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Roberto Alves Gomes
ECONOMIA E
DESENVOLVIMENTO
SUSTENTÁVEL
1ª Edição
Sobral/2017
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Sumário
As Empresas
Sistemas de Trocas
Curva de Possibilidade
Macroeconomia
Macroeconomia Keuesiana
Inflação
Conceitos, Tipos e Intensidade
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Unidade de Estudo III: Economia Política da Sustentabilidade
Resumindo
Bibliografia
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A CIÊNCIA
ECONÔMICA
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Introdução
Conceitos Básicos
Rosseti (2002) destaca que a palavra economia é de origem Grega oikos = casa e
nomos = governo, administração. Xenofontes (455 a 345 a.c.) foi o primeiro a usar o
termo Economia no sentido exposto anteriormente, ou seja, abrangendo apenas o
governo ou a administração do lar.
Tipos de necessidades:
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● Necessidades civilizadas ou secundárias: são as que tendem a aumentar o
bem-estar do indivíduo e variam no tempo, segundo o meio cultural,
econômicos e sociais em que se desenvolvem os indivíduos; por exemplo, o
turismo.
● Definição de Economia
● A economia estuda a maneira como se administram os recursos escassos,
com o objetivo de produzir bens e serviços e distribuí-los para seu consumo
entre os membros da sociedade.
FATORES DE PROCUÇÃO
Escassez e Necessidades
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As necessidades, os bens econômicos e os serviços
Já Dallagnol (2008) cita Albert L. Meyer que parte de uma observação para
explicar a lei da escassez. Diz que se fosse possível dar a cada indivíduo uma
lâmpada de Aladim, todos os problemas que se ocupam os economistas seriam
resolvidos. Se tivéssemos posse da lâmpada, teríamos todos os bens que
desejássemos, e não haveria necessidade de coordenação, divisão ou procura de
maior eficiência para o trabalho humano/ os problemas decorrentes da produção em
massa, da expansão tecnológica e da ciência nas atividades produtivas deixariam de
existir. Não haveria necessidade de pesquisa para o aumento da produtividade
agropecuária. Não faria mais sentido as lutas de classes, os conflitos entre os
grupos sociais, as negociações comerciais internas e externas, a repartição da renda
e da riqueza, as disputas ideológicas e os problemas de ajustamento da oferta
global. E, como a Economia é a “ciência que cuida da melhor administração dos
escassos recursos disponíveis para a satisfação das necessidades humana”, não
teria mais por que existir.
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Todavia, a realidade é outra. As sociedades humanas sempre se defrontam
com a necessidade de trabalhar para atender às suas necessidades fundamentais.
Nenhum sistema econômico até hoje conseguiu satisfazer todas as necessidades da
coletividade. A escassez é a mais severa das leis milenares. Para explorar a
natureza e extrair dela os bens, toda a sociedade defronta com as limitações de
seus recursos produtivos humanos e patrimoniais. O suprimento desses recursos
sempre foi limitado, pois “à medida que os recursos produtivos se expandem e se
aperfeiçoam, os desejos e as necessidades crescem mais que proporcionalmente”.
(DALLAGNOL, 2008).
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Recursos ou Fatores de Produção
Trabalho
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Os recursos de Capital
Tecnologia
A Capacidade Empresarial
Reservas Naturais
Agentes Econômicos
As empresas
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O setor público
Bens Econômicos
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Para Possamai (2001), os bens de capital são constituídos por uma
categoria especial de bens filiais. São bens que, embora não destinados ao
consumo, consideram-se como terminais em relação aos fluxos de produção de que
se originaram. As bases da infraestrutura de uma economia (constituídas por
ferrovias, portos hidrelétricas, rodovias, entrepostos de abastecimento e outros
recursos fixos de utilização coletiva), somadas às edificações fabris, aos
implementos agrícolas, aos equipamentos industriais e a outros instrumentos de
produção, são exemplos típicos de bens desta terceira categoria. Estes bens,
através das atividades de investimento, destinam-se a se incorporar ao estoque de
capital da economia. Nesse sentido, não atendem diretamente às necessidades
humanas de consumo. Todavia, ao se incorporarem ao estoque disponível de
capital, quer para sua manutenção, renovação ou ampliação, aumentam a eficiência
do trabalho humano, constituindo-se numa das fontes mais significativas do
processo de crescimento econômico.
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SISTEMA
ECONÔMICO
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Conceito de Sistema Econômico
Para Dallagnol (2008), um sistema econômico pode ser definido como sendo
a forma política, social e econômica pela qual está organizada a sociedade. É um
particular sistema de organização da produção, distribuição, consumo de todos os
bens e serviços que as pessoas utilizam buscando uma melhoria no padrão de vida
e bem-estar.
