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ECONOMIA POLÍTICA

SEBENTA TEÓRICA 1
(Capítulos 1, 2, 3, 4 e 5)

Licenciatura: Solicitadoria (turnos A e B), 1º ano, 2º semestre

Docente: Maria Patrocínia Sobrinho Correia

Ano Letivo de 2019/2020 (2º semestre)


APRESENTAÇÃO DA UNIDADE CURRICULAR “ECONOMIA POLÍTICA”
Docente: Maria Patrocínia Ferreira Sobrinho Correia
(email: mferreira@ipb.pt, gabinete B1.15).

A Unidade Curricular de Economia Política tenta despertar nos futuros solicitadores a


sensibilidade para a importância da sua formação no domínio da ciência económica.
Por outro lado, há uma estreita interligação entre todos os fenómenos económicos,
sendo o conhecimento de alguns deles básico para a compreensão dos demais.

1. O Problema Económico
-Definição de Economia
- A ciência Económica
- Distinção entre Microeconomia e Macroeconomia
- Metodologia da ciência Económica

2 – Teoria Elementar da Oferta e da Procura


- Mercado da Procura e da Oferta
- Determinantes da Procura e da Oferta
- Equilíbrio de mercado
- Alterações no equilíbrio
- Elasticidades

3 – Teoria do Consumidor
- Preferências do consumidor
- Restrição Orçamental
- Utilidade

4 - Teoria da Empresa
- Teoria da Produção
- Teoria dos Custos

5 – Estruturas de Mercado
- Definições

6 – Contabilidade Nacional
- Perspetivas de cálculo do produto
- Produto Interno e Produto Nacional
- Produto a Custo de Fatores e Produto a Preços de Mercado
- Produto Nominal e Produto Real
- Taxas de Crescimento

7 – Relações entre a Economia e outras Ciências

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AVALIAÇÃO
ALTERNATIVA 1 – AVALIAÇÃO DISTRIBUÍDA (Ordinário, Trabalhador) (Final)

Atenção ao regime de assiduidade obrigatória! Regulamento Pedagógico da EsACT,


Artigos 10º (regime de frequência) e 15º (Condições de Acesso às provas de exame)

- Prova Intercalar Escrita – 60% (nota mínima 7,5 valores), CAP. 1, 2, 3 e 4 – 22 Abril
- Prova Intercalar Escrita – 40% (nota mínima 7,5 valores), CAP. 5, 6 e 7 – Época de
Exames

Dia 22 de Abril, 14 horas, sala a marcar.


Os 2 turnos realizam, conjuntamente, a 1ª Prova Intercalar Escrita
A realização de Prova final não tem consulta, visando testar a apreensão de conceitos
apresentados e a resolução de exercícios.
Apenas é permitida a utilização de máquina de calcular. Não poderão utilizar máquinas
gráficas nas provas intercalares e exames (Recurso, DA, TE)

Os alunos consideram-se aprovados se a média das duas notas for >= 9,5 valores

ALTERNATIVA 2- AVALIAÇÃO POR EXAME FINAL (Ordinário, Trabalhador) (Recurso,


Especial)

- Exame Final Escrito - 100%

O exame de recurso será realizado para os alunos que não obtiveram aprovação na
alternativa 1 ou pretendam realizar melhoria de nota (100% de nota - 20 valores)
Os alunos consideram-se aprovados se a nota final for >= 9,5 valores

BIBLIOGRAFIA
Manuais Recomendados
Indicados na Ficha de Unidade Curricular de ECONOMIA POLÍTICA, Guia ECTS.

Textos de Apoio à Disciplina


Sebentas Teóricas – Correia, M. P. (2019/20). Economia Política – Sebenta Teórica (I/II).
EsACT, Mirandela. Disponibilizada na plataforma online virtual.ipb.pt

Fichas de Exercícios Práticos, Correia, M. P. (2019/20). Caderno de Exercícios de


Economia Política (I/II). EsACT, Mirandela. Disponibilizado na plataforma online
virtual.ipb.pt

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I O PROBLEMA ECONÓMICO
INTRODUÇÃO E CONCEITOS BÁSICOS DA ECONOMIA

O Problema central da Economia: Recursos escassos / Usos alternativos

- Terra e Recursos Naturais


Recursos Inputs Factores de Produção - Trabalho
- Capital
Os inputs são utilizados para produzir bens e serviços, isto é, o output. Todos os bens
que envolvam a utilização de recursos escassos na sua produção são designados de bens
económicos, por oposição aos bens livres. É sobre os bens económicos que nos vamos
debruçar (não esquecer de analisar a classificação dos bens leccionada na aula!)

Deste conjunto de recursos, apenas o capital é produzido pelo próprio sistema


económico. Designamos por capital todos os bens duráveis de uma economia que são
utilizados para a produção de outros bens, tais como fábricas, estradas, máquinas,
equipamentos, edifícios, meios de transporte, etc.
- O QUE PRODUZIR ?

Grandes Questões da Economia - COMO PRODUZIR ?


- PARA QUEM PRODUZIR ?

Estas três questões fundamentais da organização económica são cruciais para o


entendimento passado e contemporâneo.
• O QUE e QUANTO produzir e em que quantidades: A sociedade tem de
decidir quanto deve produzir de cada bem e serviço e quando é que estes
deverão ser produzidos.
• COMO produzir: Quem fará a produção, com que recursos e de que forma
tecnológica?
• PARA QUEM produzir: Quem retira frutos do esforço económico e como é
repartido o produto resultante?

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Também é importante acrescer uma outra sub-questão: Quem toma decisões (que
processos)
Ao longo do semestre iremos ver que a resposta a estas 3 questões, na maioria dos
países, é dada por MERCADO + ESTADO.

Microeconomia versus Macroeconomia


MICROECONOMIA: funcionamento das suas componentes/comportamento dos
agentes. Preocupa-se com o comportamento dos consumidores e
produtores, para a compreensão do funcionamento geral do sistema
económico (Ex: Teoria do Consumidor, Teoria da Empresa, Teoria da
Produção e Teoria da Repartição).

