CURSO: TÉCNICO EM

TRANSAÇÕES IMOBILIÁRIAS
Eixo Tecnológico:
Gestão e Negócios

Economia
e
Mercados

 Escola CETEB de Jovens e Adultos

Brasília-DF.
Elaboração e Compilação de Textos:

Angela Roncisvalle Gonçalves

Equipe Técnica do CETEB

Coordenação e Avaliação:

Maria Teresa Caballero Brügger

Colaboração e Revisão Linguística:

Ana Paula Porfírio de Souza

Magda Maria de Freitas Querino
Maria Teresa Caballero Brügger

Editoração Eletrônica:

Jorim Caetano Ferreira

Rui Carlos de Oliveira

Desenho Educacional:

Jorim Caetano Ferreira

Ilustração/Tratamento de Imagens:

Jorim Caetano Ferreira

Design editorial:

Jorim Caetano Ferreira

Rui Carlos de Oliveira

Realização:

EQUIPE TÉCNICA DO CETEB

DOCUMENTO DE PROPRIEDADE DO CETEB

TODOS OS DIREITOS RESERVADOS

Nos termos da legislação sobre direitos autorais, é proibida a reprodução total ou

parcial deste documento, por qualquer forma ou meio – eletrônico ou mecânico,
inclusive por processos xerográficos de fotocópia e de gravação – sem a permissão
expressa e por escrito do CETEB.
 APRESENTAÇÃO

A oferta de uma Educação Profissional Técnica de Nível Médio com qualidade contribui efetivamente
para a melhoria social do nosso País. Acreditamos que, se a aprendizagem é uma jornada, este
Caderno servirá de mapa condutor em sua caminhada de estudo.

Aqui se encontra um material didático inovador, que orientará seu trabalho no desenvolvimento
das atividades propostas. Participe, efetivamente, deste curso, que prioriza as habilidades e as
competências necessárias para torná-lo um profissional de sucesso.

Direção da Escola CETEB

 SUMÁRIO

UNIDADE 1 – CIÊNCIA ECONÔMICA______________________________________________ 5

• INTRODUÇÃO À ECONOMIA____________________________________________________ 5

UNIDADE 2 – SISTEMA ECONÔMICO_____________________________________________ 10

• ECONOMIA DE UM PAÍS_______________________________________________________ 10
• FLUXOS DO SISTEMA ECONÔMICO______________________________________________ 12
• CONTABILIDADE SOCIAL_______________________________________________________ 14
• OS PRINCIPAIS AGREGADOS MACROECONÔMICOS________________________________ 16
• CONSUMO E POUPANÇA______________________________________________________ 18

UNIDADE 3 – MICROECONOMIA________________________________________________ 21
• ECONOMIA DO CONSUMIDOR, DA EMPRESA E DO MERCADO_______________________ 21
• TEORIA ELEMENTAR DA PRODUÇÃO_____________________________________________ 26
• MERCADO: DETERMINAÇÃO DO PREÇO DE EQUILÍBRIO____________________________ 29
• CLASSIFICAÇÃO DOS MERCADOS______________________________________________ 30

UNIDADE 4 – ECONOMIA MONETÁRIA___________________________________________ 34

• A MOEDA___________________________________________________________________ 34
• MERCADO MONETÁRIO _______________________________________________________ 36
• INFLAÇÃO: DEFINIÇÃO, CAUSAS E CONSEQUÊNCIAS_______________________________ 38

UNIDADE 5 – SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL___________________________________ 43

• O SISTEMA FINANCEIRO______________________________________________________ 43
• NOÇÕES DE MERCADOS FINANCEIROS__________________________________________ 46

UNIDADE 6 – COMÉRCIO EXTERNO______________________________________________ 52

• SETOR EXTERNO_____________________________________________________________ 52

UNIDADE 7 – SETOR PÚBLICO__________________________________________________ 56

• FUNÇÕES ECONÔMICAS______________________________________________________ 56
• CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO_______________________________ 58
• POLÍTICAS MACROECONÔMICAS_______________________________________________ 61
• GLOBALIZAÇÃO E ECONOMIA__________________________________________________ 63

REFERÊNCIAS _________________________________________________________________ 67
 Técnico em Transações Imobiliárias
Ciência Econômica
Unidade 1
Objetivos:
• Conceituar Ciência Econômica.
• Identificar fatores de produção.
INTRODUÇÃO À ECONOMIA
Em qualquer estágio da evolução econômica
de uma sociedade, os indivíduos têm muitas
necessidades. Algumas são comuns a todos,
como se alimentar, se vestir ou residir em
lugares seguros. Essas necessidades vitais
são consideradas primárias. Com a evolução
da sociedade e o consequente crescimento
das cidades, surgem outras necessidades.
Para satisfazê-las, os indivíduos passam a
demandar produtos e serviços cada vez mais
especializados, nas áreas de Educação, Saúde,
Transporte, Saneamento Básico, Comunicação
e até mesmo Lazer. Por exemplo, o crescimento
desordenado das cidades e suas consequências
sobre o equilíbrio ecológico do meio ambiente
têm motivado demanda por mais espaços com
áreas verdes, bem como produtos não poluentes.
E assim, vai-se ampliando a lista de produtos
e de serviços cada vez mais sofisticados para
satisfazer a demanda dos indivíduos.
Em suma, as necessidades, sejam coletivas
ou sejam individuais, são satisfeitas com o
consumo de bens (alimentos, roupas, casa) e
com o consumo de serviços (segurança, serviço
médico e todas as outras atividades prestadas).
Os fatores de produção
Os bens e os serviços são produzidos e oferecidos
aos consumidores e, juntos, formam a produção
econômica, que é obtida da combinação de
recursos naturais, de equipamentos e de
trabalho. Tais elementos são chamados fatores
de produção.
Os fatores de produção estão divididos em quatro
conjuntos distintos: recursos naturais, trabalho,
capital e tecnologia.
• Recursos naturais são todos os elementos
da natureza, tais como terra, água, florestas,
minerais e outros elementos que o homem
utiliza na criação de bens e de serviços. Esses
bens são manipulados e processados para
atender às necessidades humanas.
• Trabalho é a participação do ser humano
na forma de esforço físico e mental, para
produzir bens e serviços. Os materiais
retirados da natureza o são pela força do
trabalho, tanto por meio de atividades físicas
quanto empresariais. O trabalho humano é
responsável pela transformação dos produtos.
• C apital é o conjunto de equipamentos,
máquinas, instalações e quaisquer outros
bens utilizados no processo produtivo, ou
seja, que entram na fabricação de outros
bens destinados ao consumo. O capital
não satisfaz diretamente as necessidades
humanas. Como fator de produção, ele
satisfaz o consumo de forma indireta. Por
exemplo, um torno mecânico, embora não
satisfaça as necessidades das pessoas,
permite que sejam feitos objetos que
interessam ao consumidor. O capital pode
também ser expresso como valor monetário,
pois, além de facilitar, remunera o trabalho.
• Tecnologia é constituída pelo corpo de
conhecimentos e de habilidades que uma
empresa conta para produzir bens e/ou
serviços. Envolve os conhecimentos sobre as
 6 Unidade 1
fontes de energia, as formas de extração de
reservas naturais e todo o processo para se
chegar a um produto final e seu respectivo
desempenho. Pode ser considerado como o
elo entre os outros três fatores: capital, força
de trabalho e recursos naturais.
O problema fundamental da Economia
Por sua própria natureza, o ser humano tem
ampliado, ao longo do tempo, suas necessidades.
Dos nossos antepassados, que se cobriam com
peles ou penas, ao homem moderno, elas foram
aumentando e variaram extraordinariamente,
dando origem a uma demanda cada vez maior e
mais diversificada.
Por outro lado, sabemos que a capacidade
de produzir é limitada pela disponibilidade de
fatores de produção. Existe, então, sério dilema
entre as necessidades que gostaríamos de
satisfazer e a produção de bens e de serviços,
sempre aquém do desejado. Este é o problema
fundamental que a economia estuda e para o
qual tenta apresentar soluções, chamado pelos
economistas de Lei da Escassez.
Lei da Escassez é a impossibilidade de se
produzir bens e serviços em quantidades
ilimitadas para satisfazer as necessidades
humanas permanentemente ampliadas,
pois os fatores da produção existem em
quantidades limitadas.
As afirmações anteriores mostram-nos o impasse
criado: como conciliar o atendimento de todas as
ilimitadas necessidades humanas com a limitada
possibilidade de produção de bens e serviços.
As quatro questões econômicas fundamentais
Diante da impossibilidade do atendimento
pleno das necessidades humanas, em virtude
da escassez de recursos e os limites de tempo,
quatro questões econômicas básicas são
levantadas, sendo que suas respostas envolvem
o problema fundamental da economia, isto é, o
problema da escassez.
A escassez ocorre porque os limites de tempo
e de recursos impossibilitam a produção de
tudo o que desejamos. Podemos ter algumas
coisas, mas não todas. A escassez força toda a
sociedade a fazer escolhas na tentativa de resolver
quatro questões:
• O que e quanto produzir: dada a escassez
de recursos de produção, a sociedade terá
de escolher, entre as várias alternativas
de produção, quais bens e serviços serão
produzidos e as respectivas quantidades
a serem fabricadas: automóveis X roupas,
roupas X alimentos, mais lazer X mais saúde.
• Como produzir: a sociedade tem de decidir
a maneira pela qual o conjunto de bens
escolhidos será produzido, mediante diferentes
combinações de recursos e de técnicas: safra
agrícola – colheita (manualmente ou por
máquinas).
• Para quem produzir: a sociedade terá também
de decidir como seus membros participarão da
distribuição dos resultados de sua produção.
Como será a distribuição de renda gerada
pela atividade econômica, quais os setores
beneficiados. A eficiência distributiva deverá
ser maximizada para atingir o bem-estar
social e individual.
A Curva de Possibilidade de Produção (CPP)
Em termos econômicos, a Curva de Possibilidade
de Produção (CPP) ilustra como a escassez de
fatores de produção determina um limite para
a capacidade produtiva de uma empresa, um
país ou uma sociedade, que terão de optar
entre as alternativas de produção. Representa
todas as possibilidades de produção que
podem ser atingidas com os recursos e as
tecnologias existentes.
Em economias de mercado, descentralizadas,
a escolha sobre as alternativas de produção
fica a cargo do mercado. Já em economias
planificadas, centralizadas, o deslocamento na
Curva de Possibilidade de Produção (CPP) é feito
conforme decisão de quem a controla.
Uma economia está situada sobre o limite de
possibilidades de produção quando todos os
fatores são utilizados de forma eficiente. Um
sistema produtivo é eficiente quando não se pode
incrementar a produção de um bem (ou serviço)
sem diminuir a produção de outro.
 Unidade 1
O conceito de economia
De tudo que falamos anteriormente podemos
deduzir que:
A economia é o conjunto de atividades
que combina os fatores de produção para
criar bens e serviços.
Trata-se de uma definição prática de Economia,
porque leva em consideração o que acontece
no dia a dia e nos permite apresentar um novo
conceito de riqueza. A riqueza de um país, em um
determinado momento, é constituída por todos
os fatores de produção disponíveis – utilizados
ou não – mais todos os bens que estão sendo
produzidos e os produzidos e que ainda não
foram consumidos. E mais, se a esses bens
juntarmos as instalações, tais como prédios,
casas, pontes, estradas, linhas de distribuição
de energia, museus, teremos, então, o que se
chama riqueza nacional.
Vimos, até agora, uma definição de Economia
baseada nas atividades econômicas. Mas a
Economia também é considerada ciência e,
como tal, consegue, a partir da observação da
realidade, deduzir leis que explicam a produção, a
circulação, a distribuição e o consumo de bens e
de serviços. Nesse caso, então, é mais adequado
chamá-la de Teoria Econômica.
Logo, a Economia tem uma parte prática e
é, então, uma arte, e tem, também, um lado
teórico e, então, é uma ciência. Como ciência,
a definição mais adequada é esta.
Economia é a ciência que estuda a
produção e a distribuição dos meios
aptos a satisfazer as necessidades
humanas.
O fator trabalho
As pessoas, quando exercem uma atividade
econômica, são chamadas agentes econômicos.
Os principais agentes econômicos são: os
consumidores, que compram; os empresários,
que produzem; os trabalhadores, que vendem
sua força de trabalho, e que, por isso, são
também fatores de produção.
Vale a pena estudar, com mais atenção, o fator
trabalho já que ele é composto de pessoas que,
7
além de produzirem, são consumidoras.
A população de um país pode ser dividida, do
ponto de vista econômico, da seguinte maneira:
População total = população economicamente
ativa + população inativa.
A população economicamente ativa é
composta de indivíduos entre 15 e 64 anos de
idade e que estão trabalhando ou procurando
emprego.
• Aqueles que trabalham e que, pelo trabalho,
são pagos. Não é necessário que seja um
trabalhador formal, ou seja, que tenha carteira
assinada para constar como trabalhador ativo.
• Aqueles que estão desempregados, mas ainda
buscam por emprego.
População inativa = população constituída dos
seguintes indivíduos.
• A população entre 0-14 anos e acima de
65 anos.
• Os aposentados.
• Os deficientes físicos impedidos de trabalhar.
• Os indivíduos entre 15 e 64 anos que não
estão trabalhando, mas também não estão
à procura de emprego (estudantes, donas de
casa, pessoas desempregadas que, cansadas
de procurar emprego e não obtê-lo, acabam
desistindo por determinado período de tempo).
A relação entre a População Economicamente
Ativa (PEA) e a população total é uma das variáveis
que indicam o estágio de desenvolvimento de um
país: quanto menor o índice obtido, maior o grau
de desenvolvimento.
Por outro lado, nota-se que, se a relação diminui
no tempo, certamente, a população dependente
estará aumentando.
Resumo
• As necessidades, sejam coletivas ou sejam
individuais, são satisfeitas com o consumo de
bens e de serviços.
Esses bens e serviços são produzidos e, juntos,
formam a produção econômica.
• A produção econômica é conseguida a partir da
combinação de trabalho, capital, tecnologia e
recursos naturais.
 8 Unidade 1
• A combinação dos fatores de produção, para criar
bens e serviços, forma um conjunto de atividades
a que damos o nome de Economia.
• A Lei da Escassez ocorre porque os limites de
tempo e recursos impossibilitam a produção de
tudo o que desejamos.
• As quatro questões fundamentais da economia
são: o que e quanto produzir, como produzir e para
quem.
• A Economia pode ser considerada arte, enquanto
prática, e, ciência, enquanto teoria.
• Teoria Econômica é a ciência que explica como
bens e serviços são produzidos, distribuídos e
consumidos para satisfação das necessidades
individuais e coletivas.
• Agente econômico é o nome que se dá à pessoa
que exerce uma atividade econômica, seja
produzindo ou seja adquirindo um bem.
• A população total de um país pode ser classificada
em população ativa e população dependente.
• A população economicamente ativa ou PEA é
constituída de pessoas, entre 15 e 64 anos de
idade, que trabalham ou estão desempregadas,
mas procuram trabalho, e que recebem
pagamento por sua atividade.
• A população não economicamente ativa é
formada pelas pessoas que exercem alguma
atividade sem, no entanto, receberem pagamento
formal pelo seu trabalho.
• Quanto menor for, proporcionalmente, a relação
PEA/população total, mais desenvolvido será
considerado o país, pois isso significa que cada
elemento da PEA poderá sustentar maior número
de elementos da população dependente.
• Quanto à relação PEA/população total, se diminui
no tempo, é sinal de que a população dependente
está aumentando.
Exercícios
I – Responda às questões.
1. O que são necessidades individuais? Cite
três exemplos.
______________________________________
______________________________________
______________________________________
______________________________________
______________________________________
______________________________________
2. O que são necessidades coletivas?
______________________________________
______________________________________
______________________________________
______________________________________
______________________________________
______________________________________
3. Como os bens se diferenciam dos serviços?
______________________________________
______________________________________
______________________________________
______________________________________
______________________________________
______________________________________
4. O que são fatores de produção? Dê um
exemplo.
______________________________________
______________________________________
______________________________________
______________________________________
______________________________________
5. Quais são as quatro perguntas fundamentais
da Economia?
______________________________________
______________________________________
______________________________________
______________________________________
______________________________________
II – Escreva PA para identificar a população ativa e
PD para população dependente.
1. ( ) Pessoas com idade entre 15 e 64 anos,
que trabalham e recebem pagamento por
sua atividade.
2. ( ) População de 0 a 14 anos e acima
de 65 anos.
3. ( ) Deficientes físicos impedidos de
trabalhar.
4. ( ) Pessoas com idade entre 15 e 64
anos, desempregadas, mas que estão
procurando emprego.
 Unidade 1 9
III – Complete as lacunas com as palavras listadas II – 1. (PA)
no retângulo. 2. (PD)
3. (PD)
população economicamente ativa –– agente 4. (PA)
econômico –– empresários, trabalhadores ––
ativa –– dependente –– consumidores III – 1. ativa/dependente
2. agente econômico
1. A população total de um país pode ser classificada 3. população economicamente ativa
em população _______________________ e 4. consumidores/empresários/trabalhadores
população __________________.

2. _____________________ é o nome que se dá à

pessoa que exerce uma atividade econômica.

3. PEA significa ________________________________

_____________________________________.

4. Os principais agentes econômicos são:

os_______________________ que compram;

os_______________________ que produzem;

os ______________________ que vendem sua força

de trabalho.

Confira suas respostas

I – 1. Necessidades individuais são carências que
devem ser satisfeitas de acordo com os
interesses de cada pessoa em particular. São
exemplos de necessidades individuais, entre
outras: roupas, habitação, lazer, alimentos etc.
2. Necessidades coletivas são as carências das
pessoas de uma comunidade, acentuadamente
de pessoas que moram em aglomerados
urbanos. São exemplos de necessidades
coletivas, entre outras: meios de comunicação,
transportes, justiça, educação etc.
3. Os bens diferenciam-se dos serviços porque
são coisas concretas, como alimento, carro,
casa, vestuário etc., e os serviços são atividades
que outras pessoas fazem para nós – cortar o
nosso cabelo, cuidar de nossa saúde, de nossa
educação.
4. Os fatores de produção são um conjunto
de pessoas e coisas que associadas
e organizadas produzem bens e serviços.
São classificados como: trabalho, esforço
físico ou mental que vendemos em troca
de salário; capital, máquinas, ferramentas
e instalações; tecnologia, conhecimento e
habilidades que sustentam todo o processo de
produção; recursos naturais, matérias-primas
e semiprocessadas, manipuladas pelos
trabalhadores com auxílio de máquinas para
se tornarem bens. Para se fabricar uma roda, é
necessário um torneiro mecânico (trabalho), um
torno (capital) e um bloco de alumínio que já é
um recurso natural processado (matéria-prima).
5. As quatro questões fundamentais da economia
são: o que e quanto produzir, como produzir e
para quem.
 Técnico em Transações Imobiliárias
Sistema Econômico
Unidade 2
Objetivo:
• Identificar a estrutura e as funções do sistema
econômico e suas relações com outros
mercados.
ECONOMIA DE UM PAÍS
O sistema econômico – conceituação
Com o passar dos tempos, os homens foram
se agregando e se organizando. Houve época
em que se descobriu que as pessoas deviam
se especializar em determinadas tarefas porque
assim tudo caminharia melhor. Criaram-se
leis e, finalmente, apareceu o conceito de
sociedade organizada. A sociedade moderna é
altamente organizada em todos os aspectos,
sejam eles sociais, jurídicos, administrativos,
institucionais ou econômicos. Para cada um
desses aspectos, existe um conjunto de leis
ou procedimentos que unem os participantes
da sociedade.
Do ponto de vista econômico, existe, também,
um sistema – sistema econômico – regido por
um conjunto de regras para comandar todos os
fatores que participam da produção de bens e
de serviços. Entretanto, para que a produção
ocorra, esses fatores devem estar organizados
em instituições chamadas de unidades
produtoras. Fazendas, bancos, fábricas são
exemplos de unidades produtoras porque lá
os fatores de produção estão combinados,
segundo regras definidas para a produção de
bens e serviços.
A produção econômica pode ser classificada em
três grandes categorias.
• Bens de capital – não satisfazem diretamente
as necessidades dos consumidores, mas
servem para fabricar outros bens. Os bens
de capital têm como principal característica
aumentar a produtividade do trabalho humano
no processo produtivo. Exemplos desses bens
são as máquinas, as estradas, as barragens.
• Bens e serviços intermediários – também
não satisfazem diretamente as necessidades
das pessoas porque precisam, antes, ser
transformados. Exemplos dessa categoria
são as chapas de aço destinadas à fabricação
de automóveis, matérias-primas que entram
na fabricação de vidros, borrachas, plásticos
etc. e quase todas as atividades-meio das
unidades produtivas.
• Bens e serviços de consumo – atendem
diretamente às necessidades dos
consumidores, tais como remédios, alimentos,
roupas, serviços de lazer, barbearia, saúde,
educação, segurança, entre outros.
A classificação dos sistemas econômicos
• Sistema capitalista ou economia de mercado –
regido pelas forças de mercado, predominando
a livre iniciativa e a propriedade privada dos
fatores de produção.
• Sistema socialista ou economia centralizada,
ou ainda economia planificada – as questões
econômicas fundamentais são resolvidas
por um órgão central de planejamento,
predominando a propriedade pública dos
fatores de produção.
 Unidade 2 11

A composição do sistema econômico Exercícios

Um sistema econômico possui enorme variedade I – Escreva, nos parênteses, ao lado de cada bem
de unidades produtoras, cada qual dedicada ou serviço, as letras C, I ou K, conforme sejam
a oferecer um determinado bem ou serviço. de consumo, intermediário ou de capital.
Para melhor estudá-las, classificam-se em 1. ( ) Torno mecânico
três setores básicos.
2. ( ) Contabilidade
• Setor primário, constituído por unidades 3. ( ) Petróleo
produtoras que usam em grande quantidade
os recursos naturais e não os modificam 4. ( ) Chapas de aço
substancialmente. Citamos, como exemplos, 5. ( ) Prensas
as atividades agrícolas, pecuárias e extrativas.
6. ( ) Estradas
• Setor secundário, constituído por unidades
industriais que usam o fator capital com 7. ( ) Minério de ferro
grande intensidade. Citamos, como exemplo,
8. ( ) Trigo
as indústrias de automóvel, de alimentos,
de vestuário. 9. ( ) Aparelho de som
• S etor terciário, que tem como grande 10. ( ) Táxi
característica ser constituído de serviços e,
II – Classifique as empresas, a seguir, escrevendo
por isso, não são tangíveis ou concretos. São
nos parênteses as letras: P para setor primário,
exemplos deste setor os bancos, as escolas, S para setor secundário e T para setor terciário.
as atividades comerciais.
1. ( ) Empresa Mineradora

2. ( ) Cinema
Resumo
3. ( ) Empresa Imobiliária
• Sistema econômico é um conjunto de regras que
4. ( ) Fábrica de Eletrodomésticos
permite a combinação de fatores de produção
dentro de unidades de produção. 5. ( ) Fábrica de Máquinas Pesadas
• Unidade produtora é o lugar onde os fatores de 6. ( ) Fábrica de Roupas
produção se encontram para produzir um bem
ou um serviço. 7. ( ) Casa Comercial
• Bens e serviços de consumo são aqueles 8. ( ) Companhia Atacadista
destinados a satisfazer as necessidades dos
consumidores. 9. ( ) Fazenda Agrícola
• Bens e serviços intermediários são bens e 10. ( ) Companhia Transportadora
serviços que entram na produção dos bens e dos
serviços de consumo. 11. ( ) Escritório de Computação
• Bens de capital são aqueles bens que aumentam 12. ( ) Salão de Beleza
a produtividade do trabalho humano e ajudam a
produzir outros bens. 13. ( ) Hospital
• Todo sistema econômico possui enorme variedade 14. ( ) Restaurante
de unidades produtoras, agrupadas em três
setores básicos: 15. ( ) Empresa Jornalística

III – Faça a ligação correta entre as colunas, tendo

– setor primário, cujas unidades produtoras
em vista a composição do sistema econômico.
usam recursos naturais sem modificá-los
substancialmente; A – Setor Terciário
– setor secundário, cujas unidades industriais B – Setor Secundário
usam o fator capital com grande intensidade; C – Setor Primário
– setor terciário, constituído de serviços como 1. ( ) Constituído por unidades produtoras que
bancos, escolas e atividades comerciais. se utilizam dos recursos naturais em
grande quantidade.
 12 Unidade 2
2. ( ) Constituído por tipos de serviços, tais como IV – 1. Bens de capital
bancos, escolas, comércio etc. 2. Bens e serviços de consumo
3. Bens e serviços intermediários
3. ( ) Constituído por unidades industriais
que usam o fator capital com grande
intensidade.

