Você está na página 1de 64

A cópia do material didático utilizado ao longo do curso é de propriedade do(s) autor(es),

não podendo a contratante vir a utilizá-la em qualquer época, de forma integral ou


parcial. Todos os direitos em relação ao design deste material didático são reservados à
Fundação Getulio Vargas. Todo o conteúdo deste material didático é de inteira
responsabilidade do(s) autor(es), que autoriza(m) a citação/divulgação parcial, por
qualquer meio convencional ou eletrônico, para fins de estudo e pesquisa, desde que
citada a fonte.

Adicionalmente, qualquer problema com sua turma/curso deve ser resolvido, em primeira
instância, pela secretaria de sua unidade. Caso você não tenha obtido, junto a sua
secretaria, as orientações e os esclarecimentos necessários, utilize o canal institucional da
Ouvidoria.

ouvidoria@fgv.br

www.fgv.br/fgvmanagement
SUMÁRIO

1. PROGRAMA DA DISCIPLINA ........................................................................... 1


1.1 EMENTA .......................................................................................................... 1
1.2 CARGA HORÁRIA TOTAL ................................................................................... 1
1.3 OBJETIVOS ..................................................................................................... 1
1.4 CONTEÚDO PROGRAMÁTICO ............................................................................. 1
1.5 METODOLOGIA ................................................................................................ 2
1.6 CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO ............................................................................... 2
1.7 BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA .......................................................................... 2
CURRICULUM VITAE DO PROFESSOR ....................................................................... 2

2. ECONOMIA ...................................................................................................... 3
2.1 INTRODUÇÃO .................................................................................................. 3
2.2 DEFINIÇÃO DE ECONOMIA ................................................................................ 4
2.3 A ECONOMIA NAS CIÊNCIAS SOCIAIS ................................................................ 4
2.4 POR QUE ESTUDAR ECONOMIA? ........................................................................ 5
2.5 APLICAÇÕES PROFISSIONAIS E PESSOAIS.......................................................... 5
2.6 A MANEIRA ECONÔMICA DE PENSAR .................................................................. 6
2.7 ECONOMIA: EMPREGO E EFICIÊNCIA.................................................................. 6
2.8 POR QUE OS ECONOMISTAS DIVERGEM? ............................................................ 7

3. FUNDAMENTOS DE ECONOMIA: AS FORÇAS DE MERCADO DA OFERTA E DA


DEMANDA ........................................................................................................... 8

4. ELASTICIDADE ............................................................................................. 21

5. ESTRUTURAS DE MERCADO ........................................................................... 25

6. MENSURAÇÃO DA ATIVIDADE ECONÔMICA: FLUXO CIRCULAR, PRODUTO E


RENDA. ............................................................................................................. 29

7. ANÁLISE DO CICLO DE NEGÓCIOS E A INFLAÇÃO ......................................... 40

8. ÍNDICES DE PREÇOS ..................................................................................... 44

9. SISTEMA MONETÁRIO................................................................................... 46

10. SETOR EXTERNO ......................................................................................... 53

11. BALANÇA DE PAGAMENTOS ........................................................................ 57


1

1. PROGRAMA DA DISCIPLINA
1.1 Ementa
Fundamentos de economia. Demanda e oferta. Equilíbrio de mercado. Elasticidade preço
da demanda. Análise do ambiente macroeconômico. Mensuração da atividade econômica.
Modelo macroeconômico básico. Moeda, Inflação, Índices de Preços e Taxa de Juros.
Política Fiscal, Política Monetária, Dívida Pública.

1.2 Carga Horária Total


24 horas/aula

1.3 Objetivos
O objetivo deste curso é oferecer instrumentos para a avaliação estratégica dos cenários
e das tendências econômicas, a fim de maximizar os resultados das decisões de
negócios.
Ao final do curso o aluno deverá estar apto a:
 Compreender os conceitos e processos econômicos mais relevantes.
 Entender os principais indicadores micro e macroeconômicos frequentemente
utilizados na gestão dos negócios.
 Identificar os movimentos micro e macroeconômicos de maior interesse para
as empresas.
 Permitir posicionamento estratégico das empresas em antecipação às ações de
política econômica.
 Compreender a lógica subjacente à condução da política macroeconômica.

1.4 Conteúdo programático


 Principais conceitos da ciência econômica
Conceitos  Definições da microeconomia
fundamentais de  As curvas de demanda e oferta individuais
Microeconomia  As condições para o equilíbrio de mercado
 Elasticidade preço da demanda e da oferta
 Definições da macroeconomia
 Demanda agregada, Oferta agregada
 Funcionamento dos mercados
 Produção, renda e fluxo circular
 Produto e renda
 PNB, PIB, recessão, estabilização e expansão
Conceitos
 Ciclo de negócios e inflação
fundamentais de
 Inflação de demanda, custos e inercial
Macroeconomia
 Sistema monetário
 Definições de moeda, instrumentos de política monetária,
intermediários financeiros, juros, funções do Banco
Central.
 Taxa de câmbio
 Regimes cambiais e os reflexos na balança de pagamentos.

Economia dos negócios


2

1.5 Metodologia
Aula expositiva com discussão em grupo sobre conceitos micro e macroeconômicos
aplicados à realidade da gestão das empresas. Aplicação de exercícios de compreensão e
de fixação dos conceitos.

1.6 Critérios de avaliação


A nota final será baseada em
 Atividades realizadas durante as aulas (30%); e,
 Avaliação individual, sob a forma de prova, sem consulta, realizada após a
disciplina (70%).

1.7 Bibliografia recomendada


GONÇALVES, A. C. P; GONÇALVES, R. R.; SANTACRUZ, R.; MATESCO, V. R. Economia
aplicada. Rio de Janeiro: FGV, 2008.

LOPES, L. M.; VASCONCELOS, M. A. S. Manual de macroeconomia básico e intermediário.


São Paulo: Atlas, 2004.

MANKIW, N. G. Introdução à economia: princípios de micro e macroeconomia. 2ª ed. Rio


de Janeiro: Campus, 2001.

MATESCO, V. R.; SCHENINI P. Economia para não economistas. Rio de Janeiro: Senac-
Rio, 2007.

MCGUIGAN, James R.; MOYER, Charles R.; HARRIS, Frederick H. Economia de empresas:
aplicações, estratégia e táticas. 11ª ed. São Paulo: Cengage Learning, 2010.

BLANCHARD, Olivier. Macroeconomia. 5ª ed. São Paulo: Prentice Hall Brasil, 2010.

Curriculum Vitae do professor

Raul Gomes (rgdn@outlook.com) - graduado e pós-graduado em Economia e


Administração de Empresas com Habilitação em Comércio Internacional. Mestre em
Gestão e Planejamento Estratégico. Possui especialização em Administração Financeira
pela Universidade Mackenzie – SP, e em Mercado de Capital pela Universidade de Burgos
– Espanha. Professor convidado na Universidade de Burgos – Espanha para a disciplina
de Mercados Derivativos e na Universidade de Las Américas (UIA) em San José – Costa
Rica para a disciplina Economia de Empresas. Professor dos cursos de pós-graduação da
Fundação Getúlio Vargas e do Centro Universitário SENAC – São Paulo. Ex-delegado do
Conselho Regional de Economia - São Paulo. Professor homenageado pela Fundação
FORD e Fundação Getúlio Vargas. Na área empresarial ocupou cargo de Diretor
Administrativo e Financeiro em importantes grupos nacionais. Atualmente exerce o cargo
de Diretor na G & D Consultoria e Assessoria Empresarial.

Economia dos negócios


3

2. ECONOMIA
2.1 Introdução

O homem, especialmente na fase moderna, é atormentado por inúmeras necessidades.


Desejamos entre outras coisas, o amor, o reconhecimento social, as necessidades
materiais e o conforto para nossa vida. Nossa dedicação para realizar nossos desejos
materiais, isto é, melhorar nosso bem estar ou a realização na vida, é na verdade a
preocupação da economia.

Biologicamente, necessitamos somente de água, ar, alimentos, roupas e abrigo.


Entretanto, na sociedade moderna, também buscamos muitos bens e serviços associados
com um bom padrão de vida. Para nossa sorte, a sociedade recebeu as graças de
recursos produtivos tais como trabalho e a gestão administrativa, ferramentas e
máquinas, terra e depósitos minerais, que são utilizados entre outras coisas para
produzir bens e serviços. Esta produção satisfaz muitos de nossos desejos materiais e
ocorre através do mecanismo organizacional denominado sistema econômico, ou, mais
simplesmente, a economia.

A realidade, contudo, é que o total de nossos desejos materiais é muitas vezes maior do
que a capacidade produtiva de nossos recursos limitados. Assim, a satisfação completa
de nossos desejos sobre os bens materiais é praticamente impossível. Este fato provê a
definição de economia: “é a ciência social que se preocupa com a utilização
eficiente de recursos limitados ou escassos para a obtenção da satisfação
máxima dos desejos materiais do homem.

A grande maioria das questões importantes de nosso tempo tais como a inflação, o
desemprego, cuidados de saúde, seguridade social, déficits orçamentários, discriminação,
reforma tributária, desigualdades regionais e sociais, poluição, regulamentação
governamental e desregulação de negócios, está na maioria das vezes, vinculados ao
único desafio de se utilizarem recursos escassos de forma eficiente visando a
maximização dos lucros por parte da empresa e a maximização da satisfação por parte
da sociedade.

Neste sentido, propomos através deste texto, o estudo dos principais métodos
específicos que os economistas utilizam para examinar o comportamento econômico e a
economia, objetivando assim, apresentar aos estudantes conceitos que possibilitem a
compreensão dos fenômenos econômicos e os seus efeitos na gestão econômica das
empresas.

Economia dos negócios


4

2.2 Definição de economia

A economia estuda a forma pela qual os indivíduos e a sociedade fazem suas escolhas e
tomam decisões, para que os recursos disponíveis (capital físico, capital humano,
financeiro e empresarial), sempre escassos, possam contribuir da melhor maneira para
satisfazer as necessidades individuais e coletivas da sociedade.

A economia estuda a maneira como se administram os recursos escassos,


com o objetivo de produzir bens e serviços e distribuí-los para seu
consumo entre os membros da sociedade.

De forma intuitiva, pode-se dizer que a economia se preocupa com a maneira como
indivíduos “economizam” seus recursos, isto é, como empregam sua renda de forma
cuidadosa e sábia, de modo a obter o maior aproveitamento possível. Do ponto de vista
da sociedade, em seu conjunto, a economia trata de como os indivíduos alcançam o nível
de bem estar material mais alto possível a partir dos recursos disponíveis.

A economia somente se preocupa com as necessidades que são satisfeitas por bens
econômicos, ou seja, por elementos naturais escassos ou por produtos elaborados pelo
homem.

Dentro desta definição ampla, a economia procura responder a uma série de perguntas
específicas, como por exemplo:

 Como os bens são produzidos e trocados?


 Como escolhemos entre os bens produzidos?
 Que empregos estão disponíveis? A que salários?
 Vale a pena cursar uma faculdade?
 Vale a pena cursar uma pós-graduação?
 Por que algumas vezes é tão difícil conseguir um emprego?

2.3 A economia nas ciências sociais

A economia faz fronteiras com outras importantes disciplinas acadêmicas. A ciência


política, a psicologia e a antropologia são ciências sociais cujas matérias se sobrepõem
parcialmente ao objeto da economia.

Na Índia, por exemplo, as vacas são animais sagrados e invadem os campos em grande
número a procura de alimento. Enquanto um economista ingênuo é capaz de considerar
estas manadas como fonte principal de proteínas para uma alimentação adequada, um
estudioso mais profundo analisará o desenvolvimento econômico da Índia, considerando
também a psicologia dos costumes. A economia apóia-se também fortemente no estudo
da história.

Para a interpretação dos registros históricos deverão ser utilizados instrumentos


analíticos. Os fatos são fundamentais numa ciência empírica como a economia, mas eles
nunca contam a sua própria história. Terão que ser organizados e ordenados segundo o
seu desenrolar histórico e colocados a prova de teorias econômicas.

Economia dos negócios


5

Entre as outras numerosas disciplinas relacionadas com a economia, a estatística tem


especial importância. Os governos e as empresas fornecem abundante quantidade de
informação numérica. A maior parte do que sabemos sobre o andamento das várias
curvas apresentadas ao longo de nosso curso provém de cuidadosa análise estatística de
dados registrados. Os cálculos matemáticos das probabilidades e da estatística
encontram na economia muitas das suas mais importantes aplicações. No Entanto, o
domínio dos princípios básicos da economia requer apenas um raciocínio lógico.

2.4 Por que estudar economia?

Vale a pena dedicar seu tempo e esforço para estudar economia?. Mais de meio século
atrás, John Maynard Keynes (1883-1946), um dos economistas mais influentes deste
século, disse:

“ As idéias de economistas e filósofos políticos, tanto quando estão certos


como quando estão errados, são mais convincentes do que geralmente se
pensa. De fato, o mundo baseia-se em outras coisas. Os homens práticos, que
se consideram isentos de quaisquer influências intelectuais, são geralmente
escravos de algum economista morto”.

A maioria das ideologias do mundo moderno tem sido moldada por economistas
proeminentes do passado, Adam Smith, David Ricardo, John Stuart Mill, Karl Marx e John
Maynard Keynes. E os líderes do mundo atual solicitam rotineiramente os conselhos e
sugestões políticas dos economistas de hoje.

2.5 Aplicações profissionais e pessoais

A economia enfatiza bastante a análise detalhada e sistemática. Logo, estudar economia


invariavelmente auxilia os estudantes a melhorar suas ferramentas analíticas, que são
muito procuradas no local de trabalho. Além disso, o estudo da economia nos ajuda a
compreender as atividades cotidianas que observamos em torno de nós. Como se explica
que pessoas tão diferentes, em muitos lugares tão diferentes, fazendo coisas tão
diferentes, produzam exatamente os bens e serviços que desejamos comprar? A
economia fornece uma resposta.

A economia é também vital para os negócios. Uma compreensão do que é básico na


tomada da decisão econômica e na operação do sistema econômico possibilita que
administradores de empresas e executivos aumentem seus lucros. O executivo que
compreende quando deve usar uma nova tecnologia, quando deve fundir-se a outra
firma, quando deve expandir o emprego etc, irá superar o executivo menos hábil nesse
tipo de tomada de decisão. O gestor que compreende as causas e as conseqüências de
recessões pode tomar decisões de negócios mais inteligentes durante esses períodos,
exemplo disto foi a grave crise financeira internacional instalada a partir de 2008, o
gestor que soube interpretar a crise e tomou as medidas econômicas cabíveis, conseguiu
sofrer menos com as externalidades e sua empresa ganhou ao invés de perder mercado.

Economia dos negócios


6

A economia auxilia os compradores e os trabalhadores a tomar decisões de compra e de


emprego. Como você pode gastar sua limitada renda monetária para maximizar sua
satisfação? Como você pode se proteger contra a redução no poder de compra do
dinheiro, que acompanha a inflação? É mais econômico comprar ou arrendar um carro ou
fazer um leasing? Você deve utilizar um cartão de crédito ou pagar a vista? Quais
ocupações pagam melhor? Quais delas estão mais imunes ao desemprego?

Similarmente, uma compreensão da economia auxilia na tomada de decisões financeiras.


Alguém que compreende a relação entre déficits orçamentários e taxas de juros, entre
taxas de câmbio externas e exportações, entre taxas de juros e preços dos títulos
públicos está em melhor posição para aplicar com sucesso suas economias pessoais.
Portanto, também é alguém que compreende as implicações, para os negócios, de novas
tecnologias emergentes.

O conhecimento de economia e o domínio da perspectiva econômica o ajudarão a


organizar seu negócio ou a administrar suas finanças pessoais.

2.6 A maneira econômica de pensar

De que maneira os economistas pensam os problemas e as tomadas de decisões? Tal


forma de pensar pode ser sintetizada pelo economista John Maynard Keynes: “ A teoria
Econômica não fornece um corpo de conclusões estabelecidas, imediatamente
aplicáveis em política econômica. Trata-se de um método, não de uma doutrina,
um aparato da mente, uma técnica de pensar que ajuda aquele que a domina a
traçar conclusões acertadas”.

2.7 Economia: emprego e eficiência

O problema econômico encontra-se no cerne da definição de economia. A economia é a


ciência social que se preocupa com o problema de utilizar os recursos escassos para
atingir a máxima satisfação das necessidades ilimitadas da sociedade. A economia esta
preocupada em “fazer o melhor com o que se tem”. Como os nossos recursos são
escassos, não podemos satisfazer todas as nossas necessidades ilimitadas. A melhor
coisa a fazer é atingir a maior satisfação possível dessas necessidades.

