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Conceitos: unidade 1
- Economia: Ciência social, que estuda a forma como as pessoas, individualmente, e a sociedade, no
seu conjunto, tomam decisões e interagem para utilizar os recursos produtivos escassos de que
dispõem, na produção de bens e serviços, que serão distribuídos entre os vários indivíduos e grupos
sociais, com o objetivo de satisfazer as necessidades humanas.
Política:
Andrew Heywood: “A política, no seu sentido mais amplo, é a atividade através da qual as pessoas
fazem, preservam e alteram as regras gerais sob as quais vivem”
Maltez: “Influenciado por todos os outros, o sistema político tem as suas leis próprias de
desenvolvimento e, por seu lado, influencia todos os outros, dado que é através dele que são tomadas
as decisões que visam conseguir os objetivos da coletividade considerada como um todo”
Economia Política: Interação entre o sistema político e a esfera económica constitui-se como objeto de
estudo da economia política.
Custo de oportunidade: corresponde ao valor da segunda melhor alternativa, que sacrificámos ao escolher
utilizar recursos de que dispomos de determinada forma. O que escolhemos perante essa escola
denomina-se de custo benefício.
Noção económica de necessidades:
Todos os desejos que as pessoas gostariam de ver satisfeitos (se não tivessem restrições de dinheiro ou
tempo) : - é uma noção subjetiva
Necessidade: corresponde a um “estado psicológico de insatisfação, consciente quanto à existência, e
quanto à acessibilidade, de um meio adequado a fazer cessar aquele estado e orientado para obter esse
meio”.
Satisfação de necessidades
Um bem é algo que satisfaz direta ou indiretamente uma necessidade, isto é, algo útil
Prescreve como deveriam funcionar as economias e como deveriam ser os comportamentos dos agentes
económicos (o que deveria ser feito).
Emite juízos de valor (afirmações normativas).
Macroeconomia: Estudo do desempenho das economias nacionais e das políticas que os governos
adotam para tentar melhorar esse desempenho.
Economia política internacional: área interdisciplinar que cruza a economia, a ciência política e as relações
internacionais. Estuda como é que a política molda os desenvolvimentos na economia global e como é que
esta molda a política. Compreender os desenvolvimentos na economia global obriga-nos a recorrer à teoria
económica, explorar a política doméstica, analisar as dinâmicas das interações políticas entre governos, e
familiarizarmo-nos com as organizações económicas internacionais.
Economia política comparada: parte da perspetiva abrangente da economia política clássica e introduz uma
metodologia comparativa na análise dos resultados económicos entre diversos países. Foca-se na “riqueza
das nações”, analisando modelos alternativos de capitalismo tendo em consideração a regulação e interação
entre domínios como o mercado de trabalho, relações industriais, corporate governance e o
Estado-providência.
- A resposta às 3 questões depende do tipo de sistema económico que tiver sido adotado:
Economia Pura de Mercado: Segue as bases do liberalismo económico, ou seja, resolve os problemas
económicos fundamentais através do livre jogo da oferta e da procura, quer no mercado de bens e serviços,
quer no mercado de fatores de produção.
- Que tipo de bens e serviços serão produzidos: será decidido pela procura dos consumidores. A
quantidade a produzir será determinada pela atuação dos consumidores e dos produtores no
mercado, atingindo-se o equilíbrio entre a procura e a oferta através do ajustamento automático do
mecanismo de mercados.
- Como produzir: Concorrência entre produtores, aderindo ao método de produção mais barato e
eficiente, de forma a maximizar o seu lucro.
- Para quem produzir: Oferta e procura no mercado de fatores de produção, que oferecem as
remunerações: salários (trabalhadores); juros (capital); rendas (detentores da terra) e lucros
(empresários), formando o rendimento global.
Economia Mista de Mercado: Sistema híbrido; consiste em o mercado ter um papel fundamental como
produtor e distribuidor dos bens e serviços, funcionando o sistema de preços como mecanismo de exclusão,
e o Estado assumir um papel regulador da atividade dos agentes de mercado, tentando corrigir algumas das
suas limitações e cumprir funções que, pela sua natureza não cabem aos mecanismos de mercado.
