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Unidade 1

Aula 1

Objetivos da Unidade:

Ao longo desta Unidade, você irá:

 Conhecer os conceitos fundamentais da microeconomia, discutir o problema


econômico fundamental e responder às questões essenciais da economia;
 Analisar o mercado e a formação de preços, e faremos isso estudando o
comportamento dos consumidores, por meio da demanda;
 Compreender o comportamento dos produtores/vendedores, que é a oferta, seus
determinantes, a curva de oferta e seus deslocamentos.

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A economia se divide em duas grandes áreas: a microeconomia e a macroeconomia. As


duas oferecem abordagens diferentes, mas complementares: o foco da microeconomia é
o comportamento dos agentes e suas interações no mercado, enquanto a macroeconomia
analisa questões mais abrangentes e de foco mais amplo. Dessa forma, questões como
crescimento e desenvolvimento econômico, desemprego, inflação, câmbio, etc. são
analisadas pela macroeconomia, enquanto o comportamento de compradores e
vendedores, as escolhas dos agentes econômicos, as condições de concorrência, etc. são
estudadas pela microeconomia.

Nas aulas iniciais, veremos assuntos relacionados à microeconomia, conheceremos as


duas abordagens diferentes que foram tentadas para responder algumas perguntas: a
economia centralizada e a economia de mercado. Você entenderá como a demanda é
formada e sua representação gráfica, que é a curva de demanda. Além disso,
analisaremos sua conformação e os deslocamentos da curva. Por fim, poderemos
analisar como as forças de oferta e demanda que, apesar de antagônicas, completam-se e
permitem que o mercado possa alcançar o equilíbrio por meio do ajuste dos preços.

Introdução da aula

Qual o foco da aula?

Nesta aula compreendemos os princípios da economia e como ela está ligada ao nosso
cotidiano.

Objetivos gerais de aprendizagem:

Ao longo desta aula, você irá:

 Esclarecer o conceito de economia;


 Analisar a necessidade e nossos recursos produtivos, bem como os agentes
econômicos;
 Examinar uma breve síntese sobre os sistemas economicos: socialismo e
capitalismo.

Situação-problema:

Muitas pessoas acreditam que economia é algo meio distante da realidade, mas, caso
você pense parecido, vai ver que essa ideia é totalmente diferente da realidade. A
economia está presente nas nossas escolhas diárias e mais ainda no dia a dia de um
profissional que precisa tomar decisões em relação aos seus negócios.

Para nos ajudar nesse entendimento, conheceremos o Douglas, que está terminando o
seu curso de administração na faculdade e já está aplicando os conhecimentos
adquiridos no seu trabalho. Seu desempenho chamou a atenção de seu gestor imediato,
que tem sinalizado a possibilidade de uma promoção quando ele terminar sua
graduação. Ao longo dos últimos anos, sua organização na administração dos gastos
pessoais permitiu que ele conseguisse acumular uma reserva financeira razoável, dentro
das limitações do salário de um jovem que estuda e trabalha.

Com o final do ano se aproximando e as despesas de formatura já pagas, Douglas foi


convidado por alguns colegas de sala para acompanhá-los em uma viagem para a praia,
no final do ano. Contudo, o valor que ele gastaria nessa viagem é o mesmo que ele
precisaria pagar para aproveitar o desconto que a faculdade está oferecendo para alunos
da instituição que se matricularem, antecipadamente, em um curso de pós-graduação.
Um dos cursos oferecidos é na área que o gestor imediato de Douglas recomendou a ele,
pois faz parte dos planos de expansão da empresa abrir novas vagas nesta área. Como o
Douglas pode utilizar os conhecimentos de economia, em especial o de custo de
oportunidade, para tomar a melhor decisão nesse cenário?

Ao entender como os princípios de economia podem ajudar o Douglas a resolver essa


questão, você verá o quanto eles podem ser úteis em problemas que você enfrenta nos
negócios.

