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Parte I- Noções gerais de economia

1.1 A Economia como Ciência

1.1.1 Conceito de Economia

Etimologicamente, a palavra “economia” vem dos termos gregos oiko (casa) e nomo (norma,
lei), e pode ser compreendida como “administração da casa”. Em resumo, Economia estuda a
maneira como se administra os recursos escassos com o objectivo de produzir bens e serviços,
e como distribuí-los para seu consumo entre os membros da sociedade.

Economia é o estudo das escolhas feitas pelas pessoas diante de situação de escassez. As
escassezes dos recursos têm grande influência nas escolhas que os indivíduos fazem no dia-dia,
e bastante indispensável para a compreensão da ciência económica.

"Economia é a ciência social que estuda como os indivíduos e a sociedade escolhem empregar
seus recursos produtivos escassos, que podem ter utilizações alternativas, na produção de bens
e serviços, de modo a distribuí-los entre as pessoas ou grupos da sociedade, agora ou no futuro,
a fim de satisfazer as necessidades humanas."

Essa definição contém vários conceitos importantes, que são a base e o objecto do estudo da
Ciência económica:

• Recursos ou Bens;
• Necessidades;
• Escassez e Escolha;
• Produção;
• Distribuição.

1.1.2 A Economia no Contexto das outras ciências

A ciência económica é apenas uma entre as ciências sociais como: Sociologia, Demografia,
História, Antropologia, direito, Psicologia Social, etc. e outras ciências não sociais. Todas as

Texto de apoio...

“Sabe-se que as zonas suburbanas da província de Luanda, são caracterizadas por um


elevado índice de criminalidade, principalmente o assalto a mão armada”

O estudo da criminalidade nas diferentes localidades da Província de Luanda, pode ser feito
envolvendo diferentes ciênciais sociais.

• A sociologia pode preocupar-se em conhecer os estratos sociais em que se verifica a


maior criminalidade;
• A Demografia por exemplo poderá fornecer a faixa etária da sociedade com maior
envolvência ao crime;
• A Economia pode orientar-se para o conhecimento dos factos económicos que
poderão explicar, por exemplo, o desemprego, se estiver relacionado com a
delinquência;
• O Direito irá preocupar-se com as sanções a aplicar.
ciências sociais se dedicam ao estudo do mesmo objecto: a sociedade. Fazem-no, contudo, com
um olhar diferente e por outros ângulos.

Para além das ciências sociais, a economia busca suporte de outras ciências como a matemática
para dar solução dos mesmos.

Assim, a Economia, embora tenha uma esfera de estudo própria, não explica só por si os factos
socioeconómicos, mesmo de pendor essencialmente económico. Por exemplo, o
comportamento da Bolsa de Valores é explicado por fenómenos que entram na área de estudos
da Psicologia Social, como os altos e baixos nas espectativas.

Como podemos observar, a Economia precisa trabalhar interdisciplinarmente para poder


enfrentar os desafios postos às análises económicas, que requerem diagnósticos precisos. Logo,
todos nós contribuímos na construção do conhecimento da Economia, com nossos valores
culturais.

• Divisão do estudo da ciência económica

A análise económica, para fins metodológicos e didácticos, é normalmente dividida em quatro


áreas de estudo:

i. Microeconomia ou teoria de formação de preços


Examina a formação de preços em mercados específicos, ou seja, como consumidores e
empresas interagem no mercado e como decidem os preços e a quantidade para satisfazer a
ambos simultaneamente. Estuda o comportamento de cada “molécula económica” do sistema,
por meio de preços e quantidades relativas, ou seja, estuda o comportamento das unidades de
consumo representadas pelos indivíduos e pelas famílias; as empresas, suas produções e custos;
a produção e o preço de diversos bens, serviços e factores produtivos. Para exemplificar, pode-
se citar a análise do funcionamento de empresas.

ii. Macroeconomia
Estuda/ analisa a determinação e o comportamento dos grandes agregados nacionais, como o
produto interno bruto (PIB), investimento agregado, a poupança agregada, o nível geral de
preços, entre outros. Seu enfoque é basicamente de curto prazo (ou conjuntural), e busca
explicar como a economia opera sem a necessidade de compreender o comportamento de cada
indivíduo ou empresa que dela participam. Preocupa-se com o comportamento da economia
como um todo, por meio de preços e quantidades absolutos. Faz parte dela os movimentos
globais nos preços, na produção ou no emprego. Tem como objecto de estudo as relações entre
os grandes agregados estatísticos: a renda nacional, o nível de emprego e dos preços, o
consumo, a poupança e o investimento totais.

iii. Economia internacional


Analisa as relações económicas entre residentes e não-residentes do país, as quais envolvem
transacções com bens e serviços e transacções financeiras.

iv. Desenvolvimento económico


Preocupa-se com a melhoria do padrão de vida da colectividade ao longo do tempo. O enfoque
é também macroeconómico, mas centrado em questões estruturais e de longo prazo (como
progresso tecnológico, estratégias de crescimento).
1.2 A Ciência económica e o Problema da Escassez

Ao conceituarmos a ciência económica, vimos que a mesma estuda a sociedade relativamente


aos fenómenos de produção, distribuição, repartição e consumo, bem como a adequação de
meios limitados à satisfação das necessidades múltiplas e crescentes.

Evidentemente, se os recursos não fossem limitados, ou seja, se não existisse escassez, não
teríamos motivos para estudar economia. Logo para satisfação das necessidades dos agentes
económicos numa sociedade, é necessário, o uso racional dos recursos existentes na produção
de bens e serviços.

De modo a termos melhor percepção deste fenómeno, é necessário trazermos aqui uma
abordagem de alguns conceitos como: Agentes económicos, Necessidades e Bens.

• Agentes económicos

Quando falamos de agentes económicos estamos nos referindo a todos os indivíduos de uma
sociedade que de alguma forma, colaboram nas actividades económicas, ou seja, participam em
actividades ligadas a produção, distribuição e consumo de bens e serviços. Os agentes
económicos: As famílias, Empresas, Governo, Exterior ou Resto do Mundo.

• Famílias – Conjunto dos indivíduos que tomam decisões sobre o consumo de bens
(enquanto consumidores) e a oferta de trabalho (enquanto trabalhadores);
• Empresas – Tomam decisões sobre o investimento em equipamentos e outros meios de
produção, sobre a produção de bens intermédios e de bens de consumo e sobre a
procura de trabalho e de outros factores produtivos necessários à produção;
• Estado – Autoridade que toma decisões de consumo, de investimento e de política
económica, incluindo a política orçamental e fiscal e a política monetária;
• Exterior – Representa todos os agentes externos à economia em questão e que toma
decisões sobre todas as questões anteriores, excepto decisões sobre política
económica.

• Necessidades

▪ Conceito de Necessidades

Uma necessidade é, por definição, um estado de carência que é preciso ultrapassar ou


satisfazer. O conceito de necessidade assume primordial importância em todas as ciências
sociais e humanas. Esta importância das necessidades para as ciências sociais e humanas reside
no facto de serem as necessidades que levam à acção do indivíduo e a sua satisfação é
geralmente um factor de motivação.

Da mesma forma, também na ciência económica a questão das necessidades assume uma
posição de relevo. De facto, dado que as necessidades humanas apresentam uma grande
multiplicidade e são infinitas e que, por outro lado, existe escassez de recursos necessários para
as satisfazer, coloca-se um problema, o qual constitui o chamado “problema económico”.
▪ Características das Necessidades

Em termos económicos, são geralmente atribuídas três categorias de características às


necessidades, as quais estão na base da concepção de diversos modelos de análise teóricos
relacionados com a teoria do consumidor, nomeadamente:

• Multiplicidade: existem inúmeros tipos de necessidades, as quais são virtualmente


ilimitadas, o que significa que, por mais necessidades que um indivíduo tenha satisfeito,
surgem sempre novas necessidades para satisfazer.
• Substituibilidade: esta característica significa que a mesma necessidade pode ser
satisfeita por diferentes bens, isto é, por bens substitutos.
• Saciabilidade: a saciabilidade significa que a intensidade com que uma determinada
necessidade é sentida diminui à medida que é satisfeita, acabando por desaparecer por
completo; é daqui que surge a base teórica para a “lei das utilidades marginais
decrescentes1”.

▪ Classificação das Necessidades

Há vários critérios de classificar uma necessidade. Eis, esquematicamente, a classificação


segundo esses critérios:

A distinção entre necessidades económicas e não económicas é feita tendo como critério o
dispêndio de coisas ou esforço para lhes dar a satisfação.

As necessidades económicas são satisfeitas mediante a aplicação de energia humana ou


utilização de coisas que exigiram esforço humano e dispêndio de outros recursos. As
necessidades não económicas são as que se satisfazem sem qualquer dispêndio, como por
exemplo, respirar.

As necessidades que estão ligadas à própria existência biológica dos homens são as
necessidades primárias. O Homem tem que satisfazer estas necessidades, sob pena de pôr em
risco a sua existência. É o caso da respiração, nutrição, etc.

As necessidades secundárias, não são impostas pelas características biológicas do Homem, mas
resultam de hábitos e costumes. São no fundo uma imposição do meio sociocultural e
Tecnológico. Variam de Sociedade para sociedade.

Há certas necessidades que são partilhadas pela colectividade em que o indivíduo se insere, ou
seja, necessidades partilhadas por um conjunto numeroso de pessoas unidas entre si por uma

1
A lei da utilidade marginal decrescente será apresentada mais para frente neste livro, no capítulo que
abordará acerca da teoria do consumidor.
identidade local, regional ou nacional. Neste caso é o Estado (Central, Local ou Regional) que
procede à sua satisfação, realizando empreendimentos necessários à colectividade. Estas
necessidades designam-se por necessidades colectivas. A educação, saúde, justiça, etc., são
exemplos de necessidades colectivas.

Todas as outras necessidades, que são sentidas por cada pessoa e que ela própria pode
satisfazer, são chamadas necessidades individuais. Exemplo de uma delas é ler um livro ou
vestir.

• Bens e sua classificação

▪ Conceito de Bem

Do ponto de vista da economia, um bem é algo, material ou imaterial que, quando utilizado ou
consumido, satisfaz uma necessidade concreta sentida pelo Homem. Uma refeição é um bem
porque satisfaz uma necessidade concreta quando é consumida: neste caso a necessidade
fisiológica de alimentação. Da mesma forma, o trigo é também um bem na medida em que
satisfaz uma necessidade concreta quando é utilizado como matéria-prima na produção de
farinha para posteriormente ser utilizada no fabrico de pão e de outros bens.

O conceito de bem está, desta forma, directamente relacionado com o conceito de utilidade 2,
dado que esta não é mais do que a satisfação ou prazer que os consumidores retiram do
consumo ou utilização de determinado bem.

