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Principais Conceitos e Temas da Economia

Conteudista
Profª. Ma. Silvia Cristina Galana

Revisão Técnica
Prof.ª M.ª Simone Aparecida Polli

Revisão Textual
Prof.ª Esp. Camila Morais Correia
Sumário

Objetivos da Unidade............................................................................................................ 4
Principais Questões e Problemas Abordados........................................................................... 7
Relevância e Atualidade.................................................................................................................... 7

Modos de Produção............................................................................................................... 8
Modo Primitivo ou Comunismo Primitivo.................................................................................. 9
Modo de Produção Asiático...........................................................................................................10
Modo de Produção Antigo..............................................................................................................11
Modo de Produção Feudal.............................................................................................................. 12
Capitalismo........................................................................................................................................... 12
Comunismo.......................................................................................................................................... 13

O Capitalismo........................................................................................................................14
Bens e Mercadorias........................................................................................................................... 15
Propriedade Privada.......................................................................................................................... 15
Fatores de Produção......................................................................................................................... 15
Mercado................................................................................................................................................. 16

Divisão do Trabalho........................................................................................................................... 16

Uso Crescente da Moeda e do Comércio................................................................................ 17

O Estado..................................................................................................................................17

Livre Iniciativa ou Liberdade Econômica..................................................................................18

Material Complementar......................................................................................................19

Referências............................................................................................................................20

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Sumário

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Objetivos da Unidade

• Tratar dos aspectos mais relevantes do ambiente em que a empresa está si-
tuada (o que chamaremos de “Macroeconomia”) e das principais teorias eco-
nômicas que nos permitem entender a competição neste ambiente (o que
chamaremos de “Microeconomia”);

• Conhecer os conceitos de economia;

• Analisar e descrever a origem, natureza e a importância da Economia.

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que você assista à videoaula. Será muito importante para o entendimento
do conteúdo.

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VOCÊ SABE RESPONDER?

Para darmos início à unidade, convidamos você a refletir: Você conhece os principais
conceitos de Economia?

Contextualização
Bem-vindo à disciplina de Ambiente de Negócios!

Essa será uma disciplina extremamente interessante que deverá mostrar de uma
forma mais estruturada e científica diversos aspe cotidiano empresarial.

Para o melhor acompanhamento desta disciplina, o aluno deverá ter a mente aberta
para uma nova forma de ver os fenômenos que certamente já conhece dos noticiá-
rios, jornais e revistas, como inflação, crescimento econômico, as leis da concor-
rência, entre outros. Deverá estar familiarizado também com algumas ferramentas
matemáticas básicas, como o uso de equações lineares e a construção de gráficos

Aliaremos teoria à prática com o uso de exemplos reais em cada unidade da disciplina.

Como entender o Ambiente de Negócios?


Esta é uma questão sempre presente para profissionais da área de Negócios
e de Marketing. Então, vamos conhecer alguns conceitos importantes!

Conceitos da Economia
Mesmo se estiverem realizando uma disciplina de Economia pela primeira vez, os
alunos em geral já trazem uma bagagem de conhecimentos sobre o tema em razão
da sua importância. Diariamente, vários aspectos sobre a economia são abordados
nos noticiários, nas TVs, no trabalho e até em casa.

Contudo, é preciso que tomemos um cuidado em diferenciar os aspectos que são


tratados nestes veículos de informação e os aspectos teóricos mais formais da
Economia. De um lado, é importante ter o conhecimento diário e mais genérico so-
bre as atualidades e notícias recentes. Mas, de outro lado, é também fundamental,
sobretudo para os profissionais que vão atuar no mundo dos negócios, entenderem
os aspectos mais formais e teóricos da Economia. Ou seja, o empreendedor deve
conhecer as “leis” que regem o funcionamento da Economia.

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Vamos, então, definir de que trata
esta ciência.
A definição dada por Vasconcellos e
Garcia é a seguinte:
Economia é a ciência social que
estuda como o indivíduo e a so-
ciedade decidem empregar re-
cursos produtivos escassos na
produção de bens e serviços, de
modo a distribuí-los entre as vá-
rias pessoas e grupos da socieda-
de, a fim de satisfazer as neces-
sidades humanas (Vasconcellos
e Garcia, 2005, p. 2).

