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CAPÍTULO 9

DESCOBRINDO LABORATÓRIOS DE INOVAÇÃO


NO SETOR PÚBLICO1,2

Piret Tõnurist3 | Rainer Kattel4 |Veiko Lember5

1 INTRODUÇÃO1 2345
unidades no setor público não são amplamente
examinadas. Com este capítulo, pretendemos dar
Os laboratórios de inovação (i-labs) têm se torna- um primeiro passo para preencher essa lacuna na
do cada vez mais populares no setor público. Em literatura acadêmica.
2013, o Parsons Desis Lab – laboratório Parson de
Design para Inovação Social e Sustentabilidade –, Há processos tecnológicos e sociais ob-
criado pela New School, publicou a Constelação viamente mais amplos e relativamente bem
1.0 de Laboratórios de Inovação do Governo, conhecidos que levaram a uma onda de i-labs
cobrindo dezesseis conjuntos de inovações. Sub- no setor público. Primeiro, as reformas recentes
sequentemente, a Fundação de Inovação Nesta, no setor público, e possivelmente, mais ainda,
do Reino Unido, e a norte-americana Bloomberg as discussões acadêmicas dessas reformas –
Philanthropies publicaram um relatório sobre la- a nova governança pública – focam cada vez
boratórios do setor de inovação pública cobrindo mais os processos e resultados do serviço
vinte dessas unidades pelo mundo (Puttick, Baeck e (Osborne, 2013). Isso abriu o setor público
Colligan, 2014). Esses relatórios foram de natureza para a entrada de vários métodos orientados
informativa, uma vez que há pouca pesquisa sobre para o processo, tais como o design thinking,
os laboratórios de inovação no setor público além que se concentra na experiência do usuário,
de panoramas descritivos e, às vezes, normativos. em experimentação frequente e em múltiplas
Os i-labs, principalmente, estão descritos como perspectivas analíticas (Bason, 2010). Isso é
versões de várias organizações existentes: como bem típico em organizações como a Mindlab,
híbridas de grupo de pensadores (think tanks), la- na Dinamarca.
boratórios digitais de pesquisa e desenvolvimento
(P&D), empreendimentos sociais e organizações Em segundo lugar, muitos governos funcionam
beneficentes (Williamson, 2014). A natureza, a com restrição fiscal, o que reforça o foco nos
estrutura organizacional e as necessidades dessas processos de serviço público para aumento da

1. Esse artigo foi originalmente publicado em TONURIST, P.; KATTEL, R.; LEMBER, V. Discovering Innovation Labs in the
Public Sector. Working Papers in Technology Governance and Economic Dynamics, n. 61, 2015.
2. Este capítulo é baseado parcialmente em Tõnurist, Kattel e Lember (2017).
3. A pesquisa que resultou neste trabalho recebeu financiamento da União Europeia, por meio do Projeto Learning
from Innovation in Public Sector Environments (Lipse), do Ministério de Educação e Pesquisa da Estônia, da Fundação
de Ciências da Estônia e do Institute for New Economic Thinking (Inet). Esta versão da pesquisa foi apresentada na
Conferência de Pesquisa de Inovação Social (Sirc), realizada em Xangai, na China, nos dias 21 e 22 de maio de 2015.
4. Analista de políticas no Observatório da Inovação do Setor Público na Organização para a Cooperação e Desenvolvimento
Econômico (OCDE). E-mail: <piret.tonurist@ttu.ee>.
5.Professor pesquisador no Departamento de Inovação e Governança Ragnar Nurkse da Universidade de Tecnologia de
Tallinn, na Estônia. E-mail: <rainer.kattel@ttu.ee>.
5.Pesquisador investigador sênior na Universidade de Tecnologia de Tallinn, na Estônia. E-mail: <veiko.lember@ttu.ee>.
produtividade e da confiança do cidadão, simul- inovação disruptiva popularizada por Christensen
taneamente (por exemplo, por meio da experiên- (1997) deve ser mencionada nesse contexto.
cia do usuário com métodos de coprodução da Em suma, as tecnologias que produzem ruptura
participação). No outro extremo dos argumentos são significativamente diferentes das tecnolo-
das restrições fiscais, estão as discussões sobre gias tradicionais e, ao mesmo tempo em que
o Estado empresarial, que se concentra no papel são inicialmente inferiores às tecnologias tra-
do setor público, engendrando novas gerações dicionais em critérios de desempenho – que,
de revoluções tecnológicas (Mazzucato, 2013). na maioria das vezes, são valorizados pelos
Aqui, o foco muda para tipos diferentes de expe- principais clientes –, as tecnologias disruptivas
rimentações de política, por exemplo, as aquisi- são capazes de criar novos mercados e fornecer
ções públicas inovadoras e outras, denominadas novas funcionalidades.
políticas de inovação, do lado da demanda, que
buscam criar novos mercados (Lember, Kattel e Essas tecnologias destroem a estrutura de
Kalvet, 2014). mercado existente e, no nível organizacional,
destroem competências (Christensen, 1997).
Em terceiro lugar, talvez o mais importante, Assim, reconheceu-se que as empresas esta-
os governos estão sitiados pela adoção e difusão belecidas tendem a se destacar na inovação
das tecnologias de informação e comunicação incremental, mas não quando confrontadas
(TICs) e as possibilidades criadas por elas, desde com inovações disruptivas (Tushman e An-
mecanismos de retroalimentação participativos derson, 1986).
até a utilização de web analytics e megadados.
Presume-se que empresas menores estejam
Além disso, o surgimento dos i-labs no se- mais adequadas para os avanços tecnológicos
tor público pode ser ligado a debates teóricos (Baumol, 2004). Ainda que a morte organiza-
mais amplos sobre inovações organizacionais cional possa ser parte legítima da perspectiva
e tecnológicas (radicais). Primeiramente, We- evolucionária da economia, ela levou os pes-
ber (2009, p. 154-155) argumentou que as quisadores de gestão a perguntar como firmas
novas formas organizacionais (ou a mudança responsáveis podem lidar com esses desafios
de uma forma para outra) surgem por meio organizacionais e quais soluções pode haver
de conflitos entre os líderes antigos e novos para o dilema do inovador. Schumpeter (1934)
e a equipe. Particularmente interessante para já havia argumentado que essas mudanças
nosso contexto é a organização carismática causadoras de rupturas trazem valores sociais
de Weber, conforme sucintamente resumida totalmente novos incorporados por novas em-
por Samier (2005): presas e por outras novas organizações, tais
como novos partidos políticos, movimentos
Uma organização carismática é consistente com artísticos etc.
seus próprios princípios, ou seja, uma nova organi-
zação com sua própria linguagem, costumes, mitos A teoria dos paradigmas tecnoeconômicos de
e papéis derivados da personalidade e do sistema de Perez (2002) mostra como ondas sucessivas de
crenças do fundador carismático, afetando a equipe, revoluções tecnológicas trazem um novo senso
os padrões de trabalho, o comportamento social e comum de organização do trabalho. Assim, de
o ambiente material (op. cit., p. 71). acordo com esse autor, organizações paradigmas
de produção em massa tenderam a estar hierar-
Essas organizações carismáticas novas quicamente integradas e focadas na economia
podem estar ligadas à inovação disruptiva ou de escala, conforme resumido por Henry Ford,
revolucionária (Yu e Hang, 2010). A teoria de citado por Perez (2002, p. 3): “qualquer cliente

