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Revisados e Comentados
Este texto contém recortes digeridos da 3ª edição do livro Introdução À
Economia de Gregory Mankiw, professor de Economia de Harvard, formado em
Princeton e no MIT.
Não há muito o que comentar sobre o conceito de tradeoff, mas compreendê-lo nos
ajuda a potencializar nossas escolhas. Quanto ao tradeoff supracitado, escolhi-o pois a
forma como ele é colocado nos diversos debates da sociedade nos leva a conclusões
lógicas incompletas e equivocadas.
Parece trivial que a alocação mais eficiente de recursos gera desigualdade, acreditando-
se que na economia sempre há os perdedores e os ganhadores. Há, porém entrelinhas
numa sociedade extremamente produtiva, que é o chamado “progresso técnico” ou
avanço tecnológico. A eficiência máxima tem o cenário mais propício para o avanço
tecnológico devido ao paralelo de concorrência ótima, isto é, o avanço tecnológico é
consequência tanto da competição entre as firmas quanto de um bom ambiente
institucional. O avanço tecnológico barateia custos, potencializando o uso dos recursos e
produzindo mais com menos, o que torna os preços dos bens e serviços mais acessíveis à
grande massa. Portanto o cenário de maior crescimento econômico é o que cria um
ambiente institucional favorável para a competição onde ela é eficiente e não o da
equidade maximizada. Em uma equidade máxima os agentes econômicos têm incentivos
reduzidos para competirem entre si e, portanto, acabam por minimizar o avanço
tecnológico, tendo em vista que o progresso é uma combinação de boas regras e
competição. Logo, no longo prazo, incentiva-se o coletivo a ser menos produtivo, o que
torna todos mais pobres.
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Custo de Oportunidade
Um conceito corriqueiro para os que visam maximizar seus ganhos financeiros. Mas o
grande inimigo do Custo de Oportunidade se chama “Informação” — na verdade a falta
dela. Se você não se informa sobre os diversos fenômenos que nos cercam, jamais irá
alcançar os potenciais pontos ótimos das suas preferências, seja nos investimentos do
seu dinheiro ou do seu recurso mais precioso, o tempo, o Custo de Oportunidade é uma
excelente ferramenta para medir a maneira como estamos e como gostaríamos de estar.
Nós estamos sempre comparando os custos e os benefícios das decisões que tomamos.
Acredite, fazemos isso intuitivamente, mesmo que erremos nos nossos cálculos, nós
sempre acreditamos que estamos tomando a melhor decisão em uma determinada
situação. Somos, então, incentivados a tomar aquela decisão que julgamos ótima. Se os
benefícios e/ou os custos de uma decisão mudam, somos incentivados a nos adequar aos
novos cenários. Um exemplo bem interessante é o quando acordamos numa segunda-
feira de manhã para trabalhar; caso decidamos ficar em casa dormindo, estamos
explicitamente preferindo o descanso às consequências de não aparecer no trabalho.
Em um outro plano, políticos, pelo poder que lhes é concedido, têm grandes incentivos a
serem corruptos, isto é, a favorecem interesses próprios transferindo seus custos para
terceiros. Lembre-se que o papel e a caneta usados para assinarem uma lei ou
regulamentação não têm senso crítico e nem códigos morais, portanto o sucesso da
medida depende essencialmente da boa índole e do conhecimento técnico do burocrata
(ou da sua equipe). E como nosso sistema têm ene falhas em seus mecanismos, conforme
Marcur Olson relata em The Logic of Collective Action, os políticos cedem aos grupos de
pressão para beneficiarem a si próprios e não há muitas formas de contornarmos essa
situação, principalmente no curto prazo.
A primeira ideia sobre como o Mercado promove bem-estar econômico está na ideia da
especialização: eu posso construir a minha própria casa, mas o custo de oportunidade
para tal será imenso, levando em consideração que eu não tenho conhecimento nenhum
sobre construção civil, mas existem pessoas especializadas que conseguem fazer a mesma
tarefa com uma eficiência grosseiramente maior que a minha. Da mesma maneira, eu
posso oferecer à essa mesma pessoa que construiu minha casa os serviços dos quais sou
especializado.
As evidências empíricas têm mostrado que mais mercado é melhor que menos mercado,
mas instituições de boa qualidade também têm papel importante para frear mercados
onde suas falhas pioram o resultado da livre concorrência. O Mercado coopera quando
é necessário, mas sempre incentiva todos a competirem entre si, o que por sua vez leva
as pessoas a se especializarem mais. As consequências de uma mão-de-obra
especializada é a racionamento de recursos naturais, melhores salários, crescimento
real da economia e, consequentemente, melhora do padrão de vida e bem-estar da
sociedade.
Adam Smith foi um gênio incomparável, não só pela excelência de seus estudos com tão
poucos recursos e tecnologias para analisar, mas principalmente por iniciar uma
corrente acadêmica da qual os cientistas sociais unem rigor matemático, instrumentos
estatísticos e conhecimento filosófico para explicar diversos fenômenos sociais.
