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Microeconomia

CONCEITOS BÁSICOS
Microeconomia

ECONOMIA Macroeconomia

Estudo da forma como as sociedades utilizam recursos Enfatiza as relações na economia como um todo.
escassos, para produzir bens e serviços que satisfazem
Simplifica o comportamento dos indivíduos, mantendo-o
necessidades, e da forma como os distribuem entre os
indivíduos. constante, de forma a concetrar-se na integração da
economia.
. Ex: PIB; Inflação; Desemprego.
Isto é, estudo de como as sociedades decidem o que
produzir, como prodzuir e para quem produzir. Análise económica
Abstração: Necessidade de se ignorarem vários detalhes,
Objetivo da ciência económica: Melhorar as condições de
vida em sociedade. de forma a nos concetrarmos nos elementos
fundamentais de um problema. O grau de abstração
O que produzir?: Todas as sociedades têm que decidir depende do objetivo de análise.
quais os bens e serviços que deve produzir? Em que
quantidades os vão produzir? Se devem produzir + bens Teoria: Simplificação deliberada das relações (abstração),
de consumo ou bens de investimento?
cujo propósito é explicar como essas. Relações
Como produzir?: Como serão esses bens produzidos? funcionam.
Quem os irá produzir? Com que recursos? Qual a
tecnologia que deve ser usada na produção? Modelo económico: Simplificação, a escala reduzida, de
um aspecto da economia. É expresso, na maior parte
Para quem produzir?: Quem beneficiará do resultado da das vezes, por equações, gráficos ou palavras.
atividade económica? Como será distribuída a riqueza
criada? Será a distribuição da riqueza justa e equitativa?
Qual a diferença de rendimentos entre os + ricos e os Exemplo
+ pobres? A sociedade deve proporcionar a todos um Impacto que a diminuição do preço dos
mínimo de consumo? Ou todos têm que trabalhar se passes sociais teve na procura (compra) de automóveis
quiserem alimentar-se?
Em princípio, se o preço do passe social diminui, torna-
Microeconomia
se relativamente + barato andar de TP, pelo que muitos
consumidores trocarão o seu automóvel pelos TP nas
Analisa detalhadamente as decisões individuais, sobre suas deslocações para o emprego/escola/etc.. .
bens em particular. Podem dizer respeito, quer aos
consumidores, quer às empresas. Contudo, a procura de automóveis é em simultâneo
Ou seja, analisa a forma como cada agente económico, influenciada por uma série de outros fatores que
considerado individualmente, toma as suas decisões, bem influenciam as intenções de compra de outros
como o funcionamento e caracteristícas de cada consumidores, tais como: preço dos automóveis; preço
mercado de um bem ou serviço particular.
combustiveis; impostos a suportar na aquisição, etc.. .

3 tipos de agentes económicos: Famílias, empresas e o


Estado.

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Continuação... e as qualificações são limitadas) e as fábricas e maquinaria
realizadas pelas pessoas.
Então, se a procura de automóveis é função (ou seja,
Os recursos de uma sociedade de forma simplificada,
depende) de uma vasta lista de variáveis, como
consistem em:
conseguimos analisar a relação concreta entre o preço
dos passes sociais e a procura de automóveis?
Admitindo a hipótese ceteris paribus, que consite em ¨ Recursos Naturais: tais como, a terra, florestas e
manter o resto constante. Se admitirmos que todas as minérios;
restantes variáveis que também influenciam a procura de ¨ Recursos Humanos: físicos e mentais;
automóveis se mantêm constantes (i,e, não variam no ¨ Meios técnicos e físicos de produção: tais como,
período em análise), conseguimos isolar e analisar o máquinas e instalações.
impacto que a variável concreta, neste caso, o preço dos
passes sociais teve na procura de automóveis. A estes recursos é atribuído o nome de fatores de
produção, uma vez que, são destinados à produção de
bens e serviços.
• Economia Normativa: Considera o que “deveria
ser”. Envolve, portanto, juízos de valor ou • Fatores de produção (inputs): Bens e serviços
objetivos de política económica. utlizados para produzir outros bens ou serviços.
Uma economia usa a tecnologia existente para
OU
conjugar os fatores de produção, a fim de gerar
Precritiva: Envolve juízos de valor, ou seja, baseia-se em
as produções.
opniões. É o que se quer e o que se deve ter, isto é, as
• As produções (outputs): São os vários bens e
pretensões económicas. É uma análise subjetiva, que
serviços úteis que resultam do processo de
depende da opnião do analista, sendo, portanto,
produção e que tanto podem ser consumidos
discutível, uma vez que, que depende dos preceitos
como utlizados numa produção posterior.
éticos, ideológicos, religiosos, sociais ou culturais de cada
um.
Recursos naturais
• Economia Positiva: Análise obejtiva dos factos ou
dos comportamentos numa economia. Analisa Representa o que os nossos processos produtivos
“como as coisas são”. recebem da natureza. Este fator produtivo é constituído
OU por: Terra (p/ a agricultura e p/ a implantação de
Descritiva: Questiona certos aspetos da vida económica infraestruturas); Recursos energéticos (p/ automóveis e
de um dado país, através de ciência económica p/ aquecimento); Recursos ambientais (tais como o ar
corroborando-a com fatores emprirícos. É o que se tem, puro e a água potável; etc
ou seja, os factos económicos. É uma análise económica
objetiva e insenta, baseada em factos, de acordo com a trabalho
informação disponível.
Consiste no tempo de trabalho humano despendido na
produção. É o fator de produção + comum p/ uma
Recursos
economia industrial avançada.
São instrumentos providenciados pela natureza ou pelo
homem que são usados para a produção de bens ou de CAPITAL
serviços. Podemos encontrar recursos naturais (solo, Representa os bens duráveis de uma economia,
àgua, minerais), trabalho, que é escasso ( o dia tem 24h produzidos c/ vista a produzirem outros bens.

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... Decisão Racional
Este fator produzido é constituído por: máquinas,
ferramentas, estradas, edifícios, automóveis, etc.
Decisão que melhor serve os objetivos do decisor
A acumulção de bens de capital especializados é
(consumidor/empresa/governo). É uma decisão que
essencial p/ prosseguir o desenvolvimento económico.
analisa os custos e os benefícios de cada decisão.
Escassez
Princípio da Racionalidade: Os agentes são racioanais e
egoístas, isto é, têm objetivos bem definidos e decidem
Um recurso é escasso quando a procura excede a
da melhor maneira possível para os alcançar,
oferta disponível !
maximizando o benefício individual.
Princípio da escassez: Embora as necessidades/desejos
Na tomada de decisão de um indivíduo racional
sejam ilimitados, os recursos que dispõem são limitados.
recorre a uma análise custo-benefício, comparando os
O que sugere a existência de trade-off (possuir + de
custos e os benefícios associados às diferentes
uma coisa implica possuir – de outra) e a necessidade
alternativas. Uma decisão racional implica obtar por
permanente de escolha.
alternativas em que os benefícios superam os custos
associados.
Isto quer dizer que a humanidade pode alcançar menos
do que aquilo que desejaria.
A ideia da maximização do benefício individual depende
do agente económico em análise e dos respetivos
Nota
objetivos individuais:
A ciência económica só faz sentido, porque vivemos num
mundo de escassez, em que os bens e serviços de que - Um consumidor pretenderá maximizar a utilidade, ou
dispomos são limitados relativamente aos desejos seja, obter a maximizar a satisfação que retira do
ilimitados dos indívduos. A importância da economia surge consumo de determinados bens, com o intuito de
da existência de escassez e da respetiva necessidade de satisfazer da melhor forma possível as suas necessidades;
se utilizarem eficientemente os recursos que são
limitados. - Uma empresa pretenderá maximizar o seu lucro, ou
Dada a existência de desejos ilimitados, é importante que seja, maximizar a diferença entre as receitas da venda
a sociedade utilize da melhor forma possível os seus da sua produção e os custos inerentes à mesma.
recursos escassos. E isso remete-nos p/ a noção
fundamental de eficiência, que corresponde à melhor Princípio do Custo-Benefício
utilização possível dos recursos de uma sociedade, sem
desperdícios, na satisfação dos desejos e das
necessidades das populções. Diz-se que uma economia Na tomada de decisão os agentes económicos
está a ser eficiente quando ñ é possível melhorar o bem confrontam o benefício esperado com os custos a
estar de um indíviduo sem prujiducar o do outro. suportar, só realizando as ações em que os benefícios
execedem os custos.

Assumindo que os agentes económicos são (ie, se o excedente económico da decisão for positivo)
racionais e egoístas, c/ objetivos bem definidos, decidirão Analogamente, entre um conjunto de possibilidades, os
de forma a alcançar esses objetivos da melhor forma agentes económicos racionais escolhem a que maximiza
possível, maximizando o benefício individual (princípio da o excedente económico.
racionalidade).

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Nota: Fronteira de Possibilidades
O PCB, diz-nos que um agente económico racional só de Produção
estará disposto a tomar determinada situação se, depois
- Mostra as combinações de vários bens que podem ser
de analisar todos os benefícios e custos que lhe estão
produzidas, dados os recursos disponíveis e a tecnologia
associados (incluindo o custo de oportunidade da
existente.
decisão), considerar que o benefício esperado é superior
- Mostra também, para cada nível de produção de um
aos custos.
bem, o máximo que pode ser alcançado na produção
O que é equivalente afirmar que, só toma determinada
de outro bem.
decisão se o excedente económico dessa opção for
Existe, portanto, um trade-off : produzir + de um bem
positivo (>0):
implica necessariamente produzir – do outro.

Excdente económico (EE)= Benefícios - Custos


Notas importantes: melhor compreensão
das definições de FPP
- É uma ferramenta que parte sempre da hipótese do
Logo, se Benefícios > Custos EE > 0, estaremos pleno-emprego dos recursos, ou utilização plena de
perante uma decisão economicamente racional. recursos (de ñ existir qualquer desperdício);
- A FPP tem sempre presente um trade – off na
Quando um agente económico tem de decidir entre
várias alternativas possíveis, irá optar pela que lhe trouxer produção, no sentido em que ñ é possível aumentar a
maior excedente económico. produção de um bem, sem diminuir a produção de outro
e vice-versa.

Custo de Oportunidade
A FPP é uma ferramenta importante que permite
analisar:
Valor da alternativa sacrificada resultante da escolha feita - A capacidade produtiva das empresa (quer as
pelo decisor. É o valor do bem ou serviço de que se quantidades máximas que é possível produzir de cada
prescinde. (Ex: o filme a que deixo de assistir para estudar um dos bens; quer as restantes possibilidades produtivas
microeconomia). que combinam a produção dos dois bens);
É a quantidade (valor) de outros bens que é sacrificada
para a produção de + uma unidade do bem em causa. - A escassez de recursos (presente devido à quantidade
(Ex: valor dos televisores abdicados, quando decidimos produzir limitada de recursos de que a empresa dispõe em dado
mais automóveis). momento, e que conduzr ao trade –off ).;

Afetação de Recursos: Todas as decisões económicas se - A eficiência produtiva (as várias possibilidades produtivas
referem a como afetar recursos, que são escassos. que fazem parte da FPP são consideradas eficientes, pois
Estudar, em vez de trabalhar; lançar o curso de marketing em
admitem a utilização plena dos recursos da empresa,
vez de turismo; Comer saladas em prejuízo de chocolates.
sem desperdícios);

A escassez implica a necessidade de escolha, mas a - O custo de oportunidade da produção de cada um dos
escolha implica sempre a existência de um custo. Ou seja, bens (ou seja, o sacrifício associado à produção de cada
a decisão de ter + de uma coisa requer a decisão de ter um dos bens; i.e., p/ se aumentar uma dada quantidade
– de outra coisa qualquer. O – de uma outra coisa pode de um dos bens, quantas unidades de outro bem se
ser visto como o custo da oportunidade da decisão . deixarão de produzir).

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A
- C para o B: a produção de + 10 toneladas de Alimentos
Produção de Alimentação

40 G
Fronteira de (passam a produzir-se 30 ton., em vez de 20), pressupõe
B
Possibilidades de
30 deixar de produzir 14 filmes (passam a produzir-se apenas
F Produção
C 38 filmes, em vez de 52): CO + 10 ton. Alimentação = 14
20
filmes sacrificados
D
10 Região Alcançável
E - B para o A: a produção de + 10 ton de Alimentos
38 52 60 65 (passam a produzir-se 40 ton., em vez de 30), pressupõe
Produção de Filmes deixar de produzir 138 filmes (passam a ñ se produzir
nenhum filme, em vez dos 38): CO + 10 ton. Alimentação
- No gráfico as combinações de A e E são exemplos de = 38 filmes sacrificados.
combinações de produção de filmes e de alimentação
que fazem parte da curva FPP de uma dada Podemos, assim, verificar que, à medida que se vão
empresa/economia (vamos admitir durante 1 ano). Mas, produzindo + alimentos, o sacríficio associado a essa
entre cada troço da FPP existem muitas outras produção adicional vai sendo cada vez + elevado. Ou seja,
alternativas na produção de Alimentação e filmes. por cada 10 ton. de Alimentos que se vão produzindo a
mais, o CO vai sendo cada vez maior, a quantidade de
- Os pontos externos A e E também são conhecidos por filmes sacrificados vai sendo cada maior (o CO é
pontos de especialização produtiva, isto é, são aqueles crescente!)
em que se produz apenas um dos bens, conseguindo
produzir a quantidade máxima desse bem. Isto mostra- Esta evidência, remete-nos para o Princípio dos Custos
nos que, se os recursos forem todos utilizados na de Oportunidade Crescentes e tal ocorre sempre que a
produção de filmes, será possível produzir no máximo FPP apresenta a forma de uma curva côncava!!!
65 filmes/ano (e nada de Alimentos). Em alternativa, se (ao contrário do que acontece quando a FPP é linear, ou
todos os recursos forem utilizados na produção de seja, assume a forma de uma reta decrescente, em que
Alimentos, será possível produzir no máximo 40 os custos de oportunidade são constantes ao longo da
toneladas de Alimentos/ano (e nada de Filmes). reta).

A passagem de uma combinação a outra mostra o Eficiência


trade-off existente nesta produção, e o respetivo custo
da oprtunidade :
Podemos defini-la como a ausência de desperdício. Uma
- A passagem do ponto E para o ponto D, ilustra que a economia eficiente utiliza todos os seus recursos
decisão de produção de 10 toneladas de alimentos, disponíveis e produz a quantidade máxima de bens e
presupões abdicar da produção de 5 filmes (passam serviços que a tecnologia permite.
apenas a produzir 60 filmes): o custo da oportunidade
(CO) dessas 10 unidades adicionais de produção de - A eficiência é o nosso foco, e seria idealmente o
Alimentação = 5 filmes sacrificados; objetivo último de qualquer empresa/economia. Contudo,
o mundo mostra que, por uma razão ou por outra, os
- D para o C: a produção de + 10 toneladas de alimentos recursos disponíveis ñ estão a ser utilizados p/ obter
(passam a produzir-se 20 toneladas, em vez de 10), tantos resultados quanto possível. Ou seja, na realidade
pressupõe deixar de produzir 8 filmes (passam a económica existe sempre algum desperdício.
produzir-se apenas 52 filmes, em vez de 60): CO+10 ton.
Alimentação = 8 filmes sacrificados;

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Eficiência na FPP Princípio de CO Crescentes
Analisando a Fronteira de Possibilidades de Produção Princípio de Custos Crescentes - mostra que à medida
(FPP): que cresce a produção de um bem, o custo de
• Os pontos situados sobre a FPP são eficientes (A, oportunidade de produzir uma unidade adicional aumenta.
B, C, D, E) porque implicam a utilização plena dos
recursos disponíveis, i.e. ausência de desperdício. A produção adicional de um bem representa um
• Os pontos situados acima da FPP são impossíveis sacrifício crescente na produção do outro, ou seja, a
(G) porque com os recursos disponíveis ñ é quantidade do outro bem que tem que ser sacrificada
possível alcançar um nível de produção tão cada vez. é maior.
elevado.
• Os pontos situados abaixo da FPP são ineficientes Este é um princípio que se aplica a algumas atividades
(F) porque ñ utilizam todos os recursos económicas, fundamentalmente quando os recursos são
disponíveis, pelo contrário, implicam desperdício especializados.
de recursos.
Importa distinguir custo de oportunidade (CO) de custo
de oportunidade unitário:
O ponto G é inalcançável com os recursos disponívesi e
a tecnologia existente no momento presente.
- O custo de oportunidade de um dada quantidade
Só será possível, no futuro, vir a alcançar esses níveis de
adicional do bem x é traduzido no número de unidades
produção + elevados, se houver um aumento dos
físicas do bem y, que são sacrificadas.
recursos disponíveis ou uma melhoria na produtividade Ex: CO+ 10 ton. Alimentação = 14 filmes sacrificados; o que signifca
dos recursos existentes ( e isso implica uma deslocação que para se traduzirem 10 ton de Alimentos deixaram de ser
da FPP para cima, i.e. para maior capacidade produzidos 14 filmes);
produtividade).
- O custo de oportunidade unitário (+ 1 unidade) do bem
Produtividade – A produtivade é basicamente definida x é expresso em unidades físicas do bem Y por cada
como a relação entre os inputs (em termos de custo unidade física do bem X
Ex: CO+ 1 ton Alimentação = 1,4 filmes sacrificados/cada ton
económico, tempo, trabalho executado, fatores de
Alimentação; o que significa que por cada tonelada de Alimentos
produção afetados, etc.. ) para se produzir algo, e os produzida deixaram de se produzir 1,4 filmes)
resultados obtidos (outputs). Quanto menor é o input e
maior o output, maior é a produtividade. O grau de Recursos Especializados
produtividade de um agente económico (trabalhador,
São recursos que apresentam uma vantagem relativa na
empresa, país) é, regra geral, um dos melhores
produção de um dos bens, relativamente à produção do
indicadores p/ a medição do nível de eficiência do
outro, ou seja, estão + vocacionados para produção de
mesmo.
um bem do que do outro, devido à maior produtivdade
que revelam na produção do bem para o qual são
Um aumento da produtivade significa que com o mesmo
especializados (ie apresentam produtivade crescente
número de recursos (inputs) é possível produzir maior
para o bem para o qual são especialistas).
quantidade (output).
Ex: Se cada trabalhador conseguir produzir maior quantidade de
alimentos, por hora de trabalho! - quando a FPP é uma curva côncava o CO é crescente
e tal ocorre porque se utilizam recursos especializados.
- Quando se utilizam recursos especializados o CO é
crescente pois, à medida que se produz maior
quantidade de um dos bens, é necessário realocar mais

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recursos para a produção desse bem, os quais, se forem
especializados na produção do outro vão representar - Neste caso, o CO é constante pois, à medida que se
uma perda de produtividade. produz maior quantidade de um dos bens, é necessário
realocar mais recursos para a produção desse bem, mas
- É o que acontece neste gráfico: quantas mais toneladas como estes podem ser indiferentemente utilizados na
de Alimentação se vão produzindo, mais recursos produção dos dois bens, tal não vai representar uma
especializados em Filmes têm de ser direcionados para a perda de produtividade.
produção de Alimentação. Tais recursos eram mais
produtivos a produzir Filmes do que são agora a produzir Assim, por cada x unidades de sapatos pretos que se
Alimentação, daí que a quantidade de filmes sacrificados produzirem, serão sempre sacrificadas y unidades de
vá aumentando! sapatos castanhos. E esse sacrifício será sempre
constante!
Recursos Não Especializados
(indiferenciados)
São recursos que apresentam produtividades
constantes na produção dos dois bens, podendo ser
indiferentemente utilizados na produção dos dois bens,
sem perda de produtividade aparente.

A Custo de
B Oportunidade
Sapatos Pretos

Constante
C

Sapatos Castanhos

- Quando a FPP é linear, ou seja, assume a forma de


uma reta decrescente, os CO são constantes ao longo
da reta e tal ocorre porque se utilizam recursos não
especializados.

- É o que acontece neste exemplo da produção de


sapatos pretos e/ou sapatos castanhos. Os recursos
necessários para a produção destes dois bens não têm
de ser especializados, pelo contrário, seja a maquinaria,
os trabalhadores, as tarefas que têm de ser feitas são as
mesmas, seja com pele de cor preta ou castanha. Assim,
neste caso os recursos podem ser indiferentemente
utilizados na produção de um ou outro bem, sem que tal
represente uma perda de produtividade.

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Procura e Oferta
• Preço de outros bens (substitutos e
Atores
complementares)
• Gostos/preferências dos consumidores (T)
• População (Pop)
Como todos nós temos necessidades, necessitamos de
• Expetativas (E)
comprar os bens e serviços que satisfaçam essas
necessidades. Para as satisfazer, deverá exisitr produção. • Ações do Governo (G)
Existem assim, uma interação entre Compradores
(consumidores/clientes) e Vendedores (empresas). 𝑸𝑫𝑿 = f (𝑷𝒙 ; 𝑷𝒔,𝒄 ; 𝒀; 𝑷𝒐𝒑 ; 𝑬; 𝑻; 𝑮)

- A Procura representa as intenções de compra por


Mercado
parte dos consumidores, as quais dependem do preço
do bem/serviço, entre outros fatores. A procura
Mecanismo pelo qual os compradores e os vendedores corresponde, assim, à quantidade que o conjunto de
estão em contacto para trocar bens e serviços. consumidores do bem deseja consumir, para cada valor
do preço do bem.
Preço
Representamos sempre a procura através da letra D, que
vem do termo em inglês: demand
Mecanismo que regula o funcionamento do mercado.
A função da procura pode ser escrita da seguinte
Nota forma: Qd = a – b P
Em cada mercado atuam em conjunto consumidores e
- Esta expressão mostra-nos que a quantidade procurada
produtores, com o intuito de satisfazer os seus interesses.
O problema é que os compradores e vendedores têm (Qd) por parte dos consumidores depende do preço do
interesses conflituosos: os consumidores querem bem (P).
comprar os melhores produtos ao melhor preço (o que
do seu ponto de vista, significa ao preço + baixo!); - Olhando para o declive da função (– b) constatamos
Enquato que os vendedores gostariam de vender os que o seu declive (ou inclinação) é negativo, e isso traduz
seus produtos ao melhor preço ( o que do seu ponto a Lei da Procura, a qual traduz simplesmente o facto de
de vista, significa ao preço + alto possível!). quando o preço de um bem aumenta, mantendo-se o
resto constante (ie, admitindo a hipótese ceteris paribus),
os consumidores tendem a comprar menos desse bem,
pelo que a quantidade procurada do bem diminui. Da
Procura
mesma forma que, quando o preço do bem diminui,
ceteris paribus, os consumidores tendem a comprar mais
Quantidade de um bem que os compradores querem desse bem, ou seja a quantidade procurada aumenta. A
comprar a cada preço possível (inteção de compra) Lei da Procura traduz, assim, a relação inversa (ou em
sentido contrário) entre o preço do bem (P) e a
Determinantes da procura: quantidade procurada (Qd).
• Preço do bem (Px)
• Rendimento (Y)

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A Lei da Procura pode ser melhor compreendida através consumidores irão passar a consumir esse outro bem
de 2 efeitos explicativos (que se complementam e em substituto que ficou relativamente mais barato, pelo que
conjunto explicam essa relação entre P e Qd): a procura pelo bem x irá diminuir (o inverso também se
verifica: se aumentar o preço de um bem substituto a
- Efeito de substituição: quando o preço de um procura do bem x vai aumentar);
Ex: se o preço do arroz diminuir a procura de massa irá aumentar
bem x aumenta (ceteris paribus, ou seja, admitindo que (ceteris paribus);
tudo o resto permanece constante, incluindo o preço dos
outros bens disponíveis no mercado), os consumidores Preço de bens complementares (utilizados em
irão procurar outras alternativas no mercado, pelo que
alguns consumidores substituem o consumo do bem x simultâneo): se diminuir o preço de um bem
por outro bem y, seu substituto, com melhor relação complementar do bem x, então os consumidores irão
qualidade/preço; é por isso que a quantidade procurada consumir + desse bem que ficou relativamente + barato,
do bem x diminui quando o seu preço aumenta. pelo que irão também consumir + do bem x (o inverso
também se verifica);
Ex: se preço dos automóveis diminuir, os consumidores irão comprar
- Efeito rendimento: quando o preço de um bem
+ automóveis, pelo que irão também consumir + combustíveis, ou
aumenta (ceteris paribus, ou seja, admitindo que tudo o seja, a procura de combustívies aumenta.
resto permanece constante, incluindo o rendimento dos
consumidores que continua a ser o mesmo), o poder de Rendimento: se o rendimento dos consumidores
compra dos consumidores diminui, uma vez que com o aumentar, então eles terão + poder de compra, pelo
mesmo rendimento agora podem comprar menor que irão comprar maiores quantidades da maioria dos
quantidade desse bem que se tornou mais caro; é mais bens, pelo que a sua procura aumentará (à exceção dos
uma razão para que a quantidade procurada do bem x bens inferiores);
diminua quando o seu preço aumenta.
Gostos: se um bem passar a estar na moda a sua
- Contudo, para além do preço do bem, existem outros
fatores que influenciam os consumidores nas suas procura aumenta.
decisões de compra de determinado bem (outros
determinantes da procura), entre os quais, aqueles que Tabela da Procura
aparecem listados (mas existiriam outros.. ). Daí que
possamos escrever a procura como sendo uma função
Tabela onde se msotra como a quantidade procurada
dos vários determinantes da procura, com destaque para
de um bem, durante um certo período de tempo, se
o preço do próprio bem e outros determinantes da
altera à medida que o preço desse bem muda,
procura. Esses outros determinantes da procura
mantendo constantes os outros determinantes.
aparecem na expressão matemática acima escrita como
sendo o termo independente (a), ao qual podemos
Procura de Chocolates
chamar de procura autónoma, que representa a parte
Preco Quantidade
das intenções de compra que não depende do preço do
(euros) procurada
bem, mas sim dos outros fatores que também
influenciam os consumidores nas suas decisões de 0 200
compra do bem. 1 160
2 120
Preço de bens substitutos: se diminuir o preço de 3 80
4 40
um bem substituto do bem x, então alguns dos
5 0

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A função procura atrás genericamente definida como 6
Qd = a – b P é uma forma sintética/resumida de 5
apresentar a tabela da procura.