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Os países organizam-se segundo esses dois sistemas, ou de forma
intermediária entre elas.
Pelo menos até o início do século XX, prevalecia nas economias ocidentais
o sistema de concorrência pura, em que não havia a intervenção do Estado na
atividade econômica. Era a filosofia do Liberalismo.
● Economia Fechada
Economia típica de um país isolado. Não há importação nem exportação de
produtos. O intercâmbio de mercadorias não se realiza além dos limites territoriais
determinados pelos agentes econômicos locais: produtores, intermediários e
consumidores. Esse tipo de economia praticamente não existe no mundo atual. Mas
é útil como modelo para se analisar de que forma o total das despesas de consumo,
gastos governamentais, investimentos e tributos interagem para determinar os níveis
do emprego e renda nacional. Então, constitui-se num modelo em que não a
interveniência do setor externo (importação e exportação). Exemplos atuais
praticamente inexistentes, sendo o mais próximo: Cuba.
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● Economia Aberta
Economia baseada na livre ação dos agentes econômicos, objetivando a
concorrência, ao investimento, ao comercio e ao consumo. Corresponde aos
princípios do liberalismo econômico, pelo qual a única função do Estado seria
garantir a livre concorrência entre as empresas. Constitui-se num modelo em que há
a interveniência do setor externo (importação e exportação). Exemplo: Brasil.
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a) Benefícios a pessoas ou a empresas, pagos pelo governo, sem contrapartida
em produtos e serviços;
b) Despesas correspondentes da transferência de recursos de uma esfera do
governo em favor de outra;
c) Despesas do governo visando a cobertura de prejuízos das empresas
(públicas ou privadas) ou ainda para financiamento de investimentos;
d) Benefícios aos consumidores, na forma de preços inferiores que, na ausência
de tal mecanismo, seriam fixados pelo mercado;
e) Benefícios a produtores e vendedores mediante preços mais elevados, como
acontece com a tarifa aduaneira protecionista; e
f) Concessões de benefícios pela via do orçamento público ou outros canais.
Exportações (X)
Importações (Z)
Sistemas de Trocas
a) a especialização;
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A troca significa uma transação em que dois indivíduos permutam bens entre si,
baseados no escambo. Eles se desfazem do produto que possuem em excesso e
adquirem os produtos de que necessitam.
A troca realizada dessa forma tem sérios inconvenientes. Por um lado, levaria muito
tempo, já que exige que cada indivíduo encontre alguém disposto a adquirir
precisamente o que ele pretende trocar; ou seja, a troca requer uma coincidência de
necessidades. Outro inconveniente da troca deriva da indivisibilidade de alguns
bens. Quando envolvem muitos participantes, as trocas tornam-se muito complexas
e as limitações básicas das trocas fazem com que ela seja praticamente inviável.
Trocas indiretas
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Como pode ser observada na figura acima, família e empresa exercem um duplo
papel. No mercado de bens e serviços, as famílias demandam bens e serviços,
enquanto as empresas os oferecem; no mercado de fatores de produção, as famílias
oferecem os serviços dos fatores de produção (que são de sua propriedade),
enquanto as empresas os demandam. No entanto, o fluxo real da economia só se
torna possível com a presença da moeda, que é utilizada para remunerar os fatores
de produção e para o pagamento dos bens e serviços.
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Em cada um dos mercados atuam conjuntamente as forças da oferta e da demanda,
determinando o preço. Assim, no mercado de bens e serviços formam-se os preços
dos bens e serviços, enquanto no mercado de fatores de produção, são
determinados os preços dos fatores de produção (salários, juros, aluguéis, lucros,
royalties, etc.).
Curva de Possibilidade
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realidade: suponhamos que uma empresa tenha 10 máquinas e 40 trabalhadores e
que tenha apenas dois produtos na sua linha de fabricação: parafuso tipo A e
parafuso tipo B. adicionalmente, suponhamos que a empresa, por um determinado
prazo de tempo, não possa mais comprar máquinas e nem contratar mais
trabalhadores adicionais e que não haja nenhuma inovação tecnológica no processo
de fabricação do produto. (DALLAGNOL, 2008).
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Algumas constatações podem ser tiradas da análise do gráfico da empresa:
4. Um ponto fora da curva significa uma produção acima ou além das possibilidades
de produção;
Por isso não tem como aumentar a produção de um bem sem sacrificar a do outro,
pois qualquer combinação envolverá custo de oportunidade, ou seja, a transferência
dos fatores de produção de um bem A para produzir um bem B implica em um custo
de oportunidade que é igual ao sacrifício de deixar de produzir parte do bem A para
produzir mais do bem B.
