Você está na página 1de 30

COLÉGIO E CURSO SOUZA AYRES

CURSO DE FORMAÇÃO
DE TÉCNICOS
EM TRANSAÇÕES IMOBILIÁRIAS
T.T.I.

ECONOMIA E MERCADOS

COLÉGIO E CURSO SOUZA AYRES


APRESENTAÇÃO

O estudante de Técnicas de Transações Imobiliárias não pode prescindir de um


conjunto de conceitos básicos sobre a Economia e os Mercados, em função da própria
importância desses temas para o quotidiano das pessoas, especialmente na compra,
venda e locação de imóveis.

Não poucos são aqueles que utilizam conceitos vinculados à economia, porém sem
conhecê-los, e até se aventuram a estabelecer empresas. Em 2001, o Instituto
Brasileiro de Qualidade e Produtividade analisou a capacidade de empreendimento
em 29 países; o Brasil situou-se em quinto lugar, ou seja: há cerca de 10 anos,
contávamos com um empreendedor para cada grupo de sete habitantes,
comparativamente a um para cada seis nos demais.

Verificou-se também que 40% dos brasileiros ouvidos se apresentavam como


"empreendedores por necessidade", indicando que a massa do empreendedorismo
vincula-se somente à sobrevivência e à crença de que o negócio (a corretagem de
imóveis, inclusive) quase sempre dará certo.

A economia, no entanto, não é um jogo irracional no qual a vitória é garantida por


esperança e crença na vitória ou, melhor, na sobrevivência. A verdadeira questão é: O
que fazer? Quando? Não existe regra para responder acertadamente. Todavia,
princípios econômicos podem ajudar bastante nessa tarefa1.

Ser empreendedor é executar uma idéia, e para isso é preciso, também, daquilo que
se denomina popularmente de "tino comercial". Todavia, como toda ideia, para dar
certo, precisa estar fundamentada em conhecimentos, o Conselho Federal de
Corretores de Imóveis (Cofeci), exige, para o caso dos que pretendem atuar na
compra, venda, locação e avaliação de imóveis, o curso Técnico de Transações
Imobiliárias (TTI).

A grade de competências requer conhecimentos sobre os assuntos que se seguem,


bem como capacidade de demonstrar a sua aplicabilidade em benefício da sociedade:
Introdução à economia; demanda, oferta e equilíbrio de mercado; produção e custos.
Estruturas de mercado. Contabilidade social. Consumo e Poupança. Emprego.
Economia monetária. Sistema Financeiro. Inflação. O setor externo. A economia do
setor público. Crescimento e desenvolvimento econômico. Políticas macroeconômicas.
Globalização econômica.

Comprovado está, no entanto, que, na prática a teoria é outra e, por este motivo, para
facilitar a vida do estudante, incluiu-se com destaque a seção “Decodificando o
“economês”, com base em glossário elaborado pelo professor Walter Charles Marim 2,
focado nos termos encontrados no dia-a-dia da mídia, e – quem sabe? - no
vocabulário de um cliente em potencial.

1
Com o objetivo de prestar um serviço público a todas as pessoas que pretendem dedicar-se
ao empreendedorismo, a FAE Business School, com a colaboração espontânea de 48
professores, produziu, em parceria com a Editora Gazeta do Povo, a Coleção Gestão
Empresarial (com cinco livros inteiramente franqueados ao público) , à qual recorremos
seguidamente para transferir preciosos ensinamentos aos estudantes. Outras fontes
bibliográficas utilizadas encontram-se relacionadas no final deste livro.
2
Ver na Internet www.portaldaeconomia.com.br

COLÉGIO E CURSO SOUZA AYRES


CONCEITO DE ECONOMIA

A Economia, ou atividade econômica, consiste na produção, distribuição e consumo


de bens e serviços. O termo economia vem do grego “oikos” (casa) e “nomos”
(costume ou lei) ou também gerir, administrar: daí "regras da casa" (lar) e
"administração da casa” 3. É também a ciência social que estuda a atividade
econômica, através do desenvolvimento da teoria econômica, e que tem na
administração a sua aplicação. Os modelos e técnicas atualmente usados em
economia evoluíram da economia política do final do século 19, derivado da vontade
de usar métodos mais empíricos à semelhança das ciências naturais. Pode
representar, em sentido lato, a situação econômica de um país ou região; isto é, a sua
situação conjuntural (relativamente aos ciclos da economia) ou estrutural.

A economia é geralmente dividida em dois grandes ramos Microeconomia (estuda os


comportamentos individuais) e Macroeconomia (trabalha com o resultado agregado
dos vários comportamentos individuais). Atualmente, a economia aplica o seu corpo
de conhecimento para análise e gestão dos mais variados tipos de organizações
humanas (entidades públicas, empresas privadas, cooperativas etc.) e domínios
(internacional, finanças, desenvolvimento dos países, ambiente, mercado de trabalho,
cultura, agricultura, etc.).

Os Mercados

Designa-se por mercado o local no qual agentes econômicos procedem à troca de


bens por uma unidade monetária ou por outros bens. Os mercados tendem a
equilibrar-se pela lei da oferta e da procura.

Existem tanto mercados genéricos como especializados, onde apenas uma


mercadoria é trocada. Os mercados funcionam ao agrupar muitos vendedores
interessados e ao facilitar que os compradores potenciais os encontrem. Uma
economia que depende primariamente das interações entre compradores e
vendedores para alocar recursos é conhecida como economia de mercado.

Originalmente o termo mercado era utilizado para designar o local onde compradores
e vendedores se encontravam para trocar os seus bens; hoje, nas sociedades mais
avançadas os mercados são até virtuais (Internet).
Como se vê, um mercado é um sistema que evolui no tempo, sob o efeito de variáveis
cuja influência se verifica a curto/médio e a longo prazo. É importante identificar esses
fatores, os quais ajudarão a perceber o que de mais importante se vai passando no
mercado e assim adotar as estratégias e políticas mais indicadas. Os mercados de
concorrência perfeita caracterizam-se pela existência do grande número de pequenos
compradores e vendedores; o produto transacionado é homogêneo; há livre entrada
de empresas no mercado; perfeita transparência para os vendedores e para os
compradores de tudo que ocorre no mercado; perfeita mobilidade dos insumos

3
Harper, Douglas (November 2001). Online Etymology Dictionary - Economy. Adam Smith
afirma: "Economia é uma investigação sobre a natureza e as causas da riqueza das nações”.
Já para Alfred Marshall, “é a ciência da administração dos recursos escassos numa sociedade
humana; estuda as formas assumidas pelo comportamento humano na ordenação onerosa do
mundo exterior em decorrência da tensão existente entre os desejos ilimitados e os meios
limitados dos agentes econômicos". J. Petrelli Gastaldi entende que é “a ciência que trata das
leis que governam a produção, a circulação e o consumo das riquezas"., explicando que, para
ele, a Economia é, simultaneamente, arte e ciência. Como ciência, procura estabelecer as
relações constantes existentes entre os fenômenos econômicos; como arte, visa indicar os
meios para promover o bem estar econômico.

COLÉGIO E CURSO SOUZA AYRES


produtivos. Só existe na teoria, principalmente em função de estruturas como o
monopólio, o oligopólio, o monopsônio, o oligopsônio, etc.

Demanda, Oferta e Equilíbrio de Mercado

As pessoas procuram bens e serviços como um abrigo, um serrote ou um peixe para


satisfazer as suas necessidades. Maffeo Pantaleoni4 definia necessidade como
“desejo de dispor de meio capaz de prevenir ou interromper a sensação penosa, de
provocar, conservar a sensação agradável”. Bem econômico, segundo Raymond
Barre, “é uma coisa considerada apta para a satisfação de uma necessidade humana
e efetivamente desejada por um consumidor”.

A noção econômica de necessidade é subjetiva: somente o indivíduo pode dizer se ela


existe e com qual intensidade se manifesta. A demanda de mercado de um bem ou
serviço nos informa a quantidade que os consumidores participantes daquele mercado
desejam comprar a cada preço unitário que tenham de pagar, num determinado
período de tempo, dado um determinado cenário.

Além do preço, que amplia ou reduz a própria demanda, este cenário é representado
por diversas outras variáveis, como a quantidade de consumidores, suas rendas e
grau de distribuição, seus gostos e preferências, o marketing, a sazonalidade
conforme as épocas do ano e datas específicas, os preços dos demais produtos
substitutos ou complementares, entre outras. Assim, o preço do produto estabelece a
quantidade demandada, e as demais variáveis, o nível da demanda em si,
aumentando-a ou diminuindo-a.

Para a quase totalidade dos produtos, a quantidade demandada aumenta à medida


que os preços diminuem, e vice-versa. Esta relação inversa entre preço e quantidade
demandada se explica pelas seguintes razões:

* com a queda dos preços, o poder de compra ou a renda real aumenta, mesmo com a
renda mensal das pessoas permanecendo inalterada (efeito renda);
* há uma tendência dos consumidores substituírem os bens mais caros, cujos preços
aumentaram, por outros mais baratos e que satisfazem as mesmas necessidades
(efeito substituição);
* a preços menores, novos consumidores passam a ter condições de adquirir o
produto e novos usos podem ser encontrados para o produto (efeito novos
compradores e novos usos);
* à medida que as pessoas vão adquirindo maiores quantidades de uma mercadoria,
os acréscimos de satisfação tendem a ser cada vez menores, induzindo ao pagamento
de preços também menores (efeito utilidade marginal decrescente).

Elasticidades da Demanda

Entre as variáveis que afetam a quantidade demandada (Q) de um produto destacam-


se o preço do produto (P), a renda dos consumidores (R), e os preços dos demais
bens substitutos (Ps) e complementares (Pc).

Para medir qual a variação na quantidade demandada decorrente de alteração em


qualquer uma destas variáveis, usa-se o conceito de elasticidade.

Embora o termo seja estranho, é importante que consumidores, empresas e governo,


ao adotarem uma política em relação ao mercado, tenham antes uma noção da

4
Pantaleoni, M., Principios de Economia Pura. Imprenta, São Paulo: Athena , 1939

COLÉGIO E CURSO SOUZA AYRES


elasticidade, para não colherem resultados desastrosos e inversos aos inicialmente
planejados.

A primeira é a Elasticidade Preço da Procura (EPP), que mede a variação percentual


da quantidade demandada decorrente da variação percentual no preço do produto.
Por exemplo: se, com o aumento de 20% no preço de mercado, de R$ 10,00 para R$
12,00 a unidade, a quantidade demandada reduziu-se de 10%, de 500 para 450
unidades, a EPP é -0,5, ou seja, 10%/20%, e o sinal menos (-) indica que a quantidade
demandada varia no sentido inverso do preço. Nesse caso, o produto apresenta
demanda inelástica a preço (ou a quantidade demandada é menos sensível ao preço,
porque a quantidade demandada varia numa proporção menor do que o preço).
Enquadram-se nessa categoria os bens essenciais, os produtos diferenciados e com
pouca disponibilidade de substitutos, os bens com poucos usos alternativos, os bens
muito baratos, com o preço representando muito pouco da renda do consumidor (sal,
caixa de fósforos) e a demanda em curto prazo, quando as pessoas têm pouco tempo
para conhecerem e se ajustarem às alternativas existentes.

Os produtos também podem apresentar demanda elástica a preço: é quando a


quantidade demandada varia numa proporção maior do que o preço, como no caso da
maioria dos produtos industrializados com boa disponibilidade de substitutos, dos bens
supérfluos, dos produtos com muitos usos alternativos, dos bens com alto preço e que
absorvem uma grande parcela da renda do consumidor, como automóveis e
televisores, e da demanda no longo prazo.

