Você está na página 1de 14

Mundo pós covid-19: Bill Gates destaca 7 mudanças

previstas no futuro
Você está aqui:
1. Início
2. Covid-19
3. Mundo pós covid-19: Bill Gates…

Bill Gates (Fonte: Pequenas empresas, Grandes negócios – Foto: Jamie


McCarthy/Getty Images)

Uma das dúvidas mais recorrentes dos empresários e proprietários de pequenos


empresas, é a respeito de como será o mundo pós covid-19, visto as diversas
mudanças que continuam a ocorrer. Para Bill Gates (fundador da Microsoft), essas
mudanças serão significativas, e podem realmente alterar o modo como
trabalhamos e como vivemos.
Vale destacar brevemente, a fama de Bill Gates sobre ser uma das vozes mais
proféticas dos tempos atuais, dado que a pandemia de Covid-19 foi praticamente
prevista por ele. Em 2015, quando o mundo conseguiu evitar a propagação do
Ebola, Gates comentou na época que: “É hora de colocar todas as nossas boas
ideias em prática, desde o planejamento de cenários até a pesquisa de vacinas e o
treinamento de profissionais de saúde”.
Certamente quem seguiu os seus conselhos, pode não ter sofrido impactos tão
graves assim nesta crise.
Na última semana, Gates lançou um podcast, e em seu primeiro episódio,
conversou com um infectologista – Anthony Fauci, para comentar sobre as 7
tendências do mundo pós covid-19, que devem se perpetuar por um bom tempo.

Confira:
1. Reuniões remotas serão normalizadas
Antes da crise de Covid-19, as reuniões remotas eram menos frequentes, e podiam
ser consideradas até um descaso com os clientes.
No entanto, no mundo pós covid-19, elas se tornarão parte das rotinas de diversos
trabalhadores, facilitando no contato com fornecedores, stakeholders e clientes
em gerais.

2. Os softwares terão melhorias


significativas
Outra tendência prevista no mundo pós covid-19, é em relação a crescente
melhorias nos softwares.
Assim como a reunião remota parecerá mais natural no futuro, Gates também
prevê que as ferramentas para realizar as reuniões online se tornarão muitos
melhores do que as que usamos neste momento.
“O software era meio desajeitado quando tudo isso começou, mas agora as pessoas
estão usando tanto que ficarão surpresas com a rapidez com que inovaremos”,
prevê.

3. As empresas poderão compartilhar


um escritório
Com a maior parte das empresas adotando o modelo de Home-office, os escritórios
poderão diminuir, dado que não será tão necessário quanto antes, impactando
diversas decisões, inclusive imobiliárias.
“Acho que as pessoas vão menos para o escritório. Você pode até mesmo dividir os
espaços com uma empresa em que os funcionários usem em dias ou horários
diferentes”, sugere.

4. As pessoas poderão escolher morar


em lugares diferentes
No mundo pós covid-19, o trabalho remoto também poderá permitir uma maior
liberdade para escolher um lugar para morar. Os centros da cidade serão menos
importantes, e até os designs das casas podem ser repensados.
Segundo Gates: “Em cidades como Seattle e São Francisco, mesmo para quem é
bem pago, o aluguel custa um absurdo”, ressalta.
Sem a necessidade de visitar o escritório todos os dias, ficar em lugares caros acaba
se tornando menos atraente. Uma casa maior, em uma região menor, com menos
tráfego e mais tranquilo, pode acabar sendo mais atrativo.

5. Você socializará menos no trabalho e


mais na sua comunidade
Outra mudança no mundo pós covid-19, também em relação ao trabalho remoto, é
a maneira como trabalhamos e as pessoas com quem socializamos.
Com isso, os trabalhadores irão gastar menos de suas “energias sociais” no
trabalho, e mais com seus entes queridos, à noite ou aos finais de semanas.