MACROECONOMIA: funcionamento da Economia como um todo (agregados). Tem


como objectivo determinar as condições de crescimento e equilíbrio do
sistema económico (Ex: Teoria dos Agregados e Teoria Geral do Equilíbrio
e do Crescimento – teoria da moeda, teoria das finanças públicas, teoria
das relações internacionais e teoria do desenvolvimento)

A Lógica da Ciência Económica

Toda a relação económica é enorme e complexa e com muitos agentes que a


complexam. O objectivo destas matérias é perceber esta complexidade. Como é que
podemos fazer tal?
A economia baseia-se em teorias e análise dessas teorias. Como tal, todo e qualquer
economista e/ou estudioso de determinada ciência deve estar atento às “falhas”
frequentes no raciocínio económico, nomeadamente:

1) Subjetividade

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2) Falácia da Composição: quando admitimos que o que é verdade para uma

parte também o é para o seu todo!

Por exemplo:

“se um agricultor tiver uma boa colheita o seu rendimento aumentará, se todos
os agricultores também tiverem os seus rendimentos diminuirão

“ Se for o único totalista do euro milhões ficarei mais rico, se todos receberem
grandes quantias de dinheiro a sociedade empobrecerá.”

3) Falácia do Post-Hoc1: quando admitimos uma relação de causa-efeito entre dois


acontecimentos contemporâneos, ou seja, admitimos um nexo de causalidade

Também, certos autores2, acrescentam uma outra falácia:

4) Falha em Manter tudo o resto constante (ceteris paribus): quando nos

esquecemos de manter tudo o resto constante quando se pensa numa questão.,


uma vez que analisar o impacte de uma variável sobre o sistema económico
resulta de muitas questões.

1 Post-Hoc é uma abreviatura de post hoc, ergo propter hoc, ou seja, a seguir a isto… ou por causa disto…
2 Ver Samuelson.

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A Economia Positiva e a Economia Normativa

Quando se raciocina sobre questões económicas devemos distinguir as questões de facto das
questões relativas a juízos de valor. Por isso, devemos ter sempre em conta que:

Economia Positiva: trata das questões que envolvem as consequências das politicas e/ou
tomada de decisões ou outros mecanismos. Descreve os factos de uma economia e as questões
são resolvidas com recurso à análise e a dados empíricos.

Economia Normativa: trata das questões acerca do que “devia” ou “podia” ser feito, ou seja,
questões que envolvem juízos de valor e/ou princípios éticos.

Ilustração do problema da escassez: A Fronteira de Possibilidades de


Produção (F.P.P)

O output gerado por uma economia encontra-se limitado pelos recursos disponíveis e
pela tecnologia existente. Uma vez que os recursos são escassos e as necessidades
humanas tendem para infinito é necessário decidir qual a afectação que vai ser feita
desses recursos. Simplificando a realidade, partindo do princípio de que apenas existem
dois sectores de atividade na Economia (X e Y), as possibilidades de produção podem-se
resumir num simples gráfico que nos mostra as diversas combinações das quantidades
máximas de X e Y que é possível produzir nessa Economia, com os recursos disponíveis e
com a tecnologia existente – Fronteira de Possibilidades de Produção (FPP).
Bem Y
FPP

Bem X

Qualquer um dos pontos sobre a FPP é possível e significa que se está a produzir o
máximo face aos recursos e tecnologia existentes, logo é um ponto em que temos pleno
emprego dos recursos e EFICIÊNCIA PRODUTIVA. O comportamento decrescente da FPP

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reflete a escassez desses recursos: só é possível aumentar a produção de X, reduzindo a
de Y, e vice-versa.
Qualquer ponto exterior à FPP é IMPOSSÍVEL, nem os recursos nem a tecnologia
permitem produzir simultaneamente essa quantidade de X e Y. Um ponto interior é
possível, significa que a Economia se encontra a produzir aquém do máximo. » Porquê?
Desemprego de recursos ou INEFICIÊNCIA na utilização dos mesmos.

Ao longo do tempo as FPPs das sociedades vão sofrendo alterações, pois varia o nível de
recursos e há evolução da tecnologia. Dizemos que há progresso técnico quando com a
mesma quantidade de recursos se consegue produzir uma maior quantidade de output.
Assim, havendo aumento de recursos e/ ou progresso técnico, a FPP afasta-se da
origem, pois aumentam as possibilidades de produção dessa economia.

Bem Y

Bem X

Havendo uma redução dos recursos disponíveis de uma economia, por exemplo, devido
a uma guerra ou catástrofe natural, a FPP recua, aproximando-se da origem.

Bem Y

Bem X

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Em geral as FPPs são CÔNCAVAS em relação à origem, pois os custos de oportunidade
são crescentes. O custo de oportunidade de algo consiste no valor de tudo o que se
prescindiu (sacrificou ou abdicou) para se obter esse algo. Assim, o custo de
oportunidade de produzir uma unidade de X será a quantidade de Y a que é necessário
renunciar. A existência de custos de oportunidade decorre naturalmente do problema
da escassez. Como é possível aumentar a produção de X recorrendo a recursos que estão
afectos à produção de Y? O crescimento da produção de X obriga necessariamente à
renúncia de algumas unidades de Y.

PORQUE É QUE OS CUSTOS DE OPORTUNIDADE SÃO CRESCENTES?

Nem sempre é fácil transferir recursos de um sector produtivo para outro. Como os
primeiros recursos a ser transferidos de Y para X são os que mais facilmente se adaptam
ao novo sector, inicialmente os custos de oportunidade são baixos.

À medida que vai aumentando a produção de X passa a ser necessário ir buscar a Y


recursos menos adaptáveis ao novo sector, o que eleva os custos de oportunidade.

Questões para revisão retiradas de exames de Economia Política:


1. Defina Economia.
2. Escassez significa o mesmo que pobreza?
3. Existem, em economia, questões fundamentais cruciais para a civilização humana. Quais
são estas? Explique-as, dando exemplos.
4. O que entende por custo de oportunidade? Determine o seu custo de oportunidade de ir
ao cinema antes do seu exame de economia.
5. Demonstre o que aconteceria à Fronteira de Possibilidades de Produção (com os factores
de produção trabalho e recursos naturais) com o esgotamento, ao longo do tempo dos
recursos naturais?

