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ECONOMIA, CONCEITOS E

APLICAÇÕES
AULA 1

Prof. Tiago Barbosa


CONVERSA INICIAL

Esta aula introduz a ciência econômica, com foco no seu objeto de estudo,
seus métodos, alguns de seus conceitos fundamentais e sua história.
A economia é uma ciência social que explica o comportamento econômico
dos atores e quais resultados esse comportamento gera quando há interação
entre os agentes econômicos. A princípio, isso pode parecer um pouco árido e
abstrato, mas conforme avançarmos nas aulas, essas questões ficarão claras.
A economia ajuda a responder a uma série de questões práticas muito
relevantes, por exemplo – por que, em situações normais, não faltam itens em
um supermercado? Por que algumas pessoas trabalham como médicos e outras
como marceneiros? Por que médicos, em geral, ganham mais que marceneiros?
Por que as pessoas fazem faculdade? Por que alguns países são mais ricos que
outros? Por que há pessoas bilionárias e pessoas que vivem na miséria? Há
alguma forma de se erradicar o desemprego? Que efeito tem o avanço da
robótica e da inteligência artificial no emprego e renda das pessoas e no lucro
das empresas? Como os países podem se tornar mais ricos e reduzirem a
miséria? Qual preço uma empresa deve cobrar por seu produto? Por que o lucro
de uma empresa em um determinado ano caiu? Essas são apenas algumas das
questões que um entendimento da teoria econômica ajuda a responder.
Esta aula busca introduzir a ciência econômica. Os esforços de
aprendizado desta aula são no sentido de entender: (i) o objeto de estudo da
economia e seus métodos; (ii) os chamados problemas econômicos
fundamentais; (iii) como as relações econômicas modernas funcionam, (iv) os
axiomas e o comportamento básico dos agentes econômicos; e (v) a evolução
do pensamento econômico ao longo do tempo.

CONTEXTUALIZANDO

Qual o objeto de estudo da economia? Qual a relevância dessa ciência


para a explicação de fenômenos da sociedade? Que métodos e fontes de dados
ela usa? Que axiomas e conceitos fundamentam o comportamento dos agentes
econômicos? Que mudanças ocorreram no pensamento econômico ao longo do
tempo?
Em termos mais concretos, que dados e teorias explicam por que alguns
países são mais ricos e possuem menores taxas de pobreza que outros? Há

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alguma forma de uma sociedade adotar políticas que a tornem rica no médio e
longo prazo? Por que as pessoas sempre estão em busca dos menores preços
dos produtos que desejam comprar, ao passo que empresas sempre estão em
busca do contrário, vender ao maior preço possível? Como pode a interação
entre dois lados com interesses antagônicos gerarem estabilidade e bem-estar?
Economistas que trabalham em empresas podem responder a essas
perguntas: qual a quantidade que ela deve produzir? A que preço ela pode
vender sua produção? Ela deve investir quanto e em quê? Ela deve contratar ou
demitir funcionários? Ela deve imitar as ações de suas concorrentes? Diferenciar
seu produto vai trazer vantagens para a empresa? Qual o impacto de uma
política local, estadual ou nacional no setor e nos resultados da empresa?
Já economistas trabalhando em governos e com um bom conhecimento
da teoria econômica podem responder o seguinte: qual o impacto de uma política
em termos de bem-estar dos grupos de agentes envolvidos e da sociedade em
geral? O governo deve aumentar ou cortar impostos? Em que grau os governos
devem intervir em mercados específicos e na economia como um todo? Que
políticas vão beneficiar determinado setor ou grupo de pessoas e quem serão os
prejudicados por essa política? Que políticas ajudam a tornar uma sociedade
mais rica e menos desigual?
Essas e outras perguntas de grande relevância serão abordadas nesta e
nas próximas aulas e aprofundadas em disciplinas futuras do curso.
Basicamente, a teoria econômica provê explicações teóricas para o
comportamento e as relações entre os atores econômicos. A teoria auxiliada por
uma análise da realidade ajuda a entender o porquê de produzirmos o que
produzimos, que quantidade produzimos de cada item, como produzimos e para
quem os frutos da atividade econômica são distribuídos.
O objetivo da nossa disciplina introdutória é mostrar os conceitos
fundamentais e os principais modelos da economia, aplicáveis a uma variedade
de situações do cotidiano profissional, seja em empresas, governos ou
instituições do chamado terceiro setor.
Os tópicos serão apresentados de forma sucinta e introdutória, sendo
possível e recomendável o aprofundamento dos alunos no que for de seu
interesse, sempre tendo em mente que os temas serão retomados de forma mais
detalhada em disciplinas futuras do curso, tais como microeconomia,
macroeconomia e economia internacional.

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TEMA 1 – A CIÊNCIA ECONÔMICA

Crédito: jijomathaidesigners/Shutterstock.

