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ECONOMIA
CARLOS HONORATO
Economia é uma ciência humana. Essa informação logo de início pode levar um leitor
desavisado a imaginar que há algum erro na definição, ou engano na análise, mas economia
é sim uma ciência humana, repleta de números e definições matemáticas. Muito da confusão
de se achar a economia como uma ciência exata é derivado do intenso uso de dados
numéricos, análises quantitativas e definições teóricas que se utilizam de elementos exatos
para fazer uma boa análise econômica. Por outro lado, o estudo da História, especialmente
da História Econômica, de como a humanidade vem tratando as trocas comerciais,
crescimento da riqueza e sua distribuição tem um componente humano muito forte.
É fundamental perceber que a economia também tem se transformado nos últimos tempos e
se adaptado a tendências e oportunidades que surgiram no mundo com as transformações
tecnológicas, políticas e sócias. Alguns ramos da economia são inovadores e muito
relevantes de se acompanhar: a economia compartilhada, de uso e compartilhamento de
produtos serviços, minimizando o excesso de consumo; a economia colaborativa, que
facilita a troca de produtos e serviços, sem o uso monetário, nem focando o lucro; a
economia sustentável, produzir produtos e serviços duráveis e renováveis, a economia
circular, apostando na maximização do uso dos produtos nos ciclo econômico, entre outras
formas de organização que tem movimentado o modo como as sociedades e empresas se
organizam em torno da produção e do crescimento econômico.
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Entendendo a análise econômica
Como divisão mais clássica e fundamental, pode-se distinguir a economia em dois ramos
básicos de estudo: a microeconomia e a macroeconomia. Em geral boa parte dos estudos
econômicos preocupa-se com esses dois grandes segmentos e suas interações via teoria
econômica, políticas econômicas, impactos das regulações nos mercados.
A Teoria do Consumidor analisa como os consumidores fazem suas escolhas e definem seus
padrões de consumo a partir da sua rendavi.
A Teoria de Custos avalia a composição de custos dos produtos, formação de preços, receita
e lucro econômico.
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As análises das Estruturas de Mercado avaliam como os mercados se equilibram em
diferentes níveis de concorrência e como se formam os preços dependendo do nível de
competição existente.
A unidade basilar do estudo da Economia, mais do que um princípio, uma a lei, que rege
todas as decisões econômicas é a lei da oferta e demanda. De uma forma objetiva, todos
os estudos econômicos, no limite, podem ser reduzidos em algum grau a uma análise de
oferta e demanda. As curvas de oferta e demanda representam, de modo esquemático, o
ponto em que um indivíduo ou uma organização pretender comprar (demanda ou
procura) um determinado bem e se encontra com alguém que queira vender (oferta)
esse mesmo bem.viii O que faz esse encontro entre quem procura e quem oferece ser bem-
sucedido, e permitir que essa troca se realize é o elemento preço. O preço viabiliza o valor
que o vendedor quer como contrapartida de sua venda e o valor que o comprador está
disposto a pagar. Com preços menores, mais indivíduos irão comprar o produto, já com
preços maiores mais indivíduos vão oferecer aquele produto, e, da mesma forma, com preços
maiores mais produtores ofereceram seus produtos.
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Na análise da oferta e procura, estamos muito habituados a pensar pelo lado da demanda:
quando o preço baixa, aumenta a procura por esse bem. Pense que pelo lado da oferta, um
aumento do preço fará com que mais indivíduos queiram oferecem aquele bem, pois terão
um acréscimo dos valores recebidos por unidade, em função de um aumento de preços.
Ceteris paribus
Uma das grandes dificuldades que as pessoas que desconhecem economia têm, é entender
como as variáveis se afetam e é só possível entende-las se as mantemos isoladas em uma
condição, ceteris paribus. Assim como uma reação química, ou um fenômeno da física
requerem condições específicas para que esses eventos ocorram, nas ciências naturais e
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1 ou cɶteris paribus
biológicas chama-se condições normais de temperatura e pressão (C.N.T.P.), na economia
as tais “C.N.T.P.” seriam a manutenção das variáveis não envolvidas na análise constantes.
A água só ferve a 100°C porque partimos do pressuposto que a pressão será constante de
1 atm. Se colocarmos muita pressão, a temperatura de ebulição da água será menor, por
isso precisamos das ditas CNTP.
Entender esse conceito é fundamental. Muitas vezes a economia se torna uma ciência de
difícil compreensão porque as pessoas tendem a tentar analisar tudo simultaneamente, com
todas as variáveis “variando” simultaneamente.