6. As coisas não vão voltar totalmente ao


normal por muito tempo
Infelizmente, essa previsão para o mundo pós covid-19 é menos atraente, e
certamente menos animadora.
Gates, em parceria com o infectologista Fauci, comenta que, mesmo após a
aprovação de uma vacina, e a sua aplicação, as coisas não voltarão totalmente ao
normal, até que o mundo inteiro combata a Covid-19.
“Haverá uma fase em que teremos números de casos muito baixos, mas ainda
estará avançado em outras partes do mundo. Acho que muitas pessoas
permanecerão bastante conservadores em seu comportamento, especialmente se
eles se associam com pessoas mais velhas, cujo risco de ficar muito doente é muito
alto”, afirma Gates.

7. A próxima pandemia não será tão


grave
Apesar da previsão anterior não ser animadora, esta última traz maiores
esperanças para o mundo.
Todos sabemos que a pandemia de Covid-19 está sendo um pesadelo, mas Gates
afirma ter esperança de que, na próxima vez que uma doença como essas surgir, o
mundo todo se sairá muito melhor para contê-la.
“O principal motivo de ter um impacto menos destrutivo é que teremos praticado.
Teremos feito treinos de doenças como treinos de guerra – quase todos os países
responderão como a Coreia do Sul ou Austrália: testando rapidamente e colocando
pessoas em quarentena. Nossas ferramentas de teste serão muito melhores. Não
seremos tão estúpidos na segunda vez.”

Fonte: Revista Pequenas Empresas – Grandes Negócios


Mundo pós-pandemia:
futurologista prevê como o
Coronavírus vai mudar a vida da
população mundial
03/09/2020

Com o fim da pandemia global – previsto para


dezembro de 2020¹ -, surgirá uma nova
maneira de viver e o mundo, com certeza, será
muito diferente. Tendo em vista antecipar
algumas mudanças que moldarão essa nova
realidade, a Allianz Partners, especialista em
assistência 24 horas e seguro-viagem,
produziu, em parceria com o Futurologista
Ray Hammond, o relatório “Life after COVID-
19“.

Dividido em quatro categorias – casa, saúde, mobilidade pessoal e viagens


-, o conteúdo exclusivo traz os seguintes destaques:

•Casa: as residências não serão mais um lugar para passar apenas noites
e fins de semana, elas se tornarão uma fortaleza digital multifuncional;

•Saúde: a tecnologia digital para a saúde será a norma, incluindo a


telemedicina e incentivando a rápida adoção de tecnologias vestíveis, que
são dispositivos inteligentes utilizados como um acessório (relógios,
pulseiras ou até mesmo óculos de realidade virtual);

•Mobilidade pessoal: as viagens rodoviárias voltarão aos níveis normais e


as principais cidades do mundo continuarão reorganizando a
infraestrutura para estimular o uso da micromobilidade;
•Viagens: medidas rigorosas de saneamento serão adotadas em todo o
setor de lazer e turismo e as viagens aéreas de lazer provavelmente
voltarão aos níveis pré-Covid-19 somente após alguns anos.

Que são melhor detalhados abaixo:

1. A casa assume uma dimensão completamente nova

A Covid-19 acelerou o futuro das casas e deu a elas um novo papel.


Embora o trabalho em casa tenha sido uma exceção antes da pandemia,
ela se tornará cada vez mais normal para os empregos que a permitem.
O lar, portanto, se tornará mais do que apenas um local de lazer, será um
centro de trabalho. Isso incluirá seu uso crescente para profissões como
personal trainer, locutores de rádio e psicoterapeutas. Além disso, a
residência se tornará um centro de aprendizado, pois os universitários
terão cada vez mais probabilidade de passar um semestre ou dois na casa
dos pais. A casa do futuro também será transformada em uma fortaleza
digital com sensores inteligentes, e até mesmo monitoramento integrado
de saúde, como equipamentos e aplicativos de diagnóstico eletrônico, que
permitirão a segurança e a independência dos moradores.