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MERCADOS E GOVERNO NUMA ECONOMIA ABERTA
(relação com ponto VII do programa - Economia do Setor Público)

O mecanismo de mercado tem-se revelado insuficiente, sendo a intervenção dos


Estados uma constante das economias modernas. Por isso mesmo, são designadas de
economias mistas. Claro que o grau dessa intervenção tem sido variável ao longo do
tempo e depende da orientação ideológica dos governos. Mas com maior ou menor
intervenção, o governo tem a seu cargo três funções económicas fundamentais:
EFICIÊNCIA, EQUIDADE E ESTABILIDADE.

1) EFICIÊNCIA – PROMOVER UMA AFECTAÇÃO EFICIENTE DOS RECURSOS


O mercado só por si não assegura uma eficiente afectação dos recursos disponíveis.
Porquê? Tem falhas:

1.1. Concorrência Imperfeita


Como já vimos no capítulo anterior, os mercados de concorrência perfeita são mais
eficientes, gerando uma maior produção a preços mais baixos. Acontece que a maioria
dos mercados reais é de concorrência imperfeita, devendo o Estado intervir para
minimizar os efeitos negativos dessa imperfeição, tal como já vimos.

1.2. Externalidades
Sempre que uma atividade de produção ou consumo impõe custos ou benefícios a
terceiros que estão fora do mercado estamos perante uma externalidade. No caso de se
tratar de um benefício, dizemos que se trata de uma externalidade positiva. Se for um
custo é uma externalidade negativa. Como as pessoas que sofrem esse custo não são
indemnizadas pelo agente económico que o gerou, nem quem recebe o benefício paga
por isso, torna-se necessário o Estado intervir. O Estado deve procurar maximizar as
externalidades positivas e minimizar as negativas.

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No caso da poluição - externalidade negativa gerada por atividades de produção, o
Estado regulamenta, fixa limites máximos para a carga poluente, aplica multas, incentiva
a utilização de medidas de proteção ambiental, entre outros. Objectivo: diminuir os
custos sobre terceiros.

A educação, atividade de consumo geradora de efeitos positivos a nível social que


ultrapassam largamente o benefício individual, é muitas vezes financiada pelo
Estado. Objectivo: aumentar os benefícios sobre terceiros.

1.3. Bens públicos


São bens que não são produzidos por agentes económicos privados ou, no caso de
serem, a quantidade é insuficiente.
São bens não rentáveis devido às suas características:
- Não-rivalidade no consumo: facto de uma pessoa consumir não diminui a
quantidade disponível para os restantes agentes económicos e como tal o custo
adicional de extensão do bem a mais um indivíduo é nulo;
- Não-exclusão: ser extremamente caro ou mesmo impossível impedir de
consumir o bem os agentes económicos que não estejam dispostos a pagar por
ele.

A defesa nacional, a iluminação pública, os faróis, são exemplos clássicos de bens


públicos. Uma vez produzidos estão disponíveis para toda a população. Se não fosse o
Estado a produzi-los e a colocá-los à disposição dos cidadãos eles não existiriam, pois
não são susceptíveis de serem vendidos e comprados no mercado.

2) EQUIDADE – ASSEGURAR UMA JUSTA REPARTIÇÃO DO RENDIMENTO


Independentemente de ser eficiente ou não, uma economia de mercado pode gerar
situações de desigualdade social consideradas inaceitáveis pelos cidadãos. Nesse caso, o
Estado deve intervir no sentido de atenuar essas desigualdades. Aqui entra a

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subjetividade do conceito de “justiça social” e este acaba por ser expresso pela opção
eleitoral dos cidadãos.

Principais instrumentos:
- Transferências para os mais pobres, tais como subsídio de desemprego,
rendimento mínimo garantido, bolsas de estudo, subsídios vários;
- Impostos sobre os mais ricos.
Em nome da equidade os impostos devem ser progressivos, isto é, os rendimentos mais
elevados devem sofrer uma taxa de imposto mais alta e os rendimentos mais baixos ser
alvo de uma taxa de imposto menor.
Também a fixação de um salário mínimo é uma medida de equidade, pois impede que
os salários baixem para além daquele nível considerado o imprescindível.

3) ESTABILIDADE – CONTROLO DO NÍVEL DE PRODUÇÃO DA ECONOMIA E DO SEU


CRESCIMENTO, ASSIM COMO DAS TAXAS DE DESEMPREGO E INFLAÇÃO

Claro que para exercer as suas funções o Estado precisa de receitas, sendo os impostos
a principal fonte de receitas das economias ocidentais. Os princípios subjacentes à
aplicação de impostos aos cidadãos são dois:

1) Princípio do benefício - cidadãos devem pagar impostos de acordo com o


benefício que retiram da atividade pública. É bastante difícil de aplicar na
prática.
2) Princípio da capacidade de pagar - cidadãos devem pagar impostos de acordo
com a sua capacidade para o fazer, ou seja, de acordo com o seu rendimento ou
com a sua riqueza.

Tipos de Impostos
- Diretos: incidem diretamente sobre as pessoas, caso do IRS, IRC, contribuições
para a Segurança Social;

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- Indiretos: incidem sobre bens e serviços e por isso só indiretamente sobre as
pessoas, caso do Imposto sobre Valor Acrescentado (imposto geral sobre o
consumo) e Imposto Automóvel (imposto sobre um consumo específico).

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II. TEORIA ELEMENTAR DA PROCURA E DA OFERTA
2.1 MERCADO DA PROCURA E DA OFERTA

O MERCADO de um bem (ou serviço) é constituído por todos aqueles que o desejam
comprar (CONSUMIDORES) e todos os que o desejam vender (PRODUTORES). Estes dois
subconjuntos de agentes económicos têm interesses divergentes, pois aos
consumidores interessa comprar o bem pelo preço mais baixo e os produtores querem
vender pelo preço mais alto.
» Da sua interação no mercado acaba por resultar uma conciliação.