→ O mercado não tem preocupações de justiça social e o preço acaba por funcionar como um instrumento
de exclusão ou de acesso aos bens e serviços transacionados.
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- É problemático generalizar o capitalismo de Estado devido à heterogeneidade entre os vários países.
- O sistema chinês assentou, no início da década de 1980, na descentralização do controlo estatal para
órgãos de governação provincial, municipal e local, permitindo ao sector privado desenvolver-se
através da competição. Atualmente o Governo detém grande parte das empresas e interfere na
governação das empresas privadas, nomeando membros do Partido Comunista Chinês para os
Conselhos de Administração destas.
- Na Rússia, o Governo detém menos empresas, mas a competição entre estas é estrangulada e as
grandes empresas estratégicas têm administradores nomeados pelo governo.
5 ameaças ao sistema internacional:
- Em democracias recentes, concentração de poder em poucos líderes e erosão democrática;
- Potencial instabilidade política nos países onde a liberdade política já foi erodida;
- Nos países economicamente menos eficientes, como a Rússia, possíveis colapsos económicos com
repercussões na economia global;
- Os economicamente mais eficientes, como a China, poderão promover o seu modelo como alternativo ao
livre mercado;
- Os mais autocráticos e poderosos podem utilizar as SOE’s como arma de guerra
ESCOLAS DE PENSAMENTO POLÍTICO - unidade 2
Heterodoxos 1875-1973 -
- Riqueza e o desenvolvimento de país era proporcional à quantidade de metais preciosos (ouro) que
tinham;
- Forte intervenção do Estado na atividade económica;
- Objectivos da política económica: exportações > importações;
- Política comercial restritiva: restrições às importações e pactos coloniais; medidas protecionistas
- Política industrial: selecção dos sectores a desenvolver, com apoios públicos;
- Importância das manufacturas: termos de troca (Colbert); Tratado de Methuen;
- Grandes limitações: tendência para gerar conflito;
- Beneficiários: nobreza e burguesia;
Fisiocracia: 1750-1780
Sofre influência do iluminismo e se opõe ao mercantilismo. O pensamento fisiocrata impõe que a
agricultura (classe produtiva) é o verdadeiro modo de gerar riqueza, possibilitando maior margem de lucro
mesmo com pouco investimento.
Thomas Malthus: crescimento demográfico - aumento da produção agrícola (diminuição dos padrões gerais
de vida porque os recursos utilizados são finitos e, por isso, deixaria de haver comida, face ao grande
crescimento populacional).
Jean Baptiste Say: Lei de Say: a oferta cria a procura - a oferta de um produto cria a procura de outros
produtos. Os trabalhadores e capitalistas que produzem um produto investem os seus rendimentos em
outros produtos, criando oferta em outros produtos.
Nacionalismo económico
Protecção das indústrias nascentes nos EUA e na Alemanha em face do liberalismo e comércio livre da
Grã-Bretanha industrializada.
Alexander Hamilton:
- “os Estados Unidos apenas poderiam preservar a sua independência e segurança ao promoverem o
desenvolvimento económico por via da industrialização, intervenção governamental e
proteccionismo”
- o governo dos EUA teria de promover o uso de tecnologia estrangeira, capital e mão-de-obra
qualificada e adoptar políticas proteccionistas, como tarifas e quotas para impulsionar as suas
indústrias nascentes
Friedrich List:
- Categoria de análise: a nação, em vez do Estado (mercantilismo) e do indivíduo (liberalismo)
- A capacidade produtiva de uma nação, que determina o seu poder e influência na economia
mundial, depende das condições sociais e políticas. O mercado não é ‘natural’. A economia nacional,
o Estado e as suas políticas e instituições encontram-se socialmente incorporados num amplo
projecto nacional e conjuntos de condições históricas, sociais e culturais.
- Para List a riqueza é um fenómeno nacional, não individual. A criação de riqueza resulta de um
esforço coletivo enquadrado por um projecto nacional, não da auto-suficiência individual.
- List rejeita o individualismo metodológico do liberalismo e adota um nacionalismo metodológico.
• Os interesses privados têm de ser subordinados ao interesse público, naquilo que se chama uma
“economia social da nação''. A capacidade produtiva desta depende do desenvolvimento e refinamento
do intelecto, das capacidades e do ‘capital mental’.