IV – Escreva a que bens e serviços se referem

FLUXOS DO SISTEMA ECONÔMICO
as seguintes afirmativas, tendo em vista as
categorias da produção econômica.
À medida que acontecem as atividades de
1. Têm como principal característica aumentar a
produção, dois fluxos ocorrem simultaneamente:
produtividade do trabalho humano no processo
produtivo. o fluxo real ou movimentação de bens e
de serviços e o fluxo monetário, também
______________________________________
chamado fluxo nominal ou renda.
______________________________________
O fluxo real ou movimentação de bens e de
2. Atendem diretamente às necessidades dos
serviços é decorrente da produção e consequente
consumidores.
compra desses bens e serviços por parte dos
______________________________________ consumidores.
______________________________________
O fluxo monetário, por sua vez, ocorre, porque,
3. Não atendem diretamente às necessidades ao exercerem suas atividades, as unidades
das pessoas porque precisam, antes, passar produtoras remuneram os fatores de produção
por processos de transformação.
empregados, os juros ao capital tomado como
______________________________________ empréstimo junto aos bancos, o aluguel pelas
______________________________________ instalações que ocupam e distribuem lucros
a seus proprietários ou acionistas. São essas
remunerações que permitem aos donos dos
Confira suas respostas fatores comprarem os bens e os serviços
de que necessitam.
I – 1. (K)
2. (I)
Os dois fluxos têm um significado muito
3. (I) importante para a Teoria Econômica. O fluxo
4. (I) real, formado pelos bens e serviços produzidos,
5. (K) constitui a oferta da Economia, ou seja, todos
6. (K) os bens os serviços que estão à disposição dos
7. (I)
8. (I)
consumidores. O fluxo monetário, formado pela
9. (C) totalidade da remuneração dos fatores produtivos,
10. (C) é a demanda ou procura, pois, com dinheiro, os
II – 1. (P) consumidores procuram, no mercado, os bens e
2. (T) os serviços de que necessitam.
3. (T)
4. (S) A oferta e a demanda são as funções
5. (S)
primordiais do sistema econômico. Quando elas
6. (S)
7. (T) se encontram, estabelece-se o que se chama
8. (S) de mercado, situação em que as pessoas que
9. (P) querem comprar se encontram com aquelas que
10. (T) querem vender.
11. (T)
12. (T) É importante notar que o termo “mercado”
13. (T) não significa obrigatoriamente lugar físico ou
14. (T)
15. (T) contíguo. Sua acepção é mais genérica, e
significa realização de todas as compras e vendas
III – 1. (C) de um bem ou conjunto de bens. O mercado
2. (A)
imobiliário de uma cidade, por exemplo, é
3. (B)
constituído de todas as empresas imobiliárias
 Unidade 1
e seus vendedores, de todas as pessoas que
querem vender, das que querem comprar e dos
imóveis a serem transacionados.
Os fluxos monetário e real e a formação do
mercado podem ser vistos no esquema a seguir.
SETORES
PRIMÁRIO
FLUXO MONETÁRIO (DEMANDA)
SECUNDÁRIO
TERCIÁRIO
SALÁRIOS,
JUROS,
ALUGUÉIS,
LUCROS
(RENDAS)
MERCADO
= FLUXO MONETÁRIO = FLUXO REAL
A circulação no sistema econômico
Duas entidades econômicas são as principais
responsáveis pela contínua circulação de bens,
de serviços e de rendas: o conjunto de empresas
e o conjunto de fatores produtivos. Além dessas,
também são importantes o Governo e o resto do
mundo.
As empresas empregam os fatores de produção
(terra, trabalho, capital) para a fabricação
de bens e prestação de serviços que serão
adquiridos pelas famílias (fluxo real). Com a
remuneração paga pela venda dos fatores de
produção (aluguéis, salários, juros e lucros), as
famílias podem comprar os bens e os serviços
das empresas. As empresas, por sua vez, com a
venda dos bens e dos serviços para as famílias,
capitalizam-se para adquirir novos fatores de
produção e dar início a mais um ciclo produtivo
(fluxo monetário).
O Governo é também um importante agente
econômico e transaciona com as famílias e as
empresas. Das famílias e das empresas recebe
os impostos indiretos, quando incidem sobre
bens e serviços e, diretos, quando incidem sobre
a renda de pessoas ou de empresas. Com esses
recursos, o Governo pode transferir renda à
população ou às empresas. Nesse caso, ocorre
uma tributação às avessas, são os impostos
negativos, mais conhecidos como subsídios ou
incentivos fiscais, porque, ao invés de cobrar,
o Governo dá recursos às empresas para que
o custo de produção de determinados bens ou
serviços seja reduzido.
13
Por fim, as famílias, as empresas e o Governo
transacionam com agentes que estão fora do
país. Nesse caso, os agentes do país doméstico
importam bens e serviços do resto do mundo
e exportam bens e serviços para o resto do
mundo.
FLUXO REAL (OFERTA
Resumo
BEM E SERVIÇOS
• Fluxo real ou produto é o conjunto dos bens
e dos serviços produzidos pelas empresas e
constitui a oferta.
• Fluxo monetário, nominal ou renda é o conjunto
dos pagamentos feitos aos fatores de produção
e constitui a procura ou demanda.
• Mercado é o ponto de encontro de procura e
oferta, é onde as compras e as vendas ocorrem.
• A circulação de bens, de serviços e de rendas é da
responsabilidade de duas entidades econômicas,
principalmente: o conjunto de empresas e o
conjunto de fatores produtivos. De acordo com
a demanda, as empresas pagam pelos produtos
que vão ser adquiridos pelas famílias, nos
supermercados. Esse investimento volta para as
empresas, formando o fluxo nominal ou a renda.
Ou, então, as empresas colocam no mercado
seus bens e serviços, que constituem a oferta,
formando o fluxo real.
Exercícios
I – Ao reproduzir a figura que liga os fluxos
monetário e real, o desenhista se confundiu.
Assinale os erros que ele cometeu.
SETORES
PRIMÁRIO
FLUXO MONETÁRIO (DEMANDA)
SECUNDÁRIO
TERCIÁRIO
FLUXO REAL (OFERTA
PAGAMENTO A
FATORES
BEM E SERVIÇOS
MERCADO
II – Estabeleça relação entre as colunas escrevendo,
nos parênteses, a letra correspondente.
(A) Oferta
(B) Demanda
(C) Mercado
1. ( ) É o ponto de encontro entre oferta e
demanda.
 14 Unidade 1
2. ( ) Bens e serviços que estão à disposição I – São 6 os erros na figura.
dos consumidores. Erro no 1: o sentido está errado, é dos “setores” para
“pagamentos” (salários etc.);
3. ( ) Totalidade da remuneração dos fatores
produtivos. Erro no 2: falta a indicação do sentido de “bens e
serviços” para “mercados”;
4. ( ) Forma o fluxo nominal.
Erro no 3: inexiste a ligação apresentada na figura;
5. ( ) Forma o fluxo real. Erro n o 4: falta a ligação entre “mercado” e
“pagamento”;
III – Sublinhe, nos parênteses, a palavra que
completa corretamente o texto. Erro no 5: onde se lê “Fluxo Monetário”, leia-se “Fluxo
Real”;
1. À medida que acontecem as atividades de
produção, dois fluxos ocorrem simultaneamente, Erro no 6: onde se lê “Fluxo Real”, leia-se “Fluxo
o fluxo real e o fluxo monetário, este último Monetário”.
também chamado _______________________. II – 1. (C)
(de bens e serviços/nominal ou renda) 2. (A)
3. (B)
2. O fluxo _____________________ ocorre porque,
4. (B)
ao exercerem suas atividades, as unidades
5. (A)
produtoras remuneram os fatores de produção
empregados. (monetário/real)
III – 1. nominal ou renda
3. O fluxo monetário constitui a _______________, 2. monetário
pois, com dinheiro, os consumidores procuram, 3. demanda
no mercado, os bens e os serviços de que
necessitam. (oferta/demanda) IV – 1. A oferta e a demanda são as funções primordiais
do sistema econômico.
IV – Responda às questões. 2. Na situação em que as pessoas que querem
comprar se encontram com aquelas que querem
1. Quais as funções primordiais do sistema vender, estabelece-se o que comumente
econômico? chamamos de mercado.
______________________________________ 3. São responsáveis pela contínua circulação de
bens, de serviços e de rendas: o conjunto
______________________________________ de empresas e o conjunto de fatores
produtivos.
2. Quando se estabelece o que denominamos
mercado?

______________________________________

______________________________________ CONTABILIDADE SOCIAL

3. Que entidades econômicas são as principais
responsáveis pela contínua circulação de bens,
Contabilidade Social, também conhecida
serviços e rendas?
como Contabilidade Nacional define-se por um
______________________________________ instrumento baseado na análise da atividade
______________________________________ econômica, quantificando os objetos em nível
político-econômico. Ou seja, permite mensurar a
totalidade das atividades econômicas, por meio
do sistema de contas nacionais.
Confira suas respostas
A macroeconomia e a microeconomia são os
1 dois grandes ramos do saber econômico e, em
SETORES 6
PRIMÁRIO
linhas gerais, podem ser assim analisados: a
FLUXO MONETÁRIO (DEMANDA)

SECUNDÁRIO
TERCIÁRIO
visão macroeconômica estuda o país como um
FLUXO REAL (OFERTA

PAGAMENTO A todo. Já a visão microeconômica estuda seus

FATORES
5 MERCADO
3 BEM E SERVIÇOS
componentes, ou seja, os átomos da economia.
Nesse caso, estuda-se, por exemplo, a empresa
isoladamente, o consumidor individual e o
2 mercado onde eles se encontram.
 Unidade 2
A renda e o produto
O grande objetivo da macroeconomia é descobrir
as razões que determinam a quantidade de
renda e produto que um sistema econômico
consegue gerar. Por que os economistas se
mostram tão interessados em descobrir essas
causas? Inicialmente, basta lembrarmos que
o problema fundamental da economia é a
escassez de fatores de produção que devem, por
conseguinte, ser combinados de tal maneira que
se consiga o maior número de bens e de serviços.
Em outras palavras, trata-se de obter a máxima
eficiência, isto é, o maior produto possível com
as quantidades de fatores disponíveis. Por
isso, torna-se necessário registrar a atividade
econômica para que se possa analisar seu
desempenho global.
Por outro lado, a história econômica recente,
com eventos como a crise econômica dos EUA
de 1929, as guerras mundiais e os períodos
de recessão, demonstra a necessidade de se
observar, com mais frequência e cuidado, as
grandes variáveis econômicas para se prever,
com razoável antecedência, problemas no
funcionamento da economia. Com esse objetivo,
determinou-se que a medida do produto e da
renda fosse feita em unidades monetárias para
que se pudesse somar vários bens em diversas
quantidades. Concordou-se, também, a exemplo
da contabilidade, que o período de mensuração
fosse de um ano, começando em janeiro e
terminando em dezembro.
A atividade econômica, como já foi visto
anteriormente, pode ser analisada e medida sob
duas óticas: a ótica do produto (fluxo real) e a
ótica da renda (fluxo monetário).
O produto de uma economia é a soma dos valores
monetários de todos os bens e serviços colocados
à disposição dos consumidores, no período de um
ano. Como se obtém o produto de um sistema
econômico? Tomam-se todos os bens que foram
vendidos ao consumidor, somam-se os estoques
e multiplica-se pelos respectivos preços. Nessas
operações é necessário não se levar em conta o
valor dos bens intermediários para evitar dupla
contagem. Exemplificando: o preço da placa de
LCD de uma TV não será computado no produto,
porque ele já está incorporado no preço da TV.
Esta é a ótica do produto.
15
A ótica da renda leva em conta que a renda de
uma economia é a soma de todos os pagamentos
efetuados a todos os fatores de produção. Ao se
somar salários, aluguéis, juros e lucros, pagos
durante um ano, ter-se-á a renda global naquele
mesmo ano.
Então, como o sistema é fechado, podemos
concluir que, no espaço de um ano, o produto
global é igual à renda global, porque, no fundo,
trata-se das duas faces de uma mesma moeda.
Se admitirmos que toda a receita das empresas
é distribuída com os fatores de produção e que
esses fatores gastam suas remunerações na
compra de bens e de serviços produzidos na
economia, está então explicada a identidade
fundamental da teoria macroeconômica: produto
≅ renda.
Para que se meçam essas e outras variáveis
macroeconômicas, surgiu a Contabilidade
Nacional ou Social, cujos procedimentos se
assemelham aos da contabilidade tradicional.
Resumo
• Visão macroeconômica é a noção do país como
um todo: a renda nacional e o Produto Interno
Bruto que surgirão a partir do fluxo monetário e
do fluxo real.
• Vi s ã o m i c r o e c o n ô m i c a é o e s t u d o d a
empresa isoladamente, do consumidor visto
individualmente e do mercado onde eles se
encontram.
• O objetivo da macroeconomia é descobrir as
razões que determinam a quantidade de renda
e de produto que um sistema econômico
consegue gerar.
• A medida do produto e da renda é feita em unidades
monetárias e com o período de mensuração
de um ano.
• A análise da atividade econômica é feita através
da ótica do produto (fluxo real) e da ótica da renda
(fluxo monetário).
• Produto é a soma dos valores monetários de todos
os bens e os serviços colocados à disposição dos
consumidores, no período de um ano.
• Renda é a soma de todos os pagamentos
efetuados a todos os fatores de produção, em um
determinado período de tempo.
• Contabilidade Nacional é uma maneira de medir
as variáveis da atividade econômica de um país,
num determinado período de tempo.
 16
Exercícios
I – Responda às questões.
1. O que você entende por visão macroeconômica
de um país?
______________________________________
______________________________________
______________________________________
______________________________________
______________________________________
2. Como você define microeconomia?
______________________________________
______________________________________
______________________________________
______________________________________
______________________________________
3. Qual é o grande objetivo da macroeconomia?
______________________________________
______________________________________
______________________________________
______________________________________
______________________________________
II – Escreva F (para falso) e V (para verdadeiro),
nos parênteses, conforme o conteúdo das
afirmativas.
1. ( ) As medidas do produto e da renda são
feitas em unidades monetárias.
2. ( ) O produto de uma economia é a soma
mensal dos valores dos bens e dos
serviços cobrados aos consumidores.
3. ( ) A renda de uma economia é a soma de
todos os pagamentos efetuados a todos
os fatores de produção.
4. ( ) Para que se meçam todas as variáveis
macroeconômicas, surgiu a Contabilidade
Nacional ou Social, cujos procedimentos
se assemelham aos da contabilidade
tradicional.
5. ( ) A partir do fluxo real, aparecerá a noção
de renda nacional.
6. ( ) O PIB, ou Produto Interno Bruto, é obtido
a partir do fluxo de bens e de serviços ou
fluxo real.
Unidade 2
Confira suas respostas
I – 1. Visão macroeconômica de um país é o estudo
desse país como um todo, por meio da análise do
fluxo monetário e do fluxo real, que determinarão
a renda nacional.
2. Microeconomia é o estudo de uma empresa
isoladamente, o consumidor individual e o
mercado onde eles se encontram.
3. O grande objetivo da macroeconomia é descobrir
as razões que determinam a quantidade de
renda e o produto que um sistema econômico
consegue gerar.
II – 1. (V)
2. (F) É a soma anual e não mensal;
3. (V)
4. (V)
5. (F) A noção de renda nacional surge a partir do
fluxo monetário.
6. (V)
OS PRINCIPAIS AGREGADOS
MACROECONÔMICOS
As partes da macroeconomia são denominadas
agregados macroeconômicos. São elas que
possibilitam uma análise do desenvolvimento de
um país, facilitando a mensuração do nível de
desenvolvimento e de crescimento econômico.
Os principais agregados macroeconômicos são:
Produto Interno Bruto (PIB), o Produto Interno
Bruto a preços de mercado, (PIBp.m.), o Produto
Interno Bruto a custo de fatores (PIBc.f.), o
Produto Interno Líquido a custo de fatores (PIL)
ou Renda Interna Líquida, o Produto Nacional
Líquido (PNL) ou Renda Nacional (RN).
Produto Interno Bruto (PIB) – É definido como
o valor de mercado de todos os bens finais
e os serviços produzidos num país num dado
período de tempo.
• Formação do PIB: fazem parte do PIB todos
os bens produzidos na economia que podem
ser legalmente vendidos no mercado.
• B ens finais: o PIB inclui somente bens
finais que são vendidos para o usuário
final. No cômputo de um automóvel, por
exemplo, devem-se extrair os gastos com bens
intermediários (pneus, vidros, aço etc.).
 Unidade 2
• Serviços: o PIB inclui bens tangíveis e itens
intangíveis como serviços médicos, lazer etc.
Se o indivíduo compra um CD de uma banda
ou assiste ao show da mesma banda (serviço),
em ambos os casos, há elevação do PIB.
• P eríodo de produção: não podem ser
computados no PIB itens que não tenham
sido efetivamente produzidos no período
analisado para evitar dupla contagem. Se
uma casa for construída num ano e vendida
noutro ano, o valor deve ser computado no ano
de sua fabricação. Da mesma forma, se eu
comprar uma casa que já estava construída,
essa transação não altera o PIB, visto que não
houve produção de mercadoria.
• Abrangência: o PIB mede o valor da produção
dentro dos limites geográficos de um país. É
diferente do PNB, que mede a produção total
dos residentes nacionais.
• Periodicidade: o PIB é medido anual ou
trimestralmente.
Há duas maneiras de se medir o PIB de uma
economia.
• Produto Interno Bruto a preços de mercado
é a soma dos valores monetários dos bens
e dos serviços produzidos, mais os impostos
indiretos e menos os subsídios, conhecido
também como PIBp.m.
• Produto Interno a custo de fatores é a soma
dos valores monetários dos bens e serviços
produzidos, menos os impostos indiretos e
mais os subsídios, também conhecido como
PIBc.f.
Produto Interno Líquido (PIL) – É o PIB
decrescido das eventuais depreciações
que ocorrem.
PIL=PIB – Depreciação
Produto Nacional Bruto (PNB) – É o valor
monetário total de todos os bens e os serviços
finais produzidos pelos cidadãos de uma nação,
mesmo que tenham sido produzidos no exterior.
PIB + Rendas Recebidas do Exterior – Rendas
Enviadas ao Exterior = PNB
Produto Nacional Líquido (PNL) ou Renda
Nacional (RN) – É Produto Nacional Bruto (PNB)
menos depreciação.
PNB – Depreciação = PNL
17
Renda Pessoal (RP) – É a renda que as pessoas
vão dispor, antes do Imposto de Renda (imposto
direto). Se, da RN, subtrairmos os lucros retidos
pelas empresas, os impostos diretos das
empresas (imposto de renda sobre os lucros),
as contribuições feitas à Previdência Social e
somarmos as transferências governamentais
(despesas com inativos, pensionistas,
salário-família e outros benefícios da Previdência
Social) aos juros pagos pelo Governo, teremos a
Renda Pessoal.
Renda Pessoal Disponível (RPD) – É a renda
que as pessoas dispõem para gastar ou poupar.
Para tanto, basta que da RP se subtraiam os
impostos diretos pagos.
O nível de bem-estar de uma sociedade está
diretamente vinculado à maneira como o produto
é distribuído. Se poucos recebem muito e
muitos recebem pouco, a desigualdade de rendas
é significativa.
Distribuição da renda e “Renda Per Capita”
Um dos indicadores mais usados para se medir o
grau de desenvolvimento de um país é a “Renda
Per Capita”, que é o resultado da divisão do
PIBc.f. ou Renda Interna Bruta pela população.
Todavia, apesar de ser fácil de se calcular,
a “Renda Per Capita” esconde dois grandes
senões. O primeiro, é que não nos informa qual
o grau de concentração da Renda Nacional. O
segundo, é que há também algumas regiões mais
ricas que outras, o que a “Renda Per Capita” não
consegue mostrar.
Resumo
Os principais agregados macroeconômicos são
estes.
• Produto Interno Bruto (PIB) – resulta da soma
dos valores monetários dos bens e dos serviços
finais.
• Produto Interno Bruto a custa de fatores
(PIBc.f.) – é a soma dos valores monetários dos
bens e dos serviços finais à qual se subtraem os
impostos e se somam os subsídios.
• Produto Interno Bruto a preço de mercado
(PIBp.m.) – é a soma dos valores monetários
dos bens e dos serviços finais à qual se somam
impostos e subtraem os subsídios.
 18 Unidade 2

• Produto Interno Líquido (PIL) – é o PIBc.f. menos 4. (F)

o montante da depreciação. 5. (A)
6. (E).
• Produto Nacional Líquido (PNL) – é o PILc.f.
menos a renda enviada para o exterior, mais a
renda recebida do exterior.
• Renda Pessoal (RP) – é o PNL de onde se subtraem
os lucros retidos pelas empresas, os impostos
CONSUMO E POUPANÇA
diretos das empresas (IR) e as contribuições
feitas à Previdência Social, mais as transferências
governamentais (despesas com inativos, A Renda Pessoal Disponível é o montante que as
pensionistas e outros benefícios da Previdência) pessoas dispõem. Normalmente, é usada para
e, ainda, mais os juros pagos pelo Governo. os gastos que satisfazem as necessidades dos
• Renda Pessoal Disponível (RPD) – é a renda seres humanos (consumo) e, em geral, deduzidos
pessoal de onde foram subtraídos os impostos os gastos, sobra uma parcela que chamamos de
diretos pagos pelas pessoas; é o montante de poupança. Quando isso ocorre, significa, como
que elas dispõem; já vimos, que parte da produção não foi vendida,
• Renda Per Capita (RPC) – é o resultado da divisão formando-se estoques.
do PIBc.f. ou Renda Interna Bruta pela população.
Então, podemos dizer que:
Poupança = Renda – Consumo
Exercícios
P=R–CeR=C+P
Escreva, nos parênteses, a letra correspondente
à definição correta da 2a coluna.
Componentes do consumo
(A) Renda Nacional Líquida menos os lucros
retidos, os impostos diretos das empresas
e as contribuições à Previdência, mais as Em qualquer sistema econômico, o consumo de
transferências do Governo. um país recebe a influência de vários fatores:
(B) Soma dos valores monetários dos bens e dos
serviços finais, computando-se os impostos • distribuição individual da renda;
indiretos e subtraindo-se os subsídios. • política fiscal do Governo;
(C) Igual ao Produto Bruto a custo de fatores
menos a parcela de depreciação. • nível de renda em poder dos consumidores;
(D) Soma dos valores monetários dos bens e dos • taxa real de juros;
serviços finais, subtraindo-se os impostos
indiretos e somando-se os subsídios. • rentabilidade das aplicações financeiras etc.
(E) Renda Pessoal menos os impostos diretos
pagos pelas pessoas.
Estudos sociais demonstram que a população
(F) Produto Interno Líquido menos a renda enviada pode ser influenciada pela necessidade de
ao exterior, mais a renda recebida do exterior. demonstrar o nível de sua renda e sua posição
social, basicamente por meio de seus padrões
1. ( ) PIBp.m.
de consumo. Entretanto, estudos estatísticos
2. ( ) PIBc.f. mostram que a renda nacional disponível é
3. ( ) PIL
um dos fatores que mais pesam na decisão de
consumo (ou poupança) da população.
4. ( ) PNL

5. ( ) RP
Poupança e investimento
6. ( ) RPD
A poupança pode ser entendida, em termos
econômicos, como a parcela da renda não
Confira suas respostas consumida pela comunidade na satisfação de
suas necessidades imediatas. Basicamente, é o
I – 1. (B) excesso da renda global em relação ao consumo
2. (D)
3. (C)
agregado da coletividade.
 Unidade 2
Do lado real, o que ocorre é que os indivíduos
colocam sua poupança na mão de intermediários
que vão emprestá-la aos empresários, para que
eles financiem o estoque não vendido e façam
ampliações da capacidade produtiva. Em outras
palavras, os empresários investem.
Logo, podemos afirmar que:
Poupança = investimento ou
P = I que é uma igualdade fundamental na
macroeconomia.
O investimento pode ser definido como o
acréscimo ao capital real da sociedade; como a
poupança, ele é resultado de uma abstenção do
consumo imediato, em relação à renda gerada
no período.
Influenciam a demanda por investimento: as
expectativas empresariais – taxa de rentabilidade
esperada e as taxas de juros do mercado.
O mercado de trabalho
O mercado de trabalho constitui um conjunto de
condições que definem, articulam e regulam as
atividades profissionais, a oferta de trabalho e a
procura de trabalhadores em uma determinada
sociedade.
Esse mercado de trabalho é composto
pela população economicamente ativa e
sofre influência de vários fatores para sua
dinamização ou para sua retração, provocada
por crises financeiras que aumentam o índice
de desemprego no País.
Oferta e demanda de emprego
Um dos fatores de dinamização do mercado de
trabalho é a oferta e a demanda de emprego. A
oferta de emprego está relacionada à necessidade
de contratação de pessoas por parte das empresas
quando há um aumento de sua produção.
O Governo também influencia esse processo já
que é um dos grandes contratantes de mão de
obra. Além do papel de empregador, o Governo
pode funcionar como impulsionador na geração
de empregos quando desenvolve políticas que
influenciam o crescimento das atividades nas
19
empresas, isto é, quando reduz a tributação,
quando oportuniza maiores condições de crédito,
por exemplo.
Quando o Governo desenvolve políticas enfocando
a melhoria das condições de vida da população,
está funcionando, também, como incentivador
para a geração de empregos.
Resumo
• Consumo refere-se aos gastos que satisfazem as
necessidades dos seres humanos.
• Poupança é a parcela que resta quando são
deduzidos os gastos do montante que a pessoa
dispõe.
• Estoque é a parte da produção que não foi
vendida.
• Os fatores que influenciam o consumo são:
distribuição individual da renda; política fiscal do
Governo; nível de renda em poder do consumidor;
taxa real de juros; rentabilidade das aplicações
financeiras.
• A poupança, sob a responsabilidade de
intermediários, é emprestada aos empresários,
transformando-se em investimentos.
• O investimento é um acréscimo ao capital real da
sociedade e sua demanda sofre a influência das
expectativas empresariais e das taxas de juros do
mercado.
• O mercado de trabalho, conjunto de condições
que regulam as atividades profissionais, é
composto pela população economicamente ativa.
• A oferta e a demanda de emprego dinamizam o
mercado de trabalho.
• O Governo influencia esse mercado, não só como
empregador, como também impulsionador, por
meio de políticas voltadas para a melhoria das
condições de vida da população.
Exercícios
Escreva V (verdadeiro) e F (falso) em relação ao
conteúdo das afirmações abaixo.
1. ( ) A poupança é um dos fatores responsáveis
pela formação de estoques.
2. ( ) A política fiscal do Governo exerce pouca
influência na decisão de consumo da
população.
3. ( ) A poupança da população transforma-se
em investimento empresarial, constituindo
a fórmula macroeconômica P = I.
 20 Unidade 2
4. ( ) A oferta e a demanda de empregos,
envolvendo a população economicamente
ativa, constituem fatores dinamizadores
do mercado de trabalho.