A economia é, portanto, a ciência da eficiência, isto é, a melhor utilização possível dos


recursos escassos. A sociedade quer utilizar seus recursos limitados de forma eficiente;
deseja produzir tantos bens e serviços quanto for possível a partir dos seus recursos, de
forma a maximizar a satisfação total. A fim de obter esse resultado, deve-se alcançar
simultaneamente o pleno emprego e a máxima produção.

Economia dos negócios


7

2.8 Por que os economistas divergem?

Ao colocarmos inúmeros economistas lado a lado num debate macroeconômico, estes


não chegarão a nenhuma conclusão. Assim, muitas vezes os economistas são criticados
por dar conselhos conflitantes aos formuladores de políticas (especialmente ao governo).

Se o jogo “Master” (Lançado pela Grow em 1982, neste jogo, ao invés de jogar um dado
ou tirar uma carta para se movimentar pelo tabuleiro, era necessário que os jogadores
respondessem a perguntas para que andassem com suas fichas, chegando à vitória quem
acertasse o maior número de respostas) tivesse sido criado por economistas, teria
certamente cem perguntas e cinco mil respostas.

Por que os economistas são tão conflitantes em suas respostas? Podemos citar pelo
menos dois bons motivos:

1 – Os economistas na maioria das vezes discordam quanto a validade de teorias


positivas (aquilo que é de fato) sobre o funcionamento do mundo.

2- Os economistas possuem diferentes visões normativas (aquilo que embute juízos de


valores) sobre que políticas econômicas devem ser implantadas num determinado
período.

A economia é uma ciência jovem e ainda há muito a aprender. Os economistas às vezes


divergem porque têm palpites diferentes sobre a validade de teorias alternativas ou
sobre o tamanho de parâmetros importantes, que avaliam como as variáveis econômicas
estão relacionadas.

Economia dos negócios


8

3. FUNDAMENTOS DE ECONOMIA: AS FORÇAS DE MERCADO


DA OFERTA E DA DEMANDA

Quando uma frente fria atinge o estado de São Paulo, o preço da laranja aumenta nos
supermercados brasileiros. No verão os preços dos hotéis situados no litoral aumentam,
e o preço dos hotéis situados em montanhas e regiões mais frias tendem à diminuir. Com
a crise no golfo pérsico o preço do barril de petróleo tende a subir, encarece a gasolina e
o óleo diesel no Brasil e com isso a inflação dos alimentos sobe. O que estes
acontecimentos tem em comum? Todos explicam o funcionamento da curva de oferta e
demanda.

Segundo uma velha piada, se você ensinar um papagaio a dizer “Demanda e oferta”,
então você terá formado um economista. Existe um conteúdo de verdade nesta história.
As relações de demanda e oferta podem nos conduzir a uma compreensão não apenas de
questões econômicas específicas, mas também de como toda a economia opera.

Oferta e demanda são as duas palavras que os economistas usam mais frequentemente.
A Oferta e a demanda são as forças que fazem as economias de mercado funcionarem.
São elas que determinam a quantidade produzida de cada bem e o preço pelo qual o bem
será vendido. Se desejar saber como a economia será afetada por qualquer
acontecimento ou política, você precisa pensar, primeiro, nos impactos provocados sobre
a oferta e a demanda.

Aqui pretendemos explicar como compradores e vendedores se comportam e interagem


numa determinada economia. Vamos analisar como a oferta e a demanda determinam os
preços em uma economia de mercado e como os preços, por sua vez, alocam os recursos
escassos da economia.

MERCADOS E COMPETIÇÃO

Os termos oferta e demanda referem-se ao comportamento das pessoas à medida que


interagem entre si em mercados competitivos. Antes de analisarmos o comportamento
de compradores e vendedores, vamos aprofundar a análise dos termos mercado e
competição.

MERCADO

Um mercado é um grupo de compradores e vendedores de um determinado bem ou


serviço. Os compradores, como grupo, determinam a demanda pelo produto, e os
vendedores, também como grupo, determinam a oferta do produto.

Os mercados assumem diferentes formas. Às vezes são organizados tais como os


mercados de muitas mercadorias agrícolas. Neles compradores e vendedores encontram-
se em lugares e horários determinados, onde um leiloeiro ajuda a estabelecer os preços
e a organizar as vendas.

Economia dos negócios


9

Muitas vezes os mercados são menos organizados. Como exemplo citamos o mercado de
sorvetes numa cidade qualquer. Os compradores de sorvetes não se reúnem em um
horário determinado. Os vendedores de sorvetes encontram-se espalhados em diferentes
pontos da cidade e oferecem diferentes tipos de sorvetes. Não há um leiloeiro para
apregoar o preço do sorvete. Cada vendedor estabelece o preço do seu sorvete e cada
comprador decide qual sorvete e em qual sorveteria vai comprar o seu sorvete.

Tanto vendedores quanto compradores, embora independentes em sua escolha, estão de


certa forma intimamente ligados. Os compradores de sorvetes escolhem entre vários
vendedores para satisfazer suas vontades, e os vendedores tentam atrair a atenção dos
compradores para que seu negócio tenha sucesso. Mesmo não sendo organizado este
grupo forma um mercado.

MERCADOS COMPETITIVOS

O mercado de sorvetes, como a maior parte dos mercados em uma economia, é


altamente competitivo. Cada comprador sabe que há vários vendedores para escolher o
produto e cada vendedor tem consciência de que seu produto é semelhante àquele
oferecido por outros. Desse modo, o preço do sorvete e a quantidade vendida não são
determinados por um único comprador ou vendedor. Ao contrário, eles são determinados
por todos os compradores e vendedores, à medida que interagem.

Os economistas empregam a expressão mercado competitivo para descrever um


mercado onde há tantos compradores e vendedores que cada um deles tem impacto
insignificante sobre o preço do mercado. Cada vendedor de sorvete tem controle limitado
sobre o preço porque outros vendedores oferecem produtos similares. Um vendedor não
tem muitos motivos para vender abaixo do preço vigente, e, se cobrar mais do que isso,
os compradores vão fazer suas compras em outro lugar. Da mesma forma, comprador
algum pode influenciar o preço do sorvete porque cada um deles compra uma pequena
quantidade em relação ao total de sorvete comercializado no mercado.

Iniciaremos nosso estudo dos mercados examinando o comportamento dos compradores


(demanda).

Demanda

É um quadro ou uma curva que mostra as várias quantidades de um produto (fator) que
os consumidores (firmas) estão dispostos e são capazes de comprar a cada preço
possível, durante um período específico de tempo. A demanda, desse modo, mostra as
quantidades de um produto que serão comprados aos vários preços, mantendo-se todos
os demais fatores constantes. A demanda pode ser facilmente mostrada na forma de
uma tabela. A tabela 1 representa uma lista de demanda hipotética para um
consumidor comprando alqueires de milho.

A demanda representada na tabela 1 reflete a relação entre os preços possíveis do milho


e a quantidade de milho que o consumidor estaria disposto e seria capaz de comprar a
esses preços.

Economia dos negócios


10

Preço por alqueire Quantidade


demandada
(semana)

$5 10
4 20
3 35
2 55
1 80

Tabela 1: A demanda de milho por um comprador individual.

Diz-se disposto e capaz, pois a simples disposição de comprar não é suficiente. Você
pode estar disposto a comprar um BMW ou uma Mercedes, mas se essa disposição não
for apoiada pelo dinheiro necessário, ela não será efetiva e, desse modo, não se refletirá
no mercado. Na tabela 1, se o preço do milho fosse $5 por alqueire, nosso consumidor
estaria disposto e seria capaz de comprar 10 alqueires por semana; se o preço fosse $4,
o consumidor estaria disposto e seria capaz de comprar 20 alqueires por semana; e
assim sucessivamente.

A tabela em consideração não informa contudo, qual dos cinco preços irá de fato
prevalecer no mercado de milho. Isso depende não só da demanda, mas também da
oferta. A demanda representa apenas uma declaração dos planos ou intenções dos
compradores com relação à compra de certo produto.

Para se ter algum significado, contudo, as quantidades demandadas a cada preço devem
relacionar-se a um período específico de tempo, um dia, uma semana, um mês. Dizer
que “um consumidor comprará 10 alqueires de milho a $5 por alqueire” não faz o menor
sentido. Entretanto, dizer que “um consumidor comprará 10 alqueires de milho por
semana a $5 por alqueire” faz sentido. Sem um período específico de tempo como
referência não saberíamos dizer se a demanda por um produto foi grande ou pequena.

Lei da demanda

A característica fundamental da demanda é a seguinte: Mantendo-se todos os demais


fatores constantes (ceteris paribus), à medida que o preço diminui, a quantidade
demandada aumenta.

O ponto inicial para uma discussão sobre a curva de demanda individual pode ser a
tabela de demanda, que mostra a relação entre preço e quantidade demandada de um
bem por um indivíduo, ceteris paribus.

A expressão ceteris paribus fornece um lembrete de que, para isolar o fenômeno


estudado, a relação entre preço e a quantidade demandada, foi suposto que os demais
determinantes da demanda não se alteraram.

Economia dos negócios


11

Um movimento ao longo da curva de demanda é chamado de variação na quantidade


demandada, e essa mudança ocorre quando muda a quantidade que um consumidor
esta disposto a comprar em decorrência de variação do preço do produto.

Por exemplo, se o preço de uma pizza aumenta de R$24,00 para R$30,00, o consumidor
move-se ao longo da curva de demanda do ponto “C” para o ponto “b”, e a quantidade
demandada diminui de 4 para 1 pizza por mês, conforme demonstrado no gráfico 1.

Para verificar a sensibilidade da lei da demanda, pense em como Roberto poderia reagir a
um aumento no preço da pizza.

Demanda de Roberto por pizzas

Preço R$ Quantidade de pizzas


por mês
6 13
12 10
18 7
24 4
30 1

Tabela 2: Demanda de Roberto por pizzas.

Abaixo apresentamos como Roberto se desloca sobre sua curva de demanda


por pizzas, procurando combinar preços e quantidades que o satisfaçam.

35
B
30

25 C
20 A
15

10

0
1 4 7 10 13

Gráfico 1: Demanda individual de Roberto por pizzas.

Economia dos negócios


12

De acordo com a lei da demanda, quanto maior o preço de um bem, menor a quantidade
demandada, permanecendo seus demais determinantes constantes. Portanto a curva de
demanda é inclinada negativamente, quando o preço da pizza aumenta de R$18 para
R$24, a quantidade mensal demandada de pizzas diminui de 7 para 4 pizzas por mês,
conforme visualizamos no gráfico acima.

Deslocamento da Curva de Demanda

Como a curva de demanda de mercado mantém constantes os muitos outros fatores, ela
não precisa ser estável ao longo do tempo. Se acontecer algo que altere a quantidade
demandada a cada preço dado, a curva de demanda se deslocará. Suponhamos que a
comunidade científica internacional descubra que as pessoas que comem pizza
regularmente possuem mais saúde e vivem mais (isto é só uma hipótese) com certeza
esta descoberta aumentaria a demanda por pizzas. A qualquer preço dado, os
compradores passariam a desejar comprar uma quantidade de pizza, e com isto a curva
de demanda se deslocaria.

Qualquer mudança que aumente a quantidade demandada a cada preço, como a


descoberta imaginária da comunidade científica internacional, desloca a curva de
demanda para a direita e é chamada aumento da demanda. Qualquer mudança que
reduza a quantidade demandada a cada preço, por exemplo, a não confirmação dos
benefícios da pizza para a saúde, desloca a curva para a esquerda e é chamada redução
da demanda.

Preço da
Pizza

Aumento
da demanda
Curva de demanda,
D2 Diminuição
da demanda

Curva de demanda, D1

Curva de demanda, D3

Quantidade demandada de pizza

São muitas as variáveis que podem deslocar a curva de demanda. As mais importantes
são:

• Efeito substituição. Quanto mais dinheiro Roberto gasta em pizza, menos


tem para gastar com outros bens, como sanduiches, CDs, livros, lazer, viagens. O preço
da pizza determina exatamente quanto desses outros bens ele terá de sacrificar (custo
oportunidade) para comprar 1 pizza. Se o preço da pizza for R$18 e o do pão de queijo
for R$3, Roberto terá de sacrificar 6 pães de queijo (custo oportunidade de 6 pães de
queijo) para cada pizza que comprar. Supondo que o preço da pizza aumente para R$24,

Economia dos negócios


13

ele passará a sacrificar 8 pães de queijo (custo oportunidade de 8 pães de queijo) para
cada pizza. Considerando que esse aumento de preço impõe um maior sacrifício
associado à compra da pizza, é provável que ele compre menos pizzas, substituindo-as
por pães de queijo.

• Efeito renda. Suponha que Roberto tenha um orçamento para sua


alimentação mensal de R$300 por mês e compre 10 pizzas a um preço de R$18 cada
(um custo total de R$180), e gaste R$120 nos demais alimentos. Se o preço da pizza
sobe para R$21, o custo de suas opções originais de alimentação passa a ser de R$330,
valor maior que o orçamento de R$300. Para não estourar seu orçamento, Roberto deve
cortar algo de seu consumo e, provavelmente, cortará tanto a pizza como também os
outros itens. Essa resposta de comportamento é chamada de “efeito renda” porque,
quando o preço da pizza aumenta, o poder de compra da renda de Roberto (ou
orçamento) diminui, forçando-o a consumir quantidades menores de todos os bens.

• Preços de bens substitutos. Um bem substituto é aquele que pode ser


usado no lugar de outro bem. Quando uma queda do preço de um bem reduz a demanda
por outro bem, os dois são chamados substitutos. Os substitutos são, frequentemente,
pares de bens que podem ser usados um no lugar do outro, como cachorros-quentes e
hambúrgueres, malhas de lã e moleton, margarina e manteiga, mortadela e presunto.

• Bens complementares. São utilizados em conjunto. Se o preço da


gasolina cai e, em resultado, você dirige mais o seu carro, esse aumento na utilização do
carro aumenta sua demanda de óleo de motor. Logo, gasolina e óleo são demandados
conjuntamente; eles são complementares. O mesmo ocorre com presunto e ovos,
mensalidades escolares e livros textos, cinema e pipoca etc. Quando dois produtos são
complementares, o preço de um e a demanda do outro se movem em direções opostas.

Outro fator que levamos em consideração e que interfere na demanda individual é a


expectativa. As expectativas dos consumidores quanto aos preços dos produtos, à
disponibilidade dos produtos e à sua renda no futuro podem deslocar a demanda.
Expectativas de preços mais altos no futuro podem induzir a comprar mais agora para
escapar dos aumentos esperados de preço, aumentando, assim, a demanda de hoje. Do
mesmo modo, expectativas de rendas mais altas no futuro podem induzir os
consumidores a gastar mais. Inversamente, a expectativa de preços decrescente e/ou
renda decrescente irão diminuir a demanda dos produtos.

Se as geadas destruírem boa parte da safra de milho (ou qualquer outra commodities
equivalente) do seu estado, os consumidores podem achar que o preço do milho irá
aumentar. Os consumidores podem então estocar milho e seus derivados, comprando
grandes quantidades hoje.

Um outro exemplo, um consagrado jogador de futebol no Brasil, pode adquirir um Ferrari


novo prevendo um lucrativo contrato de futebol profissional.

Economia dos negócios


14

Em resumo, um aumento na demanda, a decisão dos consumidores de comprar maiores


quantidades de um produto a cada preço possível, pode ser causado por:

 Uma variação favorável nas preferências dos consumidores


 Um aumento no número de compradores
 Rendas crescentes, se o produto é um bem normal
 Rendas decrescentes, se o produto é um bem inferior
 Um aumento no preço dos bens substitutos
 Uma diminuição no preço dos bens complementares
 Expectativas dos consumidores quanto a rendas e preços mais altos no futuro.

Demanda de Mercado versus Demanda Individual

A curva de demanda do Gráfico 1 representa a demanda individual de Roberto por


pizzas. Para analisarmos como funcionam os mercados, precisamos determinar a
demanda de mercado, que é a soma de todas as demandas individuais por um
determinado produto (neste caso a pizza) ou serviço.

Como estamos interessados em analisar como os mercados funcionam, trabalharemos


com mais freqüência com a curva de demanda de mercado (demanda agregada). A
curva de mercado mostra como a quantidade total demandada de um bem varia
conforme seu preço varia, enquanto todos os demais fatores que afetam a quantidade
que os consumidores desejam comprar são mantidos constantes.