No futuro, será um local em que poderemos obter atendimento médico e


acomodar equipamentos e serviços para idosos. A longo prazo, algumas
famílias poderão escolher criar espaço em casa para cuidar de um membro
da família que necessite de cuidados específicos. Além disso, será possível
realizar conexões de vídeo para permitir que as pessoas vulneráveis sejam
tratadas remotamente pelos profissionais de saúde, no conforto de sua
própria casa.

2. Os cuidados de saúde terão que responder a novas expectativas

As sociedades reformadas que emergirão da pandemia de 2020 estarão


mais sábias e muito mais preparadas para lidar com qualquer novo risco
à saúde pública. A opinião pública exigirá mais gastos com saúde por parte
dos governos, e os países localizarão cada vez mais cadeias de
suprimentos médicos para garantir acesso rápido a medicamentos e
equipamentos.

Médicos e pacientes continuarão, na medida do possível, a realizar


consultas de rotina remotas e online, pois a entrega digital de serviços e
informações médicas tem o potencial de aliviar as imensas filas dos
sistemas de saúde. Durante a crise da Covid-19, além de permitir
consultoria e apoio aos pacientes, a telemedicina também ajudou a
impedir a propagação do vírus, reduzindo o número de pessoas que
visitam clínicas e hospitais. A tecnologia se tornará habitual com a rápida
adoção de tecnologias vestíveis.

Com a chegada da pandemia e o subsequente isolamento social, o número


de pacientes que relataram problemas de saúde mental, como tristeza,
aumento da ansiedade e depressão, aumentou drasticamente. Os
profissionais de saúde mental também têm feito uso considerável de
aconselhamento remoto, o que permite um melhor acompanhamento
médico a longo prazo para aqueles que mais sofrem.

Prevê-se que as consequências da saúde mental durem mais que a própria


pandemia; é muito provável que os profissionais continuem a usar as
consultas por vídeo em sua combinação de métodos de tratamento no
futuro.

3. Uma mudança em direção no compartilhamento e mobilidade


flexível

Embora o uso de “máscaras inteligentes²” permita identificar as pessoas


doentes, o volume de passageiros nos trens será reduzido e muitas
pessoas vão repensar suas viagens. Durante os lockdowns, as pessoas
descobriram que podiam pedir suas compras ou outros itens de compras
online com facilidade e rapidez. Muitos trabalhavam em casa e agora se
perguntam se faz sentido possuir um carro. É provável que isso acelere a
tendência de aluguel de carros a curto prazo, e não a posse de carros, e
provavelmente aumente o número de pessoas que utilizarão o modelo de
compartilhamento de carros.

Nos últimos meses, milhares de quilômetros de ciclovias foram


construídas em cidades que estão sendo fechadas ao trânsito. Viajantes
de todo o mundo adotaram massivamente a bicicleta à medida que
emergem dos meses de isolamento social. Isso terá um impacto positivo
no uso de novos modos de micromobilidade, como bicicletas, bicicletas
elétricas, patinetes e scooters (compartilhadas e próprias) que podem
levar as pessoas para diversos lugares e ainda evitar o uso de transporte
público, ajudando a reduzir as emissões de Gases de Efeito Estufa e
melhorando a qualidade do ar.

Ao mesmo tempo, as autoridades precisarão fornecer pontos de


carregamento, criar mais ciclovias e regular o uso para garantir que os
motociclistas estejam seguro, respeitem os limites de velocidade, usem
capacete e tenham responsabilidade pelos itens de mobilidade
compartilhada. Com o aumento do uso e por ser um equipamento
compartilhado, os fornecedores precisarão garantir a segurança de todos
e fornecer regras de higiene e dicas de seguranças básicas.

4. A experiência de viagem nunca mais será a mesma

A Covid-19 tem sido um verdadeiro ponto de virada para a indústria de


viagens: aviões permanecem aterrados, serviços de trem reduzidos,
navios de cruzeiro não puderam atracar por causa de passageiros
infectados e restaurantes e hotéis tiveram que fechar por causa de
medidas sanitárias. O período pós-pandemia abrirá uma nova era de
precaução com menos espontaneidade e mais proteção contra o vírus.