As consequências sociais do mercado são tais que, com meu trabalho, eu beneficio todo o
meu contexto social e econômico e, na verdade, a soma de todos os esforços individuais
gera o que chamamos de prosperidade econômica (ou a falta dela).
Outro motivo pelo qual precisamos do governo são chamados Falhas de Mercado. Tais
falhas tocam os ponto onde a alocação via exclusiva dos agentes econômicos não levam a
maximização do bem-estar econômico. As Falhas de Mercado podem ter diversas origens
como a externalidade, o poder de mercado, a informação, os custos de transação, etc.
A externalidade é aquilo que não é precificado numa atividade produtiva, por exemplo a
poluição do ar, em consequência da atividade de uma usina, a concentração de calor em
um local, que é consequência da produção de energia solar, os benefícios sociais de uma
boa educação dos jovens e etc. Faz-se necessário a presença do governo para minimizar
essas externalidades negativas e maximizar externalidades positivas.
O poder de mercado é a influência indevida que um grande produtor exerce nos preços
dos bens e serviços que oferece. É o que justifica a criação de leis e regulamentações para
setores sensíveis da economia (principalmente para o consumidor), tais quais geração e
distribuição de energia, setor de telefonia, etc.
Os custos de transação entram como falha de mercado pois a existência desses faz com
que o equilíbrio de mercado seja ineficiente no sentido de Pareto (sub-ótimo). Quem nos
trouxe essa ideia foi Ronald Coase.
Representei a ideia de Mankiw às minhas palavras, mas creio a ideia geral acima seja
simples de ser assimilada.
Pode parecer tentador atribuir os avanços salariais somente aos sindicatos e políticas
públicas, mas a qualidade de vida do trabalhador está ligado em essência à capacidade de
todos de produzir bens e serviços no menor tempo possível.
A inflação é o que chamamos de aumento generalizado dos preços. Ela ocorre quando há
um descompasso entre os fluxos Monetário e Real da Economia. Um crescimento do PIB
de 2% deve ser acompanhado de um aumento de 2% na quantidade total de moeda em
circulação, para que os preços reais se mantenham constante. Em termos gerais, a
inflação ocorre quando o governo produz mais moedas do que o necessário e isso provoca
uma desvalorização do dinheiro. Comentarei sob uma perspectiva neoclássica da teoria
monetária; entretanto, há uma discussão interessante, iniciada por John Cochrane, sobre
os efeitos da expansão monetária, (quantitative easing) promovida no pós-crise de 2008,
donde o banco central americano baixou a taxa de juros para níveis próximos de zero,
sendo que não observamos efeitos esperados pela teoria vigente — que é menor juros
implica em mais dinheiro em circulação e mais dinheiro em circulação, ceteris paribus,
significa mais inflação.
Exemplificarei esse aumento de forma simples: (Para fins didáticos, consideremos que
tudo o que se pode ser produzido no mundo são maçãs)
A economia X que produz 1000 maçãs/ano tem 1000 moedas de prata circulando.
Portanto, temos a relação (1000 maçãs)/(1000 moedas) , ou seja, 1 maçã custa 1 moeda
de prata.
Então, dotado de boas intenções, o governo coloca mais 1000 moedas de prata em
circulação, agora temos as mesmas 1000 maçãs/ano e 2000 moedas. A proporção fica
em 1000/2000, e com certa defasagem, o preço de uma maçã caminhará para 2
moedas, privilegiando quem recebeu este novo montante de moeda primeiro e
prejudicando quem os receberá por último, até que o efeito inflacionário esteja
completo. Famílias de baixa renda comumente estão na ponta final desse processo. Não
importa quantas moedas o governo coloque em circulação, se a produtividade não
aumenta, não haverá melhora de bem-estar.
Inflação é uma forma de imposto, pois o governo é o primeiro a colocar as mãos nessa
quantidade entrante de moedas na economia (efeito Patinkin), além de ser o culpado
pela própria inflação. O “amigo dos pobres”, quando diz que vai combater a inflação é
tanto trágico quanto cômico, pois o governo é o próprio motor inflacionário, conforme
Milton Friedman, que caracteriza todo processo inflacionário como exclusivamente
monetário.
Além das Expectativas Racionais explicarem boa parte do porquê desse efeito perder
força no longo prazo, explicarei o raciocínio do porquê esse ideia é prejudicial à
economia :
Fazendo com que esse processo seja insustentável no longo prazo. No melhor cenário,
baixo crescimento; no pior, uma pesada recessão.
Ou seja, se o objetivo é gerar postos de emprego no longo prazo, temos pelo menos duas
maneiras muito mais eficientes de fazer isso do que recorrer à inflação.
Espero ter ajudado-os a entender um pouco mais sobre a ótica econômica e sobre como as
coisas funcionam para nós, meros mortais. Caso tenha ficado alguma dúvida sobre o que
seriam boas instituições e um bom ambiente institucional, recomendo a leitura do Por
quê as Nações Fracassam do Daron Acemoglu e do Instituições, Mudança Institucional
e Desempenho Econômico do Douglas North.
Daniel Galvêas, MSc