FUNÇÃO PROCURA ( Demand)

À relação entre a quantidade procurada de um bem e o respectivo preço,


permanecendo tudo o resto constante, chamamos FUNÇÃO PROCURA. A procura
mostra, assim, a quantidade que os consumidores desejam adquirir para os diferentes
níveis de preço. É uma função decrescente do preço, pois quanto mais baixo for o preço
maior será a quantidade procurada.

LEI DA PROCURA: a quantidade procurada varia em sentido contrário ao do preço


EXPRESSÃO MATEMÁTICA (resultado de vários cálculos de Custo/Benefício)

PX = a – b QDx

Px : preço do produto (bem ou serviço) X


QDx : quantidade procurada do bem X

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Lei da Procura com inclinação negativa: quando o preço de uma mercadoria
aumenta (mantendo-se o resto constante), os compradores tendem a consumir uma
menos quantidade dessa mercadoria. De forma similar, quando o preço baixa,
mantendo-se o resto constante, aumenta a quantidade procurada.

Porque razão a quantidade procurada tende a diminuir com o aumento dos


preços?
Efeito substituição: quando o preço de um bem aumenta, vai ser substituído por
outros produtos similares (ex: como quando aumenta o preço da carne de vaca e se
compra mais carne de frango).

Efeito Rendimento: este é o efeito depressivo do aumento dos preços nas compras.
Este efeito entra em ação pois, quando o preço sobe ficamos com menos rendimento
que anteriormente. Por exemplo, se o preço da gasolina duplicar, fica-se com menos
rendimento e deste modo diminui o consumo de gasolina e de outros bens.

FUNÇÃO OFERTA (Supply)


À relação entre a quantidade oferecida de um bem e o respectivo preço, permanecendo
tudo o resto constante, chamamos FUNÇÃO OFERTA.
A oferta mostra a quantidade do bem que os produtores/ vendedores desejam vender
para cada nível do preço. É uma função crescente do preço, pois quanto mais elevado
for o preço maior a quantidade oferecida.

EXPRESSÃO MATEMÁTICA
PX = c + d QSx

Px : preço do produto (bem ou serviço) X


QSx : quantidade Oferecida do bem X

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2.2 DETERMINANTES
DETERMINANTES DA PROCURA
A quantidade para um dado preço é influenciada por um amplo conjunto de fatores:
- Rendimento Médio: determinante essencial da procura.
- Dimensão do Mercado: medida, por exemplo, pela população.
- Preços e Disponibilidade dos outros Bens (ou serviços) : existe uma relação entre
bens substitutos (que tendem a desempenhar a mesma função) e entre bens
complementares (que se complementam para desempenhar a função).
- Gostos e Preferências: além dos elementos objetivos, existem também
determinantes subjetivos. Os gostos representam uma variedade de influências
culturais e históricas.
- Influências Específicas: estas influências afetam a procura de bens específicos (ex:
procura de guarda-chuvas). Alem disso, as expectativas em relação às condições
económicas futuras, em especial no que toca aos preços, podem ter um efeito
importante sobre a procura.

DETERMINANTES DA OFERTA
O principal aspeto da Oferta é que os Produtores oferecem produtos pelo lucro e não
por prazer ou caridade. Sendo assim, existem diversos fatores que influenciam a curva
da oferta:
- Custos de Produção: é lucrativo para os produtores oferecerem uma grande
quantidade de um bem quando os custos de produção desse bem são baixos em relação
ao preço de mercado.
- Preços dos fatores produtivos: estes preços têm um papel importante no custo de
produção.
- Progresso Tecnológico: alterações que fazem diminuir o montante de fatores
necessário à mesma quantidade de produto.
- Preço dos bens relacionados: se o preço de um bem substituto sobe, a oferta do
outro substituto diminui.
- Política Governamental: as considerações ambientais e de saúde determinam quais
as tecnologias que podem ser usadas, enquanto que as políticas fiscais e salariais
determinam o aumento dos preços de produção.
- Número de Fornecedores: quanto mais empresas oferecerem um dado produto,
tanto maior será a quantidade oferecida desse produto a um determinado preço.
- Influências específicas: por exemplo, condições meteorológicas nos bens agrícolas;
expectativas

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2.3 e 2.4 FUNCIONAMENTO DAS FORÇAS DE MERCADO

Graficamente:
P
Oferta (S) P - preço
E
Q - quantidade
PE
E – ponto de equilíbrio
Procura (D)
QE Q

No PONTO DE INTERSECÇÃO entre a oferta (supply) e a procura (demand) a quantidade


procurada pelos consumidores é exatamente igual à quantidade oferecida pelos
produtores/ vendedores, ou seja, a QUANTIDADE DE EQUILÍBRIO. O PREÇO PE (preço de
equilíbrio) assegura que ambas as partes do mercado estão satisfeitas, pois por esse
preço os consumidores desejam adquirir exatamente a mesma quantidade que os
produtores desejam vender.

Em desequilíbrio 2 situações são possíveis:


1) Excesso de oferta
P > PE => Quantidade Procurada < Quantidade Oferecida =>  P até P=PE

2) Excesso de procura
P < PE => Quantidade Procurada > Quantidade Oferecida =>  P até P=PE

Se houver flexibilidade de preços os desequilíbrios tendem a ser temporários, pois a


variação do preço assegura que se regresse ao ponto de equilíbrio (E).

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Deslocações da Procura/ Oferta ou Movimentos ao longo da Procura/Oferta

Atenção!

1) Distinguir movimento ao longo da curva de deslocamento da curva


- Movimento sobre a curva da procura (ou oferta): variação da quantidade
procurada (ou oferecida) face à variação do preço, permanecendo tudo o resto
constante.
- Deslocamento da procura (ou oferta): variação da procura (ou oferta) face à
variação de factores diferentes do preço.

Significado do ponto de equilíbrio: igualdade entre os desejos dos consumidores e


os desejos dos produtores.