Custo de oportunidade
A partir do entendimento de que economia é uma ciência que estuda as escolhas dos
indivíduos e da sociedade, e que esses indivíduos têm que fazer essas escolhas levando em
consideração um benefício versus uma opção deixada de lado, define-se um dos mais
importantes conceitos econômicos, o conceito de custo de oportunidade.
Não só no consumo se observa essa dificuldade de justificação racional das decisões. Nos
processos de gestão das empresas, as decisões não são tomadas exclusivamente por
critérios técnicos, objetivos e racionais. Elementos relacionados a poder, empatia,
capacidade de liderar são elementos adicionais e muitas vezes preponderantes a influenciar
uma decisão, muito mais fortes do que processos racionais e exatos, mesmo aqueles
baseados em cumprimento de metas e objetivos racionais.
Com o estudo do comportamento humano e sua lógica de decisão econômica, por meio da
experimentação, entende-se que nem sempre as pessoas são egoístas, elas calculam o
custo-benefício de suas ações e tendem a ter preferências estáveis. Além disso, muitas das
escolhas econômicas não resultam de uma deliberação ou cálculo meticuloso, ou
extremamente cuidadoso, mas sim de uma série de informações aparentemente
desconectadas, lembranças pessoais, memória afetiva, estados psicológicos e sentimentos
gerados “automaticamente” por experiências passadas. Somos muitas vezes influenciados
por informações lembradas, sentimentos gerados de modo automático e estímulos salientes
no ambiente. Somos animais sociais, com preferências sociais como aquelas expressas na
confiança, altruísmo, reciprocidade e justiça, e temos o desejo de ser coerentes conosco e
de valorizar as normas sociais.
Vamos ilustrar esse conceito com um exemplo simples do mercado financeiro: um investidor
comum decide aplicar parte dos seus recursos na compra de ações de uma grande empresa.
Para a tomada dessa decisão econômica, pressupõem-se que racionalidade: o investidor
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coloca seu dinheiro em ações de uma boa empresa que ele espera que tenha seu preço
aumentado, ou valorizado em um futuro. Seria natural supor, que quando essa ação começa
a ter uma grande valorização o investidor financeiro deva vender essa ação auferindo o lucro
resultante dessa subida da cotação. Muitas vezes, porém, o investidor é tomado por um
sentimento de que poderia ganhar mais e continua aguardando que essa ação suba
indefinidamente, mesmo sabendo que ações não sobem eternamente (elas terão uma
queda). Essa espera pelo lucro máximo deixou de ser puramente racional, mas o investidor
“criou uma racionalidade” considerando que ele pode esperar mais um pouquinho e
conseguir a máxima rentabilidade. De forma mais dramática e as vezes mais perceptível,
quando uma ação começa a ter uma desvalorização expressiva no mercado, ao invés do
investidor decidir encerrar sua aplicação, assumindo o prejuízo, ele passa “a criar uma
racionalidade” que ele conseguirá recuperar o investimento, deixando de ser uma atitude
racional, para se tornar quase uma atitude de fé.
Custos de transação
O custo de transação é outro conceito econômico que se tornou centro de uma área de
estudos na economia questionando algumas premissas fundamentais da Economia Clássica
e Neoclássica. Custos de transação são os custos relacionados às formas de organização e
coordenação da atividade econômica que resultariam em diferentes meios de alocação dos
recursos produtivos, não necessariamente relacionados à produção em si.
Em suma, os esforços da análise dos custos de se internalizar ou não transação e como essa
escolha é definida, abriram caminho para o desenvolvimento da Teoria dos Custos de
Transação (TCT) desenvolvida por Oliver Williamson a partir dos anos 1970, que deu origem
à Nova Economia Institucional (NEI).
A Teoria dos Custos de Transação (TCT) representa a principal contribuição desta área da
economia, cujas hipóteses podem ser resumidas em três pontos fundamentais:
Primeiramente, as transações e os custos a ela associados definem diferentes modos
institucionais de organização das atividades econômicas; Segundo, a tecnologia, embora
importante aspecto da organização das empresas, não é determinante da mesma; Terceiro:
as falhas de mercado são fundamentais à análise, o que confere importância às formas
institucionais de organização das empresas e suas escolhas para diminuir os custos de
transaçãoxii.