Oferta

Vamos agora nos voltar para o outro lado do mercado e examinar o comportamento dos
vendedores (ofertantes).

A Curva de Oferta: A Relação entre Preço e Quantidade Ofertada.

A oferta é uma lista ou curva mostrando as quantidades de um produto que uma firma
está disposta a produzir e a tornar disponível para venda aos vários preços possíveis
durante um período de tempo específico.

A Tabela abaixo é uma lista de oferta hipotética para um único produtor de milho. Ela
mostra as quantidades de milho que serão ofertadas aos vários preços, mantendo-se
todos os demais fatores constantes.

Oferta de milho de um produtor individual


Preço por alqueire Quantidade ofertada por semana
$5 60
4 50
3 35
2 20
1 5

Tabela 3: Oferta de Milho de um produtor individual

Economia dos negócios


15

Pela tabela fica claro que quanto maior for o preço, maior será o interesse do produtor
em produzir, o inverso ocorre quando o preço cair, ao menor preço o produtor não se
sentirá motivado a produzir milho e certamente irá se dedicar a uma cultura que lhe seja
mais rentável.

A seguir traçamos o gráfico da oferta de milho deste produtor individual.

$
6

0
Quantidade
5 20 35 50 60 milho

Gráfico 3: Oferta de milho de um produtor individual

Lei da oferta

A oferta apresenta uma relação direta ou positiva entre o preço e a quantidade ofertada.
A medida que o preço aumenta a quantidade ofertada correspondente aumenta; à
medida que o preço cai, a quantidade ofertada cai. Essa relação particular é denominada
lei da oferta. Uma lista de oferta nos diz que as firmas produzirão e colocarão à venda
uma quantidade maior de seus produtos a preços mais altos do que a preços mais
baixos.

O preço é um obstáculo do ponto de vista do consumidor, ou seja, de quem está no lado


do pagamento. Quanto mais alto for o preço, menor será a quantidade que o consumidor
irá comprar. Mas o vendedor (ofertante) está no lado de quem recebe o preço dos
produtos. Para um vendedor (ofertante), o preço representa receita e, portanto, é um
incentivo para produzir e vender um produto. Quanto maior for o preço, maior será esse
incentivo e maior será a quantidade ofertada.

Considere na sua análise um agricultor que pode aplicar recursos na produção de


produtos alternativos. À medida que o preço aumenta na tabela 3, o fazendeiro acha
mais lucrativo retirar a terra da produção de trigo, e soja e plantar milho. Os preços mais
altos do milho possibilitam ao fazendeiro cobrir os custos relativos ao cultivo intenso e à
utilização de mais sementes, fertilizantes e pesticidas. O resultado geral é mais milho.

Economia dos negócios


16

A curva de oferta

Da mesma forma que na demanda, também é conveniente representar a oferta


graficamente. Na figura abaixo, a curva S1 é o gráfico dos dados da oferta de mercado
apresentados na seguinte tabela:

Preço da soja p/ Quantidade que Quantidade de Total da oferta do


alqueire um produtor oferta vendedores neste produto na
p/ semana mercado semana
50 90 100 9000
40 80 100 8000
30 60 100 6000
20 20 100 2000
10 8 100 800

Tabela 4: Oferta de mercado de soja para 100 produtores.

Esses dados pressupõem que existem 100 ofertantes no mercado, cada qual disposto e
capaz de ofertar soja. Obtemos a curva de oferta de mercado somando horizontalmente
as curvas de oferta dos produtores individuais. A curva se desloca à medida que entram
ou saem produtores deste mercado.

120

100

80
Diminuição 100 prod.
da oferta
60 150 prod.
50 prod.
40
Aumento
20 da oferta

0
800 2000 6000 8000 9000

Gráfico 4: Deslocamentos da curva de oferta

Determinantes da oferta

Quando o gestor traça o gráfico da oferta, na maioria das vezes, ele considera que o
preço seja o fator mais importante na determinação da quantidade ofertada de qualquer
produto. Mas outros fatores tais como impostos, subsídios, preços dos concorrentes etc.
podem afetar a oferta do produto e/ou serviço num determinado mercado. A curva de
oferta traçada no quadro acima é desenhada considerando-se que os demais fatores são

Economia dos negócios


17

fixos e não variam. Se alterar qualquer um desses fatores (tecnologia, subsídios a


produção, impostos, preço dos concorrentes) irá ocorrer uma variação na oferta, toda a
curva de oferta se deslocará. No gráfico acima esta situação esta demonstrada pela
entrada e saída de produtores, à medida que saem produtores deste mercado a curva se
desloca para a esquerda. À medida que entram produtores neste mercado a curva se
desloca para a direita.

Os determinantes básicos da oferta são:

1. Os preços dos recursos: os preços dos recursos utilizados no processo


de produção ajudam a determinar os custos de produção incorridos
pelas empresas. Preços mais altos dos recursos aumentam os custos de
produção, e, supondo um preço dado para o produto, reduzem os
lucros. Essa redução nos lucros diminui o incentivo que as empresas
têm para ofertar esse produto a cada preço possível do mesmo. Por
outro lado, os preços mais baixos dos recursos induzem as empresas a
ofertar uma quantidade maior a cada preço do produto, desde que os
custos de produção diminuam e os lucros aumentem.

2. A técnica de produção: o progresso tecnológico torna possível que as


firmas produzam as mesmas unidades de produto com uma quantidade
menor de recursos. Como a utilização de recursos envolve custos,
utilizar a tecnologia em quantidade reduz os custos de produção e
aumenta a oferta.

3. Impostos e subsídios: As empresas consideram a maioria dos


impostos como custos. Um aumento nos impostos sobre as vendas ou
sobre a propriedade elevará os custos de produção e reduzirá a oferta.
Em comparação, os subsídios são “impostos ao contrário”. Se o governo
subsidia a produção de um bem, irá reduzir os custos de produção e
aumentar a oferta.

4. Preços dos outros bens: Ao produzirem um determinado bem, como,


por exemplo, bolas de futebol, as empresas podem algumas vezes
utilizar sua planta ou equipamento para produzir outros bens, como
bolas de basquete e de vôlei. O preço mais alto desses outros bens pode
incentivar os produtores de bolas de futebol a deslocar recursos para a
produção dos mesmos, a fim de aumentar os lucros. Essa substituição
na produção resulta na redução da oferta de bolas de futebol. Por outro
lado, preços mais baixos das bolas de basquete e de vôlei podem
incentivar a produção de mais bolas de futebol, elevando sua oferta.

5. Expectativas de preço: as expectativas quanto ao preço futuro de um


produto podem afetar a disposição atual do produtor em ofertar esse
produto. Entretanto, é difícil generalizar sobre como a expectativa de
preços mais altos afetam a oferta atual de um produto.

6. O número de vendedores no mercado: Mantendo-se constantes


todas as demais variáveis, quanto maior for o número de ofertantes,

Economia dos negócios


18

maior será a oferta de mercado. À medida que novas empresas


ingressam na indústria, a curva de oferta se desloca para a direita. Ao
contrário, quanto menor for o número de empresas na indústria, menor
será a oferta de mercado. Isso significa que, à medida que as empresas
saem da indústria, a curva de oferta desloca-se para a esquerda.

Uma variação em um ou mais desses determinantes de oferta, ou deslocadores de


oferta, deslocará a curva de oferta de um produto para a esquerda ou para a direita. Um
deslocamento para direita é denominado aumento na oferta: produtores ofertam maiores
quantidades de produto a cada preço possível. Um deslocamento para a esquerda indica
uma diminuição na oferta: os ofertantes ofertam uma quantidade menor de produto.

Oferta e Demanda Reunidas: Em busca do equilíbrio de mercado.

Vamos reunir as relações de oferta e demanda para tentar entender como as decisões de
compra das famílias e as decisões de venda das empresas interagem, com isto
pretendemos entender como o preço de um produto e a quantidade realmente comprada
e vendida se comportam num determinado mercado. Na tabela 5, as colunas 1 e 2
apresentam a oferta de mercado de soja, e as colunas 2 e 3 apresentam a demanda de
mercado de soja. A coluna 2 lista um conjunto comum de preços. Vamos admitir
concorrência, ou seja, um grande número de compradores e vendedores.

Excedentes

Limitamos os nossos exemplos a apenas cinco preços possíveis. Qual deles irá prevalecer
como o preço de mercado da soja? Ao preço de $5, os produtores estão dispostos a
ofertar 15.000 alqueires de soja, mas os compradores só estão dispostos a comprar
1.000 alqueires. O preço de $5 estimula os fazendeiros a produzir muita soja, mas
desincentiva a maioria dos consumidores a comprá-la. O resultado é um excedente ou
excesso de oferta de 14.000 alqueires de soja.

(1) (2) (3) (4)


Quantidade total Preço por alqueire Quantidade total Excedente (+) ou
ofertada por demandada por Escassez (-)
semana semana
15.000 $ 5 1.000 + 14.000
12.000 $ 4 3.000 + 9.000
9.000 $ 3 9.000 0
3.000 $ 2 12.000 - 9.000
1.000 $ 1 15.000 - 14.000

Tabela 5: Oferta e demanda no mercado por soja.

Esse excedente, apresentado na coluna 4 da tabela 5, é o excesso da quantidade


ofertada sobre a quantidade demandada ao preço de $5. Os produtores de soja
encontram-se com 14.000 alqueires de produto estocados que não conseguiram vender.

Economia dos negócios


19

Um preço de $5, no mercado de soja, não poderia persistir por um longo período de
tempo. Um excedente muito grande de soja incentivaria os vendedores a competir entre
si, reduzindo o preço de forma a estimular os compradores a levar o excedente de suas
mãos.

Suponha que o preço caia para $4. O preço mais baixo incentiva os compradores a
comprar mais soja e, ao mesmo tempo, induz os produtores a oferecer menos dele para
a venda. O excedente é reduzido para 9.000 alqueires. No entanto, como existe ainda
um excedente, a concorrência entre os vendedores novamente reduzirá o preço. Portanto
os preços de $5 e $4 são instáveis, eles não irão permanecer porque são muito altos.
Deduz-se daí que o preço de equilíbrio da soja neste mercado deve ser inferior a $4.

Escassez

Consideremos agora $1 como o preço de mercado possível da soja. Observe na coluna 4


da tabela 5 que a esse preço a quantidade demandada excede a quantidade ofertada em
14.000 alqueires. O preço $1 desestimula os produtores a destinar seus recursos para a
produção de soja e estimula os compradores a comprar mais do que aquilo que está
disponível. O resultado é uma escassez ou excesso de demanda de 14.000 alqueires de
soja. O preço de $1 não pode persistir neste mercado. Muitos consumidores que estão
dispostos e são capazes de comprar a esse preço não conseguirão obter a soja. Eles
expressarão uma disposição em pagar mais de $1 para adquirir uma quantidade maior
deste grão. A concorrência entre esses compradores conduzirá o preço para acima de $1.

Suponha que a concorrência entre os compradores eleve o preço para $2. Esse preço
maior reduz, mas não elimina a escassez na oferta da soja. Por $2, os produtores
destinam mais recursos à produção de soja, e alguns compradores que estavam
dispostos a pagar $1 por alqueire, desistem da compra quando os preços chegam a $2.
Mas ainda existe uma escassez de 9.000 alqueires ao preço de $2. Essa escassez ainda
elevará o preço.

Preço e quantidade de equilíbrio

Ao preço de $3 a quantidade de soja que os fazendeiros estão dispostos a produzir e


ofertar são idênticos à quantidade de soja que os consumidores estão dispostos e são
capazes de comprar. Neste preço desaparece a produção excedente ou a escassez no
consumo da soja. Dizemos que ao preço de $3 a oferta e a demanda pela soja neste
mercado estão em equilíbrio.

Economia dos negócios


20

4 Excedente
Oferta
3 Demanda

0 Esca ssez
1000 3000 9000 12000 15000

Gráfico 5: Ponto de equilíbrio entre a oferta e a demanda por soja.

Economia dos negócios


21

4. ELASTICIDADE

A grande maioria dos produtos possui uma sensibilidade específica com relação às
variações dos preços e da renda. Normalmente medimos esta sensibilidade ou reação por
meio do conceito de elasticidade. Assim, a elasticidade reflete o grau de reação ou
sensibilidade de uma variável quando ocorrem alterações em outra variável, coeteris
paribus.

Este conceito econômico pode ser objeto de cálculo a partir de dados reais permitindo
assim o confronto das proposições da teoria econômica com os dados da realidade.

O conceito de elasticidade trás informações importantes para as empresas e para o setor


público. No setor privado, com alta competitividade interna e externa, a previsão de
vendas é muito importante, pois permite ao gestor uma estimativa da reação dos
consumidores diante das alterações nos preços da empresa, dos concorrentes e da renda
de seus clientes (salários). De acordo com as empresas de transporte coletivo urbano
que operam no Brasil, em toda grande cidade do país o sistema de transporte coletivo é
deficitário. A receita total proveniente das passagens é inferior ao custo de operação do
sistema de transporte. Suponha que em sua cidade a concessionária de transporte
coletivo queira reduzir esse déficit e decidiu aumentar as passagens de ônibus em dez
por cento (10%).

O gestor da empresa supõe que o aumento da tarifa é uma excelente idéia, como vão
receber mais dinheiro dos passageiros, a receita da empresa aumentará, e o déficit
diminuirá. Será que este gestor conhece a lei da demanda? O aumento no preço das
passagens poderá diminuir o número de passageiros que se utilizam deste serviço;
assim, a empresa receberá menos dinheiro, por conseqüência a receita diminuirá, e o
déficit aumentará. Assim, percebemos que não é possível prever como um aumento no
preço afetará a receita total, a menos que saibamos qual será a reação dos consumidores
a esse aumento. Para o setor público responsável pelo planejamento macroeconômico, a
elasticidade possui a mesma importância, pois através dela podemos prever qual é a
alteração dos investimentos das empresas quando o governo altera a carga tributária ou
a taxa de juros da economia.

Elasticidade-preço da demanda

Quando o preço de um bem diminui, os consumidores compram maior quantidade dele,


mas exatamente quanto é mais comprado? A elasticidade preço da demanda (Ed) mede
a reação dos consumidores diante das mudanças no preço do bem. Assim, elasticidade
preço da demanda é a resposta relativa da quantidade demandada de um bem X às
variações de seu preço, ou de outra forma, é a variação percentual na quantidade
procurada do bem X em relação a uma variação percentual em seu preço.

Podemos expressar simbolicamente tal conceito da seguinte forma:

Epd = variação percentual em Qd

variação percentual em P

Economia dos negócios


22

Como a correlação entre preço e quantidade demandada é inversa, ou seja, a uma


alteração positiva de preços corresponderá uma variação negativa na quantidade
demandada deste bem, então o valor encontrado da elasticidade preço da demanda é
negativo, isto devido à relação inversa entre quantidade demandada e preço.

Suponhamos, por exemplo, os seguintes dados:

P0 = preço inicial = $30,00


P1 = preço final = $26,00
Q0 = quantidade demandada, ao preço Q0 = 40
Q1 = quantidade demandada, ao preço Q1 = 49

A variação percentual do preço é dada por:


P1 – P0 = - 4 = - 0,13 ou -13%
Po 30

A variação percentual da quantidade demandada é dada por:

Q1 – Q0 = 9 = 0,22 ou 22%
Q0 40

O Valor da elasticidade-preço da demanda é dado por:

Epd = variação percentual de Qd = 22% = -1,69 ou |Epd| = 1,69


variação percentual de P - 13%

Significa que, dada uma queda de 13% no preço, a quantidade demandada aumenta em
1,69 vezes os 13%, ou seja, 22%. Trata-se de um produto cuja demanda tem grande
sensibilidade a variações do preço. Isso nos remete aos conceitos de demanda elástica,
inelástica e de elasticidade unitária.

1. Bens com demanda elástica: quando a elasticidade preço da demanda por um


bem particular for maior que 1, dizemos que sua demanda é elástica a preços.
Isso faz sentido porque, se essa elasticidade é maior que 1, isso ocorre devido à
variação percentual na quantidade demandada ser maior que a variação
percentual no preço, o que significa que os consumidores respondem bastante a
mudanças no preço.

2. Bens com demanda inelástica: Quando a elasticidade preço da demanda for


menor que 1, isso significa que os consumidores respondem pouco a mudanças no
preço, e dizemos que a demanda é inelástica a preços.

3. Bens com demanda de elasticidade unitária: Quando a elasticidade for


exatamente igual a 1, isso significa que a variação percentual na quantidade
demandada é igual à variação percentual no preço; dizemos então, que a
demanda possui elasticidade unitária.