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pode mandar pintar o carro de qualquer cor exemplo da organização ambidestra (Tushman
que queira desde que seja preto”. Por sua vez, e O’Reilly, 2002), criando unidades autônomas
sob o paradigma das TICs, as organizações se de inovação a partir da empresa mãe, em termos
tornaram mais uniformes, as redes de produção de valor e estruturas de recurso (Christensen e
e inovação abrangem regiões mais amplas e Raynor, 2003) ou estabelecendo unidades de
há um forte foco na diversidade de produtos negócios autônomas, agentes de mudança ou
(customização etc.) (Perez, 2006). grupos de trabalhos não convencionais (skunk
works) (Christensen, 2006; Rogers, 1995). As-
Em resumo, podemos esperar que os proces- sim, hoje, não é surpreendente encontrar uma
sos organizacionais evolutivos orientados para infinidade de escritórios de inovação corporativa
a tecnologia também causem um impacto no no setor privado.
setor público, em especial quando os governos
funcionam com restrições fiscais e com novo A literatura existente sobre os i-labs mostra
foco nos processos de serviço. que a onda de laboratórios de inovação, também
no setor público, pode estar ligada a abordagens
Como tentativa de estruturar processos de abertas e centradas no usuário, por exemplo,
mudança nas organizações públicas, os i-labs cocriação, co-design e coprodução (Bason, 2013;
não são um fenômeno inteiramente novo, como Mulgan, 2014). Desse modo, a proliferação de
afirma Thompson (1998) em relação aos labo- inovações orientadas para usuários (Von Hillpe,
ratórios de reinvenção dos Estados Unidos nos 1986; 2005) tem sido uma importante contri-
anos 1990. As diferenças no caso da onda atual buição para a disseminação dos laboratórios de
de i-labs dizem respeito ao contexto e à lógica inovação. Além disso, esses modelos ganharam
pelas quais essas estruturas surgiram, ou seja, projeção graças à popularidade de algumas
à combinação de lógica de produção de serviço formas de inovação criadas durante a década
orientado ao usuário e ao poder crescente da anterior (Chesbrough, 2003; 2006). A chave foi
computação e da austeridade fiscal. Como a usar a inovação colaborativa.
mudança do setor público é sempre contextual
(Pollitt, 2009), existe, portanto, uma necessi- No contexto do setor público, a diferença
dade de se obter melhor entendimento sobre a reside em não existirem mecanismos de re-
natureza e o potencial dos i-labs. troalimentação direta do mercado, o que força
as empresas a mudarem e adquirirem novas
A literatura voltada para o setor privado habilidades para permanecerem ou perecerem.
aponta que os efeitos de ruptura da tecnologia Assim, o setor público tem o luxo de se auto-
e das inovações trazem à tona a importância absorver, o que significa dizer que a discussão
dos recursos humanos, da cultura e da estru- que envolve inovação no setor oscilou entre
tura organizacional, bem como da alocação desempenho interno e ganhos de eficiência
de recursos (Yu e Hang, 2010). Isso levou a e legitimidade externa (Borins, 2001), não se
enfatizar novamente os usuários principais, o restringindo apenas a preocupações baseadas
design dirigido pelo usuário (Von Hippel, 1986; no valor público (conferir mais sobre a perspec-
2005) e os trabalhadores da linha de frente tiva evolutiva da inovação do setor público em
(Christensen e Raynor, 2003), novas estratégias Kattel et al., 2014).
de colaboração interorganizacional (Gilson,
Sabel e Scott, 2009), modelos de inovação Isso torna o setor público um ambiente muito
abertos (Chesbrough e Crowther, 2006) e específico para inovação, com muitas barreiras
modelos organizacionais de inovações interna ao comportamento inovador (Lynn Junior, 2013;
e externa, como novos modelos de gestão, a Osborne e Brown, 2013; Meijer, 2014).