Questões para revisão retiradas de exames de Economia Política:


1. Antes de pensamos em adquirir um determinado produto, identificamos os elementos
que influenciam a nossa procura. Que determinantes é que destaca na compra de um
bem/serviço? Dê exemplos.
2. Como é determinado o equilíbrio de mercado de um bem? O que é o preço de equilíbrio?
O que é a quantidade de equilíbrio?
3. O que mostra uma curva da oferta? Porque é que a sua inclinação é positiva?

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2.5 ELASTICIDADES

Conceito e Tipos de Elasticidades


Como sabemos enquanto consumidores, uma variação do preço de qualquer bem será
acompanhada de uma variação na quantidade procurada desse bem. Por exemplo, se o
preço aumentar a quantidade procurada desse bem deverá diminuir e o inverso
também acontece. Isto quer dizer que a procura é “sensível” a mudanças dos preços.
Para uns consumidores a quantidade procurada pode variar muito, para outros pode
variar menos ou até mesmo não variar. Por outras palavras, existem bens cuja procura é
mais sensível a variações de preços do que outros bens.

Depois de explicado o conceito de elasticidade, exemplificaremos este conceito através


dos seguintes tipos:
- Elasticidade Procura-Preço (ou Preço da Procura) no ponto
- Elasticidade Procura-Preço (ou Preço da Procura) no ponto médio ou no arco
- Elasticidade Cruzada da Procura
- Elasticidade Rendimento da Procura

ELASTICIDADE - PREÇO DA PROCURA: mede a sensibilidade dos consumidores à


variação do preço. Não é mais do que um quociente entre variações relativas:
Q
%variação da Q procurada Q
E= = 0
% variação de P P
P

Quanto mais elevado for o valor da elasticidade maior o ajustamento das quantidades
procuradas à variação do preço. Assim classifica-se a procura em:

1) Procura Elástica, quando E > 1 (por ex, uma redução de 10% (0,1) no preço do
bem provoca um aumento de 40% (0,4) na quantidade procurada);
2) Procura Inelástica ou rígida, quando E < 1;
3) Procura com elasticidade unitária, quando E = 1.

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De acordo com estes significados, por exemplo, a procura de bens de 1ª necessidade,
como gás, calçado, medicamentos tende a ser rígida. Pelo contrário, viagens, roupa de
costureiros franceses quando sobem de preços podem ser substituídos por outros, daí a
procura ser elástica. Concluindo, os bens que têm substitutos imediatos tendem a ter
procuras mais elásticas do que os bens que não têm substitutos.

Os factores económicos determinam a dimensão deste tipo de elasticidades: tendem a


ser mais elevadas quando estamos perante bens de luxo/ bens substitutos e mais
reduzidas quando não existem substitutos próximos e a sua necessidade é premente.

EXEMPLO:
Consideremos os seguintes valores:
P= 1 => Quantidade procurada = 100
P=2 => Quantidade procurada = 80

(− 20 )
90 1
Earco = =  1  Procura rígida *
1 3
1,5

Considerou-se como preço base do cálculo da variação percentual o preço médio, assim
como a quantidade média para o cálculo da variação percentual da quantidade
procurada (explicação: quando se calcula a Elasticidade com o preço base = preço médio, estamos a
calcular a Elasticidade Preço da Procura no arco ou no ponto médio ).

A procura deste bem é rígida face ao preço, pois a reação da quantidade procurada à
variação do preço foi pequena.

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Casos extremos:

1) Procura perfeitamente elástica: E = 

P
D
P*

Neste caso a percentagem de variação do preço é nula, a quantidade procurada é


infinita para P=P* e como tal a elasticidade é infinita.
2) Procura perfeitamente rígida: E = 0

D
P

Q* Q

Neste caso a percentagem de variação da quantidade procurada é nula e como tal o


valor da elasticidade é também zero. Não há qualquer variação da quantidade
procurada perante alterações no preço.

Relação entre elasticidade e receita:


Sendo a receita o valor total pago pelos consumidores, isto é o produto do Preço pela
Quantidade (P x Q), verifica-se que a sua evolução face à subida (ou descida) do preço
depende do valor da elasticidade - preço da procura. Assim:
1) Procura elástica – subida do preço provoca uma redução da receita,
2) Procura rígida – subida do preço provoca uma subida da receita total,
3) Procura com elasticidade unitária – subida do preço não altera a receita.

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ELASTICIDADE – PREÇO DA OFERTA: define-se, tal como a elasticidade da procura,
face ao preço, não é mais do que o quociente entre a percentagem de variação da
quantidade oferecida e a percentagem de variação do preço. Como o valor é positivo
não é necessário colocar entre módulos.

% variação Q oferecida
E= 0
% variação do P

Tal como acontecia com a procura, assim temos:


- E > 1 => Oferta elástica,
- E < 1 => Oferta rígida,

- E = 1 => Oferta com elasticidade unitária.

Quanto maior for o horizonte temporal do produtor mais elástica é a sua oferta, pois
maior é a sua capacidade para ajustar as quantidades produzidas face à variação do
preço.
No longo prazo todos os factores de produção são variáveis, mas no curto prazo há
alguns factores fixos (ou seja, quando não é possível alterar a quantidade utilizada). Por
exemplo, no período de 1 mês não é possível alargar as instalações de uma fábrica
(factor fixo), mas consegue-se aumentar o número de trabalhadores (factor variável).

APLICAÇÕES DA OFERTA E DA PROCURA

- Fixação de preços mínimos: P mínimo > P E => excesso de oferta


- Fixação de preços máximos: P máximo < PE => excesso de procura
- Efeitos da aplicação de um imposto/ subsídio por unidade produzida e vendida:
depende da elasticidade relativa da procura e da oferta.

“Quanto mais elástica for a procura relativamente à oferta maior será o efeito sobre o
produtor.”

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Questões para revisão retiradas de exames de Economia Política:
1. Em relação a cada um dos pares de bens seguintes, indique o que considera mais
elástico em relação preço e justifique: perfume e sal; penicilina e gelados; gelado de
chocolate e gelados.
2. Qual deveria ser o efeito no equilíbrio de mercado após as seguintes alterações (ilustre
com o uso da oferta e da procura):
a) Um aumento do rendimento dos consumidores;
b) um imposto mensal sobre as rendas dos apartamentos;
c) Uma nova técnica construtiva que permite a construção de apartamentos por metade
do custo.