Economia dos negócios


23

Elasticidade e substitutos

A elasticidade do preço de determinado bem depende da disponibilidade (existência) de


substitutos. Considere os seguintes bens: insulina e sabonete de glicerina de
determinada marca. Como não existem bens substitutos à insulina, os consumidores não
alteram seu consumo, ou alteram muito pouco, em resposta a mudanças em seu preço,
o aumento no preço da insulina não reduz (ou reduz muito pouco) a quantidade
demandada desse medicamento. Assim a inexistência de bens substitutos da insulina
torna sua demanda inelástica. Em contrapartida, existem muitos bens substitutos de
determinada marca de sabonete, inclusive com características diferentes, tais como
cremosos, com ervas etc. Portanto, um pequeno aumento do preço de uma marca
específica de sabonete de glicerina causará grande redução na quantidade demandada
desse produto, na medida em que consumidores passam a demandar outros sabonetes
que não sofreram alteração de preço. Assim, quando um bem possui substitutos, sua
demanda tende a ser elástica.

Elasticidade e mudanças na receita total da empresa

Uma empresa desejando faturar mais aumenta o preço de vendas dos seus produtos;
com isto a receita total proveniente das vendas aumentará ou diminuirá? A resposta
depende do valor da elasticidade preço da demanda desse bem. Se a elasticidade preço
da demanda for conhecida, podemos determinar se um aumento de preço aumentará ou
diminuirá a receita total da empresa.

Suponha que você esteja vendendo camisetas com o nome de sua empresa, desejando
aumentar a sua receita você aumenta o preço de venda das camisetas de R$ 15 para
R$16,50. Este aumento poderá trazer boas e más notícias.

Boas notícias: Você tem mais dinheiro para cada camiseta vendida

Más notícias: Você vende menos camisetas (a demanda deste produto é elástica).

Sua receita total diminuirá caso as más notícias (menos camisetas vendidas) prevaleçam
sobre as boas notícias (mais dinheiro por camiseta). A elasticidade preço da demanda
permite a comparação entre boas e más notícias. Se a demanda for elástica, os
consumidores responderão ao maior preço, reduzindo bastante a compra de camisetas;
então sua receita diminuirá.

De um modo geral, uma demanda elástica significa que a variação percentual na


quantidade será maior que uma variação percentual no preço assim, um aumento no
preço do bem diminui a receita total.

Obtemos o resultado oposto quando a demanda do bem é inelástica; um aumento no


preço aumenta a receita total. Se a demanda for inelástica, os consumidores
responderão pouco a um aumento no preço do bem.

Economia dos negócios


24

O quadro a seguir reforça o que aprendemos sobre elasticidade preço e receita total.

Mudança na
Valor da Efeito de Efeito da
quantidade
Tipo de elasticidade do aumento de redução do
versus
demanda preço da preço sobre a preço sobre a
mudança no
demanda receita total receita total
preço
Variação %
Elástica Maior que 1,0 maior em Diminui Aumenta
quantidade
Variação
percentual
Inelástica Menor que 1,0 Aumenta Diminui
menor em
quantidade
As mesmas
variações
Elasticidade Igual a 1,0 percentuais Não altera Não altera
Unitária em quantidade
e preço

Tabela 6: Elasticidade e receita total

Elasticidade preço da oferta

A elasticidade preço da oferta mede a reação dos produtores diante de variações no


preço do seu bem. Calculamos essa elasticidade dividindo a variação percentual na
quantidade ofertada pela variação percentual no preço.

Es = variação percentual na quantidade ofertada


variação percentual no preço

O tempo é um fator importante para determinar a elasticidade preço da oferta de um


bem. Quando o preço de determinado bem aumenta, a reação imediata dos atuais
produtores é produzir mais. Apesar do preço mais alto induzir as empresas a produzirem
uma quantidade maior do bem, essa reação é restrita pela capacidade limitada das
instalações de produção das empresas no curto prazo. Com o passar do tempo, novas
empresas podem entrar no mercado e as empresas pioneiras podem construir novas
instalações de produção e, conseqüentemente, haverá uma resposta maior no longo
prazo. À medida que o tempo passa, a oferta fica mais elástica, porque um número cada
vez maior de empresas terá tempo suficiente para construir novas instalações de
produção e produzir mais.

Economia dos negócios


25

5. ESTRUTURAS DE MERCADO

Após o entendimento de quais variáveis afetam a demanda e a oferta de bens e serviços


nas empresas, e ainda, de como são determinados os preços, supondo que, sem
interferências, o mercado encontra seu equilíbrio, estudaremos a partir daqui, as
diferentes estruturas de mercado que interferem na oferta, demanda e na formação de
preços no mercado.

As estruturas de mercado dependem fundamentalmente de três características básicas:


número de empresas que compõem o mercado, tipo de produto (se as firmas fabricam
produtos idênticos ou diferenciados) e existência ou não de barreiras ao acesso de novas
empresas nesse mercado.

A grande maioria dos modelos existentes entende que as empresas maximizam o lucro
total no nível de produção onde a receita marginal se iguala ao custo marginal, princípio
da teoria tradicional ou marginalista. Especificamente para o caso de estruturas
oligopolistas de mercado, veremos que existe uma teoria alternativa, que pressupõe que
a empresa maximiza o Mark-up, que é a margem entre a receita e os custos diretos (ou
variáveis) de produção.

Concorrência pura ou perfeita

A concorrência pura ou perfeita é uma forma de mercado onde há muitos vendedores


(empresa) assim, uma empresa por si só não consegue alterar a oferta nem o preço de
equilíbrio. O grande número de empresas existentes neste mercado faz com que elas
sejam apenas tomadoras de preços. Neste tipo de mercado levamos em consideração as
seguintes premissas:

 Mercado atomizado: Como átomos, o mercado é composto com um grande


número de empresas,
 Produtos homogêneos: não existe diferenciação (qualidade, tecnologia) entre
produtos ofertados pelas empresas concorrentes,
 Não existem dificuldades técnicas (barreiras) para as empresas entrarem no
mercado,
 Transparência de mercado: As empresas conhecem de forma igualitária, todas as
informações sobre rendimentos (lucros), preços, tecnologia, demanda etc.

Neste mercado percebemos que a longo prazo, não existem lucros extras ou
extraordinários, onde as receitas das empresas superam seus custos, identificamos
apenas lucros normais, que representam a remuneração do empresário pelo capital
aplicado (custo de oportunidade).

A concorrência pura ou perfeita é uma estrutura mercadológica abstrata, que retrata


mais uma hipótese de trabalho. Mercados dessa natureza são idealizações, pois sempre
haverá algum grau de imperfeição envolvido no processo. Como paliativo a esta regra
adotamos a denominação de concorrência quase pura ou quase perfeita.

Economia dos negócios


26

Para tentarmos identificar as dificuldades deste tipo de mercado vamos analisar a


produção de berinjela. Este fruto da planta, Solanum melongena, é cultivado em
pequenas propriedades do interior do Estado de São Paulo e seus produtores nem
sempre possuem condições para gerar quantidades economicamente interessantes por
esta razão dirigem-se aos entrepostos comerciais (CEAGESP). Assim, confiam em um
terceiro o encaminhamento da produção. O agente credenciado se compromete em
determinada data a reunir toda a colheita de vários produtores e vendê-la no entreposto.

Na maioria das vezes o pequeno produtor não possui condições de atribuir o melhor
preço para a venda de seus produtos, embora eles desejassem a melhor remuneração
por sua produção, existe a produção de outras regiões do país que também se dirigem
para o entreposto comercial, cabe então ao agente, a tarefa de conseguir o melhor preço
no mercado. Supondo que cada produtor tivesse especificado seu preço ao agente, e este
preço estivesse acima do que o mercado desejasse pagar nada seria vendido, o que o
produtor faria então com a mercadoria que retornasse a sua propriedade?

Para os consumidores tanto faria adquirir este produto de A ou B, visto tratar-se de uma
commoditie, então para o produtor o melhor seria contentar-se com o preço estipulado
pelo mercado, ou seja, ser um tomador de preço.

Em concorrência perfeita, como o mercado é transparente, se existirem lucros


extraordinários à curto prazo isto atrairá novas empresas para o mercado, visto que não
existem barreiras a novos entrantes. Com o aumento da oferta, os preços cairão, e os
lucros extras tenderão a zero. Existirão apenas lucros normais, quando então cessará o
ingresso de novas empresas neste mercado.

Monopólio

O mercado monopolista apresenta condições completamente oposta à da concorrência


perfeita. Neste tipo de mercado existe uma única empresa que domina a oferta dom bem
e/ou serviço e muitos consumidores que demandam este bem e/ou serviço. Não existe a
presença da concorrência, nem a possibilidade aos consumidores de optarem por um
bem e/ou serviço substituto porque eles simplesmente não existem.

Imagine que em sua escola exista uma única lanchonete a qual acabou de instalar em
suas dependências um placar eletrônico para que os alunos acompanhem o campeonato
de futebol, os fãs desta modalidade esportiva podem acompanhar as últimas informações
e assistir os jogos. A lanchonete doou ainda uma verba significativa à universidade para
que ela reformasse o espaço de convivência da escola, propiciando um lugar
extremamente agradável aos alunos. No seu ponto de vista o proprietário da lanchonete
é um homem generoso, bom de coração ou esta generosidade vem do direito de ser o
único espaço dentro da escola autorizado para a venda de alimentos e bebidas aos
alunos? Quem esta realmente pagando por tanta generosidade?

A curva da demanda da empresa é a própria curva da demanda do mercado. Como a


empresa é única no mercado ela determina o preço de equilíbrio, isto em função de sua
capacidade de produção, a empresa pode aumentar a oferta do produto e derrubar o
preço no mercado, se na contra mão ela diminuir a oferta o preço aumentará. Na
concorrência perfeita a demanda para a firma é dada, e se configura como uma reta

Economia dos negócios


27

paralela ao eixo das quantidades, já no monopólio a firma possui uma demanda


negativamente inclinada.

Não havendo bens concorrentes ou substitutos, como vimos no conceito de elasticidade,


a demanda de mercado tende a ser inelástica. Então, quando o preço se elevar, haverá
uma queda relativamente pequena na demanda da mercadoria, o que significará um
aumento da receita total da empresa. Mas não é correto dizer que o mercado
monopolista poderá aumentar o preço sistematicamente, se o preço for aumentado de
forma mais significativa o consumidor sofrerá uma perda também significativa em sua
renda, passando a comprar menos deste produto, isto nos mostra que a partir de um
determinado momento a demanda deixará de ser inelástica, e passará a ser elástica.

Utilizando-se de uma das cinco forças do modelo de Michael Porter, as barreiras à


entrada de novas empresas no mercado, para que exista uma condição de monopólio
estas barreiras são tão significativas que impedem a entrada de novas empresas, e estas
barreiras podem vir das seguintes condições:
 Patentes: uma vez concedida ao produtor (ou inventor) este terá
exclusividade de vender seu produto durante um determinado período
de tempo,
 Controle de matérias-primas básicas: podemos citar como exemplo a
prospecção de petróleo pela Petrobrás, ou a nova estatal discutida pelo
governo federal para prospectar petróleo na camada do pré-sal.
 Monopólio natural: Neste segmento de mercado os volumes investidos
são extremamente significativos, como ocorre com as indústrias
farmacêuticas, volumes expressivos de dinheiro são investidos na busca
do desenvolvimento de novas drogas, inviabilizando assim, a entrada de
novas empresas neste tipo de concorrência.

Concorrência monopolística

Aqui temos uma estrutura intermediária entre concorrência perfeita e monopólio. Este
mercado se caracteriza por haver um número maior de grandes empresas produzindo
com certo grau de concorrência, mas em segmentos diferenciados, seja pelas
características do produto e/ou serviço, seja pela garantia, tipo de embalagem ou pós-
venda prestada aos clientes. Na concorrência monopolística, a empresa não possui
margem para fixar preços muito maiores visto que existem produtos substitutos no
mercado.

Oligopólio

O oligopólio é uma estrutura de mercado que se caracteriza por um reduzido número de


empresas ofertantes de bens e serviços, basicamente três ou mais, concorrentes rivais
entre si. Neste mercado há um número muito pequeno de empresas, como a indústria
petro-química, ou então um grande número de empresas, mas poucas acabam
dominando o mercado.

Economia dos negócios


28

No oligopólio (oligopólio puro) os preços e as quantidades ofertadas podem ser fixados


em comum acordo entre as empresas participantes do mercado formando-se os cartéis.
O cartel é uma associação legal ou ilegal de produtores em um determinado segmento
que objetiva fixar as políticas de preços das empresas participantes deste setor.

No mercado oligopolizado existem empresas líderes que fixam seus preços respeitando a
matriz de custo das demais empresas do setor, e há empresas menores que seguem as
regras ditadas pelas líderes, denominamos este modelo de liderança de preços, no Brasil
podemos identificar este modelo nas indústrias de bebidas.

É possível identificar tanto oligopólios com produtos diferenciados (a indústria


automobilística é um exemplo) como oligopólios com produtos idênticos (cimento, aço).

A teoria microeconômica utiliza-se de duas teorias, da teoria marginalista para dizer que
o produtor oligopolista visa maximizar seus lucros, e da teoria da organização industrial
que diz que o objetivo principal do oligopolista é maximizar a diferença entre a receita de
vendas e os custos diretos de produção.

Existem duas categorias de oligopólio, o puro que ocorre quando o produto/serviço final
envolvido na transação for de natureza idêntica ou padronizada, ou seja, não apresenta
substituto, no Brasil podemos citar os setores de vidro plano liso, cimento, alumínio, aço,
e outras commodities como exemplos de oligopólio puro. E o oligopólio diferenciado onde
há produtos substitutivos, visto que eles não são homogêneos, e existe uma concorrência
efetiva entre os agentes vendedores, como exemplo, citamos o segmento de
refrigerantes, automóveis entre outros.

Ocorrendo o oligopólio puro, os concorrentes rivais, efetivam acordos legais ou mesmo


acordos à margem da legislação, estes acordos entre os vendedores podem ser
realizados de forma secreta, ou de forma explícita, podem ser escritos ou verbais. Assim,
poderão ocorrer neste tipo de mercado, acordos organizados que são negociados em
comum acordo entre os participantes do oligopólio, a primeira vista poderíamos entender
como formação de cartéis, e que trazem benefícios a todos os produtores. Como exemplo
de acordos organizados, poderíamos citar os produtores de petróleo, especialmente na
década de 70, quando em comum acordo baixaram a produção mundial de petróleo e
forçaram os preços internacionais desta commoditie trazendo sérios prejuízos a economia
mundial, especialmente a brasileira. Mas podem ocorrer também, os acordos não
organizados, isto acontece quando uma empresa domina uma parcela significativa do
mercado, ou quando ela possui liderança de preços a partir de baixos custos de
produção.

Economia dos negócios


29

6. MENSURAÇÃO DA ATIVIDADE ECONÔMICA: FLUXO


CIRCULAR, PRODUTO E RENDA.
Fluxo Circular

Iniciaremos nosso estudo a partir do fluxo circular da renda. Imaginemos um modelo


econômico simples onde existam apenas famílias e empresas, ao se relacionarem
economicamente, geram produção e esta produção gera renda.

Nesta economia simples as famílias e as empresas realizam negociações em mercados de


bens finais e de fatores de produção. No mercado de fatores as famílias ofertam insumos
de produção, neste caso os insumos são trabalho, capital físico, monetário e capacidade
de gestão, o que podemos denominar como fatores de produção. Assim, as famílias
ofertam a mão de obra para as empresas, bem como capitais físicos como prédios,
máquinas e equipamentos para a produção; ofertam ainda, capital monetário (dinheiro)
e coloca sua capacidade de gerenciamento a disposição das empresas. O mercado de
fatores se responsabiliza pela remuneração das famílias, pagando salários pelos serviços
prestados, alugueres pela utilização do capital físico, e juros pelo oferecimento de capital
à produção. Com estes recursos as famílias compram os produtos oferecidos por estas
empresas, que utilizam estes recursos para remunerar o uso dos fatores de produção.