É importante ressaltar que existe uma relação direta entre a receita das empresas
(preço x quantidade vendida), a despesa dos consumidores (preço x quantidade
comprada) e a elasticidade preço da procura. Se o produto tem demanda elástica a
preço (se a quantidade demandada for sensível ao preço), uma pequena redução do
preço gera um grande aumento da quantidade demandada e, como consequência, da
receita da empresa e do gasto do consumidor. Se a demanda for inelástica (se a
quantidade demandada for menos sensível ao preço), um significativo aumento do
preço gera uma pequena redução da quantidade demandada, elevando também a
receita da empresa e o gasto do consumidor.

Além do preço (que afeta a quantidade demandada), muitos outros fatores ampliam ou
reduzem a demanda, como alguns anteriormente. A demografia, por exemplo, que
estuda a população, onde ela vive e como vive. Os 173 milhões de brasileiros
apresentam uma taxa de crescimento de 1,3% ao ano e igual expansão média da
demanda. A urbanização vem crescendo continuamente, atingindo 81,5% do total da
população, ampliando também a demanda por bens e serviços. O aumento do nível de
educação amplia as necessidades e consequentemente a demanda por maior
variedade de bens e serviços, de melhor qualidade, e produtos com maior valor
agregado. Da mesma forma, as pessoas de meia idade consomem mais, em média,
do que as crianças e idosos, com exceções como leite e remédios.

O marketing de sucesso provoca dois efeitos sobre a demanda. Primeiro, traz maior
número de consumidores para o produto e amplia suas quantidades demandadas,
deslocando a demanda para a direita, ou seja, aos mesmos preços, os consumidores
passam a consumir mais. Segundo, torna o consumidor mais fiel àquela marca,
tornando a demanda mais inelástica ou menos elástica e conferindo à empresa maior
poder sobre os preços.

A exportação amplia a demanda internacional sobre os produtos das empresas e pode


se constituir em alternativa a uma redução da demanda interna, provocada por
mudanças na política econômica ou nas variáveis aqui descritas. A sazonalidade

COLÉGIO E CURSO SOUZA AYRES


implica maior demanda em determinadas épocas do ano e menor em outras,
obrigando as empresas a adotarem processos adequados de logística de estocagem e
distribuição dos produtos.

Oferta, economias e deseconomias de escala

A oferta está relacionada ao custo de produção e este à tecnologia de produção e aos


preços dos fatores empregados na produção. A mais longo prazo, relaciona-se às
economias e deseconomias de escala. Evidencia, portanto, o comportamento dos
produtores em suas decisões do que, quanto e como produzir, questões geralmente
consideradas como fundamentais da economia.

A tecnologia é uma relação entre o produto obtido e os fatores produtivos


empregados. Já uma evolução tecnológica significa um aumento de produtividade e,
consequentemente, uma redução do custo unitário de produção (o custo médio).

Os preços de compra dos fatores guardam uma relação direta com o custo de
produção, mostrando a significativa importância de uma adequada logística de
suprimento desses fatores.

O custo de produção é soma do custo dos fatores fixos (custo fixo – que não varia com
a produção) e dos fatores variáveis (custo variável – que aumenta com o aumento da
produção). Também pode ser considerada como tal a soma do custo das matérias-
primas e mão de obra direta (custos diretos) e dos custos indiretos de fabricação, que
exigem um critério de rateio para serem atribuídos ao produto. O custo por unidade
produzida do bem (custo médio) obtém-se pela divisão do custo total pela quantidade
produzida do bem; e o quanto custa a produção de mais uma unidade do produto
denomina-se custo marginal.

Quando as empresas, ao ampliarem o seu tamanho ou a sua escala de produção,


conseguem um aumento da produção maior do que o do custo de produção (exemplo:
o custo aumenta 30% com o aumento de 50% na escala de produção), elas
apresentam economias de escala. Nesse caso, devem buscar a ampliação da escala
de produção, porque o custo médio se reduz, tornando-as mais competitivas. As
deseconomias de escala significam o oposto.

A oferta de mercado mostra o quanto de produto todas as empresas, participantes


daquele mercado, estão dispostas a produzir e vender a cada nível de preço, num
certo período de tempo, dentro de um determinado cenário estável. Esse cenário é
composto por outras variáveis que aumentam ou reduzem a oferta. Existe uma relação
direta entre preço e quantidade ofertada, porque o aumento do preço estimula outras
empresas a entrarem no mercado, e as existentes tendem a ampliar a produção em
função da maior perspectiva de lucro.

Elasticidade da oferta

A elasticidade preço-oferta corresponde à variação percentual da quantidade ofertada


decorrente de uma variação percentual do preço de venda do bem (sensibilidade da
quantidade ofertada ao preço de venda do produto).

A oferta é elástica a preço se um pequeno aumento do preço provocar um significativo


aumento na quantidade ofertada, evidenciando que o aumento da produção se faz
com pequeno acréscimo de custo. No caso oposto, a oferta é inelástica a preço.

COLÉGIO E CURSO SOUZA AYRES


Com a abertura do mercado brasileiro às importações, a globalização e a evolução da
tecnologia gerando incrementos da produtividade, a oferta dos bens e serviços tende a
se tornar mais elástica a preço, beneficiando os consumidores.

Quando a produção é sazonal (ocorre em épocas definidas), como os produtos


agropecuários, ou quando a empresa está operando a plena capacidade, a oferta
pode não aumentar, no curto prazo, com a elevação do preço de mercado do produto.
Essa situação caracteriza uma oferta perfeitamente inelástica a preço.

Além do preço, que determina a quantidade ofertada, outros fatores ampliam ou


reduzem a própria oferta, como os preços dos insumos (custo de produção), a
tecnologia, o número de produtores participantes do mercado, as expectativas futuras
do mercado, os preços de outros produtos que podem ser produzidos com os mesmos
recursos, a política econômica e o clima.

A queda dos preços dos insumos reduz o custo de produção e provoca uma expansão
da oferta do produto, aos mesmos preços vigentes no mercado.

A evolução tecnológica gera um aumento da produtividade (maior produção com os


mesmos recursos), reduzindo o custo por unidade produzida do bem (custo médio) e
melhorando a competitividade do produto no mercado.

Nessa situação, a oferta do produto fica mais elástica a preço, indicando que, para
determinar a oferta de um produto ou serviço, devem-se considerar os custos de
produção, a tecnologia, o número de produtores participantes no mercado, as
expectativas futuras do mercado, a política econômica e o clima para aumentar a
produção ocorrem pequenos incrementos de custo e, consequentemente, sem a
necessidade de grandes aumentos nos preços de mercado do produto.

Também contribuem para o aumento da oferta a ampliação do número de produtores,


as expectativas futuras favoráveis em termos de preço ou de expansão do mercado, a
redução dos preços dos produtos competidores pelos mesmos recursos, a política
econômica favorável à produção - como taxa de juros baixa, crédito amplo, aumento
da taxa de câmbio, redução da carga tributária sobre a cadeia produtiva, concessão de
subsídios governamentais, proteção do mercado interno contra a concorrência
predatória desleal, e o clima favorável - no caso do agronegócio.

Interação de oferta e demanda

O mercado é formado pela interação entre compradores e vendedores ou pelas forças


de oferta e demanda, que determinam preços e trocas, normalmente de bens e
serviços por dinheiro.

Para caracterizar a amplitude de um mercado é necessário especificar a área


geográfica onde se localizam compradores e vendedores, o produto, e o período de
tempo.

O processo produtivo5

Entende-se por processo produtivo (produção), a integração dos fatores de produção e


das unidades produtoras, visando a obtenção de bens e/ou serviços econômicos, e
dá-se o nome de fator de produção a produção qualquer coisa que contribua para o

5
CAPRI – Economia e Mercado – Sindimoveis Est. RJ – Niterói, RJ s.d.

COLÉGIO E CURSO SOUZA AYRES


processo produtivo.6 Os fatores de produção são classificados tradicionalmente
recursos naturais, trabalho e capital.

O processo produtivo dá origem a um volume de bens e serviços econômicos que


habitualmente são classificados em:

I) Bens e Serviços de Consumo: são os bens que satisfazem diretamente as


necessidades dos consumidores; estão prontos para o consumo domestico (roupas,
alimentos, calçados, peças teatrais, etc.). Os bens de consumo podem ser ainda:
duráveis (aqueles cuja utilização se prolonga no tempo como roupas, sapatos, etc.),
imediatos (bens que desaparecem após uma única utilização como alimentos, peças
teatrais, etc.), e intermediários (aqueles bens utilizados na produção dos bens de
consumo e ou de capital. São insumos destinados ao reprocessamento).

II) Bens de Capital: aqueles que não se destinam ao consumo, mas a uma sucessiva
reprodução. São bens duráveis, que irão aumentar o estoque de recursos de capital
da economia. São representados por ferrovias, portos, hidrelétricas, rodovias,
edificações fabris, implementos agrícolas, equipamentos industriais, equipamentos
diversos, etc.

Unidades Produtoras

Unidade Produtora é todo local onde se combinam os fatores de produção, com o fim
de se obter lucros, bens e ou serviços econômicos, classificando-se como:

I – Empresa: unidade produtora predominante nas sociedades de capitais,


apresentando as seguintes características: existência de patrimônio; combinação
econômica dos fatores de produção (mais que quantidade, a empresa combina preços
de fatores).

II – Exploração pública: unidade produtora caracterizada por sua propriedade, no todo


ou em parte, estar com o Estado7; gestão do Estado; orientação pelo interesse geral
(comunitário) e não pela procura do maior lucro.

III – Exploração agrícola: Unidade produtora típica do setor agrícola, onde a empresa
não se desenvolveu tão bem como nos demais setores da atividade econômica, até o
advento da globalização e do agronegócio. Suas características principais são:
produção apenas em parte para o mercado (assegura a satisfação das necessidades
do explorador e de sua família); o explorador dispõe de renda real, que pode
assegurar sua subsistência e mesmo permitir o seu funcionamento com prejuízo;
combinação dos preços fatores pouco racionalizada; sistema de contabilidade
rudimentar; preços de venda sujeitos à importância da colheita; pouca especialização
técnica da produção; volume de produção subordinado às condições climáticas e aos
imperativos naturais (prazo para produção).

IV – Exploração artesanal: Unidade produtora até pouco tempo de pouca expressão


nas economias desenvolvidas. Embora mantenha duas características tradicionais,
com o artesão exercendo duplo papel, de organizador da produção (empresário) e de
fornecedor dos fatores, e sua produção seja sempre limitada, tem constituído
excelentes oportunidades de trabalho e renda devido à criatividade e inventividade,

6
GASTALDI, J. Petrelle
7
Sua importância teve extraordinário avanço a partir da década de 30; nas economias
subdesenvolvidas, sua participação é mais marcante do que a da empresa particular.
Recentemente, têm passado por processo de intensa “desestatização”.

COLÉGIO E CURSO SOUZA AYRES


projetando-se mundialmente no campo das confecções, moda e na industrialização de
modo geral.

Aparelho Produtivo

Consiste na reunião dos diversos tipos de unidades produtoras, com seus respectivos
domínios, formando uma estrutura de emprego de fatores, compreendendo o setor
primário ou mineral e agrícola (engloba as atividades que se exercem próximo à base
de recursos naturais, como as agropastoris e extrativas), o secundário (abrange as
atividades industriais mediante as quais os bens são transformados) e o terciário
(compreende o comércio e os serviços bancários, de transporte, educação, diversões).

Preços

O que determina o valor de um bem?

Henri Guitton diz que “o preço é expressão do valor de troca. Em seu sentido mais
geral e abstrato, a noção de preço surge desde que se trate de trocar duas
mercadorias8", enquanto Rosseti assevera: “os preços pelos quais são transacionados
os bens e serviços produzidos por um sistema econômico constituem, em linguagem
elementar, a expressão monetária de seus valores.” 9

Aceita-se amplamente que a escassez relativa dos bens e a sua utilidade, somadas às
escalas das preferências individuais, é que seriam os verdadeiros determinantes do
valor, e os adeptos da Escola de Cambridge entendem que a explicação do valor e,
portanto, dos preços, está em função tanto da procura (baseada na utilidade) como da
oferta (baseada nos custos de produção). "Da mesma forma que não se pode afirmar
se é a lamina inferior ou superior de uma tesoura que corta uma folha de papel,
também não se pode discutir se o valor e os preços são governados pela utilidade ou
pelo custo de produção", diz Alfred Marshall.

