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16/08/2023, 09:45 Contabilidade de Custos

CONTABILIDADE DE CUSTOS
CAPÍTULO 1 - QUAIS OS CONCEITOS
ESSENCIAIS SOBRE A CONTABILIDADE
DE CUSTOS PARA MAXIMIZAR A
SUSTENTAÇÃO NAS EMPRESAS?
Sandra Figueiredo

INICIAR

Introdução
Neste capítulo você estudará os conceitos essenciais sobre a contabilidade de
custos para maximizar a sustentação nas empresas. Para começar o estudo você fará
algumas reflexões sobre os conceitos essenciais para entender custos tais como:
custo da mercadoria vendida, demonstração de resultado do exercício e os métodos
de controle de estoque.
Você sabe o que justifica a existência das empresas no contexto econômico mundial
e da contabilidade de custos? Introduzindo o estudo da contabilidade de custos
propriamente dita são abordados a formação dos produtos (bem, material ou
serviço), os fatores de produção e a evolução dos ciclos econômicos: Mercantilismo
e era Industrial.

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A contabilidade de custos ocupa-se somente das empresas industriais? Podemos


dizer que as empresas comerciais, industriais e de serviços serão abordadas, além
da comparação das demonstrações financeiras (CMV, CPV e CSP) e dos conceitos
básicos aplicados: gastos, investimentos, despesas e custos e dos princípios de
contabilidade aplicados aos custos.
Você sabe como os componentes de custo se relacionam com os produtos? Então,
em seguida, você será levado a refletir sobre a classificação em relação a sua
apropriação aos produtos. Custos diretos e indiretos, custos primários e custos de
transformação, produtos em processo, custo da produção do período, produção
acabada e a formação do CPV.

1.1 Princípios da Contabilidade de


Custos
O grande marco para a introdução da contabilidade de custos foi a Revolução
Industrial, que ocorreu no final do século XVIII na Inglaterra. As empresas industriais
necessitavam de informações diferentes das utilizadas até então, apropriadas para
empresas comerciais, pois até aquele momento a economia era basicamente focada
nas trocas comerciais. As ferrovias e o telégrafo também causaram impacto nos
sistemas contábeis, considerando a natureza das informações requeridas por estas
empresas.
A princípio, o objetivo da contabilidade de custo era calcular os valores dos estoques
das empresas industriais. Considerando que as empresas comerciais calculavam o
custo das mercadorias vendidas e o estoque final das mercadorias de forma
simples, as empresas industriais, por sua vez, tinham diversos tipos de estoque,
além do estoque de matéria-prima, o dos produtos acabados e o dos produtos em
seus diversos níveis de acabamento. A contabilidade tem seu foco na realidade
fática e, por isso, os movimentos sociais e históricos impactam na forma de
expressar e no conteúdo das informações contábeis.
Alguns acontecimentos históricos causaram grande impacto na contabilidade como
o advento do mercado de capitais nos Estados Unidos e na Europa, quando muitas
pessoas passaram a ser sócias das empresas de capital aberto e necessitaram de
informações sobre estas empresas. Outro acontecimento importante foi o uso das

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informações contábeis pelo Fisco para cálculo dos impostos. Mais recentemente, a
contabilidade de custos passou a sofrer grande impacto positivo com o uso da
tecnologia da informação.

VOCÊ O CONHECE?
Prof. Eliseu Martins é considerado um dos mais influentes contabilistas do Brasil e um dos pioneiros no
estudo da contabilidade de custos. Sendo representante na Escola Americana de Contabilidade, Martins
foi também o principal responsável por reformular o currículo do curso de Ciências Contábeis no Brasil
na década de 1980.

Embora a preocupação inicial da contabilidade de custos tenha sido o cálculo dos


estoques nas empresas industriais, nos dias de hoje, ela tem seu uso cada vez mais
ampliado para as empresas comerciais e de serviço e na gestão pública.

1.1.1 Formação dos produtos (bem, material ou serviço)


Todas as empresas têm uma missão expressa através de suas crenças e valores e sua
forma de se posicionar no mercado no qual atuam. Qual seria a missão das
empresas de forma geral? Satisfazer as necessidades da sociedade através de seus
produtos ou serviços.
A empresa, para atingir a sua missão, utiliza-se de recursos humanos, materiais e
financeiros. Sendo assim, o produto que produzem ou o serviço que desempenham
são de primordial importância para a sobrevivência e a continuidade das mesmas.
Dentro desta linha de raciocínio, um produto é algo oferecido aos consumidores
para satisfazer suas necessidades e desejos, podendo ser um bem material ou um
serviço intangível. Uma joia é um produto de bem material que é manufaturado
usando materiais nobres, como ouro e pedras preciosas, e está classificado no
mercado do luxo para satisfazer desejos das pessoas de alto poder aquisitivo. Já um
produto alimentício, como um pacote de biscoitos ou um litro de leite, situa-se em
um mercado mais amplo para atendimento das necessidades básicas.
Um serviço é um produto intangível que atende às necessidades particulares, como
o serviço de educação, que se ocupa da criação e divulgação do saber, ou mesmo os
serviços advindos de necessidades específicas criadas por situações particulares do
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mercado. O serviço de manobrista, oferecido na porta de um restaurante, é um


exemplo disso. Os serviços, muitas vezes, agregam valores aos produtos.
Você identifica as diferenças entre os bens e os serviços?
Embora ambos tenham como objetivo satisfaz as necessidades das pessoas e das
empresas, existem características diferenciadas entre os bens e os serviços. Os bens
são objetos físicos que podem ser medidos e avaliados antes da compra, produzidos
e estocados para venda posterior, portanto, podem ser devolvidos quando não
satisfazem as expectativas que prometem. Uma roupa que não lhe serve pode ser
trocada ou devolvida, um litro de leite estragado pode ser devolvido ao mercado.
Os serviços, por sua vez, são intangíveis, produzidos na presença do comprador.
Não se pode avaliar sua qualidade e, consequentemente, a satisfação que
proporcionam só poderá ser avaliada após sua compra. Um curso de matemática
não pode ser devolvido. Ele pode até ser descontinuado, mas as aulas que foram
ministradas não podem ser devolvidas. Como podemos observar, o serviço depende
muito da habilidade de seu prestador.