A economia

Olá, boas vindas à disciplina Economia para Negócios.

Você já teve algum contato com a ciência econômica antes? É comum que as pessoas
pensem que economia tem a ver com investimentos, mercado de ações e finanças, entre
outras coisas. Elas não estão erradas, mas não se trata só disso. O termo economia vem
da junção dos vocábulos gregos oikos (casa) e nomos (costume, lei ou também gerir,
administrar). Daí “regras da casa” (lar) ou “administração da casa”. São Tomás de
Aquino (1225-1274) descreveu ecônomo como o responsável por administrar bens,
rendas e despesas do lar. Depois de algum tempo, o uso de oikos ampliou-se e incluiu o
Estado, noção que dura até hoje. A definição clássica de economia a estabelece como a
ciência social que estuda a produção, distribuição e consumo de bens e serviços.

A economia se diferencia em duas partes fundamentais: macroeconomia, que olha para


o todo, e a microeconomia, que é mais específica. Podemos comparar a macroeconomia
com uma visão panorâmica da floresta, enquanto a microeconomia estuda cada árvore,
individualmente, ou um grupo de árvores de forma mais detalhada. Dessa forma, a
microeconomia estuda aspectos como o comportamento dos agentes econômicos (o
consumidor e a empresa), bem como a formação dos preços dos bens e serviços nas
diferentes estruturas de mercado. Por sua vez, a macroeconomia estuda o desempenho
dos agregados e suas inter-relações (consumo, poupança, crescimento econômico,
inflação, emprego, etc.), por isso foca no comportamento da economia como um todo,
analisando aspectos como as contas do setor público, o desenvolvimento econômico e
as relações econômicas com o exterior.

Outro ponto muito importante a ser destacado é que a economia se preocupa com uma
questão fundamental da humanidade: como utilizar recursos produtivos escassos para
atender desejos ilimitados.

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➕ Saiba mais

O canal BRS Explica disponibiliza em seu canal o vídeo O que é a “Economia”, afinal
de contas?. Não deixe de conferir.

As necessidades e recursos

Utilizar recursos produtivos escassos para atender desejos ilimitados, essa questão se
apresenta como um grande desafio, e certamente você verá o quanto ela é importante,
tanto na sua vida pessoal e profissional, quanto na qualidade de vida da humanidade.
Então, para entender os desafios que essa questão nos traz, precisaremos,
primeiramente, falar de necessidades (que em economia são sinônimos de desejos),
para, depois, tratarmos sobre recursos produtivos.

Se você considerar com cuidado, constatará que as necessidades humanas são infinitas.
Pense: o fato de você estar se dedicando a ter um diploma de curso superior significa
que não está totalmente satisfeito com a sua atual condição e que quer ter uma qualidade
de vida superior no futuro, certo? Ou seja, sua insatisfação está levando você a fazer
algo bom. Isso comprova que as pessoas sempre vão querer mais do que já têm, ou seja,
o fato de as necessidades serem infinitas implica em que as pessoas sempre vão querer
mais, em termos de bens e serviços.

O que você acha que motivou as grandes invenções da humanidade? Exatamente! As


pessoas estão dispostas a pagar por um produto ou serviço que aumente o seu nível de
satisfação, e os inventores sabiam que seriam remunerados se oferecessem isso às
pessoas. Podemos, então, afirmar que a insatisfação é a origem do progresso da
humanidade. Por outro lado, a maioria das guerras surgiu porque alguém (ou um povo,
ou uma nação) que estava insatisfeito tentou tomar posse de algo que pertencia a outro,
por meio da força, não é mesmo? Ou seja, a insatisfação humana não é intrinsecamente
boa ou ruim, o problema é se ela é canalizada para o benefício ou para o prejuízo da
humanidade.