Preço em Euros
4

3
Exemplo
2
1
Nesta tabela da procura de chocolates podemos verificar
0
a Lei da Procura a funcionar: quanto maior for o preço
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220
do chocolate, menor quantidade os consumidores vão
Quantidade Procurada
comprar de chocolate (ceteris paribus). Até que,
ultrapassando um certo valor de preço, deixarão de
existir intenções de procura: se o chocolate custar 5€, A representação gráfica da função/tabela da procura é
nenhum consumidor está disposto a pagar esse valor a curva da procura (chamamos-lhe curva mas na
pelos chocolates, pelo que ninguém quer comprar verdade, para simplificar, representamos sempre como
uma reta).
Esta curva também evidencia a Lei da Procura pelo seu
- Através de dois pontos da tabela da procura facilmente declive/inclinação negativa e o respetivo significado
derivamos a respetiva função procura (Qd = a – b P). económico, anteriormente referido.
Assim, por exemplo, se P=0, então Qd=200, ou seja,
a=200 (200 = a – b.0); por outro lado, se P=1, então A ilustração da lei da procura no gráfico faz-se com dois
Qd=160, ou seja, b=40 (160 = 200 – b.1); logo, a função quaisquer pontos da reta; por exemplo, considerando
procura de chocolates é dada por: Qd = 200 – 40 P e, que: se P=1, então Qd=160; se P=2, então Qd=120; logo,
a partir dela, conseguimos deduzir qualquer ponto da quando o preço de chocolates aumenta (diminui), a
respetiva tabela da procura de chocolates. quantidade procurada de chocolates dimimui (aumenta),
. ceteris paribus.
A observação da tabela da procura mostra-nos que,
quando o preço sobe, a quantidade procurada A representação gráfica convencional da procura (e da
normalmente, desce. Por outro lado, quando preço oferta) apresenta sempre a quantidade procurada (Qd)
desce, normalmente, a quantidade procurada sobe. (e a quantidade oferecida (Qs)) no eixo das abcissas (eixo
do x) e o preço do bem (P) no eixo das ordenadas (eixo
do y).

Assim, a quantidade procurada reage inversamente às Ou seja, se conceptual e matematicamente Qd = f (P),


variações de preço graficamente fazemos o contrário (é como se
representássemos P = f (Qd)).
Curva da Procura
Oferta
Representação gráfica da tabela da procura. Mostra
como a quantidade procurada de um bem, durante um Quantidade de um bem que os vendedores querem
determinado período de tempo, irá alterar-se à medida vender a cada preço possível (intenções de venda)
que o preço desse bem se altera, ceteris paribus.

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Determinantes da Oferta: - Contudo, para além do preço do bem, existem outros
• Preço do bem (Px) fatores que influenciam as empresas nas suas decisões
• Custo dos fatores de Produção (C) de venda de determinado bem (outros determinantes da
• Tecnologia (T) oferta), entre os quais os que aparecem listados (mas
• Dimensão da Indústria ( I ) existiriam outros.. ). Daí que possamos escrever a oferta
• Preço dos bens relacionados (Pr) como sendo uma função dos vários determinantes da
• Orçamento da Empresa (O) oferta, com destaque para o preço do próprio bem e
outros determinantes da oferta. Esses outros
• Regulação do governo (G)
determinantes da oferta aparecem na expressão
matemática acima escrita como sendo o termo
𝑸𝑺 𝒙 = 𝒇 (𝑷𝒙; 𝑷𝒓; 𝑻; 𝑰; 𝑶; 𝑮)
independente (a), ao qual podemos chamar de oferta
autónoma, que representa a parte das intenções de
venda que não depende do preço do bem, mas sim dos
- A Oferta representa o outro lado do mercado, ou seja,
outros fatores que também influenciam as empresas nas
as intenções de venda por parte das empresas, as quais
suas decisões de venda do bem.
dependem do preço do bem/serviço, entre outros
fatores/determinantes. A oferta corresponde, assim, à
quantidade que o conjunto de vendedores do bem Custo dos fatores de produção: se diminuir o
deseja vender, para cada valor do preço do bem. preço de um dos fatores de produção (por exemplo das
matérias primas) do bem x, então a produção desse bem
Representamos sempre a oferta através da letra S, que fica mais barata, pelo que se torna mais interessante
vem do termo em inglês: supply produzir e vender esse bem (irá proporcionar maior
lucro), pelo que a oferta do bem x irá aumentar (o
A função da oferta pode ser escrita da seguinte forma: inverso também se verifica: se aumentar o preço de um
Qs = a + b P dos fatores de produção a oferta do bem x vai diminuir);
além do custo das matérias-primas, podemos igual pensar
- Esta expressão mostra-nos que a quantidade oferecida no custo do fator trabalho (salários) e no custo do capital
(Qs) por parte das empresas depende do preço do bem físico (medido habitualmente através das taxas de juro).
(P). Olhando para o declive da função (+ b) constatamos
que o seu declive (ou inclinação) é positivo, e isso traduz Tecnologia: se houver uma alteração na tecnologia
a Lei da Oferta, a qual significa que quando o preço de utilizada na produção do bem x, por exemplo uma
um bem aumenta, mantendo-se o resto constante (ie, melhoria tecnológica, a produção do bem x irá aumentar,
admitindo a hipótese ceteris paribus), as empresas estão pelo que a oferta do bem x irá aumentar (o inverso
dispostas a produzir e vender maior quantidade desse também se verifica);
bem (pois isso traduz-se em maiores margens de lucro),
pelo que a quantidade oferecida do bem aumenta. Da
Dimensão da Indústria: refere-se ao número de
mesma forma que, quando o preço do bem diminui,
ceteris paribus, as empresas vão querer vender menos empresas a produzirem esse bem; quanto mais
quantidade do bem (pois torna-se menos interessante empresas existirem a produzir o mesmo bem, maior
vender o mesmo, do ponto de vista empresarial), ou seja quantidade do mesmo será disponibilizada no mercado,
a quantidade oferecida diminui. A Lei da Oferta traduz, pelo que maior será a sua oferta (ou o inverso);
assim, a relação direta (ou no mesmo sentido) entre o
preço do bem (P) e a quantidade oferecida do mesmo
(Qs).

Lara Sofia - GRH 4


Oferta de Chocolates Curva da oferta de chocolates

Preco Quantidade
(euros) oferecida 6
0 0 5

Preço em Euros
1 0 4
2 40 3
3 80
2
4 120
5 160 1

0
A função oferta atrás genericamente definida como Qs 0 20 40 60 80 100 120 140 160 180
= a + b P é uma forma sintética/resumida de
apresentar a tabela da oferta. Quantidade Oferecida

Exemplo A representação gráfica da função/tabela da oferta é a


curva da oferta (ou reta) que também evidencia a Lei da
Nesta tabela da oferta de chocolates podemos verificar
Oferta, pelo seu declive/inclinação positiva e o respetivo
a Lei da Oferta a funcionar: quanto maior for o preço do
significado económico, anteriormente referido.
chocolate, mais interessante é para as empresas
produzirem e venderem chocolates, pelo que a
A ilustração da lei da oferta no gráfico faz-se com dois
quantidade oferecida de chocolates será cada vez maior
quaisquer pontos da reta; por exemplo, considerando
à medida que o seu preço aumenta. Para preços muito
que: se P=1, então Qs=0; se P=2, então Qs=40; logo,
baixos, não existe interesse por parte das empresas em
quando o preço de chocolates aumenta (diminui), a
vender chocolates, por exemplo, ao preço de 1€ ainda
quantidade oferecida de chocolates aumenta (dimimui),
não existem intenções de venda de chocolates
ceteris paribus.

Mais uma vez, não esquecer que a representação


- . Através de dois pontos da tabela da oferta facilmente
gráfica da oferta (e da procura) apresenta sempre a
derivamos a respetiva função oferta (Qs = a + b P).
quantidade oferecida (Qs) (e a quantidade procurada
Assim, por exemplo, se P=1 então Qs=0, ou seja, a=-b (0
(Qd)) no eixo das abcissas (eixo do x) e o preço do bem
= a + b.1); por outro lado, se P=2, então Qs=40, ou seja,
(P) no eixo das ordenadas (eixo do y).
b=40 (40 = -b + b.2); logo, a função oferta de chocolates
é dada por: Qs = -40 + 40 P e, a partir dela, conseguimos
deduzir qualquer ponto da respetiva tabela da oferta de
chocolates.

A observação da tabela da Oferta mostra-nos que,


quando o preço sobe, a quantidade oferecida
normalmente, sobe. Por outro lado, quando preço desce,
normalmente, a quantidade procurada desce.

Assim, a quantidade oferecida reage inversamente às


variações de preço

Lara Sofia - GRH 5


a intenção de compra por parte do conjunto de todos
CURVA DA procura e da oferta de chocolates os consumidores do bem e, de facto, se o preço do bem
estiver elevado e, por esse motivo, existir uma procura
Oferta (S) reduzida do mesmo, isso pressionará as empresas a
6
reduzirem o preço do bem, sob pena de não venderem
5
as quantidades desejadas.
4
Preço em Euros

3 Preco QD qS Excedente Preco


escassez ira?
2
0 200 0 Escassez Subir
1 1 160 0 Escassez Subir
0 Procura (D) 2 120 40 Escassez Subir
20 100 120
3 80 80 Nenhum Permanecer
0 40 60 80 140 160 180 200
4 40 120 Excedente Descer
Quantidade
5 0 160 Excedente Descer
Quando juntamos no mesmo gráfico a curva da procura
(D) com a curva da oferta (S) de chocolates, existe um Os mercados estarão sempre no ponto de equilíbrio?
ponto que salta à vista: o ponto de interseção das duas Não, mas quando existem desequilíbrios nos mercados,
retas. A esse ponto chamamos o equilíbrio de mercado, o preço altera-se por forma a conduzir novamente o
que ocorre quando a procura e a oferta se igualam (Qs mercado ao seu equilíbrio. Por isso se diz que o preço é
= Qd), Ou seja, a procura e a oferta interagem de forma o mecanismo regulador do mercado, porque num
a equilibrar o mercado. A esse preço de equilíbrio (Pe), a mercado concorrencial, onde as forças da procura e da
quantidade que os consumidores querem comprar (Qd) oferta funcionam livremente, os eventuais desequilíbrios
corresponde exatamente à quantidade que as empresas entre a procura e a oferta são solucionados pelo próprio
querem vender (Qs). É exatamente por isso que se diz mercado através da alteração do preço. Neste sentido,
que o mercado está em equilíbrio, porque ambos os lados pode afirmar-se que os mercados funcionam
do mercado estão satisfeitos a esse nível de preço, não tendencialmente equilibrados, porque eventuais
existindo razão para o preço se alterar. desequilíbrios serão sempre provisórios ou temporários,
voltando o mercado a equilibrar-se através do preço.
Para o exemplo concreto do mercado de chocolates,
podemos, assim, afirmar que serão comercializados 80 1) Podem existir situações em que o preço do bem
chocolates, ao preço de 3€/unidade. está mais elevado do que seria o seu preço de
equilíbrio. Por exemplo, se o chocolate estiver a
Como é que são definidos os preços nos mercados? ser vendido ao preço de 4€/unidade, o que
Através da interação entre a procura e a oferta, ou acontece?
seja, através da conjugação das intenções de compra
dos consumidores com as intenções de venda das - A esse preço os consumidores desejam comprar
empresas. menos quantidade (porque o bem está mais caro), sendo
a quantidade procurada (Qd) de apenas 40 unidades. Mas,
- Quer isto dizer que nós, consumidores, também temos do ponto de vista das empresas, é mais interessante
influência na determinação do preço dos bens? Sim! Ao vender chocolate a este preço mais elevado, pelo que a
contrário do que muitas vezes (erradamente) pensamos, quantidade oferecida (Qs) é de 120 unidades. Desta forma,
não são apenas as empresas a definir os preços. Um as intenções de venda são superiores às intenções de
consumidor individual, regra geral, não consegue ter compra (Qs>Qd), existindo assim um excesso de oferta,
influência no preço dos bens. Contudo, a procura reflete que se traduz num excedente do bem no mercado (ou

Lara Sofia - GRH 6


seja, existe chocolate a mais disponibilizado no mercado EXCEDENTE
e, portanto, ficarão chocolates em armazém).
Contudo, esse excedente será temporário, na medida
em que, ao não encontrar compradores que desejem No mercado acontece quando a quantidade oferecida é
adquirir chocolates a este preço elevado, as empresas maior que a quantidade procurada. As forças de mercado
serão forçadas a baixar o preço para conseguir vender pressionarão a uma descida do preço!
essas quantidades excedentárias. Ou seja, quando existe
excedente no mercado, as forças do mercado EQUILÍBRIO
pressionarão a uma descida do preço, conduzindo
novamente o mercado ao seu preço de equilíbrio!
Ocorre quando a quantidade procurada é igual à
quantidade oferecida, pelo que ñ existem forças que
2) Podem também existir situações em que o
impilsionam alterações no preço de mercado.
preço do bem está mais baixo do que seria o
seu preço de equilíbrio. Por exemplo, se o
chocolate estiver a ser vendido ao preço de Lei da Oferta e da Procura
2€/unidade, o que acontece?
Num mercado livre, as forças da procura e da oferta,
geralmente, levam o preço para uma situação de
A esse preço os consumidores desejam comprar maior
quantidade (porque o bem está mais barato), sendo a equilíbrio, preço esse onde a quantidade procurada e
quantidade procurada (Qd) de 120 unidades. Mas, do oferecida se igualam:
ponto de vista das empresas, é menos interessante Pe: Qs = Qd
vender chocolate a este preço tão baixo, pelo que a
quantidade oferecida (Qs) é de apenas 40 unidades. Igualando a função da oferta (expressão matemática: Qs
Desta forma, as intenções de compra são superiores às = a + b P) à função da procura (expressão matemática:
intenções de venda (Qd>Qs), existindo assim um Qd = a – b P), obtemos uma equação de 1º grau, com
excesso de procura, que se traduz numa escassez do uma única incógnita (o P – preço), que resolvendo em
ordem ao P, nos permite calcular o Preço de Equilíbrio
bem no mercado (ou seja, não existem chocolates
do mercado (Pe).
suficientes no mercado e, portanto, haverá rutura de
stocks). Uma vez conhecido o valor do Pe, basta substituir o P
Contudo, essa escassez será temporária, na medida em por esse valor nas funções da oferta e/ou da procura,
que, ao existirem consumidores que desejam adquirir para determinar a quantidade que será transacionada no
chocolate e não o encontram no mercado, o preço do mercado (quantidade de equilíbrio – Qe).
mesmo irá aumentar. Ou seja, quando existe escassez
Nota:
no mercado, as forças do mercado pressionarão a uma
Sempre que nos pedem para determinar o equilíbrio de
subida do preço, conduzindo novamente o mercado ao
mercado, teremos de encontrar os 2 valores: Pe e Qe!
seu preço de equilíbrio!

ESCASSEZ
Movimentos ao longo da curva e deslocações
No mercado acontece quando existe um excesso de de curva
quantidade procurada em relação à quantidade oferecida. Por vezes, existem alterações nas condições de
As forças de mercado pressionarão à subida do preço! mercado:

Lara Sofia - GRH 7


• Quando acontece uma alteração no preço do
produto, estamos perante um movimento ao
longo da curva, quer da procura, quer da oferta.;
• Quando se alteram alguns dos outros
determinantes da procura/oferta que ñ o preço
do próprio bem (fatores que anteriormente
postulámos constantes), assistimos a uma
deslocação da curva, quer da procura, quer da
oferta, passando a exisitr uma nova curva..

Lara Sofia - GRH 8


Economia Planeada (ou de Direção Central) – economias
As três tarefas de Coordenção na
em que o Estado decide o que será produzido, como
Economia: será produzido e para que será produzido. O Estado
1. Como utilizar os recursos eficientemente? controla a atividade económica e impõe diretivas às
famílias, empresas e trabalhadores.
2. Que combinações de bens produzir?

3. Para quem produzir? Economia de Mercado (ou liberal) – Economias onde os


governos não intervêm na atividade económica. Neste
caso, os indivíduos, perseguindo os seus interesses,
O que produzir? Todas as sociedades têm que
decidem o que produzir, como produzir e para quem
decidir quais os bens e serviços que devem produzir? produzir, coordenadas por um sistema de preços.
Quais os bens que devem ser produzidos internamente
e quais devem ser importados? Em que quantidades os Podemos identificar 2 formas opostas de organização
vão produzir? Se devem produzir + bens de consumo económica das sociedades:
ou bens de investimento? - num extremo temos uma economia centralizada, em
que é o governo quem toma a maioria das decisões
Como produzir? Como serão produzidos esses económicas;
bens? Quem os irá produzir? Com que recursos? Qual - no outro extremo temos uma economia
a tecnologia que deve ser usada na sua produção? Que descentralizada em que as decisões são tomadas nos
combinação produtiva, entre teconologia e recursos mercados, pelos respetivos intervenientes.
humanos deve ser utilizada?
Economia planeada

Para quem produzir? Quem beneficiará do


Neste tipo de economia centralizada, o Estado toma as
resultado da atividade económica? Como será distribuída decisões + importantes acerca da produção e da
a riqueza criada? Será a distribuição da riqueza justa e distribuiçaõ, impondo diretivas às famílias, empresas e
equitativa? Qual a diferença de rendimetnos entre os trabalhadores. É o Estado quem dá resposta às principais
mais ricos e os mais pobres? A sociedade deve questões económicas – o quê, como e para quem será
proporcionar a todos os indivíduos um mínimo de produzido, através da posse dos recursos e do seu poder
consumo? Ou todos têm que trabalhar se quiserem de impor decisões.
alimentar-se? Numa economia dirigida, é o Estado quem detém a maior
parte dos meios de produção (terra e capital). Possui e

Organização Económica das Sociedades dirige a atividade das empresas na maior parte dos
setores de atividade. É empregador da maioria dos
trabalhadores. É quem decide c/ a produção deve ser
repartida entre os diversos bens e serviços.

Lara Sofia - GRH 9


Economia de mercado As diferentes sociedades aproximam-se + de um
extremo ou de outro, conforme a atuação do Estado,
Numa economia de mercado, ou simplesmente seja + intensa ou + moderada.
descentralizada, são os indivíduos e as empreas quem O exemplo de Cuba é um dos mais próximos de uma
toma as decisões + importantes da produção e consumo. economia de direção central, onde o Estado assume um
É o sistema de mercado, através do mecanismo de papel relevante na condução das atividades económicas,
determinação de preços, quem decide o quê, como e existindo contudo lugar à iniciativa privada.
para quem. Outras sociedades, como os EUA por exemplo,
Neste tipo de economia descentralizada são as empresas funcioanm de forma + próxima de economia de
quem decidem quais os bens que produzem, com que mercado, com o Estado a assumir um papel + moderado
técnicas de produção e quais as tecnologias a adotar. na atividade económica
O caso extremo de economia de mercado correponde
a uma economia onde o Estado ñ intervém na tomada
de decisões económicas, pode ser designada de laissez-
Sistemas de Mercado
faire (deixa fazer)

Economia Mista – O governo e o setor privado Forma de organização da economia na qual as decisões
interagem de forma a resolverem os problemas de afetação dos recursos são deixadas ao cuidado dos
económicos. O governo controla uma parte significativa consumidores e dos produtores individuais, que agem de
da produção através dos impostos, de transferências, e acordo com os seus interesses, sem uma direção central.
da pretação de seviços, como a defesa, saúde, educação, Neste processo:
etc.. - as famílias decidem acerca do consumo entre bens
Economia mista alternativos;
- as empresas decidem o que produzir e como produzir;
As sociedades contemporâneas funcionam como - os trabalhadores decidem que quantidade de trabalho e
economias mistas, em que o governo e o setor privado para quem trabalham;
interagem na resolução dos problemas económicos. A Tudo isto sujeito a um mecanismo que regula o
maior parte das decisões ocorre nos mercados, mas o funcionamento deste sistema:o preço.
Estado desempenha um papel importante na supervisão
do funcionamento dos mercados, na regulçaõ da
atividade económica, através da publicação de leis, na
prestação de serviços como a educação, saúded, defesa,
justiça e na promoção da equidade social através dos - O ponto de partida de qualquer economia mista é a
impostos e transferências para as famílias, por exemplo. economia de mercado, que defende que os mecanismos
de mercado constituem a melhor forma de afetação
O Estado intervém na economia como regulador, com eficiente dos recursos.
o objetivo de aumentar a eficiência, promover a
equidade e estimular o crescimento e a estabilidade
macroeconómica

Lara Sofia - GRH 2


O mercado é o mecanismo através do qual compradores Assim, no contexto de uma economia mista, há
e vendedores interagem para determinar preços e legitimidade para a intervenção do Estado na economia,
quantidades de bens/serviços a transacionar. Um sempre que o Mercado, por si só, falha na resolução de
mercado é um mecanismo que permite às pessoas problemas económicos (falhas/limitações/imperfeições
realizarem trocas, normalmente reguladas pela lei da do Mercado).
oferta e da procura, como vimos no capítulo 1.2 dos
conteúdos programáticos da UC (Procura, Oferta e Nota:
Mercado).
Genericamente, as falhas de mercado são todas aquelas
situações que põem em causa (um ou mais dos) “três Es
- O preço funciona como mecanismo regulador dos
da economia”
mercados na medida em que coordena as decisões dos
produtores e dos consumidores em relação à quantidade
que desejam, respetivamente, vender e comprar. Papel Económico do Governo

O Mercado: Limitações Numa economia mista, o Governo tem 3 objetivos


(Falhas de Mercado) fundamentais:
1. Contribuir para o aumento da eficiência
económica
§ Níveis de desemprego e infação elevados
2. Promover a equidade social
§ Externalidades, como a poluição
3. Estimular o crescimento económico e a
§ Distribuição não equitativa do rendimento
estabilidade macroeconómica
§ Monopólios e outras formas de concorrência
imperfeita
A intervenção do estado na economia deve garantir: o
aumento da EFICIÊNCIA; a promoção da EQUIDADE; o
Nas economias modernas os governos intervêm
estímulo do crescimento económico e da
exatamente para corrigir e combater essas falhas de
ESTABILIDADE macroeconómica; abreviadamente
mercado, supervisionando algumas atividades, como a
referidos como “Os três Es da economia”.
banca e a produção e distribuição de medicamentos,
fornecendo alguns bens e serviços, como a educação, a
Para tal, o Estado assume 3 funções económicas
saúde, a justiça, a segurança pública, financiando
importantes:
atividades de interesse social, como a investigação
científica e a inovação, ou arrecadando impostos para
Função de afetação: O governo contribui para o
redistribuir pelos mais carenciados.
aumento da eficiência na afetação dos recursos, ao
promover a concorrência, ao combater as externalidades
como a poluição e ao fornecer bens públicos.