Mercados competitivos

Os mercados competitivos ou de concorrência pura têm estrutura com as seguintes


características:
* produto homogêneo, ou o produto de um produtor é igual ao dos demais
(commodities); o grande número de compradores e vendedores, de tal maneira que
nenhum deles, sozinho, consegue influenciar o preço de mercado (sem poder de
mercado);
* ausência de barreiras à entrada de novas empresas no mercado;
* ausência de restrições à oferta, à demanda e aos preços, ou seja, o preço de
mercado é o resultado das forças de oferta e demanda.

Os produtores agropecuários, na venda de suas mercadorias, as feiras livres e o


comércio ambulante são exemplos desta estrutura de mercado.

O preço de mercado de um produto corresponde a um leilão entre as necessidades


dos compradores e a disponibilidade de produto pelos vendedores, ou pela interação
da demanda e oferta de mercado daquele produto. Preços superiores ao de mercado
geram um excesso de oferta (excedente) e preços inferiores ao de mercado provocam
um excesso de demanda (escassez). Cada produtor, isoladamente, deve aumentar a
produção se o acréscimo de receita com a venda de uma unidade do produto (que é

8
Guitton, H. Economia Política, Fundo de Cultura, São Paulo 1971
9
Rossetti, J.P. Introdução à Economia, São Paulo, Atlas, 2002-

COLÉGIO E CURSO SOUZA AYRES


igual ao preço de venda) for maior do que o acréscimo de custo para produzi-lo, e
reduzi-la em caso oposto.

Lucro

O lucro total corresponde à diferença entre a receita total (preço x quantidade vendida)
e o custo total, e o lucro por unidade de produto, à diferença entre o preço de venda
do produto e o custo médio. Como o produtor, isoladamente, não consegue influenciar
o preço de venda do produto, é um tomador do preço de mercado, suas únicas
alternativas para aumentar o lucro são a redução do custo, pela evolução tecnológica
ou pelo barateamento da compra dos insumos, e o aumento da quantidade produzida.
Quem não reduzir custos tenderá a cair fora do mercado.

Comenta-se que a globalização e a abertura do mercado tornam a demanda e a oferta


mais elásticas a preço. Quando isto ocorre, deslocamentos na oferta e na demanda
provocam menores variações nos preços (os preços são mais estáveis) do que se a
oferta e demanda forem inelásticas a preço. É o que ocorreu na economia brasileira,
no caso dos alimentos, após o Plano Real.

Monopólios e oligopólios

Examinemos agora a formação dos preços nos mercados pouco competitivos


(oligopólios10) ou mesmo não competitivos (monopólios11). Essas estruturas de
mercado têm como características, no oligopólio, a presença de poucas empresas
interdependentes (a ação de uma no mercado provoca reação das demais) e, no
monopólio, a presença de apenas uma empresa ofertando o bem ou serviço. Em
ambas, existem significativas barreiras à entrada de novos competidores, e uma
empresa isoladamente tem condições de modificar o preço de mercado do que vende
(poder de mercado). O preço de mercado depende, basicamente, de três condições:
da posição e forma da demanda, do custo de produção e da interação entre as
empresas que atuam no mercado.

10
Oligopólio (do grego oligos, poucos + polens, vender) é uma forma evoluída de monopólio,
no qual um grupo de empresas promove o domínio de determinada oferta de produtos e/ou
serviços, como empresas de mineração, alumínio, aço, construtores automóveis, cimentos,
laboratórios farmacêuticos, aviação, comunicação e bancos. Existem quatro formas básicas de
oligopólio: cartel, truste, holding e conglomerado. Designa-se também por oligopólio a situação
de um mercado com um número reduzido de empresas, de tal forma que cada uma tem que
considerar os comportamentos e as reações das outras quando toma decisões de mercado. As
causas típicas do aparecimento de mercados oligopolistas são a escala mínima de eficiência e
características da procura. Em tais mercados existe ainda alguma concorrência, mas as
quantidades produzidas são menores e os preços maiores do que nos mercados
concorrenciais (ainda que relativamente ao monopólio as quantidades sejam superiores e os
preços menores). Tipicamente, nos mercados oligopolistas a concorrência incide em
características dos produtos distintas do preço (p. ex., qualidade, imagem, fidelização, etc.).

11
Monopólio (do grego monos, um + polein, vender) é como se denomina uma situação de
concorrência imperfeita, em que uma empresa detém o mercado de um determinado produto
ou serviço, impondo preços aos que comercializam. Monopólios podem surgir devido a
características particulares de mercado, ou devido a regulamentação governamental, o
monopólio coercivo, e criam uma particularidade econômica, em que a curva de demanda do
bem fica negativamente inclinada, na medida em que a demanda da firma e a demanda do
mercado são as mesmas.

COLÉGIO E CURSO SOUZA AYRES


Os preços levam as empresas a celebrar entre si acordos formais ou informais.
Quanto aos primeiros, constitui exemplo a divisão do mercado em áreas definidas
tendo-se cada empresa exercendo sua ação em uma área. Os acordos formais de
preços ou de produção, é prática denominada truste, se envolve empresas nacionais,
e cartel, quando abrange empresas de diferentes países. Os acordos informais, que
propiciam a liderança de preços exercida por empresa com maior volume de produção
ou com menor estrutura de custo são ilegais à luz da lei antitruste12, devendo ser
combatidos pelo governo.

Conhecer a sua empresa, o mercado, e definir uma estratégia são questões


fundamentais para todos os empreendedores. São questões tratadas há mais de dois
séculos pelo pensamento econômico, porém pouco utilizadas na prática, o que resulta
na alta taxa de mortalidade das firmas.

CONTABILIDADE SOCIAL13

Como em outras ciências, os economistas se baseiam tanto na teoria como na


observação dos fatos reais. Como objetivo de entender e explicar o comportamento da
economia, a observação dos fatos é uma atividade fundamental, pois serve de suporte
para a construção das teorias.

As Contas Nacionais constituem um instrumento que os economistas usam para


enxergar o comportamento da economia de um país. O governo pesquisa
regularmente as empresas e as famílias para conhecer os fatos de sua atividade
econômica. As estatísticas fornecem os dados que os economistas usam no estudo da
macroeconomia, porém, como qualquer instrumento de observação, as Contas
Nacionais podem ter problemas em refletir toda a riqueza gerada em um país em
determinado ano. Por exemplo, a mensuração de atividades informais é muito difícil de
ser implementada pelo Sistema de Contas Nacionais. Outro exemplo é a correta
mensuração da depreciação de todos os aos ativos fixos de uma economia. Deste
modo, a Contabilidade Nacional procura enxergar a renda gerada em uma economia,
mas não é perfeita nesta atividade.

A Contabilidade Social abrange ainda o desempenho da economia no campo externo,


para o qual especial importância tem o Balanço de Pagamentos, instrumento referente
à descrição das relações comerciais de um país com o resto do mundo. Ele registra o
total de dinheiro que entra e sai de um país, na forma de importações e exportações
de produtos, serviços, capital financeiro, bem como transferências comerciais.

Existem duas contas nas quais se resumem as transações econômicas de um país e


que, somadas, fornecem a balança global de pagamentos:

1) a conta corrente, que registra as entradas e saídas devidas ao comércio de bens e


serviços, bem como pagamentos de transferência; e
2) a conta de capital, que registra as transações de fundos, empréstimos e
transferências.

É de especial relevância, também, a balança comercial, na qual se registram os


valores das importações e exportações entre os países. Quando as exportações são
maiores que as importações registra-se um superávit na balança, e quando as

12
Na ortografia antiga, antitruste.
13
Baseado em Victor Gomes – Macroeconomia I - Notas de Aula - Universidade Católica de
Brasília – Brasília 2003

COLÉGIO E CURSO SOUZA AYRES


importações são maiores que as exportações registra-se um déficit. Quando o saldo
da balança comercial apresenta negativo, o governo para equilibrá-la tem que recorrer
às reservas cambiais de dólares que o Estado tem em caixa ou recorrer a
empréstimos de banqueiros do exterior, este é um fato gerador da dívida externa.

Os relatórios do Banco Central espelham com certa precisão o desempenho da


economia brasileira: em 2010, o balanço de pagamentos registrou superávit de
US$49,1 bilhões em 2010. Nesse ano, o resultado em conta corrente foi deficitário em
US$47,5 bilhões, equivalente a 2,28% do PIB, comparativamente a déficit de US$24,3
bilhões, 1,52% do PIB, em 2009. A conta serviços registrou saídas líquidas de
US$31,1 bilhões, acréscimo de 61,4% na comparação com 2009. A conta de viagens
internacionais apresentou déficit de US$10,5 bilhões, no ano, com receitas e despesas
alcançando valores anuais de US$5,9 bilhões e de US$16,4 bilhões, respectivamente.
As despesas líquidas com transportes acumularam déficit de US$6,4 bilhões no ano,
ante US$3,9 bilhões observados em 2009. As despesas líquidas com aluguel de
equipamentos atingiram US$13,7 bilhões no ano, elevação de 45,7% em relação a
2009. As remessas líquidas de royalties e licenças somaram US$2,5 bilhões no ano,
acréscimo de 18%, comparativamente ao ano anterior. O déficit em serviços de
computação e informações atingiu US$3,3 bilhões no ano, 27,4% superior ao
resultado de 2009. Os outros serviços registraram ingressos líquidos de US$7,7
bilhões em 2010, ante US$7,2 bilhões em 2009. As remessas líquidas de renda para o
exterior somaram US$39,6 bilhões no ano, 17,4% acima do montante registrado em
2009. No ano, os pagamentos líquidos de juros, em todas as modalidades, alcançaram
US$9,7 bilhões, aumento de 6,8% na comparação com 2009, evidenciando redução
das receitas, de US$6,9 bilhões, em 2009, para US$5,9 bilhões, em 2010. As
remessas totais líquidas de lucros e dividendos somaram US$30,4 bilhões em 2010,
com acréscimo de 20,4% na comparação com o ano anterior.
Os investimentos estrangeiros diretos registraram ingressos líquidos recorde de
US$48,5 bilhões, com elevação de 86,8% na comparação com o resultado do ano
anterior. A participação no capital de empresas no País, incluídas as conversões em
investimentos, somou ingressos líquidos de US$ 40,1 bilhões, enquanto os
empréstimos intercompanhias totalizaram US$8,3 bilhões, no ano.

Indicadores do desenvolvimento

Os principais indicadores do desenvolvimento econômico de uma nação são o PIB


(Produto Interno Bruto) e o PNB (Produto Nacional Bruto). O produto interno bruto
(PIB) representa a soma (em valores monetários) de todos os bens e serviços finais
produzidos numa determinada região (quer seja, países, estados, cidades), durante
um período determinado (mês, trimestre, ano, etc.). O PIB é um dos indicadores mais
utilizados na macroeconomia com o objetivo de mensurar a atividade econômica de
uma região. No cálculo do PIB, consideram-se apenas bens e serviços finais,
excluindo da conta todos os bens de consumo de intermediário (insumos).

O PIB (Produto Interno Bruto) difere do Produto Nacional Bruto (PNB) basicamente
pela renda líquida enviada ao exterior (RLEE): ela é desconsiderada no cálculo do
PIB, e considerada no cálculo do PNB, inclusive porque o PNB é gerado a partir da
soma do PIB mais entradas e saídas de capital. Esta renda representa a diferença
entre recursos enviados ao exterior (pagamento de fatores de produção internacionais
alocados no país) e os recursos recebidos do exterior a partir de fatores de produção
que, sendo do país considerado, encontram-se em atividade em outros países. Assim
(e simplificadamente), caso um país possua empresas atuando em outros países, mas
proíba a instalação de transnacionais no seu território, terá uma renda líquida enviada
ao exterior negativa. Pela fórmula: PNB = PIB – RLEE, o país exemplificado terá um

COLÉGIO E CURSO SOUZA AYRES


PNB maior que o PIB. No caso brasileiro, o PNB é menor que o PIB, uma vez que a
RLEE é positiva (ou seja, enviam-se mais recursos ao exterior do que se recebe).