Vamos, agora, analisar os recursos produtivos disponíveis para satisfazer as


necessidades humanas: eles não são inesgotáveis, são limitados, o que resulta em que
nem todas as necessidades poderão ser satisfeitas.
Vamos pensar um pouco na seguinte afirmação: “a escassez está presente tanto nos
países ‘ricos’ quantos nos países ‘pobres’”. Você concorda? Mesmo nas sociedades
mais ricas, os recursos disponíveis são limitados e encontraremos desejos não atendidos.
Depois que o consumidor compra uma moto, ele vai querer um carro, depois outro
carro, depois um iate, um avião, e assim por diante. Perceba que, por maior que seja a
quantidade disponível dos recursos produtivos, eles não conseguirão suprir todos os
desejos do ser humano, pois ele sempre deseja mais (e nunca está totalmente satisfeito).

E qual a implicação disso? Todos precisamos fazer escolhas, e a economia surge dessa
necessidade, por isso também é conhecida como a ciência da escolha ou da escassez.
Então, podemos dizer, de uma forma resumida: as necessidades infinitas frente aos
recursos produtivos limitados fazem com que os agentes econômicos tenham que fazer
escolhas em um ambiente de escassez.

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🔁 Assimile

A economia surgiu como ciência a partir da constatação de duas realidades: as


necessidades humanas são infinitas e os recursos produtivos para atendê-las são
limitados.

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É importante que você perceba que, quando falamos sobre os recursos produtivos (ou
fatores de produção), não estamos nos referindo ao dinheiro, pois ele é apenas um
facilitador de troca utilizado para adquirir os recursos de produção, que são: o trabalho
das pessoas, a energia, as máquinas, as fábricas, a terra cultivável e para a criação de
animais, os recursos minerais, entre outros.

Agente econômico

Outro termo usado em economia, fundamental para ser compreendido, é agente


econômico: é toda entidade autônoma e capaz de realizar operações econômicas, o que
pode incluir uma pessoa, uma empresa ou até um agente da administração pública, tanto
dentro do país, como em outras nações.

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Atenção

Quando falamos de agentes econômicos, normalmente nos referimos a quatro tipos de


grupos: 1. as famílias; 2. as empresas; 3. o governo; e 4. O resto do mundo. As famílias
são compostas pelas pessoas físicas que têm o papel de consumo dos bens e serviços,
sendo elas as proprietárias de todos os fatores de produção (sim, em economia, os
fatores de produção são de propriedade das famílias). As empresas são compostas pelas
pessoas jurídicas que têm o papel de produção dos bens e serviços, por meio do uso dos
fatores de produção (cedidos pelas famílias). O governo tem diversos papéis, dos quais
fazem parte a regulação e a regulamentação do mercado (como famílias, empresas e
resto do mundo se relacionam uns com os outros). Por fim, o resto do mundo é
composto pelos outros países com os quais as famílias, empresas e governo do seu país
mantêm transações econômicas.

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Os agentes econômicos são considerados racionais, ou seja, espera-se que eles sempre
tomarão a melhor decisão. Esse processo é condicionado por uma característica
específica do gênero humano que é o egoísmo racional, o que implica em uma busca das
pessoas pela melhor forma de satisfazerem suas necessidades utilizando a menor
quantidade possível de recursos produtivos (fatores de produção). Por isso, a
maximização será sempre o alvo no comportamento dos agentes: a busca do maior
ganho, maior renda, maior satisfação, etc. Com isso, espera-se que o consumidor
sempre escolha o menor preço, o trabalhador o maior salário, o vendedor o maior lucro.

Agora, podemos voltar à nossa proposição inicial: os agentes econômicos precisam


tomar decisões de como utilizar os recursos produtivos limitados para satisfazerem os
seus desejos infinitos. Por isso, um dos diferentes conceitos de economia é que ela é o
estudo dos agentes e das razões pelas quais eles tomam decisões, tanto de consumo
quanto de produção.

