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2o Ano
Pós - Laboral
Grupo 1:
Albertina Dos Anjos
Carolina Chilaule
Grishon Muchanga
Herculano Muhai
Joaquim Madeira
Nalda Ventura
Licenciatura em Economia
2o Ano
Pós - Laboral
Em termos metodologicos, este trabalho foi elaborado numa base qualitativa com recuro a uma
revisao da literatura e revisao de documentos de interesse que incluem as políticas macroeconómicas
de Moçambique.
Parte I é composto pela parte introdutória que inclui a justificativa, o problema da pesquisa,
as hipóteses do trabalho e os objectivos do estudo.
Posto isto, segundo o 3° artigo da Lei n°.01/92 de 3 de Janeiro, o BM tem como objectivo principal
a preservação do valor da moeda nacional (Lei Orgânica do Banco de Moçambique). Um dos
objectos do BM é a Política Monetária que tem como objectivo primário a estabilidade do nível geral
de preços. E para alcançar a estabilidade de preços desejada, o BM estabelece metas e, através dos
instrumentos de política monetária procura cumpri-las.
Temos a expectativa deste trabalho poder contribuir como mais uma fonte de consulta pela
comunidade académica sobre a temática, bem como contribuir para um melhor entendimento da
sociedade no geral sobre a relação que se estabelece entre o crescimento económico e as políticas
monetárias implementadas em Moçambique.
O Problema da Pesquisa
De um modo geral a população moçambicana é composta por leigos sobre as dinamicas das políticas
monetárias e suas influencias na sua vida particular. Normalmente a partilha do conhecimento sobe a
materia é limitada a uma elite específica, o que de certa forma torna o entendimento sobre a relacao
entre o crescimento económico e o desenvolvimento uma incógnita. Contudo, muitas vezes as
pessoas comuns se questionam como é que de repente o estado decidiu aumentar a taxa de juros,
porque sera que estes não pensam nas camadas mais pobres, entre outros tipos de questionamentos.
Moçambique é uma nação jovem e em vias de desenvolvimento e por conta disso a busca de uma
estabilidade do nível geral de preços é um dos seus principais desafios para poder concorrer para um
crescimento e desenvolvimento sustentável estável e firme. Para o efeito, é necessário aplicar um
conjunto de medidas de controlo de crescimento económico através a aplicação de instrumentos de
política monetária.
Neste contexto, urge questionar: “Até que ponto os instrumentos da Política Monetária influenciam
o comportamento do desenvolvimento da economia moçambicana?”
Hipóteses
Hipótese são a resposta antecipada a um problema previamente identificado e que poderá ser testada
e comprovada a sua validade através da aplicação de regras e instrumentos de pesquisa apropriados.
Para o contexto deste trabalho, são hipóteses do nosso trabalho as seguintes:
H1- As políticas Monetárias têm influência positiva na Base Monetária afectando a o
desenvolvimento económico da sociedade no geral. (Hipótese positiva)
H2- As políticas Monetárias têm influência negativa na Base Monetária afectando negativamente a
afectando a o desenvolvimento económico da sociedade no geral. (Hipótese negativa)
H3 – Não existe relação entre as políticas monetárias, a Base Monetária e o desenvolvimento
económico. (Hipótese nula/neutra)
Objectivos
Objectivo Geral
Objectivos Específicos
O Crescimento Económico
A Política Monetária
Segundo Hillbretcht (1999:150), a condução da Política Monetária deve ser feita de maneira a
aumentar o bem-estar dos indivíduos num determinado país, enquanto, Pinho e Vasconcellos
(2004:591) consideram que a Política Monetária diz respeito à actuação do Banco Central sobre a
quantidade da moeda, do crédito e do nível da taxa de juros, com o objectivo de manter a liquidez do
sistema económico. Segundo os mesmos autores, a Política Monetária constitui-se nos processos de
oferta de moeda, nos instrumentos utilizados e nos mecanismos de transmissão dos seus efeitos. A
oferta de moeda é feita pelas autoridades monetárias, pela emissão de notas e moedas metálicas e
pelos bancos comerciais que não emitem a moeda, mas criam moeda através de captação de
depósitos.