1.1.2 Fatores de produção


As pessoas estão sempre desejando alguma coisa e podemos mesmo dizer que os
desejos humanos são infinitos. Por outro lado, as coisas disponíveis na Terra são
finitas, daí o dilema em como atender desejos infinitos com recursos escassos. Por
isso, pode-se dizer que a escassez é o objeto de estudo da Economia. As indústrias
vivem sempre tentando satisfazer necessidades infinitas, transformando recursos
em produtos para satisfazer as necessidades crescentes dos seres humanos.

VOCÊ SABIA?
As fontes alternativas de energia como energia eólica e solar já estão sendo largamente utilizadas
em todo o mundo, justamente para introduzir o uso de outros recursos renováveis, substituindo a
energia hidroelétrica, petróleo, carvão mineral e os biocombustíveis. Veja mais em:
<http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/geografia/fontes-energia-brasil.htm
(http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/geografia/fontes-energia-brasil.htm)>.

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Tradicionalmente são considerados fatores de produção a terra, o trabalho e o


capital. A terra, incluindo suas potencialidades de cultivo, as florestas nela situadas,
os recursos naturais e as minas. O trabalho engloba a força humana física e
intelectual passível de ser aplicada na criação de riqueza. O capital não compreende
apenas os recursos monetários, mas as instalações, máquinas e equipamentos. Hoje
em dia cada vez mais se tem levado em conta a existência do capital intelectual, esta
capacidade racional capaz de transformar as realidades criando riquezas.
A existência das empresas industriais se justifica exatamente pelo conceito de
escassez e esta necessidade de transformar os recursos naturais para atender às
necessidades cada vez mais diversificadas das pessoas. Há, contudo, algumas
indagações: O que produzir (o produto)? Como produzir (o processo)? E para quem
produzir (o público alvo)? São questionamentos que orientam e justificam a
existência das empresas.
Vale lembrar que não somente as empresas industriais participam deste processo de
busca da satisfação das necessidades das pessoas. As empresas de serviço e as
públicas também participam deste processo. Por isso é que se diz que a missão das
empresas é satisfazer as necessidades da sociedade com seus produtos ou serviços.

1.1.3 Conceitos básicos aplicados: gastos, investimentos, despesas e


custos
Todas as áreas de conhecimento possuem sua própria nomenclatura, por isso, ao
iniciar o estudo dos custos é importante saber que existem conceitos que são
imprescindíveis para a compreensão e aplicação dos cálculos dos custos, como
vemos a seguir.
Gasto – representa todos os dispêndios financeiros sejam eles já efetivados
em forma de pagamento ou contratados para pagamentos futuros, a exemplo
de compra à vista ou a prazo. Para Leone (2012, p. 49):
Investimento – são gastos realizados com o objetivo de trazer mais receita ou
melhorar a imagem da empresa. Investimentos sempre têm uma intenção de
retorno futuro, a exemplo da compra de uma máquina para aumentar a
produção.
Despesa – gasto feito com o objetivo de gerar receitas são gastos de período e
está relacionada diretamente a obtenção das receitas no exercício social, a
exemplo do aluguel da loja ou da comissão do vendedor.
Perda – consumo involuntário, irregular ou anormal para os padrões normais,
a exemplo do consumo de água decorrente de defeito na torneira.
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VOCÊ QUER LER?


Um livro considerado como “a bíblia” dos estudos dos custos na área contábil no Brasil é o
“Contabilidade de Custos” (1979), do Prof. Eliseu Martins, da Universidade de São Paulo. Este é
considerado um dos mais completos estudos sobre custos, além de ser muito explicativo pela forma de
abordar os assuntos com exemplos práticos.

A fim de guiá-los em suas decisões, os gestores necessitam saber o custo daquilo


que desejam produzir, do serviço que desejam oferecer, de algum processo ou de
um serviço e é por isso que os sistemas de custo, ao serem concebidos, escolhem
um objeto de custos para o qual serão direcionados seus cálculos. Pode ser um
produto, um processo ou mesmo um serviço prestado. Por exemplo, ao elaborar o
sistema de custo de uma escola podemos escolher como objeto de custo do aluno,
mas também pode ser o custo da turma, da série ou do semestre. Como na
indústria, o objetivo é o custo unitário do produto ou de um processo de fabricação.

1.2 Conceitos essenciais para o estudo


de custos
O passo inicial para planejamento e realização de qualquer projeto, seja no âmbito
pessoal ou empresarial, é sempre o cálculo de quanto se vai precisar para realizá-lo.
Seja uma simples ida ao shopping com as crianças, a ida a uma festa de aniversário
do filho da amiga ou a compra de uma casa nova no plano familiar. A fabricação de
um produto ou serviço no plano empresarial, e mesmo a construção e realização
das grandes e necessárias obras públicas, tal como uma escola, um viaduto ou todo
o processo de uma eleição, feitas pelos governos federais, estaduais e municipais.
Todos estes projetos não prescindem de planejamento e cálculo dos custos para
que sejam viabilizados.
Conforme Figueiredo e Caggiano (2017. p. 44, grifos do autor):

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Custos são essencialmente medidas monetárias dos sacrifícios que uma organização
tem que arcar a fim de atingir seus objetivos. Consequentemente, é parte muito
importante do processo de tomada de decisão. Um custo é sempre definido,
classificado de acordo com uma situação e um contexto particular.

Daí a importância de se conhecer como se calcula os valores a serem despendidos


na realização destes projetos, isto é, quais os custos que os tornarão possíveis.