Concluindo, Dallagnol (2008) afirma que a escassez de recursos faz com que haja
um custo de oportunidade, quando se opta por certo bem. O deslocamento da curva
de possibilidade de produção para a direita indica que o País está crescendo. Isso
pode ocorrer fundamentalmente tanto em função do aumento da quantidade física
de fatores de produção como em função de melhor aproveitamento dos recursos já
existentes, o que pode ocorrer com o progresso tecnológico, maior eficiência
produtiva e organizacional das empresas e melhoria no grau de qualificação da mão-
de-obra. Desse modo, a expansão dos recursos de produção e os avanços
tecnológicos, que caracterizam o crescimento econômico, mudam a curva de
possibilidade de produção para cima e para direita, permitindo que a economia
obtenha maiores quantidades de ambos os bens.
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- Aumento do investimento, sendo que mais bens de investimento tornam os
trabalhadores mais produtivos, para investir mais, as pessoas têm que reduzir seu
consumo corrente e poupar mais, de modo que sua poupança esteja disponível para
o investimento;
- Maior divisão do trabalho, ao longo dos últimos dois séculos, permitiu que os
trabalhadores se tornassem mais produtivos em suas áreas de especialização. A
maior divisão do trabalho também quer dizer que os trabalhadores não estão
produzindo para si mesmos, mas para outras pessoas. Assim, a especialização e o
comércio caminham juntos;
- Aumento nos insumos, por exemplo, mais trabalhadores, mais máquinas e mais
terra. Um aumento no número de insumos leva a um maior produto e ao crescimento
econômico.
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CURVA DE POSSIBILIDADES DE PRODUÇÃO/CUSTO DE OPORTUNIDADE
CRESCENTE/CRESCIMENTO ECONÔMICO
Dallagnol (2008) afirma que a Lei dos Rendimentos Decrescentes está intimamente
relacionado com a constância e a intensidade dos deslocamentos das curvas de
possibilidade de produção. Os deslocamentos produtivos são provocados pela
expansão ou melhoria dos recursos humanos e patrimoniais disponíveis para fins
produtivos. Um maior suprimento destes recursos induzirá à dilatação das fronteiras
de produção da economia.
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constantes, mas sim decrescentes. A fixidez de um único recurso poderá dificultar a
expansão normal das fronteiras de produção do sistema, e os aumentos da
capacidade serão menos que proporcionais, tornando-se decrescente ou mesmo
nulo a partir de certo ponto. (DALLAGNOL, 2008).
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Na visão de Pinho e Vasconcellos (1998) a título de ilustração, imagine-se uma
empresa agrícola produtora de arroz. O fator fixo é representado pela área de terra
disponível associada ao equipamento existente. O fator variável é representado pela
mão-de-obra empregada, ou seja, pelo número de empregados contratados. Se
várias combinações de terra e mão-de-obra forem utilizadas para produzir arroz e se
a quantidade de terra for mantida constante, os aumentos da produção dependerão
do aumento da mão-de-obra utilizada na lavoura. Quando isso ocorrer, alterar-se-ão
as proporções de combinação entre os fatores fixo (terra) e variável (mão-de-obra).
Nesse caso, a produção de arroz aumentará até certo ponto e depois decrescerá,
isto é, a maior quantidade de homens para trabalhar, associada à área constante de
terra, permitirá que a produção cresça até um máximo e depois passe a decrescer.
MACROECONOMIA
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Ao estudar esses agregados, a macroeconomia deixa para um segundo plano o
comportamento das unidades e constituições individuais e dos mercados
específicos, que são estudados pela microeconomia.
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Estabilidade dos preços: A busca da estabilidade dos preços se dá em função do
processo inflacionário que é um aumento generalizado do preço das mercadorias.
A inflação é um fenômeno inerente ao capitalismo e existe em todos os países, No
entanto, nas economias em desenvolvimento os aumentos da inflação são
constantes, em função dos desequilíbrios da economia. Portanto, a estabilidade dos
preços é uma meta de governo, uma vez que a inflação, a partir de um determinado
patamar, desestabiliza a economia.
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A política macroeconômica envolve atuação do governo no conjunto da economia.
Para que a política seja efetivada, o governo lança mão de uma série de
instrumentos para atingir as metas macroeconômicas.
Política fiscal: está relacionada aos instrumentos de que o governo dispõe para
arrecadar impostos, controlar despesas, estimular ou desestimar o consumo, bem
como os gastos privados.
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Emissão de moedas: mecanismo pelo qual o governo pode aumentar ou diminuir o
volume de moeda na economia, de acordo com os interesses de estimular ou
desestimular o consumo.