Incentivos
Impactada pela Teoria de Custos de Transação uma das vertentes de muito estudo e impacto
é a análise de incentivos para a consecução dos objetivos de uma empresa. Os economistas
contemporâneos avaliam que uma correta ponderação dos incentivos cria condições
adequadas de concorrência, oferta e demanda, melhoria de possibilidades de produção e
aumento de produtividade. Calibrar incentivos é hoje uma das práticas mais eficiente se
alcançar o objetivo econômico ou estratégico de uma determinada decisão. Existem
incentivos positivos e negativos. Um incentivo positivo, por exemplo, é um desconto ou um
bônus recebido por algum pagamento, atividade ou meta realizada. Neste caso, com um
incentivo (que pode ser financeiro ou não) aumentará o esforço para o aumento de
produtividade. Por outro lado, uma multa, uma punição, uma penalidade de tempo são
incentivos negativos que tendem também a influenciar o comportamento dos indivíduos. Por
exemplo: as multas de trânsito tendem a influenciar os indivíduos a dirigirem melhor e
respeitar as regras de trânsito.
O que é muito interessante na lógica dos incentivos econômicos é que, a partir do momento
que uma empresa ou um negócio calibrar os incentivos adequadamente, muito
provavelmente os resultados estarão alinhados com os objetivos estratégicos. Se uma
empresa define estrategicamente que seu objetivo comercial é a venda de volume produtos
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e liderar o mercado com a maior participação de mercado, logo, os incentivos devem estar
direcionados ao pagamento de bônus por volume de vendas. Se, por outro lado, o objetivo
da empresa é vender produtos que tenham maior margem de lucro unitárias, logo o incentivo
deve ser direcionado a venda desse produto. Não necessariamente os produtos com maior
margem são aqueles que representam maior volume. E, não necessariamente maior volume
garante maior lucratividade.
Entender economia, mais do que desenvolver uma capacidade de entendimento das grandes
questões nacionais, é colocar em prática na gestão, conceitos clássicos que cabem que
balizam as decisões empresariais e individuais. Correlacionando estratégia e economia,
podemos construir um fluxo sintético do pensamento estratégico e como os conceitos
econômicos apoiam a tomada de decisão empresarial.
A economia auxilia na gestão estratégica desde a análise do ambiente externo, nos desafios
macroeconômicos nacionais e globais, as características da concorrência, até a formulação
da estratégia, posicionamento e formulação de preços.
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Em linhas gerais todos os negócios nascem para crescer e serem lucrativos, o desafio é
posiciona-los e os conduzir nessa trajetória. Entender a dinâmica do setor em que um
negócio está inserido é uma premissa fundamental – ambientes mais concorridos tendem a
ser difíceis de se obter resultados, por outro lado, ambientes concentrados também limitam
o crescimento de empresas e negócios. O segredo está em um posicionamento que consiga
propiciar um crescimento de modo a gerar um fluxo de caixa contínuo, mas remunerando o
capital investido dando suporte ao investimento e crescimento.
O conceito de lucro econômico ilustra o objetivo que um investidor deve ter ao colocar
recursos em um negócio. O Lucro Econômico é o resultado final de uma operação após
pagos todos os custos, inclusive os custos de oportunidade de capital. Um negócio que
tem lucro econômico paga o custo de oportunidade da melhor alternativa de investimento
possível. Por exemplo: um indivíduo que aplicar seus recursos no mercado financeiro tem
várias opções: bolsa de valores, poupança, renda fixa, entre outras. Supondo que as
rentabilidades sejam respectivamente, 10%, 0,5% e 2% ao mês. A escolha da aplicação em
bolsa de valores lhe propiciará 10% de rentabilidade, acima das opções alternativas
propostas, logo há um lucro econômico em relação as outras duas opções, pagando o custo
de oportunidade.
Um negócio ao ser aberto, precisa ao menos no curto prazo pagar custo de oportunidade,
caso contrário é melhor investir em outra coisa.
No monopólio existe um elevado poder de determinação do preço, desde que este monopólio
não seja regulado pelo Estado. No outro extremo têm-se a concorrência perfeita onde existe
um grande número de empresas produzindo um produto padronizado, homogêneo, algo
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pouco comum, já que qualquer diferenciação leva a uma Concorrência Monopolista com
diversos concorrentes com produtos diferenciados, mas sem condições de determinar preço.
Por fim o Oligopólio é a estrutura onde se tem poucos concorrentes, barreiras de entrada e
forte possibilidade de determinação de preços. Abaixo estão listadas as estruturas, da menos
concentrada (Concorrência Perfeita) para a mais concentrada (Monopólio).