A maioria dos bens não estão disponíveis na natureza de forma gratuita. E por outro lado, não
têm todos a mesma natureza, duração e função. Alguns podem ser substituídos por outros. E a
maioria parte dos bens só pode ser utilizada juntamente com os outros.

Os bens podem assim, ser classificados segundo vários critérios. Propõe-se a classificação
seguinte, que permite agrupar os bens segundo os critérios definidos:

2
A utilidade, conceito base de toda a teoria do consumidor, representa a satisfação ou prazer que os
consumidores retiram do consumo de determinado bem. O comportamento do consumidor baseia-se na
premissa fundamental de que as pessoas tendem a escolher os bens e serviços a que atribuem maior
valor, isto é, aqueles que lhes permitem obter maior utilidade.

Apesar de ser difícil quantificar e medir, é através do conceito de utilidade que é possível explicar a forma
como os consumidores conseguem efectuar as suas escolhas de consumo tendo em conta o seu
rendimento disponível e os preços dos bens e, portanto, explicar a forma das curvas da procura. Tal é
possível porque, apesar de não se poder quantificar a utilidade, é possível ordenar os bens por ordem de
preferência. E é a partir desta possibilidade de ordenar cada um dos bens pela sua utilidade que os
economistas já há mais de um século conseguiram deduzir a curva da procura e as suas propriedades.
▪ Bens Livres

Sempre que estes bens existam na Natureza em quantidade ilimitada ou pelo menos superior à
quantidade necessária para satisfazer as necessidades existentes (por exemplo o ar respirável
ou a luz do Sol), diz-se que estes bens são livres.

▪ Bens Económicos

A grande maioria dos bens existe em quantidade limitada ou insuficiente para satisfazer todas
as necessidades humanas, ou seja, são escassos. Neste caso diz-se que estes bens são bens
económicos e passam a adquirir um determinado preço. Por exemplo, há algumas dezenas de
anos os lugares de estacionamento nas grandes cidades eram superiores às necessidades –
neste caso o bem lugar de estacionamento era livre e, portanto, gratuito. A partir do momento
em que os lugares de estacionamento começaram a ser escassos, estes passaram a ter um preço,
isto é, deixaram de ser livres para passarem a constituir um bem económico.

▪ Classificação dos Bens Económicos

No caso dos bens económicos, estes podem ser classificados de diferentes formas, entre as quais
as seguintes:

I. Quanto à sua duração


a) Duradouros: Consideram-se bens duradouros quando podem ser utilizados mais do que
uma vez como por exemplo um carro, o vestuário, a casa e as máquinas;
b) Não duradouros: consideram-se bens não duradouros aqueles que apenas podem ser
utilizados uma vez tais como os alimentos, os combustíveis ou os serviços.

II. Quanto à sua função


a) Bens de produção: Os bens de produção (também designados por factores produtivos)
são aqueles que se utilizam para a produção de outros bens tais como as matérias-
primas e os equipamentos;
b) Bens de consumo: os bens de consumo são bens que satisfazem directamente as
necessidades humanas, entre os quais os alimentos, o vestuário e os serviços lúdicos.

III. Quanto às suas relações recíprocas

a) Bens substitutos: Dois bens são substitutos entre si se for possível a sua substituição
para satisfação da mesma necessidade (como por exemplo o sumo e a coca-cola ou a
televisão e o cinema);
b) Bens suplementares dizem-se complementares se a satisfação de determinada
necessidade se processar melhor quando foram consumidos os dois bens em
simultâneo (como por exemplo o carro e a gasolina ou o fogão e o gás);
c) No caso de dois bens cujas procuras são relativamente autónomas, dizem-se
independentes.
Os bens podem ainda ser divididos quanto à possibilidade ou não de armazenamento e
transporte. Quando existe a possibilidade de armazenar e transportar o bem, transferindo para
o futuro a sua utilização ou consumo, este pode adquirir a designação de produto; sempre que
tal seja impossível, obrigando a que a sua utilização ou consumo tenha que ser efectuada no
momento da sua produção, o bem adquire a designação de serviço. A distinção entre produtos
e serviços pode ser efectuada também quanto à sua tangibilidade: no caso de ser um bem
tangível, é considerado um produto; quanto o bem é intangível, então é considerado um serviço.

• Noção e tipos de Consumo

Podemos considerar o consumo como objectivo último de toda a actividade de produção de


bens. Sem o consumo, a produção não teria qualquer sentido.

Podemos definir Consumo, como a utilização dos bens e serviços para a satisfação das
necessidades.

Tanto como para os bens, o consumo também pode assumir classificações tendo em conta
alguns critérios, como podemos ver na figura abaixo.

Quando utilizamos os bens na satisfação directa das nossas necessidades, estamos perante a
um consumo final. Ou seja, quando o objectivo é consumir o bem de modo a satisfazer
directamente a necessidade humana e mais nada.

Quando utilizamos bens de produção, nunca os consumimos directamente. São utilizados


sempre na produção de outros bens. Quando utilizamos os instrumentos de trabalho na
produção de outros bens, estamos a consumi-los gradualmente. Mas quando utilizamos
matérias primas na produção de bens consumimo-las de uma só vez (é o caso da farinha de trigo
no fabrico do pão: desaparece como farinha, mas aparece transformado sob a forma de pão).
Quer no caso do consumo de instrumentos, quer no consumo de matérias primas, estamos
perante um consumo intermédio ou produtivo. O valor destes bens vai sendo incluído no valor
dos bens de consumo final.

Há, todavia, bens que podem servir para os dois tipos de consumo. Por exemplo, quando
utilizamos a manteiga para barrar o pão que vamos comer, estamos a fazer um consumo final.
Mas, quando uma pastelaria utiliza para fabricar bolos, está a fazer um consumo intermédio.

Segundo o outro critério, como já vimos o consumo pode ser de primeira necessidade ou
essencial e supérfluo ou de luxo. Entre os primeiros, podemos referir todos os que são
indispensáveis a um correcto desenvolvimento da vida humana: a alimentação, o vestuário,
etc.., são consumos essências. Pelo contrário, o uso de bebidas alcoólicas, certos alimentos caros
e dispensáveis, o consumo de tabaco, etc., são gastos supérfluos.

1.3 Os problemas económicos fundamentais e a Fronteira de Possibilidade de Produção


(FPP)

• O problema da escassez e a tomada de decisões

Em qualquer sociedade, os recursos produtivos ou factores de produção (mão-de-obra, terra,


matérias-primas, dentre outros) são limitados. Por outro lado, as necessidades humanas são
ilimitadas e sempre se renovam, por força do próprio crescimento populacional e do contínuo
desejo de elevação do padrão de vida. Independentemente do grau de desenvolvimento do país,
nenhum deles dispõe de todos os recursos necessários para satisfazer todas as necessidades da
colectividade.

Tem-se então um problema de escassez que é a situação da economia caracterizada por


recursos limitados contrapondo-se a necessidades humanas ilimitadas.

Segundo Mankiw (2005), não há nada de misterioso sobre o que vem a ser uma economia. Em
qualquer parte do mundo, o termo refere-se a um grupo de pessoas que interagem entre si e,
dessa forma, vão levando a vida. Logo, o que devemos entender, quando se quer compreender
uma economia é saber como são tomadas as decisões.

O processo de tomada de decisão envolve quatro princípios:

i. As pessoas precisam fazer escolhas, e essas escolhas não são de graça. Elas precisam
ser feitas tendo em vista que os recursos são escassos. Não é possível atender a todas
as necessidades de maneira ilimitada. Portanto, a sociedade precisa fazer suas escolhas,
assim como os indivíduos. Isto é, existe um trade-offs;
ii. O custo real de alguma coisa é o que o indivíduo deve despender para adquiri-la, ou
seja, o custo de um produto ou serviço refere-se àquilo que tivemos que desistir para
conseguir compensar com outra coisa;
iii. Pessoas são consideradas racionais e, por isso, elas pensam nos pequenos ajustes
incrementais de todas as suas decisões, nos ganhos adquiridos em função das suas
escolhas. Isto significa que as pessoas e empresas podem melhorar seu processo de
decisão pensando na margem. Portanto, um tomador de decisão considerado racional
deve executar uma acção se, e somente se, o resultado dos benefícios marginais for
superior aos seus custos marginais3;
iv. As pessoas reagem a estímulos. Como elas tomam suas decisões levando em conta os
benefícios e seus custos, qualquer alteração nessas variáveis pode alterar o
comportamento da sua decisão. Assim, o mínimo incentivo que ocorra pode alterar a
conduta do tomador de decisões. Nota-se que os formuladores de políticas públicas
fazem bastante uso deste princípio.
Em função da escassez de recursos, toda sociedade tem de escolher entre alternativas de
produção e de distribuição dos resultados da actividade produtiva entre os vários grupos da
sociedade.

Essa é a questão central do estudo da Economia: como alocar recursos produtivos limitados para
satisfazer todas as necessidades da população.

• Questões centrais do estudo da economia

como alocar recursos produtivos limitados (escassos) para satisfazer a todas as necessidades da
população? Essa questão levou a sociedade a repensar sobre os modelos de sistema económico.

Da escassez dos recursos ou factores de produção, associada às necessidades ilimitadas do


homem, origina-se os chamados problemas económicos fundamentais.

i. O quê e quanto produzir: dada a escassez de recursos de produção, a sociedade terá de


escolher, dentro do leque de possibilidades de produção, quais produtos serão
produzidos e as respectivas quantidades a serem fabricadas;
ii. Como produzir: a sociedade terá de escolher ainda quais recursos de produção serão
utilizados para a produção de bens e serviços, dado o nível tecnológico existente. A
concorrência entre os diferentes produtores acaba decidindo como serão produzidos os
bens e serviços. Os produtores escolherão, entre os métodos mais eficientes, aquele
que tiver o menor custo de produção possível;
iii. Para quem produzir: a sociedade terá também de decidir como seus membros
participarão da distribuição dos resultados de sua produção. A distribuição da renda
dependerá não só da oferta e da demanda nos mercados de serviços produtivos, ou
seja, da determinação dos salários, das rendas da terra, dos juros e dos benefícios do
capital, mas também da repartição inicial da propriedade e da maneira como ela se
transmite por herança.
O modo como as sociedades resolvem os problemas económicos fundamentais depende da
forma da organização económica do país, ou seja, do sistema económico de cada nação. Assim,
podemos ter em resumo:

3
Os economistas usam o termo mudanças marginais para explicar os pequenos ajustes incrementais a
uma acção existente, ou seja, a cada aumento de produção é possível verificar o nível de acréscimo
alcançado.
1.4 Fronteira de Possibilidade de Produção (FPP)

O problema económico de base, isto é, a facto de que os recursos estão disponíveis em


quantidades limitadas e a necessidade consequente de escolher, pode ser expresso através da
representação gráfica da FPP.

Na análise de negócios, a fronteira de possibilidade de produção (FPP) é uma curva que ilustra
as variações nas quantidades que podem ser produzidas de dois produtos se ambos dependem
do mesmo recurso finito para sua fabricação.