Há, nessa definição, diversos conceitos


que iremos abordar ao longo da disci-
plina, como a questão da produção,
distribuição, emprego de recursos, etc.

O primeiro aspecto a ressaltar é que Economia é uma Ciência Social. Em razão do uso
intensivo da Matemática e da Estatística, algumas pessoas são inclinadas a imaginar
que Economia é uma ciência exata; mas não é, embora a Matemática e Estatística se-
jam ferramentas usadas largamente pelos economistas. A Economia trata da maneira
com que os homens se organizam e organizam seus recursos para produzirem e distri-
buírem os bens que desejam. Trata, portanto, do homem e seu meio, sendo, então, uma
ciência humana e, como alguns autores diriam, é a mais humana de todas as ciências1.

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Há diversos casos de cientistas socias de outras áreas que, ao tentarem en-
tender determinado fenômeno, passaram a estudar economia para tentar en-
tendê-los melhor, e acabaram por redirecionar suas carreiras para a Economia.
Muitos sociólogos, cientistas políticos, historiadores, entre outros, passaram
a se dedicar à economia na busca das respostas a questões sociais. Também
há na economia contribuições importantes de cientistas de áreas tão diver-
sas, como Física, Matemática e Biologia.

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Sobre este amplo conceito de economia, sustentam-se estudos mais específicos, o
que denominamos de ramos da Economia. Estudaremos, nesta disciplina, os princí-
pios elementares de dois destes ramos: a microeconomia e a macroeconomia. Na
microeconomia, veremos como funcionam os mercados isoladamente, o compor-
tamento de produtores e consumidores, assim como eles decidem trocar produtos
no mercado, decidindo as quantidades e a que preço vão negociar as suas merca-
dorias. Na macroeconomia, abordaremos os temas mais amplos das economias que
afetam a todos os agentes que de alguma forma atuam neste meio. Os principais
temas tratados na macroeconomia são o PIB dos países, inflação, os juros, o câmbio
(relação de troca entre moedas de diferentes países), o emprego, as contas do setor
público, as contas externas, entre outros.

Principais Questões e Problemas Abordados


Com ajuda da microeconomia, abordaremos as questões de quais bens produzir,
quantas quantidades produzir ou adquirir, e a que preço. Também iremos averiguar
de que forma podemos atingir o máximo de lucro em nossos negócios, a partir de
entendimentos do funcionamento de nossa empresa, dos concorrentes e dos com-
pradores deste mercado.

Através da macroeconomia, por sua vez, tentaremos entender de forma mais abran-
gente como se dá o ambiente econômico em que nossa empresa opera. Tentaremos
entender por que há inflação e quais seus malefícios aos negócios, o que determina
o crescimento de um país ou região, de que forma mudanças nas taxas de câmbio
podem afetar este ambiente e de que maneira os juros interferem também em nos-
sos negócios. Buscaremos, ainda, entender o funcionamento das contas públicas e
sua influência nas economias e, finalmente, o relacionamento da economia de um
país com os outros países (o “resto do mundo”).

Relevância e Atualidade
Em um curso de Marketing, poderíamos dizer que poucas coisas são mais impor-
tantes do que entender os mercados em que as empresas operam. Uma das pro-
postas desta disciplina é justamente a de iluminar este tema; não necessariamente
do ponto de vista mais prático e específico dos mercados em que se atua, mas dos
mecanismos gerais que determinam o funcionamento dos mercados, ou seja, suas
“leis”. Apesar de um pouco mais abstrata, esta abordagem tem a vantagem de ser
aplicável a mais casos, de forma genérica, para todos os mercados.

Já com relação à macroeconomia, a relevância é contribuir para o ambiente econô-


mico a que todas as empresas de um país estão submetidas. Entender este ambiente

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econômico é compreender os fatores que influenciam os negócios e permitem um
posicionamento mais consciente no mercado de atuação da empresa.

Modos de Produção
O objetivo deste tópico é apresentar
algumas das formas mais importantes
de produzir riqueza estabelecida ao
longo da história da sociedade. Nossa
intenção é demonstrar que o modo
de produção atualmente dominante, o
capitalismo, é uma forma relativamen-
te recente de organização econômica,
que tem suas particularidades, vanta-
gens e desvantagens. Com isso, bus-
caremos salientar as principais carac-
terísticas que distinguem o capitalismo
das demais formas de produção e, ao
mesmo tempo, exporemos que diver-
sas destas características, dadas como
‘naturais’ e até ‘óbvias’, são na verdade
inovações sociais extremamente com-
plexas, recentes e particulares deste
modo de produção, resultado de mi-
lhares de anos de evolução social.