Concorrência Concorrência
Oligopólio Monopólio
Perfeita Monopolista
Lucro Econômico Positivo, Zero ou Positivo, Zero ou Positivo, Zero ou Positivo, Zero ou
no Curto Prazo Negativo Negativo Negativo Negativo
Domínio de uma
patente
Franquia do
Governo
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O entendimento de qual segmento a empresa atua é fundamental para ajustar suas
expectativas, estratégias de preço e tamanho ou escala. Em geral novos negócios querem
(e precisam) crescer para se tornarem suficientemente grandes tendo escala para
desenvolver um poder de barganha e definir preços.
Preço e Elasticidade
Por meio das Leis da Oferta e da Procura é possível apontar a direção de uma resposta em
relação à mudança de preços – demanda cai quando o preço sobe, oferta aumenta quando
o preço sobe, etc.. – mais não informa o quanto mais os consumidores demandarão ou os
produtores oferecerãoxiii.
O conceito de elasticidade é usado para medir a reação das pessoas frente a mudanças em
variáveis econômicas. Por exemplo, para alguns bens os consumidores reagem bastante
quando o preço sobe ou desce e para outros a demanda fica quase inalterada quando o
preço sobe ou desce. No primeiro caso se diz que a demanda é elástica e no segundo que
ela é inelástica. Do mesmo modo os produtores também têm suas reações e a oferta pode
ser elástica ou inelásticaxiv.
Observe que uma curva de demanda é apenas uma previsão do que acontecerá em vários
pontos de preço e é mais frequentemente informada por como a demanda variou em relação
ao preço no passado. Como tal, um gestor de uma unidade ou rede de varejo pode estar
muito mais disposto a confiar em suas previsões para faixas de preço que são normalmente
observadas no mercado do que para faixas de preço que raramente ou nunca são vistas no
mercado. Se o preço dos desodorantes de outras marcas varia de R$ 5,00 a R$ 12,50, por
exemplo, a curva de demanda tem maior probabilidade de prever a demanda com precisão
de R$ 10,00 R$ 20,00. Além disso, enquanto uma curva de demanda linear teoricamente
captura o que acontecerá com a demanda, à medida que cobramos preços extremamente
altos (por exemplo, R$ 25,00 ou preços extremamente baixos (por exemplo, R$ 1,00), essas
porções da curva podem não ser significativas para uma análise, porque é improvável que
uma empresa se desvie do mercado ou ofereça seu produto a preços tão extremados e
altamente não lucrativos. Novamente, é a parte intermediária da curva de demanda que
geralmente é mais relevante para os gestores.
Observe que essa fórmula geralmente resulta em um número negativo, mas que o sinal
negativo é tradicionalmente ignorado porque é a magnitude do número que é de interesse.
O número ser negativo demonstra uma curva negativamente inclinada, decrescente típica da
curva de demanda de bens normais, como é o caso de produtos do nosso dia a dia como um
sabonete, um alimento ou uma caneta.
MACROECONOMIA
Em termos teóricos podemos sugerir que cada produto, cada mercado tem uma oferta e
demanda para seus produtos e serviços. A “soma” de todas as demandas de todas as
pessoas querendo comprar algum produto é o que chamamos de demanda agregada Por
outro lado “soma” de todas os agentes econômicos produzir, ofertando produtos e serviços
é o que chamamos de oferta agregada. O encontro dessas duas curvas de oferta e demanda
agregada é o que chamamos de equilíbrio geral da economia, onde, teoricamente todos que
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querem comprar algum produto (demanda agregada) se “encontram” com todos que querem
vender algum produto (oferta agregada). Esse nível geral de preços da economia é onde as
trocas econômicas ocorreu em nível agregado. Em geral quando temos um excesso de
demanda ou uma escassez de oferta, temos uma situação que chamamos de inflação, onde
o nível de preços de equilíbrio tem um aumento.
As causas mais comuns da inflação de custos são: aumento do custo de matéria-prima que
provoca um aumento nos custos da produção, os aumentos salariais firmados pelas
categorias de trabalho, que fazem com que o custo unitário de um bem ou serviço aumente;
e até uma empresa que concorre em um segmento com poucos competidores e aumentam
seus lucros impactando os custos da cadeia de produção.
Um ponto interessante na análise da oferta e demanda agregada é que elas não crescem
em mesma intensidade. Matematicamente, os movimentos da curva como se diz em
economia não obedecem uma mesma intensidade, nem velocidade e em geral o impacto das
decisões dos agentes sobre elas é diferente.