Há um fato duro da realidade que precisa ser entendido para que se


reconheça o objeto da economia. Esse fato é que os recursos são escassos.
Isso significa que o montante de recursos – trabalho, capital, terra, tempo
disponível – que podem ser utilizados para satisfazer às necessidades e desejos
materiais ilimitados dos seres humanos não são suficientes, é preciso escolher
que usos serão permitidos, que escala eles terão e quem vai se beneficiar dessa
produção. O uso de um recurso produtivo para a produção de um bem ou serviço
exclui a possibilidade de uso desse mesmo recurso escasso para a produção de
outro bem ou serviço desejado, logo, é preciso escolher, e toda escolha implica
uma renúncia (Krugman, 2007).
Sendo assim, a ciência econômica estuda a forma como as sociedades
organizam suas atividades produtivas e distributivas de modo a atender às
necessidades humanas ou à ciência que estuda a gestão dos recursos escassos
em uma sociedade. Isso faz da economia uma ciência que estuda o
comportamento econômico dos atores em suas decisões econômicas, tais como
comprar, produzir, vender, poupar, investir etc. Além de estudar as decisões
individuais, a economia estuda como se dá a interação entre as decisões dos
diferentes agentes individuais e que resultados essa interação gera (Krugman,
2007).
O fato de os recursos serem limitados faz com que nem todas as
necessidades e desejos das pessoas possam ser atendidos, ou seja, os agentes

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decidem e interagem em ambientes restritivos. As escolhas individuais de cada
agente influenciam indiretamente as opções e oportunidades enfrentadas pelos
outros agentes. Desse modo, a economia precisa não só explicar o
comportamento individual de escolha dos agentes, mas também como as
milhões de escolhas independentes tomadas ao longo do tempo interagem entre
si (Krugman, 2007).
Uma pessoa deseja comprar um carro. A cadeia de produção do carro
envolve milhares de empresas e pessoas, desde a empresa responsável pela
mineração do ferro até a concessionária ao final que entrega o carro para o
consumidor. São centenas de fornecedores de peças para se montar um carro,
e cada fornecedor, por sua vez, depende de uma outra cadeia com diversos
fornecedores, e assim sucessivamente. É preciso que as ações de todos esses
agentes estejam alinhadas para que essa simples ação individual de comprar
um carro aconteça.
Decisões implicam escolher uma entre várias opções. O princípio adotado
é que indivíduos sempre escolhem a opção com melhor custo-benefício para si,
e o custo-benefício da melhor opção alternativa que não foi escolhida é chamado
de custo de oportunidade da sua escolha (Krugman, 2007).
Como recursos são escassos, o custo de oportunidade de se produzir um
produto é o que se deixou de produzir de outro produto com esse mesmo
recurso. O custo de oportunidade de se comprar maçãs poderia ser o quanto um
consumidor deixou de comprar de bananas, caso ele gostasse das duas frutas,
mas preferisse maçãs. O custo de oportunidade de não se ter um emprego e
poder usufruir de mais horas de lazer é o salário que deixou de ser obtido e que
poderia ser utilizado pelo indivíduo para consumir, por exemplo.
A escassez dos recursos, não somente de renda para os consumidores,
mas também de fatores produtivos e tempo vem do fato de que é preciso fazer
escolhas, ou seja, optar por uma alternativa em detrimento das demais. Ao
dedicarmos nosso tempo a fazer alguma coisa, deixamos de empregar nosso
tempo em outra coisa. Dado que as necessidades e desejos humanos são
ilimitados e os recursos limitados, as pessoas gostariam de dispor de mais
recursos, de preferência de recursos ilimitados para satisfazer às suas vontades,
mas não podem.
Em economias de mercado, os milhões de atores tomam decisões
individualmente de acordo com suas preferências e com uma análise do custo-

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benefício das suas opções, mas as ações de um agente influenciam nas
oportunidades disponíveis para os outros. Basicamente, em uma economia de
mercado os agentes são interdependentes (Krugman, 2007).
Os mecanismos responsáveis por coordenar as atividades produtivas,
determinar o que, quanto, como e para quem as coisas serão produzidas em
uma economia de mercado são os preços dos produtos e dos fatores de
produção, que são os recursos empregados pelas empresas na produção, como
trabalho, capital e terra. Em uma economia de mercado, cada agente toma suas
decisões de forma independente e descentralizada, conforme parâmetros dados
por seu ambiente, mas sem uma coordenação central (Krugman, 2007).
Um consumidor que deseja comprar um carro, por exemplo, observa que
uma concessionária está realizando uma promoção que faz com que os preços
dos carros caiam 10%. O consumidor deseja pagar o menor preço possível por
esse carro, já que sua renda é limitada, e, ao pagar menos por algo, ele garante
ter o máximo de recursos possíveis para comprar outras coisas. Logo, ele está
atento a promoções. Porém, ele não é o único consumidor interessado em
comprar um carro, pois milhares de outros consumidores podem ter a mesma
ideia, mas como a promoção é limitada a um certo número de unidades, os
consumidores vão disputar esse número limitado de carros.
Isso ilustra o princípio da interdependência, um ator, no caso a
concessionária, diminui o preço dos carros e, assim, provoca a ação de milhares
de consumidores. Ao mesmo tempo, essa promoção pode levar a uma
diminuição das vendas em concessionárias concorrentes, logo, elas não podem
ficar indiferentes a essa promoção, caso ela seja de tamanho significativo. A
ação de um ator pode mudar os custos e benefícios enfrentados por todos os
outros atores que operam no mesmo mercado. Isso faz com que eles tenham
que reagir a alguma mudança inicial, seja ela provocada por algum agente do
mercado ou por alguma alteração externa a esse mercado.
Para dar conta de explicar como ocorre a gestão dos recursos escassos
em uma sociedade, a economia é dividida em dois amplos campos de estudo. A
microeconomia analisa como empresas e famílias tomam decisões e como
esses atores interagem em mercados específicos; e a macroeconomia estuda
fenômenos que englobam toda a economia com seus diversos mercados
(Mankiw, 2013).