Outro objetivo deste tópico é mostrar que este mesmo modo de produção ainda
está em constante transformação, mesmo nos dias atuais, que certamente fazem
com que o capitalismo mude e evolua a cada dia.

O economista alemão Karl Marx cunhou o termo “modo de produção” para


denominar os sistemas econômicos dominantes em determinadas civiliza-
ções em dados períodos, cujas características econômicas marcantes eram
dadas pelas suas forças produtivas e as relações de produção entre os gru-
pos de indivíduos daquelas sociedades.

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Importante
Ao usarmos o termo ‘evolução’ não nos referimos a uma mu-
dança necessariamente para melhor, mas sim a uma forma mais
adaptada de organização social ao seu meio.

Trata-se de um conceito simplificador, mas que nos ajuda a entender, de uma forma
genérica, como uma sociedade produzia os bens de que precisava e queria usufruir.
Neste sentido, ao estudar a história da humanidade, Marx identificou, de forma idea-
lizada, seis modelos de funcionamento das economias das civilizações.

Karl Marx, economista prussiano (atu-


almente, Alemanha), disseminou o
conceito de “modos de produção”,
formas características utilizadas pe-
las civilizações para produzirem seus
bens ao longo da história. Aprofundou-
se no estudo das características do
capitalismo, tendo como principal
obra “O Capital”. Grande pensador do
século XIX, Marx foi ainda sociólogo,
filósofo, historiador e cientista polí-
tico. É considerado um dos autores
mais influentes da história.

A seguir vamos ressaltar as principais características de cada um destes modos de


produção.

Modo Primitivo ou Comunismo Primitivo


Trata-se das organizações tribais e coletivistas mais primitivas das primeiras so-
ciedades humanas. Este modo de produção, comumente associado às sociedades
humanas tribais (algumas ainda existentes em locais remotos), foi a forma de pro-
dução dominante nos períodos paleolítico e neolítico. As atividades econômicas
mais importantes são a caça, a pesca, a coleta de tubérculos, frutos e demais ali-
mentos vegetais e, em períodos posteriores ou sociedades mais avançadas, siste-
mas de agricultura rudimentar.

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Do ponto de vista social, trata-se de uma sociedade sem classes bem defi-
nidas. Em razão do pequeno ou nulo superávit (produção acima das neces-
sidades básicas para a sobrevivência) não há formação de uma elite signifi-
cativa. A produção é distribuída de forma relativamente igual para todos os
membros da sociedade, que atuam de forma coletiva.

Neste período ocorreu aquela que é considerada uma das mais importantes revolu-
ções da nossa história e da economia: a invenção da agricultura. A agricultura per-
mitiu a fixação das sociedades em determinadas regiões, contrariando a tendência
nômade anterior (exigida porque a atividade de coleta e caça é extensiva, assim
pode, rapidamente, exaurir um determinado ambiente, exigindo o deslocamento
constante). A agricultura desenvolveu-se principalmente às margens de rios e ou-
tras fontes de água doce. O benefício mais importante desta localização, além da
fonte de água para consumo, era a fertilidade dos terrenos ao redor.

Modo de Produção Asiático


Assim denominado por Marx para representar, de forma comum, as sociedades da
Fenícia, Mesopotâmia e Pérsia antiga (entre outras da região do Oriente Médio), e as
civilizações antigas hoje denominadas China, Índia e Egito.

Trata-se de uma simplificação feita por Marx para abranger sociedades que tinham
algumas características importantes em comum. Do ponto de vista econômico,
todas elas apresentavam uma base na agricultura, já bastante mais desenvolvida
aqui do que a agricultura rudimentar observada no modo primitivo. A produção de
grãos para alimentação difundiu-se entre várias destas “novas civilizações”, e di-
versas técnicas agrícolas passaram a ser utilizadas de forma disseminada. Houve
ainda o desenvolvimento de equipamentos e instrumentos agrícolas, utilizados
como auxílio em todas as fases da produção e até no armazenamento de colheitas.
Desenvolvimentos em outras áreas, como a construção, atuavam também como
apoio à produção, como era o caso da construção de sistemas de irrigação, a exem-
plo da fertilização de terrenos mais distantes dos vales dos rios, permitindo o au-
mento da produção.