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MACROECONOMIA KEYNESIANA
O que é demanda agregada? É a soma dos gastos das famílias com consumo; das
empresas com investimento, mais os gastos do Governo e as despesas líquidas do
setor externo. Para Keynes, quando a economia entra na crise é necessário a
intervenção do Estado para restabelecer a demanda agregada e o equilíbrio da
economia.
O modelo Keynesiano divide-se em dois estágios: o lado real, que envolve o
mercado de bens e serviços e o mercado de trabalho, e o lado monetário, que
compreende o mercado monetário e o mercado de títulos.
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Oferta agregada: valor total da produção de bens e serviços finais colocados à
disposição da sociedade, num dado período. A oferta agregada varia em função da
disponibilidade dos fatores de produção: terra, trabalho e capital.
Multiplicador Keynesiano
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MODELO IS-LM
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Aqui, consideramos o nível de investimento endógeno. Nesse caso, uma taxa de
juros r1 maior que r2, temos um nível de investimento maior do que aquele
prevalecente com uma taxa de juros menor. Essa relação inversa decorre do fato de
o investidor comparar a taxa de retorno esperada do investimento (ou eficiência
marginal do capital) com a taxa de juros para tomar a decisão de investimento.
Nota-se que, para cada taxa de juros, existe um nível de renda correspondente que
iguala a oferta e a demanda de bens e, combinando-se cada taxa de juros com a
respectiva renda de equilíbrio, chegamos à curva IS (os pares (y,r) que igualam o
mercado de bens).
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Já a posição da IS dependerá basicamente do volume de gastos autônomos, nos
quais se incluem o consumo e o investimento autônomo e os elementos da política
fiscal, com destaque para os gastos públicos.
Deslocamentos da IS
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Equilíbrio do lado monetário: a curva LM
Admitindo que o BACEN controle a oferta monetária, esta pode ser considerada
exógena (por causas externas). A demanda por moeda ocorrerá por dois motivos:
transação e portfólio. Podemos, contudo, notar que a demanda de moeda aumenta
conforme aumenta a renda, e a taxa de juros atuará como o custo de oportunidade
de se reter moeda. Logo, a demanda por moeda mantém relação inversa com a taxa
de juros.
Onde:
M = oferta de moeda
P = nível de preços
ky= demanda de moeda por transação
l r = demanda de moeda por motivo portfólio (especulativa)
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Os pontos de encontro entre a curva de oferta monetária e a curva de demanda por
moeda, para cada nível de renda, representará um ponto sobre a LM. Um aumento
da renda desloca a demanda de moeda para cima, determinando, então, um novo
ponto de equilíbrio.
Posição da LM: é dada pela oferta real de moeda, afetada basicamente pela política
monetária.
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Quando a economia se encontrar em desequilíbrio, os mecanismos de mercado
agirão no sentido de levá-la novamente a um ponto de equilíbrio. Este novo ponto de
equilíbrio poderá ter outro nível de produto e de taxa de juros ótimo.
Política Monetária
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Política fiscal
INFLAÇÃO
Dado que a inflação representa uma elevação dos preços monetários, ela significa
que o valor real da moeda é depreciado pelo processo inflacionário. Assim, por
definição, a inflação é um fenômeno monetário. Entretanto, isto não significa que a
sua solução passe simplesmente por um controle do estoque de moeda.
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De início, pode-se dizer que a inflação representa um conflito distributivo existente
na economia, mal administrada. Em outras palavras, a disputa dos diversos agentes
econômicos pela distribuição da renda representa a questão básica no fenômeno
inflacionário. Dada a diversidade de agentes econômicos existentes, o processo
inflacionário pode estar acoplado a inúmeras facetas.
Causas e Efeitos
Conforme cita Dallagnol (2007), existem várias teorias que são capazes de explicar
todos os tipos de inflação; geralmente são diferenciados por qualificativos que
remetem às causas, às magnitudes dos processos de alta e a suas características
visíveis. Podem ser agrupadas em quatro principais troncos teóricos:
a) Inflação de procura.
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prostração da oferta de moeda e à multiplicação dos meios de pagamento em escala
mais que proporcionais à capacidade efetiva de geração de bens e serviços. Trata-
se, portanto, de um tipo de inflação fortemente correlacionada à expansão da
moeda.
b) Inflação de custos.
Além de ser explicada pela variação nas taxas salariais, a inflação de custos pode
resultar de acréscimos nos preços de matérias-primas de alta participação na
estrutura de custos das principais indústrias da economia.
