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Introdução à Economia

Faculdade de Direito

Introdução à Economia

Curso: Relações Internacionais - 1º Ano


Disciplina: ECONOMIA.

Professor: João Vieira


2023 -2024

João Vieira 2.ªEdição Página 1


Introdução à Economia

ÍNDICE
CAPITULO I – A ECONOMIA COMO CIÊNCIA
1.1. A origem da palavra economia
1.2. Conceitos de economia
1.3.Objecto de estudo da economia
1.4. Objectivo da economia

1.5. Fenómenos Económicos


1.6. O problema económico (escassez e a escolha)
1.7. Divisão da economia
1.8. Bens e Necessidades ; Noção e classificação
1.9. O valor dos bens (Objectivo e subjectivo)
1.10. Significado e importância da riqueza
1.11. Classificação dos recursos produtivos
1.12. A escaseze a escolha
1.13. Leis económicas
1.14. A medição em economia
1.15. Metodologia da economia
1.16. O valor dos bens (Objectivo e subjectivo)
1.17. Significado e importância da riqueza
1.18. Classificação dos recursos produtivos
1.19. O questionamento do lucro
1.20. Curva de possibilidades de produção (FPP)
1.21. Análise marginal e custo de oportunidade
1.22. Interligação da economia com outras ciências
1.23. Importância da dimensão económica no social
social

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CAPITULO II – MERCADO E PREÇOS, SEUS FUNDAMENTOS


2.1.Conceito de mercado
2.2.Componentes do mercado
2.3.Tipos de mercado
2.4. Conceitos de preço
2.5.Formaçao de preços nas diferentes formas de mercado
2.6. Exercícios: Ponto critico de venda (Ponto morto)
2.7. Exercicios: A Quota de mercado (Grau de concentração)

CAPITULO III – OS ELEMENTOS BÁSICOS DA PROCURA E DA


OFERTA
3.1. Procura, conceito e Lei da procura
3.2.Oferta,conceito e Lei da oferta
3.2.1. Curva da procura e da oferta
3.3.Equilibrio entre a procura e a oferta
3.4. Conceito de elasticidade
3.5. A produção e os factores de produção
3.5.1. Exercicios: Custos de lançamento (custo industrial global, Do
periodo, complexivo)

3.6. O rendimento e os custos de produção

3.6.1. Exercicios:

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UNIDADE IV: CONSTITUIÇAO DE EMPRESA


4.1 Conceitos (Empresa, Gestão, Gestor)
4.2 Classificação das empresas
4.4 Produção e seus Factores
4.5 Conceito de Capital e Função empresarial
4.6 Investimento, Acumulação e Formação de capital
4.7 A Produção e a População
4.8 Inflação e desemprego
4.9 A Cultura Empresarial

CAPITULO V – SECTOR PÚBLICO


5.1 – Participação do sector público na actividade económica
5.2 – Funções económicas de sector público
5.3 – Estrutura tributária e orçamento público
5.4 – Déficit público e dívida pública

CAPITULO VI- CONTABILIDADE NACIONAL


6.1- Definições e conceitos
6.2- Agregados Macroeconómicos
6.3- Renda Nacional

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Mas o que é a economia?

Economia significa, etimologicamente, administração da casa (do grego Oikos


= casa e Nomos = regra, normal.

O primeiro registo do significado da palavra (economia) foi encontrado num


trabalho que possivelmente se compôs em 1440,e teve maior incidência nos
assuntos económicos de um mosteiro.
Na antiguidade Romana, igualmente não houve um pensamento económico
geral e independente, embora a economia de troca fosse mais intenso em
Roma do que na Grécia. Mas as preocupações dos romanos limitaram-se
fundamentalmente a política de modos que sua contribuição foi quase nula.
Na Idade Média, principalmente do sec.XI ao XIV, surgiu uma actividade
económica regional e inter-regional, organizaram-se corporações de ofício
generalizaram-se, organizaram-se as trocas urbanas-rurais retomou-se ao
novo impulso, ao comércio mediterrâneo. A igreja procurou moralizar o
interesse pessoal, reconheceu a dignidade do trabalho (manual e intercultural),
condenou as trocas de juros, buscou o justo preço a moderação dos agentes
económicos e equilíbrio dos actos económicos.

A palavra economia é frequentemente utilizada não só para designar a ciência


económica, mas também para actividades económicas ou sistema económico.
Assim, diz-se que a economia do país A está em expansão ou que no país B
predomina uma economia capitalista (Economia de mercado).

O senso comum associa a palavra poupança e com uma certa razão, pois
poupança é exactamente a diferença entre a produção e o consumo ou entre o
rendimento e a despesa, o que traduz a presença do binómio
recursos/necessidades.

O campo de estudo da economia é constituído por fenómenos da vida social


desenvolvidos em ordem à satisfação das necessidades humanas.

A economia mostra-nos a realidade segundo uma perspectiva parcial, tal como


as outras ciências. Pode, pois concluir-se que a ciência económica se
intersecta com outras ciências sociais, aparecendo por vezes, as fronteiras
entre elas, muito esbatidas.

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Na antiguidade Romana, igualmente não houve um pensamento económico
geral e independente, embora a economia de troca fosse mais intenso em
Roma do que na Grécia. Mas as preocupações dos romanos limitaram-se
fundamentalmente a política de modos que sua contribuição foi quase nula.

Na Idade Média, principalmente do sec.XI ao XIV, surgiu uma actividade


económica regional e inter-regional, organizaram-se corporações de ofício
generalizaram-se, organizaram-se as trocas urbanas-rurais retomou-se ao
novo impulso, ao comércio mediterrâneo. A igreja procurou moralizar o
interesse pessoal, reconheceu a dignidade do trabalho (manual e intercultural),
condenou as trocas de juros, buscou o justo preço a moderação dos agentes
económicos e equilíbrio dos actos económicos.

Idade Média - A partir da segunda metade do século XV. Profundas


transformações marcaram o início do Mercantilismo.  Transformações
intelectuais – Renascimento -  Artes – Leonardo da Vinci, Miguel Ângelo,
Rafael, Ticiano  Literatura – difusão de novas ideias por meio da imprensa
(Gutemberg)  Retorno de métodos de observação e experiência. 
Transformações religiosas  Reforma - Calvino e puritanos anglo-saxões,
exaltavam o individualismo, exaltavam a actividade económica, condenavam a
ociosidade, justificavam os empréstimos e juros, a busca do lucro o sucesso
nos negócios  Transformações políticas.

Aparecimento do Estado Moderno:


Aglutinador das forças da nobreza, do clero, dos senhores feudais, da
burguesia nascente.
A criação científica da economia deveu-se a François Quesnay (1758) com a
sua obra “quadro económico” e Adam Smith (1776) consideração
verdadeiramente cientifica da economia com a sua obra “ Estudo da
natureza e causa da Riqueza das Nações” constituindo o primeiro estudo
sistemático, que marcaram realmente a reacção contra o tratamento
assistemático e disperso dos problemas económicos.

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Concluindo, o comportamento económico consiste em escolher entre as várias
alternativas procurando obter a máxima satisfação ao menor custo, isto é,
aplicando o princípio da racionalidade económica.

1.2 – Conceitos de economia


Costuma-se definir a Economia, em princípio, como a ciência que estuda a
alocação de recursos escassos. Ou seja, que estuda como as sociedades
dispõem dos recursos existentes, que são, evidentemente, limitados, para
tornar disponíveis os bens e serviços necessários à satisfação das
necessidades e desejos das pessoas. Assim sendo, esta ciência está
intimamente ligada à política das nações e à vida das pessoas, sendo que uma
das suas principais funções é explicar como funcionam os sistemas
económicos e as relações dos agentes económicos, propondo soluções para
os problemas existentes.
Se há escassez, se os recursos são finitos — enquanto as necessidades e
desejos são ilimitados —, então é preciso escolher.
Ex: Isso fica claro no nível individual: se você tem um salário e vai ao
supermercado para gastá-lo, você tem que decidir o que comprar, pois não
pode levar tudo o que gostaria; terá que escolher quais as necessidades ou
desejos irá satisfazer com suas compras.
Vários autores deram o seu parecer ou definições daquilo que pensaram ser o
conceito de economia:
Para ALFRED MARSHALL, a economia é a ciência do bem estar.
Para JOHN KEYNES, a economia é um método mais do que uma doutrina, um
aparato de espírito, uma técnica de pensar que permite ao seu possuidor
atingir conclusões correctas.
Para jean Baptista Say, o objectivo da economia é conhecer como as riquezas
·(bens existentes em quantidade limitada) se distribuem e se consomem.
Para RAYMUND BARRE, a economia é a ciência voltada para a administração
dos recursos das sociedades humanas.
Para ALFREDO DE SOUSA, a economia é o ramo científico que estuda a
aplicação eficiente dos recursos escassos para satisfazer necessidades
virtualmente ilimitadas.

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A economia, é a ciência que se preocupa com o estudo das leis económicas
indicadoras do caminho que deve ser seguido para que seja mantida em nível
elevado a produtividade, melhorado o padrão de vida das populações e
empregados correctamente os recursos escassos. “Paul Samuelson”

1.3 - Objecto de estudo da economia


O objecto de estudo da economia são os fenómenos económicos (produção,
distribuição, repartição e consumo), abordando a realidade económica e
observando as regras impostas pela ciência.
A maioria dos recursos colocados a nossa disposição não são ilimitados,
existindo em quantidades insuficientes para a satisfação integral das
necessidades humanas, originando-se assim uma situação de escassez de
recursos.
Por outro lado, devido a esta escassez, não é possível produzir todos os bens
que desejamos. Deste modo as sociedades defrontam-se com um outro
problema: a escolha de quais os bens a produzir e quais os consumos a
realizar. Isto quer dizer que a sociedade vê-se obrigada a escolher os recursos
escassos que vai utilizar e como os vai utilizar, de forma a satisfazer as
necessidades humanas.
Este é o principal problema e o objecto da economia, que pode ser vista como
a ciência que estuda a actividade (económica) realizada pelos homens a fim
de satisfazer as suas necessidades.
A economia é a ciência das decisões e das escolhas.
Não esquecer que o problema da escassez de recursos produtivos surge
devido:
- Restrição ( limitação, redução ) física de recursos ou factores de produção
- As necessidades humanas serem ilimitadas ( o aumento do poder aquisitivo e
a evolução das novas tecnologias criam a cada momento novas necessidades).

1.4 - Objectivo da economia


O objectivo do estudo da ciência economia é o de analisar o s p r o b l e m a s
económicos e formular soluções para resolvê-los, de forma a
melhorar nossa qualidade de vida. (VASCONCELOS, 2002, P.1)
Também visa estudar a fase material do processo económico, os resultados do

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trabalho social e a distribuição da riqueza. Além disso, estuda ainda a
administração dos recursos escassos, buscando compatibilizá-las com as
necessidades ilimitadas da sociedade.
Tem-se então o problema da escassez: recursos limitados contrapondo-se a
necessidades humanas ilimitadas. Em função da escassez de recursos, toda
sociedade tem de escolher entre alternativas de produção e de distribuição dos
resultados da actividade produtiva entre os vários grupos da sociedade.
Da escassez dos recursos ou factores de produção, associada às
necessidades

1.5. O problema económico

Este é o problema que a economia pretende estudar:

A resposta não é pacífica. As sociedades têm-se organizado de modos


diversos, para dar resposta a questões do tipo:

• O que produzir?

• Como produzir?

• Para quem produzir?

Actualmente, e de um ponto de vista teórico, os sistemas económicos mais


importantes serão:

Sistema Capitalista (Economia de mercado)

Sistema Socialista (Economia planificada)

• O quê e quanto produzir: dada a escassez de recursos de produção, a


sociedade terá de escolher, dentro do leque de possibilidades de produção,
quais produtos serão produzidos e as respectivas quantidades a serem
fabricadas;
• Como produzir: a sociedade terá de escolher ainda quais recursos de
produção serão utilizados para a produção de bens e serviços, dado o nível
tecnológico existente.
• A concorrência entre os diferentes produtores acaba decidindo como serão
produzidos os bens e serviços. Os produtores escolherão, entre os métodos
mais eficientes, aquele que tiver o menor custo de produção possível;

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• Para quem produzir: a sociedade terá também de decidir como seus
membros participarão da distribuição dos resultados de sua produção. A
distribuição da renda dependerá não só da oferta e da demanda nos mercados
de serviços produtivos, ou seja, da determinação dos salários, das rendas da
terra, dos juros e dos benefícios do capital, mas também da repartição inicial da
propriedade e da maneira como ela se transmite por herança. O modo como as
sociedades resolvem os problemas económicos fundamentais depende da
forma da organização económica do país, ou seja, do sistema económico de
cada nação.

1.6. Divisões da Economia

A economia tem contado com a observação e descrição da realidade, com a


classificação dos factos e, a outro novel, com a tomada de posições partidárias
(ou ideológicas).