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A microeconomia ajuda a entender como as famílias tomam decisões
sobre consumo e poupança, sobre investir em atividades produtivas e ofertar
trabalho. As empresas decidem o que e quanto produzir, que fatores de
produção (trabalho, capital, terra) vão utilizar, que técnicas produtivas vão
implementar, quanto, quando e no que investir etc. Por meio do comportamento
esperado desses agentes nos mercados, a microeconomia deriva como deve se
desenrolar as interações dos agentes nos mercados e que efeitos essas
interações têm sobre o preço e sobre a quantidade transacionada de um produto.
Ao analisar mercados específicos, a microeconomia também ajuda a entender a
lógica e os efeitos de políticas públicas voltadas a mercados específicos.
Qual o efeito no preço e na quantidade transacionada de bananas quando
um fungo destrói metade das plantações de uma região produtora importante?
Ainda, essa queda na oferta de bananas causa que efeitos nos preços e
quantidades de outras frutas similares, como pêssegos e nectarinas? Qual o
efeito de uma guerra no Oriente Médio no preço e na quantidade ofertada de
petróleo no mundo? Por que e quanto as famílias poupam, ou seja, deixam de
consumir no momento presente em troca de um retorno financeiro futuro, em
resposta a um aumento na taxa de juros? Esses exemplos ajudam a entender
qual o comportamento esperado dos consumidores e produtores em um
mercado em resposta a uma variação no ambiente em que eles atuam e qual o
resultado esperado em termos de preços e quantidades no mercado específico
e em mercados relacionados.
Outro uso da microeconomia é em entender qual mudança ocorre no
comportamento dos agentes e nas condições de um mercado em resposta a
uma alteração em alguma política pública que possua ligação direta com esse
mercado. Se o preço dos aluguéis for limitado por uma política que visa proteger
os locatários, por exemplo, que efeitos isso terá no mercado de unidades
habitacionais para aluguel e que mudanças ocorrerão para os locadores e
locatários no curto e longo prazos?
Qual é o efeito de uma regulação sobre um preço, no caso, o aluguel, no
comportamento nos dois lados do mercado – consumidores e vendedores – e
como essa alteração no comportamento desses agentes leva a mudanças nas
quantidades transacionadas nesses mercados e mesmo a alterações em outros
mercados?

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Os consumidores (locatários) vão se beneficiar no curto prazo dessa
medida ao pagarem um menor preço por seu aluguel; já os vendedores
(locadores) serão prejudicados por receberem menos. Contudo, os efeitos de
uma política não se limitam ao curto prazo, pois, no longo prazo, por exemplo,
os locadores podem deixar de reformar as unidades, levando a uma deterioração
da qualidade das moradias, ou deixar de investir em novas unidades, já que o
retorno (preço) é limitado. Isso pode provocar uma escassez de unidades para
locação no mercado em questão. Há mais consumidores desejando alugar ao
nível de preços regulados que unidades disponíveis para aluguel.
Um economista que trabalha em uma empresa geralmente deve estar
atento aos mercados de atuação da sua organização. Ele deve interpretar sinais
que venham desse mercado (preços, dinâmica dos concorrentes) para traçar a
melhor estratégia para sua empresa. Deve, também, antecipar os possíveis
efeitos de uma política no setor e na empresa em que atua.
Já um economista que trabalha no governo deve analisar o estado atual
de um mercado e que efeitos prováveis serão gerados para os dois lados do
mercado ao se aprovar uma política específica. Quem são os perdedores e os
ganhadores? Que efeitos a política tem no curto e no longo prazo?
A macroeconomia, por outro lado, ajuda a entender o comportamento de
uma economia agregada como um todo, seja regional, nacional ou global, e o
efeito de grandes políticas em variáveis agregadas no curto, médio e longo
prazos. Algumas das principais variáveis analisadas pela macroeconomia são a
inflação, o crescimento e o desemprego.
Qual o impacto de uma crise financeira nos EUA na taxa de crescimento
econômico do Brasil? E o impacto de uma pandemia global no crescimento e na
taxa de desemprego do país? Que efeito terá uma política que reduza os juros
de toda uma economia em termos de crescimento e emprego? Vale a pena
investir bilhões em um programa de construção e reforma de infraestrutura em
termos de ganhos de produtividade e crescimento no longo prazo?
Para economistas que trabalham em empresas, em especial em bancos,
é importante analisar a conjuntura econômica atual; quais as perspectivas de
crescimento da economia, de inflação e emprego no curto e no longo prazo; que
prováveis políticas os governos vão adotar em face da conjuntura existente e
como essas mudanças vão alterar o lucro e os custos da empresa em questão.

