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Introdução à Economia

Capítulo 1
Principais conceitos da Economia Política:
1. Etimologia e Noção de Utilidade: A etimologia da Economia
Política, tem origem nas palavras gregas "Oikos" (casa) e "nomos"
(lei). Descreve como as sociedades lidam com a satisfação das
necessidades humanas, considerando que as necessidades são
ilimitadas, enquanto os recursos para atendê-las são limitados.
Introduz o conceito de utilidade como a capacidade dos bens e
serviços em satisfazer necessidades.
2. Perguntas da Ciência Econômica: Aborda as principais perguntas
que a Ciência Econômica procura responder, como o que produzir,
como produzir, quanto produzir, para quem produzir, quando
produzir e quem decide o que produzir. Também enfatiza a
importância da confiança nos agentes econômicos.
3. Origem da Economia Política: A Economia Política recebeu o seu
nome pela primeira vez em 1615, com a obra "Tratado de Economia
Política" de Antoine de Montchrétien. Originalmente, tratava da
economia doméstica, mas evoluiu para o estudo da aplicação de
recursos para atender às necessidades da cidade (polis) e da nação.
4. Escassez e Abundância: Aborda como as necessidades humanas
são ilimitadas, enquanto os recursos são escassos, levando a
escolhas econômicas. Destaca a importância da ponderação dos
custos e benefícios na tomada de decisões.
5. Escolha Econômica e Racionalidade: Discute a necessidade de
tomar decisões econômicas, muitas das vezes com dilemas, e como
as pessoas respondem racionalmente a estímulos econômicos.
6. Produção, Distribuição e Consumo: Explica o processo da
atividade econômica, desde a produção de bens e serviços até o seu
consumo, passando pela distribuição.
7. Atos Econômicos: Descreve como os atos econômicos são
comportamentos que visam determinar recursos para atender
necessidades, considerando a relação entre custos e benefícios.
8. Agentes Econômicos e Circuito Econômico: Introduz os agentes
econômicos, como Famílias, Empresas, Estado e Capital, e descreve
como eles interagem num circuito econômico, envolvendo fluxos
monetários e de bens e serviços.
9. Bens Econômicos e Financeiros: Classifica os bens em diferentes
categorias, como bens de consumo e produção, bens e serviços,
fatores de produção e bens coletivos ou privados.
10. Alocação de Recursos e Fronteira de Possibilidades de
Produção: Explica como as escolhas econômicas são feitas diante da
escassez de recursos e como a fronteira de possibilidades de
produção define limites para a aplicação de recursos.
11. Objeto da Economia Política: A Economia Política é uma ciência
social que estuda o comportamento humano diante de recursos
escassos, procurando explicar e avaliar as escolhas econômicas
feitas pela sociedade e desenvolvendo políticas econômicas para a
organização e funcionamento da mesma.

Capítulo 2
Economia Política e Sistemas Económicos
Para entender o funcionamento da economia, é essencial estudar como
as necessidades humanas são organizadas. Os sistemas econômicos são
modelos que estruturam a economia com base em princípios
fundamentais. Segundo Werner Sombart, esses sistemas têm três
elementos distintos: a forma (instituições fundamentais), a substância
(tecnologia de produção dominante) e o espírito (motivação dos agentes
econômicos).
Historicamente, existiram diversos sistemas econômicos:
Economia Dominial: Baseada na propriedade imobiliária e
caracterizada por técnicas de produção rudimentares, como
agricultura, pecuária e pesca. Inclui economias tribais e feudais.
Economia Urbana-Nacional: No período medieval, as cidades
ganharam importância, levando a uma atividade econômica mais
livre. Essa economia evoluiu para um sistema nacional e,
posteriormente, internacional durante o Renascimento e a Era dos
Descobrimentos.
Economia Capitalista: A Revolução Industrial do século XVIII
transformou profundamente a organização econômica. Esse sistema
é caracterizado por propriedade privada, mercado, empresas,
capital e procura de lucro.
Economia Socialista (Coletivista): Originados após a Revolução
Russa de 1917, os sistemas socialistas são definidos pela
propriedade pública dos meios de produção, planejamento central e
ênfase na igualdade, solidariedade e bem-estar coletivo.

Economias de Mercado
Os sistemas de economias de mercado confiam na iniciativa individual.
Cada agente econômico (consumidor, produtor, detentor de recursos)
decide o que consumir, produzir e como usar recursos. Os mercados são
divididos em mercados de produtos e mercados de fatores, onde os
recursos são trocados.