O primeiro aspecto relaciona-se com aquela fase em que o homem tem ainda
um entendimento superficial das coisas, não assume posições críticas, não
procura ainda justificações para os fenómenos (senso comum).

Numa fase seguinte, procede-se à ordenação, procuram-se razoes para certas


manifestações, procura de objectividade, caminhando-se na via da construção
científica.

Numa fase seguinte, prossegue-se agora numa posição mais partidária e não
já de uma simples descrição ou explicação objectiva.

A formação económica compartimentada:

Economia Descritiva

Macroeconomia
Economia Teoria Económica
Microeconómica

Politica Económica

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Economia Descritiva: Conjunto de observações e descrições dos fenómenos


económicos

Teoria Económica: Conjunto organizado de princípios, teorias e leis


cientificamente elaborados.

Politica Económica: Conjunto de valores que conduzem a uma escolha.

Numa outra perspectiva, a economia pode classificar-se em Economia positiva


e Economia Normativa.

Economia positiva, situa-se no âmbito da descrição, explicação e previsão dos


fenómenos económicos, como se revelam ou como terão possibilidade de se
verificar.

Abrange assim os estágios correspondentes à Politica descritiva e à Teoria


Económica.

Economia Normativa, abrange o estágio correspondente à Politica Económica;


é constituída por juízos, opiniões, valores, princípios orientadores.

A Teoria Económica constitui o comportamento central da Economia e nela


podem considerar-se duas grandes divisões:

Macroeconomia: designa parte da Teoria Económica que se interessa pelos


factos económicos, dizendo respeito aos grandes conjuntos, isto é, trata do
estudo agregado da actividade económica, com vista à determinação das
condições gerais de crescimento e de equilíbrio da economia como um todo.
Debruça-se sobre temas, tais como (desemprego, investimento, inflação,
moeda, poupança, Desenvolvimento, crescimento económico, desemprego,
finanças públicas, problemas da balança de pagamento Relações
internacionais e outros; ou seja a macroeconomia estuda o estado da
economia, o seu
comportamento, a dinâmica do seu conjunto e as alterações nos indicadores
globais e na estrutura económica (PIB, PNB, Renda Nacional, Produto
Nacional Liquido-PNL, Contabilidade Nacional, Índice de preço ao consumidor
e produtor, Nível de emprego, etc.) a alteração negativa de qualquer indicador
prejudica a economia do pais e também os estudos da macroeconomia. Seu
enfoque é basicamente de curto prazo (ou conjuntural), e busca explicar como
a economia opera sem a necessidade de compreender o comportamento de

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cada indivíduo ou empresa que dela participam. Preocupa-se com o
comportamento da economia como um todo, por meio de preços e quantidades
absolutos. Faz parte dela os movimentos globais nos preços, na produção ou
no emprego.

Microeconomia: designa parte da Teoria Económica que estuda o


comportamento das unidades individuais, numa perspectiva de afectação de
recursos às necessidades. Isto é, trata individualmente do comportamento dos
consumidores e dos produtores. Preocupa-se com temas, tais como formação
de preços, repartição, determinação do que vai ser produzido e do que vai se r
consumido e outros.

Podemos de qualquer forma reter que: a micro estuda o comportamento


individual dos agentes económicos em relação à organização mais ampla onde
se inserem; a macro estuda e Economia como um todo, através de agregados
ou grupos, isto é, questões numa perspectiva globalizadora.
A estrutura macroeconômica, e de acordo com a actividade a que se dedica,
poderá definir o seu mercado em cinco mercados:
• Mercado de Bens e Serviços: determina o nível de produção agregada
bem como o nível de preços.
• Mercado de Trabalho: admite a existência de um tipo de mão-de-obra
independente de características, determinando a taxa de salários e o nível
de emprego.
• Mercado Monetário: analisa a demanda da moeda e a oferta da mesma
pelo Banco Central que determina a taxa de juros.
• Mercado de Títulos: analisa os agentes económicos superavitários que
possuem um nível de gastos inferior a sua renda e deficitários que possuem
gastos superiores ao seu nível de renda.
• Mercado de Divisas: depende das exportações e de entradas de capitais
financeiros determinada pelo volume de importações e saída de capital
financeiro.
Microeconomia ou teoria de formação de preços: Examina a formação de
preços em mercados específicos, ou seja, como consumidores e empresas
interagem no mercado e como decidem os preços e a quantidade para
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satisfazer ambos simultaneamente.

1.8 – Interligação da economia com outras ciências


A economia estuda a realidade social que é objecto de estudo das outras
ciências sociais. O que as distingue é a forma como cada uma delas interroga
a realidade e como constroem o seu objecto científico específico.
Embora a economia seja um campo de saber autónomo, a economia necessita
de recorrer as informações de outras ciências para complementar as suas
explicações e por vezes para obter informações para as suas conclusões.
Por exemplo, o desenvolvimento de uma região não pode ser só estudado pela
economia, pois o contributo de outras ciências vai proporcionar um acréscimo
de informação e explicações, com vista a uma melhor compreensão e
avaliação dessa realidade. Assim a economia interliga-se com as seguintes
ciências:
- História, ajuda a economia a localizar no tempo e no espaço as actividades
económicas.
- Sociologia, fornece dados importantes para o estudo da procura de certos
produtos.
- Geografia, Dá informações sobre a localização e extensão dos recursos
naturais, ou a concentração das populações.
- Psicologia, com o seu estudo sobre a conduta humana, permite ao
economista um melhor conhecimento das reacções dos consumidores face a
uma determinada medida, como por ex: a subida do preço de um bem.
- Demografia, permite ter uma apreciação exacta da estrutura da

População.
(volume, sexo, composição etária etc.), tendo em conta que a população é
simultaneamente produtora e consumidora.

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- Direito, compete a lei jurídica situar o homem a empresa e a sociedade
diante do poder político, definindo os seus direitos e as suas
responsabilidades e fixando os seus limites.
- Matemática, para efectuar cálculos das variações quantitativas dos
fenómenos económicos.
- Estatística, para recolher e organizar metodicamente os dados numéricos
relativos a fenómenos económicos.
- Contabilidade, para registar e sistematizar o desenvolvimento financeiro
das empresas e do estado.

1.9. O que estuda a economia?

Importância da dimensão económica e social (A riqueza e a sua


importância)

A actividade económica é uma das formas de actividade humana que abrange


actos como produzir, transportar, vender, comprar, consumir e que se destinam
a satisfazer necessidades com bens disponíveis.

Os seres humanos, no decorrer da sua vida tomam decisões, realizam


actos, estabelecem relações, ocupam posições, desempenham papéis,
têm comportamentos, manifestam sentimentos Umas vezes, esses
comportamentos humanos desenvolvem-se ou acontecem de forma
individual, mas na maior parte das vezes, tudo isso se passa com a
intervenção e participação de outros seres humanos. O universo onde o
ser humano desenvolve a sua vida designamos por sociedade ou se
quisermos, o domínio social da vida humana. Os acontecimentos que se
manifestam neste domínio do social são chamados de Fenómenos
Sociais.
Estes fenómenos sociais manifestam-se em muitas áreas. Na área
cultural, na área desportiva, na área política, na área profissional, na
área científica. Mas existe uma área que merece especialmente a nossa
atenção - a área económica. O ser humano sente necessidades,

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consome bens e serviços para satisfazer essas necessidades, trabalha
para obter o dinheiro suficiente para adquirir as coisas que necessita,
poupa, pede dinheiro emprestado, faz depósitos em bancos, adquire
produtos financeiros, abre lojas, constrói fábricas, produz, compra e
vende, etc. Os acontecimentos realizados pelo ser humano nesta área
específica designam-se por Fenómenos Económicos.
Os fenómenos económicos surgem como consequência da actividade
económica, e podem ser agrupados de acordo com a sua natureza em:
produção, distribuição, repartição, acumulação, consumo. Ao
estudarmos estes fenómenos económicos vai nos permitir conhecer:
1. Como se obtém a riqueza?
Produção: conjunto de actividades que se destinam a obtenção de
bens e serviços; Ou é o processo pelo qual se obtém os bens ou conjunto
de actividades que têm por objectivo a obtenção dos bens.

2. Como se movimenta a riqueza?

Distribuição: conjunto de actividades que abrangem o comércio e o


transporte; Ou Consiste no conjunto de tarefas que têm por objectivo
aproximar a produção do consumo, actividades que permitem colocar os
bens à disposição dos consumidores (transporte, comercio).

3. Como é partilhada a riqueza?


Repartição: conjunto de actividades que vão levar a distribuição
dos resultados da produção pelas pessoas que nela intervêm
(salário, rendas, juros, lucros) ; Ou é a actividades desenvolvidas com fim
de repartir as receitas da prevenção pelos que nela intervêm (em salários,
rendas, juros e lucros. Cada um destes tipos de rendimentos, quer do
trabalho (salários) quer do capital (rendas, juros e lucros) é passível de
impostos.

4. Como manter a riqueza?

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Acumulação; tem como finalidade a manutenção e o aumento da
capacidade produtiva.

5. Qual é o destino da riqueza?


Consumo: conjunto de actividades que visam a utilização dos bens
e serviços na satisfação das necessidades; Ou é o processo de
utilização dos bens.

A Riqueza é a situação referente à abundância na posse de dinheiro e


propriedades móveis, imóveis.

A riqueza de um país não implica necessariamente boa governação, diz o


relatório, citando como exemplo a crise que erodiu a confiança em instituições
nos países ricos. "Uma melhor governação fortalece o desenvolvimento e não o
contrário".

Também se aplica à condição de alguém ter em abundância um determinado


bem de valor. A riqueza também pode ser medida pelo acesso aos serviços
básicos, como saúde, Sem dúvida, a riqueza implica acordo social que faça
valer o direito de propriedade, através de numerosos meios legais de
protecção.

O conceito de riqueza é relativo e não varia apenas entre pessoas de


diferentes países, mas entre pessoas de um mesmo país.

A especialização no trabalho se tornou decisiva ao sucesso económico.


Entretanto, o capital físico, como viria a ser conhecido, consistindo da junção
do capital natural (matérias brutas oriundas da natureza) e do capital de infra-
estrutura (tecnologia facilitadora), tornou-se o foco da análise da riqueza. Adam
Smith viu a criação da riqueza como a combinação de materiais, trabalho, terra
e tecnologia de forma a obter lucro. As teorias de David Ricardo, John Locker,
John Stuart Mill e mais tarde, Karl Marx, no Sec.XVIII e no Séc. XIX
construíram essas visões que chamamos economia clássica e economia
marxista. Marx distingue no Grundrisse entre riqueza material e riqueza

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humana, definindo a riqueza humana como "riqueza nas relações humanas":
terra e trabalho sendo a fonte de toda a riqueza material.

➢ O cofre do banco contém apenas dinheiro. Frustrar-se-á quem pensar


que nele encontrará riqueza.
-- Carlos Drummond de Andrade

➢ Há riqueza bastante no mundo para as necessidades do homem, mas


não para a sua ambição.
-- Mahatma Gandhi

1.9.1. O questionamento do lucro

Gestão de Custos ou Gestão do Lucro?

A instabilidade económica do país demandaria uma perspectiva maior de lucro


para atrair investidores.

A gestão do lucro é mais importante que a gestão de custos?

Para responder este questionamento vou recorrer a algumas colocações:

1 – O lucro é o objecto de desejo de 10 entre 10 empresas. Ninguém aloca


esforços numa empresa para não ter lucro, mesmo que somente lucro não
garanta a sobrevivência da empresa, ela precisa ser rentável.

2 – As empresas que desejam alcançar um crescimento sustentável, não


podem abrir mão de uma gestão de custos eficiente.

Para os profissionais da contabilidade devemos ter como foco auxiliar as


empresas a aumentarem seus lucros, para isto utilizamos a gestão de custos,
mas somente gestão de custos não é suficiente para trazer lucratividade ou
rentabilidade a uma empresa.

A expressão: - eu estou ganhando dinheiro com meu negócio, não preciso ter
uma gestão de custos. Para estes a resposta é que se estão ganhando
dinheiro sem gestão de custos, imagina quanto não ganhariam com uma
gestão de custos que viesse a aumentar a eficiência de sua empresa.

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A vida económica liga-se estreitamente a princípios que a dominam, sendo os


mais importantes, o da escassez e o das escolhas, havendo assim lugar a
sacrifícios para obtenção de bens e a tomadas de decisões sobre os bens a
produzir e as necessidades a satisfazer.

A economia debruça-se sobre o problema da adequação dos recursos


escassos às necessidades múltiplas e susceptíveis de hierarquização – o
chamado problemas económico.

1.10. Bens e necessidades: noção e classificação

A vida social manifesta-se numa teia de interdependência entre as pessoas


que vivem em sociedade ordenada em função das finalidades da vida humana
na sua vertente individual e colectiva num contexto cultural próprio.