Recursos produtivos

Para escolher uma boa forma de utilizar os recursos produtivos é preciso conhecê-los
melhor; vamos fazer isso? Existem duas características fundamentais dos recursos de
produção: a primeira é que eles podem ser utilizados para produzir mais de um tipo de
bem ou serviço, ou seja, são versáteis. Observe como o petróleo pode ser utilizado para
vários tipos de combustíveis ou para produção de plásticos.

A segunda é que os recursos podem ser combinados em proporções variáveis no


processo produtivo. A produção de feijão pode utilizar mais mão de obra ou mais
maquinário, por exemplo (SILVA, 2018).

Para facilitar o entendimento, os fatores de produção são agrupados em quatro tipos:


recursos naturais, trabalho, capital e capacidade empresarial, vamos conhecê-los mais?

 Os recursos naturais (também chamados de recurso “terra”) : são obtidos


diretamente da natureza, a água (da superfície ou do subsolo), minerais, sol,
vento, etc;
 Trabalho (ou recursos humanos): refere-se à atividade humana (esforço físico e
mental) empregada na produção de bens ou serviços, podendo ser exemplificado
pelos serviços de profissionais como o administrador, o contador, o carpinteiro,
o operário, o vaqueiro, o médico;
 O capital: representado pelos bens produzidos pelo homem e utilizados nos
processos produtivos: infraestrutura (transportes, telecomunicações, energia),
matérias-primas, construções, máquinas e equipamentos, etc;
 Recentemente, a capacidade empresarial passou a ser incluída entre os fatores
de produção, referindo-se à organização da produção, ou seja, a ação de reunir e
combinar os outros fatores de produção.

Com esse detalhamento de informações e sabendo que os fatores de produção são


limitados, podemos compreender como a sociedade precisará responder quatro
perguntas para encontrar o melhor uso para os fatores de produção: o que, quando,
como e para quem produzir?

1. Para responder à pergunta “o que produzir?”, é necessário, primeiro, identificar


as necessidades para, então, decidir o que será produzido para satisfazê-las:
alimentos, vestuário, habitação, transporte, educação. Pode ser que, em um
momento, os agentes econômicos queiram determinado produto e, mais à frente,
prefiram outro (isso vai impactar as decisões das empresas do ela deverá
produzir);
2. Já a segunda pergunta (“quanto produzir?”) está ligada à constatação de que os
recursos produtivos são limitados; por isso, é preciso determinar quanto será
produzido de cada coisa para satisfação das necessidades. Perceba que se todos
os recursos disponíveis de uma economia estiverem sendo utilizados, haverá um
limite na quantidade de bens e de serviços que poderão ser produzidos;
3. Como produzir? Essa é outra questão fundamental, pois existem diferentes
combinações de fatores de produção para que se obtenha um determinado bem
ou serviço. A disponibilidade – e por consequência o preço – de cada um deles
influenciará de que forma eles serão combinados de forma otimizada, bem como
o nível tecnológico que pode ser empregado ao se utilizar cada um dos fatores;
4. Por fim, a pergunta “para quem produzir?” permeia, de certa forma, as questões
anteriores. No entanto, como as empresas estão interessadas na maximização de
seus lucros, em termos racionais elas não estão preocupadas se todas as
mercadorias produzidas vão ser vendidas para uma única pessoa ou se todas as
pessoas terão acesso àquele bem. Assim, o poder de compra dos indivíduos
acabará por ajudar na resolução dessa pergunta.

Dessa forma, a limitação dos fatores de produção aliada às necessidades ilimitadas


obriga os agentes econômicos a fazerem escolhas, o que faz surgir um conceito
fundamental na economia: o custo de oportunidade. O custo de oportunidade é uma
medida da perda que os agentes econômicos incorrem todas as vezes que fazem uma
escolha, manifestando-se tanto na produção quanto no consumo.