Economias de Direção Central
Esses sistemas dependem de uma autoridade política que define recursos
para atender às necessidades. A gestão administrativa substitui as leis de
mercado, com a propriedade pública dos recursos de produção. Alguns
exemplos incluem a União Soviética e, atualmente, Cuba e China.
Economias Mistas (Modelos Renano e Anglo-Saxónico)
Para abordar as complexidades das sociedades contemporâneas, surgiram
economias mistas. Essas economias combinam elementos de mercado
com a intervenção do Estado. Nos modelos renano, como na França e na
Alemanha, há um foco no sucesso coletivo, consenso e diálogo social. Já
no modelo anglo-saxónico, como nos EUA, enfatiza-se o sucesso individual,
iniciativa e livre concorrência.
Intervenção do Estado e Regulação Econômica
O Estado intervém na economia para corrigir falhas de mercado, como
fornecer bens coletivos, corrigir externalidades e lidar com incerteza e
risco. No entanto, a intervenção do Estado também pode ter falhas,
incluindo a falta de inovação e ineficiência.
Falhas de Mercado
As falhas de mercado ocorrem devido a várias razões:
Bens Coletivos: Esses são bens em que o uso por uma pessoa não impede
o uso por outra (por exemplo, um farol, defesa nacional ou polícia
marítima). O mercado não pode funcionar eficazmente para esses bens.
Custos Decrescentes e Monopólio: Em certas situações, é possível reduzir
os custos de produção até um certo ponto ótimo, mas depois disso, os
custos começam a aumentar. Isso pode levar à formação de monopólios,
que podem ser prejudiciais para a eficiência econômica. Nesses casos, a
intervenção estatal é necessária para restaurar a concorrência.
Exterioridades e Atividade Pública: A atividade econômica pode gerar
benefícios externos (como quando uma autoestrada beneficia uma
localidade) ou custos externos (como a poluição que prejudica uma
comunidade). O Estado intervém para corrigir ou compensar essas
situações, muitas vezes por meio de tributação, para socializar as
externalidades.
Incerteza e Risco na Atividade Econômica: Existem casos em que os riscos
são inerentes à vida em sociedade, como a aposentadoria, doenças,
invalidez ou velhice, não podem ser adequadamente cobertos pelo
mercado. Portanto, o Estado é necessário para fornecer cobertura por
meio de sistemas de Segurança Social.
Políticas Globais de Estabilidade e Crescimento: O equilíbrio
macroeconômico ou a redistribuição de renda não podem ser alcançados
apenas pela ação dos mercados. Nesses casos, o Estado é chamado a
intervir para corrigir essas falhas.
Falhas de Intervenção
Assim como o mercado pode falhar, a intervenção pública também pode
apresentar falhas. Primeiro, é importante mencionar as desvantagens
associadas ao centralismo nas tomadas de decisão e ao fato de que a
lógica estritamente pública pode não favorecer a inovação e a
competitividade, resultando em ineficiência e desperdício.
Além disso, a tentativa de proteger os agentes econômicos
(protecionismo), planejar o desenvolvimento econômico e estabelecer
preços administrados não leva em consideração importantes aspetos da
livre iniciativa e do funcionamento normal do mercado, especialmente no
que diz respeito ao dinamismo dos produtores e consumidores. Portanto,
o Estado não deve perder de vista a lógica de mercado. A autorregulação e
a regulação pública são complementares.
Equidade e Eficiência
As economias procuram um equilíbrio entre equidade (justiça social) e
eficiência (produtividade e concorrência). O desafio é harmonizar esses
dois aspetos, assegurando a distribuição justa de recursos e promovendo o
desenvolvimento econômico e social.
Produtividade, Competição e Concorrência
A análise da produtividade é fundamental para avaliar a eficiência da
produção. A competição e a concorrência entre empresas promovem
inovação e eficiência econômica. A comparação quantitativa e qualitativa é
essencial para entender o crescimento econômico e o desenvolvimento.
Economia e Direito
Tanto a Economia quanto o Direito estudam fenômenos sociais, com uma
perspetiva diferente. A economia concentra-se em como as necessidades
são atendidas e os recursos aplicados, enquanto o direito lida com
questões legais e a justiça. No entanto, há uma interconexão fundamental
entre essas disciplinas, com a economia frequentemente fornecendo
insights para a formulação de leis e regulamentações.