1.2.1 Custo da mercadoria vendida


Um empreendimento não sobrevive por bastante tempo sem auferir lucro. O que é
lucro afinal? Lucro, basicamente, é a diferença entre o que se gasta e o valor que se
consegue com as vendas.

VENDAS - CMV – LUCRO

Uma forma de aumentar o lucro é aumentar a receita das vendas ou diminuir o


custo. As vendas dependem de diversos fatores, alguns deles fora do controle da
empresa, entre estes fatores a aceitação do produto da empresa no mercado.
Sendo assim, controlar os custos é mais viável do que calcular receitas, pois os
custos possuem mais elementos que estão sob o controle da empresa. Seguindo a
ideia de que não se controla o que não se mede e não se mede o que não se
conhece, é necessário conhecer a formação dos custos de um empreendimento.
Afinal, quais são os custos das mercadorias vendidas?
Os custos das mercadorias vendidas são a parte dos estoques de mercadorias que
naquele período efetivo foram consumidas pelas vendas. Podem conter valores de
mercadoria comprados em diversos períodos e por valores distintos.
O cálculo do custo das mercadorias vendidas permite ao comerciante calcular o
lucro bruto de uma operação comercial. Vale ressaltar que lucro bruto difere de
lucro líquido, pois alguns outros descontos também incidirão sobre o valor apurado
após o cálculo do CMV. Estes valores são os impostos deduzidos sobre o
faturamento, as despesas administrativas como conta de telefone, internet e aluguel
do espaço, custos operacionais como entrega e frete, as financeiras, como juros de
empréstimos e as despesas com vendas, incluindo a comissão dos vendedores, não

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entram na fórmula do cálculo do CMV. É importante considerar que o cálculo do CMV


sempre se refere a um período efetivo, um mês, uma semana ou um exercício social
de um ano.
Considerando que um comerciante que trabalha com venda de calçados comprou
duzentos (200) pares a R$ 1,00 cada e vendeu setenta e cinco (75). O custo das
mercadorias vendidas será o valor que pagou pelos 75 pares. O outro cento e vinte
cinco serão parte dos estoques e só passarão a compor o custo das mercadorias
vendidas quando forem efetivamente comercializados.
No mês seguinte para se calcular o custo das mercadorias vendidas, o valor dos
Estoques Iniciais - EI será somado ao valor das compras do período e subtraído do
valor dos Estoques Finais - EF que restaram, só assim teremos o valor do Custo das
Mercadorias Vendidas - CMV.

CMV = EI + COMPRAS - EF
EI = 0; Compras = 200,00; EF = 125,00.
CMV = 0 + 200,00 - 125,00
CMV = 75,00

No mês seguinte, prevendo uma venda maior, o comerciante compra mais cem (100)
pares de calçados pelo mesmo valor unitário. Sua previsão se realizou no segundo
mês e ele vendeu 200 pares.
Assim, no mês seguinte, quando o comerciante for calcular o CMV, ele deve fazer o
cálculo da seguinte forma:

EI = 125,00; Compras = 100,00; EF = 25,00.


CMV =125,00 + 100,00 - 25,00
CMV = 200,00

Assim, como você pôde ver, calcular o custo das mercadorias vendidas é simples e
muito útil para o comerciante, pois permite comparar o valor obtido com as vendas
com o valor que investiu na compra das mercadorias.

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Caso a empresa tenha devolvido algum item das suas compras para seu fornecedor
é necessário somar esta devolução de compras ao valor das compras. Da mesma
forma se houve devolução de vendas (DV) de algum dos clientes este valor deverá
ser subtraído na fórmula:

CMV = EI + C - DC + DV – EF

Na hipótese de a empresa ter devolvido ao fornecedor cinco pares dos sapatos


comprados e recebido devolução de dois itens vendidos, o cálculo seria modificado
da seguinte forma:

EI = 125,00; Compras = 100,00; EF = 25,00; Devolução de Compras = 5,00; Devolução


de Vendas = 2,00.
CMV = 125+100 - 5,00 + 2,00 - 25,00 =
CMV = 197,00.

É interessante lembrar que o ICMS é excluído do custo de aquisição por ocasião da


compra das mercadorias, por isso, elas já entram no estoque pelo seu valor líquido.
O custo das mercadorias vendidas - CMV dentro da classificação das contas da
contabilidade é uma conta de resultado, pois contribui para o cálculo do lucro ou
prejuízo do período e não uma conta patrimonial, que são aquelas que representam
bens direitos e obrigações da empresa. Os estoques, por representarem um bem,
são contas patrimoniais e, por isso, compõem os ativos da empresa.

1.2.2 Demonstração de Resultado do Exercício


A Demonstração do Resultado do Exercício - DRE é uma demonstração contábil que
apresenta resumidamente as receitas e as despesas da empresa em um
determinado período contábil com objetivo de apurar o lucro ou prejuízo do
exercício social.
As receitas e despesas são apuradas segundo o regime contábil de competência que
estabelece que as receitas e devem ser confrontadas com as despesas do respectivo
período contábil.

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Quando elaborada para fins legais deve corresponder ao exercício financeiro de


janeiro a dezembro, mas pode ser feita com periodicidade mensal ou semestral para
finalidade de informação interna da empresa.
Você sabe para que serve a Demonstração do Resultado do Exercício - DRE?
Esta demonstração é muito útil não só para o processo de tomada de decisão
interna na empresa, mas também como base para servir de guia para conseguir
empréstimos, financiamentos e investimentos no seu negócio, pois é um
documento muito importante para avaliar a saúde financeira da empresa.

VOCÊ QUER VER?