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Já economistas que trabalham no governo não somente analisam a
conjuntura e o impacto que ela terá nas finanças do governo e no bem-estar da
sociedade como um todo, como são os responsáveis por traçar políticas que
levam à melhoria do bem-estar social, mesmo que haja incertezas quanto à
eficácia dessas políticas.
A microeconomia e a macroeconomia estão intimamente ligadas. Ao
explicar o comportamento individual dos agentes e como se dão as interações
em mercados específicos, a microeconomia fornece a base da macroeconomia,
porém, uma economia é mais que o simples agregado de todos os seus
mercados, assim, as duas disciplinas possuem objetos de estudo relacionados,
mas diferentes (Mankiw, 2013).
A análise de mercados fornece informações tanto para interpretações de
mudanças espontâneas nos mercados quanto para a análise dos efeitos de
políticas públicas propositivas sobre esses mercados. Dessa forma, os
economistas podem ter papel tanto de cientistas como de conselheiros de
políticas para governos e empresas. Esse tipo de análise permite ao economista
ter um raciocínio mais sistêmico, ou seja, ele pensa não só nos efeitos imediatos
e limitados a um grupo de agentes de uma mudança, mas nos efeitos indiretos
e respostas dos outros agentes à mudança inicial, os quais nem sempre são
imediatos. Esse tipo de raciocínio é uma das principais vantagens de se estudar
economia (Mankiw, 2013).
A economia é uma ciência social aplicada, e geralmente não é factível e
ético realizar experimentos para se testar teorias econômicas. Apesar da
economia comportamental realizar alguns experimentos sobre o comportamento
dos agentes em contextos controlados e limitados, em geral, pode-se dizer que
a economia é basicamente uma ciência não experimental. Seria muito arriscado
propor uma política nacional nunca antes realizada em uma economia
simplesmente para se testar uma teoria. Na ausência de experimentos, os
economistas observam e coletam dados de acontecimentos históricos naturais
para testarem suas hipóteses e teorias (Mankiw, 2013).
Uma das dificuldades de se testar e aplicar conhecimentos de economia
é que a maioria dos fenômenos econômicos depende de múltiplos fatores. Seria
difícil ou mesmo impossível incorporar todos os fatores em uma análise. Para
resolver esse problema, os economistas adotam modelos, que são
simplificações da realidade, como base para testes de teorias e análises da

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realidade. Os modelos econômicos são repletos de diagramas e equações,
omitindo detalhes e destacando somente algumas variáveis centrais
consideradas relevantes para o fenômeno e que tornam o modelo relativamente
simples e operacional. O objetivo é sempre testar o efeito em uma variável de
interesse provocado por uma alteração em algum de seus determinantes,
sempre uma alteração por vez para facilitar a análise, daí o uso frequente na
economia da expressão “tudo o mais constante” (Mankiw, 2013). A próxima
seção explora os chamados problemas econômicos fundamentais.

TEMA 2 – PROBLEMAS ECONÔMICOS FUNDAMENTAIS

Crédito: Gorodenkoff/Shutterstock.

Dada a dura realidade de que há escassez, a economia estuda como


diferentes arranjos de regras e atores organizam as atividades produtivas e de
distribuição e quais resultados são alcançados. Os problemas econômicos
fundamentais que todas as sociedades devem responder se resumem a quatro.
O que produzir? Entre a infinidade de bens e serviços possíveis e os
gostos individuais de bilhões de pessoas, é preciso decidir o que vai ser
produzido em uma economia. O uso dos recursos escassos é rival, ou seja,
quando um recurso é utilizado para se produzir um bem ou serviço, ele não pode
ser utilizado ao mesmo tempo para se produzir outro bem ou serviço.
Desse fato se conclui que o número de produtos que podem ser
produzidos ao mesmo tempo é limitado, e toda sociedade, não importa à qual
sistema econômico ela pertença, deve adotar critérios que permitam essa
escolha, que sempre é coletiva.