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Para começar, o setor público atrai indivídu- vista como necessária, diante dos problemas
os adversos ao risco (Pfeifer, 2010; Noussair, complexos da sociedade e da reforma do tra-
Trautmann e Van De Kuilen, 2014) e apoia a dicional Estado de bem-estar (Osborne, 2010;
cultura organizacional adversa ao risco, limitando Sorensen e Torfing, 2012; Torfing e Triantafillou,
a experimentação (Borins, 2001; Brown, 2010; 2013). Como tal, a nova governança pública
Osborne e Brown, 2011; Kay e Goldspink, 2012; e as literaturas de inovação no setor público
Torugsa e Arundel, 2015). Isso é ampliado por enfatizam a necessidade de incorporar princí-
políticos e pelo escrutínio da mídia em políticas pios de tecnologia de serviço na gestão e na
que falharam (Potts e Kastelle, 2010). Assim, administração pública (Osborne e Brown, 2013).
propõe-se que os servidores públicos avessos ao Aqui, a colaboração com stakeholders (partes
risco, de fato, favoreçam mudanças incremen- interessadas) externos é vista como essencial
tais em relação às inovações transformadoras (Pärna e Von Tunzelmann, 2007; Kim, 2010).
(Osborne e Brown, 2011) ou tentem minimizar o
risco (Osborne e Brown, 2013). Mesmo assim, há As explicações teóricas e conceituais sobre
evidência crescente de que o setor público inova a mudança no setor público são muitas; mesmo
constantemente (Albury, 2005; Borins, 2008; assim, tendem a estar vagamente vinculadas
Fuglsang e Sorenson, 2011; Schultz Larsen, (Fernandez e Rainey, 2006; Pollitt, 2009). A
2014). Embora não possamos desconsiderar agencificação no setor público, por exemplo,
o setor público como a fonte das tecnologias pode ser vista como um processo por meio do
mais fundamentais do mundo de hoje, os tipos qual o setor buscou inovação organizacional e
de inovações que o setor adota internamente de serviço. Dessa forma, o setor público não
podem ser menos radicais e mais incrementais se mostra alheio a organizações híbridas: há
no momento da sua difusão. uma difusão farta de trabalhos sobre órgãos
públicos não departamentais, organizações
As organizações do setor público estão não governamentais quase autônomas (quasi
usando novas possibilidades tecnológicas, mas, autonomous non-governamental organizations
até agora, suas habilidades de inovação estão – quangos) e organizações públicas quase au-
primariamente concentradas em processos tônomas sob a teoria de agência (Christensen
administrativos internos (Eggers e Singh, 2009), e Laegreid, 2006).
e, portanto, a diversidade em abordagens e
projetos é baixa e concentrada em mudanças A agencificação no setor público descreve
incrementais (Bessant, 2005; Brown, 2009). tanto a especialização quanto a autonomiza-
Não é de surpreender que Carstensen e Bason ção (Verhoest et al., 2010; Wynen et al., 2014).
(2012) aleguem que os esforços de inovação no Segundo a nova gestão pública (new public
setor público sejam conduzidos atualmente por management – NPM), uma das razões para a
indivíduos específicos em instituições estabele- agencificação foi a busca por menor gestão
cidas e mais dependentes de seus recursos do hierárquica e influência política em suas opera-
que na colaboração aberta com os cidadãos e ções diárias, com aumento da orientação para o
outras partes interessadas. cliente, flexibilidade, inovação e comportamento
de risco (Wynen et al., 2014).
No nível municipal, a cidade inteligente e
outras abordagens inovadoras e novas soluções Há alguma evidência que sugere que, de fato,
de serviços têm sido lideradas principalmente autonomia gerencial e menos burocracia levam
pela indústria (Hillgren, 2013). O setor públi- a uma maior cultura inovadora (Boyne, 2002;
co, no entanto, não é alheio ao uso de testes Verhoest, Verschuere e Buuckaert, 2007; Van
de pequena escala (Boyne et al., 2005). Ao Thiel e Van der Wal, 2010; Laegreid, Roness
mesmo tempo, a inovação do setor público é e Verhoest, 2011; Bysted e Jespersen, 2014).

