Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
CURSO DE FORMAÇÃO
DE TÉCNICOS
EM TRANSAÇÕES IMOBILIÁRIAS
T.T.I.
ECONOMIA E MERCADOS
Não poucos são aqueles que utilizam conceitos vinculados à economia, porém sem
conhecê-los, e até se aventuram a estabelecer empresas. Em 2001, o Instituto
Brasileiro de Qualidade e Produtividade analisou a capacidade de empreendimento
em 29 países; o Brasil situou-se em quinto lugar, ou seja: há cerca de 10 anos,
contávamos com um empreendedor para cada grupo de sete habitantes,
comparativamente a um para cada seis nos demais.
Ser empreendedor é executar uma idéia, e para isso é preciso, também, daquilo que
se denomina popularmente de "tino comercial". Todavia, como toda ideia, para dar
certo, precisa estar fundamentada em conhecimentos, o Conselho Federal de
Corretores de Imóveis (Cofeci), exige, para o caso dos que pretendem atuar na
compra, venda, locação e avaliação de imóveis, o curso Técnico de Transações
Imobiliárias (TTI).
Comprovado está, no entanto, que, na prática a teoria é outra e, por este motivo, para
facilitar a vida do estudante, incluiu-se com destaque a seção “Decodificando o
“economês”, com base em glossário elaborado pelo professor Walter Charles Marim 2,
focado nos termos encontrados no dia-a-dia da mídia, e – quem sabe? - no
vocabulário de um cliente em potencial.
1
Com o objetivo de prestar um serviço público a todas as pessoas que pretendem dedicar-se
ao empreendedorismo, a FAE Business School, com a colaboração espontânea de 48
professores, produziu, em parceria com a Editora Gazeta do Povo, a Coleção Gestão
Empresarial (com cinco livros inteiramente franqueados ao público) , à qual recorremos
seguidamente para transferir preciosos ensinamentos aos estudantes. Outras fontes
bibliográficas utilizadas encontram-se relacionadas no final deste livro.
2
Ver na Internet www.portaldaeconomia.com.br
Os Mercados
Originalmente o termo mercado era utilizado para designar o local onde compradores
e vendedores se encontravam para trocar os seus bens; hoje, nas sociedades mais
avançadas os mercados são até virtuais (Internet).
Como se vê, um mercado é um sistema que evolui no tempo, sob o efeito de variáveis
cuja influência se verifica a curto/médio e a longo prazo. É importante identificar esses
fatores, os quais ajudarão a perceber o que de mais importante se vai passando no
mercado e assim adotar as estratégias e políticas mais indicadas. Os mercados de
concorrência perfeita caracterizam-se pela existência do grande número de pequenos
compradores e vendedores; o produto transacionado é homogêneo; há livre entrada
de empresas no mercado; perfeita transparência para os vendedores e para os
compradores de tudo que ocorre no mercado; perfeita mobilidade dos insumos
3
Harper, Douglas (November 2001). Online Etymology Dictionary - Economy. Adam Smith
afirma: "Economia é uma investigação sobre a natureza e as causas da riqueza das nações”.
Já para Alfred Marshall, “é a ciência da administração dos recursos escassos numa sociedade
humana; estuda as formas assumidas pelo comportamento humano na ordenação onerosa do
mundo exterior em decorrência da tensão existente entre os desejos ilimitados e os meios
limitados dos agentes econômicos". J. Petrelli Gastaldi entende que é “a ciência que trata das
leis que governam a produção, a circulação e o consumo das riquezas"., explicando que, para
ele, a Economia é, simultaneamente, arte e ciência. Como ciência, procura estabelecer as
relações constantes existentes entre os fenômenos econômicos; como arte, visa indicar os
meios para promover o bem estar econômico.
Além do preço, que amplia ou reduz a própria demanda, este cenário é representado
por diversas outras variáveis, como a quantidade de consumidores, suas rendas e
grau de distribuição, seus gostos e preferências, o marketing, a sazonalidade
conforme as épocas do ano e datas específicas, os preços dos demais produtos
substitutos ou complementares, entre outras. Assim, o preço do produto estabelece a
quantidade demandada, e as demais variáveis, o nível da demanda em si,
aumentando-a ou diminuindo-a.