Os indicadores econômicos agregados (produto, renda, despesa) indicam os mesmos


valores para a economia de forma absoluta. Dividindo-se esse valor pela população de
um país, obtém-se o valor médio per capita.

O valor per capita foi o primeiro indicador utilizado para analisar a qualidade de vida
em um país. Países podem ter um PIB elevado por serem grandes e terem muitos
habitantes, mas seu PIB per capita pode resultar baixo, já que a renda total é dividida
por muitas pessoas, como é o caso da Índia ou da China. Já países como a Suíça,
Noruega e a Dinamarca exibem um PIB moderado, mas que é suficiente para
assegurar uma excelente qualidade de vida a seus poucos milhões de habitantes.

ECONOMIA MONETÁRIA

Economia monetária é uma forma de sociedade na qual os produtos são trocados por
dinheiro, em contraste com a economia de escambo, onde os produtos e ou serviços
são trocados por outros produtos e ou serviços e produzidos e consumidos pelas
próprias famílias. É na economia monetária que o governo pratica sua política
monetária, importante instrumento de contenção da inflação. Isto se processa através
da moeda, que é todo ativo que constitua forma imediata de solver débitos, com
aceitabilidade geral e disponibilidade imediata, e que confere ao seu titular um direito
de saque sobre o produto social.

É importante perceber que existem diferentes definições de "moeda": (a) o dinheiro,


que constitui as notas (geralmente em papel); (b) a moeda (a peça metálica); (c) a
moeda bancária ou escritural, admitidas em circulação; e, (d) a moeda no sentido mais
amplo, que significa o dinheiro em circulação, a moeda nacional. Em geral, a moeda é
emitida e controlada pelo governo do país, que é o único que pode fixar e controlar
seu valor. O dinheiro está associado a transações de baixo valor; a moeda (no sentido
aqui tratado), por sua vez, tem uma definição mais abrangente, já que engloba,
mesmo no seu agregado mais líquido, não só o dinheiro, mas também o valor
depositado em contas correntes.

O mercado de moeda funciona de maneira muito similar aos demais mercados: um


aumento na quantidade de moeda no mercado diminui seu preço, ou seja, faz que
com ela diminua seu poder de compra.

A moeda tem diversas funções reconhecidas, que justificam o desejo de as pessoas a


reterem (demanda). Ela pode ser meio de troca, ou instrumento intermediário de
aceitação geral, para ser recebido em contrapartida da cessão de um bem e entregue
na aquisição de outro bem (troca indireta em vez de troca direta). Isto significa que a
moeda serve para solver débitos e é um meio de pagamento geral. Serve ainda de
unidade de conta, permitindo contabilizar ou exprimir numericamente os ativos e os
passivos, os haveres e as dívidas. Considera-se também a moeda como reserva de
valor, ou seja, uma acumulação de poder aquisitivo, a usar no futuro. Assim, tem
subjacente o pressuposto de que um encaixe monetário pode ser utilizado no futuro,
como o ouro, as ações, as obras de arte e mesmo os imóveis também são reservas de
valor. A grande diferença entre a moeda e as outras reservas de valor está na sua
mobilização imediata do poder de compra (maior liquidez), enquanto os outros ativos
têm de ser transformados em moeda antes de serem trocados por outro bem.

COLÉGIO E CURSO SOUZA AYRES


Demanda e oferta de moeda

A oferta de moeda (em inglês, "money supply") pode ser definida como o estoque total
de moeda na economia. Se a relação entre esse estoque e o PIB for muito grande, os
juros tendem a cair e os preços a subir, e se for muito pequena a tendência é oposta.
Os bancos centrais controlam a oferta de moeda principalmente através da alteração
da taxa de reservas bancárias (uma taxa maior de reservas bancárias reduz a oferta
de moeda) e da compra e venda de títulos, mas também através do controle da
quantidade de papel moeda emitido.

A definição de demanda por moeda é similar à definição de demanda por qualquer


outro bem. Ela pode ser definida como a quantidade de riqueza que os agentes
decidem manter na forma de moeda. É praticamente consenso entre os economistas
que a demanda por moeda é determinada basicamente pela taxa de juros (quanto
maior a taxa, menor o incentivo para reter moeda), pelo nível de preços (que afetaria
somente a demanda nominal por moeda), e pelo custo real das transações.

Teoria quantitativa da moeda

A Teoria Quantitativa da Moeda é uma das duas principais teorias que analisam o
equilíbrio da economia do lado monetário (a outra visão é a keynesiana, que introduz o
motivo especulação). Ela defende que o nível dos preços é determinado pela
quantidade de moeda em circulação e pela sua velocidade de circulação.

Inflação

Em economia, inflação é a queda do valor de mercado ou poder de compra do


dinheiro. Isso é equivalente ao aumento no nível geral de preços. Inflação é o oposto
de deflação. Inflação zero, ou muito baixa, é uma situação chamada de estabilidade de
preços.

Em alguns contextos, a palavra inflação é utilizada para significar um aumento


no suprimento de dinheiro e a expansão monetária, o que é às vezes visto como a
causa do aumento de preços; alguns economistas (como os da Escola austríaca)
preferem o primeiro significado, em vez de definir inflação pelo aumento de preços.

Os processos inflacionários podem ser classificados, segundo algumas características


como:

Inflação prematura - processo inflacionário gerado pelo aumento dos preços sem que
o pleno emprego seja atendido.

Inflação reprimida - processo inflacionário gerado pelo congelamento dos preços por
parte do governo.

Inflação de custo - processo inflacionário gerado pelo aumento dos custos de


produção.

Inflação de demanda - processo inflacionário gerado pelo aumento do consumo com a


economia em pleno emprego. Ou seja, os preços sobem por que há aumento geral da
demanda sem um acompanhamento no crescimento da oferta. Esse tipo de inflação é
causado também pela emissão elevada de moeda e aumento nos níveis de
investimento, pois passa a haver muito dinheiro à cata de poucas mercadorias. Uma
das formas utilizadas para o controle de uma crise de inflação de demanda é uma

COLÉGIO E CURSO SOUZA AYRES


redução na oferta de moeda, que gera uma redução no crédito, e conseqüente
desaceleração econômica. Utilizam-se, também, aumentos de tributos, elevação da
taxa de juros e das restrições de crédito.

A inflação é responsável por diversas distorções na economia. As principais


acontecem na distribuição de renda (já que assalariados não tem a mesma
capacidade de repassar os aumentos de seus custos, como fazem empresários e
governos, ficando seus orçamentos cada vez mais reduzidos até a chegada do
reajuste), na balança de pagamentos (inflação interna maior que a externa causa
encarecimento do produto nacional com relação ao importado o que provoca aumento
nas importações e redução nas exportações), na formação de expectativas (diante da
imprevisibilidade da economia, o empresariado reduz seus investimentos), no mercado
de capitais (causa migração de aplicações monetárias para aplicações em bens de
raiz (terra, imóveis), e também a “ilusão monetária” (interpretação errada da relação de
ajuste do salário nominal com o salário real, que gera percepção de maior renda e
consequentemente decisões equivocadas. As pessoas, julgando-se mais ricas,
demandam mais bens e serviços e, com oferta a pleno emprego, causa inflação).

Além destas consequências, a inflação tem vários outros efeitos crescentemente


negativos na economia. Como ela é geralmente resultado de políticas governamentais
erradas, segundo Keynes, para aumentar a disponibilidade de moeda, a contribuição
do governo para um ambiente inflacionário é vista como uma variação para mais ou
para menos na chamada "taxa sobre a moeda em circulação", o juro como controle ou
comando. A crescente incerteza pode desestimular o investimento e a poupança. Se a
taxa de inflação for maior do que a praticada em outros países, uma tarifa fixa de
comércio será solapada pelo enfraquecimento da posição do país na balança
comercial. Não há como esquecer a hiperinflação ou "ciranda" – o processo
hiperinflacionário da Nova República Brasileira (1985-1995), quando a inflação ficou
totalmente fora de controle, interferindo pesadamente no funcionamento normal da
economia e prejudicando sua capacidade real de oferta de bens.

Por conta destes efeitos nefastos, os bancos centrais costumam definir a estabilidade
de preços como um objetivo primordial de suas políticas, com uma inflação
perceptível, mas baixa, como ideal.

Medição da inflação

A medição da inflação é feita através de uma grandeza denominada núcleo da


inflação: mede o que os economistas chamam de "coração da inflação". O Banco
Central do Brasil utiliza o modelo de médias aparadas, no qual se excluem as altas e
baixas mais expressivas. Outro modelo é o utilizado pelo FED (o banco central
americano), que exclui do cálculo os preços de itens mais sujeitos a choques de custo,
como alimentos e energia.

A ECONOMIA MUNDIAL NO FIM DO SÉCULO

Nos anos que se seguiram ao término da Segunda Guerra Mundial, o desenvolvimento


capitalista registrou uma expansão econômica sem precedentes em termos
planetários.

O crescimento foi liderado pela economia norte-americana, que, ao definir uma nova
forma de integração com a economia mundial, garantiu a dinamização das demais
economias capitalistas com a expansão de sua estrutura industrial e dos respectivos
padrões de consumo baseado em bens duráveis. Porém as empresas europeias e

COLÉGIO E CURSO SOUZA AYRES


japonesas, já na década de 1950, reagiram à expansão das norte-americanas, dando
início a um esforço de atualização tecnológica, possibilitando, em um segundo
momento, um novo avanço dos investimentos em direção aos países periféricos. Eram
as tendências policêntricas a contestarem a hegemonia americana. Os países
periféricos da América Latina, África e Ásia Ocidental foram conformar um subsistema
de subdesenvolvimento submetido a profundas transformações naquela fase de
expansão da economia mundial, pelo menos até a década de 70. Seguiu-se um
processo de integração (desigual e marginal, sem dúvida) das economias periféricas
ao desenvolvimento capitalista mundial.

O esgotamento do ciclo mundial de crescimento, manifestou-se a partir da década de


1970, devido à perda da capacidade de difusão tecnológica nos setores que lideraram
a expansão nos países capitalistas desenvolvidos, bem como de sua forma de
internacionalização, com base nas empresas multinacionais.

Nas economias industrializadas, a queda da demanda somada ao elevado


desemprego resultou em aumento da capacidade ociosa e do custo fixo e, por
consequência, de níveis maiores de estoque e do índice de preços. A ação da política
econômica não conseguiu evitar o colapso do modelo, e a crise econômica, que se
manifesta também no âmbito social e político em inúmeros países, passa a exigir uma
nova atuação do Estado e dos demais atores sociais de cada economia.

A imposição, ao final do ciclo, pelo padrão tecnológico vigente, da sobreutilização do


uso dos recursos energéticos e matérias-primas aliadas a uma demanda crescente,
resultou em elevação dos preços relativos e uma onda de especulação no comércio
internacional. A exaustão da internacionalização das grandes empresas teve no
choque do petróleo o estopim de uma crise estrutural cujos resultados imediatos foram
uma queda dos investimentos, aceleração inflacionária e crise energética.

O padrão tecnológico e a produção em massa fundaram as bases para a obtenção de


ganhos de produtividade, ou seja, do aumento da produção física por trabalhador, e de
redução dos custos unitários de produção pelas empresas industriais, determinando
patamares de indicadores de desempenho que iriam balizar a competência das
empresas no mercado.