5. ( ) O Governo exerce papel relevante

como contratante de mão de obra e
impulsionador do mercado de trabalho.

Confira suas respostas

1. (V)
2. (F)
3. (V)
4. (V)
5. (V)
 Técnico em Transações Imobiliárias
Microeconomia
Unidade 3
Objetivos:
• Conhecer aspectos da microeconomia.
• Conceituar curva de demanda e oferta.
• Distinguir bens complementares de bens
substitutos.
• Conceituar a Teoria Elementar de Produção.
ECONOMIA DO CONSUMIDOR,
DA EMPRESA E DO MERCADO
Microeconomia – A procura
A microeconomia preocupa-se com o
comportamento dos indivíduos como agentes
econômicos.
Os agentes econômicos podem ser classificados,
para fins deste estudo, em: consumidores;
produtores ou empreendedores; e proprietários
dos fatores de produção.
Os consumidores são aqueles que demandam
bens e serviços; os empreendedores ou
produtores são aqueles que empregam os fatores
de produção para a prestação de serviços ou a
produção de bens; os proprietários dos fatores
de produção são os detentores dos insumos da
produção: o trabalhador que vende a sua força
de trabalho, o locatário que aluga suas terras e
o capitalista que empresta o seu capital.
A utilidade
Como o consumidor dispõe de sua renda?
A renda do consumidor, seja ela advinda de
salário (remuneração do fator trabalho), de
juros e lucros (remuneração do capital) ou de
aluguéis (remuneração das terras e instalações),
é gasta com a aquisição de bens e, quando
possível, ele guarda uma certa quantidade,
denominada poupança. A isto se chama
Orçamento do Consumidor.
Como decidir que quantidade dos bens comprar
e consumir?
O critério de decisão rege-se pela utilidade dos
bens e dos serviços.
A utilidade é a capacidade dos bens e dos
serviços satisfazerem as necessidades de um
consumidor.
É um conceito altamente pessoal porque o que é
útil para mim, pode ser mais ou menos útil para
você ou até não ter utilidade alguma.
Mensuração da utilidade
Pense um pouco sobre esta pergunta. A utilidade
pode ser medida?
Os economistas clássicos achavam que sim.
Criaram até uma unidade de utilidade que ficou
conhecida como “utis”. Assim, cada bem ou
serviço teria sua utilidade medida em “utis”.
Ademais, as utilidades seriam somadas umas
às outras. Um bom bife com batatas fritas, por
exemplo, seria o resultado da soma das “utis”
do bife e da batata frita.
Esta forma de ver a mensuração da utilidade ficou
conhecida como Teoria Cardinal da Utilidade.
Como teoria, ela é até aceitável, mas é impossível
 22
determinar a utilidade dos bens e dos serviços
de uma maneira geral e impessoal. E mais, a
utilidade não parece ter a característica de ser
aditiva. Um copo de laranjada com açúcar não
é o resultado da utilidade da laranjada mais a
utilidade do açúcar.
Para superar as deficiências conceituais da
Teoria Cardinal da Utilidade, modernamente se
aceita a Teoria Ordinal da Utilidade. Assim,
o consumidor prefere um bem a outro e desta
maneira um bem tem mais utilidade do que
o outro. Quanto tem a mais de utilidade?
Não importa, basta que ele consiga ordenar
os bens de mais úteis a menos úteis. Além
disso, é certo que o consumo de vários bens,
simultaneamente, multiplica a utilidade final. A
este fenômeno se dá o nome de sinergia, ou
seja, o todo é maior que a soma das partes.
Resumo
• A m i c r o e c o n o m i a p r e o c u p a - s e c o m o
comportamento dos indivíduos como agentes
econômicos. Os agentes econômicos são
classificados em:
– consumidores que necessitam dos bens e dos
serviços para satisfazer suas necessidades;
– produtores, empresários ou capitalistas que
produzem os bens e os serviços;
– proprietários dos fatores de produção que
são: o trabalhador que vende a sua força de
trabalho, o locatário que aluga suas terras, o
capitalista que empresta seu capital.
• A utilidade é a capacidade que um bem ou um
serviço tem de satisfazer necessidades.
• O orçamento é a renda monetária do consumidor,
que será gasta na aquisição de bens e de serviços.
• A Teoria Cardinal afirmava que a utilidade podia
ser medida cardinalmente em “utis” e que a
utilidade de um bem não era influenciada pelo
consumo de outros bens.
• A Teoria Ordinal considera que a utilidade é
decorrente do consumo combinado, e não
individual, dos bens. Além disso, a utilidade não é
mais medida, mas, sim, ordenada, hierarquizada.
• Sinergia é a teoria que diz que o todo é maior que
a soma das partes; implica uma ação coordenada,
cooperativa, de vários fatores.
Unidade 3
Exercícios
I – Responda às questões.
1. Por que todos os agentes econômicos podem
ser reduzidos à categoria de consumidores?
______________________________________
______________________________________
______________________________________
2. Qual a relação entre utilidade e orçamento?
______________________________________
______________________________________
______________________________________
3. Que medida foi criada para verificar a utilidade?
______________________________________
______________________________________
______________________________________
II – Ligue corretamente as colunas.
(A) Utilidades
(B) Orçamento
(C) Consumidor
(D) Capitalista
(E) Poupança
1. ( ) Renda monetária do consumidor, que será
gasta na aquisição de bens e de serviços.
2. ( ) Quem vive da renda advinda dos juros.
3. ( ) Quantia que o consumidor reserva para
imprevistos futuros ou para render juros.
4. ( ) Capacidade que um bem ou um serviço
tem de satisfazer necessidades.
5. ( ) É o objeto final de toda a atividade
econômica.
III – Faça o que se pede.
1. Especifique os três tipos de renda que
conhecemos.
______________________________________
______________________________________
______________________________________
2. Explique a diferença entre a Teoria Cardinal
e a Teoria Ordinal.
______________________________________
______________________________________
______________________________________
 Unidade 3
Confira suas respostas
I – 1. Todos os agentes econômicos podem ser
reduzidos à categoria de consumidores, porque
todos têm necessidades que são satisfeitas com
o consumo de bens e de serviços.
2. A relação entre utilidade e orçamento reside
no fato de que, se o consumidor detém uma
pequena renda, irá se preocupar mais com a
utilidade do bem a ser adquirido. E, também,
um bem é útil na medida em que satisfaz a uma
necessidade pessoal, que varia de pessoa para
pessoa.
3. Os economistas clássicos criaram a “utis”, uma
unidade de utilidade para medir bens e serviços.
II – 1. (B)
2. (D)
3. (E)
4. (A)
5. (C)
I II – 1.
a. Renda advinda do salário
b. Renda advinda de juros
c. Renda advinda de aluguéis
2.
A teoria cardinal afirmava que a utilidade podia
ser medida cardinalmente em “utis” e que a
utilidade de um bem não era influenciada pelo
consumo de outros bens. A utilidade total das
mercadorias seria igual à soma das utilidades
de cada bem.
A teoria ordinal considera que a utilidade é
decorrente do consumo combinado, e não
individual, dos bens. Além disso, a utilidade
não é mais medida, mas, sim, ordenada,
hierarquizada.
A Curva da Demanda
Por que uma pessoa procura ou demanda
somente alguns bens?
Uma primeira razão é que alguns bens têm
utilidade, outros não. Mas não é só isso. Outros
fatores influenciam a escolha e a quantidade
de bens demandados por um consumidor. Entre
estes fatores, vale citar a renda das pessoas,
suas preferências, o preço do bem e o preço de
outros bens.
Dois aspectos inter-relacionados devem
ser considerados, em nosso estudo, do
comportamento do consumidor. O primeiro se
refere ao fato de que o consumidor sempre
preferirá consumir a maior quantidade de bens
dada à disponibilidade orçamentária. Uma
cesta de mercadorias (conjunto de diversos
bens e serviços adquiridos com o orçamento
23
do consumidor) que contenha mais produtos é
sempre preferível à que tenha menor quantidade
de mercadorias. O segundo é que o consumo de
qualquer bem ou serviço é altamente influenciado
por seu preço.
No entanto, podem existir várias combinações
com as quais o consumidor alcança a utilidade
máxima.
Em qualquer das combinações, o consumidor
estaria atingindo o mesmo nível de utilidade. A
esse conjunto de combinações possíveis, que
mantém a utilidade invariável, denomina-se
Curva de Indiferença ou CI. Isto quer dizer que
a curva é assim chamada porque o consumidor
se sente indiferente ou igualmente satisfeito com
as diversas combinações possíveis.
Analisemos, agora, nosso consumidor frente
a um único bem, enfoque mais operacional e
prático. Voltemos à nossa pergunta inicial: – O
que determina o comportamento do consumidor
frente a um bem?
Fundamentalmente, o preço deste bem, a
renda do consumidor, o preço de outros bens
e a utilidade que este bem proporciona. Para
fins de análise, admitiremos que a renda, o
preço dos outros bens e a utilidade sejam
constantes, de tal forma que a demanda seja
unicamente influenciada pelo preço do bem.
Novamente temos um conjunto de alternativas
ou possibilidades: se o preço do bem for muito
alto, o consumidor vai comprá-lo em pequenas
quantidades de cada vez.
A
Preço da Carne
80
60
40
20
P
2 4 6 8 10 Quantidade
de Carne
Existem algumas situações limites em que a
Curva de Demanda pode ser perfeitamente
vertical (A) ou perfeitamente horizontal (B). São
comportamentos extremados, pouco prováveis
 24
na vida real, mas importantes do ponto de vista
analítico.
P (A)
Demanda perfeitamente inelástica
Q • A Lei da Demanda expressa a relação inversa
P bem e seu preço. Indica que, quanto maior for
(B)
Demanda perfeitamente elástica
Q – o preço dos outros bens;
Numa Curva de Demanda perfeitamente vertical,
variações de preços não são significativas na
decisão do indivíduo de consumir o produto.
Geralmente envolve situações em que o
consumo de um bem é extremamente necessário
ou o consumidor se coloca numa situação
em que é completamente dependente do
consumo de tal produto.
Numa Curva de Demanda perfeitamente
horizontal, estaríamos frente a uma demanda
infinita de uma mercadoria a um preço fixo P.
A inclinação da Curva de Demanda mostra,
portanto, a sensibilidade das vendas de um
produto dada a variação de preços. Quanto mais
inclinada, mais vertical, menor a variação das
quantidades consumidas a partir de variações de
preços. Em outras palavras, é necessário grandes
alterações nos preços para se obter mudanças
nas quantidades. Por outro lado, quanto
menos inclinada for a curva de demanda (mais
horizontal), maior a resposta das quantidades
consumidas a partir de alterações nos preços.
Isto nos leva, então, a enunciar a Lei da Procura
ou Lei da Demanda: “A procura de um bem varia
na proporção inversa de seu preço: quanto maior
o preço, menor a procura e vice-versa.”
Unidade 3
Como ficaremos sabendo a quantidade que o
consumidor comprará? Quando colocarmos em
cena a oferta do bem, com sua curva de oferta.
Resumo
• Curva de Demanda é a representação gráfica
das diferentes quantidades de um bem que os
consumidores estão dispostos a comprar aos
diferentes preços por unidade de tempo.
existente entre a quantidade demandada de um
o preço de um bem, menor será a quantidade
demandada desse bem. Também é chamada de
Lei da Procura.
• O comportamento do consumidor é, basicamente,
determinado pelos seguintes aspectos:
– o preço do bem a ser adquirido;
– a renda do consumidor;
– a utilidade que o bem proporciona.
Exercícios
I – Responda às questões.
1. O que determina o comportamento de um
consumidor frente a um bem?
______________________________________
______________________________________
______________________________________
2. Qual o enunciado da Lei da Procura ou da
Demanda?
______________________________________
______________________________________
______________________________________
3. O que é Curva de Demanda?
______________________________________
______________________________________
______________________________________
II – Marque, com um x nos parênteses, as afirmativas
corretas.
1. ( ) Alguns bens têm utilidade; outros não.
2. ( ) O consumidor precisa de muitos bens e
serviços para satisfazer suas necessidades.
3. ( ) O consumo de qualquer bem ou serviço
nunca é influenciado por seu preço.
 Unidade 3
4. ( ) Curva de Indiferença ou C.I. é um conjunto
de combinações possíveis que mantém a
utilidade de um bem invariável.
5. ( ) Se o preço do bem for muito alto, o
consumidor vai comprá-lo em pequenas
quantidades de cada vez.
Confira suas respostas
I – 1. O comportamento de um consumidor é
determinado pelo preço do bem, pela sua
própria renda, pelo preço dos outros bens e pela
utilidade do bem a ser adquirido.
2. O enunciado da Lei da Procura ou da Demanda
é o seguinte: “A procura de um bem varia na
proporção inversa de seu preço: quanto maior
o preço, menor a procura e vice-versa”.
3. Curva de Demanda é a representação gráfica
das diferentes quantidades de um bem que os
consumidores estão dispostos a comprar aos
diferentes preços por unidade de tempo.
II – 1. (X)
2. (X)
3. (X)
4. (X)
5. (X)
Bens complementares e bens substitutos
Dois bens são considerados complementares entre
si, para o consumidor, quando são consumidos
juntos, para que a satisfação seja a máxima
possível. É o caso do pão e da manteiga, do
bife e da batata frita, do café e do leite, do
arroz e do feijão. Às vezes, esta relação de
complementaridade depende do hábito das
pessoas. Arroz e feijão é uma combinação sem
sentido no Canadá. Outras vezes, não. A porca e
o parafuso, o pneu e a roda não dependem de
lugar e de costumes.
Um exemplo na economia que é emblemático
na caracterização de bens complementares
é o consumo de veículos automotores e
combustíveis. Aumento de preço de combustíveis
desestimula a venda de automóveis e vice-versa.
Na construção, também há o caso da combinação
areia e cimento. O aumento do preço de um dos
componentes afeta a demanda pelo outro bem.
Existem dois casos especiais que vale a pena
retratar: os bens complementares perfeitos e os
bens substitutos perfeitos.
25
O caso dos bens complementares perfeitos
envolve a situação em que só existe uma única
combinação no consumo desses bens que
proporciona aumentos de satisfação. É o mesmo
caso dos produtos em que se consome aos pares.
Um pé de sapato esquerdo só combina com
um pé de sapato direito para formar um par de
sapatos. De nada me adiantaria ter dois pés de
sapato esquerdos, pois não seria de nenhuma
serventia. Para cada unidade de pé de sapato
esquerdo existe só uma combinação de pés
de sapato direito (1 por 1, neste caso) que me
proporciona aumento de satisfação.
No caso dos bens substitutos perfeitos,
sendo estes perfeitamente substituíveis, pode-se
consumir só um desses ou qualquer combinação
entre eles. Suponha que uma criança seja
indiferente entre lápis de cor verdes e azuis.
Para esta criança o que importa é a quantidade
de lápis que possui e não as cores desses
lápis. Nesse caso, qualquer combinação entre
lápis verdes e azuis, desde que some a mesma
quantidade de lápis, será igualmente útil para o
consumidor.
Resumo
• Bens complementares são aqueles que precisam
ser consumidos juntos para gerar a satisfação
máxima para as pessoas.
• Bens substitutos são aqueles que podem ser
substituídos no consumo, gerando satisfação
igual ou semelhante para o consumidor.
Exercícios
I – C o m p l e t e a s l a c u n a s , e s c o l h e n d o
convenientemente a palavra que dará sentido
a cada afirmativa abaixo.
1. Para que dois bens sejam considerados
complementares, eles precisam ser
consumidos ___________________ (juntos/
separadamente), para que o consumidor tenha
a ___________________ (máxima/mínima)
satisfação.
2. Para que dois bens sejam considerados
substitutos, eles podem ser
consumidos ________________ (juntos/
separadamente), proporcionando satisfação
___________________ (semelhante/diferente)
para o consumidor.
 26
3. Dois bens iguais, mas com marcas diferentes,
como biscoitos, são bens substitutos. Portanto,
se o preço do biscoito da marca A aumenta,
é de se supor que a demanda pelo biscoito B
___________________ (aumente/diminua).
II – Responda às questões.
1. Quando dois bens são considerados
complementares?
______________________________________
______________________________________
______________________________________
______________________________________
2. Que são bens substitutos?
______________________________________
______________________________________
______________________________________
______________________________________
______________________________________
Confira suas respostas
I – 1. juntos/máxima
2. separadamente/semelhante
3. aumente
II – 1. Dois bens são considerados complementares entre
si, para o consumidor, quando são consumidos
juntos, para que a satisfação seja a máxima
possível.
2. Bens substitutos são aqueles que podem ser
substituídos um pelo outro, sem que a satisfação
do consumidor seja prejudicada.
TEORIA ELEMENTAR DA
PRODUÇÃO
Para podermos compor o cenário completo de um
mercado, é necessário conhecermos a procura e
a oferta. Já vimos a primeira, resta-nos, então,
estudar esta última, com certo detalhe, para
que nosso conhecimento se complete. Vamos
verificar como se processa a produção de bens
e de serviços, ou seja, como os produtos se
organizam. De início, daremos alguns conceitos
básicos que nos permitirão melhor entender o
processo produtivo.
Unidade 3
O primeiro conceito é o de firma ou empresa.
Firma ou empresa é uma unidade técnica de
produção; o local onde se realiza a produção,
sem a preocupação com aspectos jurídicos ou
contábeis. Uma firma é um conjunto composto
de local, trabalhadores e matérias-primas, onde
se produzem bens ou serviços. Não é importante
saber se ela é, por exemplo, registrada ou se tem
uma contabilidade organizada.
De acordo com este conceito, tanto a Ford como a
costureira que faz roupas em casa ou o mecânico
de fundo de quintal são firmas. Em cada uma
delas, é possível identificar o empresário, aquele
que organiza o processo produtivo.
O segundo conceito importante é o de fator de
produção, que compreende trabalho, capital
e recursos naturais. Por fim, o conceito de
produção, que é o processo de combinação dos
fatores de produção pelo empresário, que visa à
obtenção de bens e serviços que serão ofertados
no mercado.
As funções de produção
Sabemos que podemos obter bens e serviços
combinando fatores de produção. Mas quanto
obteremos de um bem se utilizarmos variadas
quantidades de fatores de produção? A
quantidade produzida dependerá do montante
utilizado dos fatores de produção, combinados
de uma determinada maneira. As maneiras
de se combinar os fatores são as diversas
tecnologias disponíveis. Assim, sempre existirão
tecnologias que usam muito trabalho ou muito
capital. Mas, definida a tecnologia a ser utilizada,
existirão combinações possíveis de fatores de
produção que produzirão quantidades de bens
e serviços. A esta relação entre produção e
fatores dá-se o nome de função de produção
que matematicamente pode ser expressa da
seguinte forma:
Q = f (k, L)
Quantidade produzida (Q) é uma função da
quantidade utilizada do fator capital (K) e
da quantidade utilizada do fator trabalho (L).
Por exemplo, suponhamos que a produção
de camisas seja representada pelo quadro a
seguir.
 Unidade 3
Q K L II – Relacione corretamente as colunas.
100 80 30
120 90 35
150 100 40
190 110 45
230 120 50
270 130 55
Ou seja, para produzirmos 100 camisas temos
que utilizar 80 unidades de capital e 30 de
trabalho, e assim por diante.
Resumo
• Firma ou empresa é uma unidade técnica que
combina os fatores de produção para produzir
bens e serviços.
• Fatores de produção são os elementos
transformados durante o processo de produção.
São classificados em três grupos: trabalho,
capital e recursos naturais.
• Produção é o processo que combina e transforma
os fatores de produção adquiridos pela empresa,
visando criar bens e serviços que serão ofertados
no mercado.
• Função de produção é uma relação técnica que
associa as diferentes quantidades de fatores de
produção, empregados no processo produtivo,
às quantidades produzidas de um bem ou de um
serviço.
• Empresário é o agente que organiza o processo
produtivo.
Exercícios
I – Responda às questões a seguir.
A função de produção de uma fábrica de sabão
é dada pela expressão matemática (ou função
matemática): Q = 100 + 80 K + 35 L
1. Qual será a quantidade produzida se empregar
15 uds de K e 10 uds de L?
______________________________________
______________________________________
______________________________________
2. E se forem utilizados 40 K e 50 L?
______________________________________
______________________________________
______________________________________
27
(A) Empresa
(B) Empresário
(C) Produção
1. ( ) Unidade técnica de produção, o local onde
se realiza a produção.
2. ( ) O agente que organiza o processo
produtivo.
3. ( ) Processo de combinação dos fatores de
produção pelo empresário, visando à
obtenção de bens e de serviços.
III – Escreva F (para falso) e V (para verdadeiro),
nos parênteses, conforme o conteúdo das
afirmativas.
1. ( ) Um local, trabalhadores e matérias-primas
não constituem uma empresa.
2. ( ) Toda firma deve ser registrada e ter uma
contabilidade organizada.
3. ( ) Empresário é aquele que organiza o
processo que gerará bens e serviços.
4. ( ) A quantidade de bens produzidos
dependerá do montante utilizado dos
fatores de produção, combinados de uma
determinada maneira.
5. ( ) A uma unidade técnica de produção dá-se
o nome de firma ou empresa.
Confira suas respostas
I – 1. 1.650 quilos de sabão
(Q = 100 + 80 x 15 + 35 x 10)
2. 5.050 quilos de sabão
(Q = 100 + 80 x 40 + 35 x 50)
II – 1. (A)
2. (B)
3. (C)
III – 1. (F) Constituem sim.
2. (F) Não necessariamente.
3. (V)
4. (V)
5. (V)
O custo de produção, receita e lucro
O objetivo de uma empresa é, em geral, ganhar
dinheiro fazendo negócios. Para que ela consiga
continuar funcionando, é necessário que essa
 28
empresa tenha lucros para que possam ser
reinvestidos na produção. O que é o lucro de uma
empresa? O montante que a empresa recebe pela
venda de sua produção é denominado receita
total. A quantia que a empresa gasta para
adquirir insumos (fatores necessários para que
haja produção, como matérias-primas e trabalho)
é chamada custo total. Definimos lucro como a
receita total da empresa menos seus custos totais,
ou seja:
L (Lucro) = RT (receita total) – CT (custos totais)
Em relação a custos, a distinção entre custos
explícitos (custos de insumos que exigem um
desembolso monetário da empresa, como por
exemplo: ter que pagar os trabalhadores de uma
fábrica) e custos implícitos (custos de insumos
que não exigem um desembolso monetário da
empresa, como, por exemplo o fato de uma
pessoa poder se ocupar de outra atividade que
poderia dar-lhe mais renda, ou seja, é uma renda
que ela abdica de ganhar) é importante na hora
de contabilizar os lucros.
A Curva de Oferta
Já vimos, anteriormente, que do lado dos
consumidores existe a Curva da Demanda; falta
agora conhecermos o lado dos produtores ou da
oferta. Do ponto de vista do produtor, existe uma
relação entre quantidade e preços, denominada
Curva da Oferta ou função oferta, que pode ser
expressa da seguinte maneira:
QA = F (PA)
ou, quantidade ofertada do bem A é uma função
(ou depende) do preço do bem A.
Analisemos a lógica desta afirmação: é razoável
supor que qualquer produtor se sinta animado a
produzir mais se o preço do produto, no mercado,
for alto ou estiver em ascensão, porque seu lucro,
nesse caso, estará aumentando. Da mesma
maneira, ele reduzirá a produção se o preço
estiver caindo sistematicamente. Existe, então,
uma relação direta entre quantidade ofertada e
preço do bem, ao contrário da demanda, onde
a relação é inversa. Esse comportamento é
conhecido como Lei da Oferta.
A Curva da Oferta representa o comportamento
do conjunto de produtores de cada bem e este
Unidade 3
comportamento é específico de bem para bem.
Sempre que qualquer um dos determinantes
da oferta (exceto o preço) se alterar, a Curva de
Oferta se desloca.
Resumo
• Custo de produção é a despesa do empresário com
a aquisição dos fatores de produção, necessários
ao desenvolvimento de suas atividades.
• Receita é a quantia que o empresário recebe
quando vende sua produção.
• Lucro total é a diferença entre a receita do
empresário e o seu custo de produção.
• Curva da Oferta é a relação entre as quantidades
de um bem ou um serviço que os empresários
estão dispostos a ofertar e seus respectivos
preços.
• Lei da Oferta é a relação direta que existe entre
preços de um bem e a quantidade ofertada.
Assim, quanto maior o preço, maior será a
quantidade ofertada.
Exercícios
I – Resolva. (Use folha avulsa para os cálculos.)
1. Seja um empresário que produza buzinas
e usa o fator trabalho ao preço unitário de
R$120,00, capital ao preço de R$80,00 e
matérias-primas ao preço unitário de R$50,00.
Complete a tabela a seguir, calculando CT, RT e
LT, sabendo que o preço de venda é R$40,00.
Q K L MP CT RT LT
1.000 100 80 50
1.500 200 160 100
2.000 290 230 140
2.500 370 290 180
3.000 440 340 220
II – Complete os espaços em branco com as
palavras listadas abaixo.
horas utilizadas – lucro – receita total – receita –
fatores de produção – preços – quantidades utilizadas
– despesa – horas trabalhadas – quantidade
1. Para que a produção ocorra, o empresário
tem que adquirir os ___________________,
pagando por eles determinado preço.
2. O fator capital pode ser medido por __________
_______________________, o fator trabalho
por _________________________ e a matéria-
prima por ___________________.
 Unidade 3
3. Ao vender o seu produto, o empresário terá
um preço de mercado que, multiplicado pela
quantidade, dará a _______________________.
4. O ____________________ é que permite a
empresa sobreviver, ampliar e fazer frente às
incertezas do futuro.
5. Do ponto de vista do produtor, existe uma
relação entre __________________________ e
____________________________, denominada
Curva da Oferta.
6. À quantia que o empresário recebe quando
vende sua produção dá-se o nome de
________________.
29
determinar o preço e a quantidade com os quais
produtores e consumidores estejam de acordo,
pois o mercado deve estar em equilíbrio. Isto
quer dizer que estejam determinados o preço e
a quantidade de equilíbrio. É fácil compreender
o que dissemos com o auxílio do gráfico a seguir.
P Oferta
A B
5
E
4
D
2 C
Demanda