A curva da transformação ou FPP mostra a quantidade máxima de bens ou serviços que uma
determinada economia pode produzir, dados os recursos e a tecnologia de que dispõe e dadas
as quantidades de outros bens e serviços que também produz. FPP também desempenha um
papel crucial na economia. Ele pode ser usado para demonstrar o ponto em que a economia de
qualquer nação atinge seu maior nível de eficiência quando produz apenas o que é mais
qualificado para produzir e negocia com outras nações pelo restante do que precisa

A Fronteira de Possibilidades de Produção representa as quantidades máximas de produção que


podem ser obtidas por uma economia dadas as tecnologias de produção existentes e as
quantidades de factores de produção disponíveis nessa economia. A Fronteira de Possibilidades
de Produção representa assim uma lista de combinações de escolha possível de bens numa
determinada economia. A existência desta fronteira implica que quanto mais recursos
utilizarmos na produção de determinado bem, menos recursos podem ser utilizados na
produção de um outro. Os economistas usam a FPP para demonstrar que uma nação eficiente
produz o que é mais capaz de produzir e negocia com outras nações pelo resto.

Para simplificar o problema de escolha, considere-se:

• Uma economia que dispõe de uma dotação fixa de factores produtivos;


• Todos os factores estão a ser empregues;
• Apenas se produzem 2 bens.

• Interpretação da FPP

A FPP é Fronteira de Possibilidades de Produção é representada por uma curva que une os eixos
X e Y, representando as quantidades máximas que é possível produzir de um bem, tendo em
conta a quantidade produzida de um outro bem. Cada ponto do arco mostra o número mais
eficiente dos dois bens que podem ser produzidas com os recursos disponíveis

Vamos partir de uma situação hipotética de uma Economia que produz dois bens: Vestuário e
alimentos, como podemos ver no gráfico abaixo. Os pontos A, B e C na curva FPP representam
o uso mais eficiente dos recursos pela economia.

Fronteira de Possibilidade de Produção

• A FPP e a eficiência de Pareto

A eficiência de Pareto, um conceito em homenagem ao economista italiano Vilfredo Pareto4,


mede a eficiência da alocação de mercadorias no FPP. A eficiência de Pareto afirma que qualquer
ponto dentro da curva FPP é ineficiente porque a produção total da economia está abaixo da
capacidade de produção. Inversamente, qualquer ponto fora da curva do FPP é impossível
porque representa um mix de mercadorias que requererá mais recursos para produzir do que é
actualmente obtido.

No gráfico acima, produzir no ponto B é tão desejável quanto produzir A e no ponto C. O ponto
N representa um uso ineficiente de recursos, ou seja, existem recursos da economia que não
estão a ser utilizados. Já o ponto P, representa uma meta que a economia simplesmente não
pode atingir com seus níveis actuais de recursos, ou seja, a economia não tem recursos
suficientes para produzir no ponto em causa. Portanto, em situações com recursos limitados, as
combinações eficientes são apenas aquelas que se encontram ao longo da curva FPP, com um
bem no eixo X e a outra no eixo Y e neste sentido, a sociedade não pode produzir uma
quantidade superior de um bem sem reduzir a quantidade produzida de outro.

4
Vilfredo Pareto (1848-1923): Sociólogo e economista italiano, ficou conhecido como o fundador da
aplicação da matemática à análise económica. Como economista, a sua notoriedade deve-se em grande
medida à introdução do instrumento analítico das "curvas de indiferença", vulgarizado a partir dos anos
30. As suas obras principais são: Cours d'Economie Politique (1896-97); Manuale d'Economia Política
(1906); Trattato di Sociologia Generale (1916).
• O Custo de Oportunidade

Os custos de oportunidade representam os benefícios que um indivíduo, investidor ou empresa


perde quando escolhe uma alternativa em detrimento de outra, ou seja, valor económico da
melhor alternativa sacrificada ao se optar pela produção de um determinado bem ou serviço.

O custo de oportunidade também é chamado de custo alternativo ou, ainda, custo implícito
(pois não implica dispêndio monetário). Mediante esse conceito, com ampla aplicação na teoria
económica, procura-se mostrar que, dada a escassez de recursos, tudo tem um custo em
economia, mesmo não envolvendo dispêndio financeiro.

Fórmula e cálculo de custo de oportunidade

Custo de oportunidade = OF - CO

Onde: OF = Retorno a melhor opção perdida e CO = Retorno na opção escolhida

Como, por definição, eles são invisíveis, os custos de oportunidade podem ser facilmente
ignorados se não formos cuidadosos. Compreender as oportunidades perdidas em potencial,
escolhendo um investimento em detrimento de outro, permite uma melhor tomada de decisão.

Assim, analisando o gráfico acima, se a partir de uma dada situação, se decide produzir mais
alimentos e se orientam os esforços nesse sentido, terá de se estar disposto a produzir menos
vestuário. Deste modo o aumento da produção de alimentos tem um custo para a sociedade em
termos de vestuário que se deixou de produzir.

Se todos os recursos estão a ser plena e eficientemente utilizados, num mundo de escassez para
produzir uma quantidade superior de um bem é necessário reduzir a produção de outro. E essa
quantidade que se reduz é o designado custo de oportunidade.

• Características da FPP

A FPP é uma curva decrescente e côncava em relação à origem. Ela é decrescente devido ao
sacrifício que tem de ser feito ao optar-se pela produção de um bem quando os recursos estão
plenamente empregados, ou seja, devido ao facto de o aumento da produção de um bem
implicar a redução da produção do outro. (↑ de um bem → ↓do outro bem).

É côncava em relação à origem porque os factores produtivos não são igualmente aptos para a
produção dos bens, os valores do custo de oportunidade aumentam à medida que se vai
substituindo cada vez mais um bem por outro. Isto é, devido aos custos crescentes, ou seja, para
atrair trabalhadores que estão empregados no sector de um bem e deslocá-los para a produção
de um outro bem, deverão ser oferecidos salários maiores, e vice-versa.

• A deslocação da FPP e o crescimento económica

Como já vimos, a FPP traça o limite das opções viáveis e com os recursos disponíveis, os níveis
de produção acima da FPP são inatingíveis. Porém, com o decorrer do tempo tais pontos podem
ser alcançados se, se incrementar a capacidade produtiva económica. O crescimento entendido
com uma deslocação da FPP para a direita, pode ter lugar em resultado de um qualquer dos
seguintes acontecimentos:

▪ Melhoria tecnológica no sentido de novos e melhores métodos para produzir bens e


serviços;
▪ Aumento do volume de capital;
▪ Aumento da força do trabalho;
▪ Descoberta de novos recursos naturais.
Assim, a produção aumentaria e a FPP seria empurrado para fora. Uma nova curva, representada
na figura abaixo, mostra a nova alocação eficiente de recursos.

Quando o FPP se desloca para a direita, implica crescimento em uma economia. Quando muda
para dentro, indica que a economia está decrescendo devido a uma falha na alocação de
recursos e na capacidade ideal de produção.

Uma economia só pode ser analisada numa FPP na teoria. Na realidade, as economias lutam
constantemente para alcançar uma capacidade de produção ideal. E como a escassez força uma
economia a renunciar a alguma opção em favor de outras, como já foi dito, a inclinação do FPP
será sempre negativa. Ou seja, se a produção do produto A aumentar, a produção do produto B
terá que diminuir.

Sabendo que a FPP mostra o conjunto de combinações possíveis de bens que uma sociedade
pode produzir, a mesma dá uma resposta de como as pessoas podem resolver os problemas
económicos fundamentais. Assim, a FPP é uma ferramenta útil em termos de programação da
produção em uma economia e indispensável para definir a forma de organização económica, ou
seja, sistema económico que uma economia poderá adoptar.

1.5 Sistema económico

De um ponto de vista global, a sociedade de cada país está organizada para desenvolver as
actividades económicas de produção, distribuição e consumo de bens e serviços. Toda economia
opera segundo um conjunto de regras e regulamentos que regulam as relações laborais,
autorizam a produção de certos bens, prestação de alguns serviços, oficializar algumas
instituições, reconhecer a propriedade dos meios de trabalho, etc.

Todas as leis, regulamentos, costumes e práticas tomados em conjunto, e suas relações como
os componentes de uma economia (Empresas, Famílias e Governo) constituem um "Sistema
Económico".

• Sistema Económico: é o conjunto de relações básicas, técnicas e institucionais que


caracterizam a organização económica de uma sociedade e condicionam o sentido geral
das suas decisões fundamentais e as causas predominantes da sua actividade.
Todo o tipo de sistema económico deve responder as três questões fundamentais da economia.
Para responder estas três perguntas fundamentais da economia, existem basicamente três
mecanismos ou sistemas: economia de mercado, economia de planificação central e a
economia mista.

• Economia de Mercado

A expressão Economia de Mercado designa um tipo de sistema económico em que as principais


decisões quanto ao quê, ao como e ao para quem devem ser produzidos os bens são tomadas
pelo próprio mercado.

Opõe-se, portanto às designadas Economias de centralizadas em que estas decisões são


tomadas pelo Estado. Pelo contrário, numa economia de mercado o papel do Estado na
economia é reduzido ao mínimo necessário para garantir o funcionamento do próprio mercado,
nomeadamente através da regulação, da fiscalização e da correcção de algumas falhas de
mercado.

Da mesma forma, e ao contrário do que acontece nas Economias Centralizadas, numa economia
de mercado a propriedade dos factores de produção é privada e o mecanismo regulador é preço
definido no próprio mercado, que actua com o objectivo de maximizar o lucro dos produtores e
de maximizar a utilidade dos consumidores.

É caracterizada por propriedade privada, liberdade de escolha, interesse próprio, plataformas


otimizadas de compra e venda, concorrência e intervenção governamental limitada.

A concorrência impulsiona a economia de mercado, otimizando a eficiência e a inovação. As


economias de mercado marginalizam aquelas que não conseguem competir, contribuindo para
a desigualdade de renda.