Qualquer que seja a sociedade em que o individuo se insere, uma das


características da condição humana é sentir necessidades ou carências que
são satisfeitas através do consumo de bens, bens este que é preciso obter
através da actividade produtiva. E estamos já em presença da actividade
económica.

Alfred Marshall defende que há actividade económica sempre que o meio que
se utiliza para satisfazer a necessidade for obtido mediante o esforço humano.

A Actividade económica é o conjunto das acçoes realizadas pelos agentes


económicos (famílias, empresas, Estado) em ordem à resolução do problema
económico, ou seja, com vista à satisfação das necessidades humanas
(ilimitadas) através de recursos escassos e susceptíveis de uso alternativo.

Torna-se assim, importante para a compreensão da actividade económica ter


noção clara de bens e de necessidades.

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1.10.1. Necessidades

Necessidade poderia ser definida como um estado de carência revelada por


sensações desagradáveis de falta.

O conceito de necessidade humana, ou seja, a carência de algo associada ao


desejo de satisfazê-la é muito relativo. Os desejos humanos não são fixos nem
têm limites. À medida que umas necessidades vão sendo satisfeitas, outras
vão emergindo e nem todas poderão ser satisfeitas. Este é um problema que
qualquer economia enfrenta, dado que os bens são escassos, isto é, não
existem em quantidades ilimitadas e são sempre insuficientes face às
necessidades.

Sendo os bens escassos e as necessidades múltiplas, do que resulta como já


se viu, o chamado problema económico, torna-se necessário hierarquizar as
necessidades a fim de se começar por satisfazer as que se apresentam como
prioritárias.

1.10.2. Bens

Os bens são meios aptos a satisfazer necessidades humanas, são meios ùteis,
pois as necessidades são satisfeitas com a utilização dos bens. A utilidade é,
pois, o que caracteriza um bem.

Mas nem todos os bens aptos a satisfazer aptos a satisfazer necessidades são
bens económicos. O ar, por exemplo, satisfaz a necessidade vital de respirar e
não constitui um bem económico, é um bem livre porque não é escasso.

Quanto à função que os bens desempenham, classificam-se em bens de


consumo ou directos e satisfazem directamente necessidades como, por
exemplo, um pão, um sabonete, e em bens de produção ou indirectos de vão
ser utilizados na produção de outros bens como, por exemplo, a máquina.

A farinha é um bem de consumo para quem a adquire, para fazer um bolo em


casa, mas é um bem de produção para o padeiro.

Os bens podem ser ainda classificados em privados ou públicos, conforme


possam ser produzidos ou possuídos privadamente ou não.

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1.10.3 Valor dos Bens

O comportamento económico consiste, como se viu, em escolher entre as


várias alternativas, aplicando o princípio da racionalidade económica,
procurando obter a máxima satisfação ao menor custo. Quando se tem de
escolher entre os vários bens é inevitável uma valorização desses mesmos
bens.

• Mas o que é o valor?


• Porque é que certo bem tem valor?
• O que explica o valor e as suas variações?
• Porque é que um bem tem mais valor do que o outro?

Sendo um assunto controverso, mas praticamente aceite é a distinção entre


eles.

Valor objectivo – que é medido em relação a um critério objectivo (unidades


monetárias, horas de trabalho, …)

Valor subjectivo – aquele que é sentido, apreciado por um individuo ou grupo


de indivíduos.

De forma mais rigorosa, distingue-se: valor de troca e valor de uso, distinção


esta baseada no destino do bem. Este, enquanto utilizado por um indivíduo,
tem um valor de uso (subjectivo). Mas se este individuo pretende troca-lo, o
bem tem um valor (objectivo), social, de mercado que pode ser um preço se a
troca se fez por dinheiro.

A distinção entre o valor de uso e valor de troca, segundo Adam Smith , cujo o
pensamento se faz referencia, na celebre obra “ A riqueza das Nações” , dizia
que a palavra valor tem dois sentidos e que umas vezes expressa a utilidade
de determinado bem ( o valor de uso), e outras a capacidade que possui para
ser trocado por outros bens ( valor de troca, de mercado, social), assinalando
que frequentemente as coisas que têm maior valor de uso possuem um
reduzido, ou mesmo nulo, valor de troca e inversamente.
A própria noção de valor, põem em paralelo a utilidade e a escassez como
fundamento do valor, já que as coisas serão úteis enquanto servem para
satisfazer necessidades e quanto mais abundantes menos custarão porque a
escassez explicaria, finalmente, o valor de troca.

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Introdução à Economia
1.11. A escassez e a escolha

A Economia é a ciência que estuda a utilização dos recursos escassos,


escassez é definida como limitação de recursos enquanto pobreza é a falta do
mínimo de recursos para satisfazer as necessidades humanas. Escassez surge
em virtude das necessidades ilimitadas das pessoas e da restrição física de
recursos.·
Tem a ver com a lei da oferta-procura: quando determinado produto está em
falta (devido à enorme procura), isso indica escassez, ainda que os
consumidores em questão disponham do montante para comprar tal produto;
no que difere da pobreza, obviamente.

Escassos são os factores de produção, que geram o produto.


Com o que produzir, como produzir, para quem produzir.

Economia é: Uma ciência social que estuda a administração dos recursos


escassos entre fins alternativos e fins competitivos ou Ciência Económica é o
estudo do processo de produção, distribuição, circulação e consumo dos bens
eserviços.

Isso quer dizer que a Ciência Económica só existe porque os bens são
escassos, porque existem limites para a produção dos referidos bens.·
Se todos pudessem ter exactamente o que desejassem, não haveria a
necessidade da economia*. Pense num bem qualquer, uma Ferrari Maranello
F451, por exemplo. Se ela fosse um bem ilimitado você acha que seu preço
seria de R$ 2.000.000,00? Seu preço é alto justamente pela sua raridade, pela
dificuldade técnica em produzi-la, a qualidade de seus insumos, etc.

Se você pegar uma pedra e quiser vende-la, provavelmente não encontrará


comprador, mas se essa pedra for ouro, com certeza terá muitos compradores
tentando convence-lo um preço para te induzir a vendê-la. Ora, pedra existe
em qualquer lugar, é um bem ilimitado, ouro não, é algo mais raro difícil de ser
encontrado é um bem mais escasso.

João Vieira 2.ªEdição Página 21


Introdução à Economia

Se todos os bens fossem ilimitados não haveria se quer necessidade de


dinheiro em circulação. Seria necessário simplesmente ir ao "mercado" ou na
natureza, pegar o bem e pronto.

Escolha

Os recursos produtivos são limitados. Portanto, as pessoas não podem ter


todos os bens e serviços que quiserem ter; como resultado, eles devem
escolher algumas coisas e desistir de outras. As pessoas, actuando
individualmente ou colectivamente (ou seja, através do governo), devem
escolher que métodos utilizar para alocar diferentes tipos de bens e serviços.

A teoria da escolha do consumidor examina os tradeoffs com os quais os


indivíduos se deparam no papel de consumidores. Quando um consumidor
compra maior quantidade de uns bens, ele tem que comprar menos de outros
bens, por exemplo. A teoria examina como os consumidores que enfrentam
estes tradeoffs tomam decisões e como eles reagem a mudanças em seu
ambiente.

O conceito de racionalidade é uma das noções que mais tem sido alvo de
debate e controvérsia no seio da ciência económica. O paradigma da escolha
racional, que envolve os comportamentos de maximização do lucro das
empresas e de maximização da utilidade das famílias, pode ser posto em
causa por um importante número de reflexões que recordam que o processo de
escolha humana não é isento de erros, de um contexto social onde a
interacção com terceiros determina comportamentos. A noção de decisão
racional e algumas das suas ideias para modelizar o processo de decisão. Em
particular, constrói-se um exercício no qual se destacam os custos cognitivos
envolvidos no processo de escolha e recorre-se à teoria da escolha discreta
para exemplificar como a interacção social e estímulos que determinam
trajectórias de consumo e utilidade.

João Vieira 2.ªEdição Página 22


Introdução à Economia
Palavras-chave: Racionalidade, Escolha Discreta, Utilidade, Decisões de
Consumo

1.12. Custo de oportunidade

Outra questão relaciona-se com os custos de oportunidade: a cada opção que


se faz corresponde uma renúncia a outras possibilidades. A opção que se pode
abandonar para poder produzir outra coisa é associada em Economia ao
conceito de oportunidade. Este é medido pela quantidade de bens que deixam
de ser obtidos, por se produzir o referido bem.
Cada vez que uma pessoa ou um país toma uma decisão, estão a verificar-se
custos, por se abdicar de outras alternativas possíveis. E tudo isto porque os
recursos são escassos.
O custo de oportunidade, também pode ser definido como valor de melhor
alternativa sacrificada à decisão que se tomou.

1.13. A medição em Economia

Em grande parte, a economia está associada à medição de fenómenos


importantes como o desemprego, os preços, a produção, o investimento, os
rendimentos, etc.
Um dos conceitos mais importantes da economia é PIB (produto Interno Bruto).
Por outro lado, há efeitos da produção que não são “descontados” no PIB e
deviam ser. É o caso da poluição que algumas fabricas provocam nos rios ou
na atmosfera e do congestionamento nas cidades.

Também é costume apontar-se o facto de o PIB incluir menos bens materiais e


serviços e ainda o de muitos elementos não terem qualquer contribuição para o
bem-estar. A título de exemplo, o aumento dos tempos livres de alguém que
pensa a trabalhar menos porque está mais rico, vai contribuir para uma
diminuição do PIB, apesar do bem-estar aumentar.

João Vieira 2.ªEdição Página 23


Introdução à Economia
Com a intenção de corrigir a ênfase dada pelo PIB à produção material e de
encontrar um indicador mais fiel da qualidade de vida e do bem-estar, foi
proposto por um índice denominado Bem-Estar Económico Líquido (BEEL) que
torna em consideração os custos resultantes da poluição, os aspectos
desagradáveis da vida urbana, os tempos livres, o trabalho doméstico, etc.

O BEEL é, assim, uma abordagem alternativa que adiciona manifestações


positivas e subtrai manifestações negativas ao PIB.

Relacionado com esta questão está o conceito de externalidade que se define


como o efeito negativo ou positivo de uma produção ou consumo, pelo qual
não se efectua nenhum pagamento ou recebimento. As externalidades
verificam-se em casos como o da poluição provocada por uma fábrica, que não
está sujeita a qualquer pagamento apesar de a população local ser afectada,
ou, ainda, em casos como o de uma empresa que dispõe de forte iluminação
exterior, acabando por contribuir para maior segurança de quem vive nas
redondezas.

1.14. Metodologia da Economia

Chama-se método ao caminho ou processo racional utilizável na descoberta de


uma lei. Lei económica é toda a proposição que exprime uma relação de causa
e efeito entre os fenómenos Variáveis) económicos. Sendo os fenómenos,
geralmente, expressos por variáveis, procura-se descobrir uma relação regular
entre as variáveis. Por exemplo, aceita-se a proposição “os indivíduos
procuram tornar máximo o seu bem-estar” Daqui, por dedução lógica, pode
chegar-se a uma lei que relaciona o preço de um bem com a quantidade
procurada deste bem (a quantidade procurada varia na razão inversa do preço
– Lei da procura)

Cada método tem as suas limitações; ambas completam-se.

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Introdução à Economia
1.14.1. Leis económicas

Uma primeira observação a fazer em relação às leis económicas é de que


estas não são exactas, verificam-se apenas em média, exprimem tendências.
Outra observação é a de que exprimem comportamento social e não o
individual.
O consumo de cada família é imprevisível num determinado ano, dependendo
de inúmeros factores, tais como doenças, férias ou compra de uma nova
habitação. Mas as diferenças individuais desaparecem quando o
comportamento médio é analisado, isto é, mesmo quando se verificam grandes
diferenças entre os comportamentos individuais, pode detectar-se grande
constância no comportamento da comunidade como um todo.

Método Indutivo; Observa-se a realidade, recolhem-se dados, formulam-se


hipóteses e testam-se (através de observação directa, inquéritos estatísticos,
contabilístico, etc.)
Método dedutivo; Parte do geral para o particular, assenta-se certas
proposições consideradas verdadeiras, extraindo daí consequências.

• Lei da procura: as quantidades procuradas variam na razão inversa do


preço.
• Lei de Say (oferta): a oferta cria sua própria procura.
Definida por Jean Baptiste Say, a maneira como se formam, se
distribuem e se consomem a riqueza.
• Lei dos custos crescentes: o custo de cada unidade adicional de um
bem é crescente sob o pressuposto de pleno emprego dos recursos e da
maior eficiência.
Defendida pelos Marginalistas Neoclássicos (Walras, Alfred Marshall); o
valor do Bem subjectivo depende da sua utilidade.

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Introdução à Economia
CAPITULO II – Mercado, preços e seus fundamentos
2.1 Conceitos de mercado
Fundamentos da teoria Microeconómica

Mercado - Designa-se por mercado o local no qual agentes


económicos procedem à troca de bens por uma unidade monetária ou por
outros bens. Os mercados tendem a equilibrar-se pela lei da oferta e da
procura.