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Igualmente, estudos organizacionais salientam o depende de normas existentes, valores, estruturas
efeito positivo de menor centralização e forma- e tradições de um determinado setor público
lização para a inovação (Slater e Narver, 1995; (James e Van Thiel, 2011; Pollitt, 2004). Pode
Koch e Hauknes, 2005; Vigoda-Gadot, 2009). As haver processos isomórficos em jogo, com
agências, no entanto, variam consideravelmente as organizações se tornando similares com o
pelos países e culturas organizacionais (Verhoest tempo, para ganhar legitimidade e sobreviver
et al., 2010) e, dependendo de sua forma e suas (DiMaggio e Powell, 1991). Ao mesmo tempo,
tarefas, sua originalidade pode diferir considera- a agencificação pode refletir a dinâmica de
velmente também (Laegreid, Roness e Verhoest, tradições político-administrativas mais amplas,
2011). Ao mesmo tempo, os anos recentes teste- tradições legais, condições econômicas e o
munharam um aumento de desagencificação no histórico do setor público, o que a torna sujeita
setor público, causado por crescentes problemas a dependências da trajetória (Christensen e
de coordenação e facilitado por TICs. Com a Laegreid, 2006).
ajuda das especificações da tecnologia e mais
acesso a dados, os serviços públicos se tornaram É importante, principalmente tendo em
mais modulares e abertos à terceirização e ao vista a onda internacional atual de formação
decréscimo da necessidade da gestão média de i-labs, não ignorar o papel da tecnologia
(Langlois, 2007) e, assim, conseguiram abertura como uma variável independente no proces-
a maiores mudanças internas, sem a obrigação so de agencificação. A tecnologia foi o fator
de se ter de rearrumar o sistema de serviço. central para o entendimento das mudanças
Organizações mais achatadas têm aparecido no nas organizações do setor privado (Langlois,
setor público, onde anteriormente proliferavam 2007; Gilson, Sabel e Scott, 2009), mas não
agências públicas autônomas, que estão sendo tanto na literatura sobre administração pública
fundidas e reincorporadas a agências com nível (Pollittt, 2010; Margetts e Dunlealvy, 2013).
superior (Verhoest et al., 2011). Conforme descrito anteriormente, a criação
de laboratórios de inovação no setor público
No nível conceitual, ainda é questionável também pode estar ligada à difusão e absorção
explicar a emergência das estruturas dedica- de tecnologias disruptivas – atualmente TICs
das do setor público (Pollitt, 2004). Há duas – que desafiam as formas e normas organiza-
abordagens amplas para explicar a mudança cionais atuais. Novas soluções tecnológicas
de estrutura no setor. A primeira, de acordo adaptativas criam a possibilidade de perso-
com a perspectiva racional (sumarizada, por nalizar serviços, usando novos mecanismos
exemplo, por teorias de delegação, como agente de retroalimentação para atualizá-los. A ideia
principal, e teorias de modelagem) envolve o desses laboratórios é facilitar inovações de
foco dos interessados na utilidade da agencifi- baixo para cima. Assim sendo, os laboratórios
cação (James e Van Thiel, 2011; Pollitt, 2004). de inovação são utilizados para iniciar o uso de
Formar contratos explícitos com unidades novas ferramentas de computação, de modo
estruturais do nível mais baixo deve facilitar a a se criar um amplo leque de possibilidades
eficiência da entrega do serviço público (por para utilizar a análise de rede e megadados
meio de autonomia, especialização e pressão do que ainda não são totalmente captados no
mercado) e a maior credibilidade dos políticos setor público.
e dos benefícios relativos ao trabalho para os
criadores de políticas, através da delegação e Ainda que a pesquisa acadêmica sobre
despolitização de tarefas públicas específicas. outros formatos de laboratórios de inovação e
espaços ainda seja esparsa, há uma variedade
Em segundo lugar, conforme as explicações de guias práticos para estabelecer laboratórios
institucionalistas, a natureza da agencificação em geral (Doorley e Witthoft, 2012; Ståhlbröst

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e Holst, 2013; Unicef, 2012; Puttick, 2014) ou cidade e no nível nacional), e foram criados
até mesmo fechá-los (Roberts, 2014). Uma predominantemente na virada do milênio. Os
das origens organizacionais dos laboratórios i-labs geralmente são menos hierárquicos do
de inovação no setor público pode ser vista que outras unidades do setor público, encon-
na cultura think tank, predominante na política tram-se normalmente em um espaço físico
anglo-americana (Williamson, 2014). Com isso, separado, e possuem um número pequeno de
foram descritos como grupos de pensadores e empregados com baixos níveis de rotatividade.
realizadores orientados com tal propósito (Bel- Ordinariamente, desfrutam de um alto nível
lefontaine, 2012). Formam um híbrido frouxo de apoio da gerência sênior e, sendo assim,
do think tank, o empreendimento social e a não são considerados segundo objetivos de
organização beneficente, fundindo aspectos do gestão de curto prazo, com financiamento
laboratório digital de P&D – os quais são, eles tradicional e com estruturas de controle de
próprios, formas organizacionais emergentes, custo (John, 2014).
contestadas e elásticas.
Essas unidades de inovação são descritas
Características amplas de base dos i-labs são como intermediárias de inovação (Horne, 2008,
discutidas em vários relatórios e trabalhos (Westley p. 20) – organizações híbridas que combinam ati-
et al., 2011; Torjman, 2012; John, 2014; Puttick, vismo comunitário, acesso à mídia, lobby político
Baeck e Colligan, 2014). Esforços para analisar os e P&D de alta tecnologia. A metáfora “unindo as
laboratórios de inovação incluem categorizá-los abelhas às árvores” tem sido usada para ilustrar
por seu segmento de especialidade, por exemplo, o movimento de empresários de pequena escala
com foco no design ou baseados em tecnologia; ou inovadores em direção às instituições estabe-
por setor, por exemplo, assistência médica ou lecidas (Murray, Caulier-Grice e Mulgan, 2010,
educação; se são dirigidos ou capacitados pelo p. 125). Elas também podem ser vistas como
governo; ou se seu nível potencial de mudança ambientes de teste seguro, onde novas propos-
é incremental ou sistemático (Armstrong et al., tas e serviços podem ser testados juntamente
2014; Parsons Desis lab, 2013). com cidadãos, especialistas e representantes do
governo (Bason, 2010; Mulgan, 2014).
Conforme Puttick, Baeck e Colligan (2014),
em uma das visões gerais, a Nesta e a Bloom- Os laboratórios de inovação são vistos como
berg Philantropies dividiram os i-labs em quatro formas experimentais de governo, agindo como
categorias: catalisadores de inovação (Carstensen e Bason,
2012). Seu fundamento é baseado no engaja-
• desenvolvedores e criadores de inovação mento do usuário, na colaboração entre setores,
– os que atendem a desafios específicos; na inovação aberta e em novas formas de coletar
dados e percepções (Puttick, Baeck e Colligan,
• capacitadores – os que trazem percepções 2014). Assim, devem abordar problemas de
de fora para o setor público; formas não hierárquicas e operar de uma ma-
neira mais horizontal, por meio de stakeholders
• educadores – transformadores dos pro- e pela inclusão de profissionais com variedade
cessos, habilidades e cultura; e de conhecimentos.