Prevê-se que o transporte aéreo de curta distância e as viagens aéreas


domésticas se recuperem primeiro, mas os viajantes mudarão de
comportamento, incluindo máscaras durante toda a jornada e os abraços
e beijos de despedidas dos familiares serão fora do aeroporto. Em alguns
casos, pontes de embarque, ou ponte telescópica para aviões serão
usadas como um “túnel desinfetante”. As companhias reduzirão as malas
da cabine para acelerar o embarque e reduzir o risco de contaminação,
além de diminuir os serviços de bordo.

Os mais afetados certamente serão a indústria de cruzeiros, pois ninguém


tem uma visão clara de como eles podem ser organizados, respeitando o
distanciamento social e, acima de tudo, a quarentena de viajantes doentes
para evitar a contaminação.

A hospitalidade será impactada por medidas aprimoradas de saneamento.


É provável que os restaurantes reabram com menos horas, por menos
dias, com muito menos mesas e menus bastante simplificados. Enquanto
isso, os pedidos de entrega e retirada de aplicativos para smartphones
continuarão em alta. Os pacotes all inclusive de hotel provavelmente
serão redesenhados para remover a entrega de comida e bebida em estilo
buffet, e assim garantir que os hóspedes recebam serviço em suas mesas
individuais e distanciadas. As excursões locais deverão ser fornecidas para
festas individuais e, inevitavelmente, serão mais caras.

Finalmente, as viagens de negócios serão reconsideradas, pois a


pandemia mostrou que o gerenciamento global de projetos pode ser feito
por videoconferência, permitindo reduções de custos financeiros e de
emissões de Gases de Efeito Estufa. Provavelmente, apenas reuniões
comerciais, exposições e eventos esportivos internacionais voltarão aos
níveis normais no futuro próximo.

Sirma Boshnakova, CEO da Allianz Partners, comenta: “A crise do


Coronavírus tem nos levado a muitas mudanças na maneira como vivemos
nossa vida cotidiana e, com isso, as expectativas e os comportamentos
dos consumidores evoluíram. Encomendamos este relatório para poder
antecipar e desenvolver as soluções mais inovadoras e eficazes para
nossos clientes, oferecendo a eles tranquilidade agora e no futuro. Como
líder em serviços de assistência 24 horas e seguro-viagem, estamos
prontos para apoiar as transformações nos negócios mais importantes
para o nosso grupo: residencial, saúde, auto e viagens”.
O relatório completo está disponível para leitura aqui: www.allianz-
partners.com/en_US/press-and-media/reports/life-after-covid.html

¹ Cientistas de dados da Universidade de Tecnologia e Design de Singapura utilizaram


inteligência artificial para criar previsões baseadas em dados das trajetórias da Covid-
19 em diferentes países, prevendo finalmente quando o surto atual terminará. O
relatório pressupõe que uma vacina provavelmente será encontrada e administrada
a granel no terceiro trimestre de 2021.

² Uma nova geração de máscaras que mostra se uma pessoa com sintomas de Covid-
19 espirra nas proximidades. Essas máscaras estão agora em desenvolvimento no
MIT e na Universidade de Harvard nos EUA.
Como o coronavírus vai mudar nossas
vidas: dez tendências para o mundo
pós-pandemia
Consumir por consumir sai de moda, morar perto do
trabalho, atuar mais no coletivo com colegas de
empresas, ou vizinhos do bairro. A Covid-19 vai rever
valores e mudar hábitos da sociedade

Centro da capital de São Paulo onde o Governo do Estado prorrogou até 22 de abril a
quarentena.FERNANDO BIZERRA JR / EFE