Função de redistribuição do rendimento: O governo


promove a equidade ao usar os impostos e determinados

Lara Sofia - GRH 3


tipos de defesa para redistribuir o rendimento a grupos Exemplo
específicos..
Correção de Externalidades
Uma razão que justifica a intervenção do Estado na
Função de estabilização e de crescimento económico:
economia é a existência de externalidades ou efeitos
O governo estimula o crescimetno e estabilidade
sobre o exterior.
macroecnómicos, reduzindo o desemprego e a inflação, As externalidades podem ser positivas ou negativas,
ao mesmo tempo que estimula o crescimento caso o efeito externo seja, respetivamente, um benefício
económico, através das políticas orçamental e monetária. ou um custo para terceiros. O Estado deve intervir no
sentido de corrigir as externalidades, combatendo as
externalidades negativas e promovendo as
Funções do Governo
externalidades positivas.
No caso das externalidades negativas o Estado intervém
§ Corrigir Externalidades através da sua regulação, com legislação que proíbe ou
Quando a atividade económica de determinado agente minimiza, por exemplo, a poluição ou a emissão de
resíduos perigosos. Também cabe ao Estado promover
económico causa benefícios (externalidade positiva) ou
a criação de externalidades positivas promovendo a
impõe custos (externalidade negativa) a outros agentes
investigação científica (o desenvolvimento de novas
económicos não envolvidos nessa ativiidade. vacinas, por exemplo), a reciclagem, o tratamento de
resíduos, a adoção de práticas ambientais, etc.
§ Promover a Concorrência nos mercados
Impedir situações de concorrência imperfeita ou
monopolização de certas atividades económicas (leis anti- Exemplo
trust).
Promoção da Concorrência
§ Fornecer Bens públicos (ou bens coletivos) Outro tipo de ineficiência em que os mecanismos de
Cabe ao Estado assegurar o seu fornecimento, uma vez mercado falham é a inexistência de concorrência.
A concorrência imperfeita, como por exemplo o
que, não existe incentivo económico para que o seu
monopólio (existência de uma única empresa a fornecer
fornecimento seja feito pela iniciativa privada.
um bem ou serviço), conduz a preços demasiado
elevados e a níveis de produção reduzidos (como
§ Promover a Redistribuição do rendimento veremos mais à frente no capítulo 2.3 dos conteúdos
Transferências do Estado, impostos progressivos, programáticos da UC). Para combater estas situações, os
sucessórios, sobre as grandes fortunas.. . governos regulam as atividades impondo restrições
antitrust ao comportamento das empresas, que proíbem
a atuação consertada das empresas, como a fixação de
preços ou a divisão de mercados entre elas.
Função de Afetação: o Governo deve fomentar o
desenvolvimento económico e a gestão racional e
eficiente dos recursos. A sua intervenção ocorre muitas
vezes com o objetivo de corrigir as situações em que os
mercados não funcionam de forma eficiente.

Lara Sofia - GRH 4


Exemplo § Não rivalidade no consumo (ou indivisibilidade)
mesmo depois de consumido por um indivíduo,
Função da Redistribuição do Rendimento continua disponível para outros em igual
As economias de mercado não conduzem quantidade;
necessariamente a uma justa repartição dos § Não exclusão do consumo: nenhum indivíduo
rendimentos, podendo originar níveis inaceitáveis de pode ser excluído do seu consumo.
desigualdades nos níveis de rendimento e de consumo. Ex: Defesa Nacional, Segurança Publica, Farol
No sentido de promover a equidade e a justiça social, o
Estado deve intervir corrigindo as desigualdades sociais, Bens privados:
nomeadamente no sentido de promover a redistribuição § Rivalidade no consumo: uma vez consumido,
dos rendimentos gerados na economia. Em geral, os deixa de estar disponível para outros
governos utilizam os impostos para aumentar as consumidores;
transferências e os programas de apoio aos mais § Exclusão do consumo: o mecanismo de
necessitados (um pouco na lógica do Robin dos Bosques: exclusão é o preço.
Ex: Educação, Saúde, Piscina Municipal
tirar aos ricos para dar aos pobres).
- Do lado dos impostos, destaque para os impostos
progressivos (exemplo do IRS – Imposto sobre
Rendimentos Singulares), tributando os rendimentos Bens públicos são bens ou serviços que podem ser
maiores com taxas de imposto superiores às dos usufruídos por qualquer indivíduo e que nenhum
rendimentos mais baixos; também impostos sobre as indivíduo pode ser excluído do seu consumo. Esta
grandes fortunas ou impostos sucessórios (sobre as definição conduz-nos para as duas características dos
heranças), para quebrar a cadeia de privilégios bens públicos: não rivalidade no consumo e
hereditários. impossibilidade de exclusão (ou não exclusão), na maior
- Do lado das despesas públicas, salientam-se as
parte dos casos associada à ideia de gratuitidade do bem.
transferências do Estado para as famílias no sentido de Note-se que para ser considerado um bem público, este
proteger as camadas sociais mais desfavorecidas tem que possuir obrigatoriamente as duas características
(subsídios de desemprego, de apoio à doença, velhice em simultâneo: não rivalidade e não exclusão. Basta que
ou invalidez; apoios à infância ou à maternidade; uma destas duas características não esteja presente,
programas de combate à exclusão social, serviços de para que o bem já não seja considerado um bem público.
ação social, cuidados de saúde subsidiados; etc.)

Função de Estabilização e Crescimento


Económico: capacidade do Estado em estimular o
crescimento económico e garantir a estabilidade
macroeconómica, combatendo o desemprego e a
inflação nas diferentes fases do ciclo económico, através
das políticas macroeconómicas Por exemplo a emissão do sinal de TV (TDT)/frequência
de rádio, a iluminação pública, a defesa nacional: nenhum
indivíduo pode ser excluído do acesso a estes bens (não
Bens Económicos exclusão) e pelo facto de uma pessoa consumir, não
deixa de estar disponível, na mesma quantidade, para os
Bens públicos (ou bens coletivos): outros (não rivalidade).

Lara Sofia - GRH 5


Bens privados são bens ou serviços que, pelo contrário Exemplo
apresentam as características de existir rivalidade e/ou
As vacinas que fazem parte do Plano Nacional de
exclusão no consumo. A grande maioria dos bens que
Vacinação, são bens de mérito, porque uma vez
consumimos são bens privados, na medida em que: por
administrada a vacina num paciente, ela deixa de estar
um lado, pagamos para os consumir, constituindo o preço
disponível para outro utente (portanto apresentam
uma das formas mais comuns de exclusão no consumo,
rivalidade no consumo), mas como o Estado entende que
pois quem não estiver disposto ou não puder pagar, não
a vacinação é fundamental para a saúde dos cidadãos,
pode usufruir do bem; por outro lado, a maioria dos bens
nomeadamente por razões de saúde pública, fornece
uma vez consumido por um já não está disponível para
essas vacinas gratuitamente a todos os cidadãos
ser adquirido pelos restantes consumidores (quando
(passando assim a não ter exclusividade no consumo).
compro um carro, por exemplo, passa a ser meu, mais
ninguém o pode adquirir)
Por outro lado, existem ainda bens que não têm rivalidade
no consumo, pois uma vez fornecidos eles estão
Bens de mérito: Bens privados que, pela sua importância,
disponíveis em iguais quantidades para todos, ou seja,
a sociedade considera, que devem ser fornecidos
pelo facto de serem consumidor por um consumidor não
gratuitamente a todos os cidadãos, independentemente
reduz a sua disponibilidade para terceiros. Contudo, têm
do seu rendimento.
de ser pagos, pelo que apresentam exclusão no
Ex: escolaridade mínima obrigatória; plano nacional de
consumo, pois só pode usufruir deles quem pagar para
vacinação; planeamento familiar.
ter acesso, ficando excluídos todos os consumidores que
Bens de clube: Bens que apresentam a característica de não estejam dispostos ou não possam pagar para os
não rivalidade, i..e, mantêm-se disponíveis em iguais consumir.
quantidades para toda a gente. Mas exclusivos, ou seja,
só tem acesso quem paga o bem. Exemplo
Ex: Tv por cabo; telecomunicações móveis.
O caso do serviço de fornecimento de comunicações
Free-rider : Alguém que usufrui de um bem que possui (TV por cabo, net, telefone fixo, telemóvel…), uma vez
custos, sem pagar por ele. estando disponível naquela zona geográfica toda a gente
pode pedir o serviço, contudo só tem acesso a ele quem
Também existem bens que não são bens públicos, mas pagar a mensalidade para usufruir do serviço (pelo que
também não são bens privados puros (porque não têm tem exclusão no consumo), mas não é por eu estar a
ambas as características). Muitas vezes chamados na utilizar o meu serviço que o meu vizinho deixa de o
literatura de bens mistos, são bens que apresentam poder utilizar (logo, não tem rivalidade). São chamados
apenas uma das características de bem privado. Bens de Clube, uma vez que só pode usufruir deles
“quem pertencer ao clube” e, para pertencer ao clube,
tem de pagar.
Assim, existem bens que apresentam rivalidade no
consumo, ou seja, uma vez consumidos por um
consumidor deixam de estar disponíveis para outros.
Contudo, por serem considerados fundamentais, a
sociedade entende que devem estar ao dispor de todos
os cidadãos (não exclusão), assumindo assim o Estado o
seu fornecimento gratuito. São os chamados Bens de
Mérito.

Lara Sofia - GRH 6


ELASTICIDADE bem X. A Lei da Procura diz-nos que existe uma
relação inversa entre o preço do bem X (Px) e a
quantidade procurada desse bem X (Qdx), ou seja,
Trata-se de uma medida da sensabillidade da quantidade
quando o preço do bem X diminui, os consumidores
em relação à variação de determinados fatores. Ou seja,
tendem a comprar mais desse bem. Ou seja, a
a Elasticidade mede a resposta da quantidade às
quantidade procurada do bem X aumenta. E quando
variações de fatores como os preços ou o rendimento.
o preço do bem X aumenta, a quantidade procura
Assim, a Elasticidade da Procura mostra como as
do bem X diminui.
intenções de compra dos consumidores (quantidade
Contudo, a amplitude ou intensidade dessa reação
procurada) são influenciadas pela variação nos preços ou
não é a mesma nos diferentes bens. É extamente
no seu rendimento.
isso, que a EPP nos permite compreender,
quantificando a relação entre o preço do bem e
Podemos analisar 3 tipos de impactos na quantidade procurada desse bem.
quantidade procurada de determinado • Em alguns bens, a quantidade procurada
reage muito às variações do preço do
bem / serviço:
próprio bem;
§ O impacto de uma variação no preço do
• Noutros bens, a quantidade procurada reage
próprio/serviço:
pouco às variações do preço do próprio
Elasticidade Preço da Procura (EPP)
bem.
§ O impacto da variação no preço de outros
bens/serviços disponíveis no mercado: ELASTICIDADE PREÇO CRUZADA DA
Elasticidade Preço Cruzada da Procura
PROCURA (EPCP)
(EPCP)
§ O impacto de uma variação no rendimento dos
Ø Analisa o impacto que uma alteração no preço de
consumidores:
outros bens (substitutos ou complementares) tem na
Elasticidade Rendimento da Procura
quantidade procurada do bem X, ou seja, permite
(ERP) quantificar a relação entre o preço de outro bem Y
(Py) e a quantidade procurada do bem X (Qdx),
dependendo da relação de substituição ou
ELASTICIDADE PREÇO DA PROCURA complementariedade que se estabelece entre os
(EPP) dois bens, designadamente:
• A relação direta entre o preço de bens
substitutos (Py) e a quantidade
Ø Analisa o impacto que uma alteração no preço do
procurada do bem X (Qdx).
bem X tem na quantidade procurada desse mesmo

Lara Sofia - GRH 7


Ex: Se o preço da massa diminuir, a quantidade procurada passaram a consumir mais de outros
de massa irá aumentar e, consequentemente , a procura bens que antes não conseguiam
de arroz diminuirá comprar. Substituindo o consumo
• A relação inversa entre o preço de daqueles que costumavam comprar,
bens complementares (Py) e a diminuindo assima procura de certos
quantidade procurada do bem X (Qdx). bens.
Ex: Se o preço dos automóveis diminuir, Ex: se o rendimento dos consumidores
os consumidores irão comprar mais aumentar, mais consumidores poderão
automóveis, pelo que irão também passar a ir de automóvel para o
consumir mais combustiveis, ou seja, a emprego/escola, pelo que a procura de
procura de combustiveis aumenta. passes dos transportes púbicos, diminui.

ELASTICIDADE RENDIMENTO DA PROCURA Efeito do Preço na Quantidade Procurada

(ERP) (EPP)

D
Preço

Preço
Ø Analisa o impacto que uma alteração no. Rendimento
Figura 1 Figura 2
dos consumidores tem na quantidade procurada do D
A A
bem X, permiitindo quantificar a relação entre o 20 20
B B
rendimento (Y) e a quantidade procurada do bem X 10 10
(Qdx):
D D
• Para a maioria dos bens, existe uma
3 4 1,5 4
relação direta entre o rendimento (Y) e
Quantidade Quantidade
a quantidade procurada do bem X
(Qdx), pelo facto de, em cisrcunstâncias - Para uma mesma variação (diferença entre valores) no
normais, se o rendimento dos
preço do bem, as variações na quantidade procurada do
consumidores aumentar, então eles
bem, são diferentes entre a figura 1 e a figura 2. Assim,
terão mais poder de compra, pelo que
um movimento de A para B na curva da procura da
irão comprar maiores quantidades da
figura 1, mostra que perante uma variação negativa do
maioria dos bens, pelo que a sua
preço em 10 u.m. (diminuição do preço de 20 para 10
compra aumentará.
u.m.), a quantidade procurada apresenta uma variação
• Contudo, existem alguns bens em que positiva de apenas 1 u.f (aumento da quantidade procurada
a relação direta não ocorre, mas sim de 3 para 4 u.f). As passo que, o movimento de A para
uma relação inversa entre o rendimento B na curva da procura da figura 2 mostra que perante a
(Y) e a quantidade procurada do bem X mesma variação negativa do preço (diminuição do preço
(Qdx), uma vez que, se o rendimento de 20 para 10 u.m.), a quantidade procurada apresenta
dos consumidores aumentar, por uma variação positiva de 2,5 u.f. (aumento da quantidade
passarem a ter maior poder de compra, procurada de 1,5 para 4 u.f).

Lara Sofia - GRH 2


Verifica-se, portanto, que a quantidade procurada reagiu Como Calcular a Elasticidade?
mais (é mais sensível) à variação do preço neste
1. Utilizam-se as variações percentuais, quer na
segundo caso (figura 2) do que no primeiro (figura1) e
quantidade quer no preço, em vez de variações
isso não será certamente indiferente para o produtor do
absolutas;
bem em causa, como veremos mais à frente.
2. As variações percentuais são calculadas em
relação a valores médios, quer nas quantidades
As duas situações anteriores representam variações
quer nos preços;
diferentes da quantidade procurada em relação às
variações de preço. 3. Cada variação percentual é tomada como um
Enquanto que no primeiro caso, a quantidade procurada valor absoluto, siginificando que no cálculo
passou de 3 para 4 u.f., no segundo caso a quantida “esquecemos” o sinal de menos.
procurada passou de 1,5 para 4 u.f., considerando a
mesma variação no preço do bem em causa (desceu 20
para 10 u.m)
No segundo caso, a quantidade procurada reagiu mais do
que no primeiro caso face a uma descida do preço igual!

- A variação absoluta abrevia-se por ∆ e a variação


percentual por ∆%. Aprimeira, calcula-se pela diferença
Elasticidade Preço da Procura – ratio da
entre valores de uma dada variável; Por exemplo, ∆𝑄 =
variação percentual da quantidade procurada 𝑄2 − 𝑄1 e a segunda considera essa variação absoluta
relativamente à variação percentual do preço relativamente aos valores médios da variável em causa.
Considerando o mesmo exemplo, ∆%𝑄 = ∆𝑄/𝑄
Média=(𝑄2 − 𝑄1) / (𝑄1 + 𝑄2)/2;podemos
EPPx = Variação % na Quantidade do bem X multiplicar o resultado por 100 para que o resultado final
Variação % no Preço do bem X fique em percentagem (%).
- Esta fórmula de cálculo da EPP apresenta módulos (| |)
apenas para facilitar os cálculos, pois, por definição, a EPP
Nota: A EPP mede a reação da quantidade procurada
apresenta sempre valores negativos que, em valor
às variações no preço do próprio produto. absoluto (ou seja, em módulo), passam a valores positivos
( | - x | = + x)

- No caso anterior podemos dizer que na figura 1 a VAMOS TOMAR COMO EXEMPLO A FIGURA 1:
procura é menos elástica (+ rígida) do que na figura 2.

Lara Sofia - GRH 3


Classificação da Procura de acordo com a Ø Recordemos que o sinal da EPP é sempre negativo.
Assim, no exemplo apresentado, EPP = 0,43, apenas
EPP: porque se usaram módulos para simplificar os
cálculos (EPP = |−0,43| = 0,43). Contudo, é
Procura Rígida – quando a elasticidade se econtra importante não esquecer a intuição por detrás deste
sinal negativo esperado para a EPP: segundo a lei da
entre 0 e 1 (0 < 𝐸𝑃𝑃𝑥 < 1);
procura, quando o preço aumenta, a quantidade
Procura Elástica – quando a elasticidade assume procurada diminui e vice-versa; logo, em termos de
cálculo da EPP teremos sempre um valor negativo a
valores superiores a 1 (𝐸𝑃𝑃𝑥 > 1); dividir por um valor positivo e vice-versa, pelo que o
Procura Unitária – quando a elasticidade é igual a 1 resultado dessa divisão (a EPP) dará sempre um valor
negativo. Assim, interpretamos uma EPP = |−0,43| =
(𝐸𝑃𝑃𝑥 = 1) 0,43 da seguinte forma: uma diminuição do preço
de 1% conduz a um aumento da quantidade
procurada de 0,43% e vice-versa.
Ø Aplicando a fórmula de cálculo da EPP, considerando
os valores apresentados na Figura 1, a EPP assume o
valor de 0,43.
Ø Consoante, o valor obtido para a EPP, podemos,
Elasticidade Preço da Procura (EPP)
assim, classificar a Procura do bem em 3 tipos:
Exemplos:
§ Procura Rígida, quando o valor da EPP é < 1 (no
caso em apreço, EPP=0,43). Ou seja, quando o
numerador da fração (∆ % 𝑄) é < que o
denominador (∆ % 𝑃) no exemplo é o que Pão e Cereais 0,05
acontece (28,6 % < 66,7%), traduzindo que a
quantidade procurada varia menos que Combustíveis 0,47
proporcionalmente (ou seja, numa % menor)
Alimentação 0,52
relativamente à variação do preço. O que
significa que Qdx reage pouco às alterações do Álcool 0,83
Px.
§ Procura Elástica, quando o valor da EPP é > 1 Bens Duráveis 0,89
(seria o caso da EPP calculada usando os valores
da Figura 2), ou seja, quando o numerador da Serviços 1,02
fração (∆ % 𝑄) é > que o denominador
(∆ % 𝑃), traduzindo que a quantidade Divertimento 1,40
procurada varia mais que proporcionalmente (ou
seja, numa % maior) relativamente à variação do Catering 2,61
preço. O que significa que a QdX reage muito
às alterações do Px.
§ Procura Unitária, quando o valor da EPP é = 1
(caso menos comum, mas ainda assim possível
de acontecer), ou seja, quando o numerador da A EPP tende a ser, em geral, pequena nos bens de
fração (∆ % 𝑄) é = que o denominador primeira necessidade, como o pão e cereais,
(∆ % 𝑃), traduzindo que a quantidade
procurada reage na mesma proporção que as combustíveis e alimentação e alta nos bens sumptuários
alterações do preço, o mesmo é dizer que a / de luxo, como divertimento e catering.
quantidade procurada varia proporcionalmente
(ou seja, na mesma %) relativamente à variação
do preço. O que significa que a QdX reage
proporcionalmente às alterações do Px.

Lara Sofia - GRH 4


O primeiro grupo constitui o dos bens que procura rígida, Ø Se a procura para um produto for unitária, uma
em que EPP < 1, o que significa que a quantidade subida do preço manterá as receitas totais;
procurada destes bens reage pouco (é menos sensível) Ø Se a procura para um produto for rígida, uma subida
às alterações do seu preço. De facto, por exemplo, no
do preço provocará um aumento das receitas totais.
caso do pão e cereais, mesmo que o preço do pão
aumente, os consumidores vão continuar a consumir
pão, podem até consumir um pouco menos, porque está Se os preços baixarem irão ocorrer as alterações
mais caro, mas apenas ligeiramente menos. Da mesma inversas
forma que, se o preço do pão diminuir, os consumidores
não vão passar a consumir muito maior quantidade, pelo Receita total
contrário, poderão até consumir um pouco mais, por que
está mais barato, mas apenas ligeiramente mais
• Igual ao preço vezes a quantidade (RT = P x Q).
Assim, conhecendo a EPP, a empresa pode prever
O segundo grupo constitui o dos bens de procura o que acontece à receita total quando o preço do
elástica, em que EPP > 1, o que significa que a bem se altera.
quantidade procurada desses bens reage muito (é mais
• Esta é, aliás, a grande mais valia da EPP para as
sensível) às alterações do seu preço.
empresas. O facto de, conhecendo a EPP do bem
.
que vendem, conseguirem antecipar como é que os
consumidores (Qdx) vão reagir às alterações do
Com os exemplos apresentados também percebemos
preço do bem (Px), ou seja, se vão reagir muito ou
que há procuras mais ou menos rígidas e procuras
pouco às variações do preço, e assim perceberem
mais ou menos elásticas!
qual é a melhor estratégia de preços, ou seja, se
devem aumentar ou diminuir o preço do bem, com
Ø Por exemplo, no grupo dos bens de procura rígida
o intuito de aumentar as suas receitas.
o pão e cereais (EPP=0,05) são o bem que tem
procura mais rígida, ou seja, em que a QdX reage Vejamos a relação entre a EPP e a receita total, tendo
menos às variações do Px. Enquanto os Bens como ponto de partida um aumento do preço (variação
Duráveis são os que apresentam uma procura positiva do preço):
menos rígida (EPP=0,89). Deste modo, dentro dos
bens de procura rígida (0 < EPP < 1) ), quanto mais Ø Quando a procura é elástica em relação ao preço
próximo de 0 for o valor da EPP, mais rígida é a (EPP > 1, ou seja, ∆ % 𝑄 > ∆ % 𝑃, um aumento
procura do bem; quanto mais próximo de 1 for o do preço faz diminuir a receita total, pois a
valor da EPP, menos rígida é a procura do bem. quantidade procurada diminui mais que
proporcionalmente relativamente à variação do
Ø Também no grupo dos bens de procura elástica preço (variação negativa da quantidade procurada >
(EPP > 1) existem diferenças: quanto mais próximo variação positiva do preço). Ou seja, apesar de o
de 1 (mas superior) for o valor da EPP, menos elástica preço aumentar, isso provoca uma diminuição
é a procura do bem; quanto mais elevado for o valor significativa (maior do que o aumento do P) na
da EPP, mais elástica é a procura do bem, ou seja, quantidade vendida, pelo que, considerando o efeito
mais reage a QdX às alterações no Px. conjugado de P e Q, as RT vão ser menores.