Receita de vendas Gastos

Bens Bens
Ofertados
Mercado comprados
de Bens
Finais

Fatores de Trabalho
Produção terra e
Mercado Capital
de
Fatores
Salários, aluguéis, lucro Renda

Figura 1: Produção, renda e fluxo circular

Produto e Renda

O modelo apresentado é uma visão muito simplificada do funcionamento de uma


economia. As transações que ocorrem nos mercados de bens e de fatores acontecem de
forma constante, ou seja, são realizadas a todo instante. Assim, para medirmos as
atividades de uma economia, medimos o valor dos produtos finais comercializados no
mercado num determinado período de tempo (ano, meses, bimestres, trimestres,). É
importante que trabalhemos com períodos de tempo homogêneo para que possamos

Economia dos negócios


30

comparar a atividade da economia analisada com outras épocas, ou mesmo com outras
economias.

Podemos medir a economia também pelo mercado de fatores. O total pago pelas
empresas aos prestadores de serviços dos fatores contratados pela empresa durante um
determinado período de tempo serve também como medida.

Com isto definimos o conceito de produto e renda nacional. Entendemos como produto
nacional o valor monetário de todos os bens finais produzidos na economia no período de
um ano. A renda nacional é o total de pagamentos realizados aos fatores de produção
quando da aquisição destes produtos.

No lado do produto utilizamos o PIB (Produto Interno Bruto) para medir a produção de
bens e serviços dentro das fronteiras do país, em um dado período de tempo.

Produto Interno Bruto (PIB) é o valor de


mercado de todos os bens e serviços
finais produzidos em um país, em um
dado período de tempo

Embora a frase pareça bastante simples, muitas questões aparecem quando calculamos
o PIB de uma economia, assim vamos detalhar um pouco mais cada frase da definição
dada acima.

PIB é o valor de marcado... No cálculo do PIB levamos em consideração os preços dos


produtos no mercado, ou seja, não podemos somar a quantidade de milho com o café,
assim como o preço de mercado mede o montante que os consumidores estão dispostos
a pagar por diferentes bens, eles refletem o valor desses bens. Desta forma se o preço
do café for 30% superior ao preço do milho, o café contribuirá mais com a formação do
PIB do que o milho.

De todos... O cálculo do PIB tenta ser o mais abrangente possível, inclui todos os bens e
serviços produzidos e vendidos legalmente na economia. No entanto há alguns produtos
que o PIB exclui devido a dificuldade de sua mensuração, especialmente aqueles
vendidos de forma ilegal tais como drogas.

O PIB exclui ainda os produtos produzidos e consumidos em casa, se uma dona de casa
compra um pé de alface na quitanda do seu bairro, esta transação esta sendo somado ao
PIB, entretanto, se ela possuir uma horta no fundo de sua casa e colher para o consumo
próprio, este pé de alface não esta sendo somado ao PIB do país. Assim, se muitos
brasileiros passassem a produzir alimentos para o consumo próprio o PIB estaria
diminuindo.

Economia dos negócios


31

Os bens e serviços...O PIB inclui tanto os bens tangíveis (computadores, veículos,


casas, alimentos etc.) quanto os bens intangíveis (serviços médicos, odontológicos, salão
de beleza etc.). Ao comprar um CD da sua banda predileta você esta comprando um
bem, ao assistir o show desta banda você esta adquirindo um serviço, e o preço pago
pelo ingresso também faz parte do PIB.

Finais... Quando sua padaria confecciona o pão de cada dia ela utiliza farinha, ovos,
fermento entre outros produtos, mas o PIB soma apenas o valor dos bens finais, ou seja,
soma o preço do pão vendido diariamente. Isto porque os valores dos bens
intermediários estão inclusos no preço do bem final. Somar o valor dos insumos na
fabricação do pão, com o preço do pão final, seria uma dupla contagem, estaríamos
somando duas vezes o pão que já leva incluso em seu preço os insumos utilizados.

Excetua-se a esta regra quando ao produzir um determinado produto, ao invés de ser


utilizado, ele é transferido ao estoque de bens de uma determinada empresa para
utilização futura. Neste caso este produto é considerado como bem final e seu valor
como investimento em estoque é incluído como parte do PIB naquele ano.
Posteriormente quando este produto for utilizado pela empresa, ou vendido, as reduções
do estoque serão subtraídas do PIB.

Produzidos... O PIB inclui os produtos e serviços produzidos no presente. Não inclui


transações produzidas no passado. Quando a FORD produz e vende um novo veículo, o
valor do carro é incluído no PIB daquele ano. Quando este carro é revendido por seu
proprietário em um período futuro esta transação não é somada ao PIB do país.

Em um país... O PIB mede o valor da produção dentro dos limites geográficos de um


país. Um argentino trabalhando em um hotel no Brasil, sua produção é somada ao PIB
brasileiro. Um hotel brasileiro situado na cidade de Buenos Aires, sua produção é somada
ao PIB Argentino e não ao brasileiro. Destra forma os produtos e serviços serão incluídos
ao PIB se forem produzidos dentro do país, independente da nacionalidade do cidadão ou
da empresa.

Em um dado período de tempo. Geralmente este período de tempo é de um ano. O


PIB mede o fluxo da renda e da despesa durante estes doze meses. Entretanto, a
produção tem períodos de sazonalidade, em alguns meses a produção é muito maior do
que outros meses, desta forma os economistas preferem olhar a produção realizando
ajustes de sazonalidade, assim quando PIB trimestral é divulgado todos os ajustes de
sazonalidade já foram realizados.

Entendemos então o PIB como gastos totais na economia, mas não podemos esquecer
que cada real gasto pelo comprador na economia se torna um real de renda para o
vendedor desse produto ou serviço. Assim, acrescentamos também, a renda total na
economia.

Cálculo do PIB

Para entender como a economia está usando seus recursos escassos, estudamos a
composição do PIB de acordo com diversos tipos de dispêndio. Assim, o cálculo do PIB
(Y) pela ótica da demanda se dá pela somatória dos seguintes componentes:

Economia dos negócios


32

Y = C + I + G + EL
Onde:

C = Consumo das famílias – é a despesa das famílias em bens e serviços. Os bens


incluem as despesas das famílias em bens duráveis, como eletrodomésticos, motos,
entre outros. E bens não duráveis, como alimentos. Os serviços incluem os bens
intangíveis, como preço de profissionais autônomos (dentistas, médicos, educação,
profissionais de beleza).

I = é aquisição de bens que serão usados no futuro para produzir mais bens e serviços. É
a soma das compras de bens de capital, estoques etc.

G = Gastos do Governo – Estão classificados os gastos em bens e serviços das três


esferas de governo (municipal, estadual, e federal), inclui os salários dos funcionários do
governo e as despesas em obras públicas.

EL = Exportações líquidas – São as Exportações menos as importações. A palavra líquida


explica justamente isto, ou seja, que as exportações são subtraídas das importações.
Isto acontece porque outros componentes do PIB incluem as importações de bens e
serviços.

O PIB também pode ser calculado pela ótica da produção. Na fabricação de um


automóvel, são utilizados diversos componentes tais como motores, pneus, pára-brisas,
pára-choques, espelhos etc. Neste caso, e para evitarmos o problema da dupla
contagem, consideramos os valores dos componentes, ou do automóvel já finalizado.

Assim, podemos definir que:

PIB = Valor Bruto da Produção – consumo intermediário

Quando consideramos o valor do bem pronto para o consumo, dizemos que o PIB é um
valor agregado dos bens e serviços finais produzidos dentro de um espaço geográfico.

Ainda podemos calcular o PIB pela ótica da renda, neste caso o PIB representa as
remunerações pagas sob a forma de salários, juros, aluguéis e lucros, levando-se em
conta, também, a depreciação do capital.

Abaixo representamos a fórmula do PIB pela ótica da renda.


PIB = Salários + Impostos + Lucro das Empresas +

Juros + Aluguéis.

Economia dos negócios


33

PIB real versus PIB nominal

O PIB expressa o valor dos bens e serviços de produção corrente avaliados a preços de
mercado, este valor poderá se alterar por dois motivos: “a economia esta crescendo,
portanto produzindo maior quantidade de bens e serviços” ou os “bens e serviços estão
sendo vendidos a preços maiores”. Assim, quando estudamos as variações do PIB
precisamos separar estes dois efeitos, precisamos conhecer a medida total de bens e
serviços produzidos, sem levar em conta o aumento dos preços.

Para chegarmos a isto, usamos uma medida conhecida como PIB real, esta medida busca
conhecer qual é o valor dos bens e serviços produzidos no ano, comparados aos preços
vigentes em anos anteriores. Avaliando a produção corrente a preços passados, podemos
conhecer como a produção geral de bens e serviços da economia muda com o passar do
tempo.

Para calcular o PIB real, há a necessidade de instituirmos um ano como ano base. Com
isto cálculos os preços dos produtos tais como passagens aéreas, refeições entre outros a
partir do ano base. Assim, é possível saber quanto realmente a produção de um
determinado produto ou serviço aumentou em um dado período, isto porque seus preços
estão fixos ao ano base.

O objetivo do calculo do PIB é medir o nível de desempenho da economia do país como


um todo.

Como O PIB real mede a produção de bens e serviços da economia, ele reflete a
capacidade da economia em satisfazer as necessidades e desejos dos consumidores.
Assim, o PIB real é uma medida melhor do bem estar econômico do que o PIB nominal.

Quando os economistas debatem o crescimento do PIB de um determinado país, ou


mesmo quando a impressa divulga a taxa de crescimento do PIB num determinado
período de tempo, eles estão falando do PIB real e não do nominal, pois se o país tiver
um valor de inflação muito elevado, o resultado do crescimento econômico pode estar
mascarado com o aumento dos preços por conta da inflação e não pelo aumento da
produção.

Exemplificando, considere uma economia que produza dois produtos: esfihas e quibes.
Vamos calcular o PIB nominal e o PIB real desta economia no período compreendido
entre os anos de 2010 à 2012.

Economia dos negócios


34

Preços e Quantidades
Ano Preço/Esfiha Quantidade/Esfiha Preço/Quibe Quantidade/Quibe
2010 $2 200 $4 100
2011 $3 280 $5 150
2012 $4 250 $6 200
Ano Cálculo do PIB Nominal
2010 ($2 por esfiha X 200 esfihas) + ($4 por quibe X 100 quibes) = 800
2011 ($3 por esfiha X 280 esfihas) + ($5 por quibe X 150 quibes) = 1.590
2012 ($4 por esfiha X 250 esfihas) + ($6 por quibe X 200 quibes) = 2.200
Ano Calculo do PIB Real (ano-base 2010)
2010 ($2 por esfiha X 200 esfihas) + ($4 por quibe X 100 quibes) = 800
2011 ($2 por esfiha X 280 esfihas) + ($4 por quibe X 150 quibes) = 1.160
2012 ($2 por esfiha X 250 esfihas) + ($4 por quibe X 200 quibes) = 1.300
Cálculo do Deflator do PIB
2010 ($800/$800) X 100 = 100
2011 ($1.590/1.160) X 100 = 137,06
2012 ($2.200/1.300) X100 = 169.23
Quadro 1: Cálculo do PIB nominal e do PIB real

No cálculo do PIB real, determinamos primeiro um ano como sendo o ano base, a partir
daí utilizamos os preços das esfihas e dos quibes neste ano base para realizar o cálculo
do valor dos bens em todos os anos, assim o preço do ano base é referência para a
comparação das quantidades em diferentes anos.

Supondo que o ano de 2010 seja o ano base, utiliza-se os preços das esfihas e dos
quibes neste ano para calcular o valor dos produtos produzidos em 2010, 2011 e 2012.
Assim, para calcular o PIB real em 2010 usamos os preços das esfihas e dos quibes em
2010 (ano base) e as quantidades de esfihas e quibes produzidas em 2010 (para o ano
base, o PIB real será sempre igual ao PIB nominal).

Para calcular o PIB real de 2011, utiliza-se os preços das esfihas e dos quibes em 2010
(ano base) e as quantidades de esfihas e quibes produzidos em 2011. Da mesma forma
para se calcular o PIB real de 2012 utiliza-se o preço de 2010 (ano base) e as
quantidades produzidas em 2012.

Percebe-se que o PIB real aumentou de $ 800, em 2010, para $ 1.160, em 2011, e $
1.300, em 2012, este aumento é atribuído a uma elevação nas quantidades produzidas,
porque os preços estão sendo mantidos fixos nos níveis do ano base.

Resumindo, O PIB nominal usa os preços correntes para atribuir um valor à produção de
bens e serviços da economia. O PIB real usa preços constantes do ano-base para atribuir
um valor à produção de bens e serviços da economia, assim como o PIB real não é
afetado pela variação dos preços, as variações do PIB real refletem somente as
mudanças nas quantidades produzidas, por esta razão utilizamos o PIB real como uma
medida da produção de bens e serviços na economia.

Economia dos negócios


35

Deflator do PIB

O deflator do PIB demonstra o que esta acontecendo com os preços dos produtos e
serviços num dado período de tempo e não com as quantidades produzidas neste período
de tempo.

Como o PIB nominal e o PIB real devem ser iguais no ano base, o deflator do PIB para o
ano base é sempre igual a cem. O deflator do PIB para os anos sub-sequentes mede a
variação do PIB nominal a partir do ano base que não pode ser atribuída a uma variação
do PIB real.

Imagine você que as quantidades produzidas na economia aumentem com o tempo, mas
os preços permaneçam os mesmos. Neste caso, tanto o PIB nominal quanto o PIB real
aumentam juntos, de modo que o deflator do PIB é constante. Suponha agora que os
preços aumentem com o passar do tempo, mas as quantidades produzidas permaneçam
as mesmas. Neste caso o PIB nominal aumenta, mas o PIB real se mantém inalterado,
de modo que o deflator do PIB também aumenta.

Deflator do PIB = PIB t -1 x 100


PIBRt

Em que:

PIBt = PIB do ano corrente

PIBRt =PIB do ano corrente a preço do ano anterior

O deflator do PIB é uma medida que os economistas usam para monitorar o nível médio
de preços na economia e, consequentemente, a taxa de inflação.

O deflator do PIB tem esse nome porque pode ser empregado para obter a inflação do
PIB nominal, ou seja, deflacionar o PIB nominal por causa do aumento em virtude da
elevação dos preços.

Renda nacional

Quando somamos todas as rendas dos fatores produtivos (Terra, Capital e Trabalho)
obtidas na produção de bens e serviços, chegamos a Renda. A renda que flui para o setor
privado é chamada renda nacional. Para medir a renda nacional, é preciso lembrar-se da
equivalência da renda total produzida com a produção total gerada em um mesmo
período, conforme visto no fluxo circular da renda. Assim, quando se fala em produção
pode-se entender, de maneira equivalente, renda. Para obter a renda nacional é preciso
fazer alguns ajustes.

Ao produzir no Brasil, as empresas estrangeiras auferem renda, assim, subtraímos do


PIB a renda líquida que é enviada por estas empresas ao exterior (REE). Este cálculo é
obtido a partir do somatório da renda obtida no exterior (RRE) por empresas ou
indivíduos brasileiros e subtraídos deste valor as rendas obtidas no país por empresas ou

Economia dos negócios


36

indivíduos estrangeiros e enviadas ao exterior (REE). Como exemplo, citamos o caso da


Petrobrás, todo o lucro obtido por esta importante empresa brasileira no exterior é
somado no produto e subtraído todo o lucro das empresas estrangeiras sediadas no
Brasil que é remetido a sua matriz. O resultado destes ajustes é chamado de Produto
nacional Bruto (PNB).

PIB + RRE – REE = RNB

No Brasil a saída de renda das empresas estrangeiras é muito maior do que a entrada de
renda das empresas brasileiras sediadas no exterior, por isto o PIB brasileiro é maior do
que o PNB.

O segundo ajuste a ser realizado para o cálculo da renda nacional é a depreciação. A


depreciação representa o desgaste dos equipamentos, máquinas e instalações em
decorrência do seu uso no tempo. Ao subtrairmos a depreciação do PNB encontramos o
Produto Nacional Líquido.

O último ajuste que se faz necessário é a subtração dos impostos indiretos (ICMS, IPI),
os que incidem sobre as vendas, e adicionar a isenção de impostos sobre produtos. Os
impostos incidentes sobre as vendas vão para o governo, não faz parte da renda privada,
imagine, por exemplo, a venda de um produto de consumo no valor de R$20,00 e que ao
ser vendido tenha uma incidência tributária de 5%, o valor final da venda foi de R$21,00,
mas o empresário terá como fruto da venda apenas os R$20,00 que servirá para ele
pagar os custos de comercialização e obter ainda, os lucros da transação. Após os
ajustes chegamos à renda nacional, que no Brasil é menor do que o PIB, pois enviamos
(REE) cerca de 3% do PIB para o exterior para pagamento dos fatores de produção entre
outros.