Política Econômica
A política fiscal versa sobre as ações do governo em torno do ajuste das contas públicas de
um estado, como o governo gasta seus recursos e como ele arrecada por meio de tributação.
ECONOMIA BRASILEIRA
Não é trivial resumir as políticas econômicas do Brasil em sua história. Em poucas palavras,
desde sua emancipação como nação independente (talvez desde seu descobrimento), o
Brasil sempre sofreu com dificuldades comuns a nações que surgiram de um processo de
colonização exploratório e predatório que contaminou, desde sua independência, a economia
com doses de ineficiência e fragilidades, sempre muito exposta aos interesses internacionais
e de grupos dominantes internos. Essas fragilidades, em geral, derivadas da baixa
poupança interna – mecanismo pelo qual um país não adquire condições de investimento
e crescimento – e concentração da atividade econômica em monoculturas de
exportação em ciclos de expansão. Desde meados do século XVI até a década de 1930
do século passado, o país sempre concentrou suas atividades econômicas em um pequeno
leque de produtos (cana-de-açúcar, ouro e café) fechado em ciclo de desenvolvimento
baseados em alguns produtos. Após a revolução de 1930 – e talvez possamos aqui chamar
de única revolução digna de nome no Brasil – o modo de produção migrou de uma
monocultura agrícola (o café à época) para uma economia mais industrial, e deu-se início, a
um processo de substituição das exportações e, posteriormente, uma economia industrial
mais robusta e competitiva no mercado globalxv.
Para um entendimento mais prático dos desafios econômicos, entender, de forma geral, os
últimos 40 anos da economia brasileira parece mais factível e aplicável, já que parte dos
nossos desafios vem da década de 1980, especialmente depois da II Crise do Petróleo, em
1979, que jogou o Brasil e outras economias subdesenvolvidas 2 em uma grave crise
econômica.
Entre os problemas crônicos brasileiros mais evidentes nos últimos 40 podemos evidenciar
quatro grandes questões estruturais macroeconômicas para se discutir:
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Questão 1: o baixo nível de poupança do país: a grande questão da economia nacional,
entrave no desenvolvimento e investimento é a diminuta poupança interna disponível, o que
significa que o país não tem recursos próprios poupados, na dimensão necessária para
promover o investimento, mola mestra do seu crescimento econômico. Um país cresce por
dois mecanismos básicos e que se complementam no ciclo seguinte; ou pelo aumento oferta
agregada ou pelo aumento da demanda agregada. Como desde os primórdios da economia
brasileira, o país teve déficits externos em seus balanços de pagamentos, isto é, mais
dinheiro saia do país do que entrava; já que durante os períodos de monocultura, quase todos
os produtos precisavam ser impostados ao país; sempre conduzimos o nosso
desenvolvimento através de poupança externa, isto é endividamento.
Desde a constituição de 1988 o custo do estado brasileiro tem crescido de forma constante
e, independente dos grupos políticos que o ocupam, as despesas públicas do país tem
crescido sem nenhuma pausa. Após o plano real e durante a primeira década do século XXI,
parte dessa ineficiência e aumento dos gastos foi compensada com aumentos da carga
tributária, que saiu de algo próximo a 20% do PIB em 1994 e chegou a faixa de 33% em
2014xvi, chegando o estado brasileiro a um déficit nominal de 4% do PIB em 2018, que
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significa que quase 40% de toda a renda nacional passa pelo governo. Ainda pior que o
aumento do custo é a destinação dos gastos. No início da década de 2010, o governo investia
cerca de 4% do PIB, hoje apenas 1,5%. A maior parte dos gastos vai para a manutenção da
máquina pública, seu (mau) funcionamento e pagamento de salários e aposentadorias.
Seguindo essa dinâmica e a partir de uma forte influência da escola monetarista de Chicago,
os governos que tem conseguido êxito na condução da política monetária o tem feito com a
aplicação da lógica do ajuste da taxa de juros como elemento central de promoção do
equilíbrio das três políticas econômicas: a política monetária, fiscal e cambial. A taxa de juros
é a remuneração do capital devida a quem empresta recursos (emprestador). Na
macroeconomia, a taxa básica de juros diz respeito à taxa que os governos pretendem pagar
sobre as suas dívidas, sendo a menor taxa de todo o mercado. A taxa de juros interfere nas
três políticas econômicas:
Na política monetária, quando a taxa básica de juros aumenta, o custo do dinheiro fica maior,
logo há menos incentivo ao investimento na economia real e mais incentivo a aplicação
financeira.