* com a queda dos preços, o poder de compra ou a renda real aumenta, mesmo com a
renda mensal das pessoas permanecendo inalterada (efeito renda);
* há uma tendência dos consumidores substituírem os bens mais caros, cujos preços
aumentaram, por outros mais baratos e que satisfazem as mesmas necessidades
(efeito substituição);
* a preços menores, novos consumidores passam a ter condições de adquirir o
produto e novos usos podem ser encontrados para o produto (efeito novos
compradores e novos usos);
* à medida que as pessoas vão adquirindo maiores quantidades de uma mercadoria,
os acréscimos de satisfação tendem a ser cada vez menores, induzindo ao pagamento
de preços também menores (efeito utilidade marginal decrescente).
Elasticidades da Demanda
4
Pantaleoni, M., Principios de Economia Pura. Imprenta, São Paulo: Athena , 1939
É importante ressaltar que existe uma relação direta entre a receita das empresas
(preço x quantidade vendida), a despesa dos consumidores (preço x quantidade
comprada) e a elasticidade preço da procura. Se o produto tem demanda elástica a
preço (se a quantidade demandada for sensível ao preço), uma pequena redução do
preço gera um grande aumento da quantidade demandada e, como consequência, da
receita da empresa e do gasto do consumidor. Se a demanda for inelástica (se a
quantidade demandada for menos sensível ao preço), um significativo aumento do
preço gera uma pequena redução da quantidade demandada, elevando também a
receita da empresa e o gasto do consumidor.
Além do preço (que afeta a quantidade demandada), muitos outros fatores ampliam ou
reduzem a demanda, como alguns anteriormente. A demografia, por exemplo, que
estuda a população, onde ela vive e como vive. Os 173 milhões de brasileiros
apresentam uma taxa de crescimento de 1,3% ao ano e igual expansão média da
demanda. A urbanização vem crescendo continuamente, atingindo 81,5% do total da
população, ampliando também a demanda por bens e serviços. O aumento do nível de
educação amplia as necessidades e consequentemente a demanda por maior
variedade de bens e serviços, de melhor qualidade, e produtos com maior valor
agregado. Da mesma forma, as pessoas de meia idade consomem mais, em média,
do que as crianças e idosos, com exceções como leite e remédios.
O marketing de sucesso provoca dois efeitos sobre a demanda. Primeiro, traz maior
número de consumidores para o produto e amplia suas quantidades demandadas,
deslocando a demanda para a direita, ou seja, aos mesmos preços, os consumidores
passam a consumir mais. Segundo, torna o consumidor mais fiel àquela marca,
tornando a demanda mais inelástica ou menos elástica e conferindo à empresa maior
poder sobre os preços.
Os preços de compra dos fatores guardam uma relação direta com o custo de
produção, mostrando a significativa importância de uma adequada logística de
suprimento desses fatores.
O custo de produção é soma do custo dos fatores fixos (custo fixo – que não varia com
a produção) e dos fatores variáveis (custo variável – que aumenta com o aumento da
produção). Também pode ser considerada como tal a soma do custo das matérias-
primas e mão de obra direta (custos diretos) e dos custos indiretos de fabricação, que
exigem um critério de rateio para serem atribuídos ao produto. O custo por unidade
produzida do bem (custo médio) obtém-se pela divisão do custo total pela quantidade
produzida do bem; e o quanto custa a produção de mais uma unidade do produto
denomina-se custo marginal.
Elasticidade da oferta
A queda dos preços dos insumos reduz o custo de produção e provoca uma expansão
da oferta do produto, aos mesmos preços vigentes no mercado.
Nessa situação, a oferta do produto fica mais elástica a preço, indicando que, para
determinar a oferta de um produto ou serviço, devem-se considerar os custos de
produção, a tecnologia, o número de produtores participantes no mercado, as
expectativas futuras do mercado, a política econômica e o clima para aumentar a
produção ocorrem pequenos incrementos de custo e, consequentemente, sem a
necessidade de grandes aumentos nos preços de mercado do produto.
O processo produtivo5
5
CAPRI – Economia e Mercado – Sindimoveis Est. RJ – Niterói, RJ s.d.