Saber as bases da contabilidade é muito útil para o estudo que estamos desenvolvendo sobre a
contabilidade de custos. O Prof. Luciano Guerra em sua “Contabilidade Descomplicada” fala de maneira
simples e simpática sobre contabilidade. Vale a pena ver. Acesse em: <https://www.youtube.com/watch?
v=_fdJAgoOdqc (https://www.youtube.com/watch?v=_fdJAgoOdqc)>.

Os tópicos que compõem a demonstração são definidos por lei, inclusive a ordem
em que aparecem na demonstração.

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Tabela 1 - Modelo da Demonstração do Resultado do Exercício - DRE. Fonte: Elaborado pela autora,
2018.

A Demonstração do Resultado do Exercício feita de acordo com a NBCT 16.6, de 24


de outubro de 2014 (CFC, 2014), como explanado na figura acima, é uma
demonstração dinâmica que se utiliza da confrontação das receitas e despesas de
um determinado período contábil elaborada segundo o princípio da competência e
evidencia a formação do lucro de exercício. É imprescindível para o processo de
tomada de decisão interno e externo na empresa.

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1.2.3 Métodos de controle de estoque


O custo do material é componente essencial na composição dos custos dos
produtos vendidos e dos estoques. Comumente para controle do material utilizado
na produção utilizam-se as requisições feitas pelo departamento de produção ao
almoxarifado, considerando que apenas aquele material efetivamente consumido
na produção é que irá compor o custo da produção e, posteriormente, os custos dos
produtos vendidos. Vale ressaltar que não é a totalidade das compras que compõe o
valor do custo do material, pois pode ser que existam estoques iniciais e finais.
A contabilidade de custos, igualmente a contabilidade geral, trabalha com custos
históricos. Em termos simples, e se tratando de material o valor do custo de
aquisição do material, é o valor usado para compor o custo da produção.
Para as empresas que não possuem sistemas de custos e estoques integrados à
contabilidade, o valor do custo do material usado na produção ou da matéria-prima
consumida na produção se determina com a seguinte fórmula:

MPC = EIMP + C - EFMP


MPC = matéria-prima consumida;
EIMP = estoque inicial de matéria-prima;
C = compras de matéria-prima;
EFMP = estoque final de matéria-prima

As compras de matéria-prima são sempre feitas pelo mesmo valor? Não, em uma
economia de livre mercado os preços de aquisição dos materiais sofrem variações
por diversos fatores, como transporte, sazonalidade, fornecedores diferentes ou
mesmo quantidades compradas etc. Sendo assim, é real a possibilidade de
existirem itens de material usado na produção em um mesmo período que foram
comprados por valores diferentes. Por essa razão é que são utilizadas algumas
metodologias de valorização e controle dos estoques.
Dentre os métodos mais utilizados, os mais conhecidos são:
PEPS – Primeiro a entrar é o primeiro a sair;
UEPS – Último a entrar é o primeiro a sair;
MEDIA – Valor médio ponderado simples.

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No caso do PEPS, quando utilizado, consideram-se os valores das primeiras compras


como prioridade para serem enviados à produção e, naturalmente, os utilizados no
custo dos produtos vendidos, ficando as últimas compras para serem usadas
quando esgotarem as mais antigas. Como consequência, os estoques serão
compostos pelas compras mais recentes.
No UEPS, quando utilizado, consideram-se os valores das últimas compras como
prioridade para serem enviados à produção e, naturalmente, serão estes os valores
utilizados no custo dos produtos vendidos, ficando as primeiras compras para serem
usadas quando se esgotarem as mais recentes. Como consequência, os estoques
serão compostos pelas compras mais antigas.
Já o método da Média Ponderada ou média móvel, aplica-se os custos médios ao
invés dos custos efetivos. Por ser o método aceito pelo Fisco é amplamente usado
nas empresas.
Suponha um comerciante que vende tapioca a R$ 5,00. Ele compra goma para
fabricar suas tapiocas várias vezes por mês e cada quilo de goma fresca faz 30
tapiocas. No mês de fevereiro ele foi ao mercado quatro vezes e comprou goma
fresca por valores variados. Na primeira compra ele pagou R$ 3,00 o quilo e comprou
10 quilos, na segunda compra ele comprou 8 quilos e pagou R $3,50 depois comprou
mais 8 quilos por R$ 4,00 e, finalmente, 5 quilos a R$ 4,50.
Para calcular o custo das tapiocas vendidas em cada semana do mês de fevereiro
utilizando o método PEPS ficaria assim:

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Tabela 2 - Avaliação do estoque de materiais utilizando método PEPS. Fonte: Elaborado pela autora,
2018.

Exemplificando a operação feita no dia 09 de fevereiro:

Existiam no estoque 3 itens a R$ 3,00


Foram comprados 8 itens a R$ 3,50
Foram mandados para consumo na produção: 7 itens
3 no valor de R$ 3,00 = R$ 9,00 e 4 no valor de R$ 3,50 = R$ 14,00
Valor dos 7 itens consumidos = R$ 23,00

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Somente foi usado no consumo as últimas compras após o término das primeiras.

Utilizando o mesmo exemplo das tapiocas, para calcular o custo das tapiocas
vendidas em cada semana do mês de fevereiro utilizando o método UEPS:

Tabela 3 - Avaliação do estoque de materiais utilizando método UEPS. Fonte: Elaborado pela autora,
2018.

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Exemplificando a operação feita no dia 09 de fevereiro:

Existiam no estoque 3 itens a R$ 3,00


Foram comprados 8 itens a R$ 3,50
Foram mandados para consumo na produção: 7 itens a R$ 3,50
Valor dos 7 itens consumido = R$ 24,50
Repare que foram as últimas compras que foram usadas no consumo.

Nesta tabela acima se observa a variação do custo das vendas e do estoque pela
avaliação feita pelo UEP. Os valores mais recentes das compras são os primeiros a
serem considerados, ficando o estoque avaliado pelos preços mais antigos.
Utilizando o exemplo das tapiocas, como seriam os resultados usando o método da
média ponderada?