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Importante
Representação de sistema de irrigação e canais típicos do Egito
antigo. Tais sistemas também foram largamente utilizados por
outras sociedades, associadas ao modo de produção “Asiático”,
e possibilitaram um aumento na produção agrícola.
Estas sociedades foram ainda marcadas pela ênfase na constru-
ção de grandes obras e monumentos.

Outro desenvolvimento importante dessas sociedades foi no ramo da metalurgia,


principalmente com a exploração do cobre e bronze. A construção também foi um
aspecto fundamental dessas economias, com destaque para os monumentos edifi-
cados na época (como pirâmides, jardins suspensos etc.).

Por serem sociedades mais eficientes na produção de alimentos e outros bens, elas
permitiram a formação de classes diferentes na sociedade, como as elites religiosas.
Nessas sociedades é que surgem, pela primeira vez de forma mais formal, a noção
de um Estado e de uma classe gestora dos aspectos comuns daquela sociedade.

Outros aspectos econômicos importantes que surgem como destaque nessas so-
ciedades foi o uso mais difundido da moeda (dinheiro, representado de forma ru-
dimentar por objetos de valor como gado, conchas, e posteriormente, moedas de
cobre) e do comércio.

Modo de Produção Antigo

Este é o modo de produção associado às civilizações da Grécia e Roma an-


tigas. Trata-se de um modo de produção bastante similar ao modo Asiático,
porém com uma ênfase mais formal no uso do trabalho escravo, por isso
esse modo, por vezes, é denominado como “modo de produção escravista”.

Além das características descritas no modo anterior, essas sociedades eram marca-
das por um sistema agrícola mais avançado, rotas de comércio e o uso permanente
da guerra como força econômica. A guerra, além de expandir as fronteiras da civili-
zação a outros povos, permitia ainda a captura de mais escravos.

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Por entenderem que esse modo de produção é similar ao “Asiático”, alguns au-
tores preferem denominar essas sociedades de forma comum, como “Civilizações
Clássicas”.

Modo de Produção Feudal


Apesar de a imagem do feudalismo estar associada à Europa, esse é um modo de
produção que se disseminou para diversas civilizações, tanto no ocidente como no
oriente, tendo atingido as regiões hoje ocupadas pela Europa continental e insular,
norte da África, Oriente Médio, Rússia, China, Japão, entre outras.

Do ponto de vista econômico, o aspecto mais marcante é o surgimento de uma


classe aristocrática, isto é, os proprietários da terra, cuja mão-de-obra servil está as-
sociada a ela. A servidão era a condição das populações que habitavam aquela terra,
e estavam de certa forma presos a ela. A mobilidade, portanto, estava restrita. Havia
uma rede de obrigações mútuas entre aristocratas e servos, resumidas nas relações
sociais conhecidas como “senhoriagem” e “vassalagem”.

A base econômica continua sendo a agricultura, porém o período é marca-


do por um enorme avanço nas práticas artesanais nas áreas têxtil, metalúr-
gica, produção de ferramentas e armamentos, entre outros. A importância
da produção de bens, além da agricultura, cresce de forma nunca vista em
nenhum período anterior.

Também há avanços extremamente importantes na própria agricultura, construção,


na produção de energia e em seu uso na produção (como moinhos). De forma gene-
ralizada, há avanços em todas as áreas científicas. Também o comércio é intensifica-
do e expandido. Dissemina-se neste período o uso de metais nobres como moeda,
facilitando o comércio entre diferentes civilizações.

Capitalismo
Surge entre os séculos XIV e XVI, na Europa, a partir do mercantilismo, a intensifica-
ção do comércio ocorrida já ao final do período feudal. Na visão de Marx, a caracte-
rística principal do capitalismo é a criação do trabalho como um fator de produção
comercializável. Dessa maneira, o capitalismo é marcado pelo uso do trabalho na
forma de uma mercadoria.

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O capitalismo, assim, é caracterizado por uma sociedade de classes em que, de um
lado, há os proprietários do capital (ou capitalistas) e de outro lado há os proprietários de
trabalho (ou “desapropriados” de capital), que precisam vender sua força de trabalho.