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O segundo problema é quanto produzir de cada um dos produtos
escolhidos. Uma vez definido o que produzir, é preciso ter critérios que nos
digam o quanto produzir de cada bem ou serviço em uma economia. Ao se
decidir produzir mais carros, sobra menos recursos (trabalhadores, capital, terra)
para se produzir casas, por exemplo.
Como produzir esses bens e serviços? Uma vez decidido pela sociedade
o que produzir e quanto produzir entre a infinidade de bens e serviços possíveis,
é preciso ponderar sobre como se dará essa produção, não somente quem se
encarrega disso, mas com que técnica produtiva. Há um número limitado de
técnicas para se produzir um determinado bem ou serviço por meio das técnicas
disponíveis e da disponibilidade dos fatores de produção necessários, dessa
forma, é preciso decidir que técnicas produtivas serão escolhidas. Cada técnica
produtiva exige diferentes combinações de recursos.
Por fim, a última grande pergunta é: para quem produzir? Quem e em que
grau será possível colher os frutos da atividade produtiva a fim de satisfazer a
necessidades de consumo é basicamente uma questão de como se dará a
distribuição da produção (recursos) da economia. Os benefícios da atividade
produtiva não são distribuídos de forma igualitária entre os cidadãos, mas se
assentam de acordo com critérios definidos em cada sociedade.
Diferentes sistemas econômicos possuem regras distintas que levam a
diferentes arranjos econômicos que respondem a essas perguntas. As
economias modernas tendem a coordenar sua produção por meio de mercados,
o chamado capitalismo, e não por meio de órgãos centralizados, como comitês
que decidirão o que produzir, quanto, como e para quem.
O mecanismo que governa os mercados é o preço, logo, o preço é a
principal variável a determinar o que, quanto, como e para quem produzir em
uma economia de mercado. Os preços e as quantidades produzidas de bens e
serviços, assim como os preços e quantidades utilizadas dos fatores de
produção, dependem dos preços em cada um desses mercados. Entender o
comportamento dos preços e das quantidades são os objetivos centrais da
microeconomia.

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TEMA 3 – CAPITALISMO

Crédito: VectorMine/Shutterstock.

As economias atuais geralmente organizam suas decisões econômicas


de modo descentralizado por meio de mercados. Mercados são espaços de
trocas em que os agentes tomam suas decisões individuais conforme incentivos
e restrições do seu ambiente. O sistema econômico dominante hoje é o
capitalismo, no qual as empresas são geralmente privadas, propriedade de
algumas famílias, e a maioria das pessoas deve vender seu trabalho para obter
renda. A criação e o fechamento de empresas são relativamente livres e
dependem da iniciativa individual; as decisões de consumo, poupança e
investimento também são livres e os trabalhadores têm flexibilidade para
trabalhar onde for mais vantajoso.
Apesar de o mercado ser o responsável pela coordenação da atividade
econômica, o Estado geralmente tem alguma influência sobre a atividade
produtiva e distributiva. Ele coleta impostos, fornece determinados bens e
serviços e regulamenta as atividades que podem ou não ser realizadas por seus
cidadãos. Os critérios do que, quanto, como e para quem produzir são definidos
pelos mercados, ou seja, eles emergem por meio da interação de milhões de
agentes em milhares de mercados sem nenhum direcionamento central sobre
quem deve trabalhar em que, sobre quanto cada um deve ganhar, sobre o que
deve ser produzido etc. A variável que regula tudo isso são os preços.
As interações entre os atores em uma economia capitalista podem ser
descritas pelo modelo do fluxo circular. O modelo do fluxo circular é uma
representação simplificada das relações que ocorrem nas economias modernas.
Há duas entidades no modelo, os mercados, que são espaços nos quais ocorrem
trocas comerciais e que possuem o lado do comprador e do vendedor, e os

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atores, que são as entidades que tomam decisões e realizam as ações de
compra, venda, produção e posse dos fatores (Mankiw, 2013).
Nesse modelo, há dois conjuntos de mercados, o mercado de produtos,
no qual as empresas são vendedoras de bens e serviços e as famílias
compradoras desses bens e serviços para satisfazer às suas necessidades de
consumo; e o mercado de fatores de produção (trabalho, capital, terra), que são
os recursos que as empresas usam para produzir bens e serviços. Aqui a lógica
se inverte, pois as famílias são as proprietárias dos fatores de produção e os
vendem, e as empresas são as compradoras desses fatores conforme suas
necessidades de utilizá-los na produção (Mankiw, 2013).
Há dois fluxos circulares que ligam os atores nos dois mercados. O fluxo
material e o fluxo monetário. As famílias precisam e desejam consumir para
satisfazer às suas necessidades, mas, para isso, elas compram no mercado de
produtos os bens e serviços para seu consumo (fluxo material) e dão como
contrapartida monetária para as empresas o valor dos bens e serviços que
consomem, o qual se torna a receita das empresas (fluxo monetário).
Para obter receita, as empresas precisam produzir, e, para isso,
demandam serviços dos fatores de produção (fluxo material) que são
remunerados (fluxo monetário) para as famílias, que são as proprietárias desses
fatores. A remuneração dos fatores de produção se torna a renda das famílias
(fluxo monetário), a qual elas usam para pagar por seu consumo, fechando,
assim, o ciclo. A figura 1 mostra uma representação desse modelo.

Figura 1 – Modelo do fluxo circular da economia

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Fonte: Barbosa, 2021.

Explicado esse modelo, partimos no próximo tema para o entendimento


de alguns princípios fundamentais da economia, os quais são importantes para
as próximas aulas.

TEMA 4 – ALGUNS PRINCÍPIOS DA ECONOMIA

Crédito: VectorMine/Shutterstock.