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Tabela 4 - Avaliação do estoque de materiais pelo método da Média Ponderada. Fonte: Elaborado pela
autora, 2018.

Exemplificando a operação feita no dia 09 de fevereiro:

Existiam no estoque 3 itens a R$ 3,00 = R$ 9,00


Foram comprados 8 itens a R$ 3,50 = R$ 28,00
valor total do estoque nesta data R$ 37,00 dividido por 11
O valor unitário dos 11 itens é R$ 3,36
Foram mandados para consumo na produção: 7 itens a R$ 3,36

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Valor dos 7 itens consumido = R$ 23,55

Na tabela também se observa a variação do custo das vendas e dos estoques finais
pela avaliação feita pela Média Ponderada. Os valores dos itens comprados são
somados e divididos chegando a um preço médio que se modifica cada vez que se
compra mais itens com valores diversos.
Ao analisarmos os resultados alcançados com o uso de cada um dos métodos
observa-se que tanto o custo das vendas quanto o Estoque Final semanal se
modificam, mesmo que as quantidades compradas e vendidas sejam as mesmas.
Na tabela abaixo é possível analisar comparativamente os valores do lucro bruto e
do estoque final encontrado em cada semana utilizando cada um dos três métodos.
Nota-se que na primeira semana, pela razão de ainda não existirem unidades com
valores diferentes, os três métodos se igualam.

Tabela 5 - Demonstração do custo das vendas, do lucro e do estoque final utilizando os três métodos.
Fonte: Elaborado pela autora, 2018.

Existem ainda outros métodos de controle de estoques muito pouco utilizados como
o Futuro valor a entrar é o primeiro a sair - FEPS ou o do custo específico. Os
sistemas de controle dos estoques quanto à frequência em que são aplicados
podem ser de forma permanente ou periódica. A legislação do Imposto de Renda no
Brasil aceita apenas o custo médio ponderado e o PEPS para uso da contabilidade
de custos.

1.3 Empresas comerciais, industriais e


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de serviços
As empresas se diferenciam de acordo com o produto ou serviço que oferecem. As
empresas industriais produzem bens e são conhecidas no mercado pelos produtos
que oferecem. São empresas transformadoras que a partir de uma matéria-prima e
com o emprego de outros insumos como mão de obra e gastos indiretos a
transformam em produto final.
As empresas industriais surgiram a partir do século XVIII com a Revolução Industrial
quando passou a ser utilizada a máquina para transformação da matéria-prima.
Antes disso existia a manufatura artesanal, que tinha limitação na quantidade de
produção, e mesmo que transformasse a matéria-prima isto era feito de forma
bastante limitada. São exemplo de empresas industriais: empresas têxteis,
produtoras de alimentos e bebidas, metalúrgicas, as empresas da construção civil
etc.
As empresas comerciais são aquelas que oferecem produtos ou bens já produzidos
por outras empresas. Sua missão é trazer ao consumidor o bem desejado no local
mais próximo dele. Comercializa-se quase tudo, os postos de gasolina vendem a
gasolina, as butiques vendem roupas e sapatos e os mercados vendem alimentos.
Os shopping centers e supermercados, atualmente, são os locais por excelência onde
se comercializa de forma confortável para o consumidor muitos produtos.
As empresas de serviço são aquelas que oferecem serviços especializados, tal
como as empresas de contabilidade, as clínicas médicas, as escolas e os escritórios
de advocacia, as corretoras de seguro e de imóveis, ou mesmo a oficina de conserto
de carro. Estas empresas são centradas na habilidade de seus profissionais que são
imprescindíveis para sua existência.

VOCÊ SABIA?
O SEBRAE é um serviço social autônomo brasileiro, parte integrante do Sistema S que objetiva
auxiliar o desenvolvimento de micro e pequenas empresas, estimulando o empreendedorismo no
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É importante conhecer estes órgãos institucionais quando se está pensando em


implantar um negócio.

1.3.1 Comparação das demonstrações financeiras (CMV, CPV e CSP)


As demonstrações contábeis fornecem informações sobre a posição patrimonial e a
formação do resultado, lucro ou prejuízo em um determinado exercício social, para
o processo decisório das empresas, por isso, espelham a realidade do processo de
produção, comercialização, prestação ou venda dos bens e serviços.
De forma geral, e conforme a NPC 27, de 2005, o objetivo das demonstrações
contábeis de uso geral é fornecer informações sobre a posição patrimonial e
financeira, o resultado e o fluxo financeiro de uma entidade, que são úteis para uma
ampla variedade de usuários na tomada de decisões. As demonstrações contábeis
também mostram os resultados do gerenciamento, pela Administração, dos
recursos que lhe são confiados (IBRACON, 2005). Entretanto, as empresas se
diferenciam pelo seu objeto social, pela natureza do produto ou pelo serviço que
oferecem.
As Empresas Comerciais intermedeiam produtos e serviços e para cálculo do lucro
destas empresas é necessário o cálculo do custo das mercadorias vendidas e este
custo está diretamente ligado ao valor dos estoques de mercadorias.
As Empresas Industriais são aquelas que beneficiam a matéria-prima
transformando-a. Existem empresas industriais de diversos ramos de atividade,
como as empresas de alimento, confecções de móveis, empresas de construção civil
etc.
As Empresas de Serviço seguem o exemplo dos outros seguimentos para cálculo do
custo dos serviços prestados, embora observando as particularidades e a
intangibilidade do produto que oferecem como os serviços contábeis e escolas.

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Tabela 6 - Comparação da apuração dos custos mercadorias vendidas, custo dos produtos vendidos e
custos dos serviços vendidos. Fonte: Elaborado pela autora, 2018.

Existem empresas especiais, como as empresas de seguros e as financeiras, cuja


contabilidade possui regulamentação própria por órgão específicos,como a SUSEP
para as seguradoras e o Banco Central para as financeiras.