ELASTICIDADES E RECEITAS Ø Quando a procura é rígida em relação ao preço (EPP


< 1, ou seja, ∆ % 𝑄 < ∆ % 𝑃, um aumento do preço
Ø Se a procura para um produto for elástica, uma faz aumentar a receita total, pois a quantidade
subida do preço provocará uma diminuição das procurada diminui menos que proporcionalmente
receitas totais; relativamente à variação do preço (variação negativa
da quantidade procurada < variação positiva do

Lara Sofia - GRH 5


preço). Ou seja, o aumento do preço irá provocar significativo na quantidade vendida (de 15%, maior do
uma diminuição mais ligeira (menor do que o que a diminuição de 10% do P), pelo que,
aumento do P) na quantidade vendida, pelo que, considerando o efeito conjugado de P e Q, as RT
considerando o efeito conjugado de P e Q, as RT vão ser maiores.
vão ser maiores. Ø Quando a procura é rígida em relação ao preço (EPP
Ø No caso da fronteira de procura unitária (EPP = 1, ou < 1, ou seja, ∆ % 𝑄 < ∆ % 𝑃; no exemplo em
seja, ∆ % 𝑄 = ∆ % 𝑃, um aumento do preço não concreto: EPP = 0,5 < 1, ou seja, ∆ % 𝑄 (5%) <
tem qualquer efeito na receita total, pois a quantidade ∆ % 𝑃 (10%), uma diminuição do preço faz diminuir
procurada varia proporcionalmente, em sentido
a receita total, pois a quantidade procurada aumenta
oposto, às alterações do preço (variação negativa da
quantidade procurada = variação positiva do preço). menos que proporcionalmente relativamente à
Ou seja, se o preço aumentar vai provocar uma variação do preço (variação positiva da quantidade
diminuição proporcional na quantidade vendida, procurada < variação negativa do preço). Ou seja, a
anulando assim o efeito do aumento do preço, pelo diminuição do preço irá provocar um aumento ligeiro
que as receitas totais vão permanecer inalteradas. na quantidade vendida (de apenas 5%, menor do que
a diminuição de 10% do P), pelo que, considerando o
Logo, muitas empresas querem saber se aumentando
efeito conjugado de P e Q, as RT vão ser menores.
os preços irão aumentar ou diminuir a receita. Pela
Ø No caso da fronteira de procura unitária (EPP = 1, ou
análise que fizemos, ambos os cenários são possíveis,
seja, ∆ % 𝑄 = ∆ % 𝑃 = 10% no exemplo dado), uma
dependendo do tipo de procura que a empresa
diminuição do preço não tem qualquer efeito na
enfrenta!
receita total, pois a quantidade procurada varia
proporcionalmente, em sentido oposto, às alterações
Imaginemos 3 elasticidades diferentes para uma descida
do preço (variação positiva da quantidade procurada
do preço de 10%:
= variação negativa do preço). Ou seja, se o preço
diminuir vai provocar um aumento proporcional na
Elasticidade Variação Variação Variação
quantidade vendida, anulando assim a diminuição do
Preço Quantidade RT( P x Q)
preço, pelo que as receitas totais vão permanecer
1,5 - 10 % +15% inalteradas.
1,0 - 10 % +10%
0,5 - 10 % + 5% Preço Preço
Rígida RT RT
Consideremos agora a relação entre a EPP e a receita Unitária RT RT
total, partindo de uma diminuição do preço (variação Elástica RT RT
negativa do preço); facilmente antecipamos que o
impacto dessa alteração do preço sobre a receita total
Em síntese:
será exatamente o oposto:
Ø Começando por uma leitura horizontal da tabela
Ø Quando a procura é elástica em relação ao preço apresentada, depreendemos que dependendo do
(EPP > 1, ou seja, ∆ % 𝑄 > ∆ % 𝑃; no exemplo em tipo de procura, as diferentes estratégias de preço
concreto: EPP = 1,5 > 1, ou seja, ∆ % 𝑄 (15%) > (aumentos ou diminuições) têm diferentes impactos
∆ % 𝑃 (10%), uma diminuição do preço faz nas receitas totais:
aumentar a receita total, pois a quantidade procurada • Quando a procura é rígida, ou seja, a
aumenta mais que proporcionalmente relativamente quantidade procurada é pouco sensível
à variação do preço (variação positiva da quantidade (responde fracamente) às variações do
procurada > variação negativa do preço). Ou seja, a preço, o preço é a variável que “comanda”
diminuição do preço irá provocar um aumento a evolução das receitas totais; assim,

Lara Sofia - GRH 6


recordando que RT = P x Q, perante uma Determinantes da Elasticidade
procura rígida: a subida do preço prevalece
Preço da Procura (EPP)
à descida da quantidade procurada e, como
tal, a receita total também sobe; tal como a
descida do preço prevalece à subida da Ø Natureza dos bens – bens essenciais (batatas,
quantidade procurada e, como tal, a receita leite) vs bens dispensáveis (jóias, refeições em
total também desce; restaurantes);
• Quando a procura é unitária, ou seja, a Ø Gostos dos consumidores e contexto
quantidade procurada responde
proporcionalmente às variações do preço, socioeconómico;
nem a subida nem a descida do preço farão Ø Disponibilidade de bens substitutos
alterar as receitas totais, que se manterão
(gasolina vs outros combustíveis)
inalteradas, uma vez que a quantidade
Ø Percentagem do rendimento absorvida
procurada reage em sentido oposto e na
mesma % às variações do preço. (automóveis vs lápis)
• Quando a procura é elástica, ou seja, a Ø Tempo (no longo prazo a elasticidade tende a
quantidade procurada é muito sensível assumir valores mais elevados)
(responde fortemente) às variações do
preço, a quantidade procurada é a variável
Vários fatores influenciam o facto de determinado bem
que “comanda” a evolução das receitas
ter procura mais elástica ou mais rígida. Ou seja, existem
totais; assim, recordando que RT = P x Q,
um conjunto de aspetos que fazem com que os
perante uma procura elástica: a subida do
consumidores, ou as quantidades procuradas por estes,
preço é ultrapassada pela descida da
reajam mais ou menos (ou sejam mais ou menos
quantidade procurada e, como tal, a receita
sensíveis) às alterações do preço do bem. São os
total desce; tal como a descida do preço é
chamados determinantes da EPP, ou seja, fatores que
ultrapassada pela subida da quantidade
influenciam o valor da EPP e, portanto, a respetiva
procurada e, como tal, a receita total sobe.
classificação dos bens, entre os quais:
Ø Uma leitura vertical da tabela reforça que uma
mesma alteração no preço do bem tem impactos Natureza dos bens
diferentes sobre a receita total, consoante o tipo de
procura que o bem enfrenta. Assim: Em geral, bens mais essenciais têm uma procura mais
• Uma subida do preço, provoca: uma subida rígida, pois os consumidores necessitam mesmo do
nas receitas totais dos bens de procura consumo desses bens, pelo que reagem pouco às
rígida; mas uma descida nas receitas dos oscilações do seu preço; bens mais dispensáveis têm,
bens de procura elástica; e não tem impacto em geral, uma procura mais elástica, pois de o seu preço
nas receitas dos bens de procura unitária; aumentar, por exemplo, podem facilmente viver sem
• Uma descida do preço, provoca: uma esses bens, pelo que reagem mais às oscilações do
descida nas receitas totais dos bens de preço.
procura rígida; uma subida nas receitas dos
bens de procura elástica; e não tem impacto
nas receitas nos bens de procura unitária;

Lara Sofia - GRH 7


Gostos dos consumidores e contexto Ø Já no caso do lápis, a % do rendimento
absorvida é muito reduzida, pelo próprio valor
socioeconómico
reduzido dos lápis. Se o preço médio dos lápis
for de 1€, e se o seu preço aumentar 10%, esse
A procura de arroz na China, por exemplo, é muito mais aumento (de 0,10€) é tão insignificante que os
rígida do que noutros países, uma vez que é a base da consumidores quase nem vão aperceber-se do
alimentação dos chineses, pelo que mesmo que o seu aumento do preço, pelo que irão reagir muito
preço aumente não diminuirão muito o seu consumo (o pouco ao aumento do preço, daí que a procura
mesmo se pode dizer do pão em Portugal, base da de lápis não diminua muito, apresentando uma
alimentação dos portugueses). procura mais rígida.

A existência de substitutos
Período do Tempo

Imediatos: os bens que têm substitutos próximos tendem


a ter procuras mais elásticas, uma vez que se, por O período do tempo que os consumidores levam a
exemplo, o preço aumentar, facilmente os consumidores ajustar-se à variação dos preços: a capacidade para
substituem esse bem por outro substituto existente no ajustar os padrões de consumo a médio/longo prazo,
mercado; bens com maior dificuldade de substituição implica que a EPP seja em geral maior no longo prazo
tendem a ter procuras mais rígidas (como o exemplo do que no curto prazo.
apresentado da gasolina: se eu tiver um automóvel a
gasolina, mesmo que o seu preço aumente, não posso
substituir por outros combustíveis, pois o carro não é Elasticidade Preço Cruzada da Procura – ratio
compatível com outros combustíveis, então terei de da variação percentual na quantidade procurada do bem
continuar a abastecer o meu automóvel com gasolina na
X, em resposta a uma variação percentual no preço do
mesma).
bem Y.

Percentagem do rendimento absorvida


EPCPx,y = Variação % na Quantidade do bem X
Variação % no Preço de Y
Em geral, quanto maior for a % de rendimento absorvida
pelo consumo desse bem, mais elástica é a sua procura.
Nos exemplos apresentados:
Ø o automóvel absorve uma elevada porção do
rendimento do consumidor, pelo seu elevado Nota: A EPCP mede a reação da quantidade procurada
preço. Imaginemos que um automóvel custa, em
do bem X às variações no preço de outro bem
média, 30.000€, se o seu preço aumentar 10%,
esse aumento é, em termos absolutos, bastante disponível no mercado (o bem Y)
significativo (aumenta 3.000€), pelo que os
consumidores irão reagir bastante a esse
aumento do preço, diminuindo significativamente Exemplo: qual a variação na quantidade de café
a compra de automóveis, daí ter uma procura resultante de uma alteração do preço do chá?
mais elástica;

Lara Sofia - GRH 8


A Elasticidade Preço Cruzada da Procura (EPCP) analisa Bens Complementares - quando a variação do
o impacto que uma alteração no preço de outros bens
preço do bem Y procura uma variação inversa na
(substitutos ou complementares) tem na quantidade
quantidade procurada do bem X.
procurada do bem X.
Ex: Quando o preço do café aumenta a quantidade
procurada de açúcar diminuirá.

A EPCP é definida e calculada de modo semelhante à


Nestes casos a EPCP será negativa
EPP, sendo que agora confrontamos a quantidade
procurada do bem X (Qdx) com o preço de outro bem
Y (Py) – e não com o preço do mesmo bem (Px), como
acontecia na EPP. Assim, a EPCP mede a variação da Bens indiferentes - quando a variação do preço
quantidade procurada de um bem (QdX) quando o preço do bem Y não provoca qualquer variação na quantidade
de outros bens (substitutos ou complementares) varia. A procurada do bem X..
definição precisa de elasticidade é a variação percentual Ex: Quando o preço do café aumentara quantidade
da quantidade procurada do bem X dividida pela variação procurada de livros escolares, em princípio, não se
percentual do preço do bem Y. Os passos necessários alterará.
para o cálculo deste rácio ou divisão são idênticos aos
definidos para o cálculo da EPP Nestes casos a EPCP será zero

NOTA:
Calculada a EPCP, podemos, assim, classificar a
Se na EPP usávamos módulos para simplificação de relacao de consumo dos dois bens em analise (X e
cálculos, no caso da EPCP (e o mesmo acontecerá para Y) nos seguintes 3 tipos:
a ERP!) nunca se fará uso de módulos, pois o sinal da
EPCP, como veremos de seguida, é decisivo para Bens substitutos- quando o valor da EPCP é > 0,
perceber a relação de consumo entre os bens X e Y
o mesmo é dizer, a EPCP apresenta um sinal positivo. Tal
(ou seja, para perceber se são substitutos ou
acontece quando o numerador da fração (∆%Qdx)
complementares).
apresenta uma variação no mesmo sentido que o
denominador (∆%Py), o que significa que, se o preço do
bem Y (no exemplo dado, café) aumenta, sabemos, pela
Elasticidade Preço Cruzada da Procura Lei da Procura, que, ceteris paribus, a quantidade
Tipos de bens: procurada do bem Y diminui, aumentando a quantidade
procurada de bens substitutos ao bem Y, como é o caso
do bem X (chá); de igual forma, se o preço do bem Y
Bens substitutos- quando a variação do preço do diminui, a quantidade procurada do bem Y aumenta,
bem Y procura uma variação no mesmo sentido na ceteris paribus, e, consequentemente, diminui a
quantidade procurada do bem X. quantidade procurada de bens substitutos ao bem Y,
Ex: Quando o preço do café aumenta a quantidade como é o caso bem X; significa, portanto, que há uma
procurada de chá aumentará relação direta entre o preço de bens substitutos (Py) e
a quantidade procurada do bem X (QdX).
Nestes casos a EPCP será positiva

Lara Sofia - GRH 9


Bens Complementares - quando o valor da EPCP provocar uma diminuição de 1,5% na QdX (e vice-
versa).
é < 0, o mesmo é dizer, a EPCP apresenta um sinal
negativo. Tal acontece quando o numerador da fração
(∆%Qdx) apresenta uma variação em sentido contrário Resposta da Procura a uma variação no
ao denominador (∆%Py), o que significa que, se o preço Preço de outro bem
do bem Y (no exemplo dado, café) aumenta, sabemos,
pela Lei da Procura, que, ceteris paribus, a quantidade
procurada do bem Y diminui, diminuindo também a Relação entre os Elasticidade Variação Variação
quantidade procurada de bens complementares ao bem bens substitutos Cruzada PY QX
Y (que são utilizados em conjunto), como é o caso do
Substitutos Positiva
bem X (açúcar); de igual forma, se o preço do bem Y (EPCP > 0)
diminui, a quantidade procurada do bem Y aumenta, Complementares Negativa
ceteris paribus, e, consequentemente, aumenta a (EPCP < 0)
quantidade procurada de bens complementares ao bem Indiferentes Nula ou
Y, como é o caso bem X; significa, portanto, que há uma (EPCP = 0)
relação inversa entre o preço de bens complementares
(Py) e a quantidade procurada do bem X (QdX).
Em síntese, a leitura da tabela apresentada permite
compreender que, dependendo da relação de consumo
entre os 2 bens, as variações no preço do bem Y (Py)
Bens indiferentes - quando o valor da EPCP é = têm diferentes impactos na quantidade procurada do
0, ou seja, quando a quantidade procurada do bem X (no bem x (QdX):
exemplo dado, livros) permanece inalterada, ou seja, não Ø Quando os bens são substitutos (EPCP>0), Py e
se altera perante aumentos ou diminuições do preço do QdX variam no mesmo sentido, ou seja, o
bem Y (café), traduzindo que a quantidade procurada do aumento do Py provoca um aumento na QdX,
bem X não reage às alterações do preço do bem Y, o enquanto a diminuição do Py provoca uma
mesmo é dizer que os bens em causa não apresentam diminuição na QdX;
qualquer relação de consumo entre si. Ø Quando os bens são complementares (EPCP<0),
Py e QdX variam em sentido oposto, ou seja, o
aumento do Py provoca uma diminuição na QdX,
A interpretação do valor concreto da EPCP (idêntica à enquanto a diminuição do Py provoca um
interpretação que fizemos do valor da EPP) permite aumento na QdX;
perceber qual a variação percentual que irá ocorrer na Ø Quando os bens são indiferentes (EPCP=0), Py
quantidade procurada do bem X (QdX) perante uma não tem influência na QdX, ou seja, mesmo que
variação de 1% no preço do bem Y (Py). Exemplos: o Py aumento ou diminua, a QdX vai permanecer
• EPCPx,y = 0,8, significa que a QdX irá variar (no inalterada.
mesmo sentido) 0,8% perante uma variação de 1%
no Py, ou seja, se o Py aumentar 1%, isso irá Elasticidade Rendimento da Procura – ratio
provocar um aumento de 0,8% na QdX (e vice-
versa). da variação percentual na quantidade procurada do bem
• EPCPx,y = - 1,5, significa que a QdX irá variar (em X, em resposta a uma variação percentual no
sentido oposto) 1,5% perante uma variação de 1% rendimento.
no Py, ou seja, se o Py aumentar 1%, isso irá

Lara Sofia - GRH 10


ERPx = Variação % na Quantidade do bem X
Variação % no Rendimento Nestes casos a ERP é positiva

• Bens de primeira necessidade – são bens cuja


ERP é positiva, mas situa-se entre 0 e 1.
Nota: A ERP mede a reação da quantidade procurada • Bens de Luxo – são bens cuja ERP é superior a
do bem X às variações no rendimento dos consumidores 1
Bens Inferiores- são bens cuja procura diminui

A Elasticidade Rendimento da Procura (ERP) analisa o quando o rendimento dos consumidores aumenta
impacto que uma alteração no rendimento dos
consumidores tem na quantidade procurada do bem X, Nestes casos a ERP é negativa
permitindo quantificar a relação entre o rendimento (Y)
e a quantidade procurada do bem X (QdX).
Calculada a ERP, podemos, assim, classificar O BEM
em analise (X) nos seguintes tipos:
NOTA:
À semelhança das elasticidades anteriores (EPP e EPCP), Bens Normais- quando o valor da ERP é > 0, o
também a ERP mede a variação da quantidade procurada mesmo é dizer, a ERP apresenta um sinal positivo, o que
de um determinado bem (QdX), mas neste caso se ocorre quando o numerador da fração (∆%Qdx)
houver uma alteração no rendimento dos consumidores apresenta uma variação no mesmo sentido que o
(enquanto no caso da EPP era perante a variação no denominador (∆%Y), o que significa que, se o rendimento
preço do próprio bem (Px), e no caso da EPCP era dos consumidores aumentar, a quantidade procurada
perante a variação no preço de outro bem Y (Py)). bem X também aumenta, face ao maior poder de
compra que apresentam e se o rendimento diminuir, a
quantidade procurada do bem X diminuirá (é o que
A definição precisa de elasticidade é a variação acontece na grande maioria dos bens). Isto significa,
percentual da quantidade procurada do bem X dividida portanto, que, no caso dos bens normais, há uma relação
pela variação percentual do rendimento (Y). Os passos direta entre o rendimento (Y) e a quantidade procurada
necessários para o cálculo deste rácio ou divisão são do bem X (QdX).
idênticos aos definidos para o cálculo da EPP, com a
salvaguarda assinalada no cálculo da EPCP, isto, é, sem
Bens Inferiores- quando o valor da ERP é < 0, o
recurso a módulo, pois o sinal da ERP, como veremos de
seguida, é decisivo para perceber o impacto que o mesmo é dizer, a ERP apresenta um sinal negativo, o que
rendimento tem no consumo do bem e a respetiva ocorre quando o numerador da fração (∆%Qdx)
classificação do bem. apresenta uma variação em sentido contrário ao
denominador (∆%Y), o que significa que se o rendimento
dos consumidores aumenta, a quantidade procurada do
bem X diminui (é o que acontece com alguns bens,
Elasticidade Rendimento da Procura
designadamente aqueles que podem agora (com a
Tipos de bens: melhoria do poder de compra dos consumidores!) ser
substituídos por outros que os consumidores mais
apreciam mas antes não podiam comprar); de igual
Bens normais- são bens cuja procura aumenta forma, se o rendimento diminuir, a quantidade procurada
quando o rendimento dos consumidores aumenta do bem X aumentará, substituindo os outros bens cuja

Lara Sofia - GRH 11


procura diminui face à perda de poder de compra A interpretação do valor concreto da ERP (idêntica à
registada; significa, portanto, que, no caso dos bens interpretação que fizemos do valor da EPP e da EPCP)
inferiores, há uma relação inversa entre o rendimento permite perceber qual a variação percentual que irá
(Y) e a quantidade procurada do bem X (QdX). Um dos ocorrer na quantidade procurada do bem X (QdX)
exemplos mais comuns apresentados como bens perante uma variação de 1% no rendimento dos
inferiores são os produtos de marca branca, cujo consumidores (Y). Exemplos:
consumo aumenta quando o rendimento do consumidor • ERPx = 0,5 significa que a QdX irá variar (no
e, portanto, o poder de compra diminui. mesmo sentido) 0,5% perante uma variação de 1%
no rendimento, ou seja, se o rendimento aumentar
1%, isso irá provocar um aumento de 0,5% na QdX
Para a maioria dos bens, importa também perceber se (e vice-versa).
os consumidores reagem muito ou pouco às oscilações • ERPx,y = - 0,8 significa que a QdX irá variar (em
do seu rendimento. Assim, no caso dos bens normais, sentido oposto) 0,8% perante uma variação de 1%
ainda é possível distinguir as seguintes subclassificações: no rendimento, ou seja, se o rendimento aumentar
1%, isso irá provocar uma diminuição de 0,8% na
Ø Bens de primeira necessidade – quando o valor QdX (e vice-versa).
da ERP > 0, mas < 1, ou seja, quando o numerador
da fração (∆%Qdx) é < que o denominador Resposta da Procura a um aumento de 1%
(∆%Y), traduzindo que a quantidade procurada no Rendimento
varia menos que proporcionalmente (ou seja,
numa % menor) relativamente à variação do
rendimento; significa, portanto, que a QdX reage Elasticidade Variação Exemplos
pouco (é menos sensível) às alterações do Y. De Tipo de bem Rendimento Quantidade
fato, é esse o comportamento tendencial dos
Normal Positiva
consumidores perante os bens essenciais ou de
(> 0)
primeira necessidade, aumentando (diminuindo) a
Luxo ERP > 1 >1% viagens
quantidade procurada desses bens numa
1º necessidade 0 < ERP < 1 <1% comida
proporção menor à subida (descida) do
Inferior Negativa marcas
rendimento.
(<0) brancas
Ø Bens de Luxo – quando o valor da ERP é > 1, ou
seja, quando o numerador da fração (∆%Qdx) é
> que o denominador (∆%Y), traduzindo que a Em síntese, a leitura da tabela apresentada permite
quantidade procurada varia mais que compreender que, dependendo do tipo do bem em
proporcionalmente (ou seja, numa % maior) questão, as variações no rendimento dos consumidores
relativamente à variação do rendimento; significa, (neste caso estamos a analisar um aumento de 1% no
portanto, que a QdX reage muito (é mais rendimento) têm diferentes impactos na quantidade
sensível) às alterações do Y. De fato, é esse o procurada do bem x (QdX):
comportamento tendencial dos consumidores Ø No caso dos bens normais (ERP>0), rendimento
perante os bens dispensáveis ou de luxo, e QdX variam no mesmo sentido, ou seja, o
aumentando (diminuindo) a quantidade procurada aumento do rendimento provoca um aumento
desses bens numa proporção maior à subida na QdX;
(descida) do rendimento. Dentro dos bens normais podemos distinguir:
• Os bens de luxo (ERP>1), em que o
aumento do rendimento provoca um

Lara Sofia - GRH 12


aumento mais que proporcional (>1%)
na QdX;
• Os bens de 1ª necessidade (0<ERP<1),
em que o aumento do rendimento
provoca um aumento menos que
proporcional (<1%) na QdX

Ø No caso dos bens inferiores (ERP<0),


rendimento e QdX variam em sentido oposto,
ou seja, o aumento do rendimento provoca uma
diminuição na QdX.