▪ As características de uma economia de mercado

1. Propriedade privada
A maioria dos bens e serviços são de propriedade privada. Os proprietários podem fazer
contratos juridicamente vinculativos para comprar, vender ou arrendar suas
propriedades. Seus ativos lhes dão o direito de lucrar com a propriedade;
2. Liberdade de escolha
Os proprietários são livres para produzir, vender e comprar bens e serviços em um
mercado competitivo. Eles têm apenas duas restrições:
o Primeiro é o preço pelo qual eles estão dispostos a comprar ou vender.
o O segundo é a quantidade de capital que eles têm;
3. Motivo de interesse próprio
Todo mundo vende seus produtos para a maior proposta enquanto negocia o menor
preço para suas compras. Embora o motivo seja egoísta, beneficia a economia a longo
prazo;
4. Concorrência
A força da pressão competitiva mantém os preços baixos. Também garante que a
sociedade forneça bens e serviços com mais eficiência. Assim que a procura aumenta
para um bem em particular, os preços aumentam graças à lei da procura. Os
concorrentes vêem que podem aumentar seu lucro produzindo-o e aumentando a
oferta. Isso reduz os preços para um nível em que apenas os melhores concorrentes
permanecem. Essa pressão competitiva também se aplica a trabalhadores e
consumidores. Os funcionários competem entre si pelos empregos mais bem pagos. Os
compradores competem pelo melhor produto pelo menor preço;
5. Sistema de Mercados e Preços
Uma economia de mercado depende de um mercado eficiente para vender bens e
serviços. É aí que todos os compradores e vendedores têm acesso igual à mesma
informação. As mudanças de preço são reflexos puros das leis de oferta e procura;
6. Governo limitado
O papel do governo é garantir que os mercados estejam abertos e funcionando.
Também garante que todos tenham acesso igual aos mercados. O governo penaliza
monopólios que restringem a concorrência. Garante que ninguém esteja manipulando
os mercados e que todos tenham acesso igual às informações.
Uma economia de mercado tem algumas vantagens, embora elas também apresentem algumas
desvantagens importantes.

▪ Vantagens de uma economia de mercado

• Como uma economia de mercado permite a livre interação entre oferta e procura,
garante que os bens e serviços mais desejados sejam produzidos. Os consumidores
estão dispostos a pagar o preço mais alto pelas coisas que mais desejam. As empresas
criarão apenas as coisas que geram lucro;
• Os bens e serviços são produzidos da maneira mais eficiente possível. As empresas mais
produtivas ganharão mais do que menos produtivas;
• Existência de recompensa e inovação, isto é, novos produtos criativos atenderão às
necessidades dos consumidores da melhor maneira que os bens e serviços existentes.
Essas tecnologias de ponta se espalharão para outros concorrentes, para que também
possam ser mais rentáveis;
• As empresas mais bem-sucedidas investem em outras empresas de primeira linha. Isso
lhes dá uma vantagem e leva ao aumento da qualidade da produção.
▪ Desvantagens de uma economia de mercado

• O principal mecanismo de uma economia de mercado é a concorrência. Como resultado,


não possui um sistema para cuidar daqueles que estão em desvantagem competitiva
inerente. Isso inclui idosos, crianças e pessoas com deficiência mental ou física;
• Os cuidadores dessas pessoas estão em desvantagem. Suas energias e habilidades vão
para cuidar, não para competir. Muitas dessas pessoas podem se tornar contribuintes
da vantagem comparativa geral da economia se não fossem cuidadoras;
• Os recursos humanos da sociedade podem não ser otimizados. Por exemplo, uma
criança talentosa em futebol, poderia jogar nos escalões jovens do Petro Atletico de
Luanda para sustentar sua família de baixa renda;
• A sociedade reflete os valores dos vencedores na economia de mercado. Uma economia
de mercado pode produzir jatos particulares para alguns enquanto outros passam fome
e ficam desabrigados. Uma sociedade baseada em uma economia de mercado pura
deve decidir se é do seu maior interesse cuidar dos vulneráveis;

• Economia Centralizada

A expressão Economia Centralizada (ou Economia de Direcção Central) designa um tipo de


sistema económico em que as principais decisões quanto ao quê, ao como e ao para quem
devem ser produzidos os bens são tomadas ao nível central pelo Estado. Opõe-se, portanto às
designadas Economias de Mercado em que a intervenção do Estado na economia é reduzida ao
mínimo necessário para garantir o funcionamento do próprio mercado.

Numa economia centralizada a propriedade dos factores de produção é colectiva ou estatal e o


mecanismo regulador da economia são os planos efectuados pelo próprio Estado, desenvolvidos
com o objectivo de maximizar a satisfação das necessidades da população. Nestes planos é
definida toda a orientação económica nomeadamente, os preços, as quantidades de bens a
produzir, os locais de produção, etc., retirando toda a liberdade de actuação aos agentes
económicos. Esta forma de actuar sobre a economia obriga a um profundo conhecimento das
necessidades dos indivíduos e dos factores produtivos disponíveis pois só assim é possível
determinar o quê, o quanto e o como produzir.

Apesar de alguns méritos que se lhe reconhece, nomeadamente a possibilidade de se atingirem


situações de pleno emprego e de se evitarem as crises cíclicas características das economias de
mercado, a falta de liberdade dos agentes económicos e as grandes ineficiências decorrentes do
não funcionamento do mercado livre levaram a queda da maioria dos sistemas de economia de
direcção central, restando actualmente um muito reduzido número de países com este sistema
económico.

Alguns exemplos de Economias de Direcção Central são os casos da antiga União das Repúblicas
Socialistas Soviéticas (URSS) e dos países da sua esfera de influência, a maioria dos quais
transitou já para economias de mercado, incluínda Angola que, após a independência adoptou
o sistema de economia centralizada, tendo mudado para economia de mercado em 1992.
Em uma Economia Centralizada o sistema de preços não funciona como mecanismo
orientador, mas sim para facilitar a consecução dos objetivos de produção estabelecidos pelo
Estado.

Podemos assim sistematizar os sistemas de mercado e centralizado:

▪ Características de uma economia de centralizada

Podemos identificar uma economia centralizada pelas cinco características a seguir:

1. O governo cria um plano económico central. O plano de longo prazo estabelece metas
económicas e sociais para todos os setores e regiões do país. Planos de curto prazo
convertem as metas em objectivos alcansáveis;
2. O governo aloca todos os recursos de acordo com o plano central. Ele tenta usar o
capital, o trabalho e os recursos naturais da nação da maneira mais eficiente possível.
Promete usar as habilidades de cada pessoa em sua capacidade mais alta. Procura
eliminar o desemprego;
3. O plano central define as prioridades para a produção de todos os bens e serviços. Isso
inclui quotas e controlos de preços. Seu objectivo é fornecer comida, residência e outros
bens básicos suficientes para atender às necessidades de todos no país. Também define
prioridades nacionais. Isso inclui mobilizar-se para a guerra ou gerar crescimento
económico robusto;
4. O governo possui empresas de monopólio. Estes estão em sectores considerados
essenciais para os objetivos da economia. Isso inclui finanças, serviços públicos e
automotivo. Não há concorrência nacional nesses sectores;
5. O governo cria leis, regulamentos e diretrizes para fazer cumprir o plano central. As
empresas seguem as metas de produção e contratação do plano. Eles não podem
responder sozinhos às forças de livre mercado.
Uma economia centralizada tem algumas vantagens, embora elas também apresentem algumas
desvantagens importantes.
▪ Vantagens da Economia Centralizada

• Pode manipular grandes quantidades de recursos para grandes projectos sem acções
judiciais ou questões regulatórias ambientais;
• Uma sociedade inteira pode ser transformada para se adaptar à visão do governo, de
nacionalizar empresas a colocar trabalhadores em novos empregos após uma avaliação
de habilidades do governo;
• As economias centralizadas podem rapidamente mobilizar recursos económicos em
larga escala. Eles podem executar procjectos maciços, criar energia industrial e atingir
objectivos sociais. Eles não são retardados por acções de indivíduos ou declarações de
impacto ambiental;

▪ Desvantagens da Economia Centralizada

• As economias centralizadas desencorajam a inovação. Eles recompensam os líderes


empresariais por seguirem as diretrizes. Este sistema não permite correr riscos
necessários para criar novas soluções. As economias centralizadas lutam para produzir
as exportações certas a preços de mercado global. É um desafio para os planeamentos
centrais atender às necessidades do mercado doméstico. Atender às necessidades dos
mercados internacionais é ainda mais complexo;
• Elas costumam produzir muito de um bem e não o suficiente de outro. É difícil para os
fazedores de planos centrais obter informações atualizadas sobre as necessidades dos
consumidores. Além disso, os preços são definidos pelo plano central. Eles não medem
mais ou controlam a procura. Em vez disso, o racionamento geralmente se torna
necessário;
• As economias centralizadas abatem outras necessidades da sociedade. Por exemplo, o
governo diz aos trabalhadores quais empregos eles devem cumprir. Isso os desencoraja
a se mover.
Os bens que produz nem sempre são baseados na procura do consumidor. Mas os
cidadãos encontram uma maneira de satisfazer suas necessidades. Eles costumam
desenvolver uma economia paralela ou mercado negro. Ele compra e vende as coisas
que a economia centralizada não produz. As tentativas dos líderes de controlar esse
mercado enfraquecem o suporte a eles.

• Economia Mista

Actualmente, e nas economias modernas, os sistemas económicos tendem para um misto entre
a Economia de Mercado e o Economia Centralizada, sistemas em que o Estado, além do papel
de supervisão e regulação e de correcção de falhas de mercado, assume também um importante
papel social de redistribuição de riqueza.

Uma economia mista é um sistema que abrange elementos de sistemas de mercado centralizado
e de livre mercado. Embora não exista uma definição única de economia mista, ela geralmente
envolve um grau de liberdade económica misturada à regulamentação governamental dos
mercados. A maioria das economias modernas é mista, incluindo os Estados Unidos e Cuba. Os
países esperam que, abraçando elementos de ambos os sistemas, possam obter os benefícios
de ambos, minimizando as desvantagens dos sistemas.

Em geral, a maioria dos meios de produção em uma economia mista é de propriedade privada.
Existem algumas excepções a essa regra geral, como alguns hospitais e empresas. A propriedade
predominantemente privada de todos os meios de produção permite que o mercado responda
rapidamente às mudanças nas circunstâncias e aos factores económicos. Como resultado, o
mercado é geralmente a forma dominante de coordenação económica. No entanto, para mitigar
a influência negativa que uma economia de mercado pura exerce sobre a justiça e a distribuição,
o governo influencia fortemente a economia através da intervenção directa em uma economia
mista.

▪ Caraterísticas de uma economia mista

Uma economia mista é um sistema que combina características de mercado e centralizada. Ela
se beneficia das vantagens das duas e apresenta poucas desvantagens.

Uma economia mista possui três das seguintes características de uma economia de mercado:

• Protege a propriedade privada;


• Permite que o mercado livre e as leis de oferta e demanda determinem os preços;
• É impulsionada pela motivação do interesse próprio dos indivíduos.
A maioria das economias mistas possui também algumas características de uma economia
centralizada em áreas estratégicas, nomeadamente:

• O governo tem um grande papel no setor militar, comércio internacional e transporte


nacional;
• O papel do governo em outras áreas depende das prioridades dos cidadãos. Em alguns,
o governo cria um plano central que guia a economia. Outras economias mistas
permitem que o governo possua indústrias-chave. Isso inclui aeroespacial, produção de
energia e até serviços bancários. O governo também pode gerenciar programas de
assistência médica, assistência social e aposentadoria.