1.3.3 Princípios de contabilidade aplicados a custos


A informação, para que seja válida, clara e compreensível, é necessário que esteja de
acordo com parâmetros e ou regras definidas previamente, afinal de contas, são
produzidas com o propósito de esclarecer. A informação contábil é elaborada de

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acordo com os princípios e normas contábeis.


Realização da receita – entende-se como receita o aumento do patrimônio da
entidade proveniente das suas operações e outros ganhos. De acordo com a
Resolução CFC Nº. 1.255/09, que aprova a NBC TG 1000 – Contabilidade para
Pequenas e Médias Empresas, em seu item 2.25:

A definição de receita abrange tanto as receitas propriamente ditas quanto os ganhos.

Receita propriamente dita é um aumento de patrimônio líquido que se origina no


curso das atividades normais da entidade e é designada por uma variedade de nomes,
tais como vendas, honorários, juros, dividendos, lucros distribuídos, royalties e
aluguéis. (CFC, 2009)

Para que seja possível calcular lucro ou prejuízo em um período é necessário que,
além de identificadas, que sejam reconhecidas as receitas e isso somente poderá
ocorrer quando existir a transferência do bem ou a prestação do serviço para os
contratantes, este é, portanto, no momento da realização da receita. Somente
poderão contar para o cálculo do lucro ou prejuízo do período as receitas realizadas.
Vale considerar que existem algumas exceções como é o caso das obras da
construção civil, pois trabalham com obras de longo prazo e vendem suas unidades
mesmo antes de serem acabadas. Para estas empresas é possível reconhecer os
custos na proporção das receitas reconhecidas.
Competência ou da confrontação entre despesas e receitas – entende-se por
regime de competência a atribuição da receita ou despesa ao período de ocorrência,
de acordo com a Resolução CFC Nº. 1.255/09, que aprova a NBC TG 1000 –
Contabilidade para Pequenas e Médias Empresas, em seu item 2.36, o qual trata do
Regime de Competência:

A entidade deve elaborar suas demonstrações contábeis, exceto informações de fluxo


de caixa, usando o regime contábil de competência. No regime de competência, os
itens são reconhecidos como ativos, passivos, patrimônio líquido, receitas ou
despesas quando satisfazem as definições e critérios de reconhecimento para esses
itens.

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Tão importante quanto o momento de reconhecimento das receitas é o momento de


reconhecimento dos gastos (custos e despesas) o que ocorre independente do
desembolso financeiro, pois as despesas devem ser registradas no período que
incorrerem.
Sendo assim, os valores que foram apropriados a custo são agregados aos estoques
até o momento das vendas dos mesmos até o momento que se transformam em
componentes dos custos dos produtos vendidos. Existem, além dos custos dos
produtos vendidos, outras despesas, tais como as feitas para administrar a empresa,
vender seus produtos e financiar suas operações, a exemplo das despesas
administrativas, como o salário dos funcionários; despesas comerciais como a
comissão dos vendedores e despesas tributárias como o pagamento dos impostos.
Exemplo: Despesas Administrativas, como o salário dos funcionários; despesas
comerciais como a comissão dos vendedores e tributárias como o pagamento dos
impostos.
Custo Histórico – a base mais utilizada pelas empresas para avaliar seus ativos e
passivos é o custo histórico. Entende-se como o valor original pago na data da
aquisição dos mesmos. Ou no caso dos passivos o valor contratado para pagamento
futuro.
A Resolução CFC Nº. 1.255/09, em seu item 2.34, que trata mensuração dos ativos e
passivos receitas e despesas, assim estabelece as bases comuns utilizadas para
mensuração o Custo Histórico e o Valor Justo. Referindo-se ao custo Histórico
amplamente utilizado na elaboração das demonstrações contábeis:

Para ativos, o custo histórico representa a quantidade de caixa ou equivalentes de


caixa paga ou o valor justo do ativo dado para adquirir o ativo quando de sua
aquisição. Para passivos, o custo histórico representa a quantidade de recursos
obtidos em caixa ou equivalentes de caixa recebidos ou o valor justo dos ativos não
monetários recebidos em troca da obrigação na ocasião em que a obrigação foi
incorrida, ou em algumas circunstâncias (por exemplo, imposto de renda) a
quantidade de caixa ou equivalentes de caixa que se espera sejam pagos para liquidar
um passivo no curso normal dos negócios. O custo histórico amortizado é o custo do
ativo ou do passivo mais ou menos a parcela de seu custo histórico previamente
reconhecido como despesa ou receita. (CFC, 2009)

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A base dos custos históricos para medição dos ativos e passivos da organização é
das mais objetivas que podemos utilizar, embora devamos ressaltar que também
possuem suas inadequações e imperfeições.

1.4 Classificação dos custos em relação


à apropriação aos produtos
As classificações de custo estão sempre relacionadas a um propósito específico é
por isso que é necessário conhecer os propósitos para os quais se medem os custos.
Segundo Figueiredo; Caggiano (2017, p. 44) sobre o assunto:

Diferentes custos são usados para diferentes propósitos. Um custo fornecido pela
contabilidade tem utilidade somente se for relativo a um problema específico. O
preciso conhecimento dos propósitos pelos quais se medem os custos é pré-requisito
para se obterem as informações de custos.

São usadas várias expressões para classificação dos custos e para a sua utilização
nas informações e propósitos necessários à otimização do processo de decisório nas
empresas com relação aos produtos.