Também poderíamos, em alternativa, analisar para uma


diminuição no rendimento dos consumidores:

Ø No caso dos bens normais (ERP>0), a diminuição


do rendimento provoca uma diminuição na QdX;
• Nos bens de luxo (ERP>1), a diminuição
do rendimento provoca uma diminuição
mais que proporcional na QdX;
• Nos bens de 1ª necessidade (0<ERP<1, a
diminuição do rendimento provoca uma
diminuição menos que proporcional na
QdX.
Ø No caso dos bens inferiores (ERP<0), a
diminuição do rendimento provoca um aumento
na QdX.

Lara Sofia - GRH 13


Ø De facto, se um bem me proporcionar uma
Desejos, preferências ou gostos
maior satisfação, então estarei disposto a pagar
um preço mais elevado por ele.
Ditam o quanto os consumidores estão dispostos a Ø Se a satisfação que o bem me proporciona for
pagar por um bem ou serviço. Dependem de fatores reduzida, então o preço que estou disposto a
físicos, biológicos, culturais e sociais. pagar por ele será mais baixo.

Cabaz Exemplo

Combinação particular de bens de consumo (numa Uma vez que os gostos e preferências dos consumidores
determinada unidade de tempo) são diferentes, então a satisfação que cada um retira do
consumo dos diversos bens também é diferente. É por
Na teoria do consumidor, assumimos que cada isso que alguns consumidores estão dispostos a pagar
consumidor é um agente individual único, dotado de um valor elevado para, por exemplo, ir ver ao vivo o
desejos, preferências e gostos particulares que jogo de futebol da sua equipa preferida, enquanto outros
determinam as suas escolhas de consumo preferem gastar esse dinheiro num concerto da sua
banda preferida, outros num jantar com os amigos,
outros ainda em roupa nova … ou noutras alternativas
Desta forma, cada consumidor constrói o seu próprio de consumo
cabaz de consumo, ou seja, escolhe o conjunto de
bens e serviços que melhor satisfaz as suas Ø A utilidade que o consumidor atribui a cada bem
necessidades. diferente também nos permite compreender e
Um cabaz é como um “carrinho de compras”, hierarquizar as suas preferências. Ou seja, permite
composto por um conjunto de bens e serviços perceber quais os bens que o consumidor gosta
escolhido pelo consumidor, e cada família constrói o seu mais. Por exemplo, se para o consumidor A a
próprio carrinho de compras, com base nos seus utilidade que atribui ao bem X for maior do que a
gostos/preferências e nas suas possibilidades de utilidade que atribui ao bem Y, então isso significa
consumo. que o consumidor A prefere o bem X ao bem Y
(utilidade ordinal, ou seja, a utilidade permite
Utilidade ordenar as preferências do consumidor).

Prazer subjetivo, satisfação ou proveito que individuo Teoria da escolha racional do consumidor
retira do consumo de um bem ou serviço.

A utilidade pode ser definida como a quantidade de Decisão de escolha – utilidade do bem
“prazer” ou divertimento que se consegue obter com Restrição de escolha – rendimento disponível para
o consumo de algo. Economicamente, podemos defini-
o consumo
la como o preço que se está disposto a pagar por um
A decisão de compra: depende da utilidade, do preço
bem ou serviço (preço reserva).
do bem, do preço de outros bens e do rendimento
disponível

Lara Sofia - GRH 14


.
O consumidor, regra geral, depara-se com um Exemplo
rendimento limitado que restringe as suas decisões de
consumo. Se analisássemos um consumidor sem
restrições de rendimento (i.e, com um rendimento quase A Utilidade Total é a satisfação global que o consumidor
ilimitado), as suas decisões de consumo iriam basear-se retira do consumo de determinada quantidade de um
apenas na utilidade, ou seja, compraria os bens que lhe bem. Por exemplo, se eu comer 3 fatias de pizza, tenho
proporcionam maior satisfação, independentemente do uma determinada satisfação, que pode ser medida pelo
seu preço, pois teria capacidade financeira para tal. valor que estou disposto a pagar para comprar essas 3
Contudo, para a grande maioria dos consumidores, nem fatias de pizza.
sempre é possível comprar todos os bens que Mas, será que cada uma das 3 fatias de pizza me
gostariam, pelo simples facto de que não têm proporcionou a mesma satisfação? Em princípio NÃO,
rendimento disponível para tal. porque antes de comer a primeira fatia de pizza estava
cheio de fome, pelo que a satisfação que retiro da
primeira fatia é muito elevada, mas depois de comer a
Por isso, podemos concluir que as decisões de compra primeira fatia já não tenho tanta fome, pelo que a
dependem da utilidade (que o consumidor pretende segunda fatia já me proporciona menor satisfação, e
maximizar), mas também do preço dos bens e do depois desta, a terceira ainda menos satisfação… até
rendimento que tem disponível para gastar. que começo a ficar “cheio”, ou seja, começo a ficar
saciado!
Problema da Utilidade A Utilidade Marginal é a satisfação adicional (ou extra)
que o consumidor obtém por cada unidade a mais que
vai consumindo (é a satisfação que a primeira fatia de
§ As pessoas tentam afetar o seu rendimento de pizza lhe proporciona; que a segunda fatia lhe
forma a maximizarem a satisfação resultante das proporciona; que a terceira fatia lhe proporciona; e por
suas decisões de consumo; aí em diante…). Ou seja, é a satisfação obtida com cada
§ Os indivíduos procuram os bens e serviços que uma das unidades consumidas, individualmente
maximizam a sua utilidade, o que significa que considerada.
escolhem o cabaz de bens de consumo que lhes
proporciona maiores níveis de satisfação. UT e UMgl
• Utilidade Total – a quantidade de
prazer ou satisfação que o consumidor Quantidade Utilidade Utilidade
obtém no consumo de determinado (fatias de Total (em Marginal (em
bem; em termos monetários é a pizza) euros) euros)
quantidade máxima de dinheiro que o 0 0
consumidor está disposto 1 3 3
voluntariamente a gastar p/ adquirir esse 2 5,8 2,8
bem; 3 8 2,2
• Utilidade Marginal – Utilidade 4 9,8 1,8
5 10,7 0,9
(satisfação) adicional que se obtém com
6 1 1, 1 0,4
o consumo de uma unidade adicional de
7 1 1, 3 0,2
um bem. E a utilidade da última unidade
8 1 1, 3 0
consumida do bem.

Lara Sofia - GRH 15


A tabela mostra a Utilidade Total (UT) e a Utilidade 3ª fatia trouxe-lhe um acréscimo de satisfação de
Marginal (UMgl) obtida por um consumidor particular, apenas 2,20€ (UMgl(3)=2
para determinadas fatias de pizza consumidas
(quantidade). Note-se que esta tabela apresenta valores Ø E por aí a diante:
de satisfação para um dado indivíduo, por exemplo, para • Por exemplo, qual a interpretação do valor:
o Manuel. Qualquer outro consumidor terá preferências UT(5)=10,7? Pelo consumo de 5 fatias, o
diferentes em relação ao consumo de pizza, pelo que consumidor obtém uma satisfação global
obterá valores de satisfação diferentes do Manuel. equivalente a 10,70€, sendo esse o valor
máximo que está disposto a pagar para
Observando a tabela concluimos que: comprar 5 fatias.
• E do valor: UMgl(5)=0,9? A 5ª fatia
Ø Se não consumir nenhuma fatia de pizza, o
proporciona ao consumidor a satisfação
consumidor não tem qualquer satisfação. Ou seja, a
adicional de 0,90€, pelo que, para comprar
utilidade de consumir zero unidades é sempre zero:
a 5ª fatia, o consumidor estará disposto a
UT(0) = 0;
pagar, no máximo, 0,90€
Ø Se consumir 1 fatia de pizza, o consumidor obtém
A questão que se coloca agora é a seguinte: tendo em
uma satisfação equivalente a 3€ (UT(1)=3), o que
conta estes níveis de satisfação (utilidade), quantas fatias
significa que essa primeira fatia lhe trouxe uma
de pizza o consumidor vai querer consumir?
satisfação de 3€ (UMgl(1)=3), o que é o mesmo que
dizer que o consumidor estaria disposto a pagar até
Como vimos lá atrás, a decisão de compra depende da
3€ (no máximo) para comprar essa 1ª fatia de pizza;
satisfação, do preço do bem e do rendimento do
consumidor!! Um consumidor racional vai aplicar princípios
Ø Quando consome 2 fatias de pizza, o consumidor
de racionalidade económica. E, como vimos no primeiro
obtém uma satisfação total equivalente a 5,80€
capítulo dos conteúdos programáticos, a racionalidade
(UT(2)=5,8), o que significa que para comprar 2 fatias
económica implica que uma decisão racional é aquela em
o consumidor estaria disposto a pagar no máximo
que os benefícios são superiores aos custos! Também,
5,80€.
como qualquer agente económico racional, o consumidor
vai comparar benefícios (e o benefício do consumo é a
Ø Mas a segunda fatia não lhe proporcionou a mesma
satisfação ou utilidade que o bem lhe proporciona) com
satisfação do que a primeira. A 2ª fatia trouxe-lhe um
custos (o custo do consumo é o valor que tem de pagar
aumento de satisfação de 3€ (que obtinha quando
para adquirir o bem, ou seja, o preço do bem).
consumia apenas 1 fatia) para 5,80€, pelo que a sua
satisfação global (UT) aumentou 2,80€ com o
consumo da 2ª fatia. É essa a satisfação adicional da Exemplo
2ª fatia (UMgl(2)=2,80), o que é o mesmo que dizer Vejamos a primeira situação: imaginemos que o
que para comprar a 2ª fatia de pizza o consumidor consumo de pizzas é gratuito, ou seja, o consumidor
já só estaria disposto a pagar, no máximo, 2,80€, pode consumir o que quiser sem ter de pagar nada!
porque lhe proporcionou menos satisfação do que a Neste caso, quantas fatias de pizza vai consumir este
1ª. consumidor?
- O consumidor vai consumir enquanto obtiver prazer de
Ø A satisfação global do consumo de 3 fatias de pizza consumir, ou seja, enquanto obtiver satisfação em
é de 8€ (UT(3)=8), o que significa que pelas 3 fatias, consumir mais. O consumidor para de consumir quando
no seu conjunto, estaria disposto a pagar 8€; mas a já não tem satisfação/prazer. Neste caso, o consumidor
consumiria 7 fatias de pizza, porque essa unidade ainda

Lara Sofia - GRH 16


Continuação - Exemplo 2€! O consumidor não vai comprar a 4ª fatia de pizza
porque não está disposto a pagar o preço que pedem
lhe proporciona satisfação positiva. A 8ª fatia de pizza já
por ela (2€), apenas estaria disposto a pagar no máximo
não lhe proporciona satisfação adicional, pelo que o
1,80€!
consumidor racional já não a vai consumir. E isto significa
- Neste caso, o consumo ótimo (ou quantidade ótima de
que o consumidor fica saciado, ou plenamente satisfeito
consumo: Q*) é de 3 fatias de pizza. - Conclusão: quando
(ou “cheio”) com 7 fatias de pizza.
existe um preço a pagar, o consumidor só consome
- Conclusão: quando não existe um preço a pagar, o
enquanto a satisfação, que retira de cada unidade
consumidor consome enquanto obtiver satisfação
consumida, compensar o preço a pagar, ou seja,
positiva: UMgl>0;
enquanto UMgl>=P
- Sendo que o nível de saciedade no consumo é
- Note-se que, no limite, o consumidor ainda consome
alcançado quando: UMgl=0.
quanto UMgl=P. Por exemplo, se o preço de cada fatia
- Note-se que esta regra de decisão também se aplica
de pizza fosse 1,80€, então o consumidor ainda
numa lógica de rodízio ou buffet, ou seja, imagine que o
consumiria a 4ª fatia, pois a UMgl(4)=1,8, ou seja, o
consumidor paga um valor fixo para ir jantar à pizzaria, e
consumidor estaria disposto a pagar, no máximo, até
que depois pode consumir as fatias de pizza que quiser.
1,80€, que é exatamente o preço que pedem por ela,
Então, consome enquanto obtiver satisfação positiva, ou
pelo que ainda compra esta unidade.
seja, enquanto tiver prazer no consumo de cada fatia de
- Sendo que quando UMgl < P já não consome, pois a
pizza a mais.
satisfação que retiraria do consumo dessa unidade não
Segunda situação: se o consumidor tiver de pagar um
compensaria o preço a pagar.
preço por cada unidade consumida. Por exemplo, se cada
fatia de pizza custar 2€ (ou seja, P=2€), quantas fatias o
consumidor vai escolher consumir?
- Neste caso o consumir tem de comparar o benefício
do consumo com o custo do consumo, ou seja, tem de .UT e UMgl
comparar a utilidade que retira do consumo de cada fatia
de pizza (utilidade marginal) com o preço a pagar por Utilidade total em relação ao consumo de gelados!
cada uma (preço unitário); Utilidade Marginal?
- No caso da 1ª fatia: a satisfação que retira do seu
consumo é equivalente a 3€ (UT(1)=UMgl(1)=3), o que Quantidade Utilidade Utilidade
significa que estaria disposto a pagar até 3€ para a (cones/hora) Total Marginal
adquirir. Então, se custa apenas 2€ e estava disposto a 0 0
pagar 3€, claro que o consumidor vai consumir esta 1ª 1 100
fatia! 2 150
- Na 2ª fatia: a satisfação adicional que retira dessa 2ª fatia 3 175
é de 2,80€ (UMgl(2)=2,8), pelo que está disposto a pagar 4 187
até 2,80€ por esta 2ª fatia de pizza, e ela custa apenas 5 184
2€, pelo que consome esta 2ª fatia!
- Na 3ª fatia: a satisfação adicional que retira dessa 3ª fatia A Utilidade Marginal do consumo de um bem é igual ao
é de 2,20€ (UMgl(3)=2,2), pelo que está disposto a pagar acréscimo na utilidade total proveniente de consumo de
até 2,20€ por esta 3ª fatia de pizza, e ela custa apenas mais 1 unidade do bem
2€, pelo que consome esta 3ª fatia! UMgln = UTn – UTn - 1
- Na 4ª fatia: a satisfação adicional que retira dessa 4ª
fatia é de 1,80€ (UMgl(4)=1,8), pelo que está disposto a
pagar até 1,80€ por esta 4ª fatia de pizza, mas ela custa

Lara Sofia - GRH 17


Genericamente, podemos calcular a utilidade marginal a satisfação obtida com o 2º cone, ou seja 150 u.m.
através da diferença entre as utilidades totais, de cada (UT(2)=UMgl(1)+UMgl(2)=100+50=150)
vez que o consumidor se propõe a fazer consumos - E por aí adiante..
unitários:
Assim, a Utilidade Total (UT)do consumo de uma certa
Ou seja: UMgl (n) = ∆UT = UT(n) – UT (n - 1), sempre quantidade do bem será sempre dada pela soma das
que ∆Q = +1 Utilidades Marginais (UMgl) de cada uma dessas unidades
consumidas:
Por outras palavras, sendo a Utilidade Marginal o
acréscimo de satisfação global que o consumidor obtém Ou seja: UT(n) = UMgl(1) + UMgl(2) + . . + UMgl(n)
pelo consumo daquela unidade extra, então ela é
calculada através do aumento que ocorre na UT em cada OBSERVAÇÃO: UMgl(5)=-3
nível de consumo.
Temos um nível de consumo em que a UMgl é negativa.
Por exemplo: UMgl(2) = UT(2) – UT(1) = 150 – 100 = 50 Isto significa que o consumo da 5ª unidade em vez de
u.m. (houve um aumento de satisfação de 50 u.m. no proporcionar prazer ou satisfação ao consumidor,
consumo do 2o cone, pois a UT aumentou de 100 para provoca-lhe insatisfação (Desutilidade: UMgl<0).
150) É possível que isto ocorra em níveis exagerados de
consumo da maioria dos bens, nomeadamente de bens
Utilidade Marginal no consumo de gelados! alimentares, como é o caso, porque o consumidor a
Utilidade Total ? partir de um certo nível de consumo fica tão “cheio” que
até fica mal disposto.. (de facto, comer 5 gelados numa
Quantidade Utilidade Utilidade hora.. )
(cones/hora) Total Marginal
0 0 Lei da utilidade MARGINAL DECRESCENTE
1 100
2 50 • À medida que a quantidade consumida de um bem
3 25 aumenta, a utilidade marginal do consumo de
4 12 unidades adicionais desse bem tende a diminuir (a
5 -3 utilidade total aumenta, mas a uma taxa cada vez
menor).
• Representa a diminuição do prazer/satisfação em
A Utilidade Total do consumo de uma certa quantidade
consumir sucessivas unidades adicionais de um
de um bem é igual à soma das utilidades marginais de
bem.
cada uma das unidades consumidas (até esse ponto)
• A Lei da UMgl Decrescente, significa que a função
UTn = ∑ UMgl ( 1 = > n)
da Utilidade Total é côncava e que a função da
utilidade marginal é decrescente e convexa.
• Se o 1º cone trouxe uma satisfação adicional de
Exceções: vícios; coleções.
100 (UMgl(1)=100), então a satisfação global de
consumir 1 cone é de 100 (UT(1)=UMgl(1)=100);
Como pudemos verificar no caso do consumo de fatias
• - Se o 2º cone trouxe uma satisfação adicional de pizza, a Utilidade Marginal assume o valor mais
de 50 (UMgl(2)=50), então a satisfação global de elevado na primeira unidade consumida e a partir daí vai
consumir 2 cones é a satisfação obtida com o 1º diminuindo, à medida que o consumidor consome
cone mais unidades sucessivas do mesmo bem.

Lara Sofia - GRH 18


Ø Este padrão de satisfação com sucessivas unidades • Vícios: qualquer bem que provoque adição
consumidas do mesmo bem ocorre na grande (dependência), apresenta uma UMgl crescente, uma
maioria dos bens. É a chamada Lei da Utilidade vez que o consumo de quantidades idênticas já não
Marginal Decrescente, segundo a qual, à medida que trás satisfação adicional ao consumidor, pelo que este
a quantidade consumida de um bem aumenta, a só obtém satisfação adicional com quantidades cada
utilidade marginal desse bem tende a diminuir. Ou vez maiores. Poderíamos aqui dar o exemplo dos
seja, a utilidade (ou satisfação) adicional que se estupefacientes, mas também de alguns
obtém, com o consumo de cada unidade extra do medicamentos que provocam dependência (por
bem, vai sendo cada vez menor, havendo, portanto, exemplo ansiolíticos). O que acontece é que o
uma relação inversa (ou em sentido contrário) entre organismo habitua-se à substância, pelo que para
estas variáveis (Q e UMgl). sentir o efeito desejado é necessário consumir cada
vez maior quantidade. Nestes casos, a satisfação
Ø Isto acontece porque a necessidade do consumidor adicional só aumenta se consumir quantidades cada
vai ficando satisfeita, ou seja, o consumidor vai vez mais elevadas.
ficando saciado, pelo que vai retirando cada vez • Coleções: no caso dos bens colecionáveis ocorre
menos satisfação por consumir mais uma unidade do algo semelhante. Enquanto a coleção é pequena (por
bem. Até chegar a um ponto em que fica totalmente exemplo uma caderneta de cromos) é relativamente
saciado (e aí a UMgl=0). Podendo mesmo, para fácil encontrar um exemplar diferente para
consumos exagerados, atingir níveis de desutilidade acrescentar à coleção (ou seja, encontrar um cromo
(UMgl<0). não repetido). Mas, à medida que a coleção vai
ficando mais composta, vai sendo cada vez mais difícil
Ø Como iremos ver, na representação gráfica do encontrar um exemplar novo (um cromo não
consumo de pizzas (ver slide 14), a Lei da UMgl repetido), pelo que por cada um que o consumidor
decrescente significa que a Utilidade Total é uma encontra, obtém uma satisfação adicional cada vez
função côncava, ou seja, é crescente, mas cresce a maior, até porque vai ficando com a coleção cada
um ritmo de crescimento cada vez menor; enquanto vez mais completa!
a Utilidade Marginal é uma função decrescente, que
tende para zero. Decisão de Compra

Ø Aliás, recordando que calculamos a utilidade marginal


Decisão de compra de um consumidor, com base
através da diferença entre as utilidades totais (slide
na UMgl:
8), a Lei da UMgl decrescente demonstra-se,
graficamente, seja pela inclinação negativa da curva
• UMgl > 0 – deve comprar (satisfação
da Utilidade Marginal, seja pela concavidade da curva
adicional)
da Utilidade Total (cujos aumentos de utilidade cada
vez menores, à medida que o consumidor consome • UMgl < 0 – não compra (desutilidade)
unidades sucessivas do mesmo bem, correspondem
a utilidades marginais cada vez mais pequenas). Decisão de compra de um consumidor, com base
na UMgl e no preço:
Existem algumas exceções a esta Lei, em que não tenho • UMgl – P > 0 UMgl > P – deve comprar
diminuições de prazer por consumir sucessivas unidades • UMgl – P < 0 UMgl < P – não compra
adicionais de um bem, mas, pelo contrário, a UMgl é
crescente, ou seja, a satisfação marginal aumenta com o
consumo de unidades sucessivas do bem. Maximizando a utilidade: compra até UMgl = P

Lara Sofia - GRH 19


Síntese das decisões de compra de um consumidor
racional (ou determinação do consumo ótimo (ou Como vimos no primeiro capítulo dos conteúdos
quantidade ótima de consumo: Q*): programáticos, o princípio da racionalidade económica é
um princípio de custo-benefício, ou seja, uma decisão
Se não tiver de pagar por cada unidade consumida, racional é aquela em que os benefícios são superiores
então o consumidor baseia a sua decisão apenas na aos custos, i.e. o excedente económico da decisão é
satisfação (UMgl). Nesse caso: positivo.

• Consome enquanto obtiver satisfação


adicional pelo consumo dessa unidade extra,
ou seja, enquanto a satisfação adicional for Assim, se compararmos o preço que o consumidor está
positiva: UMgl>0; disposto a pagar, pelo acréscimo de satisfação que o
• Não consome se o consumo dessa unidade consumo de cada unidade adicional do bem proporciona
adicional já não lhe proporcionar satisfação (UMgl), com o preço que efetivamente o consumidor
adicional (UMgl=0) ou se lhe provocar tem de pagar para adquirir essa unidade (P), verificamos
insatisfação (UMgl<0). que, pelo menos nas primeiras unidades consumidas,
existe um excedente de utilidade!
Se tiver de pagar um preço por cada unidade consumida,
então o consumidor compara a satisfação obtida (o
preço que está disposto a pagar) em cada unidade É o chamado Excedente do Consumidor, que reflete a
consumida (UMgl) com o preço a pagar por essa unidade diferença entre o que o consumidor estaria disposto a
(P). Neste caso: pagar pelo consumo dessa unidade (UMgl) e o preço que
efetivamente pagou (P). Em termos económicos, significa
• Consome enquanto a satisfação adicional a satisfação extra que o consumidor obteve, para além
dessa unidade extra compensar o preço a do preço que pagou pelo consumo do bem
pagar por ela: UMgl>P. No limite, ainda
consome quando os preços unitários se
igualam (aquele que o consumidor está Reiteramos que o Excedente do Consumidor é a
disposto a pagar (UMgl) e o Preço do bem (P), aplicação ao consumo do conceito de Excedente
ou seja, quando a satisfação adicional é igual Económico que abordámos no primeiro capítulo, quando
ao preço: UMgl=P (alcançando aí a máxima falámos de racionalidade económica. O Excedente
satisfação total, restringida pela existência de Económico é a diferença entre os benefícios e os custos
um preço a pagar pelo bem); de determinada decisão. Aqui, aplicado às decisões de
• Não consome se a satisfação adicional obtida consumo, o Excedente do Consumidor é igualmente a
com o consumo dessa unidade extra não diferença entre o benefício do consumo (a satisfação
compensar o preço a pagar por ela: UMgl<P. obtida, ou seja, a utilidade) e o custo do consumo (o valor
a pagar pela aquisição do bem).
Excedente do Consumidor

É o excedente de utilidade (satisfação) que o


consumidor obtém para além do valor que paga pelo
bem. É a diferença entre a Utilidade Marginal e o preço
pago por cada uma das unidades consumidas.