CLAYTON MELO

13 ABR 2020 - 15:40 BRT

A Covid-19 mudou nossas vidas. Não estou falando aqui simplesmente da alteração da rotina nesses
dias de isolamento, em que não podemos mais fazer caminhadas no Minhocão ou ir aos nossos bares
e restaurantes preferidos. Sim, tudo isso mudou nosso cotidiano —e muito. Mas o meu convite para
você é para pensarmos nas mudanças mais profundas, naquelas transformações que devem moldar
a realidade à nossa volta e, claro, as nossas vidas depois que o novo coronavírus baixar a bola. Por
isso talvez seja melhor mudar o tempo verbal da frase que abre este texto e dizer que o coronavírus
vai mudar as nossas vidas. Mas como? Que cenários prováveis já começam a emergir e devem se
impor no mundo pós-pandemia?
O mundo pós-pandemia será diferente

Entender que mundo novo é esse é importante para nos prepararmos para o que vem por
aí. Porque uma coisa é certa: o mundo não será como antes, conforme nos alertou o
biólogo Átila Iamarino.

“O mundo mudou, e aquele mundo (de antes do coronavírus) não existe mais. A nossa vida
vai mudar muito daqui para a frente, e alguém que tenta manter o status quo de 2019 é
alguém que ainda não aceitou essa nova realidade”, disse nesta entrevista para a BBC
Brasil Átila, que é doutor em microbiologia pela Universidade de São Paulo e pós-doutor
pela Universidade Yale. “Mudanças que o mundo levaria décadas para passar, que a gente
levaria muito tempo para implementar voluntariamente, a gente está tendo que
implementar no susto, em questão de meses", diz ele.

Pandemia marca o fim do século 20

Ainda nessa linha, havia uma visão entre especialistas de que faltava um símbolo para o fim
do século 20, uma época altamente marcada pela tecnologia. E esse marco é a pandemia do
coronavírus, segundo a historiadora e antropóloga Lilia Schwarcz, professora da
Universidade de São Paulo e de Princeton, nos EUA, em entrevista ao Universa. “[O
historiador britânico Eric] Hobsbawm disse que o longo século 19 só terminou depois
da Primeira Guerra Mundial [1914-1918]. Nós usamos o marcador de tempo: virou o século,
tudo mudou. Mas não funciona assim, a experiência humana é que constrói o tempo. Ele tem
razão, o longo século 19 terminou com a Primeira Guerra, com mortes, com a experiência
do luto, mas também o que significou sobre a capacidade destrutiva. Acho que essa nossa
pandemia marca o final do século 20, que foi o século da tecnologia. Nós tivemos um grande
desenvolvimento tecnológico, mas agora a pandemia mostra esses limites”, diz Lilia.

Coronavírus, um acelerador de futuros

Vários futuristas internacionais dizem que o coronavírus funciona como um acelerador de


futuros. A pandemia antecipa mudanças que já estavam em curso, como o trabalho remoto,
a educação a distância, a busca por sustentabilidade e a cobrança, por parte da sociedade,
para que as empresas sejam mais responsáveis do ponto de vista social.

Outras mudanças estavam mais embrionárias e talvez não fossem tão perceptíveis ainda,
mas agora ganham novo sentido diante da revisão de valores provocada por uma crise
sanitária sem precedentes para a nossa geração. Como exemplos, podemos citar
o fortalecimento de valores como solidariedade e empatia, assim como o questionamento
do modelo de sociedade baseado no consumismo e no lucro a qualquer custo.

“A vida depois do vírus será diferente”, disse ao site Newsday a futurista Amy Webb,
professora da Escola de Negócios da Universidade de Nova York. “Temos uma escolha a
fazer: queremos confrontar crenças e fazer mudanças significativas para o futuro ou
simplesmente preservar o status quo?”