• arquitetos – concentrados na mudança de Com o rótulo de espaços de inovação, segundo


sistema e de nível de política. Bloom e Faulkner (2015), há agora milhares de
laboratórios liderados por comunidades (hackers-
Os laboratórios estão na cidade, nos ní- paces) e pirateando amigavelmente, por exemplo,
veis regional e nacional (principalmente na La 27e Région approach (Hillgren, 2013).

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Com a moda dos i-labs no setor público se específicas e recursos de gestão. Dessa for-
acelerando, as organizações internacionais tam- ma, ao pesquisar i-labs, precisamos entender
bém fazem o mesmo. Por exemplo, agências da como eles são criados (utilidade racional
Organização das Nações Unidas (ONU) estabele- como hipótese competitiva ao isomorfismo)
ceram uma variedade de laboratórios de inovação e coordenados (autonomia e especialização
ao redor do mundo (Bloom e Faulkner, 2015). como hipótese).
Os efeitos atuais e o uso desses laboratórios,
no entanto, se encontram em sua tenra idade 3) A pesquisa no setor público mostra que as
(Gathege e Moraa, 2013; Tiesinga e Berkhout, agências tendem a ter baixos índices de
2014). Isso é ainda mais importante hoje, já que mortalidade, enquanto os i-labs, lidando
muitos dos i-labs recém-criados tendem a ser com tecnologias de mudanças rápidas,
conduzidos pelo mercado do setor público em tendem a ser mais fluidos e ter algum nível
vez de mudar os motivos (Townsend, 2013) e, mais elevado de índices de mortalidade.
portanto, tendem a ser organizações bastante Para entender os i-labs, é importante testar
fluidas, que são abandonadas e fechadas com a hipótese de mortalidade, assim como
mais facilidade do que organizações tradicionais compreender o que os mantém. Podemos
de serviços públicos. esperar que seja essencial, na sua longe-
vidade, a autonomia na seleção do projeto
Dessa forma, a partir de pesquisas ante- que reflete a evolução de suas capacidades
riores, tiramos algumas expectativas teóricas de inovação (habilidades de inovação como
para explicar a ascensão dos i-labs, conforme hipótese).
a seguir descrito.
4) A literatura sobre agencificação, até agora,
1) A emergência mundial e a difusão dos i-labs prestou apenas um simulacro de apoio à
representam a última moda ou mania na ges- tecnologia como uma variável independente
tão pública. Como um processo isomórfico, da alteração estrutural do setor público.
a proliferação de i-labs pode ser entendida Assim, os i-labs podem ser usados para se
como difusão e imitação de práticas orga- entender a influência do desenvolvimento
nizacionais da moda, que são percebidas tecnológico na administração pública (tec-
como o novo senso comum. Resumindo, nologia como hipótese).
os i-labs do setor público são criados para
ganhar legitimidade (isomorfismo como 2 METODOLOGIA
hipótese), e aumentam a credibilidade das
elites políticas e de políticas (hipótese de No total, os laboratórios de inovação, tanto
credibilidade). no setor público quanto no privado, são muito
heterogêneos – em termos de suas atividades,
2) Para fazer frente à demanda crescente sua escala e suas estruturas organizacionais –,
de serviços personalizados em tempos de o que dificulta mapeá-los e analisá-los. Assim,
austeridade e de mudanças tecnológicas decidimos basear a pesquisa em uma abor-
rápidas, os i-labs representam uma tentativa dagem de dois passos. Primeiro, foi realizada
de criar um espaço de experimentação no uma enquete abrangente, direcionada para a
setor público. Sua lógica de utilidade, assim gestão, seguida de uma entrevista detalhada
como sua eficiência, pode ser entendida e extensa com os gestores do i-lab. A enquete
como função do alto nível de autonomia e se baseia em uma pesquisa de longo prazo e de
especialização, que, por sua vez, presume larga escala em organizações do setor público
a presença de habilidades organizacionais na Europa, o projeto de pesquisa Comparative