ECn = UTn – n*P ou ECn = ∑ (UMgl – P), (1 = >n)

Lara Sofia - GRH 20


Excedente do Consumidor – Pizzas (é a diferença entre a UMgl e o P para cada uma das
várias unidades consumidas; 1a fatia, 2ª fatia, 3ª fatia e 4ª
Q ut UMG preco EXCEDENTE
fatia! Note-se que já não se incluí a 5ª fatia pois essa não
1 3 3 1,8 1,2
foi consumida!)
2 5,8 2,8 1,8 1
3 8 2,2 1,8 0,4 Aliás, esta é mais uma forma de comprovar que o
4 9,8 1,8 1,8 0 consumidor não deve consumir a 5ª fatia, pois esta
5 10,7 0,9 1,8 -0,9 apresenta um Excedente do Consumidor negativo. Tal
como vimos no primeiro capítulo, uma decisão só é
considerada economicamente racional se o Excedente
Utilizando os mesmos valores de UT e UMgl do Económico for positivo (EE>0), pois isso significa que os
consumo de fatias de pizza e admitindo que o preço é benefícios são superiores aos custos. Caso o EE seja
de 1,80€/cada fatia de pizza. negativo, então não é uma decisão racional, pois significa
que os benefícios são inferiores aos custos.
Na última coluna calculou-se o Excedente do
Consumidor, ou seja, a diferença entre a UMgl e o P,
ou seja, a diferença entre o valor que o consumidor
estaria disposto a pagar por aquela unidade (UMgl) e o Ø Logo, as decisões de compra de um consumidor
preço que efetivamente pagou (P). racional, atendendo ao conceito de Excedente do
Consumidor (EC) são a seguintes:
• Consome enquanto o EC>0, ou seja,
satisfação adicional dessa unidade extra
Assim, verifica-se, em primeiro lugar, que à semelhança compensar o preço a pagar por ela:
da UMgl, a qual decresce à medida que se aumenta a UMgl>P;
quantidade consumida de um bem, o mesmo sucede
• No limite, ainda consome quando EC=0,
com o excedente do consumidor, diminuindo o
ou seja, quando a satisfação adicional é
excedente de utilidade por cada unidade adicional do
igual ao preço: UMgl=P;
bem.
• Não consome se EC<0, ou seja, se a
satisfação adicional obtida com o consumo
• No caso particular, se o P=1,80€/fatia de pizza,
dessa unidade extra não compensar o
então, o consumo ótimo, ou quantidade ótima de
preço a pagar por ela: UMgl<P.
consumo: Q*=4 fatias de pizza

(recorde-se que o consumidor só consome enquanto


UMgl>P, ou, no limite, quando UMgl=P ainda consome,
2ª Alternativa de cálculo: EC = UTn – n*P (sendo
como é o caso aqui na 4a fatia de pizza; a 5a fatia de
n=Q*=4 fatias) = UT(4) – 4*P = 9,8 – 4*1,8 = 9,8 – 7,2
pizza já não consome pois a UMgl<P)
= 2,60€
Para essa Q*, o Excedente do Consumidor (EC) é dado
Interpretação do valor do EC: significa que o consumidor
por:
estaria disposto a pagar mais 2,60€ do que o que
1ª Alternativa de cálculo: EC = Σ (UMgl – P) (1=>n),
efetivamente pagou pelo consumo das 4 fatias de pizza;
(sendo n=Q*=4 fatias) =
ou, significa que, para além do que pagou, o consumidor
obteve uma satisfação extra equivalente a 2,60€.
(3 – 1,8) + (2,8 – 1,8) + (2,2 – 1,8) + (1,8 –1,8) = 1,2 + 1 +
0,4 + 0 = 2,60€

Lara Sofia - GRH 21


Generalizando, o excedente do consumidor traduz unidades sucessivas do bem, o acréscimo de
(independentemente da alternativa de cálculo escolhida) satisfação obtido por cada unidade adicional vai sendo
o benefício total líquido que o consumidor obtém por cada vez menor.
comprar todas as unidades consumidas ao mesmo preço Ø O Excedente do Consumidor graficamente é a área
quando, na realidade, está disposto a pagar mais que esse entre a linha da UMgl e a reta do P (reta verde:
preço (ou, no limite, esse preço) pelas primeiras unidades P=1,8€), pois representa exatamente a diferença
consumidas (no exemplo dado, pelas primeiras 4 fatias), entre a UMgl e o P, ou seja, a diferença entre a
pelo acréscimo de satisfação que o consumo de cada satisfação adicional de cada unidade consumida e,
uma dessas unidades adicionais do bem lhe proporciona portanto, o valor máximo que o consumidor estaria
disposto a pagar e o preço efetivamente pago.
.
Representação Gráfica da Quantidade Ótima de
Excedente do Cosumidor Consumo (Q*) e do Excedente do Consumidor para
essa Q* no caso do consumo de fatias de pizza:

Ø consumidor escolhe consumir sempre que UMgl>P


(ou seja, EC>0) e, no limite, quando UMgl=P (ou seja,
EC=0). Graficamente, esse Q* resulta da interseção
entre a linha da UMgl e a reta do P.
Ø Para essa Q*, o valor do Excedente do Consumidor
(EC) é 2,60€ (slide 13). Graficamente, isso
corresponde à soma da área de cada um dos
retângulos assinalados no gráfico (1,2 + 1 + 0,4).

Compra de um Cabaz de bens

Perante vários bens diferentes:


Qual é o cabaz de consumo que confere a máxima
Representação Gráfica da Utilidade Total (UT), Utilidade satisfação ao consumidor? Como é que o consumidor
Marginal (UMgl) e Excedente do Consumidor (EC) no identifica o cabaz de bens que maximiza a sua utilidade,
caso do consumo de fatias de pizza: dada a sua restrição orçamental e os preços dos bens
vigentes no mercado?

Ø a Utilidade Total é uma função côncava, ou seja, é


crescente a uma taxa decrescente, i.e. cresce a um Afetar um rendimento fixo a dois bens:
ritmo de crescimento cada vez menor (linha a
vermelho);
Ø a Utilidade Marginal é uma função decrescente (ou Como decidir a afetação de um rendimento fixo a dois
com inclinação negativa) e convexa, i.e. decresce a bens?
uma taxa crescente e tende para zero (linha azul);
Ø Esta representação típica da UT côncava e UMgl A lei da utilidade marginal decrescente sugere que gastar
decrescente e convexa reflete a Lei da Utilidade todo o rendimento no consumo de um único bem não
Marginal Decrescente, ou seja, o facto de no é a melhor solução (porquê)?
consumo de fatias de pizza se aplicar o padrão típico
de satisfação em que, à medida que se consomem

Lara Sofia - GRH 22


Até aqui analisámos as decisões de consumo quando A resposta é quase imediata e intuitiva: porque o
estamos na presença de apenas 1 bem. Contudo, na consumidor ficaria farto de frango assado! É mais ou
realidade o consumidor depara-se com decisões mais menos isso que a Lei da Utilidade Marginal Decrescente
complexas de consumo entre um conjunto variado de nos diz: que à medida que o consumidor consome
bens. Falamos, assim, da compra de um cabaz de bens, sucessivas unidades do mesmo bem, a satisfação
ou seja, do conjunto de bens que o consumidor escolhe adicional (UMgl) que retira do consumo de cada unidade
comprar por ser o que melhor satisfaz as suas adicional vai sendo cada vez menor. E isto ocorre porque
necessidades. o consumidor vai ficando saciado (“vai ficando farto”), daí
que retire cada vez menos prazer/satisfação. Então, de
acordo com a Lei da Utilidade Marginal Decrescente é
Desta forma, perante um conjunto de bens, pretende- nas primeiras unidades consumidas de cada bem que o
se analisar qual o cabaz de bens que proporciona ao consumidor obtém maiores níveis de satisfação. Desta
consumidor a máxima satisfação, tendo em conta que o forma, se o objetivo do consumidor é obter a máxima
consumidor tem um rendimento limitado para afetar ao satisfação possível, com o rendimento limitado que tem
consumo desses bens e ainda está sujeito aos preços ao seu dispor, então ele vai preferir repartir o seu
que vigoram no mercado. rendimento por vários bens diferentes, ou seja, prefere
diversificar o seu cabaz de consumo, porque assim
consegue beneficiar da maior satisfação que as primeiras
No fundo, a decisão que aqui está em causa é, perante unidades consumidas de cada um dos diversos bens lhe
o seu rendimento limitado, como é que o consumidor proporciona. Desta forma obtém maior satisfação global
decide gastá-lo, repartindo entre os vários bens, de (Utilidade Total) do que se gastasse todo o seu
forma a conseguir obter a maior satisfação possível? rendimento no consumo de sucessivas unidades do
mesmo bem, cuja satisfação adicional iria ser cada vez
menor.
Segundo a Lei da Utilidade Marginal decrescente, a
melhor decisão não é gastar todo o seu rendimento no
consumo de um único bem, mas sim reparti-lo entre
vários bens diferentes, porquê? Poderíamos argumentar É por isso que o consumidor prefere comer nuns dias
que o consumidor é forçado a repartir o seu rendimento frango assado, noutros pizza, noutros peixe assado..
por bens diferentes porque tem diversas necessidades porque a satisfação que retira do consumo dessas
por satisfazer, o que é verdade. Daí repartirmos o nosso primeiras unidades consumidas das várias refeições
rendimento entre alimentação, alojamento, deslocações, diferentes é maior do que seria se comesse todos os
vestuário, saúde, educação, lazer, etc.. Mas, a questão dias frango assado!
que aqui se coloca é, mesmo que estejamos a falar
apenas de uma das necessidades que o consumidor tem
de satisfazer, porque diversifica o cabaz de consumo, ou
seja, porque o consumidor tem tendência a consumir Com um rendimento fixo de 10€, se os sundaes custam
vários bens diferentes, em vez de consumir maior 2€ os cones custam 1€, que quantidade de cada um
quantidade de um bem apenas? Por exemplo, no que devo comprar por semana?
refere à alimentação: porque não comemos todos os
dias frango assado? As nossas necessidades alimentares
ficariam satisfeitas, porque não o fazemos?

Lara Sofia - GRH 23


Sundaes/ UT DOS CONES/ UT DOS de consumo, o consumidor obtém uma satisfação
semana SUNDAES SEMANA CONES de 80 (UT do cabaz = UT(0 sundaes) + UT(10
0 0 0 0 cones) = 0+80). Será este o cabaz que lhe
1 50 1 36 proporciona a maior satisfação possível? Não.
2 80 2 50 Ø Outra possibilidade é gastar tudo em sundaes:
3 105 3 60 com 10€ consegue comprar 5 sundaes (e 0 cones)
4 120 4 68 (corresponde ao último ponto de consumo
5 130 5 75 apresentado na tabela da direita): com este cabaz
6 138 6 80 de consumo, o consumidor obtém uma satisfação
7 144 7 84 de 130 (UT do cabaz = UT(5 sundaes) + UT(0
8 148 8 82 cones) = 130+0). Este cabaz proporciona maior
9 150 9 81 satisfação do que o anterior, mas será o que lhe
10 151 10 80 proporciona a maior satisfação possível? Não.
Ø Existem ainda outras possibilidades, repartindo o
A combinação ótima de consumo é a combinação que rendimento disponível pelos 2 bens: por exemplo,
maximiza a utilidade total e se pode comprar com o pode comprar 1 sundae, no qual gasta 2€, e ainda
rendimento disponível: lhe sobram 8€ para gastar em cones, conseguindo
comprar 8 cones (2o ponto se consumo da tabela):
Sundaes cones UT DOS UT DOS Ut do com este cabaz de consumo, o consumidor obtém
SUNDAES CONES cabaz uma satisfação de 132 (UT do cabaz = UT(1
0 10 0 80 80 sundaes) + UT(8 cones) = 50+82). Este cabaz
1 8 50 82 132 proporciona maior satisfação do que o anterior,
2 6 80 80 160 mas será o que lhe proporciona a maior satisfação
3 4 105 68 173 possível? Não.
4 2 120 50 170 Ø Analisando as diversas possibilidades de consumo,
5 0 130 0 130 apresentadas na tabela da direita, podemos concluir
que a combinação de consumo que proporciona a
Exemplificando: imaginamos um consumidor que tem máxima satisfação é comprar 3 sundaes e 4 cones
10€ para gastar em gelados e que tem à sua disposição (UT cabaz = 173), sendo assim a combinação ótima
dois tipos de gelados diferentes: sundaes, com o preço de consumo, ou seja, a melhor forma de repartir o
unitário de 2€/u.f.; e cones, com o preço unitário de rendimento disponível pelo consumo dos 2 bens
1€/u.f. Qual a melhor forma de gastar os 10€? Ou seja, em causa.
como é que o consumidor deve repartir os 10€ entre
Esta forma de encontrar a combinação ótima de
sundaes e cones, de forma a obter a maior satisfação
consumo, identificando as várias possibilidades de
possível?
consumo e calculando a satisfação alcançada em
Existem várias possibilidades de consumo entre as quais cada uma desses possibilidades (UT do cabaz), é
o consumidor pode escolher (várias formas diferentes de relativamente fácil de operacionalizar porque
gastar os 10€): existem apenas 6 possibilidades de consumo (as 6
combinações possíveis apresentadas na tabela da
Ø Uma delas é gastar tudo em cones: com 10€ direita). Contudo, se o consumidor tiver centenas
consegue comprar 10 cones (e 0 sundaes) ou milhares de possibilidades de consumo, será
(corresponde ao primeiro ponto de consumo muito difícil identificar a combinação ótima desta
apresentado na tabela da direita): com este cabaz forma..

Lara Sofia - GRH 24


Regra da Despesa Racional unidades do bem X, em detrimento do bem Y,
aumentando assim a sua satisfação;
¨ A utilidade marginal do último euro que se gasta em Ø Se UMglX/Px < UMglY/Py, então significa que a
cada um dos bens deve ser o mais elevada possível satisfação retirada de cada euro gasto na compra da
¨ A despesa deve ser afetada aos bens de forma a última unidade consumida do bem X é inferior à
que a utilidade marginal por euro seja a mesma para satisfação retirada de cada euro gasto no bem Y,
cada um dos bens consumidos: então, se o bem Y proporciona maior satisfação, o
consumidor vai preferir continuar a consumir mais
UMglX = UMglY unidades do bem Y, em detrimento do bem X,
Px. Py aumentando assim a sua satisfação;
¨ O consumidor determina o seu cabaz ótimo de Ø Este processo de troca do consumo de um bem
consumo, através do princípio da igualdade das pelo outro só para quando: UMglX/Px = UMglY/Py
utilidades marginais por unidade monetária, para
todos os bens que fazem parte do seu cabaz de UMgl – Curva da Procura
consumo.
¨ Se algum bem apresentar um rácio mais elevado do Declive Negativo da curva da procura
que outro, o consumidor poderia aumentar a sua
utilidade total comprando mais desse bem e menos Dois efeitos de alteração do preço de um bem
do que apresenta um rácio inferior (diminuição):

O consumidor racional maximiza a sua utilidade quando a • Efeito Rendimento - como o bem é mais barato,
satisfação adicional que retira de cada euro gasto em o rendimento disponível permite adquirir maior
cada um dos bens é igual. Ou seja, determina o cabaz quantidade do bem.
ótimo de acordo com o princípio da igualdade marginal, • Efeito substituição – este bem torna-se
ou também chamada a regra da despesa racional, que relativamente mais barato o que irá originar o
significa que o consumidor deve repartir o seu aumento da quantidade procurada desse bem,
rendimento disponível pelos vários vens de forma que a em detrimento de outros bens.
utilidade marginal obtida por cada euro que gasta em
cada um dos bens seja exatamente a mesma. Daí a Com base na UMg:
divisão das utilidades marginais dos bens pelo respetivo
preço, para calcular a UMgl obtida por cada unidade Aumento no preço de um bem faz diminuir a UMg por
monetária despendida com o bem. u. m desse bem, o que leva o consumidor a reduzir o
consumo desse bem, preferindo outros bens que lhe
Se esta igualdade não se verificar, ou seja, se um dos proporcionem maior UMg por u. m
bens proporcionar maior satisfação adicional por cada
euro gasto no seu consumo, então o consumidor ficará Redução no preço de um bem faz aumentar a UMg por
mais satisfeito se comprar ainda mais unidades desse u. m desse bem, em detrimento de outros bens que lhe
bem: proporcionem menor UMg por u. m

Ø Se UMglX/Px > UMglY/Py, então significa que a Tal como foi analisado no capítulo da Procura e Oferta,
satisfação retirada de cada euro gasto na compra da o declive negativo da curva da procura, que traduz a
última unidade consumida do bem X é superior à relação inversa entre o preço do bem X (Px) e a
satisfação retirada de cada euro gasto no bem Y, quantidade procurada do bem X (QdX) (ou seja, a Lei da
então, se o bem X proporciona maior satisfação, o Procura), pode ser compreendido através de 2 efeitos
consumidor vai preferir continuar a consumir mais explicativos (relembrando):

Lara Sofia - GRH 25


• Efeito Rendimento - quando o preço de um bem X Restrição Orçamental
diminui (ceteris paribus, ou seja, admitindo que tudo
o resto permanece constante, incluindo o Conjunto de todos os cabazes ou combinações de
rendimento dos consumidores que continua a ser o bens que se podem adquirir para um dado
mesmo), o poder de compra dos consumidores rendimento e preços.
aumenta, uma vez que com o mesmo rendimento É o conjunto de Oportunidades de Consumo:
agora podem comprar maior quantidade desse bem Px. Qx + Py. Qy = R
X, porque se tornou mais barato;
o Ordenada na origem
• Efeito substituição – quando o preço de um bem X o Abcissa na origem
diminui (ceteris paribus, ou seja, admitindo que tudo o Declive da RO (preço relativo)
o resto permanece constante, incluindo o preço dos o Deslocações e rotações da RO
outros bens disponíveis no mercado), os
consumidores irão comparar com outras alternativas A Restrição Orçamental (RO) mostra o conjunto de
no mercado, e uma vez que esse bem X está mais todas as possibilidades de consumo que o rendimento
barato, vão substituir o consumo de outro bem Y permite adquirir, aos preços que vigoram no mercado,
por este bem X. ou seja, as diferentes formas alternativas de repartição
do rendimento disponível entre os dois bens.
O estudo do Comportamento do Consumidor também
ajuda a compreender essa relação entre o Px e a QdX A RO pode ser representada através de:
(declive negativo da curva da procura), nomeadamente
o efeito substituição, com base na utilidade marginal por à Uma expressão algébrica: Px*Qx + Py*Qy = R (ou
unidade monetária: seja, o montante gasto com a aquisição do bem X:
Px*Qx, mais o montante gasto com a aquisição do
o Quando o Px aumenta, então o rácio UMglX/Px bem Y:Py*Qy, é igual ao rendimento disponível: R) ;
diminui, ou seja, como gasta mais dinheiro para à Uma tabela com todas as combinações possíveis
consumir cada unidade do bem X, a satisfação de consumo entre os bens X e Y, dado o
adicional que o consumidor retira de cada euro gasto rendimento disponível;
no bem X diminui, pelo que o consumidor vai preferir à Um gráfico que represente essas combinações
diminuir o consumo desse bem X e preferir produtivas.
consumir outros bens que lhe proporcionem maior
satisfação por unidade monetária; Restrição Orçamental: o problema de distribuição
do orçamento disponível
o Quando o Px diminui, então o rácio UMglX/Px
aumenta, ou seja, como por cada unidade do bem X o Orçamento = 6€
o consumidor gasta manos dinheiro, a satisfação o Escolha entre 2 bens:
adicional que o consumidor retira de cada euro gasto • Cerveja: 1€
no bem X aumenta, pelo que o consumidor vai • Tosta Mista: 2€
preferir consumir mais desse bem X, em vez de
outros bens que lhe proporcionem menor satisfação 2Qtm + 1Qc = 6€
por unidade monetária;
Possibilidades de Consumo??

Lara Sofia - GRH 26


Considerando um consumidor que tem 6€ para gastar quantidade consumida de cervejas (Qc) : declive
no lanche (rendimento disponível), que pode repartir no negativo (-0,5);
consumo de 2 bens: cervejas e/ou tostas mistas. O preço
unitário das cervejas é de 1€ e das tostas mistas é de à Esse declive negativo significa que quando
2€ aumenta a quantidade consumida de cerveja (Qc),
provoca uma redução na quantidade consumida
de tostas mistas (Qtm): de facto, quanto mais o
consumidor gasta em cervejas, menos
O que se pretende é representar a Restrição Orçamental rendimento tem disponível para consumir tostas
deste consumidor, ou seja, as diferentes possibilidades de mistas;
consumo entre cervejas e tostas mistas, com os 6€ que
tem disponíveis para gastar.
à O valor concreto (-0,5) significa que por cada
Expressão algébrica: 2*Qtm + 1*Qc = 6 (em que cerveja que o consumidor consumir a mais, terá
Qtm é a Quantidade de Tostas Mistas e Qc é a de reduzir o consumo de tostas mistas em 0,5
Quantidade de cerveja) unidades; ou seja, representa o custo de
oportunidade das cervejas =0,5tostas mistas
Resolvendo em ordem às cervejas: 2*Qtm + 1*Qc = 6 sacrificadas (por cada cerveja consumida);
ó Qc = 6 – 2 Qtm

à Mostra que a quantidade consumida de cervejas


(Qc) depende negativamente da quantidade de Nota: O declive da RO é, genericamente, dado pelo
tostas mistas consumidas (Qtm): declive negativo (- rácio dos preços desses bens, traduzindo a taxa a que
2); se pode substituir um bem pelo outro, mantendo o
à Esse declive negativo significa que quando aumenta mesmo nível de rendimento disponível. Ou seja,
a quantidade consumida de tostas mistas (Qtm), considerando a expressão algébrica da RO resolvida em
provoca uma redução na quantidade consumida de ordem às cervejas, esse rácio de preços mostra-nos
cerveja (Qc): de facto, quanto mais o consumidor quantas unidades de cervejas o consumidor está
gasta em tostas mistas, menos rendimento tem disposto a deixar de consumir, para poder consumir
disponível para consumir cervejas; uma unidade adicional de tosta mista, mantendo o seu
à O valor concreto (-2) significa que por cada tosta rendimento disponível. De igual forma, considerando a
mista que o consumidor consumir a mais, terá de expressão algébrica da RO resolvida em ordem às
reduzir o consumo de cervejas em 2 unidades; ou tostas mistas, esse rácio de preços mostra-nos quantas
seja, representa o custo de oportunidade das unidades de tostas mistas o consumidor está disposto a
tostas mistas = 2 cervejas sacrificadas (por cada deixar de consumir, para poder consumir uma unidade
tosta mista consumida); adicional de cerveja, sem alterar os gastos totais.