Uma última observação entre PIB e PNB, para muitos países, a distinção entre o que eles
produzem dentro de suas fronteiras, o PIB, e o que seus cidadãos ganham o PNB, não é
muito importante, este é o caso dos Estados Unidos onde a diferença entre o PIB e o PNB
costuma ser de 0,2. Entretanto, para outros países esta diferença pode ser muito grande.

Variação do PIB, recessão, estabilização e expansão

Agora que sabemos como o PIB real é definido e medido, vamos procurar entender como
esta variável macroeconômica se comportou nos últimos anos.

Ao longo do século 20, o Brasil cresceu como poucos países. A média de crescimento
anual do PIB brasileiro entre o século XX e o século XXI, foi de 2,5%, isto implica dizer
que o crescimento do PIB neste período foi de quase 100 vezes.

Logo após a segunda guerra mundial, o Brasil percebeu sua alta dependência por
produtos importados, especialmente bens de capitais. Como forma de diminuir esta

Economia dos negócios


37

dependência externa o país promoveu um processo de industrialização substitutiva das


importações (ISI).

Como não havia poupança suficiente para promover os investimentos necessários o país
buscou o capital internacional, que a época, era abundante e barato, para investir nas
plantas industriais básicas que dariam suporte ao seu processo de crescimento e
desenvolvimento econômico.

Figura 2: Variação real anual do PIB, fonte IPEADATA.

Nos anos 50 a taxa de crescimento do produto brasileiro foi bastante significativa. Entre
os anos 1968 a 1973 a taxa média de crescimento do PIB foi de 10% aa como pode ser
observado na figura 2. Este resultado significativo foi possível em decorrência das
reformas institucionais e da recessão do período anterior que gerou uma capacidade
ociosa no setor industrial, possibilitando uma rápida retomada da produção no período. É
pertinente observar também, que o crescimento da economia mundial no mesmo período
ajudou alavancar o crescimento do país.

As principais fontes que garantiram o crescimento econômico a partir de 1967 foram a


retomada do investimento público em infra-estrutura, que garantiu o desenvolvimento
das plantas industriais no país; o aumento dos investimentos das empresas estatais; a
reforma financeira que permitiu uma expansão do crédito ao consumidor, estimulando a
demanda agregada na economia; os investimentos realizados no setor da construção
civil, que cresceu a uma taxa média de 15% aa; e o crescimento da economia mundial
que estimulou as nossas exportações.
O Brasil necessitava de recursos para o financiamento das altas taxas de crescimento da
economia, e contando com alta liquidez de recursos no mercado internacional, o governo
brasileiro inicia o processo de endividamento externo do país.

Economia dos negócios


38

O ciclo expansionista que levou ao milagre econômico brasileiro, com uma taxa de 13,9%
aa de crescimento do PIB em 1973, dependia exclusivamente de uma situação externa
favorável, especialmente quanto à manutenção das taxas internacionais de juros, que
eram fundamentais para a consolidação do processo de investimento nas empresas
estatais e na infra-estrutura do país.

A opção por um processo de desenvolvimento com captação de empréstimos


internacionais combinado com uma matriz energética baseada em combustível fóssil
coloca o Brasil numa situação bastante vulnerável.

Em 1973, os países membros da OPEP, quadruplicam o preço do barril do petróleo


provocando o primeiro choque na economia brasileira, a crise colocava em cheque o
milagre econômico brasileiro, e a população clamava por melhor distribuição de renda e
maior abertura política.

A primeira crise internacional do petróleo abalou as altas taxas de crescimento da


economia brasileira, pois o país passou a transferir recursos reais ao exterior e isto levou
a uma diminuição das divisas internacionais. Para manter o mesmo nível de investimento
na economia foi necessário provocar um choque sobre o consumo o qual foi feito através
de processos recessivos. Neste momento, as opções de crescimento acelerado se
esgotaram e a economia brasileira entrou num processo de desaceleração.

Em 1979, ocorre o segundo choque do petróleo e o aumento das taxas de juros


internacionais. Como o endividamento externo brasileiro era crescente, a economia do
país se deteriora rapidamente, consolidando o início da crise cambial.

Nos anos 80 a economia mundial retoma o crescimento, o Brasil ainda abalado pelas
duas externalidades, endividado e com altas taxas inflacionárias não consegue retomar
de forma sustentável sua taxa de crescimento. Nesta década os esforços governamentais
estavam todos voltados para o combate a inflação que corroia as estruturas econômicas
e sociais do país. O primeiro plano heterodoxo implantado em 1986, não conseguiu
controlar por muito tempo a escalada dos preços, a inflação voltou de forma acelerada, e
obrigou o governo a adotar outros planos de combate a inflação que igualmente não
surtiram efeito.

Os esforços na busca de uma matriz energética renovável, a remoção gradual das dívidas
e do desequilíbrio das contas públicas, a conversão de empréstimos em capitais de risco,
os cortes de subsídios ao setor privado, entre outras medidas adotadas pelo governo
brasileiro, especialmente, a abertura econômica implantada a partir do início da década
de 90, proporcionam taxas positivas de crescimento, como se pode observar na figura 2.

O PIB brasileiro a partir de 1991 se eleva, o real alavancou a taxa de crescimento do


produto até o ano de 1996. Em 1997, a crise asiática atinge a economia, o governo eleva
as taxas básicas de juros (SELIC) para segurar o capital de curto prazo, e a taxa de
crescimento do PIB se desacelera no período.

Economia dos negócios


39

Com a melhora significativa das contas públicas, e a blindagem da economia, o Brasil


passa a ter taxas positivas de crescimento do produto interno bruto até o ano de 2008
quando o mundo é assolado pela crise financeira americana. A economia brasileira
desacelera no ano de 2009, mas já em 2010 retoma o crescimento, não sendo possível
ainda prever os reflexos que a crise econômica dos países do euro poderá provocar na
taxa de crescimento do PIB brasileiro.

Economia dos negócios


40

7. ANÁLISE DO CICLO DE NEGÓCIOS E A INFLAÇÃO

A inflação é definida como um aumento persistente e generalizado no índice de preços,


ou seja, os preços dos produtos e dos serviços na economia aumentam continuamente,
estes movimentos não devem ser confundidos com altas que acontecem em fases
sazonais de produção, a sazonalidade aumenta os preços dos produtos em época de
baixa produção, a níveis normais, os preços tendem a se adequar a realidade do
mercado.

As causas inflacionárias devem ser analisadas levando-se em conta a estrutura de


mercado (monopolista, oligopolista, concorrencial), que possibilita aos vários setores da
economia de repassar o aumento dos seus custos aos preços dos produtos e serviços no
mercado. Outro fator a ser analisado é o grau de abertura da economia ao mercado
internacional, quanto mais aberta a economia de um país a economia internacional,
maior é a concorrência interna entre os fabricantes, conseqüentemente menores serão os
preços. Outro fator que pode interferir na taxa inflacionária de um país é o poder das
organizações trabalhistas. Um sindicato forte, com alto poder de barganha, pode
conseguir reajustes de salários acima dos índices de produtividade, provocando uma
maior pressão sobre os preços.

Figura 3: Variação do IPCA de alimentos e bebidas, fonte IPEADATA.

Pode-se estudar a inflação pelo excesso de demanda agregada (inflação de demanda),


pela elevação dos custos de produção (inflação de custos) e pelos mecanismos de
indexação de preços (inflação inercial), vejamos cada um deles.

Inflação de demanda

A inflação de demanda ocorre quando há excesso de demanda agregada em relação à


produção disponível de bens e serviços.

Ocorre inflação de demanda quando a economia está produzindo próximo do pleno


emprego de recursos. Nestas condições, o aumento da demanda agregada por bens e
serviços na economia acaba provocando a elevações de preços.

Economia dos negócios


41

A curva de Phillips, utilizada para explicar a inflação por demanda, mostra que existe
uma relação inversa entre as taxas de salários e as taxas de desemprego.

Com dados coletados no Reino Unido, entre 1861 a 1957, esta curva mostrou que existe,
empiricamente, um trade - off (relação inversa) entre taxas de salários nominais
(associados a taxas de inflação) e taxas de desemprego. Mantidas constantes as demais
condições, um aumento da procura agregada pode levar as empresas a demandarem
mais mão de obra, ocasionando aumento de salários monetários (nominais) e redução
das taxas de desemprego.

Para combater um processo de inflação por demanda, a política econômica implantada


leva quase sempre a uma redução da procura agregada por bens e serviços através de
medidas que reduza os gastos do governo, o aumento da carga tributária, elevação das
taxas de juros e controle sobre a expansão do crédito, e o arrocho salarial.

Inflação de custos

A inflação de custos pode ser associada a uma inflação tipicamente de oferta. O nível de
demanda permanece o mesmo, mas os custos dos fatores aumentam, com isto a
produção se retrai e a curva da oferta é projetada para trás provocando o aumento dos
preços na economia.

Os aumentos dos custos na economia podem ser ocasionados por aumentos do custo de
matérias primas. No caso brasileiro o aumento do preço do petróleo especialmente na
década de 70 impactou os aumentos do custo de produção, especialmente os custos de
transporte e de energia, num momento em que a matriz energética brasileira era
extremamente dependente desta energia fóssil. Estes aumentos foram repassados aos
preços dos produtos e serviços elevando assim a taxa inflacionária no período. Os
aumentos sazonais nos preços ocasionados por chuvas (prejuízos na lavoura), geadas e
secas também caracterizam uma inflação de custos, podendo ser transitórias com o fim
da externalidade.

Outro fator que pode contribuir com a inflação de custos é o aumento das taxas salariais
acima dos aumentos da produtividade da mão de obra acarretando assim, um aumento
dos custos unitários de produção, que são normalmente repassados aos preços dos
produtos.

A inflação de custos também está associada ao fato de algumas empresas possuírem


condições de elevar seus lucros acima da elevação dos custos de produção (monopólios,
oligopólios). A estagflação (recessão com inflação) pode ocorrer devido a algumas
empresas mesmo em períodos de estagnação econômica possuírem condições de manter
suas margens de lucro sobre seus custos, simplesmente aumentando o preço final de
seus produtos.

Economia dos negócios


42

Inflação inercial

A inflação corrente decorre da inflação passada “tenho inflação hoje, em virtude da


inflação de ontem”, permanece assim uma inércia ou memória inflacionária. Pode-se
dizer que a inflação inercial é o processo automático de realimentação de preços
provocada por mecanismos de indexação formal (salários, alugueres, contratos etc.) e
indexação informal (preços em geral, impostos, tarifas públicas etc.).

Na inflação inercial os aumentos de preços passados são automaticamente repassados


para todos os demais preços da economia, por meio dos mecanismos de correção
monetária, cambial e salarial, gerando um processo de retroalimentação da inflação.

Efeitos das elevadas taxas de inflação nos ciclos de negócios

Imaginemos uma economia onde todos os preços se elevam (salários, alugueres,


impostos, preços dos bens públicos, preços dos produtos e serviços) às mesmas taxas,
poderíamos afirmar que nesta situação ninguém esta perdendo? Certamente não.
Quando ocorre um alto processo inflacionário, onde a velocidade de aumento dos preços
difere entre os vários bens e serviços, alguns segmentos da economia, são mais
onerados do que outros.

As classes que dependem de rendimentos fixos, neste caso os assalariados normalmente


são os que mais perdem, com o passar do tempo, vão ficando com seus orçamentos cada
vez mais reduzidos, até o momento de um novo reajuste. Agrava a situação o fato de
que a inflação ocorre desde o primeiro dia do mês, e os proventos dos trabalhadores, na
sua maioria são creditados no quinto dia útil do mês subseqüente, assim as perdas se
tornam maiores ainda. Neste processo as famílias que mais sofrem são as de baixa
renda, como o salário é destinado praticamente a sua subsistência, não há mecanismos
de defesa, pois o trabalhador não tem como aplicar o seu dinheiro.

O setor público e o setor privado possuem condições de repassar os aumentos de custos


provocados pela inflação. Em alguns setores, o aumento dos preços ocorre bem acima da
média inflacionária do período, estes setores conseguem manter assim a sua parcela no
produto nacional.

Há ainda a questão do imposto inflacionário que representa uma espécie de taxação que
o Banco Central impõe à sociedade pela emissão de moedas. O governo pode pagar
dívidas e obrigações simplesmente emitindo mais moedas não perdendo assim o seu
poder de compra. O imposto inflacionário causa mais prejuízos aos assalariados de baixo
poder aquisitivo, que não possuem condições de indexar os seus salários (manter
aplicados no mercado financeiro para se defender da corrosão do período) as taxas do
mercado financeiro. Assim o imposto inflacionário se torna altamente regressivo, pois os
mais pobres são os principais atingidos.

O balanço de pagamentos também é afetado pelas altas taxas inflacionárias, como os


preços dos produtos produzidos internamente aumentam muito mais que os preços dos
produtos produzidos externamente, a competitividade da produção nacional é reduzida
drasticamente. Este processo acaba estimulando as importações e desestimulando as
exportações diminuindo assim o saldo da balança comercial. Se o saldo comercial tornar-

Economia dos negócios


43

se deficitário e o país já apresentar um saldo em conta corrente negativo, aumenta sua


dependência em relação aos empréstimos externos.

Nestas condições, para tentar recuperar o saldo comercial o governo pode lançar mão de
desvalorizações cambiais, as quais, tornando a moeda nacional mais barata
relativamente à moeda estrangeira, podem estimular as exportações e dificultar as
importações. Sendo o país dependente de produtos internacionais (produtos químicos,
remédios, peças e máquinas etc.) os custos de produção irão aumentar e serão
repassados aos preços fechando um círculo vicioso realimentando assim o processo
inflacionário.

As finanças públicas também sofrem com o efeito inflacionário. Segundo o chamado


efeito Olivera-Tanzi a inflação corrói o valor da arrecadação fiscal do governo, pela
defasagem existente entre o fato gerador e o recolhimento efetivo do imposto. Quanto
maior for a inflação menor será a arrecadação do governo.

Economia dos negócios


44

8. ÍNDICES DE PREÇOS
Os índices de preços são números que representam os preços de uma determinada cesta
de produtos. Sua variação mede a variação média dos produtos que compõem esta
cesta. Estes índices podem se referir a preços ao consumidor, preços ao produtor, custos
de produção ou aos preços de exportação e importação. Os índices mais conhecidos são
os índices de preços ao consumidor – IPC, que medem a variação do custo de vida de
segmentos da população (a taxa de inflação ou deflação).

Vejamos o seguinte exemplo sobre índices de preços: o Índice Nacional de Preços ao


Consumidor Amplo (IPCA) atingiu 3.006,47 no mês de novembro de 2009 e 3.017,59 em
dezembro de 2009 (a data base, correspondente a um índice igual a 100, refere-se a
dezembro de 1993). Desses dados conclui-se que a taxa de inflação em dezembro de
2009 foi de 0,37% e que a inflação acumulada entre dezembro de 1993 e dezembro de
2009 atingiu a 2.917,59%, isto é, os preços medidos por este indicador ficaram 30.1759
vezes maiores no período.

O cálculo do índice que mede a variação do processo inflacionário num determinado


período precisa levar em conta uma série de fatores tais como:
 A região/cidade e a faixa de renda da população coberta;
 A pesquisa de orçamentos familiares (POF), que identifica a cesta de
consumo da população da região/cidade e da faixa de renda
selecionada;
 A metodologia empregada no cálculo, de forma a combinar em única
medida estatística a variação do preço do conjunto de bens e dos
serviços pesquisados;
 A definição da periodicidade e das fontes para a coleta de preços (tipo e
tamanho de pontos comerciais, coletas de informações de preços de
serviços e aluguéis, entre outras).

Os diversos índices de preços foram construídos ao longo do tempo com diferentes


finalidades. O IPC-Fipe, por exemplo, foi criado pela Prefeitura Municipal de São Paulo
com o objetivo de reajustar os salários dos servidores municipais. O IGP-M foi criado
para ser usado no reajuste de operações financeiras, especialmente as de longo prazo, e
o IGP-DI para balizar o comportamento dos preços em geral da economia. O INPC é o
índice balizador dos reajustes de salário, enquanto o IPCA corrige os balanços e
demonstrações financeiras trimestrais e semestrais das companhias abertas, além de ser
o medidor oficial da inflação no país. Apesar dessa variedade, os índices calculados no
país se classificam em três grupos principais: os índices de preços ao consumidor de
cobertura nacional, apurados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)
(http://www.ibge.gov.br); os índices gerais de preços apurados pelo Instituto Brasileiro
de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV) (http://www.fgv.br) e o índice de preços
ao consumidor de São Paulo, apurado pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas
(http://www.fipe.com). Embora haja vários índices que medem as variações nos preços
na economia brasileira, os mais utilizados são:
 Os índices do IBGE, o IPCA e o Índice Nacional de Preços ao Consumidor
(INPC).