• O nacionalismo económico baseia-se na identidade nacional, nas tradições, ideias e instituições
especificamente nacionais, ou seja, um propósito nacional, contrastando com o individualismo
metodológico liberal.
• Toda a atividade económica é moldada e até talvez subordinada às relações de poder políticas e às
instituições como o Estado. Disto decorre também que não existe “livre comércio” e “competição
irrestrita''.
• List defendeu um sistema protetor da economia nacional, em particular das indústrias nascentes alemãs,
assente em taxas alfandegárias, regulamentações comerciais e intervenção do estado com projectos
nacionais.
• As indústrias nascentes, sem proteção, não conseguem competir com as indústrias consolidadas de
nações mais desenvolvidas. Esta ideia encontra-se em John Stuart Mill e tem ecos em Smith, que
concordava com restrições temporárias em casos de necessidade (medidas temporárias para os liberais e de
médio prazo para List, como instrumentos importantes para o desenvolvimento das nações).
MARXISMO: 1850-1989
Karl Marx:
• Associado a regimes autoritários e totalitários com economias planificadas no século XX, o que não afeta o
seu contributo enquanto crítico do capitalismo, tendo fornecido um arsenal de ferramentas para o analisar,
ainda que se deva salientar o seu viés normativo anti-capitalista.
• Parte dos trabalhos de Smith e Ricardo para chegar a conclusões diferentes e críticas (ignoraram o papel
das classes sociais).
• Materialismo dialéctico: base do pensamento marxista. Materialista porque assume o primado da
matéria sobre as ideias. Marx inspira-se em Hegel e vai buscar a dialética, a evolução por oposições
sucessivas (tese, antítese, síntese), mas revendo-a, passando da primazia do idealismo para a do
materialismo.
• Materialismo histórico ou conceção materialista da história: análise da evolução histórica pela aplicação
do materialismo dialéctico, observando as condições materiais que enformam os modos de produção e
visando “descobrir a lógica interna dos acontecimentos históricos e explicá-los de maneira a compreender o
passado e o presente, mas também a prever o futuro”.
• Modo de produção: resulta da combinação das forças produtivas e das relações de produção.
• Meios de produção: também chamados bens de capital, são as matérias-primas, infraestruturas,
máquinas e ferramentas.
• Forças produtivas: mão de obra.
• Relações de produção: relações entre cada pessoa com diferentes posicionamentos no processo
produtivo; determinam as classes sociais.
• Infraestrutura e superestrutura:
- Infraestrutura: económica (modo de produção)
- Superestrutura: ideológica (instituições jurídicas e políticas, ideologias filosofias)
• Luta de classes: as relações entre as duas classes (relações de produção), são antagónicas e conflituais. A
dependência é desequilibrada em favor dos capitalistas, visto que os trabalhadores não têm controlo sobre
o seu próprio trabalho e os capitalistas exploram-nos ao expropriá-los das mais valias. Apropriam-se dos
produtos do trabalho enquanto pagam aos trabalhadores menos do que o seu trabalho vale. Exploram
parasiticamente os trabalhadores. Aos trabalhadores é pago o salário que lhes permite subsistir de forma a
continuarem a produzir bens e o aumento dos desempregados permite continuar a explorar os
trabalhadores.
- Marx e Engels consideraram que o fim da luta de classes entre os homens significaria também o fim
dos conflitos entre as nações, pois desapareceriam as causas estruturais da guerra. (...) a solução
para as dificuldades do capitalismo é uma revolução a nível mundial, algo que era inevitável, dadas
as dinâmicas que se haviam identificado, e que era desejável, formando, portanto, a base de
trabalho dos partidos comunistas.
• Alienação dos trabalhadores: provocada pela divisão do trabalho: desligamento do significado do que o
Homem produz.
• Exploração dos trabalhadores: A exploração é uma dinâmica inerente ao capitalismo. A mais valia criada
pelo trabalho, mas apropriada pelo capitalista sob a forma de lucros gerados pela venda de bens é a fonte
de riqueza no capitalismo, pelo que os capitalistas são impelidos a aprofundar a exploração para
aumentarem os lucros e acumulem capital que leva ao aumento dos mais de produção. A exploração
conduz à sobreprodução, manutenção de salários baixos leva ao subconsumo e com o crescimento
demográfico aumenta o desemprego- contradição na origem das crises do capitalismo.