▪ Vantagens de uma economia mista

Uma economia mista tem as vantagens de uma economia de mercado

• Distribui bens e serviços para onde eles são mais necessários. Permite que os preços
medam a oferta e a procura;
• Recompensa os produtores mais eficientes com o maior lucro. Isso significa que os
clientes obtêm o melhor valor pelos seus recursos monetários;
• Incentiva a inovação a atender às necessidades dos clientes de maneira mais criativa,
barata ou eficiente;
• Aloca automaticamente capital aos produtores mais inovadores e eficientes. Eles, por
sua vez, podem investir o capital em mais negócios como eles.
Uma economia mista também minimiza as desvantagens de uma economia de mercado. Uma
economia de mercado poderia negligenciar áreas como defesa, tecnologia e aeroespacial. Um
papel governamental maior permite uma rápida mobilização para essas áreas prioritárias.

O papel ampliado do governo também garante que os membros menos competitivos recebam
cuidados. Isso supera uma das desvantagens de uma economia de mercado pura que
recompensa apenas aqueles que são mais competitivos ou inovadores. Quem não pode
competir permanece em risco

▪ Desvantagens de uma economia mista

Uma economia mista também pode assumir todas as desvantagens dos outros tipos de
economia. Depende apenas de quais características a economia mista enfatiza.

• Por exemplo, se o mercado tiver muita liberdade, poderá deixar os membros menos
competitivos da sociedade sem nenhum apoio do governo;
• O planeamento central das indústrias governamentais também cria problemas. A
indústria de defesa pode se tornar um sistema de monopólio ou oligarquia subsidiado
pelo governo. Isso poderia aumentar a dívida do país, retardando o crescimento
económico a longo prazo;
• Empresas bem-sucedidas podem pressionar o governo por mais subsídios e incentivos
fiscais. O governo poderia proteger tanto o livre mercado que não regula o suficiente.
Por exemplo, empresas grandes demais para falir podem ser socorridas pelo governo se
começarem à falência.

Um dos factos a merecer o realce é o facto de que a maioria das principais economias do mundo
agora é mista.

A globalização dificulta que as economias centralizadas evitem se tornar uma economia mista.
Uma razão é que a maioria dos líderes dos países percebe que seu povo é mais bem servido
através do comércio internacional. De acordo com a teoria da vantagem comparativa, um país
prospera quando exporta o que faz de melhor e importa o que outro país faz de melhor. É por
isso que a maioria dos países importa petróleo da Arábia Saudita, roupas da China e tequila
do México.

Outra razão é que o livre mercado é a base da economia global. Nenhum governo o controla. As
organizações mundiais implementaram alguns regulamentos e acordos, mas não há governo
mundial com o poder de criar uma economia de comando global
Parte II: Introdução à Microeconómica

2.1 Uma visão geral da Microeconomia

As sociedades são caracterizadas pela existência de recursos escassos mediante várias


necessidades por satisfazer constituindo assim os chamados problemas económicos. Os
desdobramentos lógicos desses problemas levam ao estudo do comportamento económico
individual de consumidores e firmas, bem como a distribuição da produção e rendimento entre
eles. A Microeconomia é considerada a base da moderna teoria económica, estudando suas
relações fundamentais. As famílias são consideradas fornecedores de trabalho e capital, e
demandantes de bens de consumo. As firmas são consideradas demandantes de trabalho e
factores de produção e fornecedoras de produtos.

Microeconomia é o estudo do que é provável que ocorra (tendências) quando os indivíduos


fazem escolhas em resposta a mudanças nos incentivos, preços, recursos e / ou métodos de
produção. Os actores individuais geralmente são agrupados em subgrupos microeconómicos,
como compradores, vendedores e proprietários de empresas. Esses grupos criam a oferta e a
procura por recursos, usando dinheiro e taxas de juros como mecanismo de precificação para
coordenação.

Os consumidores maximizam a utilidade a partir de um orçamento determinado. As firmas


maximizam lucro a partir de custos e receitas possíveis.

Microeconomia é o estudo de decisões tomadas por pessoas e empresas em relação à alocação


de recursos e preços de bens e serviços. A microeconomia concentra-se na oferta e demanda e
outras forças que determinam os níveis de preços na economia. É preciso o que é chamado de
abordagem de baixo para cima para analisar a economia.

2.1.1 Os usos da microeconomia

A microeconomia não tenta responder ou explicar quais forças


devem ocorrer em um mercado. Em vez disso, tenta explicar o que
acontece quando há mudanças em determinadas condições.

Por exemplo, a microeconomia examina como uma empresa pode


maximizar sua produção e capacidade para reduzir preços e competir
melhor em seu sector. Muitas informações microeconómicas podem
ser obtidas nas demonstrações financeiras.

Como uma parte da ciência económica e puramente normativa, a microeconomia não tenta
explicar o que deve acontecer em um mercado. Em vez disso, a microeconomia explica apenas
o que esperar se determinadas condições mudarem.

Se um fabricante aumenta os preços dos carros, a microeconomia diz que os consumidores


tendem a comprar menos do que antes. Se uma grande mina de cobre entrar em colapso na
América do Sul, o preço do cobre tenderá a aumentar, porque a oferta ficará restrita.
A microeconomia pode ajudar um investidor a entender por que os preços das acções de uma
empresa podem cair se os consumidores comprarem menos os produtos da mesma. A
microeconomia também poderia explicar por que um salário mínimo mais alto pode forçar a
uma dada empresa a contratar menos trabalhadores.

A microeconomia procura analisar o mercado e outros tipos de mecanismos que estabelecem


preços relativos entre os produtos e serviços, alocando de modos alternativos os recursos dos
quais dispõe determinados indivíduos organizados numa sociedade.

“As regras da microeconomia fluem de um conjunto de leis e teoremas compatíveis, em vez de


começar com um estudo empírico, evidenciando sempre a hipótese coeteris paribus”.

2.1.2 Método de Microeconomia

O estudo microeconómico tem sido historicamente realizado de acordo com a teoria geral do
equilíbrio, desenvolvida por Leon Walras em “Elements of Pure Economics -1874” e a teoria do
equilíbrio parcial, introduzida por Alfred Marshall em “Principles of Economics-1890”. Os
métodos marshalliano e walrasiano sustentam a maior parte da teoria da microeconomia
neoclássica.

A economia neoclássica se concentra em como consumidores e produtores fazem escolhas


racionais para maximizar seu bem-estar económico, sujeitos às restrições de quanto renda e
recursos eles têm disponíveis. Os economistas neoclássicos fazem suposições simplificadoras
sobre os mercados, como conhecimento perfeito, número infinito de compradores e
vendedores, bens homogéneos ou relações variáveis estáticas para construir modelos
matemáticos de comportamento económico.

Esses métodos tentam representar o comportamento humano na linguagem matemática


funcional, o que permite aos economistas desenvolver modelos matematicamente testáveis de
mercados individuais. Os neoclássicos acreditam na construção de hipóteses mensuráveis sobre
eventos económicos, usando evidências empíricas para ver quais hipóteses funcionam melhor.
Dessa maneira, eles seguem o ramo da filosofia “positivismo lógico” ou “empirismo lógico”. A
microeconomia aplica uma variedade de métodos de pesquisa, dependendo da questão que
está sendo estudada e dos comportamentos envolvidos.

2.1.3 Divisão do estudo da Microeconomia

Podemos analisar a economia examinando como as decisões de indivíduos e empresas alteram


os tipos de bens que são produzidos. Porém, o comportamento dos agentes económicos de
forma individual é que determina o curso da economia fazendo escolhas que melhor se ajustam
à percepção de custo e benefício. Assim, sabendo que a microeconomia se preocupa em explicar
o comportamento individual dos agentes económicos como, compradores (consumidores),
vendedores (produtores) bem como os factores que influenciam as suas decisões, podemos
dividir o estudo da microeconomia em:
• Teoria do Mercado: analisa o comportamento da oferta, procura de bens e serviços
assim como o efeito na variação das variáveis que influencia estas duas principais
componentes do mercado.
• Teoria do Consumidor: Estuda as preferências do consumidor analisando o seu
comportamento, as suas escolhas, as restrições quanto a valores e a demanda de
mercado. A partir dessa teoria se determina a curva de demanda.
• Teoria da Firma: Estuda a estrutura económica de organizações cujo objectivo é
maximizar lucros. Organização que para isso compram factores de produção e vendem
o produto desses factores de produção para os consumidores. Estuda estruturas de
mercado tanto competitivas quanto monopolísticas. A partir dessa teoria se determina
a curva de oferta.
• Teoria da Produção: Estuda o processo de transformação de factores adquiridos pela
empresa em produtos finais para a venda no mercado. Estuda as relações entre as
variações dos factores de produção e sua consequência no produto final. Determina as
curvas de custo, que são utilizadas pelas firmas para determinar o volume óptimo de
oferta.
A Microeconomia explica também as práticas de mercado, sendo estas divididas em: Monopólio,
Monopsónio, Oligopólio, Oligopsónio, Concorrência perfeita e Concorrência monopolística.

A microeconomia estuda as interacções que ocorrem nos mercados em função da informação


existente e da regulação estatal.

Para Paul Krugman e Robin Wells5,

"uma das principais questões da microeconomia é a busca da


validade da intuição de Adam Smith, saber se os indivíduos na busca
dos seus interesses próprios contribuem para promover os interesses
da sociedade no seu conjunto"

2.2 Teoria do Mercado

2.2.1 Noção de mercado

É sabido que quando os bens e serviços saem da esfera da produção, vão para esfera da
circulação para então chegarem até aos consumidores finais. O processo de transacção dos bens
e serviços produzidos na economia é efectuado através do mecanismo de mercado.

Originalmente o termo mercado, do latim, era utilizado para designar o sítio onde compradores
e vendedores se encontravam para trocar os seus bens.

O Mercado pode assim ser definido como sendo o encontro entre agentes económicos
(compradores e vendedores) para procederem a troca de bens ou serviços mediante um preço.

5
Krugman, Paul R; Wells, Robin. (2009). Economic. New York, NY: Worth Publishers. p. 27. ISBN 978-0-
7167-7158-6
Para que exista mercado é necessário que haja pelo menos um vendedor (que representa o lado
da oferta), um comprador (que representa o lado da procura) e um preço.

O mercado pode ser físico ou virtual. É físico quando nos referimos a um local físico onde os
compradores e vendedores se encontram e transaccionam bens e serviços mediante a um preço,
como por exemplo a praça do asa branca no Cazenga. Já o mercado virtual (abstracto) é aquele
em que os compradores e vendedores transaccionam seus bens e serviços sem manter
encontros físicos ou pessoais, como é o caso das vendas pela internet.