10
Confira suas respostas
10 12 15 18 qt
I – 1.
Q CT RT LT Ao preço de R$5,00, os consumidores estariam
1.000 20.100 40.000 19.900 dispostos a comprar 12 unidades do bem
1.500 40.200 60.000 19.800 (ponto A), enquanto os produtores estariam
2.000 57.800 80.000 22.200 dispostos a ofertar 18 unidades (ponto B).
2.500 73.400 100.000 26.600
Ao preço de R$2,00, a situação inverte-
3.000 87.000 120.000 33.000
se. A oferta restringe-se a 10 unidades,
II – 1. fatores de produção enquanto os consumidores estariam dispostos a
2. horas utilizadas/horas trabalhadas/quantidades comprar 18. No primeiro caso, haveria excesso
utilizadas de oferta e um estoque se formaria, no
3. receita total
4. lucro
montante de 18 – 12 = 6 unidades. Todavia, os
5. quantidade – preços ofertadores não querem ter estoques e esta é a
6. receita razão pela qual as transações não se realizam.
No segundo caso, haveria escassez de oferta (e
consequente excesso de demanda) e falta do
bem no montante de 18 – 10 = 8 unidades.
MERCADO: DETERMINAÇÃO Esta é a razão pela qual as transações não
DO PREÇO DE EQUILÍBRIO ocorreram: o mercado não pôde ser satisfeito.
Há, todavia, um preço que satisfaz a ambas as
partes e que não permite que haja excesso ou
O mercado é o local onde se encontram os escassez do bem no mercado: é o chamado
consumidores de bens e de serviços. Envolve preço de equilíbrio, no caso, R$4,00 (ponto E).
estruturas físicas (espaço físico apropriado onde Aí, demanda e oferta cruzam-se e determinam
as transações são realizadas, como por exemplo um único preço e uma única quantidade. O que
a Bolsa de Valores, o shopping center, a feira, ocorre na realidade é uma permanente oscilação
o escritório) e as estruturas legais (as regras do preço em transações individuais que sempre
jurídicas) que ditam as maneiras pelas quais as tende para o ponto de equilíbrio.
transações são efetuadas.
É preciso lembrar que as curvas de oferta e
demanda, que unem preços e quantidades,
Resumo
exprimem possibilidades, ou seja, explicitam
• Mercado é o lugar onde se encontram a
quantidades que se ofertariam ou se
procura e a oferta de um bem e onde o preço e
consumiriam a determinados preços. Portanto, a quantidade pelos quais ele será vendido são
o conhecimento e a análise de uma das curvas, determinados.
sem o conhecimento da outra, não permite
 30
• Preço de equilíbrio ou preço de mercado é aquele
que iguala a oferta e a procura e pelo qual o bem
será vendido.
• Produtores são aquelas pessoas que compõem
a oferta.
• Consumidores são aquelas pessoas que compõem
a demanda.
• Mecanismos do mercado são as estruturas
físicas (local, mesa, pregão) e estruturas legais
(as regras jurídicas), que ditam as maneiras pelas
quais as transações são efetuadas.
• Ponto de equilíbrio é o ponto em que o preço
satisfaz ao produtor e ao consumidor e que não
permite que haja excesso ou escassez do bem no
mercado.
Exercícios
I – Complete as lacunas com as palavras listadas
no retângulo.
produtores consumidores estruturas
físicas ponto de equilíbrio preço de
equilíbrio mercado estruturas legais
1. Ao conjunto de pessoas e mecanismos que
permitem que oferta e demanda se encontrem
dá-se o nome de ___________________.
2. O s m e c a n i s m o s d o m e r c a d o s ã o a s
__________________ e as _________________.
3. As pessoas que compõem a demanda são
chamadas __________________.
4. Àquele preço que iguala a oferta e a procura,
dá-se o nome de _____________________.
5. ________________ são aquelas pessoas que
compõem a oferta.
6. O ponto em que o preço satisfaz ao produtor
e ao consumidor e que não permite que haja
excesso ou escassez do bem no mercado é
chamado de _________________.
II – Escreva, nos parênteses, F (para falso) e V
(para verdadeiro), conforme o conteúdo das
afirmativas.
1. ( ) Oferta e demanda encontram-se no
mercado.
2. ( ) Para que se consiga determinar a
quantidade em que um bem será
comprado ou vendido e a que preço, o
mercado deve estar em equilíbrio.
3. ( ) Dificilmente produtor e consumidor
chegam a um ponto em que não haja
excesso ou escassez do bem no mercado.
Unidade 3
4. ( ) As regras jurídicas constituem o único e
mais importante mecanismo pelo qual as
transações de mercado são efetuadas.
5. ( ) Escassez ou excesso de bens não
interessam nem ao produtor nem ao
consumidor.
Confira suas respostas
I – 1. mercado
2. estruturas físicas e estruturas legais
3
. consumidores
4. preço de equilíbrio
5. produtores
6. ponto de equilíbrio
II – 1. (V)
2. (V)
3. (F) Na verdade, as transações econômicas
sempre levam a um ponto de equilíbrio.
4. (F) Além das regras jurídicas, também fazem
parte as estruturas físicas.
5. (V)
CLASSIFICAÇÃO DOS MERCADOS
Os mercados, dependendo da quantidade de
empresas que compõem a oferta e de quanto os
bens sejam parecidos, podem ser classificados
em quatro tipos.
• Concorrência pura ou perfeita.
• Monopólio puro.
• Oligopólio.
• Concorrência monopolística.
O mercado em concorrência pura ou perfeita
apresenta quatro características principais.
• Atomicidade – Nenhum produtor é grande o
suficiente para, sozinho, conseguir formar o
preço de mercado de seu produto.
• Homogeneidade – As mercadorias produzidas
são homogêneas, não há diferenciação entre
o produto fabricado ou o serviço prestado
pela firma A ou B. Os consumidores são
indiferentes ao consumo de A ou B, ou seja,
A e B são igualmente preferíveis.
• Pleno conhecimento tecnológico – Todos
os empresários do mercado conhecem a
tecnologia utilizada na fabricação de produto
dos seus concorrentes.
 Unidade 3
• Plena mobilidade dos fatores – Não existem
barreiras à entrada na produção de qualquer
mercadoria. Se uma determinada atividade
não está lucrativa, o empresário pode utilizar
seus fatores de produção para a fabricação
de outra mercadoria.
O estudo da concorrência perfeita é fundamental
para se construir um modelo de mercado ideal,
em que realmente as curvas de oferta e demanda
se ajustem.
Os mercados que mais se aproximam deste
modelo são os mercados agrícolas. Por exemplo,
existem muitos produtores de banana-prata e
todos oferecem praticamente o mesmo produto.
Nesse mercado, oferta e demanda são igualmente
importantes na determinação do preço de
equilíbrio.
O monopólio puro é um tipo extremo de mercado
em que só existe um produtor e o bem oferecido
não possui bens substitutos. A importância da
empresa é muito grande, a ponto de, se ela
deixar de existir, a oferta do bem desaparece.
Monopólios puros, às vezes, existem na iniciativa
privada durante certo tempo, mas tendem a
desaparecer porque outras empresas surgirão,
atraídas pelo preço elevado. Na realidade,
quando existe monopólio, o monopolista é quem
praticamente determina o preço. Os únicos casos
de monopólio puro permanente são encontrados
no setor estatal.
O oligopólio é um regime de mercado entre
o monopólio e a concorrência perfeita, pois se
caracteriza pela existência de alguns produtores
que oferecem produtos diferenciados e bastante
substituíveis. Nesse caso, os produtores exercem
considerável influência na determinação do preço
mas os consumidores detêm certa influência.
A diferenciação do produto, em geral, ocorre
em função da marca. Em vários mercados da
vida real existe o oligopólio: artigos de higiene
(sabonete, sabão), eletrodomésticos (geladeiras,
fogões), automóveis etc.
A concorrência monopolística é um mercado
em que há um número suficientemente grande
de produtores, de modo que cada produtor,
individualmente, não é importante, o que é
uma característica da concorrência perfeita. O
produto oferecido é bastante semelhante, mas é
o consumidor quem o acha diferente dos demais,
o que é uma característica do oligopólio.
31
Como exemplo, citamos as fábricas de roupas
da moda, os produtos têxteis e a prestação de
serviço em grandes cidades.
De fato, uma roupa da moda (jeans, por exemplo)
é produzida por um sem-número de fábricas, mas
o consumidor as diferencia pela marca.
Nesse mercado, o preço sofre menos influência
do consumidor e mais, do produtor.
A propaganda
A propaganda tem duas funções básicas para o
produtor de um bem.
Em mercados oligopolistas e de concorrência
monopolística, ela tem a função de atrair os
consumidores para um determinado bem, em
detrimento dos demais. Este é o caso, no Brasil,
da indústria das bebidas e, particularmente, o
ramo da cerveja. Já que o mercado se encontra
bem desenvolvido, a solução é subtrair os
consumidores dos outros, em uma guerra
publicitária.
A outra função da propaganda é ampliar o
mercado e isto se aplica particularmente aos
monopólios.
A estrutura do mercado de fatores de
produção
Até aqui identificamos as estruturas de mercados
de bens e de serviços. O mercado de fatores de
produção – mão de obra, capital, terra e tecnologia –
também apresenta diferentes estruturas.
As estruturas no mercado de fatores de produção
podem ser assim classificadas.
• Concorrência Perfeita no mercado de
fatores – É um mercado em que existe oferta
abundante do fator de produção (por exemplo
mão de obra não especializada), o que torna o
preço desse fator constante. Os ofertantes ou
fornecedores, como são em grande número,
não têm condições de obter preços mais
elevados por seus serviços.
• Monopsônio – Trata-se de uma forma de
mercado na qual há somente um comprador
para muitos vendedores dos serviços dos
 32
insumos. É o caso da empresa que se instala
em uma determinada cidade do interior e, por
ser a única, torna-se demandante exclusiva
da mão de obra local e das cidades próximas,
tendo para si a totalidade da oferta de mão
de obra.
• Oligopsônio – É um mercado em que existem
poucos compradores que dominam o mercado
para muitos vendedores. Exemplo: indústria
de laticínios. Em cada cidade existem dois ou
três laticínios que adquirem a maior parte do
leite dos inúmeros produtores rurais locais. A
indústria automobilística, além de oligopolista
no mercado de bens e de serviços, também é
oligopsonista na compra de autopeças.
• Monopólio bilateral – O monopólio bilateral
ocorre quando um monopsonista, na compra
de um fator de produção, defronta-se com
um monopolista na venda deste fator. Por
exemplo, só a empresa A compra um tipo de
aço que é produzido apenas pela siderúrgica
B. A empresa A é monopsonista, porque só ela
compra este tipo de aço, e a siderúrgica B é
monopolista, porque só ela vende este tipo de
aço. Nesses casos, a determinação dos preços
de mercado dependerá não só de fatores
econômicos, mas do poder de barganha de
ambos: o monopsonista tentando pagar o
preço mais baixo (usando a força de ser o único
comprador) e o monopolista tentando vender
por um preço mais elevado (usando o poder de
ser o único fornecedor).
Resumo
• Os mercados classificam-se em: concorrência
pura ou perfeita, monopólio puro, oligopólio e
concorrência monopolística.
• Concorrência pura ou perfeita é o mercado em
que existe um grande número de empresas
oferecendo um mesmo produto que é igual, aos
olhos dos consumidores.
• Monopólio puro é o tipo de mercado em que existe
apenas uma empresa oferecendo um bem para
o qual não existem substitutos satisfatórios.
• Oligopólio é o tipo de mercado em que há um
número de empresas pequeno e suficiente para
que as ações de uma afetem as outras. Elas
produzem bens diferenciados, mas substituíveis
entre si.
• Concorrência monopolística é o tipo de mercado
em que há um número razoável de empresas
produzindo um mesmo bem que, aos olhos
Unidade 3
do consumidor, é diferente de produtor para
produtor.
• Monopolista é quem determina o preço. Os únicos
casos de monopólio puro são encontrados no
setor estatal.
• A propaganda tem duas funções básicas para o
produtor de um bem:
– atrair consumidores para um determinado
bem, em detrimento dos demais;
– ampliar os mercados.
• As estruturas no mercado de fatores de produção
podem ser assim classificadas: concorrência
perfeita no mercado de fatores, monopsônio,
oligopsônio e monopólio bilateral.
Exercícios
I – Responda às questões.
1. Quais os tipos em que se classificam os
mercados?
______________________________________
______________________________________
______________________________________
______________________________________
______________________________________
2. Em que tipo de mercado se encaixam os
produtos agrícolas?
______________________________________
______________________________________
______________________________________
______________________________________
______________________________________
3. Em que tipo de mercado só existe um produto e
o bem oferecido não possui bens substitutos?
______________________________________
______________________________________
______________________________________
______________________________________
______________________________________
 Unidade 3 33
4. Em que setor são encontrados os únicos casos
de monopólio puro permanente? Exemplo.

______________________________________

______________________________________

______________________________________

______________________________________

______________________________________

______________________________________

II – Complete as lacunas com as palavras listadas

no retângulo.

oligopólio – monopolística – produtores

propaganda – consumidores – ampliar os
mercado

1. A ______________________ tem duas funções

básicas para o produtor de um bem.

2. A t r a i r _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ e
__________________ são as duas funções da
propaganda.

3. Roupa da moda, produtos têxteis e prestação

de serviços são exemplos de concorrência
______________________________.

4. Concorrência _________________________
é aquela em que há um número razoável
de empresas produzindo um mesmo bem
que, aos olhos do consumidor, é diferente de
produtor para produtor.

Confira suas respostas

I – 1. Os mercados classificam-se em:

a. concorrência pura ou perfeita;

b. monopólio puro;
c. oligopólio;
d. concorrência monopolística.

2. Os produtos agrícolas se encaixam no mercado

de concorrência pura ou perfeita.
3. O tipo de mercado em que só existe um produto
e o bem oferecido não possui bens substitutos
é o monopólio puro.
4. Os casos de monopólio puro permanente são
encontrados no setor estatal.