II) Bens de Capital: aqueles que não se destinam ao consumo, mas a uma sucessiva
reprodução. São bens duráveis, que irão aumentar o estoque de recursos de capital
da economia. São representados por ferrovias, portos, hidrelétricas, rodovias,
edificações fabris, implementos agrícolas, equipamentos industriais, equipamentos
diversos, etc.
Unidades Produtoras
Unidade Produtora é todo local onde se combinam os fatores de produção, com o fim
de se obter lucros, bens e ou serviços econômicos, classificando-se como:
III – Exploração agrícola: Unidade produtora típica do setor agrícola, onde a empresa
não se desenvolveu tão bem como nos demais setores da atividade econômica, até o
advento da globalização e do agronegócio. Suas características principais são:
produção apenas em parte para o mercado (assegura a satisfação das necessidades
do explorador e de sua família); o explorador dispõe de renda real, que pode
assegurar sua subsistência e mesmo permitir o seu funcionamento com prejuízo;
combinação dos preços fatores pouco racionalizada; sistema de contabilidade
rudimentar; preços de venda sujeitos à importância da colheita; pouca especialização
técnica da produção; volume de produção subordinado às condições climáticas e aos
imperativos naturais (prazo para produção).
6
GASTALDI, J. Petrelle
7
Sua importância teve extraordinário avanço a partir da década de 30; nas economias
subdesenvolvidas, sua participação é mais marcante do que a da empresa particular.
Recentemente, têm passado por processo de intensa “desestatização”.
Aparelho Produtivo
Consiste na reunião dos diversos tipos de unidades produtoras, com seus respectivos
domínios, formando uma estrutura de emprego de fatores, compreendendo o setor
primário ou mineral e agrícola (engloba as atividades que se exercem próximo à base
de recursos naturais, como as agropastoris e extrativas), o secundário (abrange as
atividades industriais mediante as quais os bens são transformados) e o terciário
(compreende o comércio e os serviços bancários, de transporte, educação, diversões).
Preços
Henri Guitton diz que “o preço é expressão do valor de troca. Em seu sentido mais
geral e abstrato, a noção de preço surge desde que se trate de trocar duas
mercadorias8", enquanto Rosseti assevera: “os preços pelos quais são transacionados
os bens e serviços produzidos por um sistema econômico constituem, em linguagem
elementar, a expressão monetária de seus valores.” 9
Aceita-se amplamente que a escassez relativa dos bens e a sua utilidade, somadas às
escalas das preferências individuais, é que seriam os verdadeiros determinantes do
valor, e os adeptos da Escola de Cambridge entendem que a explicação do valor e,
portanto, dos preços, está em função tanto da procura (baseada na utilidade) como da
oferta (baseada nos custos de produção). "Da mesma forma que não se pode afirmar
se é a lamina inferior ou superior de uma tesoura que corta uma folha de papel,
também não se pode discutir se o valor e os preços são governados pela utilidade ou
pelo custo de produção", diz Alfred Marshall.
Mercados competitivos
8
Guitton, H. Economia Política, Fundo de Cultura, São Paulo 1971
9
Rossetti, J.P. Introdução à Economia, São Paulo, Atlas, 2002-
Lucro
O lucro total corresponde à diferença entre a receita total (preço x quantidade vendida)
e o custo total, e o lucro por unidade de produto, à diferença entre o preço de venda
do produto e o custo médio. Como o produtor, isoladamente, não consegue influenciar
o preço de venda do produto, é um tomador do preço de mercado, suas únicas
alternativas para aumentar o lucro são a redução do custo, pela evolução tecnológica
ou pelo barateamento da compra dos insumos, e o aumento da quantidade produzida.
Quem não reduzir custos tenderá a cair fora do mercado.