Um conceito mais breve sobre a Política Monetária que é trazida por Mishkin (2000:9) diz que
refere-se à administração da moeda e da taxa de juros, ou seja, a determinação da oferta de moeda
pelos formuladores de política do Banco Central.
Cleto e Dezordi (2002:18), consideram que a política monetária, ao controlar a oferta de moeda, está
a estabilizar o nível geral de preços da economia. Os governos que necessitam de diminuir a taxa de
inflação reduzem a oferta monetária e aumentam a taxa de juros e esse mecanismo controla o nível
de preços.
Uma outra visão sobre a política monetária é trazida por Bosco et al, onde esta política age
directamente sobre o controle do volume de moeda em circulação com o objectivo de preservar o
valor da moeda nacional.
A política monetária pode ser:
Expansionista: quando tem o objectivo de aumentar a procura e incentivar o crescimento
económico através do aumento da quantidade de moeda em circulação;
Restritiva: quando se afecta negativamente o nível de expansão monetária, o que promove a
diminuição do aquecimento da economia para evitar o aumento dos preços.
A Política Monetária é a base da economia dum país, visto que o crescimento e desenvolvimento
duma nação estão intimamente ligados à política económica que o país adopta para uma determinada
ocasião e de acordo com os planos políticos dum Governo.
Segundo Hillbretcht (1999:151), a Política Monetária tem como objectivos a estabilidade de preços,
da taxa de juros e do sistema financeiro, o elevado nível de emprego, o crescimento económico e a
estabilidade do mercado cambial.
É desejável para um país a estabilidade de preços, pois a inflação pode ser extremamente
prejudicial à economia e assim torna difícil a interpretação da informação que os preços transmitem
no que concerne à escassez de recursos que leva, deste modo, à má distribuição dos mesmos e
consequentemente, à queda do bem-estar da população. A inflação pode dificultar ainda a elaboração
de projectos do Governo, de empresas e das famílias, pois gera incerteza na economia, em relação a
preços futuros (Hillbretcht, 1999:151).
Uma economia deve procurar ter a estabilidade na taxa de juros, pois igualmente às flutuações dos
níveis de preços, as taxas de juro dão lugar à incerteza na economia, o que põe em causa a tomada de
decisões das famílias e das empresas em relação à poupança, aos projectos e aos investimentos. O
Banco Central considera a estabilidade da taxa de juros como um objectivo da Política Monetária,
devido à necessidade de criar um ambiente favorável para as decisões de poupança, investimentos e à
existência de pressões políticas, pois, o Banco Central é frequentemente responsabilizado pelas
elevações das taxas de juro (Hillbretcht, 1999:151).
A estabilidade do sistema financeiro contribui para a transferência eficiente dos fundos das pessoas
que poupam para indivíduos e empresas que pretendem investir e permite reduzir o grau de incerteza
nas decisões das instituições financeiras (Banco Central, bancos comerciais, bancos de investimento,
empresas de seguro, fundos de pensão, cooperativas de crédito entre outras). (Mishkin, 2000:287).
Os instrumentos de Política Monetária são meios que o Banco Central utiliza para controlar e
manipular a Política Monetária do país. Através da utilização desses instrumentos, as autoridades
monetárias podem influenciar a oferta de moeda e regular a taxa de juros duma determinada
economia. Pode-se fazer a distinção de controlo monetário directo e indirecto da Política Monetária.
O controlo directo acontece quando é definido o nível das variáveis que o Banco Central pretende
alcançar através da fixação administrativa da taxa de juros para todos os bancos e da fixação
administrativa da concessão de crédito que os bancos comerciais devem dar ao público. O controle
monetário indirecto usa o conceito de mercado para a determinação das variáveis e para influenciar
os seus objectivos recorre aos instrumentos como:
Reservas obrigatórias;
Taxa de redesconto e
Operações de mercado aberto.