Um dos marcos do capitalismo é o fenômeno histórico denominado


“Revolução Industrial”. A Revolução Industrial foi um conjunto de transfor-
mações técnicas, tecnológicas, científicas e sociais que permitiram um au-
mento sem precedentes na produtividade e na variedade de bens produzi-
dos pelas sociedades.

Do ponto de vista da dinâmica capitalista, o principal motor de desenvolvimento


deste sistema está baseado na livre iniciativa dos empreendedores, que decidem
alocar seu capital em empresas e projetos que vislumbram serem lucrativos. Este
modo de produção é marcado ainda pelo funcionamento do “mercado”, um am-
biente (que pode ser real ou abstrato) de livre negociação de mercadorias. Nesse
ambiente, os indivíduos que desejam comprar e os indivíduos que desejam vender
determinadas mercadorias encontram-se para negociar preços e quantidades a se-
rem comercializadas.

Trataremos de outros aspectos do capitalismo ainda nesta unidade.

Comunismo

Trata-se de um modo de produção baseado na gestão científica e planejada


da produção, em contraposição ao mecanismo de mercado do capitalismo.
No comunismo, há um ou mais planejadores centrais que, através de avalia-
ções objetivas e científicas, identificam a quantidade e os tipos de bens que
devem ser produzidos. A partir dessa identificação, é feito um planejamento
e a alocação dos recursos exigidos para que esta produção ocorra de fato.

No limite, o comunismo seria um meio de produção mais eficiente que o capitalis-


mo, por minimizar “desperdícios” que ocorrem normalmente no capitalismo, como
o desemprego, o uso de recursos para propaganda e outros elementos da concor-
rência, além de propiciar um maior ganho de escala na gestão da produção. No seu
limite extremo, o comunismo eliminaria outros aspectos de modos de produção
anteriores, como a necessidade de se usar moeda para trocas.

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Na prática, o Comunismo foi um modo de produção idealizado, mas nunca realiza-
do de fato. As experiências econômicas inauguradas pela União Soviética no século
XX foram denominadas de “socialismo real”, cujo objetivo era o de estabelecer o
comunismo como modo de produção, todavia sucumbiram antes desta realização.
Alguns dos aspectos fundamentais ao comunismo, como a democracia plena, não
estiveram presentes nessas economias.

O Capitalismo
Descreveremos a seguir as principais características dessa forma de produzir, hoje
dominante no mundo em que vivemos. Na observação dessas características, é fun-
damental fazermos duas ressalvas.

Quanto à simplicidade das informações colocadas aqui

Naturalmente, tais características são aquelas entendidas como as mais re-


levantes para se entender o modo de produção em que atuamos. Trata-se de
uma visão puramente técnica e econômica do capitalismo, em que buscamos
apenas destacar o que é mais relevante para o profissional de Marketing, obje-
tivando entender que o meio em que atua tem preconceitos e valores que não
são necessariamente naturais do ser humano, mas provavelmente são induzi-
dos pela nossa forma atual de produzir, consumir e trocar bens. Há muitas ou-
tras características que deveriam ser analisadas e mesmo as que são demons-
tradas aqui deveriam ser estudadas mais profundamente para um completo
entendimento do capitalismo.

Quanto à constante evolução do capitalismo

O modo de produção em que atuamos é extremamente dinâmico e evolui


constantemente. Foi, aliás, justamente esse caráter de constante adaptação do
capitalismo ao seu meio que permitiu que ele se tornasse o modo de produção
dominante até hoje, de forma generalizada no mundo. Portanto é importante
perceber que ressaltaremos as características elementares, que persistem ao
longo do tempo, e que há muitas e constantes mudanças ao longo do tempo
sobre as formas com que o capitalismo se desenvolve.

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Bens e Mercadorias

Bens

São todos os produtos e serviços que têm alguma utilidade para os indivíduos
e que podem ser comercializados de alguma forma. Todas as mercadorias que
adquirimos ou vendemos são bens. Também são considerados bens aqueles
materiais adquiridos e utilizados para a fabricação de outros bens. Nesse caso,
os primeiros são chamados de bens intermediários; enquanto os últimos são
denominados bens finais.

Mercadorias

São, simplesmente, os bens quando transacionados ou comercializados. Eles


têm a dupla característica de terem algum valor para as pessoas e poderem ser
negociados entre elas.