A actividade da empresa deverá ser desenvolvida no mercado que lhe permita


receber os materiais de que necessita, o trabalho, os meios monetários e a
informação, bem como fornecer produtos, sejam bens ou serviços,
remunerações, sob a forma de ordenados e salários.

Microeconomia ou teoria de formação de preços: Examina a formação de


preços em mercados específicos, ou seja, como consumidores e empresas
interagem no mercado e como decidem os preços e a quantidade para
satisfazer ambos simultaneamente.
Estuda o comportamento de cada “molécula econômica” do sistema, por meio
de preços e quantidades relativas, ou seja, estuda o comportamento das
unidades de consumo representadas pelos indivíduos e pelas famílias; as
empresas, suas produções e custos; a produção e o preço de diversos bens,
serviços e fatores produtivos. Divide-se em:
• Teoria do Consumidor: Estuda as preferências do
consumidor analisando o seu comportamento, as suas escolhas, as
restrições quanto a valores e a demanda de mercado. A partir dessa
teoria se determina a curva de demanda.
• Teoria da Firma: Estuda a estrutura econômica de organizações cujo
objetivo é maximizar lucros. Organizações que para isso compram
fatores de produção (terra, trabalho e capital) e vendem o produto
desses fatores de produção para os consumidores. Estuda estruturas
de mercado tanto competitivas quanto monopolisticas. A partir dessa
teoria se determina a curva de oferta.

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Introdução à Economia
• Teoria da Produção: Estuda o processo de transformação de fatores
adquiridos pela empresa em produtos finais para a venda no mercado.
Estuda as relações entre as variações dos fatores de produção e suas
conseqüências no produto final. Determina as curvas de custo, que
são utilizadas pelas firmas para determinar o volume óptimo de oferta.
Existem tanto mercados genéricos como especializados, onde apenas
uma mercadoria é trocada. Os mercados funcionam ao agrupar muitos
vendedores interessados e ao facilitar que os compradores potenciais os
encontrem. Uma economia que depende primariamente das interacções entre
compradores e vendedores para alocar recursos é conhecida como economia
de mercado.

2.2 – Componentes do mercado


Num mercado teremos sempre os seguintes elementos que irão interagir:
• o bem; que será transaccionando.
• os compradores; que representam a procura ou demanda
• os vendedores; que representam a oferta desse mesmo bem
• moeda; que permite a simplificação das trocas
• preço; que surge devido a relação recíproca entre a moeda e as
mercadorias.
Isto mostra-nos que os mercados tendem a equilibrar-se pela lei da Oferta e da
Procura.
A definição de mercado poderá ser entendida de duas formas distintas ou dois
sentidos:
- Mercado em sentido concreto: é o lugar onde se encontram vendedores e
compradores
- Mercado em sentido abstracto: é o conjunto de possíveis compradores e
vendedores de um determinado bem.

Os mercados tendem a equilibrar-se pela lei da oferta e da


procura.

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Introdução à Economia

2.3 – Tipos de mercado


A Microeconomia explica também as práticas de mercado, sendo estas
divididas em:

Mercada de Concorrência imperfeita: corresponde à situação em que


os diferentes produtores/vendedores de um determinado bem e/ou serviço
actuam de forma independente face aos compradores/consumidores, com vista
a alcançar um objectivo para o seu negócio – lucros, vendas e/ou quota de
mercado – utilizando diferentes instrumentos, tais como os preços, a qualidade
dos produtos, os serviços após venda.
É um estado dinâmico de um mercado que estimula as empresas a investir e a
inovar com vista à maximização dos seus ganhos e ao aproveitamento óptimo
dos recursos escassos disponíveis. Um mercado concorrencial é aquele cujo
funcionamento é feito de acordo com o livre jogo da oferta e da procura, sem
intervenção do Estado.
• Monopólio: designa uma situação particular de concorrência imperfeita, em
que uma única empresa detém o mercado de um determinado produto ou
serviço, conseguindo, portanto influenciar o preço do bem comercializado.
• Monopsónio: monopsónio ou monopsóni é uma forma de mercado com
apenas um comprador, chamado de monopsonista.
• Oligopólio: Corresponde a uma estrutura de mercado de concorrência
imperfeita, no qual o mercado é controlado por um número reduzido de
empresas, de tal forma que cada uma tem que considerar os comportamentos
e as reações das outras quando toma decisões de mercado. No oligopólio, os
bens produzidos podem ser homogéneos ou apresentar alguma diferenciação
sendo que, geralmente, a concorrência se efetua mais ao nível de factores
como a qualidade, o serviço pós-venda, a fidelização ou a imagem, e não tanto
ao nível do preço.
• Oligopsónio: Em economia, oligopsônio ou oligopsónio é uma
forma de mercado com poucos compradores, chamados de
oligopsonistas, e inúmeros vendedores. É um tipo de competição

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Introdução à Economia
imperfeita, inverso ao caso do oligopólio, onde existem apenas
alguns vendedores e vários compradores.

Mercado de Concorrência perfeita: Em economia, competição,


concorrência perfeita ou concorrência pura descreve mercados em que
nenhum participante tem tamanho suficiente para ter o poder de mercado, para
definir o preço de um produto homogéneo com grande número de compradores
e vendedores e livre entrada e saída de vendedores.
Mercado de Concorrência monopolístico: é um tipo de concorrência
imperfeita em que existem várias empresas, cada uma vendendo uma marca
ou um produto que difere em termos de qualidade, aparência ou reputação, e
cada empresa é a única produtora de sua própria marca. A competição
monopolística é caracterizada também por não haver barreiras à entrada.
Neste tipo de concorrência imperfeita, são produzidos produtos distintos,
porém, com substitutos próximos passíveis de concorrência. Por isso, esse tipo
de estrutura de mercado é considerada intermediária entre a concorrência
perfeita e o monopólio.

2.4 – Conceitos de preço


Preço - é o valor monetário expresso numericamente associado a uma
mercadoria, serviço ou património em um determinado momento.
Preço – é a quantidade de moeda que se tem de dar em troca de um bem ou
serviço.
O preço de um bem ou serviço só existe quando há uma relação de troca, ou
seja, quando o produtor do bem/serviço e o utilizador sejam pessoas
diferentes. O preço apresenta-se assim como o intermediário fundamental nas
trocas.
Historicamente, em sociedades que conheceram uma intensa actividade
económica, o preço não era mais do que a expressão recíproca de uma troca
directa de bens e serviços: um alqueire de cereal equivalia a uma certa
quantidade de tecido. Com o aparecimento da moeda, o preço passou a
estabelecer-se em função da moeda, fosse ela um produto, um metal ou uma
moeda metálica.

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Introdução à Economia
A tradução do preço de um bem em moeda veio facilitar o sistema de trocas e
contribuí para o seu desenvolvimento. A noção de preço torna-se então
inseparável dos mecanismos de funcionamento da economia monetária, do
desenvolvimento e evolução da economia e da transformação dos sistemas
económicos. Foi em torno dos processos de formação dos preços que os
sistemas capitalista se formou e afirmou.

2.5. Formação de preços nas diferentes formas de mercado

É no mercado, pelo livre jogo da oferta e da procura, que se formam os preços


dos bens. No entanto, a formação dos preços é condicionada por outros
factores que interagem com a oferta e a procura. Um desses factores é o
género de mercado em que o produto/serviço é transaccionado.

A teoria tradicional da economia de mercado considera que é a concorrência, e


só a ela, que cabe fixar os seus próprios preços.
Esta teoria não admite quer a intervenção estatal quer a possibilidade de cada
empresa fixar os seus próprios preços.
O preço é assim, aceite pelas empresas como um dado, na medida em que
dependendo da dimensão destas e de sua actuação no mercado podem
influenciar-se mutuamente na fixação.

Outros factores que podem influenciar na formação dos preços dos bens ou
serviços, são:
• Custos (Internos e externos);
• Procura;
• Concorrência.

Custos Internos: são todos os custos que estarão na base da produção de um


produto.
Custos Externos: são todos os custos que dependem dos fornecedores, dos
distribuidores e da legislação em vigor.

João Vieira 2.ªEdição Página 30


Introdução à Economia
Procura: os consumidores manifestam diferentes pressões de procura de um
bem ou serviço perante a diferentes preços.
Concorrência: pode limitar a afixação livre dos preços da empresa.

A empresa ao formar o preço, poderá adoptar duas estratégias


seguintes:
1- Estratégia de Desnatação;
2- Estratégia de Penetração.

Estratégia de Desnatação: praticar preços altos, explorando a


ignorância dos consumidores, principalmente quando se tratar de um
produto ou serviço Inovador.

Estratégia de Penetração: entrar no mercado praticando preços baixos


para render ou vender grandes quantidades, assegurando uma elevada
quota de mercado, de modos a neutralizar a concorrência.

❖ Exercícios sobre o ponto crítico (morto) de venda

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Introdução à Economia
CAPITULO III – CONSTITUIÇÃO DE EMPRESA

3.1. Conceitos

A percepção do conceito de empresa obriga à sua análise. Esta análise, por


sua vez, conduz-nos à compreensão de outros conceitos, designadamente a
explicação dos recursos e dos mercados.
O termo empresa significa realização, empreendimento. É disso efectivamente
que se trata, de realizar determinadas actividades em prol da satisfação das
necessidades e da concretização de finalidades específicas. É também o termo
vulgarmente utilizado para designar um determinado estabelecimento pertença
de uma ou mais pessoas. Em suma, no quotidiano, é um termo frequentemente
utilizado, sem, contudo, se ter real consciência de toda a informação que este
termo encerra em si.

Organização: é uma entidade técnico-social, isto é, um grupo de indivíduos em


interacção prosseguindo objectivos comuns na prestação de bens e serviços.

3.1.2. Noção de empresa

Uma empresa é uma organização de recursos que, combinados, visam a


concretização de determinados objectivos e a satisfação dos seus interesses,
bem como dos interesses e necessidades dos mercados em que concorre.

Se considerarmos que uma organização é um grupo social em que existe uma


divisão do trabalho que visa atingir determinados objectivos, podemos concluir
que também a empresa é uma organização.

No seguimento do que já foi referido anteriormente, a empresa pretende


alcançar objectivos que lhe permitem sobreviver, desenvolver-se ou estabilizar
nos mercados em que concorre.

Um objectivo é um propósito que a empresa deseja alcançar num determinado


período de tempo.

A definição de objectivos dependerá também das características da empresa,


da sua postura no mercado e dos objectivos das pessoas que nela trabalham.

Uma meta é o fim último que a empresa pretende atingir, daí que se possa
dizer que uma meta engloba a concretização de vários objectivos e encerra em
si todas as características que os objectivos devem apresentar.

João Vieira 2.ªEdição Página 32


Introdução à Economia

Classificação dos objectivos quanto ao prazo de execução

Prazo < 1 ano Objectivo de curto prazo

1 ano ≤ prazo < 5 anos Objectivos de médio prazo

Prazo ≥ 5 anos Objectivo de longo prazo

Noção de Missão

A missão da empresa baseia-se num documento (texto ou frase) que identifica


a postura da empresa e os objectivos que se quer ver cumpridos.

3.7. Fases da criação da empresa

Regime jurídico

As empresas podem também classificar-se segundo o seu regime jurídico, daí


que, na sua classificação, se utilize o código comercial e o código das
sociedades comerciais.

Definição

Capital social; representa o valor que os seus detentores acordam em atribuir à


empresa (ao negócio) e que serve de garantia a terceiros.

Definição

O Património; É o conjunto de bens, direitos e obrigações pertencentes a uma


determinada pessoa (património particular) ou a uma empresa (património
comercial)

3.7.1. Motivações

Após a apresentação da empresa e das suas principais características, torna-


se agora necessário conhecer as razões que poderão levar uma pessoa, ou um
conjunto de pessoas, a criar essa organização tão singular.
João Vieira 2.ªEdição Página 33
Introdução à Economia
Como já deves estar a pensar, as razões são variadas e diferem consoante a
pessoa ou as circunstâncias em que a ideia surge.

1- Condições prévias (Surge a ideia);


Ideia sólida o que fazer; conhecimento mercado.

2- Desenvolvimento da ideia (Elabora-se o estudo de viabilidade);


Ter noção clara quanto ao produto, mercado, tecnologia, equipamento,
pessoal; o que é que dizem os nºs? Negócio é rentável?

3- Constituição legal (Procede-se à sua constituição legal);


o Escolher tipo da empresa a constituir;
o Elaborar estatutos;
o Formalizar escritura;
o Divulgar diário da República.

Tendo para efeito recorrer os serviços através do:

➢ Guiché Único da Empresa; 30.000 kz


➢ Direcção nacional de impostos; 11.667 kz
➢ Cartório Notarial do GUE; 74.231 kz
➢ Conservatória Registo Comercial do GUE; 50.038 kz
➢ Instituto Nacional de Estatística; 8.000 kz
➢ Imprensa Nacional; 20.000 kz
➢ Instituto Nacional de segurança Social. 10 kz.