As reservas obrigatórias (também denominada de reserva legal) são consideradas uma espécie de
imposto sobre os depósitos à vista dos bancos comerciais. É exigido aos bancos comerciais que
mantenham uma fracção dos seus recursos à vista junto do Banco Central. A taxa de reservas
obrigatórias afecta basicamente o tamanho do multiplicador dos meios de pagamento, ao
determinarem qual será o montante de moeda que ficará disponível para os bancos comerciais
cederem empréstimos (Lopes e Vasconcellos, 2000:68). Uma alteração nas reservas obrigatórias
afecta a oferta de moeda, o que faz com que o multiplicador se modifique. Um aumento na taxa de
reservas obrigatórias reduz a quantidade de depósitos que podem ser criados por um dado nível de
base monetária o que leva a uma contracção da oferta de moeda; e uma redução das reservas
obrigatórias leva a uma expansão da oferta de moeda devido à uma maior criação múltipla de
depósitos (Mishkin, 2000:281). Uma pequena modificação nas reservas obrigatórias tem efeitos
significativos sobre a oferta da moeda pois altera o multiplicador monetário, por isso o Banco
Central raramente recorre ou altera este instrumento de controlo monetário.
A taxa de redesconto é uma de taxa de juros cobrada pelo Banco Central pelos empréstimos aos
bancos comerciais que pode ser usada tanto para sinalizar as taxas de juros a serem praticadas pelo
mercado, como, principalmente, para determinar a disposição dos bancos em ter mais ou menos
liquidez, isto é, a taxa de redesconto permite a concessão de empréstimos do Banco Central aos
bancos comerciais para cobrir eventuais problemas de liquidez (Lopes e Vasconcellos, 2000:68). Se
a taxa cobrada pelo Banco Central for superior à taxa de juro de empréstimo dos bancos comerciais
(de mercado), estes reduzirão a concessão de crédito, para reduzirem o risco de ter de recorrer ao
Banco Central. Numa situação contrária, em que a taxa de cobrada pelo Banco Central for inferior da
taxa de juros do mercado, os bancos comerciais irão expandir as suas operações de crédito.
As operações de mercado aberto são instrumentos que o Banco Central utiliza quando tem como
objectivo de contrair ou expandir a base Monetária. Se o Banco Central tem o objectivo de contrair a
base Monetária, este vende parte dos seus títulos públicos e desta forma retira a moeda em
circulação. Mas se pretende fazer a expansão monetária, o Banco Central compra títulos públicos no
mercado, o que aumenta a moeda em circulação (Lopes e Vasconcellos, 2000:68). As operações de
mercado aberto são instrumentos importantes de Política Monetária, pois, são os principais
determinantes dos movimentos da taxa de juros de curto prazo, da base monetária e são as maiores
fontes de flutuações da oferta de moeda, isto é, as compras de Bilhetes de Tesouro (BT‟s) no
mercado aberto expandem a base monetária, o que eleva, portanto, a oferta de moeda e reduz as taxas
de juro de curto prazo. As vendas de BT¨s no mercado aberto reduzem a base monetária e a oferta de
moeda (Mishkin, 2000:275). O Banco Central conduz dois tipos de operações de mercado aberto,
nomeadamente as operações dinâmicas de mercado aberto que visam implementar mudanças na
Política Monetária como alterações no nível de reservas e a base monetária e as operações
defensivas de mercado aberto que tem como objectivo anular o efeito das flutuações da base
monetária e das reservas como por exemplo mudanças nos depósitos do Tesouro (Hillbretcht,
1999:145).
Os principais fenómenos económicos registados no período (2015 – 2020)
Neste intervalo de tempo houve vários fenómenos económicos que abrandaram a velocidade do
crescimento da economia nacional, mas desta citaremos apenas duas delas que são consideradas as
principais. São estes:
A famosa divida publica ou oculta e
A covid-19.
Passou cerca de um ano e meio desde que os primeiros casos de infecção pelo novo corona vírus
(COVID-19) foram identificados na cidade chinesa de Wuhan. Desde então, a COVID-19
rapidamente se propagou pelo Mundo, provocando uma crise global de saúde pública. Este facto
levou a que, a 11 de Março de 2020, a Organização Mundial de Saúde (OMS) declarasse a COVID-
19 como uma pandemia.