O axioma principal da economia, premissa considerada evidente e


verdadeira, é o de que os agentes econômicos são racionais. Eles conseguem
analisar todas as informações disponíveis em seu ambiente para tomar uma
decisão que maximize seu bem-estar, dadas as restrições que o ambiente
impõe. Sua ação é eficiente, pois sempre buscam maximizar seu prazer ao
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menor custo possível e explorar oportunidades de ganho com as quais se
identificam. Há dois agentes (unidades decisórias) fundamentais na economia –
as famílias e as empresas.
As famílias são unidades decisórias compostas por pessoas que têm
necessidades materiais que devem ser atendidas por meio do consumo. Uma
família pode ser uma pessoa morando sozinha ou uma família extensa. Elas são
compostas de indivíduos racionais que precisam consumir bens e serviços para
sobreviver. O ato de consumo dá prazer às pessoas, prazer esse chamado de
utilidade. Os indivíduos buscam maximizar a utilidade que eles extraem do
consumo de bens e serviços dadas as restrições do ambiente em que operam,
ou seja, elas procuram consumir o máximo possível ao menor custo. As
restrições básicas das famílias são sua renda e riqueza e seu tempo disponível.
A sua decisão de consumo é basicamente o que e quanto consumir em
relação à sua renda, aos preços dos produtos e ao quanto devem poupar, ou
seja, quanto da renda não vai virar consumo presente, mas será investido em
aplicações que geram retornos financeiros futuros.
Para obter renda, as famílias devem vender os serviços dos fatores de
produção (capital, trabalho, terra) que possuem para as empresas, que utilizam
esses recursos nas suas atividades produtivas. A maioria das famílias obtém
renda do trabalho. O trabalho, em geral, é visto como algo não muito prazeroso,
pois as pessoas preferem trabalhar menos e ter mais tempo livre para o lazer,
descanso e convívio com outras pessoas. Porém, sem trabalho muitas famílias
não teriam renda para consumir. Desse modo, as famílias devem ponderar entre
a renda desejada para consumo e a quantidade de tempo despendida no
trabalho, de forma a maximizar a relação entre o prazer de consumir e o
desprazer de trabalhar (Krugman, 2007).
Enquanto as famílias buscam maximizar sua utilidade, as empresas
procuram maximizar seu lucro ou retorno sobre o capital investido. Lucros são
as receitas obtidas na venda de produtos menos os custos incorridos para se
produzir esses itens. O lucro é o valor que sobra para os proprietários da
empresa após todas as obrigações terem sido pagas. Ao buscar pautar suas
ações na maximização do lucro, as empresas garantem que a renda gerada para
seus proprietários seja a maior possível, maior renda significa maior acesso ao
consumo e, por consequência, maior prazer para essas famílias.

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A maximização é o critério de ação desse homem racional. O desejo é
consumir e lucrar o máximo possível. Porém, esses atores devem operar em
ambientes em que suas oportunidades são restritas, já que recursos são
escassos. Ao se escolher consumir um bem X, abre-se mão de se consumir o
bem Y, já que a renda é limitada. Escolhas têm custos monetários e não
monetários, há um trade-off, uma escolha conflitante, já que para se obter X,
devemos abrir mão de Y. As oportunidades de as empresas lucrarem também
são limitadas, pois há concorrência de outras empresas interessadas em
explorar as oportunidades existentes. Além disso, a atividade produtiva incorre
em custos, e o preço que os consumidores podem e desejam pagar pelos
produtos é limitado. Os atores devem obter o máximo possível desse ambiente
cheio de disputas e escassez.
Mudanças nesse ambiente de oportunidades limitadas representam
incentivos para que os agentes mudem seu comportamento de modo a
aproveitar o que for possível para aumentar sua utilidade e lucros, ou seja, os
agentes respondem a incentivos. Um aumento sustentado no preço de um
produto faz com que as empresas produzam mais desse item e que as novas
empresas entrem nesse mercado para atender a essa demanda. Isso seria um
incentivo positivo, as perspectivas de lucro fomentadas por um aumento
sustentado no preço do produto.
Há também os chamados incentivos negativos. A instituição de uma multa
para motoristas que ultrapassem o limite de velocidade de uma via, por exemplo,
busca desincentivar a conduta de dirigir acima da velocidade ideal e, assim,
reduzir o risco de acidentes graves. Esse é o objetivo da política e sua base está
no fato de que as pessoas não desejam gastar parte de sua renda limitada em
algo que não traz retorno para elas, no caso, uma multa.
Um conjunto de ideias e princípios podem ser traçados com base no
exposto até aqui, conforme mostra o quadro 1.

Quadro 1 – Ideias fundamentais da economia

Algumas ideias e princípios fundamentais da economia


 As necessidades e desejos humanos são ilimitados;
 Os recursos existentes são limitados;
 Há escassez, menos recursos disponíveis que os desejados;

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 Economia estuda a gestão dos recursos escassos;
 Decisões do que produzir, quanto produzir, como produzir e para quem
produzir (distribuição);
 As pessoas são racionais;
 Os agentes operam em ambientes restritos e que dependem das
decisões de milhões de outros agentes independentes;
 Os agentes procuram maximizar seu bem-estar levando em conta os
sinais e limitações vindas do seu ambiente;
 Os consumidores procuram maximizar sua utilidade (prazer) obtido pelo
consumo;
 As empresas procuram maximizar seu lucro;
 Agentes tomam decisões racionais individualmente;
 As decisões individuais interagem nos mercados e geram resultados
econômicos;
 Uma decisão implica em sacrificar outras opções;
 Há um custo de oportunidade em toda decisão;
 As pessoas respondem a incentivos;
 As pessoas buscam identificar e explorar oportunidades até esgotá-las;
 A economia é uma ciência eminentemente não experimental;
 Economistas usam modelos simplificados para analisar a realidade;
 Economistas podem ser bons conselheiros políticos ou empresariais.
Fonte: Barbosa, 2021.