4- Implementação do projecto/ Inicio da actividade


➢ Obter recursos necessários;
➢ Contratar pessoa e dar-lhe formação;
➢ Adquirir equipamento.

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Introdução à Economia
3.8.CLASSIFICAÇÃO DAS EMPRESAS

Classificar uma empresa significa englobar essa empresa numa determinada


categoria, na qual poderá ser comparada com outras semelhantes, ou seja,
com outras empresas que possuem características idênticas e que visem
também objectivos idênticos.

Além de servir de termo de comparação, a classificação das empresas visa a


sua caracterização em termos do sector de actividade onde se insere, da sua
dimensão, da propriedade e gestão dos meios de produção e do regime
jurídico que regula a sua actuação.

3.8.1. QUANTO SECTOR ACTIVIDADE (PRODUÇÃO)

Sector Neste sector incluem-se as empresas industrias ou extractivas.

Primário Ex: As actividades de agricultura, de pesca, Geologia e minas.

Sector Neste sector incluem-se as industrias transformadoras, ou seja,

Secundário aquelas que transformam matérias-primas em produto acabado.

Sector Neste sector incluem-se o comércio e a prestação de serviços, ou

Terciário seja, a actividade de comprar e vender produtos acabados ou a


actividade de prestar serviços.

A cada um destes sectores corresponderá um determinado código, o código


das actividades económicas. (CAE).

Definição

Noção de classificação das actividades económicas (CAE)

A classificação das actividades económicas (CAE) é um sistema de


classificação e agrupamento das actividades económicas (produção, emprego,
energia, investimento, entre outras) em unidades estatísticas de bens e
serviços.

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Introdução à Economia

3.8.2. QUANTO PROPRIEDADE E GESTÃO DOS MEIOS DE PRODUÇÃO

Definição

Noções de empresa Pública, Privada e Mista

As empresas privadas são propriedades de pessoas particulares que gerem os


meios de produção e dividem, entre si, o lucro. Ex: Damistrela, lda;
Luzofarma.

As empresas públicas são propriedade da Administração pública, cuja gestão


está a cargo de pessoas nomeadas pelo estado. Ex: Taag, Sonangol E.P.

As empresas Mistas são de propriedade da administração do estado e de


pessoas particulares, sendo a gestão atribuída a entidade com maior
participação. (ações). Ex: Cimangola, Movicel, etc.

Definição

Noção de privatização

Privatização é o processo de transferência da propriedade e gestão dos meios


de produção de uma empresa, outrora pública, para uma entidade privada,
através de aquisição (compra).

A privatização é um dos meios de obtenção de receitas que aumentam os


cofres do estado e diminuem o seu deficit.

João Vieira 2.ªEdição Página 36


Introdução à Economia
3.8.3. QUANTO SUA DIMENSÃO

Definição

Noção de efectivo

Para classificar uma empresa quanto à sua dimensão consideram-se os


trabalhadores ou colaboradores que permanecem na empresa há pelo menos
um ano consecutivo, sem interrupções, bem como o volume de negócios e o
critério de independência.

De acordo com a recomendação 2003/361/CE, adoptou uma nova definição de


microempresas, pequenas e de médias empresas, com o objectivo de
promover o espírito empresarial, incentivar o investimento e o crescimento,
reduzir os encargos administrativos e aumentar a segurança jurídica.

Microempresa A microempresa emprega menos de 10 efectivos. Ex:


Cantinas Mamadu, Lanchonetes,etc.

Pequena empresa Emprega um número de efectivo inferior a 50. Ex:


Restaurantes, Hoteis,etc.

Média empresa Emprega menos de 250 efectivos. Ex:Hoteis,Sistec,etc

Grande empresa Emprega acima de 250 efectivos.Ex: Sonangol, IMIL,


Endiama, Cimangola,etc

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3.8.4. CLASSIFICAÇÃO DAS EMPRESAS NA FORMA JURIDICA

REGIME JURIDICO

SOCIEDADES COMERCIAIS

As sociedades gozam de personalidade jurídica, logo, serão regidas por um


contrato de sociedades. Este contrato é também denominado de Estatuto ou
pacto social.

È nos estatutos ou contrato de sociedades que se estabelecem as regras de


funcionamento de sociedade (empresa) e que devem contemplar a vontade
das pessoas envolvidas e sempre de acordo com o estipulado na lei.

Os estatutos devem conter, entre outros, os seguintes elementos:

➢ Os nomes ou formas de todos os sócios e outros dados de identificação


destes;
➢ O tipo de sociedade;
➢ A firma da sociedade;
➢ O objecto da sociedade;
➢ A sede da sociedade;
➢ O capital social, quota de capital e a natureza da entrada de cada socio;
➢ Órgãos sociais (eleição, composição e função);
➢ Direitos e deveres dos sócios (acionistas);
➢ Forma de aplicação de resultados (lucros ou dividendos).

O contrato de sociedade deve ser celebrado por escritura pública.


A escritura é um acto notarial com vista ao registo dos estatutos e
sua divulgação posterior (Diário da República).

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Introdução à Economia

Empresas

Singulares

Comerciante
E.I.R.L.
E.I.R.L. Em Nome

Individual

Singulares

Sociedades

Comerciais

Sociedade Sociedades Sociedades Sociedades Sociedades

Unipessoal Por Quota Anónima em Nome em


Colectivo Comandita

João Vieira 2.ªEdição Página 39


Introdução à Economia
E.I.R.L. (Estabelecimento Individual de Responsabilidade Limitada)

Tem por base a constituição de um capital, com valor mínimo de 600.000 kzs,
que é autónomo, ou seja, o património comercial não se confunde com o
património individual. O valor do capital poderá ser constituído por dinheiro ou
por objectos que possam ser penhorados (convertidos em dinheiro para pagar
dividas). Este capital é pertença do seu proprietário e administrador, cuja
responsabilidade é limitada ao valor investido e aos bens afetos à empresa.

Esta empresa deverá ser constituída através de escritura pública e divulgada


aos agentes económicos e público em geral em diário da República.

Comerciante em Nome Individual

A personalidade jurídica dum comerciante em nome individual confunde-se


com a personalidade jurídica do seu proprietário, isto é, não há distinção entre
o seu património particular e o património da empresa, o património comercial.

Esta empresa é pertença de um único proprietário que detém o capital que


resolveu investir, sem limite mínimo, e que afeta todos os seus bens à
exploração da actividade económica. A responsabilidade é ilimitada, uma vez
que, em caso de dívidas, responde com o património da empresa e com o seu
património.

Sociedade Unipessoais

A sociedade unipessoal por quota é constituída por um sócio único que é o


titular do capital social. Numa sociedade Unipessoal há uma separação clara
entre o património particular do seu único sócio e o património comercial.
Embora seja pertença de um único proprietário que detém o capital mínimo,
dividido em quotas, este denomina-se sócio único. A sua responsabilidade é
limitada ao valor das quotas que investiu e aos bens afetos à empresa.

Sociedade por Quota

A sociedade por quota é constituída por mais de um sócio.

João Vieira 2.ªEdição Página 40


Introdução à Economia
O capital está dividido em quotas e os sócios são solidariamente responsáveis
por todas as entradas convencionadas no contrato social, logo, a sua
responsabilidade é limitada.
A sociedade é administrada e representada por um ou mais gerentes e possui
uma assembleia-geral de sócios.

* Sociedade mista de pessoas e capitais, cuja responsabilidade é limitada ao


valor da quota subscrita pelo valor não realizado das quotas dos sócios.

* Apenas o património da empresa responde perante os credores;

* Nº mínimo de 2 sócios;

* Não são admitidas contribuições de industriais;

Sociedade Anónima

A sociedade anónima não pode ser constituída por um número de sócios


inferior a cinco (5), salvo quando a lei o dispense, os quais se denominam
acionistas.
O capital está dividido em ações e cada sócio limita a sua responsabilidade ao
valor das ações que subscreveu, logo, a sua responsabilidade é limitada ao
valor das ações subscritas.
A sociedade anónima não pode ser constituída por um capital inferior a
7.200.000 kzs e, tal como na sociedade por quotas, não são admitidas
contribuições de indústria. O capital social e as ações devem ser expressos
num valor nominal com um mínimo de um cêntimo. A Acão é indivisível.

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Introdução à Economia
A administração e a fiscalização da sociedade cabem ao conselho de
administração e ao conselho fiscal. Ela tem também uma Assembleia-geral de
acionistas.

* Baseia-se não na pessoa do sócio; mas sim nos capitais por ele investidos;

* Cuja responsabilidade é limitada pelas ações subscritas;

* Não pode ter um nº de sócios inferior a 5;

* Não admite sócios de indústria.

- Sociedade em nome colectivo

* 2 Ou mais pessoas com responsabilidade ilimitada e solidária.

* Tipo de sociedade assenta na mútua confiança dos sócios;


Porque todos os bens respondem ou servem de garantia as obrigações da
sociedade na assunção das dívidas.

- Sociedade em comandita

* É uma sociedade mista de pessoas e capitais.

1* Comanditados; com responsabilidade ilimitada contribuem com bens e


serviços e assumem a direcção da gestão da sociedade.

2* Comanditários; com responsabilidade limitada respondendo apenas pelo


capital de entrada.

Comandita: - Simples
- Por ações “STILLER TEILNEHMER” alemão
Associado Tranquilo

João Vieira 2.ªEdição Página 42


Introdução à Economia
3.9. Cooperativas

Definição

Noção de cooperativa

As cooperativas são pessoas colectivas autónomas, de livre constituição, de


capital e composição variáveis, que, através da cooperação e entreajuda dos
seus membros, com obediência aos princípios cooperativos, visam, sem fins
lucrativos, a satisfação das suas necessidades e aspirações económicas,
sociais ou culturais.

As cooperativas não revestem a natureza de verdadeiras sociedades


Comerciais, pelo que não se encontram reguladas no código das Sociedades
Comerciais, mas sim no código Cooperativo, como já foi referido
oportunamente em assuntos anteriores.

O número de membros de uma cooperativa é variável e ilimitado, mas não


poderá ser inferior a cinco (5) nas cooperativas do primeiro grau e a dois (2)
nas cooperativas de grau superior.

O capital social das cooperativas é variável, podendo os respectivos estatutos


determinar o seu montante mínimo inicial.

O capital subscrito pode ser realizado em dinheiro, bens ou direitos, trabalho ou


serviços e deve ser integralmente realizado, no prazo máximo de cinco (5)
anos.

A responsabilidade dos cooperadores é limitada ao montante do capital


subscrito, sem prejuízo de os estatutos da cooperativa poderem determinar que
a responsabilidade dos cooperadores seja ilimitada ou ainda limitada em
relação a uns e ilimitada quanto aos outros.

Deve ser celebrada através de escritura pública.

João Vieira 2.ªEdição Página 43


Introdução à Economia
Economicamente as sociedades

Distinguem-se, sobretudo pelo modo porque nelas se acham regulares


1- O financiamento;
2- A atribuição dos sócios;
3- A divisão dos lucros.

. Diferença entre as Cooperativas e sociedades comerciais


1- Variabilidade do capital social;
2- || do nº de sócios;
3- Objectivo ñ lucrativo.

* Nas sociedades as (ações), não são as ações que se associam, mas sim os
homens que as detêm.

- Juridicamente o que mais diferencia as sociedades comerciais uma das


outras é a responsabilidade dos sócios;

1- Ilimitada nas sociedades em nome colectivo;


2- Limitada nas sociedades anónimas e por quota;
3- Mista nas sociedades em comandita.

João Vieira 2.ªEdição Página 44


Introdução à Economia

2.12. Órgãos sociais

Definição

Órgãos sociais; os órgãos sociais de uma empresa representam os vários


conjuntos de pessoas (ou uma só pessoa) ou entidades que tomam decisões
de direcção, fiscalização, e de gestão de empresa.

Assembleia-Geral Conselho de Conselho fiscal


administração

Composição Composto por Composto por uma Composto por 3


sócios da empresa equipa eleita pela membros
e seus Assembleia-Geral eleitos pela
representantes Assembleia
Geral
- Discutir, modificar
e aprovar o - Órgão de gestão - Examinar a
relatório de gestão; por excelência; escritura;

- Substituir
administradores e - Tomando decisões
Funções membros do de natureza - Verificar o
conselho fiscal; económica e cumprimento
financeira. dos estatutos;
- Deliberar sobre a
aplicação de - Elaborar relatório
- Dar parecer
resultados. de gestão
sobre o balanço
o relatório de
gestão.