Economia dos negócios


45

 Os índices gerais da FGV, o Índice Geral de Preços - Disponibilidade


Interna (IGP-DI), o Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M), além de
seus componentes: o Índice de Preços por Atacado (IPA), o Índice de
Preços ao Consumidor (IPC) e o Índice Nacional de Custo da Construção
(INCC);
 O índice da Fipe que é o Índice de Preços ao Consumidor em São Paulo
(IPC-Fipe).

Abaixo o resumo dos principais índices.


Índices Área de Início
Instituto Índice Compo- Faixa de Abran - Coleta Divulgação da
nentes Renda gência Série
Dia 16 do
IPCA- mês Até o dia 25 2000
15 anterior ao do mês de
IBGE não há 1 a 40 SM dia 15 do referência
11 mês de
maiores referência
Regiões
IPCA Metropoli - 1979
tanas Dia 1º ao Até o dia 15
dia 30 do do mês
mês de subseqüente
1 a 6 SM referência
INPC

IGP-10 IPA Dia 11 do Até o dia 20 1994


IPC mês do mês de
INCC anterior ao referência
dia 10 do
1 a 33 SM no 12 mês de
IPC, que é maiores referência
FGV computado Regiões
IGP-M IPA juntamente Metropoli - Dia 21 do Até o dia 30 1989
IPC com Índices tanas mês do mês de
INCC de Preços no anterior ao referência 1ª
Atacado dia 20 do Prévia - até
(IPA) e na mês de dia 10 2ª
Construção referência Prévia - até
Civil (INCC) 1ª Prévia dia 20
dia 21 a 30
2ª Prévia
dia 21 a 10

IGP-DI IPA Dia 1º ao Até o dia 10 1944


IPC dia 30 do do mês
INCC mês de subseqüente
referência

Fipe IPC- não há 1 a 20 SM Município Dia 1º ao Até o dia 10 1939


Fipe de São dia 30 do do mês
Paulo mês- subseqüente
referência
Tabela 7: Os índices de preços no Brasil, fontes: IBGE, FGV e Fipe.

Economia dos negócios


46

9. SISTEMA MONETÁRIO

Moeda é um instrumento ou objeto aceito pela coletividade para intermediar as


transações econômicas. Na economia as pessoas ou empresas utilizam-se destes ativos
para comprar bens e serviços de outras pessoas ou empresas. Os recursos que você leva
em sua carteira é moeda, você os utiliza para pagar o consumo realizado num
restaurante, as compras em um supermercado, o ingresso no cinema. No entanto, se
você for uma pessoa muito rica, e tiver bilhões de reais depositados em sua conta
bancária você não poderia comprar uma gravata italiana com essa riqueza sem antes
obter algum tipo de dinheiro. Pela definição entendemos que a moeda inclui apenas
aqueles poucos tipos de riqueza que são regularmente aceitos por vendedores
em troca de bens e serviços. Essa aceitação é garantida por lei, ou seja, a moeda tem
“curso forçado”.

No passado o escambo era o meio de troca utilizado pela economia antes da existência
da moeda. A sociedade trocava mercadoria por mercadoria (economia de trocas), isso
era a causa de muitos transtornos, pois havia a necessidade da dupla coincidência de
desejos, isto é a pessoa deveria identificar no mercado o indivíduo proprietário da
mercadoria que ele desejava adquirir, e ainda, saber se este indivíduo necessitava da sua
mercadoria.

Com a evolução da sociedade certas mercadorias passaram a ser aceitas por toda a
sociedade, devido a sua escassez ou as suas peculiaridades. O sal na Roma antiga
passou a ser aceito como moeda. Em diferentes épocas e lugares outros bens assumiram
idêntica função na economia.

A moeda surge como elemento crucial na passagem de uma economia de escambo para
outras formas mais complexas de organização social.

O papel moeda de hoje teve origem na moeda papel. No passado as pessoas de posse
possuíam muito ouro e prata, para sua segurança, depositavam este ouro e prata em
casas especializadas (antecessora das casas bancárias) que emitiam os certificados dos
depósitos, estes papéis eram utilizados como moeda por seus proprietários.

A partir do século XVII, surgiram os bancos comerciais privados, esses bancos passaram
a emitir recibos bancários que circulavam como moeda, dando origem ao papel moeda.

No passado toda emissão de papel ou certificado era vinculada ao padrão-ouro, ou seja,


as emissões eram realizadas guardando proporção a quantidade deste material
depositado nos bancos centrais (monopólio do estado). Como o padrão-ouro passou a
limitar a emissão de moeda (dado a escassez deste material), atrasando o crescimento
das economias nacionais e prejudicando o comércio internacional, visto que a quantidade
de moeda estava vinculada a quantidade de ouro existente no país, este modelo é então
abandonado a partir de 1920, e a moeda passa a ser aceita por força de lei
denominando-se moeda de curso forçado ou moeda fiduciária (confiança) não sendo
mais lastreadas em metais preciosos.

Economia dos negócios


47

As normas legais quanto a circulação da moeda são:

Moeda que tem sua aceitação imposta


Moeda pública de curso forçado
pelo governo de um país.
Moeda que credores e vendedores são
Moeda de curso legal obrigados a aceitar em pagamento de
seus créditos e mercadorias
Moeda que o devedor ao entregá-la ao
Moeda com poder liberatório
credor liberta-se de sua dívida.
a-) Moeda conversível em ouro ou
Moeda Conversível prata.
b-) moeda aceita por outros países

Quadro 2: Características da moeda.

Em uma sociedade a moeda circula entre pessoas, empresas e governos. Todos


acreditam no poder liberatório da moeda, qualquer descrença sobre este poder pode
ocasionar nesta sociedade um verdadeiro caos monetário, levando os intermediários
desta economia ao rompimento econômico.

Na moderna economia a moeda possui as funções de meio de troca, unidade de conta


e reserva de valor.

Como meio de troca é algo em que os compradores dão aos vendedores quando
compram bens e serviços. Como unidade de conta é um padrão de medida que as
pessoas usam para anunciar preços e registrar débitos. Como reserva de valor é algo
que as pessoas podem usar para transferir poder de compra do presente para o futuro.

O poder de compra da moeda é calculado pela relação entre a quantidade existente e


a velocidade em que ela circula nesta economia.

Quantidade existente M1, M2, M3, M4 (são os meios de


pagamento existentes na economia de
um país que explicaremos na
sequência.
Velocidade de Circulação na Indica o número de vezes que um
Economia determinado estoque de moeda gira na
economia de um determinado país.
A Velocidade de Circulação é também
conhecida como velocidade-renda da
moeda.
Quadro 3: Quantidade existente de moeda em uma economia, e velocidade de
circulação.

Podemos explicar o conceito de renda nominal pela relação existente entre a quantidade
e a velocidade de circulação de uma moeda. Neste caso, Y representa a renda, que é
fruto do produto entre a quantidade M pela velocidade de circulação V.

Economia dos negócios


48

Assim temos,

Y = M .V

Esta equação é conhecida como equação de trocas. Analisaremos abaixo o


comportamento desta equação.

Se V se mantém, e M aumenta, estaremos aumentando a renda da sociedade. A


combinação destas duas variáveis (M e V) determina o nível geral de preços da
economia. Assim, se existir mais moeda, ou se aumentarmos a velocidade de circulação
da moeda, os preços dos bens e serviços ofertados nesta economia tendem a aumentar,
isto porque estamos aumentando a renda da sociedade.

No curto prazo não ha muita variação na velocidade da moeda (V) assim, a quantidade M
se torna o principal fator do aumento ou da diminuição na renda.

O Banco Central tem total controle sobre a oferta de moeda, isto porque ele controla a
quantidade de moeda (M) em circulação, e a velocidade (V) acaba sendo previsível pela
autoridade monetária. Assim, se o BACEN aumentar M, e a sociedade não ofertar mais
bens e serviços, os preços irão aumentar nesta economia.

Definições de moeda no Brasil

Como acontece na grande maioria dos países, há no Brasil diversos conceitos de moeda.
Por isso a primeira coisa que precisamos fazer é entender o conceito de papel moeda
emitido e papel moeda em poder do público.

O Banco Central do Brasil registra em sua contabilidade a quantidade de papel moeda


que emitiu e que alimenta a economia. Parte desse papel moeda emitido está nos caixas
dos bancos (PMPB), e o restante trata-se de papel moeda em circulação (PMC).

Do papel moeda em circulação (PMC), parte está em poder dos bancos (PMPB),
constituindo seus encaixes para cobrir as ordens de saque dos correntistas dos bancos, o
que sobra esta em poder do público (PMPP).

Se papel moeda em poder público é todo o papel moeda que foi emitido e está fora do
Bacen e dos bancos públicos e privados podemos inferir que:

PMC – PMPB = PMPP

O conceito mais estrito de moeda é a base monetária, também conhecida como moeda
primária ou moeda de alta potência. A base monetária é igual ao papel-moeda emitido
mais as reservas dos bancos no Bacen. A base monetária é, portanto o passivo
monetário do Banco Central, de um lado é o papel moeda em circulação; de outro, é a
fonte de multiplicação da moeda escritural.

Economia dos negócios


49

Os conceitos menos estritos de moeda são os chamados meios de pagamentos,


identificados pela letra M seguidos de um número. Não existe uma regra rígida para
diferenciação entre esses conceitos, no geral as definições estão associadas à liquidez,
que é a capacidade de os diversos ativos transformarem-se em moeda no seu sentido
mais comum: papel moeda e moeda escritural.

As definições existentes hoje no Brasil por ordem de liquidez são:

M1 = Dinheiro em poder do público e depósitos à vista, captados pelos bancos criadores


de moeda e transacionáveis por cheques ou meios eletrônicos.

M2 = M1 + depósitos para investimento e as emissões de alta liquidez realizadas


primariamente no mercado interno por instituições depositárias, as que realizam
multiplicação de crédito.

M3 = M2 + Captações internas por intermédio dos fundos de renda fixa e aposição


líquida de títulos registrados no sistema especial de liquidação e custódia (Selic),
decorrente de financiamento em operações compromissadas.

M4 = M3 + títulos públicos de alta liquidez, registrados no Selic.

M1 é o conceito mais tradicional de meios de pagamento e constitui o agregado de


liquidez imediata. Quando passamos para M2 estamos tratando de um agregado menos
líquido, pois transformar certas aplicações ou títulos em dinheiro leva mais tempo. Para
M3 e M4 é a mesma coisa, qualquer um pode transformar um depósito a prazo ou uma
conta de poupança em dinheiro, mas precisa ir a uma instituição financeira para isto, e
ainda, aguardar o prazo de resgate da aplicação. Assim, M1 representa o agregado
monetário de maior liquidez e M4 o agregado de menor liquidez.

Padrão Monetário no Brasil

O Real é a denominação da moeda no Brasil, inclui a moeda divisionária o centavo.

Devido as altas taxas inflacionárias da década de 80 e 90, e os inúmeros planos


econômicos (ortodoxos, heterodoxos e hetedôxos) implantados para o combate do
processo inflacionário, na sua grande maioria acompanhados de cortes de zeros,
inúmeras foram as moedas utilizadas pelo Brasil neste curto período de tempo.

Economia dos negócios


50

No quadro abaixo estão resumidas as moedas utilizadas pelo Brasil no período


compreendido entre 1942 a 1994.

Data Padrão Símbolo Divisionário Fator de Conversão


Mil-réis Rs réis-real
01/11/42 Cruzeiro Cr$ centavo 1/1000
(*)
13/02/67 Cruzeiro novo NCr$ centavo 1/1000
15/05/70 Cruzeiro Cr$ centavo(*) 1/1000
28/02/86 Cruzado Cz$ centavo 1/1000
16/01/89 Cruzado novo NCz$ centavo 1/1000
16/03/90 Cruzeiro Cr$ centavo 1/1
01/08/93 Cruzeiro real CR$ centavo 1/1000
01/07/94 Real R$ centavo 1/ 2.750 (**)
Quadro 4: Moedas brasileiras de 1942 a 1994
(*) extinto em 01/12/1964 e em 15/08/1984
(**) CR$ 2.750 = 1 URV (unidade real de valor)
Fonte: CAVALCANTE, Francisco. Mercado de Capitais

Oferta de moeda

O termo oferta de moeda refere-se a forma como a moeda é criada. O Bacen é o órgão
do governo responsável pela emissão primária de moeda, embora os bancos comerciais e
múltiplos também participem do processo. Estes bancos trabalham com a hipótese de
que é muito improvável que seus depositantes saquem de uma só vez todos os seus
recursos, ou seja, parte dos recursos que podem ser sacados deve permanecer em
reservas, a outra parte pode ser emprestado, criando assim, moeda para a sociedade.

Vimos anteriormente que Banco Central possui o monopólio de criar moeda primária, ou
seja, emitir papel moeda e depositar dinheiro em contas dos bancos no Banco Central,
chamadas de reservas bancárias, que podem ser convertidas em papel moeda. Vimos
também que o total de papel moeda emitido mais as reservas bancárias é a base
monetária. Definiremos agora que a relação entre os empréstimos ofertados pelos
bancos e a base monetária chama-se multiplicador monetário ou multiplicador da base
monetária, e indica quanto de moeda primária criada pelo Bacen é transformada em
empréstimos pelo sistema bancário.

Economia dos negócios


51

O cálculo do multiplicador monetário se dá através da seguinte fórmula:

m = MP = MM + DV
BM MM + Rb

onde:
m = Multiplicador da moeda na economia
MP = Meios de pagamento (M1)
BM = Base monetária
MM = Moeda manual
DV = Depósito a vista
Rb = Reservas bancárias

Criação e destruição de moeda

Ocorre a criação ou destruição de moeda, quando se altera o saldo dos meios de


pagamento no conceito M1 (moeda com o público + depósito a vista nos bancos).
Corresponde a uma queda ou aumento da oferta de moeda disponível.

Abaixo são citados alguns exemplos do que é criação e destruição de moeda:

 Aumento dos empréstimos ao setor privado: Representa Criação de


moeda, visto que os bancos comerciais tiram de suas reservas e
emprestam a sociedade.

 Pagamento de um empréstimo no banco: Representa destruição de


moeda, pois reduzem-se os meios de pagamento visto que o dinheiro
sai do indivíduo e retorna ao caixa dos bancos.

 Saque de um cheque no caixa de um banco: Não existe nem criação


nem destruição de meios de pagamento, pois houve apenas uma
transferência de depósitos à vista para moeda em poder do público.
 Retirada de depósito à vista pelo depositante de um banco, e aplicação
deste valor a prazo: Representa destruição de moeda, pois os depósitos
a prazo não são meios de pagamento, rendem juros e não podem ter
liquidez imediata.

Papel do Banco Central na Economia Brasileira

Instrumento de política monetária

A principal função do banco central do Brasil é controlar o total de moeda na economia.


O Bacen busca alterar o multiplicador monetário, exigindo depósitos compulsórios dos
bancos (reservas compulsórias), comprando e vendendo moeda e fazendo empréstimos
aos bancos. A atividade de compra e venda de moedas é feita com venda e compra de
títulos e chama-se operações de mercado aberto ou operações de open market. Os
empréstimos do Banco Central aos bancos comerciais são chamados de redesconto.

Economia dos negócios


52

Assim, o Bacen utiliza-se destas três operações, redesconto, mercado aberto e reservas
compulsórias para alterar a quantidade de moeda na economia, com isto conseguindo
alterar outras variáveis econômicas, tais como: Oferta de crédito, juros, liquidez, taxa de
câmbio entre outros.

Intermediários financeiros

Um empreendedor pode acumular recursos financeiros ao longo de sua vida para iniciar
ou ampliar uma determinada atividade. Mas pode também recorrer a recursos financeiros
de terceiros.

O setor financeiro é responsável por intermediar recursos entre unidades deficitárias e


superavitárias e transformar e repassar alguns riscos existentes.

A instituição pode negociar ativos próprios realizando uma intermediação direta, ou


ainda, negociar títulos de terceiros realizando uma intermediação indireta. Na
intermediação direta os bancos transformam as características do ativo, transformando
depósitos a vista em empréstimos comerciais. Quando a intermediação é indireta, a
instituição financeira negocia apenas ativos de terceiros, como é o caso da securitização
de dívidas.