Na década de 1980 ocorreu uma aceleração das mudanças tecnológicas nos países
desenvolvidos, lideradas pelas tecnologias de informação (microeletrônica,
computação e telecomunicações), com impacto nas estruturas industriais. A
integração dos mercados financeiros e de capitais tornou-se possível com o fim das
restrições à entrada do capital financeiro internacional aos mercados nacionais,
desembocando na chamada globalização financeira, com reflexos, em particular, nos
países em desenvolvimento.

O resultado foi a emergência de um ambiente mais competitivo, tornando as inovações


um elemento estratégico central na busca da competitividade das empresas. A
expansão das redes de cooperação tecnológica, entre as empresas dos países
capitalistas, foi uma das respostas para enfrentar o ambiente competitivo na
premência de incorporação e desenvolvimento de tecnologias, estabelecendo
mudanças nas formas de inter-relacionamento entre as grandes empresas. Outro
movimento correlato foi à ampliação das fusões e aquisições visando a concentração
(ou ampliação) dos recursos para desenvolvimento de tecnologias. As fusões, que
representam a união de duas ou mais empresas formando uma única empresa,
permitem o fortalecimento das empresas para enfrentarem a concorrência, ampliando
o montante de recursos para realização de pesquisa e desenvolvimento e também
uma melhoria da produtividade com a redução dos custos.

COLÉGIO E CURSO SOUZA AYRES


As políticas empresariais tornaram-se concentradas nas matrizes dos grandes grupos:
graças a telemática, a gestão empresarial pode ser on-line, ou seja, a empresa matriz
pode rapidamente informar e implementar uma mudança de gestão nas empresas
filiais localizadas nos diferentes continentes mundiais. Desta forma, atividades de
suprimentos, pesquisa e desenvolvimento, armazenagem, transporte, produção de
peças, produção de componentes e subcomponentes, conjuntos, sistemas complexos
puderam ser implementados em vários países, mas sob controle centralizado.
As empresas dos países desenvolvidos lideraram o processo de reestruturação da
produção, determinando novos padrões de concorrência no mercado internacional,
com redes internas computadorizadas para centralizar vendas, produção, marketing,
além de estabelecer um distinto padrão de relacionamento com fornecedores, clientes
e prestadores de serviços.

As grandes empresas multinacionais, nos últimos anos, implementaram uma série de


alianças tecnológicas, inclusive entre suas concorrentes. Essas alianças foram
consubstanciadas através de acordos de cooperação produtiva, de desenvolvimento
conjunto de produtos e processos com propósitos específicos, fortalecendo as suas
competências.

Tudo isto foi constituir a tão falada globalização. Inicialmente, ela veio marcada pelo
entusiasmo otimista, mas, com o passar dos anos, foi sendo substituída pelo temor e
pelo desencanto. O mundo globalizado está se tornando cada vez mais receptivo às
novidades consumíveis, porém no exterior o que se percebe é a quebra de empresas,
corte de postos de trabalho e crises financeiras.

A globalização implica em uma nova configuração da economia mundial e tem como


resultado novos elementos de internacionalização e integração. As principais
transformações acarretadas pela mesma situam-se no âmbito da organização
econômica, das relações sociais, dos padrões de vida e cultura, das transformações
do Estado e da política. Entre os elementos não-econômicos, destaca-se, sobretudo,
a deterioração ecológica do planeta, que passou a construir uma das bases
fundamentais da globalização, talvez a mais importante, à medida que tanto suas
causas como seus efeitos são globais.

A globalização é um processo de reorganização da divisão internacional do trabalho,


acionado pelas diferenças de produtividade e de custos de produção entre países, e
se realiza sem solução de continuidade já há mais de cinqüenta anos. O “desemprego
estrutural” ocorre porque os que são vítimas da desindustrialização em geral não têm
pronto acesso aos novos postos de trabalho. Estes vão sendo tipicamente ocupados
por mão de obra preparada aos novos tempos, muitas vezes empregada em tempo
parcial. O mesmo é causado pela globalização que é semelhante em seus efeitos ao
desemprego tecnológico, ou seja, ele não aumenta necessariamente o número total de
pessoas sem trabalho, mas contribui para deteriorar o mercado de trabalho para quem
precisa vender sua capacidade de produzir.

Apesar da predominância econômica, o processo de globalização transcende os


fenômenos meramente econômicos e deve ser entendido também em suas dimensões
políticas, ecológicas e culturais. Afetando todas as esferas da vida, trabalho,
educação, lazer, expressão artística, tecnologias, administração de empresas e
instituições públicas – a globalização implica em mudanças sociais e reestruturação da
ordem mundial.

COLÉGIO E CURSO SOUZA AYRES


ECONOMIA BRASILEIRA 14

Na década de 1990, a dinâmica da economia brasileira sofreu alterações decorrentes


não somente de uma política de estabilização, que garantiu a redução do processo
inflacionário, mas também de mudanças no âmbito das empresas que se alinharam ao
novo padrão tecnológico e organizacional predominante nos países capitalistas
avançados.

A industrialização brasileira apresentou, historicamente, diferenciais que distanciaram


o seu parque industrial das demais economias latino-americanas, todas integrantes da
denominada periferia do mundo desenvolvido capitalista.

O capitalismo brasileiro, contudo, desenvolveu-se paralelamente à emergência de


pressões inflacionárias, agravamento das contas externas e deterioração das finanças
públicas que se manifestaram, de forma contundente, nos anos de 1980.

Até a década de 1980 a economia brasileira conseguiu avançar no seu processo de


industrialização tendo empresas produtoras de bens de consumo, de capital e de
insumos modernos. No entanto, o período seguinte (que se estende até meados de
1994) foi marcado pela instabilidade. A crise da dívida externa, impedindo o acesso a
novas linhas de crédito, a deterioração das finanças públicas e a consequente inflação
orientaram a implementação de políticas de ajuste impedindo que as empresas
realizassem um efetivo alinhamento às mudanças organizacionais e tecnológicas
dominantes no cenário econômico mundial. A prioridade das empresas foi a adoção de
estratégias defensivas, e de curto prazo, para enfrentar um cenário marcado pelo
encarecimento e redução do crédito, contenção da demanda, congelamentos de
preços, reformas monetárias, mudanças de regras contratuais, entre outros.

No prenúncio dos anos de 1990, contudo, foi lançada uma nova proposta de
desenvolvimento, alicerçada na abertura econômica, ao lado da política de
estabilização. A partir de julho de 1994 ocorreu o realinhamento da economia
brasileira. A abertura econômica trouxe a redução dos impostos incidentes sobre os
bens importados, bem como a eliminação dos obstáculos, existentes nos
regulamentos, leis, controles, normas, que impediam a livre movimentação das
mercadorias e capitais estrangeiros.

Além disso, a Política Industrial e de Comércio Exterior (PICE) inaugurada com o


Governo Collor a partir de 1990, pressionou para uma adequação das organizações
em curto período de tempo. O fulcro da nova política industrial passou a ser questão
da competitividade que se torna indicadora do objetivo empresarial a ser perseguido.

A política industrial do Governo Collor alicerçou-se em políticas de concorrência e de


competitividade, com a desmontagem do sistema de proteção e de incentivos
construídos nas décadas anteriores. Nas administrações de Itamar Franco e Fernando
Henrique Cardoso ampliou-se a abertura do mercado e o Plano Real teve o mais
completo êxito, com a derrocada da inflação, passando-se à busca de respostas
efetivas para os desafios da inserção competitiva da indústria brasileira (com destaque
para o agronegócio) no mercado mundial.

O PIB real per capita brasileiro ultrapassou US$ 8.000 em 2008, devido à forte e
continuada valorização do real, pela primeira vez nesta década. Suas contas do setor
industrial respondem por três quintos da produção industrial da economia latino-

14
Dos Anjos, Maria Anita e Farah Jr, Moisés “Gestão Empresarial” - FAE Business
School/Editora Gazeta do Povo, Curitiba, s.d.

COLÉGIO E CURSO SOUZA AYRES


americana. O desenvolvimento científico e tecnológico do país é um atrativo para o
investimento direto estrangeiro, que teve uma média de US$ 30 bilhões por ano nos
últimos anos, em comparação com apenas US$ 2 bilhões/ano na década passada,
evidenciando um crescimento notável.

O setor agrícola, também tem sido notavelmente dinâmico: há duas décadas esse
setor tem mantido Brasil entre os países com maior produtividade em áreas
relacionadas ao setor rural. O setor agrícola e o setor de mineração também apoiaram
superávits comerciais que permitiram ganhos cambiais maciços e pagamentos da
dívida externa.

O setor de serviços é hoje o maior componente do PIB com 66,8%, seguido pelo setor
industrial, 29,7% (2007 est). A agricultura representa 3,5% do PIB (2008 est). A força
de trabalho brasileira é estimada em 100,77 milhões, dos quais 10% são ocupados na
agricultura, 19% no setor da indústria e 71% no setor de serviços.

Emprego

Segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos, o


crescimento econômico brasileiro observado na década atual concretizou-se pelo
desempenho do setor exportador, combinado com significativa participação do
mercado interno.

A dinâmica de crescimento continuado em um quadro macroeconômico de relativo


equilíbrio teve impacto positivo no mercado de trabalho, promovendo mudanças
importantes em um quadro histórico de profunda desigualdade social, sobretudo a
partir de 2003.

Informações do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) dão conta de que o volume


de vagas criadas em 2010 foi o melhor do governo de Luiz Inácio Lula da Silva na
geração de emprego com carteira de trabalho assinada, e um resultado histórico. No
ano em referência, foram criados 2.524.678 postos de trabalho formal, já descontadas
as demissões do período.

Os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do MTE,


revelaram que os empregos declarados pelas empresas de janeiro a dezembro
somaram 2.136.947. Houve, no entanto, um volume de 387.731 vagas com carteira
assinada que foi apenas entregue pelas empregadoras fora do prazo ao longo do ano
e contabilizado agora. Assim, o MTE chegou ao número total do ano.

Os resultados observados revelam uma melhora nos principais indicadores do


mercado de trabalho: crescimento da ocupação, queda do desemprego, aumento da
formalização e redução da informalidade, acompanhados por significativo aumento da
massa salarial e discreta recuperação do salário médio, crescimento do valor real do
salário mínimo, e resultados mais positivos nas negociações salariais.

Panorama do Mercado Imobiliário15

15
Baseado em CILLO Leite, F.L. – “Boom” imobiliário e treinamento de corretores de imóveis
no Brasil: um estudo de caso de uma empresa líder do setor – Dissertação apresentada no
departamento de Administração da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da
USP como requisito para obtenção do título de Mestre em Administração – São Paulo, 2009.

COLÉGIO E CURSO SOUZA AYRES


O aquecimento do mercado imobiliário brasileiro vem acumulando números
impressionantes, segundo estudos da FGV Projetos/Sinduscon-SP, que realizam
pesquisa mensalmente desde 2001 sobre a quantidade de empregos formais na
Construção Civil, tendo registrado firme estabilidade entre 2001 e 2004 e o
crescimento acelerado a partir de 2005.

Observe-se que o mercado imobiliário brasileiro passou por uma série de


estruturações ao longo das últimas décadas para institucionalizar maneiras de
financiamento e acesso aos imóveis por parte da população nacional.

Inerentemente a esse processo, vários questionamentos práticos da área de


corretagem de imóveis vieram à tona para se tentar entender os mecanismos dessa
indústria e os reflexos que essas mudanças trouxeram para o contexto do mercado
imobiliário. Martini e Skedsvold16 levantam também o potencial de crescimento do
mercado, uma vez que o total de financiamento representa apenas l, 7% do PIB
brasileiro.

Porém, muitas perguntas sobre o mercado imobiliário nacional ainda carecem de


resposta e desenvolvimento teórico por parte da academia brasileira. Isso abrange
desde a estrutura econômica e social do mercado, como também, dos diversos
elementos constituintes desse mercado. Se, de um lado, isso trouxe necessidades de
maiores compreensões e sustentação teórico-acadêmica para os problemas e
questões dessa indústria, por outro também se levantaram oportunidades de
relevantes estudos sobre o setor, essenciais para a compreensão da sistemática,
problemas e especificidades. No entanto, grande parte dos estudos da área está
concentrada em entender a formação de preços dos imóveis, fazendo com que seja
ainda mais reafirmada a necessidade de estudos capazes de abranger outros
elementos que envolvem o mercado imobiliário brasileiro.