A definição de mercado poderá ser entendida de duas formas distintas:

• Em sentido amplo: Conjunto de pessoas individuais ou colectivas capazes de influenciar


as vendas de um determinado produto;
• Em sentido restrito: Conjunto de dados sobre a importância e evolução das vendas de
um produto.
Quando nos referimos ao mercado, em sentido amplo ou em sentido restrito, existem três
classificações de mercado:

• Mercado real: Volume de vendas efectivo de um determinado produto ou número de


consumidores que compram o produto (os consumidores do produto que a empresa
fabrica).
• Mercado potencial: Estimativa do volume a atingir pelas vendas de um determinado
produto ou conjunto de compradores que estão em condições de adquirir esse produto
(os consumidores que adquirem o tipo de produto fabricado pela empresa e pela
concorrência).
• Mercado total: Engloba o mercado potencial de um determinado produto e o mercado
dos que não consomem esse produto (toda a população que tenha condições para vir a
adquirir um bem ou serviço, mas sem a garantia de vir a adquiri-lo).
A partir da procura e da oferta de mercado, são determinados o preço e a quantidade de
equilíbrio de um dado bem ou serviço. O preço e quantidade, no entanto, dependerão da forma
ou estrutura desse mercado6, se ele é competitivo ou concentrado pouca concorrência, tipos de
produtos, barreiras etc. As várias formas ou estruturas de mercado dependem
fundamentalmente de três características:

• Número de empresas que compõem esse mercado;


• Tipo de produto (se as firmas fabricam produtos idênticos ou diferenciados);
• Se existe ou não barreiras de ingresso de empresas nesse mercado.
Assim, podemos ter os seguintes casos, no que se refere a estrutura de Mercados:

1. Concorrência Pura e perfeita


É um mercado caracterizado pela existência de um grande número de vendedores e um grande
número de compradores e homogeneidade nos bens e serviços transaccionados. Nesse tipo de
mercado deve prevalecer, as seguintes premissas:

6
A problemática sobre a estrutura e principais características de um mercado tendo em conta os
intervenientes bem como a capacidade de influência sobre o mesmo, será analisado mais para frente ao
longo do manual.
• Mercado atomizado: (composto de grande número de empresas como se fosse
“Átomo”);
• Produtos homogéneos: (não existe diferenciação entre os produtos ofertados pelas
empresas concorrentes);
• Inexistência de barreiras: (Não existem barreiras para o ingresso de empresas no
mercado);
• Transparência do mercado: (todas as informações sobre lucros, preços etc. são
conhecidas por todos os participantes do mercado).

2. Monopólio
É um mercado caracterizado pela existência de apenas um único vendedor e vários
compradores. Neste tipo de mercados, o único vendedor tem muita influência pelos preços,
uma vez que ninguém mais fornece bens e serviços idênticos ao dele, e sendo o único a qualquer
preço os compradores quase que não têm outras hipóteses. A empresa determina o preço de
equilíbrio de acordo com sua capacidade de produção.

3. Oligopólio
É um mercado caracterizado por um número reduzido de vendedores mediante muitos
compradores. Estes poucos vendedores têm grande influência sobre os preços do mercado. A
Unitel e a Movicel, são exemplos de um oligopólio no mercado de telefonia móvel em Angola.

No oligopólio, tanto as quantidades ofertadas como os preços são fixados pelas empresas por
meio de conluios ou cartéis.

4. Concorrência Monopolística
É um mercado caracterizado pela existência de um grande número de vendedores e um grande
número de compradores diferencia-se com a concorrência pura e perfeita pelo facto de aqui os
produtos transaccionados serem diferenciados, mas substitutos. Neste tipo de mercado,
nenhum agente económico tem capacidade de influenciar os preços e a entrada e saída de um
ou outro agente económico é livre (sem restrições).

Exemplo concreto, temos a Cuca, Eka, Luandina, Tigra, Bela etc., são todas marcas de cervejas
angolanas, cujos seus produtores constituem uma verdadeira concorrência monopolística.
5. Monopsónio
É um caso raro de mercado, caracterizado pela existência de um único comprador mediante
vários vendedores. Como exemplo, temos a existência em um país de várias empresas a fabricar
fardamento militar. Internamente, naquele país haverá apenas um comprador que são as forças
armada do País em causa.
6. Oligopsónio
É um caso raro de mercado, caracterizado pela existência de um número reduzido de
compradores mediante vários vendedores.
2.2.1.1 Teoria do Preço

Antes de discutirmos das grandes forças que das quais depende a existência do mercado (Oferta
e Procura), é útil entender o preço como conceito e como ele se relaciona com oferta e procura.

" Preço de um bem ou serviço pode ser definido como sendo


o valor de um bem pelo qual é trocado por outros bens no
mercado, normalmente expresso em unidades
monetárias."

O preço de um bem ou serviço, pode também ser expresso em termos de outros bens aceites
no mercado como meios de pagamento. Porém, tendo em conta o problema de coincidência de
necessidades, ou seja, o facto de os agentes económicos não terem as mesmas necessidades a
todo o momento, o mecanismo de preços expressos por meio de outros bens, desapareceu com
o surgimento e evolução da moeda, pois eram necessários vários preços no mercado para
realizar as trocas entre bens. Isto é, num mercado com n bens, para trocas directas, o número
de preços seria, Situação que foi ultrapassado pelos preços expressos em unidades monetárias.
Assim, para perceber-se melhor o funcionamento do mercado é necessário perceber-se a teoria
do preço.

Exemplo

Numa sociedade com 20 bens a transaccionar, caso não existesse moeda, o número de
preços que existiria para satifazer as trocas seria:
𝐧(𝐧−𝟏)
Se n= 20, sendo o número de preços = , teriamos:
𝟐
𝟐𝟎(𝟐𝟎−𝟏)
Número de preços= ⇔ Número de Preços= 190.
𝟐

Para este caso hipotético, seria necessário conhecer 190 preços para trocarmos um bem pelo
outo.

A teoria do preço é uma teoria económica que afirma que o preço de qualquer bem ou serviço
específico se baseia na relação entre sua oferta e demanda. A teoria do preço postula que o
ponto em que o benefício obtido por quem exige a entidade atende aos custos marginais do
vendedor é o preço de mercado mais ideal para esse bem ou serviço.

A Microeconomia, também chamada de "teoria dos preços" é um princípio microeconómico


que utiliza o conceito de oferta e demanda para determinar o preço apropriado para um
determinado bem ou serviço. O objectivo é alcançar o equilíbrio em que a quantidade de bens
ou serviços fornecidos corresponda à demanda do mercado correspondente e sua capacidade
de adquirir o bem ou serviço. O conceito de teoria dos preços permite ajustes de preços à
medida que as condições do mercado mudam.
2.2.2 Forças do Mercado

Como já vimos, só existe mercado quando há agentes económicos produtores (vendedores) e


compradores dispostos a trocar entre si bens e serviços mediante um preço. No mercado, os
vendedores representam a oferta e os compradores a procura. A procura e a oferta, representa
as duas forças que fundamentam a existência de um mercado.

2.2.2.1 A Procura
Procura é simplesmente a quantidade de um bem ou serviço que os consumidores estão
dispostos e capazes de comprar a um determinado preço em um determinado período.

As pessoas exigem bens e serviços em uma economia para satisfazer suas necessidades, como
alimentos, saúde, vestuário, entretenimento, abrigo, etc. A procura por um produto a um
determinado preço reflete a satisfação que um indivíduo espera ao consumi-lo. Esse nível de
satisfação é referido como utilidade e difere de consumidor para consumidor.

Avaliar a procura em uma economia é, portanto, uma das variáveis de tomada de decisão mais
importantes que uma empresa deve analisar para sobreviver e crescer em um mercado
competitivo.

A suposição fundamental na teoria dos mercados livres é a da soberania do consumidor, com a


procura do consumidor como força dominante no mercado. Sem procura, não haveria vendas
ou receita de vendas e lucro. Quanto maior a procura, maior o incentivo para os produtores
(vendedore) entrarem em um mercado e maior a probabilidade de formar um mercado.

A teoria da procura é um princípio económico relacionado à relação entre a procura do


consumidor por bens e serviços e seus preços no mercado. A Teoria da procura é derivada da
hipótese sobre a escolha do consumidor entre diversos bens que seu orçamento permite
adquirir.

Essa procura individual seria determinada pelo preço do bem, ou seja, existem várias variáveis
ou elementos económicos e sociais que podem influenciar as quantidades procuradas de um
determinado bem ou serviço nomeadamente o factor preço e outros factores não-preço.
Ou seja, entre os vários factores que podem influenciar a procura de um bem ou serviço temos:
o preço do próprio bem (Pi), o nível de renda (R), o preço dos bens substitutos (Ps), o preço dos
bens complementares (Pc), os gostos (G), a publicidade (P), a sazonalidade (S), etc.

Se relacionarmos as quantidades procuradas de um determinado bem ou serviço em um


determinado momento, com as variáveis que podem influenciar a sua procura, obtemos a
função da procura. Ou seja, a função da procura (QD) é a expressão que relaciona as
quantidades procuradas de um bem ou serviço em um dado momento, com todos os
factores que podem influenciar esta procura. Isto é:

QD = f (Pi, R, Ps, Pc, G, P, S) é a Função da Procura

Para estudarmos o efeito de cada uma das variáveis acima sobre a procura de um determinado
bem ou serviço, consideramos apenas a relação entre a quantidade procurada em um dado
momento e a variável em causa, mantendo todas outras constantes.7

2.2.2.1.1 Curva da Procura

Como já vimos, existem várias variáveis que influenciam a quantidade procurada de um


determinado bem ou serviço por um indivíduo durante um determinado período. Para
analisarmos o impacto de cada uma delas na quantidade procurada, mantemos as outras
constantes.

Assim, a Curva da Procura representa a relação entre as quantidades procuradas de um dado


bem ou serviço e o preço do próprio bem em um dado momento. Matemáticamente tem-
se:

QD = f (Pi,) é a Curva da Procura, isto é, a quantidade procurada depende do preço

A curva da Procura pode ser representada por meio de uma tabela, gráfico ou equação.

a) Por meio da tabela


Relacionamos cada preço, a quantidade de um bem que o indivíduo ou grupo de indivíduos
estão dispostos a adquirir.

Preço P1 P2 P3
8
Quantidade Q1 Q2 Q3

b) Por meio do gráfico


Utilizamos os elementos acima, e representamos graficamente, colocando as quantidades no
eixo das ordenadas e os preços no eixo das abcissas, e representámos os pares ordenados P e
Q, unimos os pontos e obtemos assim a curva da procura.

