traduz em menos dinheiro à
disposição do sistema financeiro, a redução da taxa de RO permite ao banco central libertar liquidez
para o sistema financeiro, aumentando a quantidade de moeda em circulação na economia. Com esta
medida, esperava-se que os bancos comerciais tivessem mais dinheiro disponível para aplicar de
forma rendível e expandir o crédito à economia. Antevendo um cenário de abrandamento da
actividade económica, o BM tomou uma medida anti-cíclica. Com base nos pressupostos
monetaristas, esperava-se que assim fosse possível manter a procura por bens e serviços e que a
possível queda na taxa de juro pudesse ter um papel importante na procura por moeda por parte das
famílias, de modo a realizarem despesas de consumo, e nas contas das empresas. A redução das taxas
de RO ajudou a libertar liquidez na ordem dos 90 milhões de USD para os bancos comerciais.
Referências Bibliográficas
1. BLANCHARD, O. (2001). Macroeconomia: Teoria e Política Económica, Tradução da 2ª
edição, Editora Campus, Rio de Janeiro.
2. BM (2006) Estratégia de Médio e Longo Prazo da Política Monetária, Maputo.
3. ROSSETTI, José Pascoal (1998). Introdução à Economia, 16 Ed. São Paulo: Atlas
4. Loveira, A. (2015). Simulações dos regimes de política monetária e seus efeitos sobre a
volatilidade dos ciclos económicos em Moçambique.7ª jornada científica do BM. Maputo:
comissão editorial e produção gráfica do BM – Centro de documentação e informação;
5. BRUE, Stanley L. (2005). História do Pensamento Económico, tradução da 6ª ed. Norte-
americana, Editora Atlas, São Paulo

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