Em um processo produtivo que esteja utilizando todos os recursos produtivos


disponíveis, o aumento na produção de um bem implicará na redução na quantidade
produzida de outro ou outros bens. Nesse ponto, você percebe o quão fundamental é a
evolução tecnológica, que afeta tanto os limites produtivos quanto possibilita um
aproveitamento superior dos recursos escassos?

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📝Exemplificando

Em uma propriedade rural, a área disponível, as máquinas e equipamentos são


limitados, e o produtor é obrigado a escolher qual cultura será plantada. Em uma
situação em que tanto soja quanto milho poderão ser plantados, cada hectare a mais de
soja implicará em um hectare a menos de milho, concorda? Qual é, então, o custo de
oportunidade da soja? O valor que o agricultor deixou de receber ao decidir não plantar
milho para plantar soja.

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🔁 Assimile

Dentro do processo produtivo, uma classificação importante na economia refere-se aos


setores econômicos. Você já ouviu falar sobre eles? São três grandes setores ou
atividades: primário, secundário e terciário. Vamos conhecê-los?

 O setor primário, de forma geral, utiliza de forma intensiva os recursos naturais,


englobando a agricultura, pecuária e as atividades extrativistas;
 O setor secundário utiliza, em maior intensidade, o fator capital e inclui a
produção de máquinas, equipamentos e bens de consumo, construção civil e
geração de energia;
 O setor terciário tem como principal fator o trabalho, incluindo uma enorme
variedade de atividades como comércio, transportes, comunicações,
intermediação financeira, imobiliárias, hospedagem e alimentação, reparação e
manutenção, serviços pessoais, governo e outras atividades afins. (FREITAS,
[s.d.]).

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Já para o consumidor, o custo de oportunidade representa a satisfação que ele deixou de


obter ao abrir mão de um produto para adquirir outro. Essa é uma das razões pelas quais
usamos nossos recursos financeiros para a aquisição de coisas diferentes: cada indivíduo
tem uma escala de prioridades diferente e vai usar seu dinheiro para adquirir os bens e
serviços em uma combinação que maximize sua satisfação individual.

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🔁Assimile

Por falar em bens e serviços, você sabe como a economia os diferencia? Esse é um tema
importante, mas que não apresenta dificuldade: os bens são produtos tangíveis (que
existem fisicamente, que podem ser tocados), por isso podem ser armazenados,
transportados e sua posse pode ser transferida.

Existe uma classificação fundamental em relação aos bens: se eles são bens de consumo
ou bens de capital. Os bens de consumo atendem diretamente à satisfação das
necessidades humanas, como os alimentos, as roupas, etc., enquanto os bens de capital
não satisfazem diretamente as necessidades humanas, pois são utilizados para produzir
outros bens: máquinas de uma indústria, tratores, etc. O investimento em bens de capital
é fundamental para o desenvolvimento de um país, pois é o conjunto deste que constitui
a “capacidade produtiva” de uma sociedade e, junto com os recursos humanos,
determinam o nível de riqueza desta sociedade.

Já os serviços são produtos intangíveis, ou seja, uma vez que um serviço é prestado, ele
desaparece. Dessa forma, os serviços não podem ser armazenados ou transportados,
nem sua posse pode ser transferida.

Sistema econômico: socialismo

A forma como os fatores de produção é gerida para a produção dos bens e serviços está
ligada com os sistemas econômicos (socialismo ou capitalismo).

Vamos compreender esse ponto? Desde o início da história da humanidade, diversos


pensadores se dedicaram a entender os processos econômicos. Na Grécia antiga, alguns
dos filósofos dedicaram parte dos seus estudos ao tema, assim como na Arábia e em
outras regiões. Há referências a processos econômicos no antigo testamento da Bíblia e
em outros escritos da época. Na Idade Média, os escolásticos e, a partir do século XV,
escolas de pensamento como os mercantilistas e os fisiocratas estabeleceram teorias
tentando responder qual a melhor forma de organizar os fatores produtivos em uma
sociedade.