Como forma de conter a sua rápida propagação e reduzir a pressão sobre os serviços de saúde, foram
impostas medidas restritivas e de distanciamento social em quase todo o Mundo. A intensificação da
pandemia, sobretudo nas economias desenvolvidas e em desenvolvimento, levou a que vários países
optassem por confinamentos severos e longos, causando grandes interrupções na actividade
económica. Como consequência, o que começou como uma crise global de saúde pública,
rapidamente se traduziu numa crise económica e social sem precedentes (Stevano et al., 2021).
Em Moçambique, a pandemia não foi diferente. Todavia, as condições estruturais da economia
sugerem uma dimensão de impacto diferenciado. À semelhança de outras economias, medidas
restritivas foram impostas, com efeitos imediatos na actividade económica e nas condições de
produção e reprodução social. Pouco antes do anúncio oficial do primeiro caso de infecção por
COVID-19 no País, já se faziam sentir os primeiros sinais dos efeitos da pandemia sobre a economia,
sobretudo como consequência das restrições na produção e no comércio impostas em outras
economias. Uma das consequências imediatas foi a dificuldade para importar bens essenciais para o
funcionamento da economia, incluindo matérias-primas, bens de capital e bens básicos de consumo,
num contexto em que o País é altamente dependente da importação, incluindo de produtos básicos de
consumo.
A crise estrutural do padrão de acumulação foi exacerbada pelo escândalo das chamadas «dívidas
ocultas» no valor de 2,2 mil milhões de dólares, que levou ao cancelamento do financiamento directo
ao Orçamento do Estado (OE) por parte dos principais parceiros de desenvolvimento, incluindo
doadores bilaterais, o Banco Mundial e o FMI. O cancelamento do apoio ao OE deixou a economia
numa crise fiscal sem precedentes, com impactos na despesa social, em particular na saúde, na
educação e no transporte público.
A excessiva dependência em relação a influxos externos de capitais públicos e privados em forma de
ajuda externa, investimento directo estrangeiro (IDE) e créditos comerciais no sistema financeiro
internacional é uma das características dominantes desse padrão de crescimento económico.
Associado a estes influxos de capitais externos, sobretudo o IDE, tem sido, igualmente, a
concentração da produção num pequeno leque de grandes projectos focados na produção primária
para exportação, o «núcleo extractivo da economia», constituído pelo complexo mineral energético
(recursos minerais, energia eléctrica e gás, etc.) e pelas mercadorias agrícolas primárias para
exportação (algodão, tabaco, chá, florestas, etc.) (Castel- Branco, 2010, 2014, 2015, 2017).
Moçambique recebeu aproximadamente 39 mil milhões de USD em investimento privado (IDE e
empréstimos comerciais). De cerca de 1,3 mil milhões no início da primeira década deste período, o
IDE cresceu para mais de 21 mil milhões de USD, seguido por um abrandamento no último
quinquénio, como reflexo da crise que a economia tem experienciado desde 2015, especialmente
pela queda dos preços das principais matérias-primas de exportação, nomeadamente o carvão
mineral e, mais tarde, a crise da dívida pública, provocada sobretudo pelas dívidas ocultadas. Nesse
período, mais de 90 % do IDE ocorreu na última década, principalmente como consequência do
crescimento considerável da indústria extractiva (carvão, gás, areias pesadas, etc.). No mesmo
período, particularmente entre 2002 e 2016, 77 % do IDE teve como destino o núcleo extractivo da
economia (67 %) e a infra-estrutura e serviços de suporte, com destaque para transportes e
comunicações (10 %) (Langa, 2017).
Face a esse cenário, foram tomadas medidas para mitigar os efeitos da COVID-19 na economia. Um
primeiro conjunto de «medidas extraordinárias» foi anunciado pelo Banco de Moçambique (BM),
em Março de 2020, pouco antes do anúncio do primeiro caso de infecção no País. Estas medidas,
cujo impacto esperado foi prontamente questionado (Ibraimo & Muianga, 2020), incluíam a redução
das taxas de reservas obrigatórias (RO), a introdução de uma linha de financiamento em moeda
estrangeira para os bancos comerciais e a não obrigatoriedade de constituição de provisões pelos
bancos comerciais (Banco de Moçambique, 2020b). Segundo o BM, as medidas visavam,
especialmente, minimizar os efeitos (de curto prazo) na inflação, na taxa de câmbio e no sistema
financeiro nacional.
Conclusão