Monopólios e oligopólios
10
Oligopólio (do grego oligos, poucos + polens, vender) é uma forma evoluída de monopólio,
no qual um grupo de empresas promove o domínio de determinada oferta de produtos e/ou
serviços, como empresas de mineração, alumínio, aço, construtores automóveis, cimentos,
laboratórios farmacêuticos, aviação, comunicação e bancos. Existem quatro formas básicas de
oligopólio: cartel, truste, holding e conglomerado. Designa-se também por oligopólio a situação
de um mercado com um número reduzido de empresas, de tal forma que cada uma tem que
considerar os comportamentos e as reações das outras quando toma decisões de mercado. As
causas típicas do aparecimento de mercados oligopolistas são a escala mínima de eficiência e
características da procura. Em tais mercados existe ainda alguma concorrência, mas as
quantidades produzidas são menores e os preços maiores do que nos mercados
concorrenciais (ainda que relativamente ao monopólio as quantidades sejam superiores e os
preços menores). Tipicamente, nos mercados oligopolistas a concorrência incide em
características dos produtos distintas do preço (p. ex., qualidade, imagem, fidelização, etc.).
11
Monopólio (do grego monos, um + polein, vender) é como se denomina uma situação de
concorrência imperfeita, em que uma empresa detém o mercado de um determinado produto
ou serviço, impondo preços aos que comercializam. Monopólios podem surgir devido a
características particulares de mercado, ou devido a regulamentação governamental, o
monopólio coercivo, e criam uma particularidade econômica, em que a curva de demanda do
bem fica negativamente inclinada, na medida em que a demanda da firma e a demanda do
mercado são as mesmas.
CONTABILIDADE SOCIAL13
12
Na ortografia antiga, antitruste.
13
Baseado em Victor Gomes – Macroeconomia I - Notas de Aula - Universidade Católica de
Brasília – Brasília 2003
Indicadores do desenvolvimento
O PIB (Produto Interno Bruto) difere do Produto Nacional Bruto (PNB) basicamente
pela renda líquida enviada ao exterior (RLEE): ela é desconsiderada no cálculo do
PIB, e considerada no cálculo do PNB, inclusive porque o PNB é gerado a partir da
soma do PIB mais entradas e saídas de capital. Esta renda representa a diferença
entre recursos enviados ao exterior (pagamento de fatores de produção internacionais
alocados no país) e os recursos recebidos do exterior a partir de fatores de produção
que, sendo do país considerado, encontram-se em atividade em outros países. Assim
(e simplificadamente), caso um país possua empresas atuando em outros países, mas
proíba a instalação de transnacionais no seu território, terá uma renda líquida enviada
ao exterior negativa. Pela fórmula: PNB = PIB – RLEE, o país exemplificado terá um
O valor per capita foi o primeiro indicador utilizado para analisar a qualidade de vida
em um país. Países podem ter um PIB elevado por serem grandes e terem muitos
habitantes, mas seu PIB per capita pode resultar baixo, já que a renda total é dividida
por muitas pessoas, como é o caso da Índia ou da China. Já países como a Suíça,
Noruega e a Dinamarca exibem um PIB moderado, mas que é suficiente para
assegurar uma excelente qualidade de vida a seus poucos milhões de habitantes.
ECONOMIA MONETÁRIA
Economia monetária é uma forma de sociedade na qual os produtos são trocados por
dinheiro, em contraste com a economia de escambo, onde os produtos e ou serviços
são trocados por outros produtos e ou serviços e produzidos e consumidos pelas
próprias famílias. É na economia monetária que o governo pratica sua política
monetária, importante instrumento de contenção da inflação. Isto se processa através
da moeda, que é todo ativo que constitua forma imediata de solver débitos, com
aceitabilidade geral e disponibilidade imediata, e que confere ao seu titular um direito
de saque sobre o produto social.
A oferta de moeda (em inglês, "money supply") pode ser definida como o estoque total
de moeda na economia. Se a relação entre esse estoque e o PIB for muito grande, os
juros tendem a cair e os preços a subir, e se for muito pequena a tendência é oposta.
Os bancos centrais controlam a oferta de moeda principalmente através da alteração
da taxa de reservas bancárias (uma taxa maior de reservas bancárias reduz a oferta
de moeda) e da compra e venda de títulos, mas também através do controle da
quantidade de papel moeda emitido.
A Teoria Quantitativa da Moeda é uma das duas principais teorias que analisam o
equilíbrio da economia do lado monetário (a outra visão é a keynesiana, que introduz o
motivo especulação). Ela defende que o nível dos preços é determinado pela
quantidade de moeda em circulação e pela sua velocidade de circulação.