Ao longo de 150 anos, entre meados do século XIX e até o final do século passado,
muitos defenderam que uma economia centralizada (o sistema socialista) apresentaria
resultados superiores aos da economia de mercado (o sistema capitalista). Mas o que
seria um sistema socialista? De acordo com a teoria de Karl Marx, sua característica
fundamental seria o controle governamental da produção e da distribuição dos bens em
sistema de igualdade e cooperação, ou seja, o governo tem o papel de planejar as
questões econômicas (planejamento centralizado), havendo uma predominância da
propriedade pública (governamental) dos fatores de produção (VASCONCELOS;
GARCIA, 2011).

O primeiro país do mundo a implementar as ideias de Marx foi a Rússia, após a


revolução de 1917, que se tornou União Soviética (URSS) em 1922. O poderio militar
da URSS colaborou para que, após o final da 2ª Guerra Mundial, diversos países
adotassem os ideais socialistas, tais como Ucrânia e Tchecoslováquia, entre outros,
estabelecendo a chamada cortina de ferro.

Um dos processos mais emblemáticos do mundo durante a chamada Guerra Fria foi a
construção do muro de Berlim, em 1961, para impedir a fuga dos cidadãos da Alemanha
Oriental (socialista) para a Alemanha Ocidental, capitalista (a Alemanha fora dividida
em duas, no final da 2ª Guerra Mundial).

A partir do final da década de 1980, muitas nações socialistas como a União Soviética, a
Alemanha Oriental e países do Leste Europeu passaram a abandonar o sistema
socialista, adotando, gradualmente, o capitalismo, sendo dois processos marcantes da
época a perestroika na Rússia e a queda do muro de Berlim na Alemanha.
Qual a razão para ter havido uma diminuição no número de países que adotam o sistema
socialista? Essa é uma pergunta muito difícil de ser respondida, mas, em termos
técnicos, os índices de produtividade das economias socialistas sempre foram menores
do que os das economias capitalistas, e isso pode ser associado a diferentes fatores,
sendo que dois deles merecem destaque. Vamos a eles?

Por mais que um técnico governamental possa ter acesso a diferentes estudos e
projeções, ele não poderá prever como os agentes se comportarão. Por isso, ao dar
liberdade para que os agentes possam utilizar os recursos produtivos disponíveis, será a
sociedade que, de uma forma dinâmica, encontrará as melhores respostas para as
perguntas fundamentais: o que produzir?, quanto produzir?, como produzir? e para
quem produzir?

O segundo deles é o sistema de preços (muito perceptível no sistema capitalista), que


acaba sendo um conjunto de incentivos para direcionar o uso dos recursos produtivos,
pois tanto as necessidades humanas quanto a disponibilidade deles mudam, fazendo
com que a alteração de preços acabe equilibrando o mercado.

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➕Pesquise mais

Para se aprofundar mais sobre o assunto, ouça SciCast #270: Os “Ismos” da Política 3
– Socialismo e Comunismo.

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💭Reflita

Enquanto muitas pessoas defendem que a solução dos problemas econômicos passa pela
maior presença do Estado na economia, há outro grupo defendendo o anarquismo e
pregando a extinção do Estado, situação em que cada um fica responsável por resolver
seus problemas individualmente. O que você acha: seria melhor ficar tudo na mão do
Estado, o Estado deveria desaparecer, ou seria bom definir que o Estado atue em áreas
específicas? Reflita sobre o assunto!

Sistema econômico: capitalismo

No capitalismo, ao contrário do socialismo, o peso do governo é reduzido, e os agentes


possuem liberdade de escolha, uma vez que existe a posse privada dos fatores de
produção. Por isso, as empresas buscarão o lucro como recompensa de sua eficiência
(ele é o seu incentivo), o que gera um ambiente em que a competição entre as empresas
é estimulada e o sistema de preços (pela relação entre a oferta e a demanda por bens e
serviços) é quem direciona o funcionamento do mercado.