Essa demanda por sustentações teóricas para o caso brasileiro se reafirma diante de
evidências de que o mercado nacional aqueceu-se e cresceu significativamente nos
últimos anos (principalmente entre 2006 e 2008).

Pesquisa da Embraesp (Empresa Brasileira de Estudos de Patrimônio) (2009) sobre a


região metropolitana de São Paulo, que abrange dados dos últimos 23 anos (1985 a
2008), revela que, nesses três últimos anos (apesar de ter ocorrido um leve recuo ao
longo desse período), apresentaram-se ofertas de imóveis relativamente maiores que
o período anterior. E isso se refletiu também no valor do imóvel, que na amostra
analisada, em média, cresceu de US$2.061 (preço por m2) em 2005 para US$3.305
em 2008.

O aquecimento do setor se justificou por algumas variáveis do mercado nacional. A


primeira delas parte da realidade no Brasil em que as famílias de menor renda são
aquelas que se comprometem mais com aluguéis e em cuja renda familiar tem maior
participação17. Isso faz com que essa classe social busque alternativas bem diversas
do aluguel para moradia.

Por um lado, muitos recorrem à moradia marginalizada da sociedade, que é a


instituição de favelas, cortiços, autoconstrução, domicílios improvisados e ocupações
ilegais de terrenos. Por outro, buscam-se formas de financiamento de um imóvel

16
MARTINI, J e SKEDSVOLD, G. – “A snapshot of Brazil’s residential real estate sector” .
Publicado em http://www4,gsb.columbia.edu/chazen/journal/topics/realestate - New York 2007
17
KILSZTAJNA, S; ROSSBACH, A; CARMO, M.S.N. et al. Aluguel e rendimento domiciliar no
Brasil. Revista de Economia Contemporânea, v. 13, n.1, PP 113-134, 2009

COLÉGIO E CURSO SOUZA AYRES


próprio para fugir aos aluguéis. Essa segunda alternativa, em especial, foi uma das
responsáveis pelo aquecimento do mercado imobiliário no país na última década.

Atrelados a isso, tiveram grande influência nesse desenvolvimento da indústria o maior


acesso aos financiamentos de imóveis e a queda de juros (que impulsiona o consumo
dos indivíduos e incentiva o endividamento) faz com que esse movimento de busca
por imóveis seja mais intenso e com que a economia do setor seja impulsionada.
O detalhamento de cada um dos fatores identificados que influenciaram o contexto
brasileiro a adquirir o formato que o mercado imobiliário atualmente tem, podem ser
mais bem compreendidos através das explicações mais detalhadas a seguir.

O Brasil está inserido em um contexto com indicadores extremamente favoráveis para


o mercado imobiliário, mesmo com a crise que assola o mundo desde julho de 2008. O
mercado imobiliário brasileiro ainda apresenta sinais do seu chamado "boom
imobiliário" (Popovec 18). Os fundamentos para esse “boom” envolvem, além dos itens
mencionados, os esquemas das construtoras, o que, segundo Gomes e Skedsvold19·,
gerou uma nova fonte de financiamento para os projetos imobiliários no Brasil.

Ainda segundo esses autores, o mercado era tradicionalmente financiado por bancos,
capital próprio e pelo próprio consumidor final, que comprava o imóvel ainda em
construção. Além desses fatores, temos também uma entrada de fundos de
investimento internacionais, que vários pesquisadores atribuem a busca da
rentabilidade perdida em mercados saturados como o europeu ou mesmo em bolhas
que estouraram como a americana, devido à “crise dos subprimes” de 2008.

Apesar de o "boom" ter se iniciado em meados de 2005, com a abertura de capital das
construtoras, em junho de 2008 a imprensa norte-americana ainda comentava sobre o
potencial do Brasil comparando-o com outros mercados, como o México: “Assim como
no México há quatro anos, o mercado imobiliário brasileiro tem sido beneficiado pela
queda nas taxas de juros, entre outras boas notícias da economia; a diferença é que o
Brasil está aberto e vem recebendo uma enorme quantidade de investimento
estrangeiro” – registrou um importante diário.

Ainda sobre a questão do "boom", merece destaque um artigo de Henrique Meirelles20,


então presidente do Banco Central do Brasil, citando fatores específicos da legislação
que também contribuíram para a expansão desse mercado. Segundo ele, a definição
do patrimônio de afetação pela lei 10.931/200421 "representa um marco importante no
desenvolvimento do crédito imobiliário no Brasil" uma vez que obriga as
incorporadoras a recolherem os impostos separadamente para cada empreendimento,
com um CNPJ específico. Certamente o presidente do Banco Central se referia à

18
POPOVIC, J. Carnival Atmosphere. Retail Traffic, Vol. 37 Issue 8, p.35-41. 2008
19
GOMES, P. e SKEDSVOLD, G. – Brazil: Trying to realize potential. Real estate Finance
(Aspen Publishers Inc) Vol 23 Issue 5, p. 8-20 - 2007
20
Meirelles, H. – O papel do crédito imobiliário no Brasil. Conjuntura da construção. Revista da
FGV/EESP e Sinduscon/SP, Ano V, n.4, 2007
21
Dispõe sobre o patrimônio de afetação de incorporações imobiliárias, Letra de Crédito
Imobiliário, Cédula de Crédito Imobiliário, Cédula de Crédito Bancário, altera o Decreto-Lei no
911, de Io de outubro de 1969, as Leis no 4.591, de 16 de dezembro de 1964, no 4.728, de 14
de julho de 1965, e no 10.406, de 10 de janeiro de 2002, e dá outras providências. [...] Art. Io
Fica instituído o regime especial de tributação aplicável às incorporações imobiliárias, em
caráter opcional e irretratável enquanto perdurarem direitos de crédito ou obrigações do
incorporador junto aos adquirentes dos imóveis que compõem a incorporação.” ]

COLÉGIO E CURSO SOUZA AYRES


falida ENCOL, então maior incorporadora do país22, que afetou a confiança dos
financiadores de obras e sem dúvida nenhuma dos compradores. Portanto, com esse
ajuste na legislação, pode-se afirmar que, comparado com a realidade antes desta lei,
a probabilidade de uma incorporadora falir e deixar os empreendimentos inviáveis de
dar continuidade era muito remota, já que cada empreendimento tem um CNPJ
próprio, controlando assim as receitas e despesas isoladamente.

O autor contribui também com dados relevantes como: "entre janeiro e setembro de
2007, R$ 12,1 bilhões em novos financiamentos, volume 30% superior concedido em
todo o ano de 2006." Outro ponto relevante que ele aponta no artigo é o espaço de
crescimento desse setor no Brasil: “[...] Considerando-se a experiência internacional e
os fundamentos da economia brasileira, pode-se afirmar que existe um grande espaço
para crescimento dos setores relacionados ao crédito imobiliário. O crédito imobiliário
no país não atinge 5% do PIB e não é difícil encontrar países desenvolvidos em que
essa relação é superior a 60% e países em desenvolvimento em que a relação
financiamento imobiliário/PIB já ultrapassa 20% [...]”

As diversas formas de financiamento disponíveis e as inúmeras fontes de empréstimos


geram uma combinação de fatores ao cliente que podem causar algum tipo de
confusão na hora de decidir. Alguns exemplos:

Financiamentos em até 360 meses nos principais bancos brasileiros. Sem dúvida
nenhuma, além dos prazos longos, as taxas contratadas, as promoções para os
primeiros meses, bem como as correções monetárias geram inúmeras combinações
para o cliente.

Correção monetária: indexador que nada mais é que um índice de preços calculado
por uma entidade credenciada

Pagamento de parcelas através do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço, formado


por contribuições compulsórias do empregador (cuja alíquota é de 8,5% sobre o total
da folha de pagamento) depositadas na Caixa Econômica Federal.

Sistema Financeiro Nacional

De acordo com o artigo 192 da Constituição Federal, “o sistema financeiro nacional,


estruturado de forma a promover o desenvolvimento equilibrado do País e a servir aos
interesses da coletividade, em todas as partes que o compõem, abrangendo as
cooperativas de crédito, será regulado por leis complementares que disporão,
inclusive, sobre a participação do capital estrangeiro nas instituições que o integram."

O sistema financeiro do Brasil é formado por um conjunto de instituições financeiras


voltadas para a gestão da política monetária do governo federal. É composto por
entidades supervisoras e por operadores que atuam no mercado nacional e orientado
por três órgãos normativos, o Conselho Monetário Nacional (CMN), o Conselho
Nacional de Seguros Privados (CNSP) e o Conselho de Gestão da Previdência
Complementar (CGPC).

A formação do sistema financeiro teve seu início com a vinda da Família Real
portuguesa, em 1808, quando foi criado o Banco do Brasil. Com o tempo, novas
instituições foram surgindo, como a Inspetoria Geral dos Bancos (1920), a Câmara de

22
Chegou a ser a maior das construtoras brasileiras. Entrou num processo de decadência no
ano de 1997, levada por uma crise de inadimplência, a empresa não pode cumprir suas
obrigações, deixando mais de 700 empreendimentos inacabados no país.

COLÉGIO E CURSO SOUZA AYRES


Compensação do Rio de Janeiro (1921) e de São Paulo (1932), dentre outros bancos
e instituições privadas e as Caixas Econômicas fortalecendo o Sistema.

Após a Segunda Guerra Mundial, nascem novas instituições financeiras mundiais,


como o FMI e o Banco Mundial. Em 1945 é criado no Brasil a Superintendência da
Moeda e do Crédito, que futuramente em 1964 daria origem ao Banco Central do
Brasil.
Nas décadas de 50 e 60, com a criação do BNDES, do Sistema Financeiro da
Habitação, do Banco Nacional da Habitação e do Conselho Monetário Nacional, o país
passa por um novo ciclo econômico e o Sistema Financeiro Nacional passa a ser
regulamentado através do CMN e do Banco Central, que se tornam os principais
órgãos do sistema.

O surgimento de bancos de investimento e a facilitação dada pelo CMN às empresas


para obtenção de recursos exteriores possibilitou um aumento no fluxo de capitais no
país. Em 7-12-1976, é criada a Comissão de Valores Mobiliários, que facilita a
obtenção de recursos pelas empresas, e o Sistema Especial de Liquidação e
Custódia, criado em 1979, passou a realizar a custódia e liquidação com títulos
públicos como as Letras do Tesouro Nacional e as Obrigações Reajustáveis do
Tesouro Nacional.

A Constituição de 1988, que busca estruturar o Sistema Financeiro Nacional de forma


a promover o desenvolvimento e equilíbrio do país e a servir aos interesses da
coletividade, e a estabilidade econômica, dão nova cara ao SFN. Mercados, como o
de previdência privada, passam a ganhar musculatura e exigir maior atenção. Em
1996, é criado o Copom, ligado ao BACEN, que estabelece as diretrizes da política
monetária, como a Taxa SELIC.

A composição do sistema financeiro brasileiro é a seguinte: Conselho Monetário


Nacional (CMN); Banco Central do Brasil (BACEN); Operadores; outras instituições e
intermediários financeiros e administradores de recursos de terceiros; Comissão de
Valores Mobiliários (CVM); Bolsas de Mercadorias e Futuros Bolsas de Valores;
Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP); Superintendência de Seguros
Privados (Susep); Conselho Nacional de Previdência Complementar (CNPC);
Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc); entidades fechadas
de previdência complementar.