Lenine:
• Lenine segue a visão principal, em que o Estado é um instrumento de dominação, de opressão, por parte
da classe dominante, ou seja, o aparelho repressivo da burguesia.
• É o Estado burguês, capitalista, que deve ser destruído por uma revolução violenta que o substitua por
uma ditadura do proletariado. A revolução abole o Estado burguês.
• O Estado proletário coletiviza os meios de produção e acaba com as desigualdades e antagonismos de
classe, chegando-se a uma sociedade sem classes em que o próprio Estado proletário se extingue, é
superado, pois não há classe a oprimir, deixa de ser necessário como instrumento de repressão.
Antonio Gramsci:
• A hegemonia é a prática não coercitiva da classe dominante que visa persuadir a classe dominada para os
seus valores morais, políticos e culturais elaborando uma ficção de um interesse geral. É a hegemonia
ideológica, exercida através de instrumentos de dominação (como o Estado), mas não pela força ou
repressão.
• É uma abordagem de cariz ideológico e cultural, que não nega a importância da repressão exercida pelo
Estado, mas salienta a capacidade de a classe dominante influenciar e moldar as percepções das classes
dominadas, convencendo-as da legitimidade do sistema existente ou da futilidade da resistência.
• Para Jevons e Walras, a economia, para ser considerada científica, tinha de ser uma ciência matemática:
- Os que acolheram a modelização matemática tiveram de partir de modelos altamente simplificados
da economia baseados nas assunções já mencionadas e também na assunção de concorrência
perfeita como estrutura dos mercados. São estas assunções simplificadoras que permitem formular
leis que podem ser generalizadas para todas as épocas e lugares.
Alfred Marshall:
● ”A curva da oferta é construída pela interação de indivíduos dispostos a fornecer bens e serviços ao
mercado baseados nas considerações individuais sobre o custo de oportunidade, o custo da
alternativa não escolhida para o uso do tempo, trabalho e energia”.
● “Similarmente, as preferências individuais da procura acumulam-se para moldar a curva da procura,
mas estas preferências podem ser muito específicas devido aos gostos dos indivíduos e não podem
simplesmente ser assumidas como crescendo em função do crescimento populacional, como os
economistas clássicos sugeriram.”
● Assumiu que a natureza volátil das preferências dos consumidores impediria comportamentos
monopolísticos abusivos.
Equilíbrio de mercado: Da interação entre a procura e a oferta, num mercado em concorrência perfeita,
resulta um preço de equilíbrio e uma quantidade de equilíbrio. Este equilíbrio dá-se quando para um
determinado preço a quantidade procurada iguala a quantidade oferecida.
• Mas os marginalistas não defenderam que os seus modelos refletiam acertadamente o funcionamento
dos mercados na prática. Eram apenas ferramentas para tornar a análise económica mais científica, o que
levou à separação entre a economia e a economia política, ou seja, a despolitização da economia política,
com a economia assente nos princípios liberais.
• O mercado deve ser deixado por sua própria conta e a interferência política deve ser reduzida ao
mínimo (laissez faire). A partir disto, os economistas construíram modelos que assumem a propensão para o
equilíbrio como inerente aos mercados livres.
Curva da procura:
Heterodoxos: 1875-1973
ESCOLA AUSTRÍACA: 1871-1954
Friedrich A. Hayek (1899-1992):
- O edifício teórico hayekiano:
Ordem espontânea (kosmos, grown order, Ordem de organização (taxis, made order, simples,
complexa, sociedade civil, sociedades abertas) sociedades fechadas)
protecionismo
1929
crash bolsa
colapso do sistema financeiro
Divergência entre economistas:
- crise revela desequilíbrio temporário (liberais)
- crise revela contradições fundamentais do sistema capitalista (marxismo)
- crise é a consequência do predomínio da finança sobre a economia (intervenção mais ativa do
Estado com políticas económicas e sociais)
Política macroeconómica: análise que trata o comportamento da economia como um todo no que respeita
ao produto, ao rendimento, nível de preços, so comércio externo, ao desemprego e a outras variáveis
económicas agregadas
- Política Orçamental e Fiscal: Decisões que determinam a quantidade e a composição das despesas e
receitas públicas: Despesa pública (Gastos e Transferências do Estado) e Impostos.