No sistema capitalista, o uso dos fatores de produção é remunerado (pois a propriedade


desses recursos produtivos é privada). Para entender essa relação, é fundamental a
compreensão do fluxo circular de renda. Vamos a ele?
Você já sabe que os fatores de produção (terra, capital e trabalho) são utilizados de
forma combinada para produzir bens e serviços. Ocorre que esses recursos produtivos
são propriedade do agente econômico “Família”, correto? Para simplificar, vamos
considerar que, em uma economia, existem apenas dois tipos de agentes: as famílias e as
empresas (portanto, nessa simplificação, imaginaremos uma economia sem os agentes
econômicos governo e resto do mundo). Como se dará a relação entre eles?

Lembre-se que todos os recursos produtivos (fatores de produção) pertencem às


famílias. Dessa forma, as empresas terão que adquirir os fatores de produção
disponibilizados pelas famílias e utilizá-los para produzir os bens e serviços. Como a
família é o agente consumidor de bens e serviços, aqueles bens e serviços produzidos
serão adquiridos pelas pessoas físicas (agente econômico “família”) para a satisfação de
suas necessidades no mercado de bens e serviços. Esse processo é chamado de fluxo
real da economia, pois envolve a disponibilização de recursos produtivos (fatores de
produção) pelas famílias e a produção e distribuição de bens e serviços pelas empresas,
estando representado na figura abaixo:

Fluxo circular de renda. Fonte: adaptada de Nogami e Passos (2016, p. 64).


Mas como as famílias pagam pelos bens e serviços que vão adquirir? Se você observar a
figura , verá que existe um outro fluxo, que começa com o pagamento das empresas às
famílias pelos fatores produtivos utilizados. Esses pagamentos são constituídos dos
salários (relativos ao fator de produção trabalho), aluguéis (relativos ao fator de
produção terra) e lucros (relativos ao fator de produção capital), ou seja, quando as
famílias cedem os fatores de produção às empresas, em contrapartida, recebem essas
remunerações (em dinheiro). Dessa forma, o fluxo monetário se completa quando as
pessoas utilizam o dinheiro que receberam com as remunerações (salários, aluguéis e
lucros) para a aquisição de bens e serviços que foram produzidos nas empresas.

Assim, chegamos ao final dessa aula, na qual você pôde ter uma ideia geral da ciência
econômica, tendo conhecido os seus principais conceitos.

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➕Pesquise mais

Ouça o Ultrageek 137 – CAPITALISMO com o convidado palestrante Luciano Pires.

Conclusão

Agora que você já está dominando os temas que discutimos, é o momento de aplicar o
que aprendeu para ajudar a resolver o dilema enfrentado pelo Douglas. Lembre-se que
ele está terminando o curso e precisa decidir onde utilizar seus recursos financeiros:
fazer uma viagem ou pagar por uma pós-graduação. Considerando o que você estudou,
o que você acha que ele deve fazer?

Por mais prazerosa que a viagem possa ser, Douglas precisa dimensionar qual é o seu
custo de oportunidade: os gastos da viagem correspondem ao valor necessário para
realizar uma pós-graduação em uma área que a empresa em que ele trabalha pretende se
expandir. Como a chefia tem demonstrado satisfação com o trabalho dele, você
concorda que agora não é momento de utilizar os recursos em lazer, mas, sim, de
investir em capacitação? Cada indivíduo tem uma escala de prioridades diferente e vai
usar seu dinheiro para adquirir os bens e serviços em uma combinação que maximize
sua satisfação individual, mas a escolha de gasto em um bem específico traz impactos
no consumo de outros bens e serviços. Douglas precisa ter isso em mente na hora em
que fizer a escolha dele.

Pode até ser que Douglas não venha a ser contratado, mas investir na própria carreira é
sempre um bom uso dos recursos financeiros.

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