Até o momento, traçamos o comportamento básico dos agentes


econômicos, seus objetivos e as restrições que o ambiente impõe sobre eles.
Esses conhecimentos serão fundamentais para as próximas aulas.
Nosso último tema faz um panorama da evolução do pensamento
econômico nos últimos séculos.

TEMA 5 – O PENSAMENTO ECONÔMICO EM PERSPECTIVA

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Crédito: Ledwinka/Shutterstock.

O objetivo deste tema é fazer uma apresentação sucinta dos sucessivos


paradigmas que dominaram a ciência econômica desde sua criação e a
existência de escolas alternativas. Essas escolas de pensamento serão
abordadas em disciplinas futuras do curso, por isso, aqui elas serão resumidas.
Paradigma é entendido como a teoria “modelo” dominante em um período na
ciência. Apesar de haver escolas dominantes, a economia sempre teve a
coexistência de diversas escolas de pensamento econômico.
O pensamento econômico tem raízes na Antiguidade. A palavra
economia, por exemplo, provém da Grécia Antiga e significa “gerenciamento das
questões domésticas”, porém, um pensamento econômico mais estruturado só
foi surgir no século XVIII, período marcado pelo início da Revolução Industrial e
por grande efervescência científica na Europa. Um dos porquês de o
pensamento econômico não ter se desenvolvido anteriormente é que havia
pouco comércio entre as regiões do mundo até 1500. A maioria dos bens era
produzida e consumida na mesma comunidade, não havia tantos mercados
estabelecidos até então (Brue, 2005).
O livro que faria surgir a economia moderna foi A Riqueza das Nações, de
Adam Smith, publicado em 1776. Esse autor marcou o início da escola clássica,
que foi o paradigma (escola dominante) da economia até 1871, quando o
paradigma começou a migrar para a chamada Escola Neoclássica, derivada da
clássica, mas com novas contribuições e ideias (Brue, 2005).
O cerne do pensamento econômico clássico era a ideia de que o
liberalismo econômico, ou seja, uma menor interferência do governo em
assuntos do mercado, levaria ao melhor resultado econômico. Os agentes
econômicos teriam seu comportamento regido pelo autointeresse e buscaria

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obter o máximo possível de benefício para si ao menor custo. Os agentes
pautados em seus interesses próprios agiriam nos mercados de forma a realizar
transações que beneficiariam ambos os lados, levando a resultados sociais
desejáveis, ou seja, não é preciso grande controle governamental sobre o que
os agentes devem ou não fazer em uma economia, pois o simples autointeresse
levaria os agentes a cooperarem a fim de obter os melhores benefícios sociais
possíveis na maioria das situações (Brue, 2005).
O paradigma subsequente seria o da Escola Neoclássica, iniciada em
1871. Essa escola evoluiu e ainda é considerada o paradigma da microeconomia
na economia, porém, na macroeconomia, a evolução do pensamento tem sido
mais turbulenta (Brue, 2005).
Os neoclássicos adotam diversos pressupostos dos clássicos, tendem a
enfatizar o comportamento individual microeconômico dos agentes, a considerar
que a intervenção governamental excessiva é prejudicial à economia e a
enfatizar o preço como variável econômica fundamental que regula o que,
quanto, como e para quem a produção de uma economia ocorre (Brue, 2005).
A grande crise dos anos 1930 no mundo ocidental, chamada de Grande
Depressão, fragilizou o pensamento macroeconômico neoclássico. A existência
de milhões de desempregados querendo trabalhar, aumento da miséria e fome,
e, ao mesmo tempo, de fábricas completas, com capacidade de produzir a todo
vapor, mas paradas, pôs em xeque a ideia de equilíbrio de mercado a pleno
emprego (Brue, 2005).
Diante dessa situação assustadora e inédita em escala, o economista
inglês John Maynard Keynes publicou, em 1936, o livro Teoria Geral do
Emprego, Juro e Moeda, no qual propôs uma nova teoria macroeconômica, com
base neoclássica, mas com novas formulações que explicavam não só a
situação econômica crítica de então, como propunha políticas macroeconômicas
para remediar essa situação (Brue, 2005). A ideia básica era de que o mercado
de trabalho poderia entrar em um novo equilíbrio, mas mantendo o desemprego
elevado, o que seria socialmente danoso. O foco da análise eram os grandes
agregados econômicos, como consumo, poupança, renda, produção e nível de
emprego. Economias seriam mais instáveis que o previsto e seria necessária a
ação governamental para compensar as flutuações econômicas geradoras de
recessões e desemprego (Brue, 2005).