Propriedade Privada
No capitalismo os bens e direitos são de propriedade de indivíduos (privada) ou do
Estado (pública). Na prática, isso significa que os bens, ativos, mercadorias (e mes-
mo direitos) têm dono certo e identificado. Esse proprietário pode, por conseguinte,
fazer o uso que desejar de seus bens, desde que respeite as leis daquele país ou
região em que atua. O Estado também pode ser proprietário, porém nos Estados
capitalistas modernos a maior parte da propriedade é privada e o Estado atua como
garantidor destas propriedades e dos contratos.

Fatores de Produção
A produção é realizada através da combinação de diversos fatores. Esses fatores são
comumente categorizados em capital, trabalho e terra. Atualmente, capital e terra
confundem-se, pois a terra posta à produção também tem as mesmas caracterís-
ticas de capital. Portanto, essencialmente, os fatores de produção são capital e tra-
balho que, combinados, permitem a produção de produtos e serviços. Por exemplo,

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para que sejam fabricados pregos são necessários aço, ferramentas (para cortar e
afiar o aço no formato desejado) e algumas pessoas operando estas ferramentas e a
matéria-prima para que o produto final seja realizado. Nesse caso, então, o aço e as
ferramentas são o capital, enquanto o esforço das pessoas em converter a matéria-
-prima em pregos é o trabalho

Mercado

Mercado é o ambiente, real ou virtual, em que se dão as trocas dos bens.


É o local onde as pessoas que querem comprar um bem e as pessoas que
querem vender este mesmo bem se encontram para negociar o preço e
realizar esta troca.

O mercado pode ser, efetivamente, um mercadinho de bairro onde se compram os


alimentos da semana. Pode ser também uma Bolsa de Valores, onde ativos financei-
ros - que também são bens - podem ser negociados. Pode ainda ser um ambiente
virtual ou abstrato, por exemplo, um portal na internet onde é feito um leilão de
telefones celulares.

Divisão do Trabalho
Trata-se de um dos aspectos mais marcantes do capitalismo. Mesmo em modos
de produção mais modernos, havia um grau de certa diversidade nas atividades de
um indivíduo. Um típico artesão do feudalismo, por exemplo, era responsável por
realizar todo um conjunto de atividades que viriam, ao final, a dar como resultado a
produção de um sapato.

No capitalismo, porém, a produção é feita de forma extremamente parcelada e


especializada. Na produção de um sapato, por exemplo, um funcionário pode ser
responsável apenas por colar a sola do sapato no couro, mas ele faz isso de forma
extremamente especializada e sem precisar trocar ferramentas e equipamentos. No
seu conjunto, com a produção sendo feita por diversas pessoas realizando ativida-
des parciais, mas de forma especializada, há um enorme aumento da produtividade.

É uma característica que damos por “natural”, mas que é bastante recente, a nossa
especialização em profissões. Dessa forma, um biólogo que trabalhe em uma viní-
cola pode ser hoje especializado nos processos de fermentação e fazer isso com
conhecimento e produtividade inigualáveis, mas pouco sabe dos solos e das épocas

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do plantio ou mesmo do processo de engarrafamento do vinho. No feudalismo,
para compararmos, um vinho provavelmente era feito pela mesma pessoa ou famí-
lia, que realizavam todo o processo desde o plantio, colheita, fermentação, produ-
ção, engarrafamento e venda.

Essa maior divisão do trabalho permitiu o alcance de maior produtividade e


especialização no capitalismo.

Importante
Representação de uma fábrica de alfinetes. Segundo observado
por Adam Smith em seu clássico “Riqueza das Nações”, consi-
derado um dos fundadores da Ciência Econômica moderna, a
divisão do trabalho permitia que a produção de alfinetes passas-
se de 20 unidades por trabalhador (no modelo artesanal) para
cerca de 4.800 alfinetes por trabalhador (no modelo industrial),
essencialmente em virtude da divisão do trabalho.

Uso Crescente da Moeda e do Comércio


A moeda e o comércio já existiam antes do capitalismo, mas é a partir desse modo
de produção que eles passam a ser essenciais na vida cotidiana de todos. A razão
disso é que, como no capitalismo predomina a divisão do trabalho, cada pessoa
tende a produzir apenas um tipo de bem ou alguns tipos de bens, porém para sobre-
viver precisa adquirir uma variedade muito maior de bens.