II – 1. propaganda
2. consumidores – ampliar os mercados
3. monopolística
4. monopolística
 Técnico em Transações Imobiliárias
Economia Monetária
Unidade 4
Objetivo:
• Identificar a moeda e suas funções, bem
como causas e consequências do processo
inflacionário.
A MOEDA
A origem e o estado atual
Durante muito tempo, o ser humano praticou a
economia de troca, quer dizer, o pastor trocava
suas cabras com o agricultor que produzia
trigo. Esse era um sistema primitivo e muito
complicado porque, com frequência, o pastor
desejava uma quantidade de trigo inferior ao
valor de uma cabra, por exemplo. Ademais, as
pessoas eram obrigadas a negociar longamente
cada troca que tinham de fazer. Um dia, baseado
em sua escassez, um bem começou a ser a
referência para as trocas. Em Roma, onde era
raro, o sal passou a ser adotado como moeda.
Assim, uma ovelha valia uma certa quantidade
de sal e determinado volume de trigo valia outra
quantidade de sal. Com o passar do tempo, as
civilizações acharam uma referência melhor:
os metais preciosos, que pesavam pouco,
tinham alto valor – eram escassos –, eram
facilmente reconhecíveis e fáceis de serem
cunhados. Outro detalhe curioso se refere ao
fato de que as moedas eram serrilhadas nas
bordas para mostrar que ninguém poderia tentar
reduzir seu peso ou conteúdo. Apareceram,
então, os cunhadores de moedas metálicas,
pessoas que tinham uma fundição de metais
preciosos e eram consideradas de reputação
relativamente ilibada. Para evitar serem roubados,
os mercadores da época passaram a deixar o
ouro e a prata que obtinham nas transações
comerciais com cunhadores de confiança que,
em troca, forneciam um recibo, atestando o
depósito. Essa é a origem do papel-moeda e dos
bancos. Com o tempo, esses recibos começaram
a circular de mão em mão e, com frequência, os
mercadores solicitavam vários recibos menores
que somados davam o montante depositado
para que se pudesse facilitar as compras e as
vendas. Os cunhadores, pais dos banqueiros
modernos, logo perceberam que as quantidades
depositadas sempre superavam as retiradas,
de tal forma que podiam emprestar o que na
realidade não tinham: recibos, sem lastro, de
metais preciosos. Surgiu, então, a moeda
escritural, que permitia ao banqueiro ganhar
com o que não tinha. Data também dessa época
o aparecimento do juro, que é o pagamento dado
a quem poupa ao invés de consumir.
Na atualidade, o sistema financeiro de um país
funciona basicamente dessa maneira. Para
evitar que os bancos emprestem excessivamente
o que não têm, o Banco Central, autoridade
monetária máxima do sistema, determina que
parte dos depósitos de um banco não pode
ser emprestada, ficando como garantia. Esse
montante é chamado de encaixe ou depósito
compulsório no Banco Central.
O sistema bancário como um todo procede,
dessa maneira, emprestando mais do que tem,
para fomentar os negócios e os investimentos.
A relação entre os empréstimos concedidos
e o total de depósitos e venda de títulos é
chamado de multiplicador bancário e é sempre
maior que um.
Se, durante um ano, o sistema bancário captou
500 bilhões e emprestou 800, a diferença
corresponde à moeda escritural.
 Unidade 4
Modernamente, a emissão de moeda está a cargo
de órgãos do Governo e seu valor não está no
material em que é cunhada ou impressa, mas pelo
que representa, em sua totalidade, do que o país
produz de bens e serviços. É chamada de moeda
fiduciária porque vem da palavra latina fide ou
fé. Na atualidade, a moeda fiduciária do Brasil é
o real e é a única legalmente estabelecida para
todas as transações econômicas e financeiras.
As funções da moeda
A moeda no mundo moderno é essencial e tem
várias funções. A primeira e mais tradicional é
servir como meio de troca, como já vimos.
A segunda função é servir como reserva de
valor. Para uma pessoa que não deseja gastar
todo o dinheiro que tem, é importante saber que
a parcela que poupou terá o mesmo poder de
compra no futuro.
A terceira função da moeda é servir como
unidade de conta, ou seja, é uma medida,
na qual todos os bens e serviços podem ser
expressos e, consequentemente, comparados,
somados, subtraídos, multiplicados e divididos.
Esta função permite que se somem as mais
diversas mercadorias para se obter o produto de
uma economia.
A quarta e última função da moeda é servir
como padrão para pagamentos no futuro.
A moeda permite que os empréstimos sejam
viabilizados, na medida em que liga o presente
(o empréstimo) ao futuro (os pagamentos).
Resumo
• Moeda é todo objeto que serve como referência
para vendas e compras numa economia.
• A emissão de moeda está a cargo de órgãos do
Governo e seu valor não está no material em
que é cunhada ou impressa, mas pelo que
representa, em sua totalidade, do que o país
produz de bens e serviços.
• Moeda escritural é o excesso de moeda que se
cria quando o sistema bancário empresta mais
do que recebe como depósito ou em função da
venda dos seus títulos de crédito.
35
• Moeda fiduciária é a moeda emitida pelos bancos
centrais do país e de uso obrigatório.
• Encaixe ou depósito compulsório é a parte dos
depósitos que os bancos não podem emprestar,
ficando como lastro dos depósitos.
• O real é a moeda fiduciária do Brasil, atualmente,
para todas as transações econômicas e
financeiras.
• As funções da moeda podem assim ser descritas:
– função de troca;
– função de reserva de valor, ou seja, se você
poupa, você sabe que a parcela que poupou
terá o mesmo poder de compra no futuro;
– função de servir como unidade de conta, ou
seja, permite que se somem as mais diversas
mercadorias para se obter o produto de uma
economia;
– função de servir como padrão para pagamento
no futuro, ou seja, a moeda permite que os
empréstimos sejam viabilizados.
Exercícios
I – Assinale, com um X nos parênteses, a alternativa
correta.
1. Moeda fiduciária é aquela que:
a. ( ) tem um correspondente em ouro nos
cofres públicos.
b. ( ) é emitida pelos bancos centrais de
cada país, tendo curso obrigatório.
2. Moeda escritural é aquela:
a. ( ) criada pelos bancos, quando estes
emprestavam ou aplicavam uma
quantidade de moeda superior à que
tinham em seu poder.
b. ( ) cunhada em metal precioso, trazendo
o seu peso impresso.
II – Numere corretamente os parênteses abaixo,
tendo em vista as 5 (cinco) etapas de
desenvolvimento por que passou a moeda,
desde o seu aparecimento até nossos dias.
a. ( ) Os metais preciosos, como ouro e prata,
passaram a ser a nova referência para as
transações.
b. ( ) Sistema de troca com longas negociações.
c. ( ) Os papéis denominados recibos surgiram
atestando o depósito de metais.
d. ( ) O sal passou a ser adotado como moeda.
 36
e. ( ) A moeda escritural surgiu quando o
banqueiro descobriu que podia ganhar
emprestando uma quantia que não
possuía.
III – Responda às questões.
1. O que é juro?
______________________________________
______________________________________
______________________________________
2. O que é encaixe ou depósito compulsório?
______________________________________
______________________________________
______________________________________
3. Em que consiste o valor de uma moeda emitida
por órgão responsável de um país?
______________________________________
______________________________________
______________________________________
IV – Complete os retângulos abaixo com as várias
funções da moeda.
1. A primeira e mais tradicional é servir como
. 2. Função de reserva de valor
2. A segunda é servir como
.
3. A terceira é servir como
. qual seja a de servir como unidade de conta.
4. A quarta e última função da moeda é servir
como
. MERCADO MONETÁRIO
V – Marque certo ou errado, com um X nos
parênteses, conforme o conteúdo das
afirmativas.
1. O sistema bancário como um todo empresta
mais do que tem, para fomentar os negócios
e os investimentos.
( ) CERTO ( ) ERRADO
2. A relação entre os empréstimos concedidos e o
total de depósitos e venda de títulos é chamado
de multiplicador bancário e é sempre maior
que um.
( ) CERTO ( ) ERRADO
Unidade 4
3. A função da moeda que permite que se somem
as mais diversas mercadorias para se obter
o produto de uma economia é denominada
reserva de valor.
( ) CERTO ( ) ERRADO
Confira suas respostas
I – 1. b. (x)
2. a. (x)
II – a. (3o)
b. (1o)
c. 4o)
d. (2o)
e. (5o)
III – 1. Juro é o pagamento dado a quem poupa, ao
invés de consumir.
2. Encaixe ou depósito compulsório é a parte dos
depósitos que os bancos não podem emprestar
e que servem como lastro de outros depósitos,
segundo determinações do Banco Central que
atua como redutor da capacidade de os bancos
comerciais criarem moeda.
3. O valor de uma moeda não está no material
em que é cunhada ou impressa, mas pelo que
representa, em sua totalidade, do que o país
produz de bens e serviços.
IV – 1. Função de troca
3. Função de servir como unidade de conta
4. Função de servir como padrão para pagamento
no futuro
V – 1. (x) Certo
2. (x) Certo
3. (x) Errado. Esta é a terceira função da moeda,
A demanda e a oferta de dinheiro e taxas
de juros
Por que as pessoas procuram e retêm dinheiro?
A primeira resposta está no fato de que elas
necessitam dele para comprar bens e serviços
que satisfaçam suas necessidades. Mas por que,
mesmo gastando o necessário e ainda sobrando,
as pessoas não aplicam toda essa sobra em
títulos financeiros, CDBS, por exemplo? De
 Unidade 4
imediato é bom lembrar que as nossas despesas
acontecem ao longo do tempo e esta é uma
primeira resposta. Em condições normais, é de
se supor que as pessoas, no começo de cada
mês, dividam seus salários em pelo menos duas
partes: uma para os gastos previstos e outra para
a poupança.
Então, a primeira razão pela qual as pessoas
ficam com a moeda ou o dinheiro é para que elas
possam efetuar transações. A isto se chama
demanda para transações. Todavia, como
o futuro nunca é certo, as pessoas sentem
necessidade de reter certa quantidade de moeda
para os imprevistos. Uma doença repentina, um
gasto inesperado, ninguém está livre deles. Essa
é a razão que está por trás da demanda ou
procura de moeda por precaução.
As pessoas ficam com moeda por uma terceira
razão: para especularem. Essa procura foi
denominada de demanda de moeda para
especulação.
A demanda para especulação depende da taxa
de juros em uma relação inversa: quanto maior
for a taxa de juros tanto menor será a demanda
para especulação e vice-versa. Isso porque,
quando a taxa de juros for alta, os recursos
disponíveis fluirão para os títulos, e percorrerão
o caminho inverso, quando a taxa for baixa.
Vendo de outro ângulo, a taxa de juros é o
preço do dinheiro no mercado financeiro. Quando
nós colocamos nosso dinheiro numa caderneta
de poupança e nosso dinheiro é emprestado
a terceiros, os rendimentos (ou juros) são o
pagamento (ou preço) que cobramos pelo
nosso empréstimo.
Então a demanda de moeda como um todo
tem dois grandes componentes: um que
depende dos juros – a demanda de moeda para
especulação – e outro que depende da renda,
pois será proporcional ao tamanho de nossa
renda – as demandas de moeda para transação
e por precaução.
A oferta de moeda
A oferta de dinheiro é uma atribuição das
autoridades monetárias de um país, em geral do
37
Banco Central. Assim, ela não depende da taxa
de juros, mas da política econômica adotada.
Não obstante, existem algumas regras de
bom-senso que a autoridade deve observar
para que o sistema não sofra choques bruscos.
A primeira é que a quantidade de moeda em
circulação só deve aumentar quando o produto
aumenta. Se no presente tem-se uma relação de
produto de 1 quilo de batata por 1 real, então,
se a produção subir para 2 quilos de batatas, a
moeda em circulação deve dobrar para 2 reais.
Se ela não dobrar, haverá o que se chama de
crise de liquidez porque faltarão recursos para
comprar o quilo de batata adicional ou cada quilo
de batata será vendido por 50 centavos, o que
pode vir a ser um preço que não cubra sequer
os custos de produção das batatas. A falta de
liquidez é negativa para o sistema econômico
e só deve ser empregada quando existe uma
situação oposta, ou seja, a economia está com
excesso de liquidez e precisa ser enxugada. Se a
falta de liquidez provoca estagnação ou deflação,
o excesso provoca a inflação.
A taxa de juros de equilíbrio
É a taxa de juros que equilibra o mercado de
moeda, ou seja, que iguala a quantidade de
moeda que se deseja emprestar e a quantidade
que se deseja tomar emprestado.
A taxa de juros de equilíbrio será determinada
pelo encontro da oferta com a procura. É claro
que esta taxa de juros sofre oscilações, às vezes
diárias, e mudanças no tempo, porque, pelo lado
da demanda, milhões de pessoas reagem aos
acontecimentos: milhares precisam de dinheiro
para imprevistos, milhares acham que a taxa está
baixa, milhares acham que a taxa está boa. Pelo
lado da oferta, o Governo pode decidir certo ou
erradamente que existe uma crise de liquidez
ou que o PIB está crescendo e é necessário
aumentar a oferta.
Resumo
• A demanda de moeda para transações é derivada
da necessidade de as pessoas terem dinheiro
para pagar suas compras e despesas.
• A demanda de moeda por precaução origina-se
 38
do fato de que, na vida, nós temos sempre que
ter uma reserva para os imprevistos.
• A demanda de moeda para especulação tem
como fonte o interesse de reter dinheiro para
obter lucros com a alta da taxa de juros. Não
podemos nos esquecer de que quanto maior for
a taxa de juros tanto menor será a demanda para
especulação e vice-versa.
• Taxa de juros é o preço do dinheiro no mercado
financeiro.
• Oferta de moeda é a quantidade de dinheiro que
o Governo decide emitir em determinado espaço
de tempo, por meio do Banco Central.
• Liquidez é a relação que existe entre a quantidade
de moeda em circulação e a quantidade de bens
e de serviços produzidos em certo período de
tempo.
• Taxa de juros de equilíbrio é a taxa determinada
pelo encontro entre a oferta e a demanda de
dinheiro.
Exercícios
I – Encontre na relação de expressões listadas
aquela que pode ser colocada na linha abaixo
de cada definição.
Oferta de moeda –– Demanda de moeda para
especulação –– Taxa de juros –– Taxa de juros
de equilíbrio –– Liquidez –– Demanda de moeda
por precaução
1. Preço do dinheiro no mercado financeiro.
______________________________________
2. Resultado do encontro entre a oferta e a
demanda de dinheiro.
______________________________________
3. Quantidade de dinheiro que o Governo decide
emitir em determinado espaço de tempo.
______________________________________
4. Relação que existe entre a quantidade de
moeda em circulação e a quantidade de bens
e de serviços produzidos em certo período de
tempo.
______________________________________
5. Origina-se do fato de que, na vida, nós
temos sempre que ter uma reserva para os
imprevistos.
______________________________________
Unidade 4
II – Assinale, com um (X) nos parênteses, as
alternativas corretas.
1. A demanda de moeda para transações ocorre
quando
a. ( ) as pessoas retêm moeda para fazer
frente a imprevistos.
b. ( ) as pessoas retêm moeda para
pagar suas despesas, pelo fato de
pagamentos e de recebimentos não
serem sincronizados.
2. A demanda de moeda para especulação ocorre
quando
a. ( ) a parcela de renda das pessoas que
poderia ser aplicada em títulos é
aplicada em ações, devido à elevada
taxa de juros.
b. ( ) a parcela de renda das pessoas que
poderia ser aplicada em títulos fica
retida, aguardando uma elevação da
taxa de juros.
3. A demanda de moeda por precaução refere-se
a. ( ) àquela parte da renda das pessoas
retida para fazer frente a imprevistos.
b. ( ) àquela parte da renda das pessoas
aplicada em títulos.
4. A demanda de moeda influenciada pela taxa
de juros é
a. ( ) a demanda para transações.
b. ( ) a demanda para especulação.
Confira suas respostas
I – 1. Taxa de juros
2. Taxa de juros de equilíbrio
3. Oferta de moeda
4. Liquidez
5. Demanda de moeda por precaução
II – 1. b. (x)
2. b. (x)
3. a. (x)
4. b. (x)
INFLAÇÃO: DEFINIÇÃO,
CAUSAS E CONSEQUÊNCIAS
A inflação é um processo em que há um contínuo
e generalizado aumento dos preços. É preciso
que seja contínuo porque um aumento episódico
pode ocorrer a qualquer momento e logo após
 Unidade 4
cessar. Tem que ser generalizado porque aumenta
em um bem específico e é um fenômeno que
ocorre ao longo do tempo. Na verdade, desde
os tempos imemoriais que os bens e os serviços
tendem a subir continuamente. Isso porque a
qualidade aumentou muito.
É simplesmente incomparável a qualidade do
sapato atual em relação ao do século passado.
E qualidade pressupõe pesquisa e avanço
tecnológico que custam caro. Por outro lado, para
contrabalançar o avanço discreto mas contínuo
nos preços, existe o fato de que essas pesquisas
e esses avanços tecnológicos aumentaram
espetacularmente a eficiência do sistema
produtivo. Por fim, o fator trabalho foi afetado por
essas mudanças, ficou mais produtivo e passou
a exigir um aumento de remuneração superior
ao aumento da produtividade. O resultado do
embate dessas forças tem sido, em países
estáveis, uma inflação que oscila entre 5 a 10%
ao ano, mas que não cede jamais.
Como se mede a inflação? Ela é medida por
meio de índices que demonstram a variação da
média dos preços mês a mês. Efetivamente,
existem diversos índices que são calculados
para o atendimento a várias finalidades. Os
índices de preços ao “consumidor” tentam medir
a inflação média de um conjunto de produtos
e de serviços que se pressupõe sejam os
adquiridos por um consumidor com determinadas
características de renda.
As consequências da inflação
Aparentemente, a inflação é como uma febre, um
estado crônico com que as pessoas conseguem
conviver razoavelmente, pois a cada aumento de
preços dos bens e dos serviços corresponde um
aumento do pagamento dos fatores de produção,
principalmente em um país como o Brasil que
tinha indexadores, ou seja, índices que corrigiam
as perdas inflacionárias.
Advêm da inflação quatro graves consequências.
A primeira consequência refere-se à distribuição
de renda entre os fatores. Os assalariados
perdem sempre com a inflação porque seus
rendimentos são recompostos com um mês
de atraso, no mínimo. Já os donos de imóveis
39
podem ter seus aluguéis defasados, mas em
compensação veem o valor de seus imóveis
crescer mais do que a inflação. Os empresários
repassam os aumentos de seus custos para os
consumidores e com frequência aproveitam a
oportunidade para aumentar seus preços mais
do que necessário. Os banqueiros elevam a taxa
de juros superior à taxa de inflação e, juntamente
com os empresários e proprietários de imóveis,
são os que ganham em médio prazo.
A segunda consequência grave da inflação
é que ela atua desfavoravelmente na Balança
Comercial de um país, que é o registro das
vendas e das compras de bens e serviços de um
país com o exterior. A inflação torna os bens de
um país mais caros para quem quer importá-los
e os bens de outros países mais baratos, o que
estimula as importações. Assim, continuamente,
as autoridades monetárias têm de desvalorizar
a moeda para que não haja défices na
Balança Comercial.
A terceira consequência grave é a criação
de expectativas inflacionárias, particularmente
nos empresários, o que os leva a ter dois
comportamentos negativos: não investir, em face
das incertezas do mercado, e antecipar aumentos
de preços. Dessa forma, em longo prazo, a
capacidade produtiva se reduz e o excesso de
recursos dos empresários deságua na ciranda
financeira das aplicações em curto prazo.
Por fim, a quarta consequência refere-se aos
aumentos de preços que não são idênticos,
impondo maiores aumentos a quem tem mais
poder econômico. Esses aumentos díspares,
ao longo do tempo, levam o indivíduo a perder
a noção do que é caro ou barato e perde-se
também a relação dos preços entre si.
As causas da inflação
O que causa este persistente e generalizado
aumento de preços?
Três causas básicas foram encontradas e o
processo inflacionário foi, então, classificado
em: inflação de demanda, inflação de custos e
inflação importada.
A inflação de demanda é caracterizada por um
aumento da moeda ou por meios de pagamento,
 40
que exerce uma pressão sobre os preços. Como o
produto não cresce de imediato, há um aumento
de preços para acomodar o excesso de dinheiro.
Todavia, a inflação só persistirá se a economia
estiver com todos seus fatores empregados,
porque, nesse caso, não poderá desmontar a
produção.
Quem causa esse excesso de liquidez na
economia? O Governo é, em geral, um dos
culpados por emitir papel-moeda em demasia
para financiar seus gastos. Outra fonte são
recursos externos que injetam continuamente
mais moeda no mercado interno. Uma terceira
fonte é a permissão para que o crédito se
expanda e as pessoas comprem mais do que é
ofertado.
Como corrigi-la? Por meio de uma política
monetária rígida que ponha fim à emissão de
dinheiro, corte créditos e aumente depósitos
compulsórios dos bancos comerciais.
Pode ser adotada, também, uma política fiscal
que consiste em aumentar os impostos para
reduzir a renda disponível e com isso conter a
demanda ou ainda reduzir os gastos do governo
com despesas de manutenção ou custeio.
A inflação de custos tem sua origem no aumento
dos custos de produção, o que determina um
acréscimo dos preços porque os produtores
repassam esses acréscimos aos produtos. Outro
aspecto da inflação de custos é a imperfeição
do mercado quando uma ou poucas empresas
o dominam e decidem promover aumentos
sistemáticos de preços.
Ainda nessa mesma linha, existem certos
aspectos estruturais que favorecem o contínuo
aumento dos preços: a formação de cartéis
(produtores aumentam seus preços na mesma
proporção), a criação de reservas de mercado
(proibição de importação de determinados
produtos) e o excesso de regulamentação do
Governo (favorecimentos aos lucros do capital).
Por fim, existe uma inflação que é importada
do exterior. Como exemplo, cita-se o caso de
máquinas e matérias-primas que um país precisa
importar e que sistematicamente têm seus preços
aumentados. Outro exemplo é o preço da compra
de tecnologia, que aumenta continuamente no
Unidade 4
tempo. Outro exemplo? O aumento do preço do
petróleo no mundo.
A inflação no Brasil
As causas da inflação, quando se trata de um
país específico, são numerosas e complexas.
Não obstante, fica claro que o Governo, por meio
do contínuo endividamento público, é o grande
responsável.
Por que o Governo se endividou tanto?
Simplificando a resposta, porque achou que a
dívida, contraída para grandes investimentos
nacionais, se pagaria a partir da década de
1980. E por que, no fim da década de 1980,
ele não tomou a atitude de impor uma rígida
política monetária e fiscal? Por falta de visão e
vontade políticas.
Preferiu “administrar” a dívida, rolando-a
continuamente. Por outro lado, houve um
progressivo aumento de custos, principalmente
porque se criaram barreiras imensas à importação
de qualquer bem do exterior – exceção feita a alguns
bens de capital e matérias-primas essenciais.
Para que então aumentar a produtividade e
reduzir preços se não há concorrência? Criaram-
se feudos, cartéis e reservas de mercado que
enriqueceram o empresário e fizeram os preços
subir.
Um conjunto de condições políticas, históricas
e econômicas permitiu que o governo pusesse
em prática, no final de 1993, as bases de um
programa que resultou no fim de quase duas
décadas de inflação elevada e na substituição
da antiga moeda pelo real, a partir de julho de
1994. Em sua concepção essencial, o Plano
Real seguiu o método básico de combate à
maioria das grandes inflações do século XX:
recuperação da confiança da moeda nacional
por meio da garantia de seu valor externo. O
objetivo da equipe econômica era implantar o
plano gradualmente, sem surpresas e com a
substituição progressiva da moeda velha por uma
moeda indexada.
Em março de 1994, a equipe econômica
promoveu a conversão dos salários pela média e
a criação de uma nova unidade de conta, a URV
(a unidade real de valor, ajustada diariamente
 Unidade 4
de acordo com uma média de três índices de
preços), para onde convergiram salários, preços,
contratos e também a taxa de câmbio.
A inflação no Brasil, na atualidade, é medida por
vários índices. Entre eles vale citar os seguintes.
• Índice de Custo de Vida (ICV) – Mede a
evolução dos gastos de famílias com renda de
até cinco salários-mínimos com as despesas
realizadas para suprir suas necessidades
básicas, tais como alimentação, habitação,
vestuário, transporte etc.
• Índice de Preços por Atacado (IPA) – Considera
a evolução dos preços na comercialização
no atacado. Acompanha um número bem
maior de bens, pois considera não apenas
aqueles usados pelas famílias, mas também
matérias-primas e equipamentos, por exemplo.
• Índice da Construção Civil (ICC) – Acompanha
apenas a evolução dos preços dos materiais,
equipamentos e mão de obra empregados na
construção civil.
• Índice Geral de Preços (IGP) – Considera
a média ponderada dos índices anteriores,
sendo que o IPA tem peso 6, o ICV, peso 3 e
o ICC, peso 1.
Assim, para se calcular o IGP, devemos fazer a
seguinte operação aritmética:
IPA x 0,6 + ICV x 0,3 + ICC x 0,1
IGP =
0,6 + 0,3 + 0,1
Ou
IGP = IPA x 0,6 + ICV x 0,3 + ICC x 0,1
Resumo
• Inflação é o processo em que há um aumento
contínuo e generalizado nos preços de bens e de
serviços produzidos em uma economia.
• São consequências graves da inflação:
– distribuição de rendas entre os fatores;
– estímulo de importações, já que torna os bens
do nosso País mais caros e os bens de outros
países mais baratos;
– não investimento por parte dos empresários e
antecipação de aumento de preços, em vista
da expectativa inflacionária;
41
– aumentos díspares de preços, o que faz com
que se perca a noção do que é caro ou barato.
• São causas básicas da inflação:
– a inflação importada, cujas causas não estão
no Brasil e, consequentemente, ficam fora do
controle do País;
– a inflação de demanda, caracterizada por um
aumento da moeda ou meios de pagamento,
que exercem uma pressão sobre os preços;
– a inflação de custos, que tem sua origem
no aumento dos custos de produção que
determina um acréscimo dos preços porque
os produtores repassam esses acréscimos.
• A inflação é medida por meio de números-índices,
sendo que os mais importantes são: ICV (Índice
de Custo de Vida), IPA (Índice de Preços por
Atacado), ICC (Índice da Construção Civil) e IGP
(Índice Geral de Preços).
Exercícios
I – Responda às questões.
1. Como podemos definir inflação?
______________________________________
______________________________________
______________________________________
______________________________________
2. De que maneira a inflação influi na Balança
Comercial de um país?
______________________________________
______________________________________
______________________________________
______________________________________
3. O que a expectativa inflacionária causa ao
empresariado brasileiro?
______________________________________
______________________________________
______________________________________
______________________________________
4. Qual é a origem da inflação de custos?
______________________________________
______________________________________
______________________________________
______________________________________
 42 Unidade 4
II – Faça a correlação entre as colunas, tendo em III – 1. (x)
vista as medidas da inflação. 2. (x)
3. (x)
(A) Índice de Custo de Vida 4. (x)
(B) Índice Geral de Preços 5. (x)
(C) Índice da Construção Civil
(D) Índice de Preços por Atacado

1. ( ) Considera o preço dos bens e dos serviços

ao nível do consumidor.

2. ( ) Considera a evolução dos preços em

nível de comercialização no atacado, não
apenas daqueles produtos usados pelas
famílias, mas também matérias-primas e
equipamentos.

3. ( ) É um índice que acompanha apenas

a evolução dos preços dos materiais,
equipamentos e mão de obra empregados
na construção civil.

4. ( ) É a média ponderada dos índices

anteriores.

III – Marque, com um X nos parênteses, as afirmativas

que podem ser consideradas como causas da
inflação no Brasil.

1. ( ) Contínuo endividamento público.

2. ( ) Barreiras contra importação de bens do

exterior.

3. ( ) Aumentos díspares de preços.

4. ( ) Criação de cartéis e reservas de mercado.

5. ( ) Aumento dos custos de produção.

Confira suas respostas

I – 1. Inflação é um processo em que há um contínuo
e generalizado aumento dos preços.
2. A Balança Comercial de um país é o registro das
vendas e compras de bens e serviços de um país
com o exterior. A inflação torna os bens de um
país mais caros para quem quer importá-los e
os bens de outros países mais baratos, o que
estimula as importações.
3. A expectativa inflacionária leva o empresariado
brasileiro a ter dois comportamentos negativos:
não investir, face às incertezas do mercado, e
antecipar aumentos de preços.
4. A inflação de custos tem sua origem no aumento
dos custos de produção, que determina um
acréscimo dos preços porque os produtores
repassam esses acréscimos.