Investimentos

Antes da década de 60, os brasileiros investiam principalmente em ativos reais


(imóveis), evitando aplicações em títulos públicos ou privados. A um ambiente
econômico de inflação crescente - principalmente a partir do final da década de 1950 -
se somava uma legislação que limitava em 12% ao ano a taxa máxima de juros, a
chamada Lei da Usura, também limitando o desenvolvimento de um mercado de
capitais ativo.

Esta situação começa a se modificar quando o Governo que assumiu o poder em abril
de 1964 iniciou um programa de grandes reformas na economia nacional, dentre as
quais figurava a reestruturação do mercado financeiro através da edição de várias leis.

Entre aquelas que tiveram maior importância para o mercado de capitais podemos
citar a Lei nº 4.537/64, que instituiu a correção monetária, através da criação das
ORTN; a Lei nº 4.595/64, denominada lei da reforma bancária, que reformulou todo o
sistema nacional de intermediação financeira e criou o Conselho Monetário Nacional e
o Banco Central e, principalmente, a Lei nº 4.728, de 14.04.65, primeira Lei de

COLÉGIO E CURSO SOUZA AYRES


Mercado de Capitais, que disciplinou esse mercado e estabeleceu medidas para seu
desenvolvimento.

A introdução da legislação acima referida resultou em diversas modificações no


mercado acionário, tais como: a reformulação da legislação sobre Bolsa de Valores, a
transformação dos corretores de fundos públicos em Sociedades Corretoras, forçando
a sua profissionalização, a criação dos Bancos de Investimento, a quem foi atribuída a
principal tarefa de desenvolver a indústria de fundos de investimento.

Com a finalidade específica de regulamentar e fiscalizar o mercado de valores


mobiliários, as Bolsa de Valores, os intermediários financeiros e as companhias de
capital aberto, funções hoje exercidas pela CVM, foi criada uma diretoria no Banco
Central - Diretoria de Mercado de Capitais.

Ao mesmo tempo, foram introduzidos alguns incentivos para a aplicação no mercado


acionário, com destaque para os Fundos 157, criados pelo Decreto Lei nº 157, de
10.02.1967. Estes fundos eram uma opção dada aos contribuintes de utilizar parte do
imposto devido, quando da Declaração do Imposto de Renda, em aquisição de quotas
de fundos de ações de companhias abertas administrados por instituições financeiras
de livre escolha do aplicador.

Com o grande volume de recursos carreados para o mercado de acionário,


principalmente em decorrência dos incentivos fiscais criados pelo Governo Federal,
houve um rápido crescimento da demanda por ações pelos investidores, sem que
houvesse aumento simultâneo de novas emissões de ações pelas empresas. Isto
desencadeou o "boom" da Bolsa do Rio de Janeiro quando, entre dezembro de 1970 e
julho de 1971, houve uma forte onda especulativa e as cotações das ações não
pararam de subir.

Após alcançar o seu ponto máximo em julho de 1971, iniciou-se um processo de


realização de lucros pelos investidores mais esclarecidos e experientes que
começaram a vender suas posições. O quadro foi agravado progressivamente quando
novas emissões começaram a chegar às bolsas, aumentando a oferta de ações, em
um momento em que muitos investidores, assustados com a rapidez e a magnitude do
movimento de baixa, procuravam vender seus títulos.

O movimento especulativo conhecido como "boom de 1971" teve curta duração, mas
suas consequências foram vários anos de mercado deprimido, pois algumas ofertas
de ações de companhias extremamente frágeis e sem qualquer compromisso com
seus acionistas, ocorridas no período, geraram grandes prejuízos e mancharam de
forma surpreendentemente duradoura a reputação do mercado acionário.

Apesar disso, notou-se, a partir de 1975, uma recuperação das cotações devido a
novos aportes de recursos (as reservas técnicas das seguradoras, os recursos do
Fundo PIS/PASEP, adicionais do Fundo 157 e a criação das Sociedades de
Investimento Decreto Lei nº 1401 para captar recursos externos e aplicar no mercado
de ações), além de maiores investimentos por parte dos Fundos de Pensão.
Ao longo do tempo, vários outros incentivos foram adotados visando incentivar o
crescimento do mercado, tais como: a isenção fiscal dos ganhos obtidos em bolsa de
valores, a possibilidade de abatimento no imposto de renda de parte dos valores
aplicados na subscrição pública de ações decorrentes de aumentos de capital e
programas de financiamento a juros subsidiados efetuados pelo BNDES - Banco
Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social aos subscritores de ações
distribuídas publicamente.

COLÉGIO E CURSO SOUZA AYRES


Foi dentro desse quadro de estagnação e tentativa de recuperação do mercado
acionário que, em 1976, foram introduzidas duas novas normas legais, ainda em vigor:
a Lei nº 6.404/76, nova Lei das Sociedades Anônimas, que objetivava modernizar as
regras que regiam as sociedades anônimas, até então reguladas por um antigo
Decreto-Lei de 1940 e a Lei nº 6.385/76, segunda Lei do Mercado de Capitais que,
entre outras inovações, que criou a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e
introduziu no mercado uma instituição governamental destinada exclusivamente a
regulamentar e desenvolver o mercado de capitais, fiscalizar as Bolsa de Valores e as
companhias abertas.

Não obstante todos esses incentivos, o mercado de capitais não teve o crescimento
esperado, ainda que em alguns momentos tenha havido um aumento na quantidade
de companhias abrindo seu capital e um volume razoável de recursos captados pelas
empresas através de ofertas públicas de ações tenha ocorrido durante a década de
1980.

Apesar da experiência pioneira para atrair capitais externos para aplicação no


mercado de capitais brasileiro, representada pelo Decreto-Lei nº 1.401/76, o processo
de internacionalização do mercado chega ao país no final da década de 1980, sendo
seu marco inicial a edição da Resolução do CMN nº 1.289/87 e seus anexos.

A partir de meados da década de 1990, com a aceleração do movimento de abertura


da economia brasileira, aumenta o volume de investidores estrangeiros atuando no
mercado de capitais brasileiro. Além disso, algumas empresas brasileiras começam a
acessar o mercado externo através da listagem de suas ações em bolsas de valores
estrangeiras, principalmente a New York Stock Exchange, sob a forma de ADRs -
American Depositary Receipts com o objetivo de se capitalizar através do lançamento
de valores mobiliários no exterior.

Ao listarem suas ações nas bolsas americanas, as companhias abertas brasileiras


foram obrigadas a seguir diversas regras impostas pela SEC - Securities and
Exchange Commission, órgão regulador do mercado de capitais norte-americano,
relacionadas a aspectos contábeis, de transparência e divulgação de informações, os
chamados "princípios de governança corporativa".

A partir daí, as empresas brasileiras começam a ter contato com acionistas mais
exigentes e sofisticados, acostumados a investir em mercados com práticas de
governança corporativa mais avançadas do que as aplicadas no mercado brasileiro.
Ao número crescente de investidores estrangeiros soma-se uma maior participação de
investidores institucionais brasileiros de grande porte e mais conscientes de seus
direitos.

Com o passar do tempo, o mercado brasileiro de capitais passou a perder espaço para
outros mercados devido à falta de proteção ao acionista minoritário e a incertezas em
relação às aplicações financeiras. A falta de transparência na gestão e a ausência de
instrumentos adequados de supervisão das companhias influenciavam a percepção de
risco e, consequentemente, aumentavam o custo de capital das empresas.

Algumas iniciativas institucionais e governamentais foram implementadas nos últimos


anos com o objetivo de revitalizar o mercado brasileiro de capitais, aperfeiçoando a
sua regulamentação, e assegurando maior proteção ao investidor e a melhoria das
práticas de governança das empresas brasileiras. Destaca-se entre elas a aprovação
da Lei nº 10.303/01, que introduziu uma profunda reforma na Lei das Sociedades
Anônimas (6.404/76), alterando alguns temas fundamentais do direito societário, em
especial no que diz respeito às companhias abertas.

COLÉGIO E CURSO SOUZA AYRES


Cumpre destacar também que, no final dos anos 90, era evidente a crise de grandes
proporções pela qual passava o mercado de ações no país. A título de exemplo, o
número de companhias listadas na Bovespa tinha caído de 550 em 1996 para 440 em
2001. O volume negociado, após atingir US$ 191 bilhões em 1997, recuara para US$
101 bilhões em 2000 e US$ 65 bilhões em 2001. Além disso, muitas companhias
fechavam o capital e poucas abriam.

Foi nesse cenário que a Bovespa criou o chamado Novo Mercado, como um segmento
especial de listagem de ações de companhias que se comprometam voluntariamente a
adotar as boas práticas de governança corporativa. Numa necessária adaptação à
realidade do mercado de ações brasileiro, são criados dois estágios intermediários:
Níveis I e II, que, juntos com o Novo Mercado, estabelecem regras que envolvem
melhorias na divulgação de informações, nos direitos dos acionistas e na governança
das companhias.

O SFH e o SBPE

O Sistema Financeiro da Habitação (SFH) é um segmento especializado do Sistema


Financeiro Nacional, criado pela Lei 4380/64, no contexto das reformas bancária e de
mercado de capitais promovidas pelo governo militar.

A lei 4380/64 instituiu a correção monetária e o Banco Nacional da Habitação, que se


tornou o órgão central orientador e disciplinador da habitação no País. Seguiu-se
àquele diploma legal a Lei 5107/66, criadora do Fundo de Garantia do Tempo de
Serviço (FGTS). O sistema previa desde a arrecadação de recursos, empréstimo para
compra de imóveis, e o retorno daquele empréstimo para reaplicação, tudo com
atualização monetária por índices idênticos.

Na montagem do SFH, diante da necessidade de subsidiar as famílias de renda mais


baixa, estabeleceu-se um mecanismo cruzado, interno ao sistema, com taxas de juros
diferenciadas e crescentes, de acordo com o valor do financiamento. Sem recorrer ao
Tesouro Nacional, formou-se um esquema que, mesmo utilizando taxas inferiores ao
custo de captação de recursos nos financiamento menores, produzia uma taxa média
capaz de remunerar os recursos e os agentes que atuavam no sistema.

A partir de 1971, adotou-se um mecanismo de subsídio via imposto de renda. Adotou-


se, de 1971 até 1981, um critério seletivo para concessão de subsídios. Os mutuários
de maior renda pagavam integralmente as suas prestações; conforme fosse
decrescendo o salário, o Governo Federal assumia uma parte da prestação, via
redução de Imposto de Renda.

Em 1983, o princípio da identidade de índices foi quebrado. Diante da queda dos


níveis salariais e da inadimplência que ameaçava o sistema, o governo aplicou
aumento nas prestações de 80% do reajuste do salário mínimo. Em 1984, o subsídio
foi repetido. Em 1985, houve novamente um subdimensionamento do índice de
reajuste das prestações dos contratos.

Em 1986, com a edição do Decreto-Lei nº 2.291/86, o SFH passou por uma profunda
reestruturação. Foi extinto o BNH e suas atribuições divididas entre o então Ministério
de Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente (MDU), o Conselho Monetário Nacional
(CMN), o Banco Central do Brasil (BACEN) e a Caixa Econômica Federal (CEF).

Ao MDU coube a competência para a formulação de propostas de política habitacional


e de desenvolvimento urbano; ao CMN coube exercer as funções de Órgão central do

COLÉGIO E CURSO SOUZA AYRES


Sistema, orientando, disciplinando e controlando o SFH; ao BACEN foram transferidas
as atividades de fiscalização das instituições financeiras que integravam o SFH e a
elaboração de normas pertinentes aos depósitos de poupança e a CEF à
administração do passivo, ativo, do pessoal e dos bens móveis e imóveis do BNH,
bem como, a gestão do FGTS.

As atribuições inicialmente transferidas para o então MDU foram posteriormente


repassadas ao Ministério do Bem Estar Social, seguindo depois para o Ministério do
Planejamento, Orçamento e Gestão e finalmente, a partir de 1999 até hoje, alçadas a
Secretaria Especial de Desenvolvimento Urbano da Presidência da República
(SEDU/PR).