- Política Monetária: Controlo da oferta de moeda para determinar as taxas de juro.
- Política Comercial e Cambial: Medidas tendentes a dinamizar relações equilibradas com o exterior.
- Política Estrutural: Políticas governamentais no sentido de reformar a estrutura subjacente, ou as
instituições da economia.
Ciclos económicos:
- flutuações do produto, preços, emprego
- fases: expansões, pico (viragem), recessões, fundo (viragem)
- recorrentes, mas não têm sempre a mesma duração (duração,ocorrência)
- vários tipos: juglar (7-11) Kuznets (15-25), Kondratiev (45-60)
- Política económica: alisar os ciclos. Os ciclos são indesejáveis.
PIB
Nível adequado/elevado e Produto Taxa de variação em cadeia do PIB real
crescimento do produto PIB per capita
Hiato do produto
- outros objetivos: equilíbrio externo, equilíbrio das finanças públicas, (re)distribuição de rendimento, etc.
1º objectivo da PE: Promover o crescimento económico:
Produto: (Medida do) Produto: valor dos bens e serviços finais produzidos numa economia, em
determinado período de tempo (normalmente um ano), medido em unidades monetárias - geralmente
medido pelo PIB. Se medido a preços constantes de um determinado ano base: produto real. Se medido a
preços correntes: produto nominal.
Paridade de Poder de Compra (PPC): capacidade de aquisição de bens e serviços em cada país:
- Unidade ‘monetária’ artificial que elimina as diferenças ao nível do poder de compra, isto é,
diferentes níveis de preços entre países. Assim, o mesmo agregado nominal em dois países com
diferentes níveis de preços pode resultar em diferentes valores de poder de compra.
Produto Efetivo:
- Valor dos bens e serviços finais produzidos numa economia, em determinado período de tempo,
medido em unidades monetárias.
Produto Potencial:
- Produção máxima que a economia pode alcançar, em determinado período de tempo dados a
tecnologia, o capital, o trabalho e os recursos disponíveis, na ausência de ciclos económicos
(fronteira de possibilidades de produção).
Equilíbrio macroeconómico:
O Estado e o mercado - unidade 3
↙
A dicotomia público/privado reaparece sob a forma da distinção entre a sociedade políticas (de desiguais) e
a sociedade económica (de iguais). Do ponto de vista do agente característico de cada uma, realizou-se uma
distinção entre a sociedade do cidadão que atende ao interesse público e a do burguês que cuida dos seus
próprios interesses privados em competição ou colaboração com outros indivíduos. - Bobbio
Restrições escritas – regras, regulamentos, leis, Restrições não escritas, como sejam
constituições, contratos, direitos de propriedade, acordos normas de comportamento, convenções,
de negociação – ou organizações, que são definidas, antes códigos de conduta.
de mais, por um sistema de regras, regulamentos e ou leis
determinando a posição e funções que cada agente ocupa
numa estrutura hierárquica.
Para o mercado existir: necessita de um conjunto de instituições: “propriedade privada, contratos, leis de
defesa da concorrência, tribunais que dirimam litígios e polícias.”
E para funcionar através da mão invisível os indivíduos prosseguem os seus interesses privados, mas acabam
por contribuir para o bem-estar geral da sociedade. O mercado necessita de ser competitivo (sem poder de
monopólio) para a produção de bens privados seja realizada de forma eficiente pelos mercados.
Quando as decisões de certos agentes afetam o bem-estar de outros e esse efeito externo não é
transmitido pelo sistema de preços (externalidades - poluição)
Quando certos agentes têm muito mais informação do que outros acerca dos bens transaccionados
O papel do Estado
As funções do Estado num contexto de economia mista
O papel do Estado enquanto regulador da atividade económica tem constituído um tema permanente de
discussão na teoria económica. Para uns, é necessária uma maior intervenção do Estado em determinados
domínios da vida económica. Para os economistas de índole mais liberal, o Estado deve limitar-se à
atividade legislativa de regulamentação do funcionamento de mercados.