João Vieira 2.ªEdição Página 45


Introdução à Economia

3.12.1. Responsabilidade social da Empresa

Cada vez mais a empresa deve assumir uma atitude de responsabilidade para
com o meio onde actua e para com as pessoas que directa ou indirectamente
são condicionadas pelas decisões que toma diariamente. A começar com a
oferta de emprego, a construção de escolas ou postos médicos que sirvam a
comunidade em que está inserida a empresa, visam a proporcionar outra
qualidade de vida. Esta responsabilidade revela-se a variados níveis, desde a
tomada de consciência ecológica, levando o efeito decisões que ajudam à
preservação do ambiente, até ao desenvolvimento de actividades relacionadas
com as pessoas que nela trabalham, em termos de condições de trabalho, por
exemplo.

Todos colaboradores se sentem satisfeitos e orgulhosos por pertencerem a


uma empresa que se preocupa com os problemas da comunidade da qual eles
fazem parte.

A responsabilidade social empresarial surge então como ética, objectiva, e da


moral, subjectiva, significando. A obrigação social do homem de negócios de
adoptar orientações, tomar decisões e seguir linhas de acção que sejam
compatíveis com os fins e valores da sociedade

A responsabilidade social empresarial é “a obrigação de uma empresa de


negócios buscar, além das obrigações exigidas por lei ou pela economia,
objectivos de longo prazo que sejam bons para a sociedade” incluindo no
conceito a perspectiva estratégica, uma vez que a responsabilidade social não
deve ser uma acção “ad hoc”, de curto prazo, para “apagar incêndios”, com
objectivos de fazer frente à crises momentâneas. A RSE “trata-se do
compromisso contínuo nos negócios pelo comportamento ético que contribua
para o desenvolvimento económico, social e ambiental, pressupondo a
realização de decisões dos agentes económicos que sejam resultado da
reflexão quanto aos seus impactos”, incluindo no conceito os grupos de
interesses, ou seja, a direcção da empresa, seus proprietários, empregados,
famílias, a sociedade, as diversas esferas governamentais, as ONG, etc.

O desafio da RSE, Ashley (2005) afirma que governos, empresas e sociedade


devem se organizar para trazer respostas visando a um desenvolvimento
sustentável que englobe aspectos económicos, sociais e ambientais. Isso
porque as acções empresariais precisam se sustentar nesse tripé para
João Vieira 2.ªEdição Página 46
Introdução à Economia
atenderem às necessidades do presente, sem comprometer as necessidades
das gerações futuras. Logo, é oportuno a interacção entre essas
Três esferas de poder.
O mundo empresarial vê na Responsabilidade Social uma Estratégia
considerável para aumentar seu lucro e potencializar seu desenvolvimento.
Nota-se, então, uma crescente conscientização de que as organizações podem
e devem assumir um papel mais amplo dentro da sociedade. Desta forma,
Ventura (2003) conceitua Responsabilidade social como o compromisso que
uma organização deve ter para com a sociedade, expresso por meio de actos e
atitudes que a afectem positivamente, de modo amplo, ou alguma comunidade,
de modo específico, agindo pro-activamente e coerentemente no que tange ao
seu papel específico na sociedade e à sua prestação de contas para com ela,
Assumindo, assim, além das obrigações estabelecidas em lei, também
obrigações de carácter moral, mesmo que não directamente vinculadas às
suas actividades, mas que possam contribuir para o desenvolvimento
sustentável dos povos. Assim, numa visão expandida, responsabilidade social
é toda e qualquer acção que possa contribuir para a melhoria da qualidade de
vida da sociedade.
A responsabilidade social é o comprometimento dos empresários com o
comportamento ético e com o desenvolvimento econômico, com o objetivo de
“melhorar a qualidade de vida dos empregados e suas famílias, bem como da
comunidade local e de suas famílias”.

Enquanto agente económico que é, a empresa tem a obrigação de realizar o


bem comum, que não se esgota no cumprimento da lei r no pagamento dos
seus impostos e contribuições.

João Vieira 2.ªEdição Página 47


Introdução à Economia
A responsabilidade social é cada vez mais uma obrigação para com o ambiente
e a humanidade. As empresas socialmente responsáveis apresentam os
seguintes benefícios:

➢ A imagem da empresa é reforçada.

➢ Os colaboradores sentem-se mais motivados.

➢ A produtividade aumenta.

➢ Verificam-se melhores resultados.

➢ A qualidade melhora.

➢ Enfrenta-se de forma mais competitiva os desafios.

➢ Promove-se o desenvolvimento da comunidade.

João Vieira 2.ªEdição Página 48


Introdução à Economia
CAPITULO IV – Os elementos básicos da procura e da oferta

4.1. Procura, conceito e Lei da procura

Procura de um bem, corresponde a quantidade desse bem que os


consumidores estão dispostos a adquirir a um dado preço.
A quantidade de um bem que as pessoas estão dispostas a adquirir, depende
fundamentalmente do seu preço, isto quer dizer que “quanto mais alto for o
preço de um bem menor será a quantidade que as pessoas estão dispostas a
comprar, pelo contrário quanto mais baixo for o preço de venda de um bem
mais unidades desse bem serão compradas”.

P↓ q↑ Lei da procura a quantidade procurada varia

P↑ q↓ na razão inversa do seu preço.

DETERMINANTES DA PROCURA
Apesar de a quantidade procurada de um determinado bem ou serviço estar
bastante dependente do seu preço, este não é o único factor que determina o
comportamento dos consumidores, de facto o comportamento da procura de
um bem está dependente de:
• Preço de outros produtos que lhe estejam relacionados, (as variações
nos preços de outros produtos principalmente os substitutos e complementares
também têm efeito na curva da procura);
• Dimensão do mercado, (quantidade de consumidores existentes no
mercado desse produto);
• Rendimento dos consumidores, (é dos que têm maior influência na
quantidade procurada, o aumento do rendimento dos consumidores origina um
acréscimo na quantidade procurada da generalidade dos bens);
• Factores subjectivos, (gostos e preferências dos consumidores, moda,
cultura, etc.);

• Sazonalidade (condições climáticas), ex: procura de gelados e de guarda


chuvas aumenta no verão e diminui no inverno respectivamente );

João Vieira 2.ªEdição Página 49


Introdução à Economia

A procura ser representada gráficamente e algebricamente

• Gráficamente temos a curva da procura


Curva da procura, quando o preço sobe, a quantidade
Baixa e vice-versa. A curva inclina-se da esquerda para
direita e de cima para baixo, é uma curva decrescente.

• Algebricamente: Qdx = a - bPx

Ex: trace a curva da procura de livros, com a seguinte tabela de preços e


quantidades:

Preço ( p ) Quantidade ( Q )
20 15
30 10
40 8
70 4
100 2

João Vieira 2.ªEdição Página 50


Introdução à Economia

4.2 Oferta, conceito e Lei da oferta

A oferta de um bem, é a quantidade desse bem que um produtor está disposto


a vender a um determinado preço.
Assim como a quantidade de produtos que os consumidores estão dispostos a
comprar é influenciado pelo preço, também a quantidade de bens que um
determinado produtor está disposto a produzir e a vender é influenciado pelo
preço. Normalmente o agente económico está disposto a vender tanto mais
quanto maior for o preço.

P ↓ q↓ Lei da oferta a quantidade oferecida varia na razão


P↑ q↑ directa do seu preço.

DETERMINANTES DA OFERTA
Tal como na procura; apesar de ser o preço do bem o factor que tem uma
maior influência na quantidade que os vendedores estão dispostos a vender,
existem vários outros factores que também influenciam a Oferta.
Podemos indicar os seguintes factores que influenciam o comportamento da
oferta:

- Custos de produção, ( se o preço de venda não sofrer alterações e


aumentar os custos de produção, o lucro dos produtores irá sofrer uma
diminuição pelo que a quantidade oferecida será menor ).
- Tecnologia, (com a inovação tecnológica as empresas podem aumentar a
sua produção ou produzir a custos mais baixos).
- Preços de outros bens, (os produtores podem ser levados a abandonar a
produção de um bem por troca de outro bem que lhes proporcione um maior
lucro).
- Número de produtores, (um aumento da quantidade de
produtores/vendedores a operar no mercado, origina um acréscimo da oferta).

• Representação gráfica da oferta: CURVA DA OFERTA

João Vieira 2.ªEdição Página 51


Introdução à Economia

A relação entre o preço de um bem e a quantidade oferecida pode ser


representada graficamente por uma curva ascendente que traduz a lei da oferta
(a quantidade oferecida de um bem varia na razão directa do seu preço).

A curva da oferta, quando o preço sobe a quantidade


Sobe e vice-versa. É uma curva ascendente e
Desloca-se da esquerda para a Q·

• Repreentação algébrica: Qsx = a + bPx


Exemplo: trace a curva da oferta de livros com a seguinte tabela de preços e
quantidade.

Preço ( p ) Quantidade ( Q )
20 3
30 6
40 8
70 12
100 14

João Vieira 2.ªEdição Página 52


Introdução à Economia

4.3. Equilíbrio entre a procura e a oferta


O equilíbrio do mercado, é obtido através da intersecção da curva da procura e
da curva da oferta. No entanto o preço de mercado pode não ser igual ao preço
de equilíbrio, perante esta situação dizemos que o mercado não está em
equilíbrio, existindo excesso de oferta ou excesso de procura.
A quantidade e o preço de equilíbrio de mercado, pode ser obtido utilizando
gráfico, ou através de funções da oferta e da procura:

a) Exemplo utilizando gráfico·

S – curva da oferta
D – curva da procura
pe – preço de equilíbrio
Qe – Quant. de equilíbrio
PE – ponto de equilíbrio

Preço Quant.-D Quant.-S Situação Pressão


s/preço
20
30
40
70
100

João Vieira 2.ªEdição Página 53


Introdução à Economia
4.4. Conceito de elasticidade
Elasticidade é o tamanho do impacto que a alteração em uma variável (ex.:
preço) exerce sobre outra variável (ex.: demanda). "Em sentido genérico, é a
alteração percentual de uma variável, dada a alteração percentual em outra,
coeteris paribus. Assim, elasticidade é sinónima de sensibilidade, resposta,
reacção de uma variável, em face de mudanças em outras variáveis".
Elasticidade da procura no arco
A elasticidade da procura analisa a razão entre a variação percentual da
quantidade demandada e a variação percentual no preço do próprio bem. É a
única elasticidade que é calculada em módulo, ou seja os seus valores são
sempre positivos.

Variáveis que afectam a elasticidade da Demanda


• Essencialidade do bem;
• Influência dos gastos com o bem sobre a renda do consumidor;
• Número de usos do bem;
• Número de bens substituto e grau de substituibilidade;
• Ponto da curva de demanda em que se encontra o preço do bem.

Elasticidade da oferta
A elasticidade da oferta mede a respostas dos productores frente a variações
de preço, ela se define como a razão entre a variação percentual das
quantidades ofertadas e a variação percentual dos preços de mercado.
Apresenta-se aqui uma forma alternativa de cálculo apenas baseada num
ponto (normalmente o de equilíbrio).
A nível de intuição é necessário apenas compreender que se a curva for
totalmente elástica, o produtor está disposto a vender qualquer quantidade
apenas ao preço P. Se a curva for totalmente rígida o produtor está disposto a
vender apenas a quantidade Q a qualquer preço.

João Vieira 2.ªEdição Página 54


Introdução à Economia

Elasticidade do rendimento
A elasticidade do rendimento permite retirar conclusões acerca da influência do
rendimento na quantidade consumida.
A elasticidade-rendimento da procura corresponde ao quociente entre a
variação percentual da quantidade procurada de um bem ou serviço e a
variação percentual do rendimento.
Considere-se o rendimento monetário de uma família ou de um indivíduo.
Quando o rendimento monetário é fixo, ocorrendo o aumento do preço de
mercado de um determinado bem ou serviço habitualmente consumido,
verificar-se-á um decréscimo do rendimento real da família ou do indivíduo, isto
é, da quantidade de bens e serviços que o rendimento monetário pode
comprar. Assim, quando o preço de um bem ou de um serviço sofre um
incremento e os rendimentos monetários dos consumidores se mantêm fixos,
verifica-se, na prática, uma diminuição dos rendimentos reais. Logo,
presumivelmente, os consumidores adquirirão uma quantidade menor de bens
ou serviços, incluindo do bem ou do serviço cujo preço sofreu um incremento.
Assim, o efeito rendimento, consistindo na variação da quantidade procurada
de bens ou serviços decorrente de uma variação dos preços desses bens ou
serviços, corresponderá ao efeito da variação dos preços dos bens ou serviços
sobre os rendimentos reais dos consumidores. Uma vez que um rendimento
real inferior conduzirá, em geral, a um nível inferior de consumo, o efeito
rendimento irá, logicamente, potenciar o efeito substituição.
A medida quantitativa do efeito rendimento pode ser obtida calculando a
elasticidade-rendimento de um bem ou serviço. A elasticidade-rendimento
corresponde ao quociente entre a variação percentual da quantidade procurada
de um bem ou serviço e a variação percentual do rendimento dos
consumidores. As elasticidades-rendimento elevadas associadas a alguns bens
e serviços (por exemplo, propinas das universidades privadas) significam que a
procura desses bens ou serviços aumenta sempre que o rendimento dos
consumidores sofre um acréscimo. Por outro lado, elasticidades-rendimento
pequenas (por exemplo, como as de grande parte dos alimentos) sugerem uma
fraca resposta da procura ao aumento do rendimento dos consumidores.