Capítulo 3
Trocas e Interdependência Econômica
3.1. A Divisão do Trabalho
Na procura pelos bens de que necessitamos, muitas vezes deparamo-nos
com produtos que são produzidos em locais distantes dos consumidores. A
atividade econômica concentra-se em áreas ou países onde as condições
proporcionam uma relação eficiente entre custos e benefícios. As
fronteiras abriram-se e foram criados espaços integrados, como a União
Europeia, o NAFTA e o Mercosul.
A Organização Mundial do Comércio (OMC) combate o protecionismo e as
restrições à concorrência. A moderna Ciência Econômica enfatiza que o
funcionamento das economias, seja em âmbito internacional ou nacional,
não deve depender de intervenções estatais excessivas, mas sim do
desenvolvimento da liberdade de circulação e de troca, bem como da
complementaridade entre o mercado e os instrumentos de regulação.
A recente crise financeira também mostrou que os mercados estão
interligados, tanto em termos positivos quanto negativos. Eficiência e
equidade são, portanto, dois lados da mesma moeda.
Para que as economias funcionem bem, é necessário haver
competitividade e coesão social, garantir o uso eficiente dos recursos e
combater o desperdício, compartilhar responsabilidades e procurar o
desenvolvimento sustentável.
O excesso de consumismo, o aumento das desigualdades e a procura por
um crescimento ilimitado geram ineficiência e injustiça ao mesmo tempo.
No mundo contemporâneo, a mobilidade e a interdependência são
características distintas das economias, e a liberdade econômica deve ser
equilibrada pela noção de desenvolvimento humano sustentável,
conforme enfatizado por autores como Amartya Sen, vencedor do Prêmio
Nobel de Economia em 1998.
3.2. Interdependência e Globalização
A divisão do trabalho implica especialização, e essa especialização requer
que as economias se organizem de modo que todos os participantes no
mercado obtenham benefícios.
As pessoas colaboram no mercado quando acreditam que as trocas são
vantajosas. Para isso, é essencial ter informações completas e que todos os
agentes econômicos estejam em condições iguais. No entanto, é
importante avaliar se os custos necessários para obter informações
completas sobre o mercado não superam os benefícios esperados das
trocas.
A confiança no mercado é essencial para o seu funcionamento adequado.
Essa confiança está ligada à expectativa de que o mercado funcione de
forma equilibrada e justa.
A globalização resulta da abertura de mercados e fronteiras, mas também
envolve a concentração de iniciativas e empresas, considerando o ponto a
partir do qual os custos começam a aumentar. Além disso, as disparidades
na distribuição de renda nos mercados globais e o aumento das
desigualdades ameaçam o funcionamento justo e equilibrado dos
mercados globais.
Em termos simples, a globalização aumenta a interconexão, o que pode
ser benéfico, mas também traz desafios.
3.3. Vantagens Absolutas
Na especialização, é importante determinar a vantagem que cada
participante tem no mercado.
Cada um deve produzir em excesso em relação às suas necessidades para
trocar esse excedente por bens e serviços que não produz. Essa vantagem
é chamada de vantagem absoluta. Por exemplo, um agricultor troca o
excesso de trigo por peixes com um pescador, beneficiando ambos,
mesmo que possam produzir ambos os produtos por conta própria. No
entanto, a troca é mais eficiente do que tentar produzir tudo sozinho.
A vantagem absoluta melhora a produtividade e reduz os custos.
3.4. Vantagens Comparativas
David Ricardo, um autor clássico, argumentou que a especialização é
vantajosa mesmo quando um país tem vantagem absoluta em ambos os
produtos em comparação com outro país. Isso ocorre quando um país se
especializa na produção em que tem uma vantagem relativa.
As decisões econômicas são orientadas pelos custos de oportunidade,
referem-se ao que é sacrificado para produzir uma unidade adicional de
um bem em detrimento de outro.
As trocas justas não exigem que os benefícios sejam iguais, mas sim que
não haja perda de benefício para ninguém.
3.5. Fontes das Vantagens Comparativas
Existem quatro razões principais que fundamentam as vantagens
comparativas:
Dotações Naturais: Recursos naturais, como terras ricas em
minérios ou áreas marítimas ricas em peixes, podem favorecer o
crescimento econômico.
Dotações Adquiridas: Investir em infraestruturas e capacidade de
produção para superar carências naturais também pode criar
vantagens comparativas.
Capital Humano: Investimentos em educação, formação e
conhecimento podem levar a vantagens comparativas, já que um
mercado de trabalho altamente qualificado é mais produtivo.
Cooperação e Interdependência: Melhorias na especialização,
especialmente com base em inovações tecnológicas, podem criar
vantagens comparativas. A dimensão do mercado é importante para
a sustentabilidade das opções de especialização.