II – 1. (A)
2. (D)
3. (C)
4. (B)
 Técnico em Transações Imobiliárias
Sistema Financeiro Nacional
Unidade 5
Objetivos:
• Identificar a estrutura do Sistema Financeiro
Nacional e as principais funções e atribuições
de seus componentes.
• Identificar os tipos de mercados financeiros e
suas principais características.
O SISTEMA FINANCEIRO
Pode ser entendido como um conjunto de
instituições financeiras e instrumentos financeiros
que visam, em última análise, transferir recursos
dos agentes econômicos (indivíduos), das
empresas e do Governo, para os agentes sem
recursos. A função econômica e social do sistema
financeiro evidencia-se por meio do processo de
distribuição de recursos no mercado financeiro.
As instituições financeiras são de natureza:
• bancária ou monetária;
• não bancária ou não monetária.
As instituições bancárias ou monetárias são
aquelas que criam1 moeda via recebimento de
depósitos à vista2. Operam basicamente com
ativos financeiros monetários que representam
os meios de pagamento3 da economia.
As instituições não bancárias ou não
monetárias, ao contrário, não estão autorizadas
a receber depósitos à vista. São exemplos
de instituições financeiras bancárias: Banco
do Brasil, Banco Regional de Brasília. São
exemplos de instituições não bancárias:
1
Criar moeda é diferente de emitir moeda; somente o BACEN tem
permissão para emitir moeda.
2
Depósitos à vista são: papel-moeda e moeda escritural.
3
O papel-moeda em poder do público (dinheiro do bolso) mais os
depósitos à vista nos bancos comercias constituem os meios de
pagamento.
sociedades corretoras, bancos de investimento
(BNDES), sociedades financeiras, sociedades de
arrendamento mercantil.
Veja a figura a seguir.
Sistema Financeiro Nacional
Conselho Monetário Nacional
Instituições Instituições
bancárias não bancárias
A estrutura do sistema financeiro nacional
A estrutura do sistema financeiro nacional
envolve dois grandes subsistemas: o normativo
e o de intermediação financeira.
1. Subsistema normativo
Esta subdivisão do SFN é constituída por
instituições que estabelecem, de alguma forma,
diretrizes de atuação das instituições financeiras
operativas e controle do mercado: o Conselho
Monetário Nacional, o Banco Central do Brasil,
a Comissão de Valores Mobiliários, o Banco do
Brasil, o Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social e a Caixa Econômica Federal.
• Conselho Monetário Nacional (CMN) – É
um órgão puramente normativo. Processa
todo o controle do sistema financeiro, controla
as ações de órgãos normativos e legisla as
instituições financeiras públicas e privadas.
• Banco Central do Brasil (BACEN) – É o
executor das políticas traçadas pelo CMN
e o órgão fiscalizador do SFN. O BACEN é
o fiscalizador e o disciplinador do mercado
 44
financeiro. Em uma conceituação mais
simples, pode ser definido como sendo o
pai de todos os demais bancos, definindo
regras, limites e condutas das instituições;
penalizando; intervindo; liquidando; exercendo
o papel de gestor e executor da política
monetária.
• Comissão de Valores Mobiliários (CVM)
– É uma autarquia vinculada ao poder
executivo (Mistério da Fazenda), que age
sob a orientação do CMN. A CVM tem
como finalidade básica a normalização e o
controle do mercado de valores mobiliários,
representado principalmente por ações,
partes beneficiárias e debêntures, papéis
negociáveis, e outros títulos emitidos pelas
sociedades anônimas e autorizados pelo CMN.
A atuação da CVM abrange três importantes
segmentos do mercado:
instituições financeiras do mercado;
companhias de capital aberto (negociáveis em
bolsas de valores);
investidores.
• Banco do Brasil (BB) – É uma sociedade
anônima de capital misto, cujo controle
acionário é exercido pela União. O Banco do
Brasil assume três funções básicas:
de agente financeiro do Governo Federal;
de banco comercial;
de um banco de investimento e desenvolvimento.
• Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social (BNDES) – É uma
empresa pública, vinculada ao Ministério
do Planejamento. Sua principal meta é a
execução da política de financiamento do
Governo Federal. O objetivo principal do
BNDES é o de financiar projetos visando ao
desenvolvimento do País.
• Caixa Econômica Federal (CEF) – Como
as demais caixas econômicas (estaduais), é
instituição financeira pública e apresenta um
objetivo claramente social, na execução de
sua política creditícia.
A CEF executa, também, o papel de banco
comercial e constitui-se, com base em sua
função social, no principal agente do Sistema
Financeiro de Habitação – SFH (criado
em 1964), atuando no financiamento da
Unidade 5
construção civil no País e promovendo, ao
mesmo tempo, as condições para a aquisição
da casa própria, principalmente no segmento
de baixa renda, com recursos previstos do
Fundo de Garantia por Tempo de Serviço –
FGTS, cadernetas de poupanças e de recursos
próprios.
2. Subsistema de intermediação
Este subsistema, também denominado de
operativo, é composto por instituições (bancárias
e não bancárias) que atuam em operações
de intermediação financeira. O subsistema é
estruturado em cinco grupos: bancárias, não
bancárias, sistema de poupança e empréstimo,
auxiliares e instituições não financeiras.
• Instituições financeiras bancárias
Aglomeram os bancos comerciais, os bancos
múltiplos e as caixas econômicas.
Os bancos comerciais são instituições
financeiras constituídas sob a forma de
sociedades anônimas. Sua grande
característica é a sua capacidade de criação
(multiplicar o dinheiro) de moeda, com os
depósitos à vista captados do público (no
mercado).
O projeto do banco múltiplo prevê sua formação
com base nas atividades (carteiras) de quatro
instituições: banco comercial, banco de
investimento e de desenvolvimento, sociedade
de crédito, financiamento e investimento e
sociedade de crédito imobiliário. Para que
uma instituição seja configurada como um
banco múltiplo, deve operar pelo menos com
duas das carteiras apresentadas, uma delas
obrigatoriamente de banco comercial ou de
investimento.
• Instituições financeiras não bancárias
São as que não apresentam capacidade de
emitir moeda ou meios de pagamento, como
os bancos comerciais.
Os bancos de investimento são os grandes
municiadores de créditos em médio e em
longo prazos no mercado, suprindo os agentes
carentes de recursos para investimento em
capital de giro e capital fixo.
 Unidade 5
Os bancos de desenvolvimento constituem-
se em instituições públicas de âmbito estadual,
que visam promover o desenvolvimento
econômico e social da região onde atuam.
O objetivo é dar apoio formalmente ao setor
privado da economia, por meio de operações de
empréstimos e financiamentos, arrendamento
mercantil, garantias, entre outras.
As sociedades de crédito, financiamento
e investimento, mais conhecidas por
financeiras, dedicam-se, basicamente, ao
financiamento de bens duráveis (carro,
geladeira etc.) às pessoas físicas (usuários
finais), por meio do mecanismo denominado
Crédito Direto ao Consumidor (CDC).
As sociedades de arrendamento mercantil
têm por objetivo a realização de operações
de arrendamento mercantil (leasing) de bens
nacionais, adquiridos de terceiros e destinados
ao uso de empresas arrendatárias.
As cooperativas de crédito são instituições
voltadas a viabilizar créditos a seus associados,
além de prestar determinados serviços.
As sociedades de crédito imobiliário voltam-
se ao financiamento de operações imobiliárias,
que envolvem a compra e a venda de bens
imóveis. Prestam apoio financeiro, também,
a outras operações do setor imobiliário, como
vendas de loteamentos, incorporações de
prédios etc.
As associações de poupança e empréstimo
são instituições financeiras que atuam
também na área habitacional, por meio de
financiamentos imobiliários.
• S istema Brasileiro de Poupança e
Empréstimo (SBPE)
Com a extinção do Banco Nacional de
Habitação (BNH), o sistema financeiro de
habitação do Brasil passou a ser constituído
praticamente pelas instituições integrantes
do SBPE, ou seja: Caixa Econômica Federal,
sociedades de crédito imobiliário, associações
de poupança e empréstimos e bancos
múltiplos. Sua captação é das cadernetas de
poupança e do FGTS.
• Instituições auxiliares
São instituições auxiliares: as bolsas de valores,
as sociedades corretoras, as sociedades
45
distribuidoras e os agentes autônomos de
investimentos.
As bolsas de valores são associações civis
sem finalidades lucrativas, cujos patrimônios
são constituídos por títulos patrimoniais
adquiridos por seus membros, as sociedades
corretoras.
As sociedades corretoras são instituições que
efetuam, com exclusividade, a intermediação
financeira nos pregões das bolsas de valores.
As sociedades distribuidoras são também
instituições intermediadoras de títulos de
valores mobiliários (muitos pertencem a
bancos comerciais), cujos objetivos básicos
se assemelham às corretoras.
Os agentes autônomos de investimentos
são pessoas físicas credenciadas pelas
instituições financeiras intermediadoras
(corretoras, distribuidoras, bancos e
financeiras) para atuarem na colocação de
títulos, valores mobiliários e outros serviços
financeiros no mercado.
• Instituições não financeiras
São as sociedades de fomento comercial –
factoring – e as companhias seguradoras.
As sociedades de fomento comercial – factoring
são empresas não financeiras que operam por
meio de aquisição de duplicatas, cheques
etc. de forma similar a uma operação de
desconto bancário.
As companhias seguradoras estão consideradas
no sistema financeiro nacional por terem a
obrigação de aplicar parte de suas captações
no mercado de capitais.
Resumo
• Compõem o SFN instituições financeiras públicas
e privadas e seu órgão normativo máximo é o
CMN.
• As instituições financeiras podem ser: bancárias
ou monetárias e não bancárias ou não monetárias.
• O SFN é estruturado em dois subsistemas: o
normativo e o de intermediação financeira.
 46
• Compõem o subsistema normativo: o CMN, o
BACEN, a CVM, o BB, o BNDES e a CEF.
• Compõem o subsistema de intermediação:
as instituições financeiras bancárias (bancos
comerciais e bancos múltiplos), as instituições
financeiras não bancárias (os bancos de
investimento, de desenvolvimento; as sociedades
de crédito; financiamento e investimento; as
sociedades de arrendamento mercantil; as
cooperativas de crédito; as sociedades de crédito
imobiliário; o sistema brasileiro de poupança e de
empréstimo; as instituições auxiliares (sociedades
corretoras, sociedades distribuidoras, agentes
autônomos de investimentos), as instituições não
financeiras (factoring e companhias seguradoras).
Exercícios
I – Responda.
1. Qual é o órgão normativo máximo do mercado
financeiro e de capitais?
______________________________________
______________________________________
______________________________________
______________________________________
2. Qual é a principal meta do Sistema Financeiro
Nacional?
______________________________________
______________________________________
______________________________________
______________________________________
3. Quais as instituições financeiras que compõem
o sistema financeiro?
______________________________________
______________________________________
______________________________________
______________________________________
4. Quais são os dois subsistemas do SFN?
______________________________________
______________________________________
______________________________________
______________________________________
5. Quais as instituições que compõem o
subsistema normativo?
______________________________________
______________________________________
______________________________________
______________________________________
Unidade 5
6. Qual é a função básica da CVM?
______________________________________
______________________________________
______________________________________
______________________________________
II – Escreva, nos parênteses, V para as afirmativas
verdadeiras e F, para as falsas.
1. ( ) O CMN tem como principal atribuição
fixar as diretrizes e as normas da política
cambial.
2. ( ) O s u b s i s t e m a d e i n t e r m e d i a ç ã o
compreende as instituições bancárias e
não bancárias, o sistema de poupança e
empréstimos, as instituições auxiliares e
as não financeiras.
3. ( ) As ações e as debêntures são papéis
privados negociados no mercado
financeiro.
Confira suas respostas
I – 1. O órgão normativo máximo do mercado financeiro
e de capitais é o Conselho Monetário Nacional.
2. A principal meta do SFN é transferir recursos
dos agentes econômicos para os agentes
sem recursos.
3. Compõem o Sistema Financeiro as instituições
bancárias ou monetárias e as não bancárias ou
não monetárias.
4. Os dois subsistemas são: o normativo e o de
intermediação financeira.
5. Compõem o subsistema normativo: CMN,
BACEN, CVM, BB, BNDES e CEF.
6. A função básica da CVM é disciplinar os créditos.
II – Todas as afirmativas são verdadeiras.
NOÇÕES DE MERCADOS
FINANCEIROS
Os mercados financeiros subdividem-se em
quatro mercados.
• Mercado monetário.
• Mercado de crédito.
• Mercado de capitais.
• Mercado cambial.
 Unidade 5
O mercado monetário
O mercado monetário envolve as operações de
curto e curtíssimo prazos, proporcionando um
controle ágil e rápido da liquidez da economia
e das taxas de juros básicas pretendidas pela
política econômica das autoridades monetárias.
São negociados, principalmente, os papéis
emitidos pelo BACEN voltados à execução da
política monetária (oferta de moeda) do Governo
Federal (exemplo: Bônus do Banco Central – BBC)
e pelo Tesouro Nacional emitidos com o objetivo
de financiar o orçamento público (exemplo:
Notas do Tesouro Nacional – NTN; Letras do
Tesouro Nacional – LTN), além de outros títulos
públicos emitidos pelos Estados e Municípios.
A maior parte dos títulos públicos e privados
negociados no mercado monetário são
escriturais, ou seja, não são emitidos fisicamente
(normalmente por meio de conta-corrente),
exigindo maior organização em sua liquidação
e transferência. São denominados de SELIC e
CETIP.
O Sistema Especial de Liquidação e Custódia –
SELIC foi desenvolvido pelo Banco Central e a
Associação Nacional das Instituições do Mercado
Aberto – Andima, em 1979, operando apenas
com títulos públicos do BACEN e do Tesouro
Nacional. São negociados entre operadoras das
instituições financeiras credenciadas.
A Central de Custódia e de Liquidação Financeira
de Títulos Privados – CETIP passou a operar, em
1986, como um sistema bastante semelhante
ao SELIC, só que com títulos privados, como
Certificado de Depósito Bancário – CDB, Recibo
de Depósito Bancário – RDB, debêntures,
Certificado de Depósito Interfinanceiros – CDI
etc. Algumas vezes operam com títulos públicos
que se encontram em poder do setor privado da
economia.
Os dois sistemas de liquidação e custódia (SELIC
e CETIP) têm por objetivo básico promover a boa
liquidação das operações do mercado monetário,
propiciando maior segurança e autenticidade aos
negócios realizados, nos quais as taxas SELIC e
• Mercado Aberto – Open market – O
CETIP são periodicamente divulgadas, para uma
melhor transparência.
• Títulos Públicos – Os governos federal,
estadual e municipal costumam emitir títulos
47
para captar recursos de modo a financiar
dívidas públicas. Os títulos estaduais e
municipais apresentam uma baixa liquidez,
tendo uma circulação mais restrita.
Os títulos públicos federais, ao contrário, têm
maior aceitação e liquidez.
Os títulos da dívida pública do Governo
Federal, classificados pela natureza de suas
emissões, e suas principais características de
negociação, são apresentados a seguir.
Letras do Tesouro Nacional – LTN – São
negociadas com deságio, exemplo: compra-se
um título com 10% de desconto e recebem-se
os 100%, no final do prazo, com um mínimo
de 28 dias.
Letras Financeiras do Tesouro – LFT –
Seus rendimentos são definidos pela taxa
média SELIC, garantindo uma rentabilidade
de mercado ao investidor. O prazo é definido
pelo Tesouro Nacional.
Notas do Tesouro Nacional – NTN – O
prazo mínimo de resgate é de três meses e
os rendimentos são pós-fixados e atrelados
a um indexador da economia (dependem da
taxa do dia).
Bônus do Banco Central – BBC – Apresentam
rendimentos prefixados (conhece-se a taxa)
na forma de desconto (deságio). Os prazos
são de 28, 35, 42 e 49 dias e, por isso são
considerados aplicações em curto prazo.
Letras do Banco Central – LBC – São
bastante semelhantes às LFT, tendo sua
remuneração definida pela taxa média diária
do SELIC. São ativos quase moeda de grande
atratividade para os investidores.
Notas do Banco Central – NBC – Oferecem
rendimentos postecipados e atrelados a um
indexador (índice) da economia. Os juros
costumam ser pagos periodicamente e seu
prazo mínimo de emissão é de três meses.
BACEN coloca e retira títulos do mercado
com intuito de regular a oferta monetária
(quantidade de dinheiro na economia), ou
seja, utiliza o mercado aberto para efetuar
 48
a venda primária (leilão primário) de títulos.
As propostas de compra desses títulos são
feitas pelas instituições financeiras, escolhidas
pelo BACEN. Estas instituições financeiras
negociam esses títulos (open market) com o
compromisso de recomprá-los em uma data
futura, o que constitui o chamado mercado
secundário.
Outra operação conhecida no mercado aberto
secundário é o overnight. As instituições
financeiras vendem e compram novamente os
títulos públicos do dia para a noite (operação
de um dia).
• Atuação dos Bancos Comerciais no
Mercado Monetário – Os bancos comerciais
levantam recursos (dinheiro) no mercado
mediante a captação de depósitos à vista
(dinheiro que o público deposita) e colocações
de títulos de sua emissão, com o objetivo
de financiar suas aplicações de ativos, tais
como: concessões de créditos (emprestar para
comprar um carro, dar um cheque especial
etc.), formulação de carteiras de títulos
(descontar duplicatas das empresas) e valores
mobiliários etc.
• Mercado de Títulos de Dívida Externa
– O mercado de títulos de dívida externa
é constituído pelos papéis emitidos pelas
diversas economias como consequência de
(re)negociações de dívidas com credores
privados externos e organismos financeiros
internacionais (FMI e Banco Mundial).
O mercado de crédito
O mercado de crédito engloba as operações de
financiamento em curto e em médio prazos,
direcionadas aos ativos permanentes e o
capital de giro das empresas e das pessoas
físicas. Esta oferta de crédito no mercado é
constituída, basicamente, por bancos comerciais e
sociedades financeiras.
As instituições bancárias realizam
diversas modalidades de créditos
no mercado, destacando-se
o desconto de títulos, as contas garantidas, os
créditos rotativos, os empréstimos para capital de
giro e para pagamento de tributos das empresas
etc.
Unidade 5
• Desconto bancário de títulos – É uma
operação de crédito típica do sistema bancário,
que envolve principalmente duplicatas e notas
promissórias, e caracteriza-se como uma
operação de desconto bancário.
• Contas garantidas – Equivalem à abertura
de um conta com um limite de crédito
garantido pela instituição bancária. Os
encargos financeiros são calculados sobre o
saldo que permanecer descoberto (negativo)
e cobrados pelo número de dias descobertos,
normalmente no final de cada mês.
• Créditos rotativos – São linhas de
crédito abertas pelos bancos que visam ao
financiamento das necessidades em curto
prazo (capital de giro) das empresas e são
movimentadas normalmente por meio de
cheques. A diferença das contas garantidas é
que a empresa dá garantias com duplicatas.
• Empréstimos para capital de giro e
pagamento de tributos – Os empréstimos
para capital de giro são oferecidos pelos
bancos por meio de uma formalização
contratual que estabelece as condições
básicas da operação, como garantias, prazo
de resgate, encargos financeiros. As garantias
podem ser oferecidas por meio de duplicatas,
avais, notas promissórias etc.
• Operações de vendor – É uma operação de
crédito em que uma instituição bancária paga
à vista a uma empresa comercial os direitos
relativos às vendas realizadas e recebidos
em cessão, em troca de uma taxa de juros
mais baixa do que no mercado. No vendor,
a empresa vendedora atua como cedente
do crédito e, o banco, como cessionário e
financiador do comprador.
• Crédito Direto ao Consumidor – Conhecido
como CDC, é uma operação tipicamente
destinada a financiar aquisições de bens e de
serviços por consumidores ou usuários finais.
• Adiantamento de Contrato de Câmbio –
ACC – É uma operação que representa um
incentivo de crédito aos exportadores. As
instituições financeiras, autorizadas a operar
com câmbio, adiantam aos exportadores
recursos lastreados nos contratos de câmbio
firmados com importadores estrangeiros,
proporcionando recursos antecipados às
empresas nacionais exportadoras.
 Unidade 5
O mercado de capitais
O mercado de capitais é o municiador (intermediário)
entre os que detêm os recursos (dinheiro) e os
deficitários (não proprietário de dinheiro). As
principais modalidades de financiamentos em
médio e longo prazo, realizadas no mercado
de capitais nacional e internacional, são as
descritas a seguir.
• Financiamento de capital de giro – O
financiamento de capital de giro, realizado
por bancos comerciais/múltiplos e bancos de
investimentos, visa suprir a necessidade das
empresas de ativo circulante. As operações
são realizadas dentro de um prazo de resgate
de 6 a 24 meses, podendo se pagar o total
ou em prestações.
Para realizar essas operações, as instituições
captam seus recursos para emprestarem às
empresas, em operações, como: commercial
paper, CDB e RDB.
• Operações de repasses – As operações
de repasses são empréstimos contratados
por instituições financeiras do mercado de
capitais e repassados a empresas carentes de
recursos para investimentos em longo prazo.
Os repasses podem ser recursos internos e
externos.
• Arrendamento mercantil – A operação de
arrendamento mercantil pode ser compreendida
como uma forma especial de financiamento.
Basicamente, essa modalidade é praticada
mediante a celebração de um contrato de
arrendamento (aluguel) efetuado entre um
cliente (arrendatário) e uma sociedade de
arrendamento mercantil (arrendadora),
visando à utilização, por parte do arrendatário,
de certo bem durante um prazo determinado,
cujo pagamento é efetuado em forma de
aluguel (arrendamento).
Quando as prestações do aluguel são
sucessivas (mensais iguais), denomina-se
leasing financeiro.
• Oferta pública de ações e debêntures
– Esta oferta de ações é característica de
sociedades anônimas. A empresa, que
necessita de capital de giro, procura uma
instituição financeira e coloca a venda lotes de
ações de sua empresa no mercado de capitais,
remunerando os compradores no futuro
(inicialmente os acionistas têm a preferência
de compra).
49
• Securitização de recebíveis – A securitização
de recebíveis é realizada geralmente por
empresas que apresentam uma carteira
bastante pulverizada de valores a receber
(pouco dinheiro), jogando títulos (debêntures)
no mercado para captação de recursos.
O mercado cambial
O mercado cambial é o segmento financeiro em
que ocorrem operações de compra e venda de
moedas internacionais conversíveis, ou seja, em
que se verificam conversões de moeda nacional
em estrangeiras e vice-versa. Este mercado
reúne todos os agentes econômicos que tenham
motivos para realizar transações com o exterior,
como operadores de comércio internacional,
instituições financeiras, investidores e bancos
comerciais.
• Taxas internacionais de juros – As operações
de financiamento no exterior são realizadas por
meio de taxas internacionais de juros, como
a libor e a prime rate.
A libor é a taxa de juros interbancária do
mercado de Londres, comumente utilizada
nas operações internacionais de empréstimos
realizados entre instituições financeiras.
A prime rate é a taxa de juros, cobrada
pelos bancos americanos de seus clientes,
classificados como preferenciais (menos
risco).
• Operações futuras de câmbio – Nesta
modalidade de operação cambial futura,
a moeda é negociada no presente em
paridade e quantidade, ocorrendo entretanto a
entrega efetiva (pagamento) no futuro. Mas o
importador corre o risco do câmbio aumentar e
ser obrigado a pagar a mais da moeda nacional
(ter um custo maior).
• Taxa Referencial de Juros – TR – A TR é
um indexador (índice) que substituiu outro
indexador em 1991. A TR é formada a partir
das taxas dos CDB/RDB, as quais são definidas
supondo influências das variações da taxa CDI.
Na concepção, a TR deveria corrigir todos os
instrumentos financeiros de mercado com
previsão de alguma forma de indexação em
seus valores, além de permitir a emissão
de títulos públicos e privados com correção
atrelada à TR.
 50
• Taxa financeira básica – TBF – A TBF foi criada
em 1995, com base nos rendimentos médios
mensais oferecidos pelos CDB de 30 dias,
informando seu percentual periodicamente
ao mercado. A taxa divulgada é utilizada para
remunerar as aplicações financeiras em prazo
fixo, com maturidade mínima de dois meses.
• Taxas do Banco Central – TBC e TBAN – O
BACEN criou uma taxa de juro de caráter
mensal – TBC – tendo por objetivo referencial
o nível mínimo dos juros nas operações open
market (mercado aberto), e para o mercado
financeiro de uma maneira geral. As taxas
são determinadas livremente nos mercados
pelos agentes financeiros, como resultado
do equilíbrio entre oferta e demanda de
recursos(dinheiro), nos percentuais que
excedem ao piso mínimo sugerido pela TBC.
A Taxa de Assistência do Banco Central –
TBAN funciona ao contrário da TBC, tendo
o percentual máximo a ser adotado como
referência pelo mercado em suas operações
de compra e venda de títulos públicos.
• Taxa de juros em longo prazo – TJLP – A TJLP
é uma taxa de juros aplicada preferencialmente
em operações em longo prazo e utilizada
para remunerar, entre outros, os recursos do
PIS/Pasep e do Fundo de Amparo ao
Trabalhador – FAT. Está previsto seu uso
também em substituição à TR, em linhas de
financiamento geridas pelo BNDES.
Resumo
• Os mercados financeiros compreendem: o
monetário, o de crédito, o de capitais e o cambial.
• O mercado monetário envolve operações em curto
e em curtíssimo prazo, proporciona controle ágil
e rápido da liquidez da economia. Os principais
papéis negociados são: os títulos SELIC e CETIP,
os títulos públicos LTN, LFT, NTN, BBC, LBC, NBC.
• O mercado monetário utiliza-se também do
mercado aberto, opera com bancos comerciais
e negocia títulos da dívida externa.
• O mercado de crédito realiza operações em curto
e em médio prazos, basicamente por meio de
bancos comerciais e as sociedades financeiras.
As principais operações são: empréstimos em
curto e em médio prazos, o desconto de títulos,
as contas garantidas, os créditos rotativos, os
empréstimos para capital de giro e pagamento de
Unidade 5
tributos, as operações de vendor, o crédito direto
ao consumidor e o adiantamento de contrato de
câmbio.
• O mercado de capitais realiza a intermediação
entre os que têm e os que necessitam de dinheiro.
Opera com: financiamento de capital de giro,
repasses, arrendamento mercantil, ações e
debêntures e securitização de recebíveis.
• O mercado cambial opera na conversão de moeda
nacional em estrangeira e vice-versa.
• As taxas de juros – TR, TBF, TBC, TBAN, TJLP –,
aplicadas nas negociações financeiras, têm como
objetivo remunerar as operações efetuadas.
Exercícios
I – Assinale, com um X nos parênteses, a opção
correta, conforme o conteúdo da afirmativa.
1. O mercado monetário envolve as operações de
curto e curtíssimo prazo, e possibilita agilidade
da liquidez da economia.
( ) CERTO ( ) ERRADO
2. O sistema especial de liquidação e custódia –
SELIC opera com títulos privados.
( ) CERTO ( ) ERRADO
3. Os títulos públicos dos governos estadual
e municipal têm circulação restrita e baixa
liquidez.
( ) CERTO ( ) ERRADO
4. O overnight é uma operação do mercado aberto
secundário.
( ) CERTO ( ) ERRADO
5. O principal papel representativo da dívida
externa brasileira é a letra de câmbio.
( ) CERTO ( ) ERRADO
6. A oferta de crédito no mercado é constituído,
principalmente, pelas sociedades financeiras
e pelos bancos comerciais.
( ) CERTO ( ) ERRADO
II – Responda.
1. O que é adiantamento de contrato de câmbio?
______________________________________
______________________________________
______________________________________
______________________________________
 Unidade 5 51
2. O que é arrendamento mercantil?