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Public Organization Data Base for Research and do âmbito desta pesquisa. Além disso, os i-labs
Analysis (Cobra).6 estabelecidos pelas Nações Unidas – inclusive
o laboratório do Programa das Nações Unidas
Baseado em estrutura e lógica comprova- para o Desenvolvimento (Pnud) – não foram
das, o questionário Cobra trata da autonomia considerados na pesquisa.
das agências com relação a seus principais
elementos políticos e administrativos, em di- Antes da enquete e das entrevistas, fizemos
mensões diferentes. O questionário também um perfil de todos os i-labs em nossa amostra,
ajuda a esclarecer sobre como as agências são com base em análise de documentos. Dos 35
controladas por seus diretores e que tipo de i-labs previamente mencionados, fomos capazes
ferramentas de gestão interna a agência usa. de entrar em contato direto com 25 laborató-
Isso nos ajuda a comparar os i-labs a outras rios, dos quais dezesseis responderam ao nosso
organizações semiautônomas e autônomas do pedido inicial de entrevista. No final, onze i-labs
setor público. Devido à natureza específica dos se juntaram ao estudo, dos quais três fecharam
i-labs, no entanto, o questionário teve que ser até o momento de nosso estudo detalhado (a
atualizado de forma significativa para se adequar lista de entrevistas está no apêndice A). Nosso
a nossos propósitos de pesquisa.7 estudo inclui seis i-labs da Europa, quatro da
América do Norte e um da Austrália.
A pesquisa foi seguida por uma entrevista
detalhada, na qual cobrimos de forma mais 3 LABORATÓRIOS DE INOVAÇÃO NO SETOR
específica as razões da criação do laboratório, PÚBLICO
as características da equipe e das ferramentas
principais, os parceiros de rede, as atividades e 3.1 Características gerais
os objetivos, os resultados, e o direcionamento
e o controle. O desenho da pesquisa foi testado Os onze laboratórios de inovação de nossa
anteriormente a seu uso, com o representante amostra se estabeleceram entre 1999 e
da unidade de projetos de inovação do governo 2013, sendo sete dos i-labs criados depois
da Dinamarca, a Mindlab. de 2010. Dos 35 i-labs da amostra total,
cerca de um terço foi estabelecido no nível
Com base em relatórios anteriores produzidos municipal, enquanto outros foram criados
pela Nesta, pela IBM Center for The Business no nível estadual ou federal. Se tivéssemos
of Government (Puttick, Baeck e Colligan, considerado representantes de inovação nas
2014; Burstein e Black, 2014), pela Parsons cidades dos Estados Unidos da América como
Gov Innovation Labs Constellation 1.0 e em parte dos i-labs, então essa proporção teria
pesquisas baseadas na internet, identificamos sido muito mais elevada. Aproximadamente
35 i-labs dentro ou diretamente financiados metade dos i-labs de nossa amostra tiveram
pelo setor público. A maioria deles pode ser sua própria personalidade legal separada de
encontrada na Europa e na América do Norte, sua organização superior, ambas com garantia
embora a Ásia também apresente um número legal na lei pública e privada. Outros foram
crescente desses laboratórios. Em países em identificados como partes independentes
desenvolvimento, esses laboratórios (principal- de um ministério ou departamento municipal
mente os de inovação social) geralmente são (por exemplo, o DesignGov e o Laboratorio
encontrados no terceiro setor e, portanto, fora para la Ciudad) ou não existiram de nenhuma

6. Mais detalhes podem ser encontrados em: <http://soc.kuleuven.be/io/cost/survey/>. Acesso em: 30 jul. 2014.
7. Somos muito gratos ao professor Koen Verhoest, da Universidade de Antuérpia, por sua ajuda na atualização do
questionário.

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maneira na organização formal, como o caso baseado no próprio projeto, sendo que, para
de um dos mais conhecidos i-labs, o Helsinki mais da metade dos laboratórios em análise, isso
Design Lab (HDL) – no fundo finlandês de constituiu mais da metade de seu orçamento
inovação, Sitra. (gráfico 1), embora seguidos de perto por
transferências orçamentárias diretas do governo.
Os i-labs de nossa amostra empregaram de Em muitos casos, o financiamento interno, além
duas a dezessete pessoas, com um tamanho dos custos operacionais, vem de um projeto
médio de equipe entre seis e sete pessoas. específico ou de parceiros do programa no
Como foi difícil para alguns i-labs diferenciar seu setor público. Essa estrutura de finanças foi
orçamento do orçamento geral da organização, considerada importante por executivos dos i-labs:
o limite máximo de nossa amostra é de € 1,5 enquanto o financiamento interno estimula a
milhão no ano financeiro anterior. Para mais propriedade de projetos dentro do setor público,
de 60% das equipes, a primeira fonte de renda o financiamento externo dá flexibilidade para
era autogerada, ou seja, o financiamento era que os i-labs tentem coisas novas.