Inflação
Inflação prematura - processo inflacionário gerado pelo aumento dos preços sem que
o pleno emprego seja atendido.
Inflação reprimida - processo inflacionário gerado pelo congelamento dos preços por
parte do governo.
Por conta destes efeitos nefastos, os bancos centrais costumam definir a estabilidade
de preços como um objetivo primordial de suas políticas, com uma inflação
perceptível, mas baixa, como ideal.
Medição da inflação
O crescimento foi liderado pela economia norte-americana, que, ao definir uma nova
forma de integração com a economia mundial, garantiu a dinamização das demais
economias capitalistas com a expansão de sua estrutura industrial e dos respectivos
padrões de consumo baseado em bens duráveis. Porém as empresas europeias e
Na década de 1980 ocorreu uma aceleração das mudanças tecnológicas nos países
desenvolvidos, lideradas pelas tecnologias de informação (microeletrônica,
computação e telecomunicações), com impacto nas estruturas industriais. A
integração dos mercados financeiros e de capitais tornou-se possível com o fim das
restrições à entrada do capital financeiro internacional aos mercados nacionais,
desembocando na chamada globalização financeira, com reflexos, em particular, nos
países em desenvolvimento.
Tudo isto foi constituir a tão falada globalização. Inicialmente, ela veio marcada pelo
entusiasmo otimista, mas, com o passar dos anos, foi sendo substituída pelo temor e
pelo desencanto. O mundo globalizado está se tornando cada vez mais receptivo às
novidades consumíveis, porém no exterior o que se percebe é a quebra de empresas,
corte de postos de trabalho e crises financeiras.
No prenúncio dos anos de 1990, contudo, foi lançada uma nova proposta de
desenvolvimento, alicerçada na abertura econômica, ao lado da política de
estabilização. A partir de julho de 1994 ocorreu o realinhamento da economia
brasileira. A abertura econômica trouxe a redução dos impostos incidentes sobre os
bens importados, bem como a eliminação dos obstáculos, existentes nos
regulamentos, leis, controles, normas, que impediam a livre movimentação das
mercadorias e capitais estrangeiros.
O PIB real per capita brasileiro ultrapassou US$ 8.000 em 2008, devido à forte e
continuada valorização do real, pela primeira vez nesta década. Suas contas do setor
industrial respondem por três quintos da produção industrial da economia latino-
14
Dos Anjos, Maria Anita e Farah Jr, Moisés “Gestão Empresarial” - FAE Business
School/Editora Gazeta do Povo, Curitiba, s.d.
O setor agrícola, também tem sido notavelmente dinâmico: há duas décadas esse
setor tem mantido Brasil entre os países com maior produtividade em áreas
relacionadas ao setor rural. O setor agrícola e o setor de mineração também apoiaram
superávits comerciais que permitiram ganhos cambiais maciços e pagamentos da
dívida externa.
O setor de serviços é hoje o maior componente do PIB com 66,8%, seguido pelo setor
industrial, 29,7% (2007 est). A agricultura representa 3,5% do PIB (2008 est). A força
de trabalho brasileira é estimada em 100,77 milhões, dos quais 10% são ocupados na
agricultura, 19% no setor da indústria e 71% no setor de serviços.
Emprego
15
Baseado em CILLO Leite, F.L. – “Boom” imobiliário e treinamento de corretores de imóveis
no Brasil: um estudo de caso de uma empresa líder do setor – Dissertação apresentada no
departamento de Administração da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da
USP como requisito para obtenção do título de Mestre em Administração – São Paulo, 2009.
Essa demanda por sustentações teóricas para o caso brasileiro se reafirma diante de
evidências de que o mercado nacional aqueceu-se e cresceu significativamente nos
últimos anos (principalmente entre 2006 e 2008).
16
MARTINI, J e SKEDSVOLD, G. – “A snapshot of Brazil’s residential real estate sector” .