______________________________________

______________________________________

______________________________________

3. O que é mercado cambial?

______________________________________

______________________________________

______________________________________

4. O que é a libor?
______________________________________

______________________________________

______________________________________

5. O que é a prime rate?

______________________________________

______________________________________

______________________________________

______________________________________

Confira suas respostas

I – 1. (x) CERTA
2. (x) ERRADA
3. (x) CERTA
4. (x) CERTA
5. (x) ERRADA
6. (x) CERTA

II – 1. Adiantamento de contrato de câmbio é operação

de incentivo de crédito ao exportador.
2. Arrendamento mercantil é uma forma de
financiamento. É praticado mediante a
celebração de um contrato de arrendamento
(aluguel) efetuado entre um cliente (arrendatário)
e uma sociedade de arrendamento mercantil
(arrendadora), visando à utilização, pelo
arrendatário de um bem, por um prazo
determinado, cujo pagamento é efetuado sob
a forma de aluguel.
3. Mercado cambial é o segmento financeiro em
que ocorrem operações de compra e venda de
moedas internacionais conversíveis.
4. A libor é a taxa de juros interbancária do mercado
de Londres.
5. A prime rate é a taxa de juros cobrada pelos
bancos americanos de seus clientes classificados
como preferenciais.
 Técnico em Transações Imobiliárias
Comércio Externo
Unidade 6
Objetivos:
• Conceituar comércio externo, balanço de
pagamentos e taxa cambial.
• Identificar os organismos internacionais.
SETOR EXTERNO
É o conjunto de atividades mercantis, realizadas
entre dois países ou blocos. São as normatizações
com que cada país administra seu comércio com
os demais, regulando as formas e as deliberações
para viabilizar esse comércio.
Na maioria dos países, ele representa uma grande
parcela do Produto Interno Bruto – PIB. Os avanços
nas áreas das indústrias e dos transportes, a
globalização, o surgimento das corporações
multinacionais foram extremamente relevantes
no incremento deste comércio. O aumento
do comércio internacional é normalmente
relacionado ao fenômeno da globalização.
Várias são as razões que levam os países a
comercializarem entre si:
• alternativa de mercado;
• reduções de custos de produção;
• reduções de tributos;
• diversificação de condições de produção;
• aprimoramento na qualidade do produto;
• tendências de mercado;
• oportunidades vislumbradas.
A Teoria das Vantagens Comparativas,
formulada em 1817 por David Ricardo, é
talvez o mais importante conceito de teoria
de comércio internacional. Nesse modelo,
os países especializam-se naquilo que fazem
melhor relativamente. Diferentemente de outros
modelos, o ricardiano defende que os países
tendem a se especializar em poucos produtos
ao invés de produzir um grande número de bens.
Na área econômica, essa teoria explica porque
o comércio entre dois países, duas regiões ou
pessoas pode ser benéfico, mesmo quando um
deles é mais produtivo na fabricação de todos os
bens. O que importa aqui não é o custo absoluto
de produção, mas a razão de produtividade que
cada país possui.
O Balanço de Pagamentos
O Balanço de Pagamentos – BP é um registro
sistemático de todas as transações econômicas
de um país com o exterior durante um certo
período. Ele contém o registro contábil de
todas as transações de bens e de serviços, as
transferências de propriedades, as variações de
ouro monetário, as transferências unilaterais de
divisas e as variações de Direitos Especiais de
Saques de uma economia com o resto do mundo.
O objetivo principal é prestar informações às
autoridades governamentais sobre as contas
externas do país, visando à formulação das
políticas monetária, fiscal, cambial e comercial.
A estrutura do Balanço de Pagamentos
De acordo com sua natureza, as transações
do país com o exterior apresentam a seguinte
classificação:
• Balança comercial – Nome da conta em que
se registram os valores das importações e das
exportações entre os países.
 Unidade 6
• Balanço de serviços – Conta que compreende
o registro de todos os serviços pagos e/ou
recebidos pelo país, por exemplo: seguros,
fretes, juros, viagens internacionais.
• Transferências unilaterais – Registram-se
nesta conta as doações financeiras ou não
entre países.
• Balanço de transações correntes –
Compreende o resultado de todas as operações
do país com o exterior. Nesta conta, estão
incluídas as receitas e as despesas da
balança comercial, tais como exportações
e importações; a conta de serviços em
que se incluem os juros pagos; as viagens
internacionais, quando pagas pelo Estado;
os transportes, os seguros, os lucros e os
dividendos recebidos; os serviços diversos,
incluso nesta conta; os gastos do cerimonial e
da presidência e das transferências unilaterais.
• Balanço de capitais – Nesta conta aparecem
as transações que produzem variações no
ativo e no passivo externos do país, indicando
a posição de devedor ou de credor em relação
aos outros países.
A taxa de câmbio
Para que as transações entre países possam
ser liquidadas, é preciso converter uma moeda
em outra, ou seja, é necessário que exista uma
relação de valor de uma para a outra. A esta
proporção de valor chama-se de taxa de câmbio.
Assim, se uma unidade de dólar custar R$
2,00, ou seja, US$ 1,00 = R$ 2,00, pode-se
representar a taxa de câmbio de duas formas.
A forma mais usual é R$/US$ = 2,00. Mas
também está correto dizer US$/R$ = 0,50.
Portanto, está incorreto afirmar que a taxa de
câmbio subiu ou desceu se não indicarmos a
que notação de taxa de câmbio estamos nos
referindo.
O regime cambial fixo é aquele em que a taxa
de câmbio é determinada por uma paridade
fixa. O peso argentino era um caso emblemático
em que existia uma paridade de 1 por 1 com
o dólar americano. Nesse caso, para manter a
paridade fixa, só se podia emitir pesos caso o
país recebesse dólares por meio do comércio
53
internacional. Os países que adotam o regime
de câmbio fixo geralmente tiveram problemas de
credibilidade, obrigando-se a atrelar sua moeda a
outra mais confiável para controlar, em especial,
problemas inflacionários.
Num regime de câmbio flutuante, a taxa de
câmbio é determinada pelo mercado, a partir
da interação entre demandantes e ofertantes
de divisas. Oferecem câmbio os exportadores
(que recebem em moeda estrangeira pela
exportação de suas mercadorias), os investidores
estrangeiros, os turistas estrangeiros etc.
Demandam câmbio os importadores, os
investidores brasileiros no exterior, os residentes
brasileiros em viagens no exterior etc.
A demanda por moeda estrangeira será tanto
maior quanto mais barata estiver. No Plano
Real, quando o Real tinha alto poder de compra
sobre as moedas estrangeiras, observou- se
uma maior demanda por dólar. Tal demanda
se justificava por causa dos baixos preços dos
produtos estrangeiros e, consequentemente,
da necessidade do dólar para a realização das
compras de tais produtos.
Existe um regime cambial conhecido como flexível
gerenciado. O governo permite que o câmbio
flutue dentro de determinadas amplitudes.
As flutuações são permitidas desde que não
desestabilizem a economia nacional. O governo
monitora a taxa de câmbio, a fim de evitar grandes
valorizações ou desvalorizações monetárias.
O Banco Central intervém em alguns casos
comprando divisas, quando a tendência é de
forte desvalorização do dólar e forte valorização
do Real ou vendendo divisas, quando se observa
a tendência oposta.
A moeda muito valorizada prejudica as
exportações, visto que os preços dos produtos
domésticos estão cotados nessa moeda que está
muito cara no mercado internacional.
Por outro lado, a moeda muito desvalorizada gera
pressões inflacionárias. Os produtos estrangeiros,
em geral, são insumos da produção doméstica.
Quando estão caros, pressionam a planilha de
custos das empresas, que repassam os custos,
em última instância, para os preços pagos pelos
consumidores da economia doméstica.
 54
O Brasil, historicamente, viveu num regime cambial
flexível administrado. Após a desvalorização do
Real, em janeiro de 1999, o Banco Central
tem permitido ao sistema de câmbio operar
mais livremente, reduzindo expressivamente
as interferências no mercado de câmbio
comparativamente ao passado recente. Até
1999, existia no Brasil as bandas cambiais,
limites predefinidos de variação do câmbio, cuja
amplitude (distância entre o piso e teto) era
bastante curta. Atualmente, não existe um piso
ou teto para as flutuações no câmbio.
Os organismos internacionais
Organismos Internacionais são instituições que
controlam, orientam e estudam a economia de
um país, seja em termos de cultura, seja em
termos de produção de bens e de serviços. Eles
surgiram em virtude das perturbações econômicas
advindas das grandes guerras mundiais.
Foram criados três principais organismos
econômicos internacionais.
• Fundo Monetário Internacional – FMI –
Pretende assegurar o bom funcionamento
do sistema financeiro mundial, socorrendo
os países a ele associados, quando ocorrem
desequilíbrios em seus balanços de
pagamentos.
• Organização Mundial do Comércio – OMC
– Supervisiona um grande número de acordos
sobre as regras do comércio, visando à redução
das restrições ao comércio internacional e à
liberalização do comércio multilateral.
• Banco Mundial (também conhecido como
Banco Internacional de Reconstrução e
Desenvolvimento – BIRD) – Tem como missão
principal a luta contra a pobreza, por meio
de financiamento e empréstimos aos países
em desenvolvimento. Seu funcionamento
é garantido por quotizações definidas e
reguladas pelos 184 países-membros.
Existem também, entre alguns países, o
conhecido Mercosul e a Tratado Norte Americano
de Livre Comércio – NAFTA.
Unidade 6
Resumo
• Comércio externo é o conjunto de atividades
mercantis, realizadas entre dois países ou blocos.
• Entre as razões que levam os países a
comercializarem entre si, destacam-se: alternativa
de mercado; reduções de custos de produção;
reduções de tributos; diversificação de condições
de produção; aprimoramento na qualidade do
produto; tendências de mercado e oportunidades
vislumbradas.
• O Balanço de Pagamentos – BP é um registro
sistemático de todas as transações econômicas
de um país com o exterior durante um certo
período.
• Taxa de câmbio é a relação de valor de uma moeda
para a outra.
• Regime cambial fixo é aquele em que a taxa de
câmbio é determinada por uma paridade fixa.
• Regime cambial flutuante é aquele em que a taxa
de câmbio é determinada pelo mercado.
• Regime de câmbio flexível é aquele em que o
câmbio flutua livremente.
• Regime de câmbio flexível gerenciado é aquele
em que o câmbio flutua dentro de determinados
limites.
• Os três principais organismos econômicos
internacionais são: Fundo Monetário Internacional
– FMI; Organização Mundial do Comércio – OMC
e Banco Mundial.
Exercícios
I – Marque V (verdadeiro) e F (falso), conforme os
tópicos apresentados.
1. ( ) Para que haja atividades mercantis
entre os países, é necessário que se
normatizem as formas de administrar
essas atividades.
2. ( ) O Produto Interno Bruto (PIB) dos vários
países beneficia-se com o comércio
externo.
3. ( ) O fenômeno da globalização, relacionado
aos avanços tecnológicos nas várias
áreas, mostrou-se relevante para o
incremento do mercado internacional.
4. ( ) A teoria das vantagens comparativas
defende que os países realizem atividades
mercantis, visando à obtenção da maior
produtividade na fabricação de todos os
bens.
 Unidade 6
II – Responda as seguintes questões.
1. O que se entende por Balanço de Pagamentos?
______________________________________
______________________________________
______________________________________
2. Como se classificam as transações de um país
com o exterior?
______________________________________
______________________________________
______________________________________
3. O que são organismos internacionais?
______________________________________
______________________________________
______________________________________
4. Q u a i s s ã o o s p r i n c i p a i s o r g a n i s m o s
internacionais e suas funções?
______________________________________
______________________________________
______________________________________
III – Defina:
a. regime cambial fixo:
______________________________________
______________________________________
______________________________________
______________________________________
______________________________________
b. regime de câmbio flutuante:
______________________________________
______________________________________
______________________________________
______________________________________
______________________________________
c. regime cambial flexível gerenciado:
______________________________________
______________________________________
______________________________________
______________________________________
______________________________________
55
Confira suas respostas
I – 1. (V)
2. (V)
3. (V)
4. (F) A teoria das vantagens comparativas defende
que os países se especialize em poucos
produtos ao invés de produzir um grande
número de bens.
II – 1. Balanço de Pagamentos – BP é um registro
sistemático de todas as transações econômicas
de um país com o exterior durante certo período.
2. As transações do país com o exterior apresentam
a seguinte classificação:
Balança Comercial – conta que registra os
valores das importações e exportações entre os
países.
Balanço de Serviços – conta que registra todos
os serviços pagos e/ou recebidos pelo país:
seguros, fretes, juros etc.
Transferências unilaterais – conta que registra
as doações financeiras ou não entre países.
Balanço de Transações correntes – conta que
registra o resultado de todas as operações do
país com o exterior.
Balanço de capitais – conta que registra as
transações que produzem variações no ativo e
no passivo externo do país – posição de devedor
ou credor.
3. Organismos internacionais são instituições que
controlam, orientam e estudam a economia de
um país.
4. Os principais organismos internacionais são:
Fundo Monetário Internacional – FMI: assegura o
bom funcionamento do sistema financeiro
mundial.
Organização Mundial do Comércio – OMC:
supervisiona um grande número de acordos
sobre as regras do comércio internacional.
Banco Mundial: luta contra a pobreza por meio
de financiamento e empréstimos aos países em
desenvolvimento.
III – a. Regime cambial fixo: a taxa de câmbio é
determinada por uma paridade fixa.
b. Regime de câmbio flutuante: a taxa de câmbio é
determinada pelo mercado, a partir da interação
entre demandantes e ofertantes de divisas.
c. Regime cambial flexível gerenciado: a taxa de
câmbio é monitorada pelo governo a fim de
evitar grandes valorizações ou desvalorizações
monetárias.
 Técnico em Transações Imobiliárias
Setor Público
Unidade 7
Objetivos:
• Identificar as funções econômicas do setor
público.
• Conceituar défice público.
• Estabelecer comparação entre crescimento e
desenvolvimento econômico.
• Identificar as metas de política macroeconômica.
• Refletir sobre as consequências do processo
de globalização.
FUNÇÕES ECONÔMICAS
As funções econômicas do setor público
A ação governamental, na área da Economia,
atende a certas funções básicas que, por sua
vez, tendem a afetar os rumos do crescimento e
os parâmetros do desenvolvimento econômico.
Pode-se classificar as atribuições do governo em
três categorias.
• Função estabilizadora – Procura melhorar
o nível de empregos, estabilizar os preços
e obter uma taxa razoável de crescimento
econômico.
• Função alocativa – Estabelece o fornecimento
de bens públicos à população.
• Função distributiva – Realiza ajustes na
distribuição de renda, tornando-a mais
justa.
A função estabilizadora tem como principal
objetivo controlar a demanda agregada, por meio,
por exemplo, do controle dos gastos públicos, do
crédito e do aumento da tributação, de forma
que o impacto causado pelas crises inflacionárias
ou de recessão econômica seja atenuado. Esta
atribuição é exercida por meio de instrumentos
de política fiscal (forma de gasto do orçamento
público e política tributária) e política monetária
(política de crédito, interferências na oferta e
demanda de moeda e sua influência sobre o
nível de juros).
A função alocativa tem o objetivo de alocar os
recursos quando não é possível captá-los pelas
condições de mercado, bem como determinar
preços de bens e de serviços de forma a
assegurar uma maior eficiência na utilização
dos recursos disponíveis na economia. Devido
a certas características de mercado, esses bens
e serviços não são ofertados na quantidade
ou nos preços ótimos do ponto de vista social.
São exemplos da função alocativa muitos dos
programas de governo que afetam segmentos ou
setores que ofertam infraestrutura (saneamento
básico, transporte, energia e telecomunicações).
A função distributiva atende a certos preceitos
ou critérios socialmente aceitos de distribuição
de renda. Com essa atribuição, o governo
necessita intervir na economia para tentar corrigir
a desigualdade existente na divisão da renda
nacional, visto que essa divisão, normalmente,
não é igualitária.
Por meio dessas atribuições (alocativa, distributiva
e estabilizadora), o governo utiliza tributação como
um instrumento para diminuir os desequilíbrios
conjunturais e melhorar as taxas de crescimento
econômico.
A estrutura tributária
Os sistemas de tributação podem ser
diferenciados, levando-se em conta os tipos de
impostos e os princípios que os conduzem.
 Unidade 7
Os dois princípios que devem reger um sistema
tributário são os seguintes.
• O princípio do benefício – que diz que o
contribuinte deve pagar de acordo com o
benefício por ele usufruído, por meio dos bens
e dos serviços prestados pelo governo.
• O princípio da capacidade de pagamento – que
parte da premissa de que os contribuintes
devem pagar os impostos segundo sua
capacidade de pagamento.
Os tipos de sistemas tributários
De acordo com o impacto ou a incidência dos
impostos sobre as diferentes camadas de renda
da sociedade, podemos classificar os sistemas
tributários assim.
• Sistema proporcional – Em que a aplicação
de uma mesma alíquota ou taxa de imposto
incide igualmente para os diferentes níveis de
renda. Este sistema não altera a distribuição
de renda na sociedade.
• Sistema progressivo – Em que as alíquotas do
imposto crescem à medida em que a renda
cresce. A utilização deste sistema de imposto
altera a distribuição da renda em favor dos que
ganham menos.
• Sistema regressivo – Em que as alíquotas do
imposto cairiam à medida que a renda cresce.
Este sistema tenderia a concentrar ainda mais
a renda na sociedade.
A categoria de impostos
Os impostos podem ser classificados em diretos
e indiretos.
• Impostos diretos – incidem sobre a renda e
o patrimônio ou a riqueza das pessoas. Ex.:
IPTU, IPVA e Imposto de Renda. Por serem
proporcionais à renda ou crescerem com
a renda, esses impostos são considerados
socialmente mais justos.
• Impostos indiretos – incidem sobre os bens
ou serviços transacionados na sociedade. Ex.:
IPI, ICMS e ISS.
O défice público
O governo é um agente econômico responsável
por grande parte das compras de bens e serviços
57
produzidos na economia. Para cumprir suas
atribuições o governo conta com a arrecadação
dos impostos diretos e indiretos, nos níveis
federal, estadual e municipal.
Entretanto, muitas vezes o total de gastos do
governo supera o total arrecadado com os
impostos, gerando um défice. O valor do défice
público é normalmente considerado em função
do Produto Interno Bruto (PIB) do país, permitindo
a comparação com a situação de outros países
e a avaliação do excesso de despesa do país em
relação a sua riqueza.
O défice público pode ser caracterizado como:
• défice primário: as despesas com juros são
excluídas do cálculo do défice;
• défice operacional: as despesas com juros
também são consideradas.
Para financiar esse défice, o governo conta com
duas fontes.
• Operações de mercado aberto, com a venda
de títulos públicos.
• Emissão de moeda.
Resumo
• As atribuições do governo podem ser classificadas
em três categorias: função estabilizadora
– procura melhorar o nível de empregos,
estabilizar os preços e obter uma taxa razoável
de crescimento econômico; função alocativa –
estabelece o fornecimento de bens públicos à
população; função distributiva – realiza ajustes
na distribuição de renda, tornando-a mais justa.
• Um sistema tributário é regido pelo princípio
do benefício – o contribuinte deve pagar de
acordo com o benefício por ele usufruído por
meio dos bens e dos serviços prestados pelo
governo; pelo princípio da capacidade de
pagamento – o contribuinte deve pagar os
impostos segundo sua capacidade de pagamento.
• Os impostos podem ser classificados em
diretos como IPTU, IPVA e indiretos como IPI,
ICMS, e ISS.
• Há geração de défice quando o total de gastos
do governo supera o total arrecadado com os
impostos.
 58
Exercícios
I – Relacione as funções econômicas do governo
às suas atribuições.
(A) Função estabilizadora
(B) Função alocativa
(C) Função distributiva
1. ( ) Atende a certos preceitos ou critérios
socialmente aceitos de distribuição de
renda.
2. ( ) Objetiva alocar os recursos quando as
condições de mercado não os fornecem.
3. ( ) Possibilita ao governo intervir na economia
para tentar corrigir a desigualdade
existente na divisão da renda nacional.
4. ( ) Objetiva controlar a demanda agregada
mediante o controle dos gastos públicos,
o crédito e o aumento da tributação.
5. ( ) Visa melhorar o nível de empregos,
estabilizar os preços e obter uma taxa
razoável de crescimento econômico.
6. ( ) Estabelece o fornecimento de bens
públicos à população.
7. ( ) É exercida por meio de instrumentos de
política fiscal.
II – Responda as seguintes questões.
1. Quais os princípios que regem um sistema
tributário e como se caracterizam?
______________________________________
______________________________________
______________________________________
______________________________________
______________________________________
2. Como se classificam os sistemas tributários e
como se definem?
______________________________________
______________________________________
______________________________________
______________________________________
3. Caracterize défice público.
______________________________________
______________________________________
______________________________________
______________________________________
Unidade 7
Confira suas respostas
I – 1. (C)
2. (B)
3. (C)
4. (A)
5. (A)
6. (B)
7. (A)
II – 1. Princípio do benefício – o contribuinte deve pagar
de acordo com o benefício por ele usufruído, por
meio dos bens e dos serviços prestados pelo
governo.
Princípio da capacidade de pagamento – os
contribuintes devem pagar os impostos segundo
sua capacidade de pagamento.
2. Sistema proporcional – a aplicação de uma
mesma alíquota igualmente aos diferentes níveis
de renda.
Sistema progressivo – as alíquotas do imposto
crescem à medida que a renda cresce.
Sistema regressivo – as alíquotas cairiam à
medida que a renda cresce.
3. Défice público – os gastos do governo superam
o total arrecadado com os impostos.
CRESCIMENTO E
DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO
Para compreendermos melhor este tema,
podemos citar o economista Luiz Gonzaga de
Souza que, em seu livro Ensaios de Economia,
esclarece o seguinte.
“Uma nação estruturada é uma base
geográfica com uma população
economicamente ativa ou não,
delimitada com as outras partes
institucionais, que formam outros países,
com organizações diferentes, e com
problemas semelhantes, mas, com
maneiras distintas de resolução. Nesse
contexto de delimitação, os territórios
crescem, tanto em termos de população,
quanto em termos de produção, pois se
o contingente populacional cresce, deve
existir uma contrapartida de produção
para suprir a esse povo que necessita
de alimentação. Da mesma forma que
a população cresce e a produção deve
aumentar, também elas podem decrescer
de maneira igual, ou desigual; ou até
mesmo só uma cresce ou decresce,
e a outra fica parada, ou como se diz
 Unidade 7
normalmente, estável. Esse processo de
crescer e/ou decrescer é o que constitui
a teoria do crescimento econômico e
social”.
O crescimento e o desenvolvimento econômico
Desenvolvimento, pelo prisma econômico, pode
ser compreendido por desenvolvimento da riqueza
material dos países ou das regiões, assim como
o bem-estar econômico de seus habitantes.
Deve ser encarado como um processo complexo
de mudanças e transformações de ordem
econômica, política e, principalmente, humana
e social.
O processo de desenvolvimento econômico de
um país pressupõe que ajustes institucionais,
fiscais e jurídicos são necessários; incentivos para
novo investimentos devem ser fomentados, assim
como deve haver condições para um sistema
eficiente de produção e de distribuição de bens
e de serviços à população.
O crescimento econômico diz respeito às
mudanças na produção física nacional
quantitativamente medida pelos indicadores de
renda, renda per capita e pelo PIB. A forma mais
clássica e tradicional de se medir o crescimento
econômico de um país é medir o crescimento de
seu Produto Interno Bruto – PIB.
Mesmo sabendo que pode coexistir um processo
de crescimento com desenvolvimento econômico
negativo (Brasil na época do “milagre econômico”),
devemos considerar que o desenvolvimento deve
resultar do crescimento econômico, acompanhado
de melhoria na qualidade de vida, ou seja, deve
incluir as alterações da composição do produto e
a alocação de recursos pelos diferentes setores
da economia, visando à melhoria dos indicadores
de bem-estar econômico e social.
As fontes de crescimento
O crescimento econômico de determinado país
acontece em uma política de dinamização no
processo produtivo, isto no que diz respeito ao
setor primário, ou agricultura; ao setor secundário,
ou de transformação e beneficiamento; e, ao setor
terciário, ou de serviços. É preciso que os três
setores da economia cresçam harmonicamente,
59
melhorando o bem-estar de toda a população.
Se não acontecer, ocorre o que se presencia no
dia a dia dos países periféricos: são as constantes
migrações campo/cidade, cidade/campo,
e agora, interpaíses.
Pode-se elencar as fontes de crescimento de um
país da seguinte forma.
• Aumento na disponibilidade de mão de obra.
• Ampliação do estoque de capital ou da
capacidade produtiva.
• Aperfeiçoamento da formação profissional.
• Melhoria tecnológica.
• Eficiência organizacional.
O importante é que a taxa de crescimento da
economia tem de estar em consonância com
toda a estrutura do país, para não ocorrer
desigualdades e, como consequência, um
desajuste maior do que possa gerar crises, e
chegar talvez à recessão de maneira incontrolável
e sem perspectivas.
Os indicadores de desenvolvimento
A renda per capita é considerada um razoável
indicador – o mais operacional – para se aferir