23
III. TEORIA DO CONSUMIDOR
3.1 e 3.2 PREFERÊNCIAS E RESTRIÇÃO ORÇAMENTAL

Pressupostos:
- Os consumidores entram no mercado de trabalho com preferências bem definidas
e a sua tarefa é afetar os rendimentos da forma que melhor servir as suas
preferências.

Passos:
- Combinação de bens que o consumidor pode comprar
- De entre as combinações possíveis, o consumidor escolhe a que prefere a todas as
outras.

Restrição orçamental: R = X . pX + Y. pY

Sendo que

R = rendimento;
X e Y: quantidades dos bens X e Y;
px e py: preços dos bens X e Y

Através da restrição orçamental, consegue-se alcançar um conjunto de possibilidades


de consumo, dado o rendimento e preços.

• o consumidor pode sempre comprar qualquer cabaz que está ao longo da


restrição orçamental

• o consumidor também pode adquiri qualquer cabaz situado dentro dos limites
do triângulo orçamental » neste ponto, o rendimento não é todo gasto

• acima da reta de restrição orçamental, o cabaz de consumo está acima das

possibilidades do consumidor.

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ALTERAÇÕES NA RESTRIÇÃO ORÇAMENTAL

O declive e a posição da restrição orçamental são definidos pelo preço do bem e pelo
rendimento do consumidor. Se qualquer um destes se alterar, teremos uma nova
restrição orçamental.

ALTERAÇÕES NO PREÇO

Uma subida do preço de um bem corresponde a uma diminuição da quantidade máxima


a comprar desse bem e vice-versa.

• Quando o preço de um bem se altera, a ordenada na origem da restrição


orçamental mantém-se inalterada.

• A restrição orçamental roda em torno dessa interceção.

ALTERAÇÕES NO RENDIMENTO

Uma variação do rendimento, desde que a razão dos preços e mantenha constante,
corresponde a uma deslocação paralela da restrição orçamental.

• O efeito da alteração do rendimento é exatamente o mesmo que o efeito de


uma alteração proporcionalmente igual em todos os preços.

RESTRIÇÃO ORÇAMENTAL ENVOLVENDO MAIS QUE DOIS BENS

Não existem muitos consumidores com opções de compra de apenas dois bens. O
problema de orçamento pode ser colocado como uma escolha entre N bens diferentes,
onde N pode ser um número bastante vasto.

• Com N=2, a restrição orçamental é uma reta,


• com N=3, a restrição orçamental é um plano,
• com N>3, um plano multidimensional. A grande dificuldade é representar este
gráfico multidimensional.

25
Alfred Marshall propôs uma solução simples – o consumidor tem de escolher um dado
bem específico (X) e um conjunto de outros bens denominado Y.

Este Y é a quantidade de dinheiro que o consumidor gasta em todos os outros bens,


excluindo X. A este conjunto de bens designamos por BEM COMPÓSITO.

CURVAS DE INDIFERENÇA

Designamos as curvas de indiferença como um conjunto de pontos que representam


diferentes combinações de bens que possibilitam ao consumidor o mesmo índice de
satisfação.

• Uma curva de indiferença permite-nos comparar a satisfação implícita nos


cabazes que se situam ao longo da mesma com a dos que se situam acima ou
abaixo da referida curva.

Propriedades das Curvas de Indiferença

1) Decrescentes da esquerda para a direita: uma CI nunca poderia ser horizontal,


porque por exemplo, isso significaria que o consumidor obteria o mesmo nível
de satisfação com (por ex.) 1 unidade do bem Y com 1,2,3,4,5,6 unidades do bem
X. =efeito de substituição entre bens.
2) Convexidade em relação à origem: esta propriedade implica que, em ordem a
aumentar o stock do bem X o consumidor está disposto a privar-se de uma
quantidade cada vez menor de Y.= relações de troca decrescente
3) As curvas de indiferença nunca se cruzam: proporcionam utilidades iguais
4) Quanto mais afastadas da origem, maior o índice de satisfação do consumidor

26
3.3 UTILIDADE
Todos consumimos bens porque eles nos proporcionam um determinado bem-estar,
nos dão uma determinada satisfação, têm uma determinada “UTILIDADE” para nós. A
partir do rendimento limitado de que dispomos, escolhemos adquirir os bens que têm
uma maior utilidade.
» O objectivo de qualquer consumidor é maximizar a utilidade total.

EXEMPLO: Suponha o consumo semanal de maçãs

A UTILIDADE TOTAL é a satisfação que a quantidade total consumida de maçãs


proporciona ao consumidor. Pelo contrário, a utilidade marginal de uma maçã é o
acréscimo de utilidade total que cada maçã adicional proporciona ao consumidor.

Quantidade Utilidade Total Utilidade Marginal


0 0 ---
1 18 18
2 30 12
3 40 10
4 45 5

A UTILIDADE MARGINAL dos bens tende a ser decrescente – à medida que aumenta a
quantidade consumida o acréscimo de satisfação por cada unidade adicional do bem vai
sendo cada vez menor. É a LEI DA UTILIDADE MARGINAL DECRESCENTE.
Porquê?
Porque as primeiras unidades consumidas tendem a proporcionar uma maior satisfação
aos consumidores. Se isto acontece, o preço que os consumidores estão dispostos a
pagar pelo bem vai diminuindo à medida que o consumo aumenta, o que se traduz
numa curva da procura decrescente.
Utilidade total ≠ Utilidade Marginal
Utilidade Marginal Decrescente => Curva da Procura Decrescente

27
IV TEORIA DA EMPRESA

Conceitos Básicos

Existem duas ópticas na análise do Modelo Básico do comportamento do produtor:

- da PRODUÇÃO, que estuda a forma como os factores produtivos são combinados para
produzir bens e serviços (1º nível de eficiência);

- dos CUSTOS, que estuda a forma como os custos da empresa variam com a quantidade
produzida (2º nível de eficiência)

É necessária a compreensão de conceitos básicos para um perfeito entendimento dos 2


capítulos seguintes.