Publicado em http://www4,gsb.columbia.edu/chazen/journal/topics/realestate - New York 2007
17
KILSZTAJNA, S; ROSSBACH, A; CARMO, M.S.N. et al. Aluguel e rendimento domiciliar no
Brasil. Revista de Economia Contemporânea, v. 13, n.1, PP 113-134, 2009
Ainda segundo esses autores, o mercado era tradicionalmente financiado por bancos,
capital próprio e pelo próprio consumidor final, que comprava o imóvel ainda em
construção. Além desses fatores, temos também uma entrada de fundos de
investimento internacionais, que vários pesquisadores atribuem a busca da
rentabilidade perdida em mercados saturados como o europeu ou mesmo em bolhas
que estouraram como a americana, devido à “crise dos subprimes” de 2008.
Apesar de o "boom" ter se iniciado em meados de 2005, com a abertura de capital das
construtoras, em junho de 2008 a imprensa norte-americana ainda comentava sobre o
potencial do Brasil comparando-o com outros mercados, como o México: “Assim como
no México há quatro anos, o mercado imobiliário brasileiro tem sido beneficiado pela
queda nas taxas de juros, entre outras boas notícias da economia; a diferença é que o
Brasil está aberto e vem recebendo uma enorme quantidade de investimento
estrangeiro” – registrou um importante diário.
18
POPOVIC, J. Carnival Atmosphere. Retail Traffic, Vol. 37 Issue 8, p.35-41. 2008
19
GOMES, P. e SKEDSVOLD, G. – Brazil: Trying to realize potential. Real estate Finance
(Aspen Publishers Inc) Vol 23 Issue 5, p. 8-20 - 2007
20
Meirelles, H. – O papel do crédito imobiliário no Brasil. Conjuntura da construção. Revista da
FGV/EESP e Sinduscon/SP, Ano V, n.4, 2007
21
Dispõe sobre o patrimônio de afetação de incorporações imobiliárias, Letra de Crédito
Imobiliário, Cédula de Crédito Imobiliário, Cédula de Crédito Bancário, altera o Decreto-Lei no
911, de Io de outubro de 1969, as Leis no 4.591, de 16 de dezembro de 1964, no 4.728, de 14
de julho de 1965, e no 10.406, de 10 de janeiro de 2002, e dá outras providências. [...] Art. Io
Fica instituído o regime especial de tributação aplicável às incorporações imobiliárias, em
caráter opcional e irretratável enquanto perdurarem direitos de crédito ou obrigações do
incorporador junto aos adquirentes dos imóveis que compõem a incorporação.” ]
O autor contribui também com dados relevantes como: "entre janeiro e setembro de
2007, R$ 12,1 bilhões em novos financiamentos, volume 30% superior concedido em
todo o ano de 2006." Outro ponto relevante que ele aponta no artigo é o espaço de
crescimento desse setor no Brasil: “[...] Considerando-se a experiência internacional e
os fundamentos da economia brasileira, pode-se afirmar que existe um grande espaço
para crescimento dos setores relacionados ao crédito imobiliário. O crédito imobiliário
no país não atinge 5% do PIB e não é difícil encontrar países desenvolvidos em que
essa relação é superior a 60% e países em desenvolvimento em que a relação
financiamento imobiliário/PIB já ultrapassa 20% [...]”
Financiamentos em até 360 meses nos principais bancos brasileiros. Sem dúvida
nenhuma, além dos prazos longos, as taxas contratadas, as promoções para os
primeiros meses, bem como as correções monetárias geram inúmeras combinações
para o cliente.
Correção monetária: indexador que nada mais é que um índice de preços calculado
por uma entidade credenciada
A formação do sistema financeiro teve seu início com a vinda da Família Real
portuguesa, em 1808, quando foi criado o Banco do Brasil. Com o tempo, novas
instituições foram surgindo, como a Inspetoria Geral dos Bancos (1920), a Câmara de
22
Chegou a ser a maior das construtoras brasileiras. Entrou num processo de decadência no
ano de 1997, levada por uma crise de inadimplência, a empresa não pode cumprir suas
obrigações, deixando mais de 700 empreendimentos inacabados no país.
Investimentos
Esta situação começa a se modificar quando o Governo que assumiu o poder em abril
de 1964 iniciou um programa de grandes reformas na economia nacional, dentre as
quais figurava a reestruturação do mercado financeiro através da edição de várias leis.