Na política fiscal, um aumento dos juros também aumenta o custo da dívida do governo,
levando a um maior endividamento e necessidade de financiamento, com maior emissão de
títulos;
E na política cambial, um aumento de juros, faz com que a nossa taxa interna de juros seja
maior relativamente a outras taxas no exterior. Portanto investidores externos tendem trazer
dinheiro ao país para ganhar um diferencial de juros.
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Percebe-se que esse ajuste fino da taxa de juros básica não é exato, no sentido de que os
impactos dos juros são diferentes nas três pontas e sofrem interferências de fatores
conjunturais nacionais e estrangeiros. Além disso, as mexidas em taxa de juros interferem
nas expectativas dos agentes, por exemplo, uma sinalização do Banco Central com um
aumento da taxa de juros básica, levará os investidores a se precaverem ou até adiarem
seus investimentos em função de um cenário menos propício ao retorno do capital.
Desde os anos 1980, especialmente na América Latina, gerenciar a política econômica tem
sido um desafio, especialmente pelas condições semelhantes que esse conjunto de países
tem, quase todos com problemas similares aos apontados no Brasil.
Nas décadas de 1980 e 1990 diversos planos econômicos foram elaborados, alguns mais
ortodoxos (que seguem as regras naturais da economia), outros mais heterodoxos (que
interferem de forma aguda nessas regras) e boa parte dos resultados positivos alcançados
só surgiram quando algumas regras foram obedecidas. A composição mais interessante que
deu, em especial ao Brasil, uma capacidade de estabilização e desenvolvimento, foi o que
chamamos de tripé da política econômica que se caracteriza por 3 pontas fundamentais:
Esse “tripé” deu ao Brasil uma condição de certa estabilidade desde 1998, quando houve
uma desvalorização do real até fins de 2013, quando já era perceptível que o governo de
então não conjugava mais com essas práticas. A partir de meados do primeiro governo da
presidente Dilma Rousseff a lógica do “tripé da política econômica” deu lugar ao que se
convencionou como “nova matriz econômica” caracterizada por expansão fiscal, com
aumento dos gastos públicos; crédito abundante, desonerações e estímulos a setores
e grupos específicos (os ditos campeões nacionais, grupos empresariais escolhidos pelo
governo para liderar seus segmentos); e taxa de câmbio artificialmente controlada, por
meio de uma taxa de juros mais alta que no exterior, o que indiretamente controlava a
inflação.
Entender cenários futuros é fundamental para a gestão estratégica e uma visão gerencial,
acomodando decisões em função do que o futuro nos reserva. A metodologia de cenários
tem se consolidado como uma ferramenta de investigação de tendências, suas
possibilidades e a partir dessa visão, definir ações para enfrentar esses futuros possíveis. O
grande segredo de entender a lógica de cenários é pensar que sua construção não tem como
objetivo acertar o futuro de forma “mística e esotérica”, mas sim, identificar futuros
alternativos e dar insights de como enfrentar essas situações possíveis.
Um cenário é o conjunto formado pela descrição coerente de uma situação futura e pelo
encaminhamento dos acontecimentos que permitem passar da situação de origem à situação
futuraxvii. Cenários têm como foco assuntos e informações de grande importância para os
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tomadores de decisão, assim como elementos previsíveis e imprevisíveis do ambiente que
afetam o sistema em que uma empresa ou um setor está inseridoxviii.
Os estudos prospectivos não têm como objetivo prever o futuro e, sim, estudar diversas
possibilidades de futuros viáveis existentes e preparar as organizações para enfrentar
qualquer uma delas, ou até mesmo criar condições para que modifiquem suas probabilidades
de ocorrência, ou minimizar seus efeitos, além de uma das ferramentas de análise mais
importantes para a definição de estratégias em ambientes cada vez mais turbulentos e
incertosxix.
Cenário Inclusão Lenta e Gradual: o Brasil mantém uma trajetória de resgate da população
dos baixos níveis de desenvolvimento social, com programas de distribuição de renda e
inclusão, porém mantendo a economia pouco competitiva e agressiva em termos de
crescimento econômico e competição global;
Esses cenários podem ser construídos, detalhados e aprofundados e principalmente não são
resultado de torcida ou desejo, mas de cenários alternativos possíveis em que o
administrador e gestor empresarial deve se preparar. A questão estratégica fundamental
não é acertar o que vai acontecer, mas estar preparado, inclusive para o melhor.
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