Economia dos negócios


53

10. SETOR EXTERNO

As relações econômicas de um país ultrapassam os limites territoriais. As economias do


planeta estão conectadas por uma série de operações financeiras, econômicas ou
políticas. Os países exportam e importam bens; empresas promovem investimentos em
outros países (instalação e expansão de plantas industriais), o dinheiro migra por
diversas razões de uma região do globo para outra, os governos assinam tratados de
acordos internacionais etc. Essa complexa relação faz com que o desempenho econômico
de um país esteja vinculado também ao setor externo, e não somente a economia
interna de uma nação.

A crise financeira de 2008, deflagrada no mercado norte americano, e outras crises


financeiras tais como a crise asiática, a do México entre tantas outras tiveram impactos
sobre a economia mundial, especialmente sobre as economias menos desenvolvidas,
destacando-se aí a economia brasileira.

A globalização promoveu uma intensificação das relações econômicas internacionais,


especialmente após a desregulamentação dos mercados, o que permitiu maior liberdade
de circulação de moedas e títulos entre os países. Entender este processo nos ajuda a
compreender os mecanismos da ciência econômica, especialmente da economia
internacional.

Taxa de câmbio e política cambial

Os países apresentam moedas diferentes, como é possível então a relação comercial


entre eles? Surge daí a necessidade do conceito de taxa de câmbio, que podemos definir
como uma medida de conversão da moeda nacional em moeda de outros países. Desta
forma 1 dólar pode custar 1,70 reais, 1 euro pode custar 2,40 reais etc, assim a taxa de
câmbio é o valor que a moeda de um país possui em relação a outra moeda.

A determinação da taxa de câmbio pode ocorrer através da decisão das autoridades


econômicas com a fixação periódica das taxas ou através do mercado, onde as taxas
flutuam automaticamente em decorrência das pressões de oferta e de demanda por
divisas estrangeiras (taxas flutuantes ou flexíveis).

A taxa de câmbio está relacionada com os preços dos produtos exportados e importados
e, conseqüentemente, com o resultado da balança comercial de um país.

Ao desvalorizarmos a moeda nacional o setor exportador é estimulado visto que recebe


mais moeda nacional para a mesma quantidade vendida no mercado externo, em
conseqüência haverá uma maior oferta de divisas.

Economia dos negócios


54

Quantidade Preço em Total da Taxa de Faturamento


vendida Dólares por vendas em câmbio da empresa
(unidade) unidade Dólares (reais x
vendida dólar)

1000 70,00 70.000 1,70 119.000

1000 70,00 70.000 1,90 133.000

Tabela 8: Desvalorização cambial e o aumento no faturamento das empresas.

Podemos observar pela tabela 8 que ao desvalorizarmos a moeda nacional o exportador


recebe muito mais pela mesma quantidade vendida no mercado externo. Ao vender
1000 unidades do produto ao preço de 70,0 dólares o exportador embolsa 70 mil dólares,
convertidos a uma taxa de 1,70 o exportador embolsa 119 mil reais, ao desvalorizarmos
a moeda nacional em relação ao dólar, para a mesma quantidade vendida de 70 mil
dólares, a uma taxa de 1,90, o mesmo exportador fatura 133 mil reais. Isto mostra que
a desvalorização da moeda nacional incentiva o exportador e estimula a entrada de
divisas no país.

Para os importadores a situação é inversa, pois, se os preços dos produtos importados


elevam-se, em moeda nacional, haverá um desestímulo às importações e,
conseqüentemente, uma queda na demanda por divisas.

Apresentado o conceito da taxa de câmbio, é também valioso entender o conceito de


mercado de câmbio e política cambial, que mantém estrita ligação a taxa de câmbio.

O mercado de câmbio é um espaço que pode ser físico, ou virtual, onde são realizadas as
operações de câmbio entre os agentes autorizados pelo Banco Central e seus clientes.

A política cambial são todas as medidas e as ações governamentais que visam influenciar
direta ou indiretamente no comportamento do mercado de câmbio e consequentemente
na taxa de câmbio.

Para o bom entendimento, é conveniente frisar que a taxa de câmbio embora seja
tratada como uma taxa, ela na verdade é um valor.

No mercado cambial há a taxa de compra e a taxa de venda. Quando mencionamos


“dólar de compra” estamos nos referindo ao valor pelo qual um agente financeiro (banco,
casa de câmbio etc.) compra a moeda. Quando falamos em “dólar de venda” estamos
nos referindo ao valor pelo qual o agente financeiro vende a moeda.

O mercado ainda se refere a moeda estrangeira através das expressões “câmbio


comercial”, “câmbio-turismo” e “câmbio paralelo”.

Economia dos negócios


55

No ano de 2005 através da resolução CMN n. 3.265 o mercado de câmbio de taxas livres
(câmbio comercial) e o mercado de câmbio de taxas flutuantes (câmbio-turismo) foi
unificado, desde então existe um único mercado de câmbio legal em nosso país.

Embora tenha ocorrido esta unificação as expressões “câmbio-turismo” e “câmbio


comercial” continuam sendo utilizadas no meio econômico.

Usa-se vulgarmente a expressão câmbio-turismo para se referir à compra e venda de


moeda estrangeira para viagens ao exterior, e câmbio comercial ou dólar comercial para
as demais operações que acontece no mercado tais como: Importação e exportação de
produtos e serviços, remessa de royalties por parte de empresas estrangeiras entre
outros.

Regimes cambais

Entende-se por regime cambial o modelo de taxa de câmbio que o país adota. Os
regimes cambiais podem ser classificados basicamente em três categorias: regime de
taxa de câmbio flutuante, de taxa de câmbio fixa e de bandas cambiais. Vejamos cada
um deles:

Regime de câmbio fixo: O Banco Central fixa antecipadamente a taxa de câmbio com a
qual o mercado deve operar. Assim, o BACEN obriga-se a disponibilizar as reservas para
o mercado, quando requisitadas (pelos exportadores, turistas, saída de capital financeiro
etc.). No regime de taxa câmbio fixo, o Banco Central é obrigado a comprar e a vender à
taxa preestabelecida.

Regime de câmbio Flutuante: Neste sistema a taxa de câmbio é determinada pelo


mercado, por meio da oferta e da demanda de moeda estrangeira. A oferta é suprida
pelos exportadores e por todos aqueles que trazem divisas do exterior. A demanda é
formada pelos importadores e por todos aqueles que necessitam de divisas para enviar
ao exterior.

Regime de bandas cambiais: Nesse regime o Banco Central determina um parâmetro


fixo mínimo e máximo entre os quais a taxa de câmbio pode variar livremente. Por
exemplo, a taxa pode estar entre 1,70 e 1,80, entre estes valores a taxa de câmbio
flutua livremente. Quando ultrapassar a banda mínima ou máxima, o Banco Central
intervém para manter a taxa dentro da banda cambial estabelecida. No Brasil este
regime foi implantado no período após a implantação do plano real e vigorou até o início
de 1999, ano a partir do qual, o governo brasileiro adotou a taxa de câmbio flutuante.

No Brasil, até o momento, estamos trabalhando com o câmbio flutuante, assim a cotação
da moeda estrangeira flutua conforme o comportamento do mercado. É conveniente
ressaltar ainda, que a flutuação é suja, visto que a autoridade monetária interfere no
mercado cambial toda vez que acredita ser conveniente para a economia do país.

Economia dos negócios


56

Políticas comerciais

Na área externa o governo pode atuar através da política cambial ou da política


comercial. Na política cambial depende do regime cambial adotado pelo país. Na política
comercial o governo cria mecanismos tais como: subsídios às exportações, tarifas de
importação, cotas de importação entre outros mecanismos que interferem no fluxo de
mercadorias entre os residentes e não residentes de um país.

A tarifa de importação nada mais é do que um imposto cobrado pelo produto importado,
e que pode ser “específico” ou “ad valorem”. No imposto específico o governo tributa por
unidades do produto importado (US$ 10 por produto importado). No sistema ad-valorem
o governo cobra uma fração do valor do bem importado (10% do valor do bem
importado).

O objetivo principal da tarifa de importação é reduzir as importações (ou elevá-las


caso haja redução desta tarifa) ao elevar o preço dos bens importados. No sistema de
cotas, o governo estipula a quantidade máxima de um produto que pode entrar no país.
Já os subsídios têm como principal função, estimular as exportações e aumentar as
divisas do país.

Outros instrumentos que existem são as restrições não tarifárias. Estas restrições podem
assumir a forma de critérios técnicos ou sanitários em relação ao produto ou barreiras
burocráticas que dificultam as transações comerciais.

A Organização Mundial do Comércio (antigo GATT) disciplina as normas do comércio


internacional, as regras visam coibir políticas protecionistas em suas diversas formas,
procurando tornar o comércio internacional mais competitivo e justo, especialmente em
relação aos países em desenvolvimento.

Economia dos negócios


57

11. BALANÇA DE PAGAMENTOS

O balanço de pagamentos é o registro contábil de todas as transações de um país com


outros países do mundo num dado período de tempo. São registradas as transações com
mercadorias, os fretes pagos a navios estrangeiros, os seguros, os empréstimos que o
Brasil recebe em moeda estrangeira, o capital das firmas estrangeiras que abrem filiais
no Brasil, o capital das firmas estrangeiras que saem do Brasil etc.

Na balança de pagamentos estão registradas todas as compras e vendas de moeda


estrangeira. As compras de moeda estrangeira são efetivadas para importar mercadorias
de outros países, ou para pagar serviços prestados por estrangeiros a brasileiros, ou para
que as firmas estrangeiras possam enviar seus lucros aos países de origem, ou para
pagamento de juros de empréstimos estrangeiros ou para o pagamento de royalties e
patentes a outras nações do mundo.

A contabilidade geral, através do método das partidas dobradas, dita as regras para a
contabilidade destas transações. Nas transações que originam a entrada de recursos,
realiza-se o lançamento em crédito (sinal Positivo +). Nas transações que originam a
saída de recursos, realiza-se o lançamento em débito (sinal negativo -). Na conta caixa
este procedimento não é utilizado, nesta operação damos o nome técnico de Variação de
Reservas ou Haveres e Obrigações no Exterior. Nesta transação temos o seguinte
procedimento: quando existe ingresso de dinheiro na empresa (dólares de exportação)
debitamos na conta variação de reservas; do contrário quando há saída de dinheiro,
creditamos na conta Variação de Reservas.

Citamos como exemplo os seguintes lançamentos:

Exportações á vista:

 Conta creditada (+): Exportações

 Conta debitada (-): Variação de Reservas

Pagamentos de fretes:

 Conta debitada (-): Fretes

 Conta creditada (+): Variação de Reservas

A conta de variação de reservas apresenta três tipos de transações:

 Divisas (moedas estrangeiras)

 Ouro monetário (no comércio internacional, é aceito como meio de


pagamentos)

 Direitos Especiais de Saque – DES (uma espécie de “cheque especial”


que os países têm no FMI, cujo limite varia inversamente com a renda
per capita e participação no comércio internacional)

Economia dos negócios


58

As contas do balanço de pagamentos referem-se apenas ao fluxo em um dado ano, e não


expressam o total do endividamento externo e de reservas intermediárias do país
(estoques). Se desejarmos saber a variação da dívida externa observaremos a diferença
entre a entrada de empréstimos e financiamentos e os pagamentos efetuados
(amortizações e liquidação de atrasados comerciais). A variação das reservas
internacionais, que são as divisas estrangeiras, ouro e DES que estão em poder do Banco
Central ou depositadas no FMI, são dados pela conta Variação de Reservas.

O balanço de pagamentos é representado pelas seguintes subdivisões: Balança


Comercial, Serviços e Rendas, Transferências Unilaterais Correntes, Balanço de
Transações Correntes, Conta Capital e financeira, erros e omissões. Vejamos cada uma
delas:

 Balança Comercial: É basicamente o comércio de mercadorias. Quando as


exportações (FOB) excedem o volume das importações FOB, há um superávit
no balanço de comércio, quando ocorre o contrário há um déficit.
 Serviços e Rendas: Registram-se nesta conta todos os serviços pagos e/ou
recebidos pelo Brasil, tais como: Fretes, seguros, lucros, juros, royalties e
assistência técnica, viagens internacionais.
 Transferências Unilaterais Correntes: também conhecidas como conta de
donativos, registram as doações interpaíses. Os donativos podem ser em
divisas ou em mercadorias.
 Balanço de Transações Correntes: O somatório dos balanços comercial, de
serviços e de transferências unilaterais resulta no saldo em conta corrente e/ou
balanço de transações correntes.
 Conta Capital e Financeira. Na conta de capital aparecem as transações que
produzem variações no ativo e no passivo externo do país e que modificam sua
posição devedora ou credora perante o resto do mundo.
 Erros e Omissões: É a diferença entre o saldo do balanço de pagamentos e o
financiamento do resultado que surge quando se tenta contabilizar transações
físicas e financeiras e as várias fontes de informações (Banco Central,
Departamento de Comércio Exterior, Receita Federal etc.).

Podemos representar o balanço de pagamentos da seguinte maneira:

Balanço de Pagamentos

A. Balança Comercial (mercadorias)

 Importações (FOB) - débito

 Exportações (FOB) – crédito

B. Serviços e Rendas

 Viagens Internacionais

 Transportes (fretes)

 Seguros

Economia dos negócios


59

 Rendas de Capitais (juros, lucros, dividendos e lucros reinvestidos


pelas multinacionais)

 Serviços diversos (royalties, assistência Técnica)

 Serviços governamentais (embaixadas)

C. Transferências Unilaterais Correntes (Donativos em divisas ou mercadorias.

D. Balanço de Transações Correntes ou saldo em Conta Corrente


(resultado líquido de A+B+C)

E. Conta Capital e Financeira

 Investimentos diretos líquidos (entrada de novas firmas estrangeiras


no país)

 Reinvestimentos (Multinacionais já instaladas no país – aumento das


plantas industriais)

 Empréstimos e Financiamentos (Banco Mundial, BID, bancos


privados e oficiais estrangeiros)

 Amortizações

 Capitais de Curto Prazo

F. Erros e Omissões

G. Saldo do Balanço de Pagamentos (Resultado Líquido de D+E+F)

H. Variação das reservas (- G)

O balanço de conta de capital

As transações internacionais liquidam-se sem maiores problemas. O mesmo não ocorre


se uma empresa estrangeira investir no Brasil. Este tipo de transação traria para o Brasil
uma entrada de divisas isto é, de moedas estrangeiras, ou de direitos sobre o
estrangeiro. A partir desta operação o Brasil ficaria endividado, e sobre este débito o
país pagaria anualmente as taxas de juros pelo capital investido. Por outro lado, se um
banco estrangeiro concede um empréstimo a uma empresa nacional, essa quantidade
seria considerada uma entrada naquele ano, porém ela também seria uma dívida do país
nos anos sucessivos, que o obrigaria a pagar juros e amortização do principal.

Este conjunto de transações que refletem a disponibilidade do país em financiar a


formação de capital, ou modificar a posição credora, ou devedora, frente ao resto do
mundo, engloba quatro tipos básicos de operações, integrantes todas elas do balanço
de conta de capital, que são:

Economia dos negócios


60

a-) Os investimentos diretos, tais como a compra de um terreno ou uma casa


por um estrangeiro,

b-) Investimentos em carteira, isto é, quando o que se compra, ou que se


vende, é a propriedade de uma empresa, suas ações ou capital,

c-) Créditos a longo prazo, recebidos do exterior por prazo superior a um ano
ou concedidos ao exterior, e devolução dos créditos concedidos ou recebidos,

d-) Capital a curto prazo, isto é, créditos recebidos, ou concedidos, e sua


devolução, quando o prazo de vencimento é inferior a um ano,

e-) Variações nas reservas centrais de divisas.

A conta de capital registra as entradas procedentes do comércio de ativos, como a


venda de ações, bônus, propriedade imobiliária e sociedade com estrangeiros, e os
gastos derivados da compra de ativos em outros países, incluídas as reservas de divisas.
Podemos expressar o balanço de conta de capital como:

Balanço de Conta Entrada procedentes Gastos incorridos na


de capital = da venda de ativos ao - compra de ativos
exterior. ao exterior

A conta de capital de um país registra um superávit quando ele obtém mais entradas
pela venda de ativos ao resto do mundo do que gastos, comprando ativos no exterior.
Neste caso dizemos que o país tem uma entrada líquida de capital e as reservas
aumentarão. Na situação inversa, quando há um déficit na conta de capital, pois mais
ativos são comprados no exterior do que os estrangeiros compram no país, acontece
uma saída líquida de capital e as reservas diminuirão.

Economia dos negócios

Você também pode gostar