João Vieira 2.ªEdição Página 55


Introdução à Economia
Em que: “Δ%Q” corresponde a uma determinada variação percentual da
quantidade procurada do serviço; e “Δ%R” corresponde a uma determinada
variação percentual do rendimento dos consumidores.
Concluindo, os bens podem ainda ser classificados quanto ao valor de
elasticidade-rendimento associado à sua procura (ver tabela seguinte).
Elasticidade-rendimento Classificação dos bens
Er < 0 Bens inferiores
Er < 1 Bens (normais) essenciais
Er > 1 Bens (normais) de luxo

Exercício renda da procura


Abaixo demonstraremos um cálculo de elasticidade para um produto qualquer,
com apenas 2 períodos e aplicando-se a fórmula padrão de cálculo:

PERÍODO RENDA QUANTIDADE


JAN/20XX R$1000,00 480

FEV/20XX 1100,00 500

Entendendo o resultado: para cada variação percentual de 1% na renda


do consumidor, a quantidade demandada variará em 0,4%.

João Vieira 2.ªEdição Página 56


Introdução à Economia

4.5. A produção e os factores de produção

A produção é a actividade económica que permite obter bens e serviços


mediante uma combinação tão eficiente quanto possível de factores produtivos.
Cada bem ao ser produzido passa por uma série de transformação cujo
conjunto se denomina ciclo produtivo. Pode-se então dizer que produzir é criar
novas utilidades.
A função da produção determina a quantidade máxima de produto que pode
ser produzida com uma dada quantidade de factor de produção.
A empresa utiliza recursos que são essenciais ao desenvolvimento da sua
actividade, seja ela de produção de bens ou de prestação de serviço.

Recursos ou Factores de produção


Para produzir bens e serviços é necessário que os agentes económicos
reúnam vários elementos que em economia se vão chamar factores de
produção.

Tradicionalmente distinguem-se 3 factores de produção:


• Natureza ou matéria-prima (terra); indica as terras cultiváveis e os recursos
naturais; às instalações, aos equipamentos, entre outros, que contribuem para
o desenvolvimento da actividade da empresa.

• Trabalho ou mão-de-obra; refere-se as habilidades físicas e intelectuais dos


seres humanos que intervêm no processo produtivo. Recursos Humanos;
representam as pessoas que estão ao serviço da empresa e que, com o seu
trabalho, garantem o seu funcionamento.

• Capital: corresponde não só ao financeiro (assumindo a forma de


dinheiro) mas também não financeiro (que são os equipamentos, as
instalações e máquinas),próprios e alheios; representam os meios que a
empresa dispõe para o seu desenvolvimento ou estabilidade.

João Vieira 2.ªEdição Página 57


Introdução à Economia
Recursos tarefas (funções) Resultado
objectivos

Humanos

Materiais: • Planificar Produção de


• Organizar bens e
• Instalações
• Dirigir serviços
• Máquinas
• Controlar
• Avaliar
Financeiros

Tempo

Informação

Compete aos agentes económicos organizar a combinação dos factores


produtivos com os recursos empresariais de forma a conseguir os melhores
resultados.
Recursos Tecnológicos; Relacionam-se com os recursos materiais e dizem
respeito às opções de utilização dos métodos e dos instrumentos mais
adequados à realização de uma actividade.
O Tempo; Tempo útil (Trabalho real); Tempo inútil (Conversa, prejuízo, etc.)
É um recurso não renovável, tem que fazer-se recurso do preço, custo de
oportunidade; quer dizer que quando se perde o compromisso ou o tempo já
não será possível recupera-lo. O tempo é um recurso que compartilha-se.
A informação é outro recurso importante da organização que participa na
tomada de decisão.
A informação irriga a organização, é uma liberdade e tem um feedback, isto
porque pode decidir a vida ou o estado da empresa. A informação é tratada,
compilada, difundida e utilizada.

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Introdução à Economia
Exemplo: A internet em relacionamento no trabalho e racionaliza o tempo e
espaço.

4.6. Administração da produção

Os recursos de que as empresas dependem, necessitam de (boa


administração) porque se conseguem os objectivos estabelecidos. Dai a
administração de produção. (A.P)

Esta área cuida dos recursos físicos e materiais de que a empresa depende
(concretização), o seu processo produtivo.

Tem como objectivo a eficiência e a eficácia

A eficiência tem a ver com os meios, processamento de trabalho,


melhoramento na aplicação dos recursos;

Já a eficácia tem a ver com os objectivos. Quando a produção é eficiente a


tendência é alcançar maiores índices de produtividade.

“A produtividade é a relação óptima entre os recursos aplicados, e só


volumes de bens produzidos”.

Um operário será mais produtivo que o outro se, no mesmo período de


tempo e dispondo-se dos mesmos recursos, produz mais que o outro.

EFICIÊNCIA EFICÁCIA

- Ênfase nos meios, métodos - Ênfase nos resultados e fins

- Fazer correctamente as coisas - Atingir objectivos

- Procura a melhor aplicação dos - Procura o melhor alcance dos


recursos objectivos e resultados

- Salvaguardar os recursos - Optimizar a utilização de recursos

- Cumprir tarefas e obrigações - Obter resultados e agregar valor

- Resolver problemas - Atingir resultados

- Jogar futebol com arte - Marcar golos e ganhar

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4.6.1. Produtividade
A eficácia da produção depende da combinação de factor trabalho e do factor
capital, esta eficácia é normalmente medida através da competitividade sendo
esta a relação entre os produtos obtidos e os recursos utilizados para os obter.

A produtividade pode ser determinada da seguinte forma:

• Produtividade média
É a relação existente entre as quantidades da produção obtida e quantidade de
factor de produção que foi utilizado para obter essa produção mantendo-se os
outros factores invariáveis.

PMe =𝑷𝑻 / 𝑸

• Produtividade total
É a totalidade dos factores empregues numa determinada produção.

• Produtividade marginal
É o aumento da quantidade produzida provocada pela utilização de mais uma
unidade desse factor de produção mantendo constante os restantes factores.

PMg = 𝚫𝑷𝑻 / 𝚫𝑸

Exercício
1º calcule os produtos marginais e produtos médios da empresa Damistrela,
Lda que quando produz 5 unidades de trabalho o seu produto total apresenta-
se com a seguinte forma:

Unidade de Produto total Produto médio Produto


trabalho marginal
0 0
1 2.000
2 3.000
3 3.500
4 3.800
5 3.900

João Vieira 2.ªEdição Página 60


Introdução à Economia

2º Calcule os produtos marginais e médio da empresa abaixo:

Qtd produzidas Produto total Produto médio Produto


marginal
10.000 86.000
20.000 114.000
30.000 134.000
40.000 150.000
50.000 164.000

4.7. Os custos de produção e os rendimentos


CUSTOS

As funções de custos são instrumentos muito importantes para a tomada de


decisão uma vez que relacionam os custos da empresa coma quantidade
produzida, permitindo equacionar o impacto das diversas alternativas em
termos de quantidade e preço. Todavia o problema de combinação do factor de
produção está relacionado com a forma de obter uma certa quantidade de um
bem ao menor custo possível.
Custos são sacrifícios necessários para produzir um bem ou serviço. Quando o
custo se traduz em desembolso, chama-se Despesa ou Gasto.
Custos fixos: são todos os custos que a empresa encobre ou suporta se
estiver a produzir independentemente do volume produzido.

CF = CT – CV

Custos variáveis: são aqueles custos que dependem da quantidade que a


empresa deseja produzir, ou seja, são aqueles que aumentam ou diminuem
com o volume de produção.

CV = CT – CF

Custo total: é o custo de toda a produção realizada pela empresa num


determinado período de tempo (geralmente durante um período económico – 1
ano).

CT = FC + CV

Custo unitário ou médio: é o custo de cada unidade produzida pela empresa.

CM = 𝑪𝑻 / 𝑸

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Introdução à Economia

Custo marginal: é o custo unitário total de produção provocado pela produção


de mais uma unidade.

CMg = 𝚫𝑪𝑻 / 𝚫𝑸

Os custos de produção podem ser representados graficamente ou em tabelas.

Exercício
Calcule e represente graficamente os custos abaixo:

Quantidade Custo fixo Custo Custo Custo


variável total marginal
0 55 55

1 55 85

2 55 110

3 55 130

4 55 160

5 55 210

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Introdução à Economia

Noções básicas
Custo de oportunidade: é a quantidade de outros bens dos quais se abre
mão para obter uma unidade mais deste bem.

Trade off: representa a escolha entre diferentes resultados, porque quando os


recursos são escassos, a sociedade só pode obter mais de algumas coisas se
receber menos de outras.

RENDIMENTO
Com os rendimentos a firma procura a maximização dos seus lucros.
O Lucro é calculado da seguinte forma

L = RT – CT

Isso mostra que para maximizar os lucros a empresa precisa encontrar o ponto
de cruzamento das rectas dos custos e das receitas. A teoria dos rendimentos
abrange conceitos como a receita total, receita média e a receita marginal.

A receita total: é igual ao produto entre a quantidade produzida e o seu preço


de venda.

RT = Pr * Q

A receita média:

RM = 𝑹𝑻 / 𝑸

A receita marginal:

RMg = 𝚫𝑹𝑻 / 𝚫𝑸

João Vieira 2.ªEdição Página 63


Introdução à Economia
A empresa Luzofarma,SA produz uma quantidade de Fármacos e vende cada
unidade no mercado a um determinado preço fixo em função das quantidades
que vão variando.

Quantidade Preços Receita total Receita Receita


média marginal
0 6

1 6

2 6

3 6

4 6

5 6

6 6

7 6

8 6

João Vieira 2.ªEdição Página 64


Introdução à Economia
CAPITULO V – SECTOR PÚBLICO

5.1 – Participação do sector público na actividade económica

O sector público é um termo usado para identificar a parte da economia de


uma nação que está focada no fornecimento de serviços básicos aos cidadãos
através da estrutura de uma organização governamental. Enquanto o escopo
dos serviços classificados como sendo do sector público irá variar ligeiramente
de um país para outro, a maioria irão incluir todos os serviços que estão
disponíveis gratuitamente para todos os cidadãos, mesmo aqueles que não
contribuem para a manutenção e a manutenção desses serviços. Isso significa
que serviços considerados no sector público beneficiam praticamente todos,
mesmo aqueles que directamente não façam uso do serviço.
Sector Empresarial do Estado (ou Sector Produtivo do Estado): conjunto
de empresas em que o Estado detém a totalidade ou a maioria dos respectivos
capitais.
O Estado intervém assim em diversas áreas de forma a garantir a eficiência,
equidade e estabilidade, adequando, em cada caso, o peso e o modo de
intervenção aos objectivos que pretende atingir a cada momento,
concentrando-se, preferencialmente, em três grandes áreas: a política, a social
e a económica.
O Estado a fim de corrigir situações, intervém cobrando impostos, a quem
possui fontes de rendimento e outras contribuições que se destinam a auxiliar
os mais carenciados através da entrega de prestações sociais, como subsídios
e pensões. Neste caso trata-se de repartição secundária e constitui uma
forma de redistribuir os rendimentos que foram criados a partir da repartição
primária.

Nota: o Estado deve intervir na actividade económica de forma a assegurar


um elevado nível de emprego, uma inflação moderada, uma taxa de
crescimento razoável e o equilíbrio nas contas externas do país.

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Introdução à Economia
5.2 – As funções económicas do sector público;
Tem-se esta função para que o sistema de preços não perca de vista algumas
tarefas ou funções. Existem alguns bens que o mercado comum não pode
fornecer, deste modo, a presença do estado é necessária ou quando não leva
a uma justa distribuição de renda.
• Função Locativa:
Fornece bens e serviços não oferecidos adequadamente pelo mercado privado.
Impossibilita teoricamente excluir indivíduos de consumos. Própria para que
todos tenham acesso a produtos supostamente mais difíceis de adquirir, ex:
saúde, saneamento e nutrição.
• Função distributiva:
Propicia os que têm mais pagar mais, e os que têm menos pagar menos.
Redistribui colocando subsídios em produtos que as pessoas de baixa renda
costumam consumir com maior frequência, colocando maiores taxas nos
produtos dos que tem mais poder aquisitivo.
• Função estabilizadora:
Esta relacionada com a intervenção do estado na economia, para alterar níveis
de emprego e preços. Essa intervenção é feita com instrumentos de política
fiscal, monetária, cambial, comercial e de rendas.