Efeitos do coronavírus devem durar quase dois anos

As transformações são inúmeras e passam pela política, economia, modelos de negócios,


relações sociais, cultura, psicologia social e a relação com a cidade e o espaço público, entre
outras coisas.
O ponto de partida é ter consciência de que os efeitos da pandemia devem durar quase dois
anos, pois a Organização Mundial de Saúde calcula que sejam necessários pelo menos 18
meses para haver uma vacina contra o novo. Isso significa que os países devem alternar
períodos de abertura e isolamento durante esse período.

Diante dessa perspectiva, como ficam as atividades de lazer, cultura, gastronomia e


entretenimento no centro e em toda a cidade durante esse período? O que mudará depois?
São questões ainda em aberto, mas há sinais que nos permitem algumas reflexões.

Para entender essas e outras questões e identificar os prováveis cenários, procurei saber
que tendências os futuristas, pesquisadores e bureaus de pesquisas nacionais e
internacionais estão traçando para o mundo pós-pandêmico. A partir dessas leituras e
também de um olhar para as questões que dizem respeito ao centro de São Paulo e à vida
urbana em geral, fiz uma lista com algumas dessas tendências, que você pode ler a seguir.

Confira as 10 tendências para o mundo pós-pandemia

1. Revisão de crenças e valores

A crise de saúde pública é definida por alguns pesquisadores como um reset, uma espécie
de um divisor de águas capaz de provocar mudanças profundas no comportamento das
pessoas. “Uma crise como essa pode mudar valores”, diz Pete Lunn, chefe da unidade de
pesquisa comportamental da Trinity College Dublin, em entrevista ao Newsday.

“As crises obrigam as comunidades a se unirem e trabalharem mais como equipes, seja nos
bairros, entre funcionários de empresas, seja o que for... E isso pode afetar os valores
daqueles que vivem nesse período —assim como ocorre com as gerações que viveram
guerras”.

Já estamos começando a ver esses sinais no Brasil —e no centro de São Paulo, com vários
exemplos de pessoas que se unem para ajudar idosos, por exemplo.

2. Menos é mais

A crise financeira decorrente da pandemia por si só será um motivo para que as pessoas
economizem mais e revejam seus hábitos de consumo. Como diz o Copenhagen Institute for
Futures Studies, a ideia de “menos é mais” vai guiar os consumidores daqui para frente.

Mas a falta de dinheiro no momento não será o único motivo. As pessoas devem rever sua
relação com o consumo, reforçando um movimento que já vinha acontecendo. “Consumir
por consumir saiu de ‘moda’”, escreve no site O Futuro das Coisas Sabina Deweik, mestre
em comunicação semiótica pela PUC e pesquisadora de comportamento e tendências.

O outro lado desse processo é um questionamento maior do modelo de capitalismo baseado


pura e simplesmente na maximização dos lucros para os acionistas. “O coronavírus trouxe
para o contexto dos negócios e para o contexto pessoal a necessidade de revisitar as
prioridades. O que antes em uma organização gerava resultados financeiros, persuadindo,
incentivando o consumo, aumentando a produção e as vendas, hoje não funciona mais”, diz
Sabina.

“Hoje, faz-se necessário pensar no valor concedido às pessoas, no impacto ambiental, na


geração de um impacto positivo na sociedade ou no engajamento com uma causa. Faz-se
necessário olhar definitivamente com confiança para os colaboradores já que o home
office deixou de ser uma alternativa para ser uma necessidade. Faz-se necessário repensar
a sociedade do consumo e refletir o que é essencial.”

3. Reconfiguração dos espaços do comércio

A pandemia vai acentuar o medo e a ansiedade das pessoas e estimular novos hábitos.
Assim, os cuidados com a saúde e o bem-estar, que estarão em alta, devem se estender aos
locais públicos, especialmente os fechados, pois o receio de locais com aglomeração deve
permanecer.

“Quando as pessoas voltarem a frequentar espaços públicos, depois do fim das restrições,
as empresas devem investir em estratégias para engajar os consumidores de modo
profundo, criando locais que tragam a eles a sensação de estar em casa”, diz um relatório da
WGSN, um dos maiores bureaus de pesquisas de tendências do mundo.