A teoria da origem da inflação nos custos supõe que aumentos reais das taxas
salariais são as causas da inflação. Pressões que resultem em elevações salariais
desse tipo são, em geral, decorrentes de negociações coletivas conduzidas por
sindicatos organizados e poderosos e da capacidade de esses setores influenciarem
os sindicatos menos organizados. A base desse argumento supõe que elevações de
custos de produção se incorporem como regra geral, aos preços de mercado.
c) Inflação estrutural
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A teoria estrutural contém muitos elementos das outras teorias. A originalidade está
em ser voltada para países em desenvolvimento. Foi desenvolvida por
pesquisadores da Comissão Econômica para a América Latina e Caribe (CEPAL),
órgão da Organização das Nações Unidas. Em resumo, a origem da inflação nos
países pobres decorre de características particulares da estrutura dos países em
desenvolvimento, quais sejam:
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aumentando o dinheiro em circulação, origem monetária da inflação. No caso
da existência do mercado de títulos, via de regra, o volume disponível de
recursos é pequeno diante das necessidades do governo e dos empresários
privados. O resultado da disputa por recursos escassos é um aumento na
remuneração dos proprietários dos recursos (aumento da taxa de juros).
Nesse caso, quem recorreu a empréstimos aumenta preços em função do
aumento na parcela a ser paga aos credores.
d) Inflação inercial
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ECONOMIA POLÍTICA DA
SUSTENTABILIDADE
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Situando a Economia Política do meio ambiente
Trata-se de um processo de escolha pública onde caberá à sociedade civil, em suas várias
formas de organização, decidir, em última instância, com base em consideração morais e
éticas.
O desafio do desenvolvimento sustentável não tem como ser enfrentado a partir de uma
perspectiva teórica que considera as dimensões financeiras, culturais e éticas no processo
de tomado de decisão.
Com a invenção da agricultura há cerca de dez mil anos, a humanidade deu um passo
decisivo no modo de inserção na natureza em relação aos demais animais.
A “capacidade de carga do planeta” não poderá ser ultrapassada sem que ocorram grandes
catástrofes ambientais. Entretanto, como não se conhece qual a capacidade de carga, e
será muito difícil conhece-la com precisão, é necessário adotar uma postura precavida que
implica agir sem esperar para ter certeza. Precisamos criar quanto antes as condições
socioeconômicas, institucionais e culturais que estimulem não apenas um rápido progresso
tecnológico poupador de recursos naturais como também uma mudança em direção a
padrões de consumo que não impliquem o crescimento contínuo do uso de recursos
naturais.
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expansão da economia. O sistema econômico é visto como suficientemente grande para
que a indisponibilidade de recursos naturais se torne uma restrição à sua expansão, mas
uma restrição apenas relativa, superável indefinidamente pelo progresso científico e
tecnológico. Tudo se passa como se o sistema econômico fosse capaz de se mover
suavemente de uma base de recursos para outra à medida que cada uma é esgotada,
sendo o progresso científico e tecnológico a variável chave para garantir que esse processo
de substituição não limite o crescimento econômico a longo prazo.
A grande dificuldade para a adoção de uma atitude precavida de buscar estabilizar o nível
de consumo de recursos naturais está em que essa estabilização pressupõe uma mudança
de atitude que contraria a lógica do processo de acumulação de capital em vigor desde a
ascensão do capitalismo.
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Existe também um conjunto de fatores, não estritamente ecológicos, que podem ter um
papel coadjuvante importante em uma mudança de valores socioculturais que permita a
adoção de padrões de consumo mais equilibrados ecologicamente. O caso recente da “vaca
louca” é um dos mais emblemáticos problemas que resultam da dinâmica de funcionamento
das sociedades industriais modernas. A lógica econômica prevalecente induziu o
agronegócio a uma busca por inovações na área de nutrição animal que reduzissem custos,
inovações estas que foram aprovadas pelos órgãos reguladores com base em critérios
científicos estabelecidos para a determinação de padrões de segurança. O que é importante
ressaltar em casos como este é que eles mostram a existência de graves riscos que não são
previsíveis pela ciência e, portanto, não mensuráveis. Nas sociedades pós-industriais
existem vários tipos de risco que deixam os agentes econômicos em uma nuvem de
incertezas, e isso exige um processo peculiar de tomada de decisão.
Outro fator são os protestos cada vez mais intensos contra a globalização em cada encontro
de chefes de estado e seus representantes para discutir temas correlatos, vem se tornando
emblemáticos do sentimento de que o sistema pode ser eficiente, mas não produz justiça.
Com a globalização e a internet, a interação ao assunto fez com que a população
participasse do que antes era uma espécie de “alta cultura” de contestação, provocando
uma disjunção inédita entre economia e cultura.