5.3 – Estrutura tributária e orçamento público


A estrutura tributária varia de país para país consoante a sua forma de
actuação. Entre os mecanismos de que o Estado Angolano pode lançar mão
para se financiar temos os impostos, as taxas e as contribuições especiais.
De uma maneira geral, por razões históricas, a fonte mais utilizada são os
impostos, e em Angola é evidente a preponderância dos impostos petrolíferos.
O imposto é uma prestação obrigatória, unilateral e pecuniária paga pelo
cidadão ou outras entidades ao Estado, sem qualquer contrapartida.

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Introdução à Economia

O Imposto é uma espécie de tributo que não está vinculado a nenhuma


actividade específica do Estado em relação ao contribuinte. O facto gerador do
dever jurídico de pagar esta espécie de tributo, é imposto sobre uma situação
quotidiana do contribuinte relacionada com o seu património, como por
exemplo o imposto sobre o rendimento do trabalho, que existe simplesmente
pelo facto de o trabalhador auferir um rendimento.
Assim, a obrigação tributária dos impostos é sempre relacionada com o agir ou
o ter do contribuinte, e inteiramente alheia ao agir do Estado. Os impostos são:
• Imposto industrial (II)
• Imposto sobre o rendimento de trabalho (IRT)
• Imposto predial e urbano (IPU)
• Imposto de consumo (IC)
• Imposto sobre aplicação de capitais (IAC)
• Imposto de selo (IS)
• Imposto sobre sucessões e doações (SISA)
• Imposto sobre o valor acrescentado (IVA)

As taxas são prestações avaliáveis em dinheiro, exigidas por uma entidade


pública como contrapartida individualizada pela prestação concreta de um
serviço público, pela utilização de um bem do domínio público, ou pela
remoção de um obstáculo jurídico á actividade dos particulares.
As taxas têm o seu factor gerador vinculado a uma contraprestação do Estado,
Ou seja, o Estado proporciona ao contribuinte um determinado serviço, que é
pago, na devida proporção do custeio desse serviço, através das taxas. Essa
espécie de tributo, ao contrário dos impostos, não é, de forma alguma, alheia
ao agir do Estado. Vale dizer que o serviço público estatal sujeito a taxas deve
ser específico e divisível, sendo que somente o contribuinte que utiliza o
serviço é que paga a taxa, na proporção daquilo que usufruiu. Estas podem
ser:
• Taxa de câmbio
• Taxa aduaneira

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Introdução à Economia
As contribuições são cobradas para atender a uma finalidade específica. Elas
se justificam não pela arrecadação de recursos para o caixa do estado, mas
pela finalidade a que devem atender. O valor arrecada pelas contribuições
deve ser integralmente destinado a finalidade que justificou a sua criação.
Essas contribuições podem ser: sociais e interventivas.

Contribuições sociais são aquelas destinadas ao financiamento da segurança


social e saúde, ou seja garante benefícios e a subsistência de pessoas
consideradas pobres e cria aposentadoria para os funcionários. As
interventivas são instituídas quando há uma necessidade de o estado intervir
no âmbito privado, estimulando ou desestimulando condutas, podendo também
ser usada para o financiamento de actividades de intervenção.

5.4 – O Orçamento de Estado – OE, constitui um importante instrumento de


intervenção económica e social. Trata-se no fundo de um documento elaborado
pelo Ministério das Finanças, que o Governo coloca para aprovação pelo
Ministério das Finanças, que o Governo coloca para aprovação na Assembleia
Nacional (Parlamento) e no qual se descrevem as despesas que o Estado
prevê gastar e as receitas que estima arrecadar durante o ano que se segue à
sua
aprovação. O OE é um instrumento de intervenção fundamental porque através
da sua observação é possível compreender as prioridades do Governo para o
ano em questão. As despesas de maior valor correspondem às áreas de
actuação política em que o Governo aposta com mais intensidade, pois, neste
âmbito, todas as decisões revelam uma intenção ou uma linha de orientação.

A forma como é obtida a receita também pode dar indícios sobre as intenções
do Governo, pois, quando decide, por exemplo, aumentar os impostos, pode
fazê-lo de várias formas. Pode aumentar os impostos indirectos, como o IVA, e
fazer recair os efeitos desse aumento sobre todos os cidadãos ou, então, optar
por aumentar apenas os escalões mais elevados dos impostos directos, como
o IRS, e fazer repercutir assim os efeitos do aumento de impostos somente nos

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Introdução à Economia
indivíduos mais favorecidos.

O Orçamento do Estado é elaborado de acordo com um conjunto de regras


definidas pela Constituição de República e pela Lei de Enquadramento
Orçamental, sendo de salientar a sua unidade e universalidade, a necessidade
de discriminação orçamental pela qual é exigida a especificação das receitas e
despesas do Estado, a impossibilidade de compensação e a não consignação
de determinadas receitas a certas despesas.
O Orçamento do Estado é constituído por três elementos essenciais:

• Um elemento económico, porque permite efectuar uma previsão


financeira dos gastos e receitas da Administração Pública;

• Um elemento político, na medida em que a sua aprovação


concede autorização para a actuação prevista no documento;

• Um elemento jurídico, pois o próprio documento é apresentado


sob a forma de lei.
O Orçamento de Estado permite gerir o dinheiro público de forma eficiente e
racional, assim como definir políticas financeiras, económicas e sociais em
função das áreas de actuação política que se pretende atingir.

5.5 – Déficit público e dívida pública


Dívida Pública
Noção: total de empréstimos contraídos pelo Estado para fazer face ao défice
orçamental. O OE tem de contemplar a emissão da dívida pública e o serviço
da dívida, isto é, amortização do capital e respectivo pagamento de juros.
O saldo orçamental é um importante indicador da situação económica de um
país. Quando o montante das despesas ultrapassa o montante das receitas, o
Estado tem necessidade de recorrer a empréstimos para fazer face ao défice
orçamental. O total de empréstimos que o Estado tem de contrair para cobrir o

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Introdução à Economia
défice orçamental constitui a dívida pública. Estes empréstimos podem ser
obtidos internamente ou externamente, conforme os credores sejam residentes
no pais – dívida interna – ou no estrangeiro – dívida externa.
A dívida pública também pode ser classificada como fundada ou flutuante,
conforme o seu horizonte temporal é de médio/longo prazo ou de curto prazo.

A dívida pública é fundada quando as despesas ultrapassam largamente as


receitas, obrigando o Estado a recorrer a empréstimos amortizáveis em vários
anos. Neste caso, o Governo necessita de autorização da Assembleia Nacional
para poder obter o financiamento de médio e longo prazo. No entanto, quando
se verificam desequilíbrios de tesouraria, é possível recorrer a
financiamentos de curto prazo sem ser necessário obter uma autorização da
Assembleia Nacional. Trata-se da dívida pública flutuante, que, embora
implique recurso a crédito, pode ser saneada através de um empréstimo de
curto prazo, amortizável no próprio ano em que é pedido.
Déficit Público é o nome que se dá à relação na qual o valor total das
despesas públicas é maior que valor total das receitas públicas, considerando-
se, nesta determinada relação os valores nominais, ou melhor, a inflação e a
correcção monetária do mesmo período considerado.
Embora a especificação do déficit governamental em termos de diferenças
entre as receitas e despesas de sector público seja de definição
excessivamente simplificada e de fácil compreensão, pode ser melhor
elaborada com a
especificação de diversos componentes do processo orçamentário que são
indispensáveis para uma mais objectiva determinação das causas do déficit,
permitindo uma avaliação mais apurada da política fiscal. Desse modo, dentro
da definição de déficit, temos certos factores que se "escondem" dentro da
definição de déficit:

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Introdução à Economia

Os métodos de financiamentos utilizados;

A contribuição de déficits passados para o actual déficit;


O impacto das dívidas interna e externa sobre o déficit;
A necessidade de emissão de moeda;
O efeito da inflação sobre a receita e os gastos do governo;
O efeito de variações nas taxas de juros;
A cobrança de imposto inflacionário;
A existência de erros e omissões nas contas governamentais;

O déficit público, ou governamental encobre diversas características do


processo orçamentário que são fundamentais para a determinação das causas
do mesmo. Merecem destaque:
A partir dos factores mencionados acima, é possível chegar aos outros
conceitos de déficit, derivados do público, como por exemplo o conceito de
déficit primário, que representa a origem e a fonte de realimentação do déficit
público, e, consequentemente, da dívida pública, desconsiderando seus
respectivos juros. É o resultado das contas públicas que inclui o Tesouro
Nacional, Previdência e Banco Central, além de constituir o melhor método de
avaliação do impacto da política fiscal.
Ainda é possível extrair de tais dados os chamados "déficit nominal" ou "total" e
o "déficit operacional". Entende-se por déficit operacional a diferença entre as
receitas de despesas públicas, em especial a parcela referente aos juros
nominais incidentes sobre a dívida interna e externa. É também obtido por meio
da soma dos incrementos da base monetária e do incremento da dívida interna
e da dívida externa expressa em moeda nacional.
Já o déficit operacional consiste no deflacionamento dos valores monetários
das variáveis orçamentárias e financeiras, bem como pelo cálculo dos juros por
meio da taxa de juros real esperada para um determinado período.

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Introdução à Economia

Déficit público = variação da dívida do governo + variação do valor


dos activos + variação da moeda.

• A variação da dívida do governo é equivalente ao gasto


público menos a receita pública (cuja fonte principal é geralmente a
arrecadação de tributos).
• A variação dos activos expressa as compras e vendas de activos pelo
governo.
• A variação da moeda refere-se à variação de Base monetária

Sendo assim, se
Déficit público < 0
então, a política fiscal é contraccionista.

Caso contrário, se
Déficit público > 0
então a política fiscal é expansionista.

A política fiscal “expansionista” é apresentada quando se tomam medidas


que geram aumentos dos gastos do governo, ou redução dos impostos, ou
uma combinação de ambas. Pelo contrário, uma política fiscal
“contraccionista” é apresentada quando se tomam decisões para ter um
gasto governamental reduzido, ou aumentar os impostos, ou uma combinação
de ambas.

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Introdução à Economia

CAPITULO VI- CONTABILIDADE NACIONAL

A Contabilidade Nacional é instrumento estatístico. Este instrumento tem


vantagem de ser sintético e fornecer, de uma maneira sistemática e
simplificada, a representação da actividade económica de um país, num
determinado período de tempo, normalmente um ano.
A Contabilidade Nacional procura representar as actividades económicas de
um país por meio das contas articuladas que dão os resultados monetários das
operações económicas realizadas ao longo de um ano. O desenvolvimento da
contabilidade nacional esta ligado com a intervenção do Estado na economia.
O desenvolvimento da contabilidade nacional esta ligado com a intervenção do
Estado na economia.
Fornece uma representação coerente, de uma forma simplificada, agregada e
quantificada, das operações económicas efectuadas por múltiplos agentes
económicos, num dado espaço geográfico (território económico), durante
um dado período de tempo (fluxos).
As contas nacionais representam de maneira geral a produção, o rendimento e
a despesa dos agentes do mundo, e a sua riqueza.
Na Contabilidade Nacional, há uma grande variedade de agregados como o
Produto Interno Bruto (PIB), O Rendimento Disponível, a Poupança e o
Investimento. A medição e o desenvolvimento destes agregados
macroeconómicos ao longo do tempo é objecto de interesse para os decisores
políticos e económicos.
6.2- Agregados Macroeconómicos
São grandezas económicas que quantificam as operações que todos os
agentes de uma economia efectuam durante um ano. Permitem determinar o
valor da produção realizada num país.

Produto Interno corresponde ao valor da produção realizada no território


económico nacional, isto é, tem por base um critério espacial. O Produto
Interno de um país engloba a produção realizada a partir das unidades

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Introdução à Economia
produtivas quer nacionais, quer estrangeiras, desde que a produção tenha
lugar no território económico nacional. Assim, o Produto Interno não inclui o
saldo dos rendimentos do resto do mundo.

O Produto Nacional corresponde a produção realizada pelas unidades


institucionais residentes no território nacional qualquer que seja o espaço
económico em que essa procura seja efectuada, o produto nacional tem por
base, pois, o critério das unidades não tendo em conta o espaço económico em
que se realiza a produção.

TEORIA DAS VANTAGENS COMPARATIVAS

Clássicos (Frederick Taylor, Henri Fayol e Ford, Max Weber)

➢ A oferta cria a sua própria procura.


Quando um bem é vendido, o preço pago por este bem corresponde à
remuneração dos factores de produção. Esta igualdade entre o valor do
produto e do rendimento não é se não a manifestação de equilíbrio a nível
global na economia.

Neoclássicos

Jonh Keynes, considera que a tarefa principal da economia tem de ser a


elaboração das políticas económicas capazes d contribuir para a formação de
uma procura “Efectiva” de pleno emprego, de crescimento económico e de
prosperidade da sociedade.

A teoria económica é a ciência da escassez e das situações sociais que


implicam fazer opção.
A escassez dos recursos e a necessidade objectiva de escolha no seu
aproveitamento são os principais acentos preferidos na definição do objecto da
economia.

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Introdução à Economia

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