Entre aquelas que tiveram maior importância para o mercado de capitais podemos
citar a Lei nº 4.537/64, que instituiu a correção monetária, através da criação das
ORTN; a Lei nº 4.595/64, denominada lei da reforma bancária, que reformulou todo o
sistema nacional de intermediação financeira e criou o Conselho Monetário Nacional e
o Banco Central e, principalmente, a Lei nº 4.728, de 14.04.65, primeira Lei de
O movimento especulativo conhecido como "boom de 1971" teve curta duração, mas
suas consequências foram vários anos de mercado deprimido, pois algumas ofertas
de ações de companhias extremamente frágeis e sem qualquer compromisso com
seus acionistas, ocorridas no período, geraram grandes prejuízos e mancharam de
forma surpreendentemente duradoura a reputação do mercado acionário.
Apesar disso, notou-se, a partir de 1975, uma recuperação das cotações devido a
novos aportes de recursos (as reservas técnicas das seguradoras, os recursos do
Fundo PIS/PASEP, adicionais do Fundo 157 e a criação das Sociedades de
Investimento Decreto Lei nº 1401 para captar recursos externos e aplicar no mercado
de ações), além de maiores investimentos por parte dos Fundos de Pensão.
Ao longo do tempo, vários outros incentivos foram adotados visando incentivar o
crescimento do mercado, tais como: a isenção fiscal dos ganhos obtidos em bolsa de
valores, a possibilidade de abatimento no imposto de renda de parte dos valores
aplicados na subscrição pública de ações decorrentes de aumentos de capital e
programas de financiamento a juros subsidiados efetuados pelo BNDES - Banco
Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social aos subscritores de ações
distribuídas publicamente.
Não obstante todos esses incentivos, o mercado de capitais não teve o crescimento
esperado, ainda que em alguns momentos tenha havido um aumento na quantidade
de companhias abrindo seu capital e um volume razoável de recursos captados pelas
empresas através de ofertas públicas de ações tenha ocorrido durante a década de
1980.
A partir daí, as empresas brasileiras começam a ter contato com acionistas mais
exigentes e sofisticados, acostumados a investir em mercados com práticas de
governança corporativa mais avançadas do que as aplicadas no mercado brasileiro.
Ao número crescente de investidores estrangeiros soma-se uma maior participação de
investidores institucionais brasileiros de grande porte e mais conscientes de seus
direitos.
Com o passar do tempo, o mercado brasileiro de capitais passou a perder espaço para
outros mercados devido à falta de proteção ao acionista minoritário e a incertezas em
relação às aplicações financeiras. A falta de transparência na gestão e a ausência de
instrumentos adequados de supervisão das companhias influenciavam a percepção de
risco e, consequentemente, aumentavam o custo de capital das empresas.
Foi nesse cenário que a Bovespa criou o chamado Novo Mercado, como um segmento
especial de listagem de ações de companhias que se comprometam voluntariamente a
adotar as boas práticas de governança corporativa. Numa necessária adaptação à
realidade do mercado de ações brasileiro, são criados dois estágios intermediários:
Níveis I e II, que, juntos com o Novo Mercado, estabelecem regras que envolvem
melhorias na divulgação de informações, nos direitos dos acionistas e na governança
das companhias.
O SFH e o SBPE
Em 1986, com a edição do Decreto-Lei nº 2.291/86, o SFH passou por uma profunda
reestruturação. Foi extinto o BNH e suas atribuições divididas entre o então Ministério
de Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente (MDU), o Conselho Monetário Nacional
(CMN), o Banco Central do Brasil (BACEN) e a Caixa Econômica Federal (CEF).
Da criação do SFH até dias recentes, o sistema foi responsável por uma oferta de
cerca de seis milhões de financiamentos e pela captação de uma quarta parte dos
ativos financeiros. O sistema passou a apresentar queda nos financiamentos
concedidos a partir de uma sucessão de políticas de subsídios que reduziram
substancialmente os recursos disponíveis.