Esse quadro geral já deu origem a uma mudança com o crescimento do peso do que se
convencionou chamar de “terceiro setor” no processo de tomada de decisões. Sua atuação,
por sua vez, tem sido extremamente importante também para o aprofundamento do
processo de conscientização ecológica e da consequente mudança de valores culturais que
esta conscientização tende a estimular. Nesse sentido estão sendo criadas as condições
objetivas que vão permitir o surgimento de novas instituições capazes de impor restrições
ambientais que atinjam a racionalidade econômica atual.
Durante o século XIX, a obrigação moral de cada cidadão em relação a si próprio e aos
demais concidadãos era vista como mais importante do que as obrigações jurídicas. O
cidadão era responsável e prudente no uso de sua liberdade o que implicava, para começar,
tomar as necessárias providências para proteger a ele e a sua família. Durante o século XX,
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com o sistema de seguridade social, as obrigações legais tenderam a se tornar mais
importantes que as obrigações morais. Um conjunto de novos direitos sociais emergiu do
sentimento crescente de que cada cidadão possuía uma espécie de direito geral, de ser
compensado pelos danos resultantes de quase todo tipo de evento em sua vida. Essa nova
maneira de pensar resultou em grande medida de um sentimento em relação à capacidade
da ciência e da tecnologia de prever e controlar todos os riscos. Foi o que permitiu a
estruturação de sistemas, de proteção social, que se baseiam na presunção de que todos os
riscos são mensuráveis. Desse modo, um sentimento de solidariedade social baseado em
riscos mensuráveis, substituiu o sentimento individual de obrigação moral. Essa é a analogia
correta para definir um comportamento precavido em face de problemas ambientais como
aquele do “efeito estufa”, sobre cuja evolução a ciência deixa os tomadores de decisão em
uma nuvem de incertezas, sem respostas para a questão central: se é verdade que o
aquecimento global tem origem antropogênica (alteração da concentração de ozônio na
atmosfera por compostos manufaturados, resultante de atividades humanas e que, através
de reações químicas provocam a sua destruição) e que este aquecimento não pode ser
naturalmente revertido, qual o ritmo de redução das emissões de carbono necessário para
evitar uma catástrofe? Do ponto de vista da redução do risco, o ideal seria mudar
imediatamente a matriz energética, de modo a eliminar a emissão de gases geradores do
efeito estufa.
Sempre que se chega a um consenso sobre os limites para determinado tipo de impacto
ambiental, novas decisões se impõe, embora com níveis menores de incertezas:
metodológica e técnica. A incerteza tecnológica, por exemplo, ocorre quando se vai decidir
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entre as opções de política energética de um país para atender aos limites negociados.
Ainda não é uma decisão que se possa tomar como um resultado incontestável de uma
análise científica, pois entram em jogo valores e confiabilidade. É necessário chegar a um
compromisso de equilíbrio entre opções tecnocientífica e os interesses em jogo.
A incerteza técnica, aparecem em situações que podem ser enfrentadas com o recurso a
rotinas padrão derivadas de estatísticas e suplementadas por técnicas e convenções
desenvolvidas para cada campo em particular, como, por exemplo, no processo de
otimização de uma dada opção energética.
Inúmeras questões teóricas que separam economia ecológica da convencional podem ser
entendidas como uma clarificação do caráter realmente paradigmático da ruptura com a
economia convencional, cujo desdobramento prático é essencial a contestação do lugar nela
ocupado pelo crescimento econômico.
Ponto de partida: uma das principais diferenças entre as duas correntes econômicas, a
ecologia e a dominante, chamada “Neoclássica”, que chamaremos de convencional, está em
seus respectivos pontos de partida. No fundo são duas concepções de mundo, pois a
convencional enxerga a economia como um todo, e quando chega a considerar a natureza,
o meio ambiente, ou a biosfera, estes são entendidos como partes ou setores da
macroeconomia: florestal, pesqueiro, mineral, agropecuário, áreas protegidas, pontos eco
turísticos, etc. Exatamente o inverso da economia ecológica, para a qual a macroeconomia é
parte de um todo bem mais amplo, que a envolve e a sustenta: a ecossistêmica. A economia
é vista dessa última perspectiva como um subsistema aberto de um sistema bem maior, que
é finito e não aumenta. Sistemas Isolados são os que não envolvem trocas de energia nem
matéria com seu exterior. O único exemplo razoável é o próprio universo. No extremo oposto
estão os sistemas abertos, que regularmente trocam matéria e energia com seu meio
ambiente, como é o caso da economia. E os sistemas fechados só importam e exportam
energia, mas não matéria. A matéria circula no sistema, mas não há entrada nem saída de
matéria do mesmo. Na prática é o caso do planeta Terra, pois são irrisórios os casos de
meteoros que entram ou de foguetes que não voltam. Em outras palavras, o crescimento
econômico não ocorre no vazio. Muito menos é gratuito. Ele tem um custo que pode se
tornar mais alto que o benefício, gerando um “crescimento antieconômico”, ideia sem
sentido para qualquer economista convencional.