3.6. Relações de Troca, Confiança e Equilíbrio
À medida que as economias se tornam mais interdependentes, é
fundamental haver confiança mútua e equilíbrio entre os agentes
econômicos.
A globalização e a interdependência desafiam as economias abertas e
fechadas, exigindo novos mecanismos de governança mundial para regular
os mercados de maneira justa e eficiente. A recente crise econômica e
financeira ressaltou a importância da regulamentação dos mercados
financeiros para evitar crises semelhantes no futuro.
A confiança, a coesão e o equilíbrio são fundamentais para que as relações
de troca funcionem adequadamente em uma economia globalizada.
Capítulo 4
4.1. Oferta e procura. Noção de mercado
Os preços e a sua formação são determinados pela interação entre a
oferta e a demanda em um mercado, seja ele físico ou imaginário. O
mercado é onde os compradores e os vendedores se encontram para
negociar um bem ou um serviço.
A demanda representa a quantidade de um bem que os compradores
estão dispostos a adquirir, enquanto a oferta se refere à quantidade desse
bem disponível para venda. Inicialmente, os mercados eram locais físicos,
como praças e feiras, onde ocorriam transações de produtos.
No entanto, à medida que a economia evoluiu, os mercados tornaram-se
espaços conceituais de encontro entre oferta e demanda. Essa interação
determina os preços e a quantidade de bens ou serviços que são
transacionados.
A formação de preços num mercado pode ser comparada a um leilão
imaginário, no qual os compradores e os vendedores negociam até
chegarem a um equilíbrio de preço e quantidade. Ambos os lados
precisam de fazer concessões em relação às suas preferências ideais: os
vendedores desejam o preço mais alto possível, enquanto os compradores
procuram preços mais baixos.
Jean-Baptiste Say, seguindo a tradição econômica de Adam Smith,
argumentou que os produtos criam os seus próprios mercados, baseando-
se na ideia de que "os produtos são trocados por outros produtos, com a
moeda atuando apenas como intermediária nas trocas". No entanto, o
entendimento moderno da economia reconhece que a moeda
desempenha um papel mais complexo na economia do que apenas um
intermediário nas trocas.
4.2. Preços e elasticidade
A elasticidade dos preços desempenha um papel importante na formação
de preços e na compreensão de como os comportamentos dos
consumidores e produtores mudam em resposta a variações de preço.
A elasticidade é a relação entre as mudanças percentuais em dois
fenômenos econômicos, especificamente a demanda e os preços. Ela
ajuda-nos a entender como a quantidade demandada muda em resposta a
mudanças no preço de um bem. A elasticidade da demanda é calculada
como a relação entre a mudança percentual na quantidade demandada e
a mudança percentual no preço, representada como:
E = Δ%q / Δ%p.
Existem vários cenários possíveis de elasticidade da demanda:
a) Situação perfeitamente inelástica: A quantidade demandada não muda
com as variações de preço (E = 0).

b) Situação inelástica: A quantidade demandada muda menos do que


proporcionalmente às variações de preço (0 < E < 1).
c) Elasticidade unitária: A quantidade demandada muda
proporcionalmente às variações de preço (E = 1).
d) Situação elástica: A quantidade demandada muda mais do que
proporcionalmente às variações de preço (E > 1).
e) Situação perfeitamente elástica: A quantidade demandada muda
infinitamente em resposta a variações de preço (E = ∞).
f)
A elasticidade da demanda em relação à renda do consumidor também é
relevante. Bens normais têm elasticidade positiva, o que significa que um
aumento na renda leva a um aumento na demanda.
Bens de luxo são caracterizados por uma elasticidade ainda mais alta.
Bens inferiores têm elasticidade negativa, indicando que um aumento na
renda resulta em uma queda na demanda.
Além disso, a elasticidade cruzada analisa como as mudanças no preço de
um bem afetam a quantidade demandada de outros produtos. Se os bens
são substitutos, a elasticidade cruzada é positiva, indicando que um
aumento no preço de um bem leva a um aumento na demanda de outro
bem.
Se os bens são complementares, a elasticidade cruzada é negativa,
indicando que um aumento no preço de um bem reduz a demanda por
outro bem.
O funcionamento da elasticidade na oferta segue um padrão semelhante à
demanda, mas foca nas mudanças da quantidade oferecida em resposta às
variações de preço. A elasticidade pode ser perfeitamente inelástica,
inelástica, unitária, elástica ou perfeitamente elástica, dependendo de
como a quantidade ofertada muda em resposta a variações de preço.

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