a melhoria do padrão de vida da população,
embora apresente falha ( os países árabes têm
as maiores rendas per capita, mas não o melhor
padrão de vida do mundo).
Tendo em vista que o desenvolvimento econômico
é definido pelo aumento contínuo dos níveis de
vida, incluindo maior consumo de produtos e de
serviços básicos para o conjunto da população,
apenas o valor da renda per capita é insuficiente
para refletir corretamente os diferenciais de
desenvolvimento entre países ou regiões.
Torna-se necessário, portanto, considerar
indicadores adicionais que possam refletir
melhorias sociais e econômicas, como mais
alimentação, melhor atendimento médico e
odontológico, educação mais qualificada, mais
segurança e melhor qualidade do meio ambiente.
O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH),
metodologia de avaliação de desenvolvimento
utilizada pela Organização dos Estados
Americanos (OEA), considera, além do PIB, os
índices de emprego e de analfabetismo de um
país ou região.
 60
Determinados indicadores, como mortalidade
infantil, número de matrículas escolares,
igualdade dos sexos na educação e liberdades
políticas apresentam uma correlação imperfeita
com a renda per capita. Contudo, a distribuição
direta de renda por meio de programas de saúde,
educação e alimentação da população mais
pobre é indispensável para a melhoraria dos
indicadores de desenvolvimento.
Resumo
• Desenvolvimento econômico deve ser encarado
como um processo complexo de mudanças e
transformações de ordem econômica, política
e, principalmente, humana e social. Pressupõe
ajustes institucionais, fiscais e jurídicos; incentivos
para novo investimentos e condições para um
sistema eficiente de produção; distribuição de
bens e serviços à população.
• O crescimento econômico diz respeito às
mudanças na produção física nacional
quantitativamente medida pelos indicadores de
renda, renda per capita e pelo PIB.
• As fontes de crescimento de um país são:
– aumento na disponibilidade de mão de obra;
– ampliação do estoque de capital ou da
capacidade produtiva;
– aperfeiçoamento da formação profissional;
– melhoria tecnológica;
– eficiência organizacional.
• A renda per capita, mesmo apresentando falhas,
é o indicador mais operacional para se aferir a
melhoria do padrão de vida da população.
• O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) é uma
metodologia de avaliação de desenvolvimento que
considera, além do PIB, os índices de emprego e
analfabetismo de um país ou região.
Exercícios
I – Realize as seguintes atividades.
1. Defina crescimento e desenvolvimento
econômico.
______________________________________
______________________________________
______________________________________
______________________________________
Unidade 7
2. Indique a relação entre crescimento econômico
e processo produtivo.
______________________________________
______________________________________
______________________________________
______________________________________
3. Cite as fontes de crescimento de um país.
______________________________________
______________________________________
______________________________________
______________________________________
II – Responda.
1. Que outros indicadores, além da renda per capita,
refletem melhorias sociais e econômicas de
um país?
______________________________________
______________________________________
______________________________________
______________________________________
______________________________________
______________________________________
2. O que é IDH?
______________________________________
______________________________________
______________________________________
______________________________________
______________________________________
Confira suas respostas
I – 1. Crescimento econômico refere-se às mudanças
na produção física de um país. Desenvolvimento
econômico refere-se à riqueza material dos
países e ao bem-estar econômico de seus
habitantes.
2. O processo produtivo, nos três setores da
economia, quando fruto de uma política de
dinamização, favorece o crescimento econômico
de um país.
3. As fontes de crescimento de um país são: aumento
na disponibilidade de mão de obra; ampliação do
estoque de capital ou da capacidade produtiva,
aperfeiçoamento da formação profissional,
melhoria tecnológica e eficiência organizacional.
 Unidade 7
II – 1. Outros indicadores: mais alimentação, melhor
atendimento médico e odontológico, educação
mais qualificada, mais segurança e melhor
qualidade do meio ambiente.
2. IDH é a metodologia de avaliação de
desenvolvimento utilizada pela ONU e considera,
além do PIB, os índices de emprego e de
analfabetismo de um país.
POLÍTICAS MACROECONÔMICAS
A macroeconomia teve como seu criador um
dos mais influentes economistas do século XX:
John Maynard Keynes (1883-1946). A
macroeconomia cuida dos totais ou agregados;
trata da renda nacional total, e como a mesma
é afetada pelos gastos, e poupanças totais.
As definições
A macroeconomia estuda a economia como
um todo, analisando a determinação e o
comportamento de grandes agregados, tais
como: renda e produto nacionais, nível geral
de preços, emprego e desemprego, estoque de
moeda e taxas de juros, balança de pagamentos
e taxa de câmbio.
Ao estudar e procurar relacionar os grandes
agregados, a macroeconomia negligencia o
comportamento das unidades econômicas
individuais e de mercados específicos, estas são
preocupações da Microeconomia.
A Teoria Macroeconômica propriamente dita
preocupa-se mais com aspectos em curto prazo.
Especificamente, preocupa-se com questões,
como desemprego, que aparece sempre que
a economia está trabalhando abaixo de seu
máximo de produção, e com as implicações
sobre os vários mercados quando se alcança a
estabilização do nível geral de preços.
A parte da Teoria Econômica que estuda
questões em longo prazo é denominada Teoria
do Crescimento Econômico.
As metas de política macroeconômica
As metas de uma Política Macroeconômica são
as seguintes.
61
• Alto nível de emprego
• Estabilidade de preços
• Distribuição de renda socialmente justa
• Crescimento econômico
Alto nível de emprego – Por meio de instrumentos
e intervenções na economia, o governo procura
oportunizar mais postos de trabalhos.
Estabilidade de preços – Esta é uma das
metas prioritárias para qualquer governo, já que a
inflação acarreta distorções, principalmente sobre
a distribuição de renda, sobre as expectativas dos
agentes econômicos e o balanço de pagamentos.
Distribuição equitativa de renda – A
economia brasileira cresceu, nos últimos anos,
razoavelmente, apesar disso, verifica-se uma
disparidade muito acentuada no nível de renda,
tanto a nível pessoal quanto em nível regional.
Isso fere, evidentemente, o sentido de equidade
ou justiça. O governo, então, por meio de suas
políticas econômicas e sociais visa à reversão
desse quadro.
Crescimento econômico – Pode-se aumentar
o produto nacional por meio de políticas
econômicas que estimulem a atividade produtiva,
ou seja, colocar à disposição da coletividade uma
quantidade de mercadorias e de serviços que
supere o crescimento populacional.
Os instrumentos de política macroeconômica
A política macroeconômica envolve a atuação
do governo sobre a capacidade produtiva e as
despesas planejadas, com objetivo de permitir
que a economia opere a pleno emprego, com
baixas taxas de inflação e uma distribuição justa
de renda.
Os principais instrumentos para atingir tais
objetivos são as políticas fiscais, monetárias,
cambiais e comerciais, e de rendas.
• Política Fiscal – Instrumentos que o governo
possui para arrecadação de tributos e controle
de suas despesas. É utilizada para estimular
(ou inibir) os gastos de consumo do setor
privado.
Se a meta é a redução da taxa de inflação, as
medidas fiscais visarão à diminuição de gastos
 62
públicos e/ou ao aumento da carga tributária,
que tenderá a inibir o consumo.
Se a meta visa a um maior crescimento e
emprego, os instrumentos fiscais, utilizados
no sentido inverso, visam à elevação da
demanda agregada.
• Política Monetária – A atuação de autoridades
monetárias sobre a quantidade de moeda
em circulação, de crédito e das taxas de
juros, controlando a liquidez global do
sistema econômico. A política monetária age
diretamente sobre o controle da quantidade
de dinheiro em circulação, visando defender
o poder de compra da moeda.
Tal prática pode ser expansionista ou restritiva.
Em uma política monetária restritiva, a
quantidade de dinheiro em circulação é
diminuída, ou mantida estável, com o
objetivo de desaquecer a economia e evitar
o aumento dos preços. Em uma política
monetária expansionista, a quantidade de
dinheiro em circulação é aumentada, com o
objetivo de aquecer a demanda e incentivar o
crescimento econômico. Cabe ressaltar que
a política monetária expansionista visa criar
condições para o crescimento econômico,
porém não o determina.
Os instrumentos que o governo possui para
desenvolver sua política monetária são:
– emissão de papel moeda;
– depósito compulsório (percentual sobre os
depósitos que os bancos comerciais devem
reter junto ao Banco Central);
– compra e venda de títulos da dívida pública;
redescontos (empréstimos do Banco Central
aos bancos comerciais);
– regulamentação sobre crédito e taxas de juros.
• Políticas Cambial e Comercial – Política
cambial que se refere à atuação do governo
sobre a taxa de câmbio. O governo, através do
Banco Central, pode fixar a taxa de câmbio,
ou permitir que ela seja flexível e determinada
pelo mercado de divisas. A política comercial
refere-se aos instrumentos de incentivos às
exportações e/ou estímulo ou desestímulo
às importações, ou seja, refere-se aos
estímulos fiscais.
Unidade 7
• Po l í t i c a d e Re n d a s – I n t e r v e n ç ã o
direta do governo na formação de renda
(salários, aluguéis), por meio do controle e
congelamentos de preços. A característica
especial é que, nesses controles, os preços
são congelados, e os agentes econômicos não
podem responder às influências econômicas
normais de mercado.
Resumo
• A macroeconomia estuda o comportamento de
grandes agregados, tais como: renda e produto
nacionais, nível geral de preços, emprego e
desemprego, estoque de moeda e taxas de juros,
balança de pagamentos e taxa de câmbio.
• As metas de uma política macroeconômica são:
– alto nível de emprego;
– estabilidade de preços;
– distribuição de renda socialmente justa;
– crescimento econômico.
• Os principais instrumentos para atingir os
objetivos da política macroeconômica são
as políticas fiscais, monetárias, cambiais e
comerciais, e de rendas.
Exercícios
I – Responda.
1. Qual é o objeto de estudo da macroeconomia?
______________________________________
______________________________________
______________________________________
______________________________________
______________________________________
______________________________________
2. Quais são as metas da política macroeconômica
e suas principais características?
______________________________________
______________________________________
______________________________________
______________________________________
______________________________________
 Unidade 7
3. Quais são os instrumentos da política
monetária?
______________________________________
______________________________________
______________________________________
II – Relacione.
(A) Política Fiscal
(B) Política Monetária
(C) Políticas Cambial e Comercial
(D) Política de Rendas
1. ( ) Intervenção direta do governo em aspectos
como aluguéis e salários, por meio de
controle e congelamento de preços.
2. ( ) Arrecadação de tributo e de controle das
despesas do governo.
3. ( ) Atuação do governo sobre a taxa de
conversão de moeda estrangeira em
nacional e vice-versa.
4. ( ) Atuação das autoridades monetárias sobre
a quantidade de moeda em circulação.
5. ( ) Atuação do governo mediante instrumentos
de incentivos às exportações e/ou estímulo
ou desestímulo às importações.
Confira suas respostas
I – 1. O objeto de estudo da macroeconomia é a
economia como um todo, considerando a
determinação e o comportamento de grandes
agregados: renda e produtos nacionais, preços,
emprego e desemprego, moeda e taxas de juros
e de câmbio, balança de pagamentos.
2. Metas da política macroeconômica.
• Alto nível de emprego: intervenções do
governo na economia para oportunizar mais
postos de trabalhos.
• Estabilidade de preços: atuação do governo
para evitar a inflação e as decorrentes
distorções sobre a distribuição de renda, sobre
as expectativas dos agentes econômicos e o
balanço de pagamentos.
• Distribuição equitativa de renda: intervenção
do governo, por meio de políticas econômicas
e sociais, visando à reversão da disparidade
da distribuição de rendas, tanto pessoal
quanto regional.
• Crescimento econômico: atuação do governo,
por meio de políticas econômicas que
estimulem a atividade produtiva para que
supere o crescimento populacional.
3. Instrumentos da política monetária: emissão de
papel moeda; depósito compulsório; compra e
venda de título da dívida pública; redescontos;
regulamentação sobre crédito e taxas de juros.
63
II – 1. (D)
2. (A)
3. (C)
4. (B)
5. (C)
GLOBALIZAÇÃO E ECONOMIA
Globalização pode ser entendida como o
conjunto de transformações que vem ocorrendo
nas últimas décadas, envolvendo a política e
a econômica mundial. O ponto central desta
mudança é a integração dos mercados numa
espécie de “aldeia-global”, conduzida e explorada
pelas grandes corporações internacionais. Em
decorrência deste processo, observa-se uma
lenta e gradual abertura do comércio de uma
nação ao mercado e capital internacionais.
O processo de globalização
O processo de globalização faz com que o espaço
econômico não coincida mais com sua gestão
política e social. Observa-se, assim, um aumento
de elementos do sistema de produção de outros
países nos sistemas produtivos nacionais. Esse
processo tem sido acompanhado de uma intensa
revolução nas tecnologias de informação –
telefones, computadores e televisão. As fontes
de informação também se uniformizam, devido ao
alcance mundial e à crescente popularização dos
canais de televisão por assinatura e da Internet.
Pode-se constatar que o processo de globalização
ultrapassa os limites da economia e começa a
provocar certa homogeneização cultural entre
os países.
A globalização é marcada pela expansão mundial
das grandes corporações internacionais. Essas
corporações exercem um papel decisivo na
economia mundial.
Outro ponto importante deste processo são as
mudanças significativas no modo de produção
das mercadorias. Auxiliadas pelas facilidades na
comunicação e nos transportes, as transnacionais
instalam suas fábricas em qualquer lugar do
mundo onde existam as melhores vantagens
fiscais, mão de obra e matérias-primas baratas.
Essa tendência leva a uma transferência de
 64
empregos dos países ricos – que possuem altos
salários e inúmeros benefícios – para as nações
industriais emergentes, como os Tigres Asiáticos.
O resultado deste processo é que, atualmente,
grande parte dos produtos não tem mais uma
nacionalidade definida. Um automóvel de marca
norte-americana pode conter peças fabricadas no
Japão, ter sido projetado na Alemanha, montado
no Brasil e vendido no Canadá.
Observa-se, assim, que os consumidores dos
mais diferentes países adquirem cada vez mais
produtos fabricados no estrangeiro e que mais
empresas nacionais operam além das fronteiras.
Além disso, os investidores privados – grandes
e pequenos – apostam em negócios que se
realizam em países muito remotos e longínquos.
A maior parte das regiões do globo está ligada
por processos de economia aberta, por processos
de convertibilidade das moedas respectivas, pela
convergência das taxas de câmbio, pelos fluxos
de investimento estrangeiro. A globalização
econômica interfere com todo o relacionamento
econômico internacional: as trocas comerciais
entre economias nacionais, os incentivos ao
crescimento econômico, a ajuda aos países em
desenvolvimento, as medidas de transparência
e a luta anticorrupção e de ética empresarial.
As consequências da globalização
O uso do termo “globalização” coloca tantos
problemas quantos os que ajuda a resolver. A
globalização econômica consiste na criação de
um único mercado mundial integrado em que
bens e capitais fluem sem barreiras, de acordo
com as vantagens comparativas que cada espaço
oferece e sem a interferência protecionista dos
governos. Até que ponto a evolução conjunta
de empresas multinacionais e de recursos
tecnológicos é compatível com a salvaguarda de
direitos sociais e ambientais, depende, em boa
parte, da autor regulação ética das empresas,
uma vez que a margem de manobra dos governos
nacionais é reduzida.
Mas globais são também as ameaças constituídas
pelo uso indiscriminado de armas de destruição
maciça, pelos desequilíbrios ambientais, pela
manipulação das formas de vida, incluindo a vida
Unidade 7
humana. Trata-se de processos que põem à prova
a própria sobrevivência das sociedades e em
que, pela primeira vez, os povos ocidentais estão
expostos ao resultado amargo do modo como
ocidentalizaram o resto do mundo. Imigração,
pressão populacional, fundamentalismo religioso,
e degradação ambiental desestabilizam o modo
de vida do Norte.
Globais são também as agências de informação
cujas redes informativas, pessoal especializado
e meios de cobertura em direto, e meios de
transmissão de dados financeiros, se tornam
atores centrais da globalização. Globais, ainda,
são os processos de homogeneização da cultura,
dispondo de tecnologias intrusivas em que a
indústria do espetáculo, a televisão, o filme,
a moda e a música, estandardizadas segundo
padrões globais, se sobrepõem e, em alguns
casos, eliminam as alternativas culturais locais.
Algumas críticas que frequentemente são
atribuídas ao fenômeno da globalização são:
• A chamada “fábrica global” que pode acarretar
perda de empregos nos países desenvolvidos
e trabalho sem segurança nos mercados
emergentes.
• A falta de especialização, a especialização
indevida ou a idade excessiva criam os novos
excluídos.
• A imigração que é reforçada pelas mudanças
em países em desenvolvimento, desprovidos
de estratégias alternativas à atividade das
grandes empresas.
• Pequenos agricultores e agricultura familiar
atacados pela promoção das monoculturas
para exportação. O supermercado global dos
produtos agrícolas coloca os alimentos sob
o controle de multinacionais irresponsáveis
perante governos e cidadãos.
• O pequeno comércio que é eliminado pelas
cadeias retalhistas e centros comerciais
gigantes, diminuindo as capacidades das
economias familiares.
• A homogeneização destrutiva de sistemas
educativos e das indústrias de espetáculo,
devido à promoção de produtos culturais
uniformizadores.
• A clonagem cultural de 2/5 da população com
menos de 20 anos, presa aos produtos de
 Unidade 7
música pop da MTV, Sony, Philips, Bertelsman.
• A comercialização da biotecnologia em escala
global visa colher estruturas genéticas dos
organismos vivos – plantas, animais, e seres
humanos.
• A implantação de serviços globais de cuidados
de saúde cria dependências fatais, destruidoras
da sociedade-providência.
• A iminência de colapso financeiro cresce,
dadas as vulnerabilidades dos sistemas
eletrônicos de transferência de capitais.
Constata-se quão difícil e complexo é a
conciliação entre o processo de globalização e
um desenvolvimento socioeconômico equitativo
e sustentável. O grande desafio que todos os
governos devem empreender, principalmente
nos países em desenvolvimento, perpassa
pela busca de um modelo de crescimento
socioeconômico que oportunize, por exemplo,
em termos sociais melhores condições de saúde,
educação, moradia e empregabilidade, bem
como a superação de problemas, tais como a
deformação das estruturas econômicas causadas
pelo comércio injusto entre países desenvolvidos
e em desenvolvimento.
Resumo
• Globalização é o conjunto de transformações na
ordem política e econômica mundial que vem
integrando os mercados numa “aldeia-global”.
• O processo de globalização promoveu uma
revolução nas tecnologias de informação –
telefones,computadores e televisão.
• Os desdobramentos da globalização ultrapassam
os limites da economia e começam a provocar
certa homogeneização cultural entre os países.
• A globalização gerou mudanças significativas
no modo de produção das mercadorias, já que
grande parte dos produtos não tem mais uma
nacionalidade definida.
• Alguns problemas do processo de globalização
podem ser refletidos no uso indiscriminado de
armas de destruição maciça, nos desequilíbrios
ambientais, na manipulação das formas de vida,
incluindo a vida humana.
• As críticas ao processo de globalização podem
trazer algumas consequências como: perda de
empregos nos países desenvolvidos e trabalho
sem segurança nos mercados emergentes;
imigração; progressivo desaparecimento dos
65
pequenos agricultores, da agricultura familiar do
pequeno comércio; homogeneização de sistemas
educativos; comercialização da biotecnologia;
dependência dos serviços globais de cuidados
de saúde, entre outros.
Exercícios
I – Realize as seguintes atividades.
1. Defina globalização.
______________________________________
______________________________________
______________________________________
______________________________________
2. Indique a relação entre a globalização e a
revolução nas tecnologias de informação.
______________________________________
______________________________________
______________________________________
______________________________________
3. Relacione os aspectos importantes da
globalização.
______________________________________
______________________________________
______________________________________
______________________________________
II – Em relação à globalização identifique o que se
pede.
(A) Benefícios
(B) Ameaças
1. ( ) Criação de um único mercado mundial
integrado em que bens e capitais fluem
sem barreiras.
2. ( ) Uso indiscriminado de armas de destruição
maciça, pelos desequilíbrios ambientais e
pela manipulação das formas de vida.
3. ( ) Redução da margem de manobras dos
governos nacionais.
4. ( ) Dependência da autorregulamentação
ética das empresas a salvaguarda dos
direitos sociais e ambientais.
5. ( ) Sobrevivência das sociedades posta à
prova em decorrência do modo como
ocidentalizaram o resto do mundo.
 66
6. ( ) Desestabilização do modo de vida do Norte
para imigração, pressão populacional,
fundamentalismo religioso e degradação
ambiental.
7. ( ) Oferta de vantagens comparativas pelos
espaços competitivos sem a interferência
protecionista dos governos.
III – Cite as principais críticas atribuídas ao
fenômeno da globalização.
___________________________________________
___________________________________________
___________________________________________
___________________________________________
___________________________________________
___________________________________________
III – Críticas atribuídas ao fenômeno da globalização.
___________________________________________
___________________________________________
___________________________________________
___________________________________________
___________________________________________
Confira suas respostas
I – 1. Globalização é o conjunto de transformações na
ordem política e econômica mundial. O ponto
central da mudança é a integração dos mercados
numa “aldeia-global”, explorada pelas grandes
corporações internacionais.
2. A globalização favoreceu uma intensa revolução
nas tecnologias de informação – telefones,
computadores e televisão, em particular a
TV a cabo e a internet, provocando certa
homogeneização cultural entre os países.
3. Aspectos importantes da globalização.
• Expansão mundial das grandes corporações
internacionais, que exercem papel decisivo
na economia mundial.
• Mudanças significativas no modo de produção
das mercadorias.
• Instalação das fábricas das transnacionais
em qualquer lugar do mundo onde haja as
melhores vantagens fiscais, mão de obra e
matérias-primas baratas.
• Transferência dos empregos dos países ricos
(altos salários e inúmeros benefícios) para
as nações industriais emergentes, como os
Tigres Asiáticos.
• Aquisição cada vez maior de produtos
fabricados no estrangeiro.
• Operação das empresas além das fronteiras.
• Investimentos privados – grandes e pequenos
– realizados em países remotos e longínquos.
Unidade 7
• Ligação das regiões do globo por processos
de economia aberta, de convertibilidade
das moedas e da convergência das taxas
de câmbio e pelos fluxos de investimento
estrangeiro.
• Interferência da globalização econômica em
todo o relacionamento internacional: trocas
comerciais entre economias nacionais,
incentivos ao crescimento econômico, ajuda
a países em desenvolvimento.
• Medidas de transferências e luta anticorrupção
e de ética empresarial.
II – 1. (A)
2. (B)
3. (A)
4. (A)
5. (B)
6. (B)
7. (A).
• Perda de empregos nos países desenvolvidos
e trabalho sem segurança nos mercados
emergentes.
• Criação de novos excluídos pela falta de
especialização, especialização indevida e idade
excessiva.
• Reforço à imigração pelas mudanças em países
do terceiro mundo, desprovidos de estratégias
alternativas à atividade das grandes empresas.
• Ataques aos pequenos agricultores e à agricultura
familiar pela promoção das monoculturas para
a exportação. Alimentos sob o controle de
multinacionais irresponsáveis perante governos
e cidadãos.
• Eliminação do pequeno comércio pelas cadeias
retalhistas e centros comerciais gigantes,
diminuindo as capacidades das economias
familiares.
• Homogeneização destrutiva de sistemas
educativos e das indústrias de espetáculo, devido
à promoção de produtos culturais uniformizados.
• Clonagem cultural de 2/5 da população com
menos de 20 anos, presa aos produtos de
música pop da MTV, Sony, Phillips, Bertelsman.
• Comercialização da biotecnologia e coleta de
estruturas genéticas de organismos vivos.
• Implantação de serviços globais de cuidados de
saúde e destruição da sociedade – providência.
• Iminência de colapso financeiro, devido às
vulnerabilidades dos sistemas eletrônicos de
transferência de capitais.
 REFERÊNCIAS

CEAD – Centro de Ensino a Distância. Módulo Economia e Mercado – Curso Técnico em Transações
Imobiliárias. São Paulo, 2007.

JORGE, Fauzi Tímaco; MOREIRA, José Otávio Campos. Economia: notas introdutórias. 2. ed. São
Paulo: Atlas, 2009.

MANKIW, N. Gregory. Introdução à economia: princípios de micro e macro economia. 2. ed. Rio de
Janeiro: Campus, 2001.

ROSSETTI, José Paschoal. Introdução à economia. 20. ed. São Paulo: Atlas, 2003.

SOUZA, Luiz Gonzaga. Ensaios de Economia. Capítulo: “A Questão do Desenvolvimento Econômico”

In: Martínez Coll, Juan Carlos (2001): EUMEDNET Enciclopedia y Biblioteca Virtual em <http://www.
eumed.net/cursecon/>. Acessada em 12 de março de 2008.

VICECONTI, Paulo Eduardo Vilchez; NEVES, Silvério das. Introdução à economia. 10. ed. São Paulo:
Frase Editora, 2010.