7
Hipótese conhecida em economia com Ceteres Paribus (Mantendo tudo o resto constante)
8
Consideramos para esta análise: Q1>Q2>Q3
Para representar graficamente a curva de procura, devemos traçar o eixo x como o da
quantidade e o eixo y como o do preço. A partir da ligação dos pontos da quantidade procurada
a cada preço, temos a curva de procura, que é inclinada para baixo.

c) Por meio da equação


Normalmente, em termos de literatura, a curva da procura é representada por uma equação
linear, apesar de que na prática nem sempre existe linearidade entre as quantidades procuradas
de um bem e o seu preço.
∆𝑸𝒅𝒊
Assim podemos ter: Qd = a – bp, com a, b >o e < 𝟎;
∆𝑷𝒊
𝒂 𝟏
Ou P = - Qd função inversa da procura, onde:
𝒃 𝒃
• QD é a quantidade procurada;
• a é o intercepto, representa as quantidades procuradas se o preço for nulo.
• b é o angulo de inclinação, que indica em quantas unidade varia a quantidade
procurada do bem, se o preço do mesmo variar em uma unidade.
• p é o preço do bem em causa. O sinal negativo do coeficiente b, deve-se a relação
inversa existente entre a quantidade procurada do bem e o seu preço.
Quantidade procurada é um termo usado em economia para descrever a quantidade total de
um bem ou serviço que os consumidores estão dispostos a adquirir durante um determinado
intervalo de tempo a um dado preço.

Um exemplo de quantidade procurada: Digamos, por exemplo, ao preço de Kz 200,00 por uma
magoga, os consumidores compram duas magogas por dia; neste caso a quantidade procurada
é dois.
Texto de apoio...

A diferença entre procura e quantidade procurada

Na terminologia económica, a procura não é o mesmo que quantidade procurada.

Quando os economistas falam sobre procura, eles querem dizer a relação entre um conjunto
de preços e as quantidades procuradas a esses preços, como ilustrado por uma curva de
procura ou uma tabela da procura.

Quando os economistas falam sobre quantidade procurada, eles querem dizer apenas um
certo ponto na curva de procurada ou uma quantidade na tabela da procura. Em suma,
procura refere-se à curva e quantidade demandada refere-se a um ponto específico da curva.

1.1.1.1.1 Características da Curva da Procura


A curva da procura tem uma inclinação negativa, pois é decrescente da esquerda para a direita
para refletir a relação inversa entre o preço de um bem ou serviço e a quantidade procurada
durante um período.

A curva da procura ilustra também a Lei da procura, segundo a qual, à medida que o preço de
um bem ou serviço aumenta, a procurada diminui, desde que outros factores que influenciam a
procura para além do preço permaneçam constantes. Além disso, à medida que o preço diminui,
a procura aumenta.

Se a lei da procura afirma existir uma relação inversa entre a quantidade procurada de um bem
ou serviço e o seu preço, ceteres paribus, implica dizer uma variação da quantidade demandada
resultante da varição do preço é sempre negativa. Isto é:

𝛥𝑄𝑑𝑖
Lei da Procura <0
𝛥𝑃𝑖

Entretanto, analisando esta afirmação, poderá surgir a seguinte questão: Por que ocorre essa
relação inversa entre o preço e a quantidade procurada de um bem ou serviço?
A resposta está na ocorrência dos chamados efeitos substituição e renda, entre outros factores,
que agem conjuntamente. Se o preço de um bem aumenta, a queda da quantidade procurada
será provocada por esses dois efeitos somados.

• Efeito substituição: Quando um bem A pode ser substituído por outro similar B, de
forma a satisfazer as mesmas necessidades. Nesse sentido quando o bem A aumenta de
preço o consumidor passa a consumir o bem substituto B, ou seja, aumento de preço de
A, aumento consumo de B. (ceteris paribus ou seja, tudo o mais constante).
• Efeito Renda: Quando um bem A aumenta de preço e (A renda do consumidor e preços
de outros bens - em condições ceteris paribus), então o consumidor perde poder
aquisitivo e a procura por esse bem A diminui. Assim, embora o salário monetário não
tenha sofrido nenhuma alteração seu valor ‘Real’ perdeu, isto é, foi corroído. Porém,
existem outros factores que também influenciam a procura de um bem (Produto), como
vimos quando definimos função da procura.

1.1.1.1.2 Procura agregada ou do Mercado

A Procura agredada ou do mercado, representa a soma de todas as demandas individuais, ou


seja, a soma das quantidades de um bem ou serviço, que todos os indivíduos do mercado
desejam adquirir mediante um preço, a um dado momento.

Procura Agregada ou do Mercado = ∑ 𝑄𝑑𝑖 Com i = 1, 2, 3, …, n


𝑖=1

Sabe-se que numa adição de n parcelas iguais, a soma é igual a multiplicação da parcela em
causa pelo número de vezes que é somado, ou seja:

a+a+a+a+ ... + a = n x a
n vezes

Assim, na existencia de um mercado com n consumidores individuais e com demandas


individuas identicas, a demanda do mercado será dada pela demanda de cada individuo
multiplicada pelo número de indivíduos existentes no mercado.

1.1.1.1.3 Mudanças na Procura e Mudanças na Quantidades Procuradas


Uma mudança na procura descreve uma mudança no desejo do consumidor de comprar um
determinado bem ou serviço, independentemente de uma variação no seu preço. Uma mudança
na procura ocorre quando o desejo por bens e serviços muda, mesmo que os preços
permaneçam constantes.

É importante não confundir a mudança na procura com mudança na quantidade procurada, uma
vez que a quantidade procurada como já sabemos descreve a quantidade total de bens ou
serviços procurados em um determinado momento, dependendo do preço cobrado por eles no
mercado. A mudança na procura, por outro lado, concentra-se em todos os determinantes da
procura, exceto as alterações de preço. Assim, mudanças na quantidade procurada causa uma
deslocação na curva da procura, enquanto uma mudança na procura provoca uma deslocação
da curva da procura.

• Estamos perante deslocação na curva da procura quando nos mantemos no ceteres


paribus, variando apenas o preço do próprio bem o que faz com que o indivíduo
continua na mesma curva, alterando simplesmente as quantidades procuradas em
função dos novos preços.

• Estamos perante a deslocação da curva da procura, quando um dos factores que


influencia a quantidade demanda para além do preço do próprio bem e que era tido
como constante, varia. Esta deslocação pode ser ascendente (para cima ou à direita)
e descendente (para baixo ou à esquerda), dependendo do impacto que a variação do
factor em causa sobre a quantidade procurada do bem.
Qualquer mudança que aumenta a quantidade que os compradores desejam comprar a um
preço dado desloca a Curva da procura para a direita.
Por outro lado, qualquer mudança que diminua a quantidade que os compradores desejam
comprar a um preço dado desloca a curva de procura para a esquerda.
1.1.1.1.4 Obtenção da curva a partir de pelo menos dois pontos conhecidos

Conhecendo, pelo menos dois preços e duas quantidades de um determinado bem ou serviço,
a expressão matemática da curva da procura pode ser obtida a partir da equação de uma recta
que passa em dois pontos, isto é, sendo q0 e q1 duas quantidades de um dado bem com p0 e p1
os seus respectivos preços, a equação da procura é obtida pela seguinte expressão9:

(𝑄 − 𝑄 )
Q–𝑄 = ( - )
(𝑃 − 𝑃 )

1.1.1.2 A Oferta
Sabe-se que para um agente económico satisfazer uma dada necessidade, é necessário o
consumo de um bem ou serviço. Entretanto a maiorias destes bens exigem o dispendio do
esforço humano para os mesmo existirem, ou seja, não aparecem por sim só na natureza.

Para os agentes económicos obterem os bens que necessitam para a satifação das necessidades,
os mesmo têm que ser produzidos por um grupo de agentes económicos (produtores) e postos
a disposição dos pontencias consumidores pelos mesmo produtores ou outros agentes que se
dedicam apenas a distribuição (vendedores). Assim, para que a procura de um bem ou serviço
seja satisfeita no mercado, é necessário que haja oferta.

A oferta é a quantidade de algum produto que um indivíduo ou grupo de indivíduos estão


dispostos e capazes de vender para o mercado a um determinado preço e a um dado momento.

Em geral, a oferta representa uma relação positiva entre o preço de um bem ou serviço e a
quantidade que o produtor (e ou vendedor) está disposto a fornecer: se um fornecedor acredita
que pode vender o produto por mais, ele desejará fornecer mais. Como resultado, à medida que
o preço de um bem ou serviço aumenta, os fornecedores aumentam a quantidade disponível
para venda. À medida que o preço aumenta, as empresas têm um incentivo para fornecer mais,
porque obtêm receita (receita) extra com a venda dos produtos.

Os fornecedores mudarão seus níveis de oferta em resposta a uma mudança de preço, para que
seu nível de oferta satisfaça a procura. No entanto, existem outros factores não relacionados ao
preço podem alterar o nível de oferta.

Entre os inúmeros factores e circunstâncias que podem afectar a disposição ou capacidade de


um vendedor de produzir e vender um bem, os mais comuns são:

• Preço próprio do bem (Pi): um aumento no preço induzirá um aumento na quantidade


fornecida.

9 𝒀−𝒀𝒐
Adaptado a partir da equação da recta que passa por dois pontos: Y-Yo = m (X – Xo) onde, m= ,
𝑿−𝑿𝒐
porém a expressão a utilizar no nosso manual é invertida, uma vez que já explicida a Quantidade
(variavel do eixo X), em função do Preço (variavel do eixo Y). Em condições normais, a expressão não
invertida seria:
(𝑃 − 𝑃 )
P– = (𝑄- 𝑄 )
(𝑄 − 𝑄 )
• Preços de bens relacionados (Pr): para fins de análise da oferta, bens relacionados se
referem a bens dos quais os insumos são derivados para serem utilizados na produção
do bem primário.
• Condições de produção (Cp): O fator mais significativo aqui é o estado da tecnologia. Se
houver um avanço tecnológico relacionado à produção do bem, a oferta aumenta.
• Expectativas (E): as expectativas dos vendedores em relação às condições futuras do
mercado podem afetar diretamente o fornecimento.
• Preço dos insumos ou Custos de Produção (In): se o preço dos insumos aumentar, a
curva de oferta mudará para a esquerda, pois os vendedores estão menos dispostos ou
aptos a vender mercadorias a qualquer preço. Os insumos incluem terra, trabalho,
energia e matérias-primas.
• Número de fornecedores (Fr): à medida que mais empresas ingressam no setor, a curva
de oferta do mercado mudará, reduzindo os preços. A curva de oferta de mercado é a
soma horizontal das curvas de oferta individuais.
• Políticas e regulamentos do governo (Pg): A intervenção do governo pode assumir
várias formas, incluindo regulamentos ambientais e de saúde, leis de horas e salários,
impostos, taxas de gás elétrico e natural e regulamentos de zoneamento e uso da terra.
Esses regulamentos podem afetar o suprimento de uma mercadoria.
• Sazonalidade (S) e ou condições climáticas: As condições climáticas e a sazonalidade
são muito importantes para alguns bens, pois há bens que só são produzidos em uma
determinada época do ano.