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As crises do petróleo e da estagflação, combinação de
estagnação/recessão econômica com inflação, nos anos 1970 e 1980, fez com
que as ideias e prescrições de políticas macroeconômicas ativas dos
keynesianos fossem questionadas. As medidas para aliviar o desemprego
pareciam não surtir mais efeito e até mesmo ter o efeito deletério de estimular a
inflação, que já estava crescente, sem o bônus de reduzir o desemprego
significativamente (Brue, 2005).
A escola novo clássica surgiu nesse período e buscou uma retomada das
ideias neoclássicas na economia, com algumas adaptações, defendendo uma
posição menos intervencionista. A crença seria de que mercados são mais
eficientes do que os keynesianos pressupunham e que a intervenção dos
governos tende a gerar mais malefícios que benefícios (Brue, 2005).
Essas ideias e prescrições de políticas menos intervencionistas
floresceram, mas logo foram confrontadas por ideias que buscaram retomar sob
nova roupagem as ideias keynesianas por meio da escola neokeynesiana, que
surgiu nos anos 1980. A ideia era retomar alguns insights keynesianos, mas
também incorporar as críticas novo clássicas, propondo uma linha intermediária,
não tão intervencionista quanto o keynesianismo, mas também não tão liberal
quanto os novos clássicos. O debate macroeconômico atual tende a orbitar entre
essas duas escolas (Brue, 2005).
Apesar de a análise anterior ter destacado as escolas dominantes da
ciência econômica mundial, sempre houve teorias alternativas com fundamentos
diversos que coexistiram com essas teorias dominantes. As mais famosas
teorias alternativas são a economia marxiana e marxista e a economia
institucionalista (Brue, 2005). Com esse breve panorama da evolução do
pensamento econômico, encerramos esta aula. As próximas aulas focam na
microeconomia neoclássica e na macroeconomia atual.

TROCANDO IDEIAS

Discuta com os colegas no fórum da disciplina que variáveis você acredita


influenciar o “para quem” a produção de uma economia é destinada. Por que
algumas pessoas recebem tanto e outras tão pouco? Esse tópico será melhor
analisado em aulas futuras.

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NA PRÁTICA

Em uma economia capitalista, diversos atores e variáveis influenciam as


decisões de produção, mas quem geralmente tem a decisão final na economia
sobre o que produzir, quanto produzir e com que tecnologia?

a) Mercados de produtos
b) Empresas privadas
c) Consumidores
d) Governos

FINALIZANDO

Nossa aula apresentou o objeto da economia, um pouco da sua


metodologia, dos seus conceitos fundamentais e de sua evolução como ciência
social aplicada.
Vimos que o fato fundamental da economia é que há escassez, o que
significa que os recursos produtivos disponíveis para atender às necessidades e
desejos de consumo ilimitados dos seres humanos não estão disponíveis em
quantidade suficiente. Disso deriva a conclusão de que é preciso haver escolhas.
Escolhas implicam a adoção de uma alternativa e a exclusão de todas as outras,
logo, quando uma sociedade escolhe, algumas necessidades e desejos não
serão satisfeitos.
As escolhas envolvem o que produzir entre a infinidade de bens e serviços
possíveis, o quanto produzir de cada item, como produzir dentre as variadas
técnicas disponíveis e para quem produzir. Tudo isso envolve o estabelecimento
de critérios coletivos de escolha.
Em economias capitalistas, que são a maioria, as decisões do quê, de
quanto, de como e para quem produzir são realizadas de forma descentralizada
nos mercados, não há uma autoridade central determinando essas questões.
As escolhas emergem da interação de milhões de atores com interesses,
preferências e oportunidades distintas, cada um buscando obter o máximo
possível para si. Nesse sistema, os preços dos produtos e dos fatores de
produção são a principal variável reguladora das decisões.
As decisões individuais dos agentes são racionais, os atores recolhem
informações do ambiente em que atuam e decidem de acordo com a
comparação do custo-benefício de cada alternativa, sempre escolhendo a opção
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mais vantajosa. Daí surge o princípio de que os agentes sempre buscam
maximizar seu bem-estar, buscando aproveitar todas as oportunidades possíveis
de um ambiente restrito devido à escassez.
Por fim, analisamos a evolução do pensamento econômico. Pode-se dizer
que o pensamento econômico principal oscila entre escolas que defendem os
mercados livres como melhor forma de organização econômica e escolas que
enxergam limitações na atuação dos mercados, defendendo que, ao menos em
situações pontuais, os governos podem melhorar o bem-estar econômico de
uma população.
Na próxima aula, abordaremos o modelo mais importante da economia, o
modelo de oferta e demanda. Esse modelo ajuda a explicar o comportamento
dos preços e quantidades em uma economia, na qual, como dito anteriormente,
o preço é a variável central para as decisões sobre o que, quanto, como e para
quem produzir nas economias capitalistas.

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REFERÊNCIAS

BRUE, S. L. História do Pensamento Econômico. 6. ed. São Paulo: Thomson


Learning, 2006.

KRUGMAN, P.; WELLS, R. Introdução à Economia. São Paulo: Elsevier, 2007.

MANKIW, N. G. Introdução à Economia. 6. ed. São Paulo: Cengage Learning,


2013.

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