Resolvendo em ordem às tostas mistas: 2*Qtm + 1*Qc


= 6ó2 Qtm = 6 – QcóQtm = (6 – Qc)/2óQtm = Distribuição do Orçamento disponível entre Cervejas e
3 – 0,5 Qc Tostas Mistas:

à Mostra que a quantidade de tostas mistas


consumidas (Qtm) depende negativamente da

Lara Sofia - GRH 27


Situacao Q/C Despesa Remanescente Q/TM

A 0 0€ 6€ 3
B 1 1€ 5€ 2,5
C 2 2€ 4€ 2
D 3 3€ 3€ 1,5
E 4 4€ 2€ 1
F 5 5€ 1€ 0,5
G 6 6€ 0€ 0

Tabela das combinações de consumo possíveis (nesta


tabela estão todos os pontos de consumo possíveis, dado
o rendimento de 6€ para gastar e os preços das
Representação Gráfica:
cervejas e das tostas):

à Verificamos que existem 7 formas diferentes de à Para representar graficamente a Restrição


repartir os 6€ pelo consumo dos 2 bens: pontos Orçamental do consumidor podemos colocar todos
de A a G; os 7 pontos de consumo identificados na tabela
à A primeira linha da tabela representa o ponto de anterior e colocar num gráfico (é indiferente colocar
consumo exclusivo de tostas mistas: se o as cervejas/tostas no eixo do x ou do y);
consumidor gastar todo o seu rendimento à Ou mais simples, basta calcular as quantidades
disponível nas tostas, consegue comprar o máximo máximas de consumo de cada um dos 2 bens e
de 3 tostas (Qmax = 6€/2€ = 3), não restando traçar a linha reta que os une:
rendimento para consumir nenhuma cerveja =>
ponto A: (0 cervejas; 3 tostas) o Qmax (cerveja) = 6€/1€ = 6 cervejas;
à A última linha representa o ponto de consumo o Qmax (tostas) = 6€/2€ = 3 cervejas;
exclusivo de cervejas: se o consumidor gastar todo
o seu rendimento disponível em cervejas,
à A reta da RO representa todas as opções que o
consegue comprar o máximo de 6 cervejas (Qmax
consumidor tem à sua disposição, com os 6€ que
= 6€/1€ = 6), não restando rendimento para
tem para gastar e os preços da cerveja e das tostas;
consumir nenhuma tosta mista => ponto G: (6
à O declive da RO representa o custo de oportunidade
cervejas; 0 tostas)
do consumo de cervejas, ou seja, a quantidade de
à Mas existem também pontos onde consome
tostas que serão sacrificadas por cada cerveja
ambos os bens, por exemplo:
consumida: neste caso por cada cerveja consumida
o Se o consumidor decidir beber 2 cervejas, o consumidor sacrifica 0,5 tostas; por exemplo, se
gasta 2€, pelo que lhe sobram 4€ para em vez de consumir 2 cervejas passar a consumir
comprar tostas, conseguindo ainda comprar 2 3, então já não consegue comprar 2 tostas, mas
tostas => ponto C: (2 cervejas; 2 tostas; apenas 1,5 (passagem do ponto C para o ponto D).
o Se o consumidor decidir comer apenas 1 à O custo de oportunidade é constante ao longo da
tosta, gasta 2€, pelo que lhe sobram 4€ para RO porque, dados os preços definidos dos bens, por
comprar cervejas, conseguindo ainda comprar cada cerveja consumida serão sempre sacrificadas
4 cervejas => ponto E: (4 cervejas; 1 tostas) 0,5 tostas, daí que a RO seja sempre uma linha reta.
à Nota bem: no gráfico, o bem cerveja está no eixo
xx e o bem tosta mista no eixo yy; significa, portanto,

Lara Sofia - GRH 28


que a correspondente expressão algébrica da RO é Um mapa de curvas de indiferença é um conjunto de
Qtm = 3 – 0,5 Qc. Em alternativa, considerando o curvas de indiferença, cada uma delas representativas de
bem tosta mista no eixo xx e o bem cerveja no eixo um diferente grau de satisfação. Dado que as curvas mais
yy, a correspondente expressão algébrica da RO afastadas da origem representam, regra geral, maiores
seria Qc = 6 – 2 Qtm . níveis de satisfação, o mapa de indiferença permite
ordenar, por ordem de preferência, as diversas
Curvas de Indiferença combinações de consumo.

Conjunto de cabazes ou combinações de dois bens aos Preferências e Curvas de Indiferença


quais o consumidor é indiferente, isto é, que são
igualmente preferidos. Representam combinações de
consumo que proporcionam ao consumidor igual
utilidade ou satisfação.

Mapas de curvas de indiferença – Descrevem


as preferências dos consumidores. Permitem ordenar
cabazes ou combinações de consumo.

Uma vez analisadas as diversas possibilidades de


consumo, o consumidor tem de decidir qual a melhor
opção, qual a melhor forma de afetar o seu rendimento, Neste gráfico temos um mapa com 3 curvas de
de repartir o rendimento disponível pelo consumo dos 2 indiferença, que traduzem os níveis de satisfação
bens em causa, ou seja, qual o cabaz ótimo de consumo. obtidos por um determinado consumidor, em relação a
diversas combinações de consumo, entre o bem X e o
bem Y.

Para tal, temos de analisar a satisfação que o consumidor Todos os pontos de consumo situados na mesma curva
obtém nas diferentes combinações de consumo. As de indiferença representam igual nível de satisfação. Daí
curvas de indiferença servem exatamente para avaliar a se conclui que o ponto A e o ponto C proporcionam a
satisfação obtida, permitindo hierarquizar as diversas mesma satisfação ao consumidor (ambos estão na curva
combinações de consumo. de indiferença 1 (c1)). Tal como os pontos B e D são
igualmente satisfatórios (c2). Da mesma forma que é
indiferente para o consumidor consumir no ponto E ou
no F (c3).
Uma curva de indiferença representa diferentes
pontos/combinações de consumo de 2 bens que
proporcionam a mesma satisfação ao consumidor. Por
isso mesmo se chamam curvas de indiferença, porque, Na medida em que as curvas de indiferença mais longe
em termos de satisfação, é indiferente para o da origem representam maiores níveis de satisfação,
consumidor optar por qualquer uma das combinações uma vez que consistem em maiores quantidades
que fazem parte da mesma curva de indiferença. consumidas de ambos os bens, podemos ainda perceber
que o consumidor prefere o ponto E ou F ao ponto D
ou B, pois no E ou F obtém maior satisfação. De igual
forma, é preferível consumir no ponto D ou B do que
no ponto C ou A.

Lara Sofia - GRH 29


Taxa Marginal de Substituição inicial da curva, o consumidor consome pouca quantidade
do bem X (bem escasso) e elevada quantidade do bem
A TMS entre dois bens representa a quantidade Y (bem abundante), pelo que para consumir uma unidade
máxima de um bem que o consumidor está disposto a a mais do bem X (que ainda consome em reduzida
abdicar para consumir uma unidade adicional de outro quantidade) o consumidor está disposto a deixar de
bem. consumir uma maior quantidade do bem Y (porque o
consome em maior quantidade, pelo que está disposto a
o É a taxa à qual o consumidor está disposto a trocar abdicar dele). Contudo, à medida que nos deslocamos ao
um bem pelo outro (declive da tangente da CI num longo da curva, a quantidade consumida do bem X vai
ponto) aumentando, enquanto a do bem Y vai diminuindo, ou
seja, o consumo do bem X vai-se tornando mais
Lei de Substituição: Somos capazes de prescindir abundante, enquanto o consumo do bem Y vai-se
tornando mais escasso. Assim, à medida que aumenta o
de maior quantidade do bem abundante para podermos
consumo do bem X, a quantidade que está disposto a
ter uma unidade adicional de um bem escasso!
deixar de consumir do Y vai sendo cada vez menor.
A TMS é decrescente (a TMS diminui à medida que nos Graficamente ilustramos a lei da substituição pela
deslocamos para baixo e para a direita ao longo das convexidade da curva de indiferença em relação à
curvas de indiferença). origem.

Na maioria dos bens, as curvas de indiferença têm Nota:


tipicamente a forma apresentada no gráfico anterior, ou Restrição Orçamental (RO) é sempre uma reta, o mesmo
seja, são curvas decrescentes e convexas em relação à é dizer que o seu declive (dado pelo rácio dos preços
origem, ou seja, começa por ser mais inclinada e desses bens) é constante ao longo da RO. Por sua vez,
gradualmente essa inclinação vai diminuindo quando nos uma Curva de Indiferença (CI) é uma curva decrescente
deslocamos ao longo da curva para baixo e para a direita. e convexa em relação à origem, o mesmo é dizer que
o seu declive (dado pelo rácio da TMS) diminui ao longo
da CI.
A inclinação da curva de indiferença reflete a Taxa
Marginal de Substituição (TMS), que representa a taxa à
qual o consumidor está disposto a substituir um bem pelo
outro, mantendo o mesmo nível de satisfação. Ou seja, Características das Curvas de
a TMS mostra-nos quantas unidades do bem Y o
consumidor está disposto a deixar de consumir, para Indiferença
poder consumir uma unidade adicional do bem X,
mantendo a sua satisfação. Daí dizermos que, em geral, o Na mesma curva de indiferença todos os pontos
uma curva de indiferença possui uma inclinação (TMS) indicam idêntico grau de satisfação;
negativa (é uma curva decrescente!). o Curvas mais afastadas da origem indicam maior
grau de satisfação;
o Nunca se intercetam;
Por outro lado, a inclinação da curva de indiferença e, o Em geral possuem uma inclinação negativa;
portanto, a TMS é decrescente, ou seja, vai diminuindo o São convexas em relação à origem (lei da
ao longo da curva, devido à Lei da substituição, que substituição)
sugere que para consumir um pouco mais de um bem
escasso, o consumidor está disposto a abdicar maior
quantidade do bem abundante. Desta forma, numa fase

Lara Sofia - GRH 30


Restrição Orçamental e Curvas de Qualquer ponto situado na CI c3 seria preferível ao
ponto A, pois representaria ainda maior satisfação.
Indiferença
Contudo com o rendimento disponível, esses pontos
são inalcançáveis para o consumidor, uma vez que
estão situados acima da sua RO, pelo que não tem
rendimento suficiente para os adquirir.

Todos os outros pontos situados em cima da RO (para


além do ponto A), apesar de serem possíveis de adquirir
com o rendimento disponível, trariam menor satisfação
do que o ponto A, pelo que o consumidor vai preferir
consumir o ponto A! Por exemplo, o consumidor nunca
iria escolher consumir o ponto B ou o ponto C, pois,
Sabendo que o objetivo do consumidor é obter a apesar de estarem em cima da sua RO e, portanto,
máxima satisfação possível, com o rendimento limitado serem opções de consumo que esgotam o rendimento
que tem ao seu dispor, estamos agora em condições disponível, proporcionam-lhe menor satisfação do que o
de determinar o cabaz ótimo de consumo. ponto A, pois estão situados na CI c1, que representa
menor satisfação do que a CI c2.

Graficamente, precisamos de juntar as curvas de Preferências e Curvas de Indiferença


indiferença (CI) à restrição orçamental (RO) do
consumidor para encontrar o ponto ótimo. As CI
representam a satisfação obtida, enquanto a RO
representa as possibilidades de consumo. Juntando
ambos, conseguimos identificar qual o ponto, de entre os
vários que o consumidor consegue adquirir com o
rendimento disponível (RO), que lhe proporciona maior
satisfação, ou seja, que está situado numa CI mais longe
da origem.

O cabaz ótimo de consumo é sempre o ponto de Sempre que se verificam alterações no rendimento
tangência entre a RO e a CI mais longe possível da disponível do consumidor ou nos preços dos bens
origem, neste caso será o ponto A. É de todos os pontos que compõem o cabaz, a restrição orçamental do
situados em cima da reta da RO, o único que está situado consumidor altera-se, pois as suas possibilidades de
na CI c2, pelo que é o ponto que proporciona maior grau consumo modificam-se.
de satisfação ao consumidor.
Ø Recordando a derivação da expressão algébrica da
RO, graficamente representada neste slide (rever
slide 20): 2*Qtm + 1*Qc = 6ó2 Qtm = 6 –
Nesse ponto, o declive da RO e o declive dessa CI QcóQtm = (6 – Qc)/2óQtm = 3 – 0,5 Qc,
igualam-se, ou seja, o rácio dos preços desses bens é verifica-se que:
igual à taxa marginal de substituição!

Lara Sofia - GRH 31


o alterações no rendimento disponível que o o De entre as várias possibilidades de consumo
consumidor tem para gastar (6€) traduzem-se (RO), aquela que permite obter maior grau de
em deslocações paralelas da RO, dado que afetam satisfação (C.I mais afastada da origem).
a ordenada na origem (neste caso, igual a 3); o O rácio da taxa marginal de substituição é igual
o alterações nos preços dos bens (de 1€ para as ao rácio dos preços desses bens.
cervejas e de 2€ para as tostas mistas) o A satisfação (UMg) obtida por cada u.m gasta
traduzem-se em rotações da RO, dado que em cada um dos bens é igual.
afetam o declive da RO (neste caso, preço
relativo igual a 0,5);

O gráfico em apreço apresenta uma expansão do


orçamento, ou seja, um aumento do rendimento
disponível do consumidor. Sempre que isso ocorre:

Ø As possibilidades de consumo do consumidor


aumentam: poderá agora consumir maiores
quantidades de ambos os bens, pelo que a sua RO
desloca-se para cima (para maiores Qmáximas de
cerveja e de tostas mistas);
Ø O cabaz ótimo passa a ser o ponto D
(anteriormente inalcançável):

o De entre os pontos de consumo que


fazem parte da nova RO é aquele que se
encontra na CI mais longe da origem;
o O consumidor passa a consumir maior
quantidade quer de cerveja quer de tostas
mistas;
o A sua satisfação global com o novo ponto
ótimo aumenta.

Se o rendimento do consumidor diminuísse aconteceria


exatamente o contrário: a RO deslocava-se para baixo; o
consumidor passaria a consumir menos de ambos os
bens; a sua satisfação diminuiria!

Escolha do Consumidor

Objeitvo: obter a máxima satisfação com um dado nível


de rendimento disponível:

1. A curva de indiferença mais longe da origem é


sempre preferível.
2. Conjugando a curva de indiferença com restrição
orçamental encontra-se o ponto ótimo:

Lara Sofia - GRH 32


Fatores de Produção Tradicionais: Produto : Definições

Terra (N); Trabalho (L); Capital (K) o Produto total (PT) – quantidade total realizada de
produto, em unidades físicas, para uma dada
Funções de Produção quantidade de fatores produtivos utilizada.
o Produto Marginal de um fator de produção (PMg) –
Quantidade máxima de produto que pode ser produto adicional ou produto acrescentado por uma
produzida com uma dada quantidade de fatores unidade adicional de um fator, mantendo os restantes
produtivos, dada a tecnologia e o conhecimento fatores constantes.
disponível o Produto Médio (PMe) – produto total dividido pelas
unidades de fatores de produção; isto é, produto
produzido por unidade de fator produtivo empregue.
Isto é, é a relação entre a quantidade máxima de
produção que pode ser produzida e os fatores
necessários para a realizar. Mostra a forma como os Produto total
fatores produtivos são combinados. Dependendo do
estado de tecnologia e do conhecimento (know-how)
Designa a quantidade total produzida do produto. O
Duas notas importantes ! gráfico na página seguinte mostra como o produto total
evolui em função de uma dada quantidade utilizada do
Ø A função de produção determina a quantidade input x1, mantendo o resto constante (isto é, para uma
máxima de produto que pode ser produzida com quantidade fixa de x2). Em Economia, assumimos que o
uma dada quantidade de fatores produtivos e, nessa fator trabalho é o input variável (x1) e os fatores terra e
medida, é um conceito que atende à hipótese do capital são inputs fixos (x2). Assim, o PT começa em
pleno-emprego dos recursos, ou de utilização zero, não se utilizando qualquer trabalhador (x1=0), e
plena/eficiente dos recursos (de não existir qualquer depois aumenta com a utilização de unidades adicionais
desperdício de recursos). Isto implica que uma desse fator (x1=1; x1=2, . .), atingindo uma quantidade
empresa nunca deve produzir abaixo da sua função máxima, quando o emprego de mais um trabalhador já
de produção, pois tal significaria desperdiçar recursos nada acrescenta à produção.
ou utilizá-los de forma ineficiente.
A partir do produto total, conseguimos ainda calcular o
Ø Por outro lado, a função de produção é definida para produto marginal e o produto médio:
um dado estado da tecnologia e do conhecimento
tecnológico. Assim, em qualquer momento, dada a Produto marginal
tecnologia e o conhecimento disponíveis, uma certa
quantidade de output apenas pode ser obtida a partir
O produto marginal consiste no produto adicional (ou
de uma determinada quantidade de inputs.
extra) que o produtor obtém por cada unidade adicional
que emprega de um dado fator de produção, mantendo
os restantes fatores constantes (hipótese ceteris paribus).
Considerando o produto marginal do trabalho, isto é do

Lara Sofia - GRH 33


input variável x1 (PMgL ou PMgx1), o mesmo é calculado o produto marginal do 1o trabalhador é de 100
pela variação da produção a dividir pela variação do u.f. (PMg(1)=PT(1)-PT(0)=100-0=100);
número de trabalhadores (∆Q/∆L), admitindo que o O 2º trabalhador trouxe à empresa um
mantemos a terra, a maquinaria e todos os outros fatores acréscimo de produção de 80 u.f./dia (ao
constantes (genericamente, assumindo que x2 empregar este 2o trabalhador, a produção da
representa esses inputs fixos). O produto marginal do empresa aumentou de 100 para 180), pelo que o
trabalho mostra-nos quanto é que a produção da produto marginal do 2o trabalhador é de 80 u.f.
empresa aumenta por cada trabalhador adicionalmente (PMg(2)=PT(2)-PT(1)=180-100=80);
empregue.
- Em termos de produto médio:

Produto MEDIO o Quando a empresa emprega apenas 1


trabalhador este produz, em média, 100 u.f./dia,
pelo que o produto médio de 1 trabalhador é
O produto médio é igual ao produto total dividido pela
de 100 u.f. (PMe(1)=100);
totalidade de unidades do fator de produção. Novamente
o Quando a empresa emprega 2 trabalhadores,
assumindo que o trabalho é o input variável, resulta que
cada um deles produz, em média, 90 u.f./dia
o produto médio do trabalho (PMeL ou PMex1)
(=180u.f./2trabalhadores), pelo que o produto
corresponde à produção total a dividir pelo número de
médio de 2 trabalhadores é de 90 u.f.
trabalhadores (Q/L). O produto médio do trabalho
(PMe(2)=90).
mostra-nos qual a quantidade produzida, em média, por
cada trabalhador empregue.
Graficamente

Ambos os conceitos são importantes para a empresa:


saber em média quanto é cada trabalhador produz
(produto médio); saber, se decidir contratar mais um
trabalhador, quanto é que este vem acrescentar à
produção total (produto marginal).

Por exemplo, para uma dada quantidade fixa dos fatores


N (terra) e K (capital), se:
Ø Tal como vimos no capítulo do comportamento do
• Com L=1 (1 trabalhador), a empresa obtém uma consumidor para os conceitos de utilidade total e
produção total de 100 u.f./dia; utilidade marginal, também os conceitos de produto
• Com L=2 (2 trabalhadores), a empresa obtém total e produto marginal estão interligados. Assim:
uma produção total de 180 u.f./dia; Podemos Ø Matematicamente, podemos calcular o produto
concluir que: marginal (PMg) através da diferença entre os
produtos totais (PT), de cada vez que o produtor se
- Em termos de produto marginal: propõe contratar mais um trabalhador:
o Ou seja: PMgL (n) = ∆PT = PT(n) – PT(n-1), sempre
o O 1º trabalhador trouxe à empresa um
que ∆L =+1
acréscimo de produção de 100 u.f./dia (quando
Ø De igual forma, o Produto Total (PT) resultante do
não empregava nenhum trabalhador (L=0) não
emprego de um determinado número de
produzia quantidade nenhuma (Q=0)), pelo que

Lara Sofia - GRH 34


trabalhadores será sempre dado pela soma dos
Produtos Marginais de cada unidade adicional desse Lei dos Rendimentos Decrescentes
fator trabalho (PMgL):
o Ou seja: PT(n) = PMgL(1) + PMgL(2) + . . + PMgL(n) Em geral, obtemos cada vez menos produto adicional à
medida que acrescentamos um fator produtivo,
Graficamente, o produto total começa por ser uma mantendo fixos os restantes fatores de produção
função convexa, ou seja, cresce a uma taxa crescente,
mas a partir de uma determinada quantidade utilizada do
input x1 passa a ser uma função côncava, ou seja, é Isto é, o produto marginal de um fator de produção
crescente a uma taxa decrescente, i.e. é crescente, mas reduz-se com o aumento da quantidade utilizada desse
cresce a um ritmo de crescimento cada vez menor. Pela fator, mantendo o resto constante.
mesma ordem de ideias, o produto marginal é uma Refere-se à utilização de um fator de produção,
função crescente (ou com inclinação positiva), passando mantendo os restantes fixos
a partir da mesma quantidade utilizada do input x1 a ser
uma função decrescente (ou com inclinação negativa). Como pudemos verificar no gráfico anterior, a curva do
produto marginal diminui com o aumento das unidades
de x1, que é precisamente o significado de rendimentos
Esta representação típica da funcão PT concava e decrescentes. Graficamente, os rendimentos
funcão PMg decrescente, reflete a Lei dos decrescentes também aparecem como uma curva
Rendimentos Decrescentes côncava do produto total.

Ø Como se pode ainda observar, tanto o PMe como o Segundo a chamada Lei dos Rendimentos Decrescentes,
PMg aumentam até certo ponto, a partir do qual os à medida que a quantidade utilizada de um fator aumenta,
mesmos começam a diminuir. Aplicando os conceitos mantendo os outros fatores constantes, o produto
ao fator trabalho, isto quer dizer que a partir de um marginal desse fator tende a diminuir. Ou seja, ilustrando
determinado número de trabalhadores, unidades a lei dos rendimentos decrescentes do trabalho,
adicionais de trabalho acrescem cada vez menos ao mantendo fixos a terra e o capital físico, o produto
produto total, fazendo com que a partir de certo adicional que se obtém, com o emprego de cada unidade
ponto, o que cada unidade adicional de trabalho extra do trabalho, vai sendo cada vez menor, havendo,
produz em média passe a ser menos do que portanto, uma relação inversa (ou em sentido contrário)
anteriormente. No limite, pode mesmo acontecer entre estas variáveis (L e PMgL).
que um trabalhador adicional venha diminuir a Isto significa que, mantendo fixos os restantes fatores de
produção total (ou seja, PMg negativo). produção, à medida que se contratam mais trabalhadores,
Ø Note-se, por último, que o ponto de viragem não por cada trabalhador adicionalmente contratado, o
é o mesmo para os dois tipos de produto: enquanto aumento que se consegue na produção total da empresa
o produto marginal for superior ao produto médio, vai sendo cada vez menor!
este último cresce, traduzindo a ideia de que Isto acontece porque quanto mais de um fator, como o
enquanto um trabalhador adicional conseguir produzir trabalho, é acrescentado a uma quantidade fixa de terra,
mais que a média dos anteriores, o produto médio maquinaria e de outros fatores, menor é a quantidade
(produto por trabalhador) cresce; quando o produto dos outros fatores que o trabalho tem para trabalhar. A
marginal for inferior ao produto médio, este último terra fica cada vez mais ocupada por trabalhadores, a
decresce, traduzindo a ideia de que se o último maquinaria fica demasiado utilizada e o produto marginal
trabalhador empregue consegue produzir menos do trabalho diminui.
que a média dos anteriores, então o produto médio
(produto por trabalhador) diminui.