Dessa maneira, a necessidade de comercializar bens é comum a todos. Por exemplo,


um indivíduo assalariado vende seu trabalho em troca de moeda e comprar todos os
demais bens de que precisa com uso também da moeda.

Trataremos mais deste tema em outras unidades.

O Estado
Ao contrário do que algumas pessoas poderiam imaginar, a existência do Estado não
é antagônica à existência do capitalismo; é, ao contrário, uma condição necessária.

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É fato, aliás, notado por diversos historiadores, que o capitalismo somente vigorou
naquelas nações que detinham um Estado em pleno funcionamento. Observa-se,
ainda, que o capitalismo frutificou primeiro naquelas nações cujo Estado, na nossa
concepção moderna, desenvolveu-se de forma plena.

Isso ocorre porque o capitalismo somente pode funcionar em um ambiente em que


a propriedade privada está garantida, em que há respeito aos contratos e em que
há um certo ambiente de segurança. Além disso, existem outros elementos pelos
quais o Estado zela e que facilitam muito o desenvolvimento do capitalismo, como,
por exemplo, a moeda.

Livre Iniciativa ou Liberdade Econômica


Se podemos considerar que o motor do capitalismo é o mercado, então podemos
dizer que a liberdade econômica é o combustível que faz este motor funcionar.

A liberdade econômica é a permissão para que os cidadãos comuns de


um país tenham direito a propriedade privada e possam realizar empreen-
dimentos tendo como objetivo o lucro. É o direito de realizar negócios e
apropriar-se dos lucros deste negócio. Para que isso seja possível, deve ha-
ver um conjunto de leis que permita - e, em alguns casos, estimule - a reali-
zação de empreendimentos econômicos privados, além da garantia estatal
à propriedade e aos contratos. Em uma sociedade capitalista, considera-se
legítimo que um empreendedor se aproprie dos lucros de seu empreendi-
mento, ainda que parte dos lucros possa ser retida pelo Estado na forma de
impostos sobre a renda ou lucro.

É justamente esta expectativa dos lucros que motiva as pessoas a realizarem inves-
timentos, estimulando a produção de bens, o emprego e a inovação.

Essas são apenas algumas das características do capitalismo, mas que perduram
em todas as suas fases desde seu nascimento até os dias atuais, ainda que muitos
outros aspectos tenham se alterado de forma significativa.

É importante notar a brevidade do capitalismo na vida humana, sobretudo a partir


de sua forma mais consolidada, a partir do século XVIII.

Na próxima unidade, trataremos de forma mais objetiva de algumas das “Leis”


que regem o funcionamento dos mercados e dos negócios dentro deste sistema
econômico.

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Material Complementar

Vídeos
Convido você a explorar os vídeos que oferecem uma introdução cativante
ao mundo da Economia. Nestas duas partes fascinantes, você poderá mergu-
lhar em conceitos essenciais que moldam nossa compreensão da Economia.

PARTE I: Introdução | Capítulo 1: Dez princípios de economia


https://bit.ly/3UJTY9M

PARTE II: Como funcionam os mercados | Capítulo 4: As forças de mercado


da oferta e da demanda
https://bit.ly/4bDdr1X

Sites
Repositório do Conhecimento IPEA
Convido você a explorar o Repositório do Conhecimento do IPEA (Instituto
de Pesquisa Econômica Aplicada), uma valiosa fonte de informações, pesqui-
sas e estudos sobre diversas questões econômicas e sociais do Brasil.
https://bit.ly/3HqOWqP

Revista Brasileira de Economia


Convido você a explorar o site da “Revista Brasileira de Economia,” uma reno-
mada fonte de conhecimento e análises sobre os desenvolvimentos econô-
micos no Brasil e no mundo.
https://bit.ly/3O9QqK2

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Referências

ANDERSON, P. Passages from Antiquity to Feudalism. New York: Verso Books, 1997.

MANDEL, E. An Introduction to Marxist Economic Theory. New York: Pathfinder


Press, 1974.

SMITH, A. Riqueza das Nações: investigação sobre sua natureza e suas causas. São
Paulo: Editora Nova Cultural, 1996.

VASCONCELLOS, M. A. S.; ENRIQUEZ GARCIA, M. Fundamentos de Economia. 2.


ed. São Paulo: Saraiva, 2005.

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