GRÁFICO 1
Fonte de renda que fornece mais do que a metade do orçamento total
(% de i-labs)
100
90
80
70
60
50
40
30
20
10
0
Destinação direta de orçamento pela vigilância Transferências por outros níveis Renda autogerada
do governo/autoridade envolvida governamentais (incluindo os Estados Unidos
ou outras autoridades supranacionais)

Sim Não

Elaboração dos autores.

Isso também dá uma indicação do poder e tornar o resultado dos laboratórios mensurável
das relações de controle que separam essas (figuras 6 e 7 e gráficos do apêndice B). Isso
equipes do restante do setor público. Renda torna a maioria dos i-labs pequenos e ágeis e é
autogerada e orçamentos operacionais baixos visto como necessário pela maioria dos gerentes
significam que a maioria dos i-labs não proíbem entrevistados. A estrutura enxuta, tipo startup,
avaliações de desempenho vigoroso nem a ne- permite uma comunicação bem mais rápida,
cessidade de coletar métricas quantitativas para força o laboratório a fazer coisas rápidas e talvez

187
imprecisas – por exemplo, algum trabalho com diferentes e desenvolver, testar e melhorar os
um cronograma de tempo de investigação de protótipos para sua aplicação principal (Van
seis semanas, desenho de uma nova solução Helden e Lemke, no prelo). Nossas entrevistas
de serviço em doze –, porque não há pessoas mostraram que os i-labs empregaram tanto
suficientes nem orçamento para prolongar o pessoas com experiências geralmente novas no
processo. Quando os projetos se tornam grandes setor público – design, antropologia, etnografia,
demais internamente, então, invariavelmente os geografia social – quanto com habilidades mais
i-labs vão de encontro a estruturas existentes tradicionais – ciência política, sociologia, comuni-
– por exemplo os departamentos de tecnologia cação etc. Surpreendente é que, enquanto esses
da informação (TI) e a arquitetura de TICs e laboratórios frequentemente estão associados
regras de aquisição. Isso foi visto como causa a novas soluções de TICs e hackathons, não
para perda do pique propício, já que os padrões houve muitos engenheiros de TI presentes nos
existentes se sobrepõem a tudo. laboratórios em nossa amostra – essas habili-
dades foram adquiridas de parceiros externos.
Geralmente, os i-labs são construídos em Em algum sentido, isso pode ser visto como uma
torno de um método orientado para o design tentativa para tornar a tecnologia subserviente
do usuário, como um desenho centrado no à mudança social, em vez de deixar a tecnologia
humano (MindLab), o método Friendly Hacker ser a catalisadora da última (ver Townsend, 2013
(La 27e Région) ou o modelo Entrega de Ino- sobre essa questão). Ao mesmo tempo, a causa
vação de Quatro Passos (Equipe de Entrega para isso foi também o fato de que, durante o
de Inovação Nova Orleans) (Puttick, Baeck e período de austeridade fiscal, não era permitido
Colligan, 2014). Quando se trata de técnicas contratar fora do setor público.
de análise e habilidades específicas, no entanto,
os i-labs usam uma variedade de abordagens: 3.2 Natureza colaborativa dos i-labs
experimentos com controle randomizado, et-
nografia ou pesquisa de ação para trabalhar No geral, os i-labs foram criados para permitir
diretamente com as pessoas que são afetadas abordagens interdisciplinares e orientadas ao
por problemas sociais, e uma variedade de téc- cidadão, enquanto, ao mesmo tempo, produzem
nicas (contação de histórias e quadrinhos, perfis a maior parte de seu trabalho para (ou com) os
de personagens, jornadas de serviço, mapas de departamentos ministeriais e outras entidades
experiência, mapa de atores, mesas interativas do governo (gráfico 2). Isso se dá pelo fato de
e pranchetas, cabeçalhos e cartões postais do o setor público financiar uma grande parcela
futuro e previsão) para aumentar a empatia com de atividades de i-lab. Assim, os resultados da
o grupo-alvo e a questão social (Bellefontaine, enquete mostraram que a organização principal
2012; Puttick, Baeck e Colligan, 2014). Isso (ministério ou departamento municipal) e o pú-
também significa que os laboratórios têm que blico em geral influenciaram mais a direção e a
incorporar uma variedade de habilidades para estratégia dos i-labs em nossa amostra, enquanto
acomodar essas abordagens. parceiros industriais, empresas e consultores
privados influenciaram menos. Dependendo do
Desse modo, os laboratórios de inovação nível em que o laboratório de inovação foi esta-
geralmente reúnem equipes de pesquisadores belecido – local ou nacional –, o parlamento e o
heterogêneas, designers e pessoas interessadas departamento de serviço civil desempenharam
em descobrir e analisar os problemas por ângulos o papel central na estratégia dos i-labs.

188
GRÁFICO 2
Grupos-alvo de i-labs
Entidades supranacionais
Privado – individual
Organizações/sindicatos voluntários
Empresas privadas/ companhias/fundações
Unidades em nível administrativo nacional/regional
Unidades em nível administrativo local
Agências governamentais
Secretaria estadual do governo
Departamentos ministeriais
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

Elaboração dos autores.


Obs.: Usuários relevantes das atividades, serviços e/ou produtos dos i-labs.