O SFH dispõe como principal fonte de recursos, desde a sua criação, a poupança
voluntária proveniente dos depósitos de poupança do denominado Sistema Brasileiro
de Poupança e Empréstimo (SBPE), constituído pelas instituições que captam essa
modalidade de aplicação financeira, com diretrizes de direcionamento de recursos
estabelecidas pelo CMN e acompanhados pelo BACEN, bem como a poupança
compulsória proveniente dos recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço
(FGTS), regidos segundo normas e diretrizes estabelecidas por um Conselho Curador,
com gestão da aplicação efetuada pelo Ministério do Planejamento, Orçamento e
Gestão (MPOG), cabendo à CEF o papel de agente operador. Atualmente, novas
normas do CMN disciplinam as regras para o direcionamento dos recursos captados
em depósitos de poupança pelas instituições integrantes do SBPE.
Habitação social23
23
Baseado em TAVARES, Luiz Cláudio Assis. A questão da habitacão social: desafios e
perspectivas. Jus Navigandi, jul. 2004. Disponível em: http://jus.uol.com.br/revista/texto/5396.
Acesso: 30 jan. 2011
24
SACHS, Céline - Políticas públicas e habitação popular. São Paulo: Edusp, 1999.
Mas foi no governo de Jânio Quadros (1961) que a crise de habitação assumiu, de
fato, grande importância, sob a influência de dois fatores externos: a reforma urbana
promulgada por Fidel Castro, em Cuba, e o lugar dado ao problema da habitação pela
Aliança para o Progresso, projeto reformista lançado pela Administração Kennedy para
tentar anular influência da Revolução Cubana na América Latina. Dessa forma, o
regime autoritário traçava os objetivos visados com as políticas de habitação: atingir
simultaneamente os seus interesses políticos ideológicos, sociais e antes de tudo,
econômicos.
O cenário político mudou, os atores políticos também, mas algumas "praxes" resistem,
indicando que as políticas de habitação social, hoje e ao longo do tempo, ressentem-
se ainda, com o populismo que caracterizou - ao mesmo tempo em que se
descaracterizava - as políticas habitacionais anteriores.
Esta forma extremamente simplista ignora que a habitação urbana vai além dos
números e das unidades; que há uma interrelação entre a habitação e as redes de
Esse déficit revela maior concentração na zona urbana e recai sobre a camada da
população de menor renda. As famílias atingidas têm, em 84% dos casos, renda de
até três salários mínimos. Acontece que, historicamente, 67% dos recursos para
habitação têm sido concedidos a famílias com renda maior do que cinco salários
mínimos, o que representa 18,3% dos assalariados do país (IBGE/PNAD, 1999).
Lúcio Kowarik observa, em sua obra “A espoliação urbana”, que por volta de 1979 a
produção do espaço urbano apresentava características “nitidamente segregadoras".
O poder público, por sua vez, só se aparelhou tardiamente de instrumentos legais para
tentar dar um mínimo de ordenação ao uso do solo. No entanto, tal iniciativa ocorre
num período em que o desenho urbano já está em grande parte traçado em
consequências da retenção dos terrenos por parte de grupos privados.
"A ação governamental restringiu-se, tanto agora como no passado, a seguir o núcleo
de ocupação criado pelo setor privado, e os investimentos públicos vieram colocar-se
a serviço da dinâmica de valorização-especulação do sistema imobiliário construtor.” 27
25
Valla, Victor (Org). Educação e favela. Petrópolis: Vozes, 1986
26
Com o objetivo de obter lucros, os agentes do mercado de imóveis abrem loteamentos nas
bordas das cidades, a fim de propiciar a expansão da infraestrutura urbana e valorizar os
terrenos vazios que ficam entre as regiões centrais e os núcleos abertos na periferia, o que
contribui para acentuar o fenômeno da "periferização" da população.
27
Kowarick, cit.
O projeto beneficia prioritariamente famílias com renda de até três salários mínimos.
Nessa faixa a isenção do seguro é total. Na faixa compreendida de 3 a 6 salários
mínimos há subsídio parcial em financiamentos com redução dos custos do seguro e
acesso ao Fundo Garantidor. Para famílias com renda de 6 a 10 salários mínimos há
redução dos custos do seguro e acesso ao Fundo Garantidor.