1.4.1 Custos diretos e indiretos, custos primários e custos de


transformação
As definições e classificações de custo sempre são dadas em função do objetivo que
se tenha em mente, assim, podemos definir custo em relação ao volume de
atividade em fixos e variáveis. Esta classificação leva em conta o valor do custo em
relação com o aumento ou diminuição da produção, por esta razão é uma das mais
importantes classificações dos custos.
Quanto a sua identificação com os produtos, os custos se classificam em:
direto – são aqueles custos diretamente identificados com o produto ou o
departamento, como matéria-prima – MP, mão de obra direta – MOD;
indireto – são aqueles custos que se identificam com diversos produtos ou
estruturas para fabricá-los, para serem atribuídos ao produto individualmente ou ao
departamento precisam passar por alguma divisão ou alocação, usando, para isso,

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critérios de rateios que muitas vezes não são muito apropriados, a exemplo do
aluguel, do salário do gerente da fábrica, da energia elétrica etc.

Quanto ao Volume de Atividade, os custos podem ser:


fixo – é aquele custo cuja variação independe do volume de atividade (volume de
produção), portanto, em uma dada estrutura de produção, é indiferente que se
fabrique um ou muitos produtos ou mesmo que não se produza nada, que seu valor
será o mesmo, a exemplo do aluguel da fábrica e da depreciação das máquinas.
variável – o custo variável tem sua variação atrelada ao volume de atividade da
empresa, assim, quanto mais se produz, maior será o custo variável, a exemplo da
matéria-prima.

VOCÊ SABIA?
Que o custo variável unitário não varia enquanto que o fixo, quanto maior seja o volume de
produção menor será a parcela fixa unitária a atribuir a cada item da produção.

Os custos também se classificam como custos primários e custos de transformação:


custos primários – considerando que os custos de produção são a matéria-prima –
MP, a mão de obra direta – MOD e os custos indiretos de fabricação - CIF, classificam-
se como custos primários por ordem de incoerência nos produtos a MP, a MOD e não
são todos custos diretos, pois existem outros custos diretos que não entram no
cálculo dos custos primários.
transformação – todo valor aplicado ao material para transformá-lo em produto
MOD + CIF = Valor adicionado à MP. Representam a força empregada pela empresa
no seu processo produtivo.
Martins (2010), referindo-se aos custos de transformação, dá a definição de que é a
soma de todos os Custos de Produção, exceto os relativos à matéria-prima e outros
eventuais adquiridos ou empregados sem nenhuma modificação pela empresa.

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1.4.2 Produtos em processo


O processo produtivo se caracteriza por uma série de ações com o objetivo de
transformar a matéria-prima em produto final. É um processo contínuo e que se
realiza ao longo de toda uma trajetória em dias e meses. O exercício social a que se
referem às informações de custo podem se referir a uma semana, um mês ou um
ano, geralmente.
Quando são realizadas as medições para fins de apuração das demonstrações
contábeis encontramos na empresa diversos tipos de produtos em vários estágios
de acabamento. Suponha que sua empresa fabrica cadeiras de madeira e ao fazer o
levantamento para cálculo do custo se encontram cadeiras sem pernas, cadeiras
que ainda precisam ser pintadas, enfim, produtos em diversos estágios de
acabamento.
A estes produtos que estão em algum estágio intermediário entre o produto final
acabado, prontos para venda, e a matéria-prima, são denominamos de produtos em
processo ou produtos em elaboração.
O problema que se apresenta à contabilidade de custos é que estes produtos não
podem ser considerados pelo mesmo valor da matéria-prima, pois neles já foram
aplicados parte dos custos de transformação, entretanto, não podem ser
considerados com o mesmo valor dos produtos acabados, pois ainda carecem de
receber custos para chegarem finalmente a este estágio final.
Quando se calcula o valor do custo da produção do período se leva em conta que
neste valor está incluso, além dos produtos acabados, os estoques dos produtos em
processo.

1.4.3 Custo da produção do período


Normalmente, incluímos como custos de produção os seguintes itens: matéria-
prima, mão de obra direta e gastos indiretos de fabricação.
Material Direto – compõe o material direto toda matéria-prima usada para elaborar
os produtos, sejam componentes adquiridos ou não. Aos custos da matéria-prima
são incorporados todos os gastos que a empresa incorre para colocar este material
em condições de uso, como transportes, armazenagem, impostos etc. Os materiais
diretos são de fácil identificação com o produto e é por isso que são classificados
com custos diretos. Por exemplo, se sua empresa fabrica dois produtos, como blusas

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e camisolas, e você usa um metro de tecido para as blusas e um metro e meio para
as camisolas, é só multiplicar valor de cada quantidade usado pela quantidade
produzida.
Mão de Obra Direta – considera-se mão de obra direta o valor gasto para remunerar
o esforço humano empregado na produção despedido diretamente na
transformação da matéria-prima em produtos, quando é possível a averiguação de
qual o tempo despedido em cada produto ou serviço sem que seja necessário fazer
qualquer apropriação indireta ou rateio. Por exemplo, a costureira que faz as blusas
e tem seu gasto para empresa considerado como mão de obra direta.
Os elementos que compõem o custo da mão de obra são: pagamento básico (hora,
mês, produção); horas extras, prêmios, incentivos à produção, bonificação de natal,
treinamentos e aprendizagens, INSS, FGTS, férias, 13o salário, benefícios legais como
planos de saúde, vale-transporte e seguro de vida etc. (cada categoria funcional tem
seus acordos).
Gastos indiretos de fabricação – são aqueles que não se identificam diretamente
com os objetos de custos e, para isso, necessitam de rateios ou estimativas. São
todos os custos que só podem ser atribuídos aos produtos através de estimativas,
rateios, etc.
Nos gastos indiretos de fabricação incluem-se itens como mão de obra indireta
(salários de supervisor, contramestre, coordenador etc.) e materiais indiretos
(pregos, cola, lubrificantes, consumo pequeno e complexo), aluguel, depreciação,
supervisão, chefia, luz, telefone e água.
Costuma-se também considerar como custo indireto de fabricação uma cota, parte
dos gastos de seguro, impostos, depreciação relativa ao setor de produção, energia
elétrica, força. A outra parte destes gastos será atribuída ao setor administrativo.