Lara Sofia - GRH 35


Fator de Tempo na Produção maquinaria, etc.. ) fossem aumentados na mesma
proporção (por exemplo, duplicassem)

v Curto prazo: período de tempo em que as


empresas podem ajustar os fatores de Rendimentos à Escala
produção variáveis (matérias-primas, trabalho.. )
mas não podem alterar os fatores de produção A longo prazo, isto é, quando variam todos os fatores
fixos (capital) de produção poderão ocorrer:
v Longo prazo: período de tempo
suficientemente longo que permite ajustar e o Rendimentos crescentes a escala: quando um
modificar todos os fatores de produção aumento de todos os fatores de produção leva a um
(incluindo o capital). aumento mais do que proporcional da produção total.
o Rendimentos decrescentes a escala: quando um
Na análise económica da produção e dos custos da aumento de todos os fatores de produção leva a um
empresa, distinguimos entre dois períodos de tempo aumento menos do que proporcional da produção
distintos: o curto prazo é o período de tempo em que total.
apenas alguns fatores de produção, os fatores variáveis o Rendimentos constantes a escala: quando uma
como, por exemplo, o fator trabalho, podem ser variação de todos os fatores de produção leva a uma
ajustados (os fatores fixos, como edifícios ou maquinaria, variação proporcional (ou idêntica) da produção.
não podem ser completamente modificados ou ajustados
neste horizonte temporal); o longo prazo é o período de No longo prazo (i.e. quanto todos os inputs são variáveis),
tempo em que todos os fatores de produção utilizados a produção apresenta rendimentos crescentes,
pela empresa podem ser ajustados, incluindo o fator decrescentes ou constantes à escala, quando um
capital. aumento proporcional de todos os fatores produtivos
leva a um aumento mais do que proporcional, menos do
proporcional ou igualmente proporcional do produto,
Os rendimentos decrescentes são um conceito de curto respetivamente.
prazo, pois referem-se à resposta da produção a um
aumento de um único fator de produção, quando todos
os outros se mantêm constantes. Assim, aumentando o Por exemplo, duplicando todos os inputs, o output mais
trabalho (input variável) e mantendo constante a terra e que duplica no caso de rendimentos crescentes à escala,
o capital (inputs fixos), o aumento do produto total terá menos do que duplica no caso de rendimentos
um incremento cada vez menor (lei dos rendimentos decrescentes à escala, ou duplica no caso de
decrescentes do trabalho). rendimentos constantes à escala.
Imaginemos uma empresa que utiliza 2 máquinas (K=2)
e 10 trabalhadores (L=10) para operar essas 2 máquinas.
Qual o efeito no produto total de um acréscimo de todos Com esta quantidade de fatores de produção, suponha
os fatores? Essa questão refere-se a rendimentos à ainda que a empresa consegue produzir (de forma
escala ou aos efeitos na quantidade produzida do eficiente) 500 u.f./dia.
aumento da escala dos fatores de produção. Trata-se, Dado o aumento avultado de encomendas que tem
portanto, de um conceito de longo prazo, dado que recebido, a empresa decide realizar um reforço da sua
pressupõe que todos os fatores produtivos variam (não capacidade produtiva, adquirindo mais 2 máquinas (K=4)
há inputs fixos), ou seja, estamos agora a equacionar o e mais 10 trabalhadores (L=20) para operarem essas
que aconteceria ao produto total se as quantidades de novas máquinas adquiridas. Se, com esse aumento dos
trabalho e de todos os outros fatores de produção (terra, fatores de produção, a sua produção total passar a ser:

Lara Sofia - GRH 36


Ø Cenário A 1100 u.f./dia: significa que os fatores Assim, se, por exemplo, a empresa duplica todos os
produtivos apresentam rendimentos crescentes à fatores e, em resultado disso, a produção mais que
escala, uma vez que com o aumento de 100% na duplica: a empresa terá o dobro dos custos, mas o
quantidade de fatores utilizados (equivalente a 2x resultado em termos de quantidade produzida é de mais
mais fatores), a produção da empresa aumentou do dobro, logo, os custos médios decrescem.
120% (aumentou mais que proporcionalmente em
relação ao aumento dos fatores);
Desta forma, a presença de fatores de produção com
Ø Cenário B 900 u.f./dia: significa que os fatores Rendimentos Crescentes à Escala traduzem-se em
produtivos apresentam rendimentos decrescentes à Economias de Escala, em termos de custos, o que
escala, uma vez que com o aumento de 100% na significa que à medida que a producão da empresa
quantidade de fatores utilizados (equivalente a 2x aumenta, o custo de cada unidade produzida diminui (ou
mais fatores), a produção da empresa aumentou o custo médio diminuiu).
80% (aumentou, mas menos que proporcionalmente
em relação ao aumento dos fatores);
Rendimentos à Escala e CMe
Ø Cenário C 1000 u.f./dia: significa que os fatores
produtivos apresentam rendimentos constantes à
escala, uma vez que com o aumento de 100% na
quantidade de fatores utilizados (equivalente a 2x
mais fatores), a produção da empresa aumentou
exatamente 100% (aumentou proporcionalmente em
relação ao aumento dos fatores).

Economias de Escala

Ocorrem quando existem rendimentos crescentes à


escala, ou seja, quando um aumento dos fatores
produtivos leva a um aumento mais do que Este gráfico traduz uma curva de custo médio (CMe)
proporcional da produção. decrescente, ou seja, à medida que a quantidade
produzida aumenta (Q), o custo de cada unidade
produzida (ou CMe) diminui. Sempre que a curva de
Esse aumento mais proporcional conduz a uma CMe é decrescente, significa que estamos na presença
redução do custo por unidade produzida (custo unitário de economias de escala. E isso ocorre sempre que os
ou custo médio), à medida que se aumenta a fatores de produção exibem rendimentos crescentes à
quantidade produzida escala.

Economias de Escala Custo Médio (CMe)

É fácil deduzir que na presença de Rendimentos


Crescentes à Escala, os custos médios da empresa
decrescem: como a produção aumenta numa proporção
maior que o aumento dos fatores produtivos, o custo
por unidade produzida diminui.

Lara Sofia - GRH 37


Quando estamos na presença de Rendimentos Por exemplo, se a empresa duplica todos os inputs e a
Decrescentes à Escala, significa que um aumento dos produção também duplica, a empresa terá o dobro dos
fatores produtivos leva a um aumento menos do que custos, mas como também tem o dobro da produção, o
proporcional da produção. Esse aumento menos que custo por unidade produzida (ou custo médio) é o
proporcional na produção conduz a uma aumento do mesmo. Daí que a curva de custo médio seja constante.
custo por unidade produzida (custo unitário ou custo
médio), à medida que se aumenta a quantidade produzida
(Deseconomias de Escala). Análise de Custos

v Custo fixo (cf) – despesa monetária que é


suportada mesmo que a empresa não produza nada
Assim, se, por exemplo, a empresa duplica todos os
(custos irreversíveis ou sunk costs); não se alteram
fatores e, em resultado disso, a produção menos que
se a quantidade produzida se modificar
duplica: a empresa terá o dobro dos custos, mas o Ex: rendas, empréstimos, etc
resultado em termos de quantidade produzida é de
menos do dobro, logo, os custos médios aumentam. v Custo variavel (cv) – despesa que varia com o
nível do produto (aumenta com o aumento da
produção); inclui todos os custos que não são fixos
Ex: matérias-primas, combustíveis, etc
Em termos gráficos, sempre que a curva de CMe é
crescente, significa que estamos na presença de
deseconomias de escala, ou seja, à medida que a A empresa defronta diferentes tipos de custos de
quantidade produzida aumenta (Q), o custo de cada produção, entre eles custos fixos e custos variáveis:
unidade produzida (ou CMe) aumenta. E isso ocorre • Os custos fixos são custos que não variam
sempre que os fatores de produção exibem com a quantidade produzida pela empresa,
rendimentos decrescentes à escala. tendo no limite que os suportar, mesmo que
não haja qualquer produção (e daí serem
também conhecidos por custos irreversíveis
ou sunk costs).
• Pelo contrário, custos variáveis são custos
que variam dependendo da quantidade
produzida pela empresa e, portanto, aumentam
com o aumento da produção.

Duas notas importantes:

Ø Em Economia, assumimos que o fator trabalho é o


input variável e outros fatores produtivos, com
Por último, com Rendimentos Constantes à Escala, os destaque para o capital físico, são inputs fixos.
custos médios permanecem inalterados. Assim, se o Consequentemente, as despesas associadas ao fator
produto varia na mesma proporção que os fatores trabalho (salários) perfazem, habitualmente, os custos
produtivos, os custos médios mantêm-se constantes. variáveis da empresa (podendo ser acrescidos de
outros tipos de custo variável, como sejam os custos
das matérias-primas, i.e. despesas associadas à
componente variável do fator produtivo terra). Por

Lara Sofia - GRH 38


outro lado, as despesas associadas ao capital físico v CUSTO MEDIO (CME) – custo por unidade produzida
(custos de financiamento de maquinaria, instalações, (ou custo unitário). É o custo total dividido pelo
etc.) perfazem, habitualmente, os custos fixos da número de unidades de produção.
empresa (entre outros tipos possíveis de custos
fixos). Cme = ct/q
Ø Na análise dos custos distinguimos dois períodos de
o Custo fixo médio (CFMe) = CF/Q
tempo. Assim, recordando as definições
o Custo variável médio (CVMe) = CV/Q
apresentadas no slide 7, se o curto prazo é o
período de tempo em que apenas alguns fatores CME = CFME + CVME
produtivos podem ser ajustados, os chamados
fatores variáveis, então, no curto prazo a empresa A empresa pode desejar ainda saber qual é o custo
defronta os dois tipos de custo: fixos e variáveis. Por unitário da sua produção, ou seja, o custo de cada
sua vez, se o longo prazo é o período de tempo em unidade produzida. Trata-se do custo médio (CMe) e o
que todos os fatores produtivos utilizados pela seu cálculo consiste em dividir o custo total pelas
empresa, incluindo o capital físico, podem ser unidades que produziu (CT/Q).
alterados, então, no longo prazo todos os custos de
produção da empresa são custos variáveis (não O mesmo raciocínio pode-se fazer separadamente para
existindo, portanto, custos fixos). os custos fixos e os custos variáveis, permitindo, assim,
à empresa saber para cada unidade produzida, quanto do
v Custo total (ct) – menor despesa monetária seu custo corresponde a custos fixos, e quanto
necessária para produzir cada nível de produção. corresponde a custos variáveis.
Inclui todos os custos em que a empresa incorre
para produzir determinada quantidade: • Assim, o custo fixo médio (CFMe) é igual ao custo
fixo a dividir pela quantidade produzida (CF/Q).
Ct = cv + cf • De igual forma, o custo variável médio (CVMe) é
igual ao custo variável a dividir pela quantidade
v Custo marginal (cmg) – custo adicional que ocorre produzida (CV/Q).
com a produção de uma unidade adicional de
produto. É o custo da última unidade produzida. Por esse prisma, o custo (total) médio (CTMe, ou
simplesmente CMe) pode ser calculado de outra forma,
Cmg =∆ ct/ ∆q (+1) =ctn – ctn -1 sendo igual ao custo fixo médio mais o custo variável
médio: CTMe = CFMe + CVMe.
Os custos totais serão a soma dos custos fixos com os
custos variáveis (e, pelo que atrás dissemos, no longo
Custo Marginal e Médio
prazo, os custos totais são, por definição, custos
variáveis).

A empresa pode querer saber, qual o impacto nos seus


custos, se produzir mais uma unidade. Trata-se do custo
marginal (CMg), isto é, o custo da última unidade
produzida. Este calcula-se pelo acréscimo de custos a
dividir pelo acréscimo de quantidade produzida
(∆CT/∆Q).

Lara Sofia - GRH 39


Graficamente, algo similar se passa, na comparação entre dos CMg a intersetar a curva dos CMe sempre
Custo Marginal (CMg) e Custo Médio (CMe), ao que se no ponto mínimo da curva de CMe.
verificava com o Produto Marginal e o Produto Médio
(recordar slide 4). Assim: Custo Médio Mínimo

• Enquanto o CMg for inferior ao CMe, este o Quando CMg < CMe CMe
último decresce;
• A partir do momento em que o CMg passa
a ser superior ao CMe, este último cresce; o Quando CMg = CMe CMe
• O CMg e o CMe assumem o mesmo valor Atingiu o ponto mínimo
quando este último atinge o seu valor mínimo;
ou seja, o ponto de minimização de custos é o Quando CMg > CMe CMe
alcançado quando: CMg = CMe
• De fato, se o CMg está abaixo do CMe A curva de CMg interseta a curva de CMe no seu
(graficamente, quando a empresa produz uma mínimo.
quantidade inferior, ou à esquerda, do ponto de
CMe mínimo : CMg = CMe
interseção entre a curva dos CMg e a curva
dos CMe) significa que a última unidade
produzida custa menos do que o custo médio Receitas
de todas as anteriores unidades, pelo que o
novo CMe (i.e. o CMe que inclui a última v receita TOTAL: receita total obtida na venda das
unidade) tem de ser inferior ao anterior CMe quantidades produzidas
e, portanto, o CMe está a reduzir-se.
rt = p * q
• Pelo contrário, se o CMg está acima do CMe
(graficamente, quando a empresa produz uma v Receita media: receita obtida por unidade vendida
quantidade superior, ou à direita, do ponto de
interseção entre a curva dos CMg e a curva Rmg = rt/q = P RME = p
dos CMe), significa que a última unidade
produzida custa mais do que o custo médio de v Receita marginal: acréscimo na receita total
todas as anteriores unidades, pelo que o novo resultante da venda de mais uma unidade de produto
CMe (i.e. o CMe que inclui a última unidade) tem (é a receita da última unidade vendida)
de ser superior ao anterior CMe e, portanto, o
CMe está a aumentar. Rmg = ∆rt/∆q(+1) = rtn – rtn-1
• Finalmente, quando o CMg é igual ao CMe,
então a última unidade produzida custa No slide introdutório, questionámos como é que as
exatamente o mesmo que o custo médio de empresas decidem qual a quantidade a produzir. Uma vez
todas as anteriores unidades, pelo que o novo que estamos a admitir que as empresas aqui analisadas
CMe (i.e. o CMe que inclui a última unidade) é são maximizadoras de lucro, a quantidade a produzir será,
igual ao anterior CMe e, portanto, o CMe não certamente, aquela que maximiza o lucro da empresa,
se altera. ou seja, em que a empresa alcança o maior lucro
• Graficamente, a empresa produz com o possível.
menor custo unitário possível no ponto de
interseção entre a curva dos CMg e a curva
dos CMe, com a parte ascendente da curva

Lara Sofia - GRH 40


Nesta medida, precisamos, primeiro, de introduzir a De igual forma, o lucro económico total corresponde
noção de receitas e conceitos associados (receita média à diferença entre as receitas que resultam da venda
e receita marginal), proceder de igual forma para o dos produtos da empresa e todos os custos
conceito de lucro, mais propriamente, lucro económico, resultantes do consumo de fatores produtivos,
e, finalmente, explicar como a empresa determina a incluindo os custos explícitos (CF+CV) e o custo de
quantidade ótima de output a produzir. oportunidade.

As receitas totais (RT) são dadas pela quantidade


produzida (e vendida) multiplicada pelo preço de venda Exercício
(preço unitário ou por unidade produzida/vendida), ou
seja, Q * P.
Nº DE
EMBALAGENS DE CT CMg Custo medio
A partir destas, conseguimos calcular o preço, ou receita GALINHA
média, e a receita marginal. O procedimento é em todo 0 0
igual àquele que usámos para o cálculo do custo médio 1 17 17 17
e do custo marginal, a partir dos custos totais. Assim: 2 26 9 13
o A receita média (RMe) consiste em dividir a receita 3 33 7 11
total pelas unidades produzidas (e vendidas) (RT/Q)
4 40 7 10
e dá-nos, portanto, o preço de venda (Q*P / P = P).
5 48 8 9,6
o A receita marginal (RMg) é a receita da última
6 57 9 9,5
unidade produzida (e vendida), calculada pelo
7 67,2 10,2 9,6
acréscimo de receitas a dividir pelo acréscimo de
8 80 12,8 10
quantidade produzida (∆RT/∆Q).
9 99 19 11
10 125 26 12,5

Lucros
Por exemplo:

Lucro total = receita total – custo total CMg(1) = CT(1) – CT(0) = 17 – 0 = 17 (significa que a 1ª
embalagem produzida representa um acréscimo de
O lucro total (LT) é dado pela diferença entre as
custos de 17 u.m.)
receitas totais (RT) e os custos totais (CT).
CMg(2) = CT(2) – CT(1) = 26 – 17 = 9 (significa que a
2ª embalagem produzida representa um acréscimo de
Os custos económicos, como vimos no capítulo 1 dos
custos de 9 u.m.)
conteúdos programáticos da UC, vão além dos
óbvios desembolsos de dinheiro, ou transações CMe(2) = 26/2 = 13 (significa que, quando a empresa
monetárias. Assim, os custos económicos incluem, produz 2 unidades, cada uma das duas representa um
para além do custo monetário explícito (que, como custo de 13 u.m.)
já vimos, podem ser de 2 tipos: fixos e variáveis), os
custos de oportunidade que ocorrem pelo facto de CMe(3) = 33/3 = 11 (significa que, quando a empresa
os recursos utilizados pela empresa poderem ter produz 3 unidades, cada uma das três representa um
sido usados de formas alternativas. custo de 11 u.m.)

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Notas importantes: Nota importante:

Ø Se o CT começa em zero, não se produzindo Ø O preço, ou receita média, é função da quantidade


qualquer embalagem de galinha (Q=0), deduzimos produzida. Assim, sabendo que a curva de procura é
que a empresa opera no longo prazo. Porquê? decrescente (traduz a Lei da Procura, ou seja, a
Recordar notas da pág. 38. relação inversa entre o preço e a quantidade
procurada do bem, ceteris paribus), quando a
Ø Atenda à evolução do custo marginal e do custo empresa quiser vender mais uma unidade de
médio, à medida que se aumenta a quantidade embalagens de galinha, o preço de todas as outras
produzida. Recordar, para o efeito, pág. 39 e unidades têm de baixar. Logo, a receita da quantidade
respetivas notas. anteriormente vendida reduz-se. O gráfico do slide
seguinte ilustra a relação inversa entre estas variáveis
(Q e RMg).

Nº DE
EMBALAGENS DE RT RMG RECEITA
GALINHA medio
0 0
1 19 19 19
2 36 17 18
3 51 15 17
4 64 13 16
5 75 11 15
6 84 9 14
7 91 7 13
8 96 5 12
9 99 3 11
10 100 1 10 Nº DE
EMBALAGENS DE RT ct Lucro
GALINHA total
0 0 0
Duas possibilidades podem aqui ser avançadas: 1 19 17 2
2 36 26 10
• Conhecido o preço de venda (receita média), 3 51 33 18
facilmente se calculam as receitas totais e, a partir 4 64 40 24
destas, as receitas marginais; 5 75 48 27
6 84 57 27
• Em alternativa, podemos deduzir as receitas médias 7 91 67,2 23,8
e marginais, a partir de informação dada sobre as 8 96 80 16
receitas totais. 9 99 99 0
10 100 125 - 25

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Nota importante: Como evolui o lucro total, à Nº DE
EMBALAGENS DE Rmg cmg Lucro
medida que se aumenta a quantidade produzida? MARGINAL
GALINHA
0 0 0 0
Ø Como se pode constatar no gráfico do slide seguinte,
1 19 17 2
a curva lucro total é uma curva em U invertido, ou
2 17 9 8
seja, o lucro total cresce (a uma taxa decrescente),
3 15 7 8
até um certo ponto, e depois decresce (a uma taxa
4 13 7 6
crescente), assumindo o valor máximo no ponto de
5 11 8 3
viragem ou de inflexão.
6 9 9 0
o Por outro lado, considerando que o lucro
marginal (LMg) é o acréscimo no lucro total 7 7 10,2 -3,2
resultante da venda de mais uma unidade de 8 5 12,8 -7,8
produto, a análise gráfica apresentada para o 9 3 19 -16
lucro total (slide 23) traduz que à esquerda desse 10 1 26 - 25
ponto máximo, o lucro da última unidade vendida
é sempre positivo (LMg>0), justificando a Sabendo que LT = RT – CT, facilmente se deduz que
decisão de produção dessa última unidade, mas LMg = RMg – CMg
à direita desse ponto máximo, verifica-se
exatamente o contrário (LMg<0). Os dados da tabela mostram que a quantidade ótima de
o No ponto de lucro máximo, ou seja, quando o producão (Q*) é igual a 6 embalagens de galinha, dado
lucro total assume o maior valor (LT = 27), o que, para essa quantidade, o lucro total é máximo, o
lucro marginal assume o valor zero mesmo é dizer, o lucro marginal é nulo (LMg = RMg –
(LMg=∆LT=27–27=0) traduzindo que a receita CMg = 0).
da última unidade vendida é igual ao custo dessa Logo, a empresa deve aumentar a produção até que o
última unidade (RMg = CMg). Os cálculos do lucro custo marginal iguale a receita marginal (RMg = CMg).
marginal a partir da diferença entre receita e Graficamente, esse ponto ótimo (Q*) é o ponto de
custo marginais, para o exercício em análise, interseção das funções respetivas (reta da RMg com a
estão apresentados no slide 25. curva do CMg), como se pode constatar no gráfico do
slide 28.

Quantidade Ótima de Produção

v Objetivo do produtor: maximização do lucro


v Qual é a quantidade a produzir? E a que preço
vender essa quantidade?
o Os produtores decidem produzir a
quantidade que permita maximizar o lucro
(Q* - quantidade ótima de produção)
o A curva da procura diz qual é o preço que
se pode cobrar por essa quantidade (Q*)

Lara Sofia - GRH 43


Maximização do lucro: Q* compensar o CMg. No limite, ainda compensa
produzir quando a RMg é igual ao CMg, pois a
receita obtida com a venda dessa unidade ainda
Rmg = cmg cobre o seu custo de produção, tendo
alcançado o máximo lucro.
Lmg = rmg – cmg = 0
Ø A partir dessa Q*, ou seja, para quantidades
Lucro Marginal: aumento do lucro total resultante da produzidas à sua direita, a RMg está abaixo do
produção de mais uma unidade CMg, o que significa que a receita da última
unidade vendida é inferior ao custo de
Recordando: produção dessa unidade, pelo que já não
A quantidade ótima de producão, ou seja o ponto de compensa à empresa produzir essa unidade.
maximizacão do lucro, ocorre quando a receita marginal Pelo contrário, se a empresa produzir
(RMg) é igual ao custo marginal (CMg), ou seja, quando quantidades superiores à Q* o seu lucro irá
a receita da última unidade vendida é exatamente igual diminuir.
ao custo de produzir essa última unidade.

Graficamente, a quantidade ótima de producão (Q*), ou


seja, o nível de produção onde a empresa maximiza o
lucro, ocorre no ponto de interseção da reta da receita
marginal (RLg) com a curva do custo marginal (CMg).

Através do gráfico, é possível verificar que:

Ø Para níveis de produção inferiores à quantidade


ótima (ou seja, quando a empresa produz uma
quantidade inferior, ou à esquerda, da Q*) a
RMg está acima do CMg, o que significa que a
receita obtida com a última unidade vendida é
superior ao custo de produção dessa unidade,
pelo que compensa à empresa produzir (e
vender) essa unidade, visto que o seu lucro
aumentará.
Ø Compensa à empresa continuar a produzir (e
vender) mais unidades enquanto a RMg

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