Eis um ponto de atenção para bares, restaurantes, cafeterias, academias e coworkings, que
devem redesenhar seus espaços para reduzir a aglomeração e facilitar o acesso a produtos
de higiene, como álcool em gel. Os espaços compartilhados, como coworkings, têm um
grande desafio nesse novo cenário.

4. Novos modelos de negócios para restaurantes

Uma das dez tendências apontadas pelo futurista Rohit Bhatgava é o que ele chama de
“restaurantes fantasmas”, termo usado para descrever os estabelecimentos que funcionam
só com delivery. Como a possibilidade de novas ondas da pandemia num futuro próximo, o
setor de restaurantes deve ficar atento a mudanças no seu modelo de negócios, e o serviço
de entrega vai continuar em alta e pode se tornar a principal fonte de receita em muitos
casos.

5. Experiências culturais imersivas

Como resposta ao isolamento social, os artistas e produtores culturais passaram a apostar


em shows e espetáculos online, assim como os tours virtuais a museus ganharam mais
destaque. Esse comportamento deve evoluir para o que se pode chamar de experiências
culturais imersivas, que tentam conectar o real com o virtual a partir do uso de tecnologias
que já estão por aí, mas que devem se disseminar, como a realidade aumentada e virtual,
assistentes virtuais e máquinas inteligentes.

De acordo com o estudo Hype Cycle, da consultoria internacional Gartner, as experiências


imersivas são uma das três grandes tendências da tecnologia. Destacamos aqui a área
cultural, mas isso também se estende a outros setores, como esportes, viagens a varejo,
conforme indica o relatório A Post-Corona World, produzido pela Trend Watching,
plataforma global de tendências.

6. Trabalho remoto

O home office já era uma realidade para muita gente, de freelancers e profissionais liberais
a funcionários de companhias que já adotavam o modelo. Mas essa modalidade vai crescer
ainda mais. Com a pandemia, mais empresas —de diferentes portes— passaram a se
organizar para trabalhar com esse modelo. Além disso, o trabalho remoto evita a
necessidade de estar em espaços com grande aglomeração, como ônibus e metrôs,
especialmente em horários de pico.
7. Morar perto do trabalho

Essa já era uma tendência, e morar no centro de São Paulo se tornou um objeto de desejo
para muitas pessoas justamente por conta disso, entre outros motivos. Mas, com o receio de
novas ondas de contágio, morar perto do trabalho, a ponto de ir a pé e não usar transporte
público, deve se tornar um ativo ainda mais valorizado.

8. Shopstreaming

Com o isolamento social, as lives explodiram, principalmente no Instagram. As vendas pela


Internet também, passando a ser uma opção também para lojas que até então se valiam
apenas do local físico. Pois pense na junção das coisas: o shopstreaming é isso. Uma versão
Instagram do antigo ShopTime.

9. Busca por novos conhecimentos

Num mundo em constante e rápida transformação, atualizar seus conhecimentos é questão


de sobrevivência no mercado (além de ser um prazer, né?). Mas a era de incertezas aberta
pela pandemia aguçou esse sentimento nas pessoas, que passam, nesse primeiro momento,
a ter mais contato com cursos online com o objetivo de aprender coisas novas, se divertir
e/ou se preparar para o mundo pós-pandemia. Afinal, muitos empregos estão sendo
fechados, algumas atividades perdem espaço enquanto outros serviços ganham mercado.

10. Educação a distância

Se a busca por conhecimentos está em alta, o canal para isso daqui para frente será
a educação a distância, cuja expansão vai se acelerar. Neste contexto, uma nova figura deve
entrar em cena: os mentores virtuais. A Trend Watching aposta que devem surgir novas
plataformas ou serviços que conectam mentores e professores a pessoas que querem
aprender sobre diferentes assuntos.

* Clayton Melo é jornalista e analista de tendências em A Vida no Centro

Você também pode gostar