VOCÊ SABIA?
Para contabilidade, depreciação corresponde a uma amortização de custo dos bens adquiridos pela
empresa, a depreciação do período é a parcela do custo total de um bem, que está sendo levada
para o resultado naquele período.

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No cálculo do resultado do exercício (cálculo do lucro ou prejuízo anual) só são


lançados os custos relativos aos produtos que foram vendidos, ficando a outra parte
dos gastos, que forma incorrida ativada nos estoques, como produtos acabados ou
produtos em processo ou elaboração (procedimento do custeio por absorção).

1.4.4 Produção acabada


Entende-se por produção acabada a quantidade e o valor dos produtos que estão
totalmente terminados por ocasião do término do exercício social. Para Martins
(2010 p. 47):

Custo da produção acabada é a soma dos custos contidos na produção acabada no


período. Pode conter custos de produção também de períodos anteriores existentes
em unidades que só foram completas no presente período.

Para calcular o custo da produção acabada antes é necessário o cálculo da matéria-


prima consumida:

EIMP+C- EFMP.
O Custo da Produção = MP+MOD+ CIF;
Custo da Produção Acabada = EIPP+CP - EFPP.

Vale ressaltar que o custo da produção acabada incorpora também os custos dos
estoques iniciais dos produtos em processo do período anterior e é subtraído dos
custos dos produtos em processo deste período.

1.4.5 Formação do CPV


Para calcular o lucro na contabilidade das empresas comerciais antes de mais nada
se calculava o Custo das Mercadorias Vendidas da seguinte forma: Estoque Inicial +
Compras - Estoque Final.
As empresas industriais, entretanto, possuem vários tipos de estoque, tal como
estoque de matéria-prima, estoque de produtos em processo e estoque de
produtos acabados, o que torna mais complexo calcular o lucro.
A sequência lógica para calcular o custo dos produtos vendidos utilizando os dados
propostos pelo exemplo seria calculado dessa forma:
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Tabela 7 - Sequência para cálculo dos Custos dos Produtos Vendidos – CPV. Fonte: Elaborado pela
autora, 2018

É de fundamental importância que se compreenda como é feito o cálculo dos custos


dos produtos vendidos pois dele depende essencialmente o cálculo do resultado da
empresa, lucro ou prejuízo. Também é importante para as análises da eficiência em
como estão sendo empregados os recursos, pois os gastos, dependendo do tipo de
empresa, devem sempre se manter em um patamar razoável em relação aos
ganhos.

CASO
A empresa Urbana Eireli é uma indústria que fabrica lajotas para calçamento externo de praças e
jardins. Está implantando um sistema de controle de custos e para isso precisa calcular o custo dos
seus estoques e dos seus produtos acabados. No final do exercício social seus estoques eram os
seguintes:

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Estoques Iniciais: matéria-prima R$ 780,00; produtos em processo; R$ 6.400,00; produtos


acabados R$ 19.120,00.
Estoques Finais: matéria-prima R$ 4.420,00; produtos em processo R$ 800,00; produtos acabados
R$ 8.360,00.

Os gastos do período foram os seguintes:

Compras de matéria-prima R$ 27.900,00; Frete sobre compras de matéria-prima R$ 100,00; Mão de


obra direta R$ 15.400,00; Mão de obra indireta R$ 9.000,00; Depreciação de equipamentos de
produção R$ 4.850,00; Diversos Custos de Produção R$ 3.000,00.

Para calcular o custo dos produtos acabados é necessário antes calcular o custo da matéria-prima
consumida e, posteriormente, o custo da produção.
MPC = 780 + 28.000 - 4420 = $24.360,00

CUSTOS DA PRODUÇÃO = 24.360 + 15.400 + 16.850 = R$ 56.610,00

CUSTO DA PRODUÇÃO ACABADA = 6.400 +56.610 - 800 = R$ 62.210,00

CUSTO DOS PRODUTOS VENDIDOS = 19.120,00 + 62.210,00 - 8.360,00 = R$ 72.970,00.

Como vimos, o custo da produção acabada R$ 62.210,00 incorpora também os custos dos estoques
iniciais dos produtos em processo do período anterior e é subtraído dos custos dos produtos em
processo deste período.

Sendo assim, a empresa Urbana Eireli apurou, neste período, como Custo da Produção do Período
um valor de R$ 56.610,00 e o valor dos estoques de custo dos produtos acabados ficou em R$
62.210,00. Estes valores dos estoques de produtos acabados, quando realizados através das vendas
irão compor os custos dos produtos vendidos.

Dessa forma, você pôde ver mais detalhadamente sobre a classificação dos custos
em relação à apropriação aos produtos.

Síntese
Você concluiu os estudos sobre as considerações iniciais sobre a contabilidade de
custos. Com essa discussão esperamos que você sinta-se confortável para
reconhecer a importância do cálculo dos custos para qualquer entidade pública e
privada ou mesmo nos seus projetos pessoais.
Neste capítulo, você teve a oportunidade de:

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aprender conceitos essenciais para o estudo da contabilidade de custos como


custos das mercadorias vendidas, demonstração do resultado do exercício e
os métodos de controle de estoque foram revisados para proporcionar base
ao estudo que seguia;
definir o conceito de custos, despesas, perda, ganho, gasto e investimento;
apresentar exemplos de custos fixos e variáveis, diretos e indiretos, além de
margem de contribuição;
discorrer sobre os fatores de produção e a evolução dos ciclos econômicos
mercantilismo e Revolução Industrial;
compreender que os princípios e normas contábeis também se aplicam aos
cálculos dos custos;
identificar quais são os elementos do custo da produção;
calcular o custo dos produtos em elaboração, o custo dos produtos acabados
e o custo de produção e o custo dos produtos vendidos.

Referências bibliográficas
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aprova a NBC TG 1000 – Contabilidade para Pequenas e Médias Empresas, 2009.
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