Da criação do SFH até dias recentes, o sistema foi responsável por uma oferta de
cerca de seis milhões de financiamentos e pela captação de uma quarta parte dos
ativos financeiros. O sistema passou a apresentar queda nos financiamentos
concedidos a partir de uma sucessão de políticas de subsídios que reduziram
substancialmente os recursos disponíveis.

O SFH dispõe como principal fonte de recursos, desde a sua criação, a poupança
voluntária proveniente dos depósitos de poupança do denominado Sistema Brasileiro
de Poupança e Empréstimo (SBPE), constituído pelas instituições que captam essa
modalidade de aplicação financeira, com diretrizes de direcionamento de recursos
estabelecidas pelo CMN e acompanhados pelo BACEN, bem como a poupança
compulsória proveniente dos recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço
(FGTS), regidos segundo normas e diretrizes estabelecidas por um Conselho Curador,
com gestão da aplicação efetuada pelo Ministério do Planejamento, Orçamento e
Gestão (MPOG), cabendo à CEF o papel de agente operador. Atualmente, novas
normas do CMN disciplinam as regras para o direcionamento dos recursos captados
em depósitos de poupança pelas instituições integrantes do SBPE.

Habitação social23

O processo de crescimento urbano intensivo que acompanhou e tornou possível a


industrialização brasileira a partir da Revolução de 30 - quando menos de 30% da
população viviam em cidades - provocou drásticas transformações sócio-econômicas
e espaciais no país.

A combinação de tais processos — industrialização e urbanização— ocasionou uma


enorme concentração econômica, a qual tem determinado até os dias atuais um
processo de exclusão sócio-espacial de grande parte da população.

Como a segregação espacial reflete a divisão da renda e se traduz, notadamente, pelo


acesso desigual às infraestruturas e ao solo construtível, não resta outra escolha a
essa população, excluída do mercado imobiliário regular e carente de políticas
públicas adaptadas a seus meios, senão, a de resolver o problema habitacional
através daquilo que Sachs24 denominou "cidade ilegal".

A importância do setor informal da economia urbana brasileira tem sido especialmente


reconhecida, juntamente com a variedade de estratégias de sobrevivência dos pobres

23
Baseado em TAVARES, Luiz Cláudio Assis. A questão da habitacão social: desafios e
perspectivas. Jus Navigandi, jul. 2004. Disponível em: http://jus.uol.com.br/revista/texto/5396.
Acesso: 30 jan. 2011
24
SACHS, Céline - Políticas públicas e habitação popular. São Paulo: Edusp, 1999.

COLÉGIO E CURSO SOUZA AYRES


urbanos. Mais do que nunca, as tensões entre os setores formais e informais, bem
como aquelas entre a "cidade legal" e a "cidade ilegal", têm vindo à luz. Com isso,
novas práticas sociais, e novas relações entre o Estado e a sociedade têm sido
forjadas diariamente nas áreas urbanas, causando profundas transformações na
sociedade brasileira (FERNANDES, 1998, p. 4).

A autoconstrução, mecanismo eficiente dentro da lógica da especulação imobiliária,


torna-se cada vez mais frequente - e não apenas nas grandes cidades como se
acreditava. As favelas e os cortiços multiplicam-se, onde as condições de salubridade
são precárias e o terreno quase sempre sujeito a deslizamentos e enchentes. As
relações sociais se degradam na mesma medida do ambiente miserável a que são
sujeitadas; identificam-se os crescimentos generalizados da pobreza e da violência
urbanas, e, conquanto não se possa ainda estabelecer a necessária existência de uma
relação, também não se deve duvidar de que esta é amplamente favorecida em tais
condições.
Dadas assim, à sua intensidade, complexidade e variedade de implicações, o
processo de urbanização tem sido considerado "o fenômeno social contemporâneo
mais importante no Brasil", o que tem exigido profundos estudos e análises.

Acredita-se que as primeiras tentativas de intervenção do Estado na questão da


habitação social - compreendida como uma parte do todo, o processo de urbanização
- datam de 1920, no governo de Epitácio Pessoa (1919-1922), com a promulgação de
um decreto relativo à construção de habitações de aluguel para os operários e os
proletários.

O governo de Gaspar Dutra (1946-1950) deu um passo importante em direção à


institucionalização de uma política nacional de habitação dirigida para as
necessidades da população de baixa renda, ao a criar em 1º de maio de 1946, a
Fundação da Casa Popular.

Mas foi no governo de Jânio Quadros (1961) que a crise de habitação assumiu, de
fato, grande importância, sob a influência de dois fatores externos: a reforma urbana
promulgada por Fidel Castro, em Cuba, e o lugar dado ao problema da habitação pela
Aliança para o Progresso, projeto reformista lançado pela Administração Kennedy para
tentar anular influência da Revolução Cubana na América Latina. Dessa forma, o
regime autoritário traçava os objetivos visados com as políticas de habitação: atingir
simultaneamente os seus interesses políticos ideológicos, sociais e antes de tudo,
econômicos.

O cenário político mudou, os atores políticos também, mas algumas "praxes" resistem,
indicando que as políticas de habitação social, hoje e ao longo do tempo, ressentem-
se ainda, com o populismo que caracterizou - ao mesmo tempo em que se
descaracterizava - as políticas habitacionais anteriores.

Em muitos casos, as políticas de habitação social são revestidas de "políticas sociais"


para: 1. articular interesses políticos, ideológicos e econômicos e; 2. atender a uma
situação de urgência: o agravamento da questão da habitação e o aumento das
tensões sociais.

Isso tem levado autoridades governamentais ligadas à política de habitação e


representantes do capital imobiliário, a se referirem à questão da habitação em termos
numéricos de déficits ou projeções de unidades isoladas a serem construídas.

Esta forma extremamente simplista ignora que a habitação urbana vai além dos
números e das unidades; que há uma interrelação entre a habitação e as redes de

COLÉGIO E CURSO SOUZA AYRES


infraestrutura (água, esgoto, energia elétrica, drenagem pluvial, pavimentação) e os
serviços urbanos coletivos (educação, saúde, abastecimento transporte coletivo,
coleta de lixo).

A política habitacional, destarte, voltada para as reais condições das camadas da


população de menor renda e que atenda às suas necessidades nos níveis de governo
federal, estadual e municipal - com raras exceções -, não denota ser prioridade. É o
que se depreende quando se observa o quadro da atual situação habitacional no país:
um déficit habitacional [5] de 6,6 milhões de unidades, sendo 1,3 milhões no campo e
5,3 milhões nas cidades, segundo estimativas da Fundação João Pinheiro, de Minas
Gerais.

Esse déficit revela maior concentração na zona urbana e recai sobre a camada da
população de menor renda. As famílias atingidas têm, em 84% dos casos, renda de
até três salários mínimos. Acontece que, historicamente, 67% dos recursos para
habitação têm sido concedidos a famílias com renda maior do que cinco salários
mínimos, o que representa 18,3% dos assalariados do país (IBGE/PNAD, 1999).

Lúcio Kowarik observa, em sua obra “A espoliação urbana”, que por volta de 1979 a
produção do espaço urbano apresentava características “nitidamente segregadoras".

“Com efeito, é impressionante a constatação do modo pelo qual a distribuição espacial


da população reflete a condição social dos habitantes da cidade, espelhando no nível
do espaço a segregação imperante no âmbito das relações econômicas". Assim, o
problema habitacional não pode ser analisado isoladamente de outros processos
sócio-econômicos e políticos mais amplos, a despeito de suas co0ntradições
específicas.

Neste sentido, Valla25 destaca que "qualquer discussão a respeito de projetos


urbanísticos tem que levar em consideração aspectos sócio-econômicos e políticos
que extrapolam em muito o 'habitacional'". E acrescenta: “São estes 'problemas
habitacionais', entre os quais a própria favela, que determinam a produção do espaço
de uma cidade e refletem sobre a terra urbana a segregação que caracteriza a
excludente dinâmica das classes sociais".

Há que se reconhecer, insiste o autor, que "a questão habitacional em nossa


sociedade é regida pelas oscilações do mercado. Pela lógica do capital, pelo império
do lucro". Como acumulação e especulação andam juntas, a localização da classe
trabalhadora passou a seguir os fluxos de interesses imobiliários “26.

O poder público, por sua vez, só se aparelhou tardiamente de instrumentos legais para
tentar dar um mínimo de ordenação ao uso do solo. No entanto, tal iniciativa ocorre
num período em que o desenho urbano já está em grande parte traçado em
consequências da retenção dos terrenos por parte de grupos privados.

"A ação governamental restringiu-se, tanto agora como no passado, a seguir o núcleo
de ocupação criado pelo setor privado, e os investimentos públicos vieram colocar-se
a serviço da dinâmica de valorização-especulação do sistema imobiliário construtor.” 27

25
Valla, Victor (Org). Educação e favela. Petrópolis: Vozes, 1986
26
Com o objetivo de obter lucros, os agentes do mercado de imóveis abrem loteamentos nas
bordas das cidades, a fim de propiciar a expansão da infraestrutura urbana e valorizar os
terrenos vazios que ficam entre as regiões centrais e os núcleos abertos na periferia, o que
contribui para acentuar o fenômeno da "periferização" da população.
27
Kowarick, cit.

COLÉGIO E CURSO SOUZA AYRES


Em 2004, na Secretaria Nacional de Habitação do Ministério das Cidades, Jorge
Hereda declarou que "as prioridades do governo são a produção de habitação e
urbanização em regiões metropolitanas e a ampliação do mercado formal da
habitação", anunciando então a destinação de R$ 7,4 bilhões “só para a habitação,
sendo parte substantiva financiada por recursos do FGTS e da CEF". Admitiu, todavia,
naquela ocasião, que "a carência de moradia atinge uma faixa da população que não
tem como tomar recursos onerosos. E os recursos que nós temos pra aplicar na
política habitacional são, em sua maioria, onerosos".

É indubitável, porém, que igualmente onerosos são os recursos da política


educacional, de saúde, de segurança pública enfim, de todas as políticas sociais. Na
sua essência, a natureza classista e segregadora do Estado não foi ainda alterada
como é desejo de todos.

A despeito de todos os programas anunciados e iniciados, urge admitir-se de uma vez


que a razão da política habitacional é o direito à moradia. Afinal, a Constituição impôs
ao Poder Público (União, Estados, Distrito Federal e Municípios) uma "competência-
dever" de satisfazer esse "direito-necessidade" humana.

Minha casa, Minha vida

Para fazer frente ao gigantesco déficit habitacional registrado no País, em 25 de março


de 2009 o Governo Federal lançou o programa “Minha Casa, Minha Vida”, com vistas
a acabar com 14% do déficit de habitação brasileiro, estimado em 7,2 milhões de
imóveis. O programa prevê a construção de 1 milhão de moradias com máxima
rapidez, havendo redução dos impostos e da burocracia para as empresas e devendo
a Caixa Econômica Federal aprovar projetos das construtoras em até 30 dias.

O objetivo do projeto é atingir a população de baixa renda a um custo total de R$ 34


bilhões, para o qual a União entra com o subsídio de R$ 16 bilhões, mais
financiamento do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) e do Fundo
Garantidor em Financiamento do FGTS.

O projeto beneficia prioritariamente famílias com renda de até três salários mínimos.
Nessa faixa a isenção do seguro é total. Na faixa compreendida de 3 a 6 salários
mínimos há subsídio parcial em financiamentos com redução dos custos do seguro e
acesso ao Fundo Garantidor. Para famílias com renda de 6 a 10 salários mínimos há
redução dos custos do seguro e acesso ao Fundo Garantidor.

Na faixa compreendida entre 0 e 3 salários mínimos, programou-se a construção de


400 mil casas; de 3 a 4 salários, 200 mil casas, de 4 a 6, 100 mil, e de 6 a 10 salários,
200 mil, implementando-se, assim, o Plano Nacional de Habitação.

COLÉGIO E CURSO SOUZA AYRES

Você também pode gostar