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Metabolismo: Chamado como diagrama de fluxo circular, pretende mostrar como circulam
produtos, insumos e dinheiro entre empresas e famílias, em mercados de fatores de
produção e de bens e serviços. As empresas produzem bens e serviços usando insumos
classificados como trabalho, terra e capital, os chamados três fatores de produção. As
famílias consomem todos os bens e serviços produzidos pelas empresas.
Compram das empresas nos mercados de bens e serviços. E nos mercados de fatores são
vendidos os insumos, comprados pelas empresas, necessários à produção. O circuito
interno do diagrama mostra os fatores fluindo das famílias para as empresas e os bens e
serviços fluindo das empresas para as famílias. O circuito externo mostra o fluxo monetário.
É uma circulação interna do dinheiro e dos bens, sem absorção de materiais e sem
liberação de resíduos. Se a economia não gerasse resíduo e não exigisse novas entradas
de matéria e energia, então ela seria o sonhado moto perpétuo, capaz de produzir trabalho
ininterruptamente consumindo a mesma energia e valendo-se dos mesmos materiais. Seria
um reciclador perfeito. É uma visão que contradiz a mais básica ciência da natureza, a física
e, particularmente a termodinâmica, ramo que estuda as relações entre energia, calor e
trabalho. A segunda lei da termodinâmica diz que nem toda energia pode ser transformada
em trabalho, pois uma parte se dissipa em calor e a energia dissipada não pode mais ser
utilizada.
As mudanças sociais nunca foram nem poderão ser independentes das relações que os
humanos mantêm com o resto da natureza. Daí a importância da ideia de metabolismo
socioambiental, que capta os fundamentos da existência dos seres humanos como seres
naturais e físicos, com destaque para as trocas energéticas e materiais que ocorrem entre
os seres humanos e seu meio ambiental natural. De um lado, o metabolismo é regulado por
leis naturais que governam os vários processos físicos envolvidos. De outro, por normas
institucionalizadas que governam a divisão do trabalho, a distribuição de riqueza etc.
A economia capta recursos de qualidade de uma fonte natural, e depois devolve resíduos
sem qualidade à natureza, então não é possível trata-a como um ciclo isolado.
O processo produtivo
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duas maiores distorções da abordagem convencional: ignorar o fluxo inevitável de resíduos
e apostar na substituição sem limites dos fatores.
Otimismo
Os recursos naturais transformados pelo processo econômico são caracterizados pela sua
fraca organização material, concentração e capacidade de realizar trabalho. Trata-se de um
otimismo ingênuo que supõe que a tecnologia dependa apenas da engenhosidade humana
e de preços relativos. Além disso, considera que a tecnologia é capaz de promover qualquer
substituição que se mostre necessária. Assim, não se percebe os limitantes biofísicos das
tecnologias nem a singularidade dos serviços prestados pela natureza – serviços
insubstituíveis e essenciais para a sobrevivência humana, embora sem preço de mercado. A
visão econômica convencional sobre a sustentabilidade ambiental tem origem, portanto, na
maneira como ela aborda o processo produtivo, tratando os fatores de produção sem
qualquer distinção qualitativa, e por isso considerando-o substitutos.
Ceticismo
São duas as fontes mais básicas para a reprodução material da humanidade: os estoques
terrestres de minerais e energia, e o fluxo solar. Os estoques terrestres são limitados e sua
taxa de utilização pela humanidade é facultativa. A fonte solar, por outro lado, é
praticamente ilimitada em quantidade total, mas altamente limitada em termos da taxa que
chega à Terra. Há ainda outra diferença: os estoques terrestres abastecem a base material
para as manufaturas, enquanto o fluxo solar é responsável pela manutenção da vida. A
humanidade pode ter total controle sobre a utilização dos estoques terrestres, mas não
sobre o fluxo solar. É possível determinar o ritmo de consumo de minérios e combustíveis
fósseis, mas sempre tendo em vista que são recursos finitos. Dessa forma, a taxa de
utilização determinará em quanto tempo esses insumos estarão inacessíveis. O segundo
aspecto da reprodução material da humanidade, a produção de resíduo, gera um impacto
físico geralmente prejudicial a uma ou outra forma de vida, e direta ou indiretamente à vida
humana. Deteriora o ambiente de várias maneiras. Exemplos conhecidos são a poluição por
mercúrio e a chuva ácida, o lixo radioativo e a acumulação de CO2 na atmosfera. Os
resíduos do processo econômico estão se revelando um problema anterior à escassez de
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recursos devido a seu acúmulo e visibilidade na superfície. Nesse contexto, o aquecimento
causado por atividades tem provado ser um obstáculo maior ao crescimento econômico sem
limites do que a finitude dos recursos acessíveis.