Empresa: unidade técnica que produz bens e serviços.

Empresário: quem decide quando, quanto e como se efetuará a produção das mercadorias.
Incorre em lucros ou prejuízos conforme as decisões que vai tomando.

Factores Produtivos: são bens e serviços transformáveis em produção. Por exemplo, na


construção civil os factores produtivos são: mão-de-obra, tijolos, água, madeira, cimento,…

Produção: transformação dos factores produtivos adquiridos pela empresa em bens e serviços
para ocorrer venda no mercado. A produção é um conceito bastante amplo porque não envolve
apenas a transformação física dos produtos mas também a oferta de serviços como,
transportes, serviços bancários, …

Tecnologia: conjunto de processos de produção conhecidos. A técnica economicamente mais


eficiente é aquela que permitirá a obtenção do mesmo nível de produção do que as técnicas
alternativas, ao menor, custo possível.

28
4.1 TEORIA DA PRODUÇÃO

A FUNÇÃO PRODUÇÃO determina a quantidade máxima de produto que pode ser


produzida com uma dada quantidade de factores de produção. É definida para um
desenvolvimento técnico e um conhecimento tecnológico determinados e consta em:

- qualquer atividade que crie utilidade no presente ou no futuro

- combinação de inputs para obtenção de um dado output

Tecnologia: como combinar inputs para obter output?

Decisões: que tecnologia empregar? Que quantidade de output se pretende obter? Que
quantidade de inputs a empregar?

Output (= Produto) : bem ou serviço que proporcione valor de uso.

Inputs : consumos intermédios e finais

Admitamos que a função produção utiliza dois factores produtivos, o capital (K) e o
trabalho (L). A função produção pode ser representada da seguinte forma:

Q = f (K, L)

FACTORES PRODUTIVOS FIXOS E VARIÁVEIS

FIXOS: o nível de utilização dos factores permanece constante apesar do nível de


produção em certo período variar.

- Consideramos o capital como factor fixo.

VARIÁVEIS: factores produtivos cuja quantidade pode ser alterada livremente

29
CURTO E LONGO PRAZOS

No CURTO PRAZO, um ou mais factores produtivos não podem ser alterados, pois
estamos a ajustar a produção à alteração dos factores variáveis.

No LONGO PRAZO, ajustamos os montantes de todos os factores produtivos. No l.p.


todos os factores são variáveis.

(Relembrar o conceito de Elasticidades)

RELAÇÕES ENTRE PRODUTO TOTAL, MÉDIO E MARGINAL

• O PRODUTO TOTAL designa a quantidade total realizada de um produto em unidades


físicas.
• Uma vez conhecido o produto total, é fácil deduzir um conceito importante: o de
produto marginal (marginal = adicional).

• O PRODUTO MÉDIO é igual ao produto total dividido pela totalidade de unidades do


factor de produção.
• O PRODUTO MARGINAL de um factor de produção é o produto adicional ou produto
acrescentado por uma unidade adicional desse factor, mantendo os restantes
factores constantes.

Função de produção indica "Produto Total"


Produto Médio (ou Produtividade Média): PMDL = Q / L
Produto (ou Produtividade) Marginal: Pmg= Q / L

LEI DOS RENDIMENTOS DECRESCENTES

Ao adicionarem-se mais unidades do factor produtivo variável, se se mantiver(em) o(s)


outro(s) factor(es) constante(s), os aumentos na produção serão proporcionalmente
inferiores

= A partir de um dado nível do factor variável, a taxa de crescimento da


produção vem inferior à taxa de crescimento do factor variável

30
P. Total
Q

Q = f(K,L)

L
Pmg/Pmd

31
4.2 TEORIA DOS CUSTOS E DECISÕES DA EMPRESA
Conceitos Básicos e definição dos diferentes custos
Podemos dividir os custos de produção em:
• CUSTOS FIXOS (independentes da quantidade produzida)
• CUSTOS VARIÁVEIS (dependem da quantidade produzida)

CT(Q) = CF + CV
CT(0) = CF, pois CV(0) = 0

CUSTO MÉDIO = CT/Q = (CF+CV)/Q = Custo Fixo Médio + Custo Variável Médio
CUSTO MARGINAL – acréscimo de custo total por cada unidade adicional que é
produzida. Cmg = ΔCT/ΔQ

CT

Q
CT CT
CF
CV CV

CF
32 Q
Questões para revisão retiradas de exames de Economia Política:

1. O que são factores produtivos fixos e variáveis?


2. Quais são os períodos de tempo relevantes para uma empresa. Explique cada um deles.
3. Defina Lei dos Rendimentos Decrescentes.
4. Complete as relações ao nível dos custos de uma empresa que opera no curto prazo:
CT = _____ + _____
CFM = _____ /_____
CMD = CFM + _____
CMG = _____/_____ ou CV / ____
CMD = _____/_____ + ____/_____
CT = ______ x CMD
CV = Q x _______

5. Refira se as seguintes afirmações são verdadeiras ou falsas:


5.1 O custo marginal é o resultado da divisão do CVM pela variação de uma unidade na
produção da empresa
5.2 O PMD é conhecido como a mudança no produto total resultante da adição de uma
unidade de factor variável.
5.3 o longo prazo é o período de tempo em que, pelo menos, um dos factores permanece
fixo.
5.4 Quando o Produto Total é máximo o Produto Marginal é igual a zero.
5.5 Quando o Produto Total cresce a taxas crescentes, o Produto Marginal decresce a
taxas crescentes.

33
V. ESTRUTURAS DE MERCADO

5.1 CONCORRÊNCIA PERFEITA

De forma a prever a quantidade de produto que uma empresa concorrencial produz, os


economistas desenvolveram a teoria da concorrência perfeita.

Existem 4 CONDIÇÕES que definem um mercado de concorrência perfeita:

• As empresas vendem um produto padronizado: o produto que é tido é


tido como um substituto perfeito do produto vendido por outra empresa
qualquer.