Atualmente, os poderes públicos intervêm na atividade económica com determinadas funções específicas
(Estado regulador), utilizando as políticas económicas que têm ao seu dispor (monetária, fiscal, orçamental,
cambial,..)
FUNÇÕES PRIMORDIAIS do Estado Regulador (economia mista)
- Aumentar da eficiência
- Promoção da equidade
- Crescimento económico e estabilização macroeconómica
Aumentar da eficiência:
- Corresponde a uma situação em que a utilização de recursos para a satisfação dos desejos e das
necessidades da população é realizada de tal forma que não é possível alterar a produção e a
afetação de bens de forma a aumentar o bem-estar económico de um indivíduo sem piorar o de
outro.
Mão invisível: na prática, não há (existem poucos) mercados de concorrência perfeita, havendo falhas de
mercado (externalidades negativas, que conduzem a um resultado ineficiente ao nível das quantidades
produzidas/ transacionadas dos bens - segunda falha da mão invisível)
Promoção da equidade:
- Os poderes públicos dispõem de um conjunto de políticas económicas que podem manusear, no
sentido de aproximar a distribuição da riqueza da noção de justiça existente nessa sociedade
(através da implementação de impostos progressivos, de subsídios ou de reforços nos mecanismos
de segurança social).
- Coeficiente de Gini: medida utilizada para medir o nível de desigualdade na distribuição de
rendimentos que existe no interior de uma sociedade (medido de 0 a 1).
Crescimento económico e estabilização macroeconómica:
A função de estabilização requer que o Estado reduza a amplitude dos ciclos económicos, recorrendo às
políticas económicas (fiscal, monetária, orçamental,..)
Um dos objetivos mais importantes da política económica é a procura do pleno emprego e a estabilidade
dos preços (crítica à inflação).
Estratégia com antecedentes nas décadas de 1920 e 1930, fortemente prosseguida entre as décadas de
1950 e 1970 na América Latina (Brasil, Argentina, México, Chile) e em África (Nigéria, Gana, Tanzânia,
Zâmbia).
Problemas:
• Défices orçamentais: investimentos, subsidiação de empresas - muitas delas ineficientes -, subsidiação de
bens essenciais, expansão do número de funcionários públicos;
• Défices da balança corrente: aumento da procura por importações de maquinaria e partes não
produzidas localmente e diminuição das exportações (indústrias pouco competitivas internacionalmente);
• Reformas impossibilitadas por grupos domésticos com poder de veto: rent- seeking, cronyism.
• Recurso à dívida externa para sustentar esta situação: crise na década de 1980.
• A contestação ao papel do Estado não ocorre apenas no nível doméstico, mas também no internacional:
- Globalização do modelo político da democracia liberal e do modelo económico capitalista.
- Aumento do comércio internacional, dos fluxos financeiros, dos processos de desregulação e de
privatização.
- Relevância das empresas transnacionais, das Organizações Internacionais e regionais e das
Organizações Internacionais Não Governamentais (sociedade civil global).
• As Organizações Internacionais, como a Organização das Nações Unidas, bem como organizações de
âmbito regional, como a União Europeia, são parte essencial da governação sem governo, no âmbito da
qual tanto os Estados pressionam aquelas organizações, como estas pressionam os Estados.
• “A soberania do Estado tem sido desgastada também a partir de um outro setor. Surgiram várias
organizações internacionais e multilaterais que foram concebidas para assumir algumas das funções
governativas dos Estados-nação. A sua capacidade para fazer isto com eficácia varia muito. Outras, de
natureza mais política, têm tendido a desgastar a legitimidade dos Estados-nação sem colocar no seu lugar
instituições internacionais eficazes.”
• David Held: época de transição, com tendências para o enfraquecimento dos Estados-nação em face dos
mercados internacionais e progressiva concentração de poder no capital multinacional, ao mesmo tempo
que a ONU tem uma elevada susceptibilidade às agendas dos Estados mais poderosos, resultando num
sistema multilateral desproporcional. Por isso, a política internacional parece estar dependente da
economia global e do multilateralismo conduzido por clubes ou diretórios como o G7 ou o G8.
• Contestações:
- Robert Gilpin: os Estados continuam a ser os principais atores das relações internacionais, ainda
que não os únicos considerados importantes.
- José Adelino Maltez: são os Estados que fomentam a globalização.