Estudo da economia dos recursos naturais tem adquirido importância crescente em várias
correntes de pensamento econômico, mas a abordagem dominante ainda é a da economia
convencional. É por isso que é preciso compreendê-la em seu método e em suas propostas.
Foi somente a partir dos anos 70 que os recursos naturais foram reinseridos no escopo
principal da teoria econômica, após os intensos debates sobre os limites do crescimento
econômico promovidos pelo famoso “Clube de Roma” e outros fóruns.
Os recursos físicos são resultantes de ciclos naturais do planeta Terra que duram milhões e
milhões de anos. A capacidade de recomposição de um recurso no horizonte do tempo
humano tem sido o principal critério para a classificação dos recursos naturais que podem
ser renováveis, ou reprodutíveis, e não renováveis, também conhecidos como exauríveis,
esgotáveis e não reprodutíveis.
Em tese, os solos, o ar, as águas, as florestas, a fauna e a flora são considerados recursos
naturais renováveis, pois seus ciclos de recomposição são compatíveis com o horizonte de
vida do homem. Os minérios em geral e os combustíveis fósseis (petróleo e gás natural) são
tidos como não renováveis, uma vez que são necessárias eras geológicas para sua
formação. Exemplos de alguns recursos naturais no Brasil: esgotamento dos recursos
renováveis, ampliação das reservas minerais:
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cerrado são a expansão da fronteira agrícola, as queimadas e o crescimento não planejado
das áreas urbanas.
A degradação é maior em mato Grosso do Sul, Goiás e Mato Grosso, no Triângulo Mineiro e
no Oeste da Bahia. No nordeste brasileiro o uso dos solos está sendo comprometido pela
ampliação da taxa de desertificação que a cada ano se amplia mais. O estado do Ceará
representa 9,6% da área do Nordeste, e sua economia é baseada em modelo inadequado e
predatório dos recursos naturais, de modo que tal exploração, sem consciência de
preservação, põe em torno de 25.483 Km2, correspondentes a 17,7% da superfície da
superfície total do estado sob um perigoso processo de desertificação. De acordo com a
Organização para Agricultura e alimentações das Nações Unidas (FAO, sigla em inglês), o
Brasil possui o pior balanço florestal do planeta. Entre 2000 e 2005, graças à alta taxa de
desmatamento que temos na Amazônia, o país atingiu um déficit de 3,1 milhões de hectares
de florestas, área que representa um estado e meio de Sergipe. Por balanço florestal,
entende-se a diferença entre o tanto de florestas que são plantadas e o quanto está sendo
perdido em um país. Isso não leva em conta, por exemplo, que uma floresta de eucalipto
não se compara em biodiversidade com as matas da Amazônia ou da Mata Atlântica, mas
indica que um país ainda tem como opção primária de desenvolvimento a destruição de
áreas virgens.
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RESUMINDO
Por isso, algum dia a continuidade do desenvolvimento humano exigirá que a produção
material se estabilize e depois decresça. Em vez de o desenvolvimento depender do
crescimento econômico, como nos últimos 10 anos, ele passará a requerer o inverso, o
decrescimento. Ou. Ao menos, daquilo que economistas clássicos chamaram de “condição
estacionária”: Situação na qual a melhoria da qualidade de vida não mais depende do
aumento de tamanho do sistema econômico.
Aquilo que hoje parece uma espécie de lei natural, o crescimento econômico medido pelo
PIB, é radicalmente questionado pela economia ecológica. Nem sempre o crescimento é
mais benéfico que custoso para a sociedade. A partir de certo ponto, o aumento da
produção e do consumo pode ser antieconômico. O fundamento central da economia
ecológica não se refere, portanto, à “alocação de recursos”, ou “repartição da renda”, as
duas grandes problemáticas que praticamente absorveram todo o pensamento econômico
ao longo dos séculos. Esse fundamento, que, ao contrário, foi inteiramente desprezado por
todas as abordagens que hoje fazem parte da economia convencional: a questão da escala,
isto é, do tamanho físico da economia em relação ao ecossistema em que está inserida.
Para a economia ecológica, existe uma escala ótima além da qual o aumento físico do
subsistema econômico, passa a custar mais do que o benefício que pode trazer ao bem-
estar da humanidade.
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BIBLIOGRAFIA
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