• As empresas são “price takers”: as empresas individualmente aceitam o


preço de mercado como um dado. Esta condição será mais provavelmente
satisfeita quando o mercado é servido por um por um grande número de
empresas, pois cada uma delas produz uma quantia ínfima da produção
total do sector.

• Mobilidade perfeita dos fatores produtivos no longo prazo: esta


condição baseia-se, por exemplo, de uma empresa contratar os fatores
produtivos que forem necessários para tirar partido e rentabilidade de uma
oportunidade de negócio. Outro exemplo que retrata bem esta condição,
reside no facto de certas indústrias se deslocalizarem para contratarem
mão-de-obra mais barata.

• As empresas e os consumidores possuem informação perfeita: esta


hipótese é interpretada como o sinónimo de que as pessoas podem
adquirir facilmente a maioria da informação que é mais relevante face às
suas alternativas.

34
5.2 MONOPÓLIO

Um monopólio é uma estrutura de mercado na qual um único vendedor de um


produto sem substitutos próximos serve todo o mercado.

A característica fundamental que distingue o monopólio da concorrência perfeita é a


elasticidade preço-procura que a empresa enfrenta.

• No caso da concorrente perfeita a elasticidade é infinita, pois se uma empresa


aumenta levemente o seu preço, perderá todas as suas vendas.

• Um monopólio, contrariamente, possui um controlo significativo sobre o preço


que cobra.

CAUSAS DE MONOPÓLIO

Como é que uma empresa se torna em monopolista?

Existem 4 fatores em que cada um deles, ou qualquer combinação, permite que a


empresa se torne num monopólio:

1. Controlo exclusivo de um fator fundamental: a posição monopolista relativa


aos compradores é o resultado de um controlo exclusivo de fatores produtivos
que não podem facilmente ser duplicados.
2. Economias de Escala: quando a forma menos dispendiosa de servir o mercado
é concentrar a produção numa única empresa. O mercado que é abastecido de
forma menos dispendiosa por uma única empresa é Monopólio Natural.
3. Patentes: uma patente confere o direito do benefício exclusivo que resulta de
todas as trocas que dizem respeito à invenção em causa. As patentes têm custos
e benefícios: - custos para os consumidores porque a existência de monopólio dá
origem a preços mais elevados; - benefícios porque as patentes resultam de um
grande esforço e capacidade de investigação.
4. Licenças ou Franchises do governo: em muitos mercados, a lei permite que
uma única empresa exerça determinada atividade produtiva se tiver uma licença
governamental. As licenças do governo são acompanhadas de regulamentação
própria e rigorosa que estipulam o que é e o que não é permitido.

35
RAZÕES PARA INTERVENÇÃO ESTATAL EM MONOPÓLIO

1. Propriedade Pública e Gestão

A eficiência impõe que o preço seja igual ao Cmg, o que cria dificuldade para o
monopólio. Uma opção para contornar esta dificuldade poderá ser o Estado tomar
conta da indústria, uma vez que não é obrigado a obter pelo menos um lucro económico
normal.

Torna-se, então, possível fixar um preço igual ao custo marginal e absorver as perdas
económicas daí resultantes através das receitas fiscais.

2. Regulamentação Estatal dos Monopólios Privados

Esta alternativa consiste em deixar a posse dos monopólios nas mãos de empresas
privadas e legislar de forma a evitar o grau de discrição para a fixação dos preços (ex:
regulação estatal das empresas que fornecem água, eletricidade, telecomunições,…).

3. Contratação Exclusiva de um Monopólio Natural

Com a concorrência entre potenciais concorrentes através de concursos públicos,


consegue-se atingir uma situação de eficiência sem desperdício de recursos.

A vantagem das contratações privadas para a manutenção de serviços monopolistas


naturais é o facto de se retirar atividades que até então não possuíam custos baixos.

4. Aplicação rigorosa das leis Anti-Trust

Estas leis têm em vista impedir a fusão de empresas concorrentes, cuja combinação de
quotas de mercado exceda uma parte determinada do total de produção da indústria.

36
Estas leis servem a economia e sociedade quando impedem que os acordos de preços
ou desencorajam as combinações em indústrias onde a tecnologia é compatível com a
concorrência entre empresas.

5. Política baseada no Laissez Faire

Apresenta-se a possibilidade de deixar atuar livremente o monopólio, ou seja, produzir a


quantidade que deseje e vendê-la ao preço comportável pelo mercado.

Apesar desta possibilidade trazer problemas de eficiência e justiça, poderá ser a melhor
opção em situações em que o monopolista conseguiu meios de segmentar o mercado.

37
5.3 OLIGOPÓLIO

Em muitas indústrias, especialmente nas que se apoiam na ciência e nas que recorrem
a tecnologias avançadas, encontramos uma situação de mercado conhecida como
“oligopólio”.

Tal como o nome indica, é uma situação em que o mercado é dominado “por poucos”,
em que um pequeno número de empresas assegura praticamente toda a produção da
indústria. Encontramos bons exemplos de oligopólios nas indústrias de petróleo, de
detergentes, de pneus, de automóveis, …

• Os oligopolistas não se mostram muito atraídos pela concorrência de preços,


pois sabem que qualquer movimento no sentido da redução dos seus preços
conduzirá a uma reação semelhante por parte dos seus concorrentes.
• Assim, entre oligopolistas a interação estratégia vai ocupar um papel principal,
ou seja, existirá interdependência nas decisões estratégicas das empresas pois
a decisão de uma empresa afeta as restantes e vice-versa.

5.4 CONCORRÊNCIA MONOPOLÍSTICA

Esta estrutura é definida por duas condições:

1. Existência de um número elevado de empresas produzindo cada uma delas um


produto substituto próximo, mas imperfeito, dos produtos das outras
empresas.
2. As empresas têm liberdade de entrar e sair do mercado

Neste modelo, os clientes têm preferência por determinadas localizações ou por


características do produto.

Daqui resulta que as empresas tendem a competir mais intensamente tentando apelar
aos compradores dos produtos que são mais idênticos aos seus.

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