Se relacionarmos as quantidades ofertadas de um determinado bem ou serviço em um


determinado momento, com as variáveis que podem influenciar a sua oferta, obtemos a
função da oferta. Ou seja, a função da oferta (Qs) é a expressão que relaciona as
quantidades ofertadas de um bem ou serviço em um dado momento, com todos os
factores que podem influenciar esta procura. Isto é:

Qs= f (Pi, Pr, Cp, E, In, Fr, Pg, S) é a Função da Oferta.

1.1.1.2.1 Curva da Oferta


Já é sabido que, existem várias variáveis que influenciam a quantidade ofertada de um
determinado bem ou serviço por um indivíduo durante um determinado período. Para
analisarmos o efeito de cada uma delas na quantidade ofertada, mantemos as outras
constantes.

Assim, a Curva da Oferta representa a relação entre as quantidades ofertadas de um dado


bem ou serviço e o preço do próprio bem em um dado momento, mantendo os outros
factores que influenciam a procura constantes. Matemáticamente tem-se:

QD = f (Pi,) é a Curva da Oferta, isto é, a quantidade ofertada depende do preço

A curva da Oferta pode ser representada por meio de uma tabela, gráfico ou equação.
a) Por meio da tabela
Relacionamos cada preço, a quantidade de um bem que o indivíduo ou grupo de indivíduos
estão dispostos a oferecer (vender).

Preço P1 P2 P3
Quantidade Q1 Q2 Q3

b) Por meio do gráfico


Utilizamos os elementos acima, e representamos graficamente, colocando as quantidades no
eixo das ordenadas e os preços no eixo das abcissas, e representámos os pares ordenados P e
Q, unimos os pontos e obtemos assim a curva da oferta.

Para representar graficamente a curva de oferta, devemos traçar o eixo x como o da quantidade
e o eixo y como o do preço. A partir da ligação dos pontos da quantidade ofertada a cada preço,
temos a curva da oferta, que é inclinada para cima.

c) Por meio da equação


Normalmente, em termos de literatura, a curva da oferta é representada por uma equação
linear, apesar de que na prática nem sempre existe linearidade entre as quantidades
∆𝑸𝒔𝒊
ofertadas de um bem e o seu preço. Assim podemos ter: Qs = -c + dp com c e d>o > 𝟎;
∆𝑷𝒊
𝒄 𝟏
Ou P = + Qs função inversa da oferta, onde:
𝒅 𝒅

Qs é a quantidade ofertada;

a é o intercepto, representa a quantidade ofertada se o preço for nulo.

b é o angulo de inclinação, que indica em quantas unidade varia a quantidade


ofertada do bem, se o preço do mesmo variar em uma unidade.

p é o preço do bem em causa. O sinal positivo do coeficiente b, deve-se a relação positiva


existente entre a quantidade ofertada do bem e o seu preço.

Assim, como na curva da procura, a equação que representa a curva da oferta, quando se
conhece pelo menos dois preços e duas quantidades, pode ser obtida apartir da equação
da recta que passa em dois pontos.
1.1.1.2.2 Características da Curva da Oferta
A curva da oferta tem uma inclinação positiva, que representa a relação positiva entre as
quantidades ofertadas de um bem e o seu preço. A justificativa para a correlação positiva entre
preço e quantidade fornecida é baseada no aumento potencial de lucratividade que ocorre com
um aumento de preço, porque se um fornecedor acredita que pode vender o produto por mais,
ele desejará produzir mais. Como resultado, à medida que o preço de um bem ou serviço
aumenta, os fornecedores aumentam a quantidade disponível para compra

A curva da oferta ilustra também a Lei da Oferta, segundo a qual, mantendo todos os outros
factores que influenciam as quantidades ofertadas constantes, para além do preço do próprio
bem, quando preço do bem aumenta, as quantidades ofertadas aumentam e vice-versa.

Tudo o mais mantido constante, incluindo os custos dos insumos de produção, o fornecedor
poderá aumentar seu retorno por unidade de um bem ou serviço à medida que o preço do item
aumentar. Portanto, o retorno líquido ao fornecedor aumenta à medida que aumenta o spread
ou a diferença entre o preço e o custo do bem ou serviço vendido.

1.1.1.2.3 Oferta do Mercado ou Global


A Oferta do mercado ou global, representa a soma de todas as Ofertas individuais. Ou seja, a
soma das quantidades de um bem ou serviço, que todos os indivíduos do mercado desejam
ofertar (vender) mediante um preço, a um dado momento.

𝑛
Oferta Global = ∑ 𝑄𝑑𝑖 Com i = 1, 2, 3, …, n
𝑖=1

1.1.1.2.4 Mudanças na oferta e mudanças nas quantidades ofertadas

Se o preço do bem ou serviço mudar, mantendo-se constante, todos os outros factores que
podem influenciar as quantidades ofertadas, o fornecedor ajustará a quantidade fornecida ao
nível que seja consistente com sua disposição em aceitar o preço prevalecente.
A mudança de preço resultará em um movimento ao longo da curva de oferta. chamado de
mudança na quantidade ofertada, causando uma deslocação na curva da oferta.

• Estamos perante deslocação na curva da oferta quando nos mantemos no ceteres


paribus, variando apenas o preço do próprio bem o que faz com que o indivíduo
continua na mesma curva, alterando simplesmente as quantidades ofertadas em
função dos novos preços.

Por outro lado, alguns factores não relacionados


ao preço

podem alterar o nível de produção. Por exemplo, uma melhoria tecnológica que reduz o custo
de entrada de um produto desloca a curva de oferta para fora, permitindo que os fornecedores
forneçam uma oferta maior no mesmo nível de preço. Alterações no fornecimento são devidas
a alterações que não são de preço, dando assim lugar a uma mudança na oferta, ou
simplesmente deslocação na curva da oferta.

• Estamos perante a deslocação da curva da oferta, quando um dos factores que


influencia a quantidade ofertada para além do preço do próprio bem e que era tido
como constante, varia. Esta deslocação pode ser ascendente (para cima ou à direita)
e descendente (para baixo ou à esquerda), dependendo do impacto que a variação do
factor em causa sobre a quantidade ofertadas do bem.
Se por exemplo os custos de produção diminuíssem, resultariam em um aumento na produção.
Custos mais baixos resultariam em um aumento na produção, deslocando a curva de oferta para
a direita (para baixo) e o fornecedor estará disposto a vender uma quantidade maior a cada nível
de preço. A curva de oferta mudará em relação às melhorias tecnológicas e às expectativas do
comportamento do mercado da mesma maneira descrita para os custos de produção.
Outro exemplo que pode ser dado é se os custos de produção aumentarem. O fornecedor
enfrentará custos crescentes para cada nível de quantidade. Mantendo tudo o mesmo, a curva
de oferta mudaria para dentro (para a esquerda), refletindo o aumento do custo de produção.
O fornecedor fornecerá menos a cada nível de quantidade.

1.1.1.3 Equilíbrio do Mercado


Sabe-se que a curva da procura retrata as possíveis quantidades que os compradores desejam
adquirir de um bem em dado momento a um determinado preço. E sabe-se também que a curva
da oferta retrata a quantidade que os vendedores (produtores) desejam fornecer a um
determinado preço. No entanto, que preço final garanta que tudo que foi ofertado (produzido)
será procurado (comprado), ou seja, que preço final a produção será totalmente vendida ao
mercado, digo ao comprador?
A oferta, em conjunto com a procura, forma a base das condições de mercado, resultando em
uma relação preço e quantidade na qual a relação preço/quantidade de fornecedores e
compradores (consumidores) é igual. Isso também é conhecido como preço e quantidade de
equilíbrio e é o ponto em que não há excedente ou escassez no mercado.

Um mercado encontra-se em equilíbrio, quando a um dado momento, as quantidades


procuradas por um indivíduo ou grupo de indivíduos são iguais as quantidades ofertadas a um
determinado preço. O preço que iguala as quantidades procuradas às quantidades ofertadas é
denominado preço de equilíbrio.

O Equilíbrio do mercado é obtido igualando a equação da demanda e a equação da oferta.


Isto, o mercado está em equilíbrio só e somente se: Qd = Qs ou seja:

se Qd=a – bP e Qs= -c + dP, então a – bp = -c + dP

Assim, para encontrarmos o preço de equilíbrio, basta resolver a equação a – bp = -c + dp,


(𝑎+𝑐)
em função de p. Isto é: a + c = dP + bP ⇒ P(d+b) = a + c ⇒ P* = sendo P* o preço de
(𝑑+𝑏)
equilíbrio.

Para determinar a quantidade ofertada (Qs*) e procurada (Qd*) de equilíbrio, bata sustituir
o preço de equilíbrio em cada uma das equações da procura ou da oferta.

Nota: P*, Qd* e Qs* são positivos por tratar-se de variaveis reais.

Graficamente, este equilíbrio é dado pela intercessão entre a curva da demanda e a curva da
oferta.

Analisando o gráfico acima, podemos ter três casos possíveis:

1. P > Pe Qs > Qd
Neste caso, estamos perante um ponto acima do ponto de equilíbrio e teremos:
• Excesso de oferta ou Escassez de procura;
• Os Produtores (vendedores) não conseguem vender toda a quantidade
planeada;
• Acumulação involuntária de stock;
• Presssão do preço para baixo até atingir o equilíbrio.
2. P < Pe Qd > Qs
Neste caso, estamos perante um ponto abaixo do ponto de equilíbrio e teremos:
• Os consumidores (compradores) não conseguem adquirir todas quantidades de
bens ou serviços planeados;
• Pressão dos preços para cima até atingir o equilíbrio.
3. Para Pe Qd =Qs
Trata-se do ponto de equilíbrio. Neste ponto teremos:
• Não existe excesso de oferta ou excesso de procura;
• Articulação dos planos dos compradores e vendedores;

Características do Preço de Equilíbrio no Mercado:

1. Único preço de mercado em condiçõe de estabilidade;


2. Único preço de mercado para o qual a quantidade que os consumidores
(compradores) desejam comprar, iguala a quantidade que os produtores
(vendedores) desejam vender;
3. Único preço que garante igualdade entre as grandezas ex-ante ou planeadas e as
grandezas ex-post ou efectivamente realizadas;
4. Preço para o qual a quantidade transacionada é máxima.

• O preço não tem tendência de subir.

1.2.2.3.1 Mudanças no equilíbrio do mercado


Como sabemos, existem factores que provocam deslocação tanto da curva da procura como da
oferta e isto acontece mesmo que o mercado esteja em equilíbrio. Sempre que isso acontece, o
preço de equilíbrio original tenderá a mudar, isto é, o preço se ajusta em função da deslocação
da curva da procura ou da oferta, para trazer um novo equilíbrio no mercado.

Existem quatro causas básicas de uma alteração de preço, em resposta a mudanças da procura
ou da oferta, provocando assim mudanças no equilíbrio inicial, das quais:

• Relacionadas a mudanças da curva da procura


• Relacionadas a mudanças da curva da oferta

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