O nível de colaboração entre os grupos-alvo recente da IBM sobre os centros de inovação


também se altera de acordo com a orientação no setor público, uma divisão mais extensa de
do laboratório (por exemplo, processos internos unidades foi criada nos Estados Unidos, incluindo
do setor público). Burstein e Black (2014) dis- laboratórios, facilitadores (internos), consultores,
tinguem entre centros de inovações com foco reconstruções, ligações e unidades patroci-
interno ou externo no contexto do governo de nadas (Burnstein e Black, 2014, p. 8). Mesmo
uma cidade nos Estados Unidos. Enquanto os assim, o nível de colaboração é elevado, devido
centros de inovação com foco externo enga- às abordagens centradas no usuário que os
jam principalmente o público em projetos de i-labs empregam.
crowdsourcing, coleta de dados comunitários e
experimentação, aqueles com foco interno são Assim, a colaboração – tanto dentro como fora
orientados a aumentar a eficiência administra- do setor público – e a capacidade de coordenar
tiva (e.g., o trabalho da maioria das equipes de as necessidades interdisciplinares dos usuários
inovação – as i-equipes), produzir uma altera- entre diferentes parceiros são essenciais para os
ção de cultura organizacional em organizações i-labs. Dessa forma, não é de surpreender que as
maiores (competição de inovação e programas características autorrelatadas dos i-labs sejam
de talento de residentes – ver Aleinikoff, 2014), a concentração de atividade na construção da
e para introduzir processos de inovação e proto- confiança, os aspectos individuais e relacionais,
colos dentro das organizações. Em um relatório a cooperação e a empatia (figura 1).

189
FIGURA 1
Características autorrelatadas de i-labs

Foco no cumprimento da tarefa Inovação


Cooperação com outros
Relação com os clientes 70 Treinamento
Orientação para equipe Confiança
60
Desenvolvimento de carreira pessoal Respeito por direitos individuais
50
Manter promessas Orientação no detalhe
40
Criatividade Ênfase na qualidade de entrega
30 do serviço
Compensação relacionada Promoção na organização
à prestação 20

Orientação nos resultados 10 Boa recompensa financeira


0
Espírito de equipe Apoio aos funcionários

Precisão Assumir riscos

Cuidado dispensados aos empregados Dar aos clientes o que eles esperam
Possibilidades de avanço Trabalhar com afinco
Precisão Empatia com os empregados
(Disposição para) experimentar Integridade
Orientado para objetivo Recompensas iguais
Compensação justa Honestidade
Cooperação entre colegas
Valorização do cliente

1 - Muito incomum 2 - Não comum 3 - Um tanto incomum


4 - Neutro 5 - Um tanto comum 6 - Comum
7 - Muito comum

Elaboração dos autores.

Mais de 60% dos gestores de i-labs de nossa pranacionais e organizações internacionais. Ao


amostra concordaram com a necessidade de o mesmo tempo, todos os i-labs concordaram que
laboratório ter uma coordenação com outras precisavam coordenar suas atividades com os
entidades governamentais em nível nacional; e stakeholders do setor privado, organizações de
70%, com a coordenação com o governo local/ interesse, grupos de usuários e organizações da
regional. Metade dos i-labs achou necessário sociedade civil. O gráfico 3 ilustra os parceiros
coordenar suas atividades com entidades su- mais importantes para os i-labs em nossa amostra.

190
GRÁFICO 3
Os participantes mais relevantes em redes fora da organização de origem

Entidades supranacionais/internacionais

Privado – individual

Organizações/sindicatos voluntários

Empresas privadas/companhias/fundações

Unidades em nível administrativo nacional/regional

Unidades em nível administrativo local

Companhias governamentais/fundações/agências

Secretaria estadual do governo

Departamentos ministeriais

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

Elaboração dos autores.

Os i-labs tentam incluir uma variedade de rede) informal (conversas em cafezinho) e estar
pessoas de experiências profissionais diferentes presente e visto em organizações parceiras foi
(designers de serviço, etnógrafos, antropólogos, considerado como muito importante (segundo
arquitetos participativos, especialistas em víde- um dos respondentes, “quando construímos uma
os, comediantes etc., além de servidores civis e relação, jamais pedimos que as pessoas venham
representantes do topo do setor público) em seu até nós – sempre vamos até elas”). Nessa linha,
trabalho ou nas redes mais amplas. Os labora- o objetivo final pode ser criar uma infraestrutura
tórios, em sua maioria, trabalhavam por meio de (Hillgren, Seravalli e Emilson, 2011), o processo
departamentos ou agências do governo, alguns cunhado para denotar a construção de relações
(tais como o Mindlab)estavam estabelecidos em longo prazo (qualidade relacional) com
sob diferentes ministérios. Contudo, devido vários atores sem prazos e sem objetivos pre-
à natureza de suas atividades e dos métodos determinados, e com projetos que vão além de
usados, geralmente não são compreendidos objetivos específicos. Como foi bem mais fácil
em departamentos tradicionais (por exemplo, para os i-labs incluir os stakeholders externos,
planejamento urbano ou TI). eles usaram relações pessoais (tanto dentro
como fora do setor público) como ferramentas
Os laboratórios reconheceram que a cultura para alavancar apoio ao projeto e à organização.
da organização era difícil de ser modificada
por eles (ou até mesmo impossível, perante 3.3 O dilema da autonomia e sobrevivência
as condições de serviços públicos sólidos e
atitudes negativas dos gerentes do setor pú- Voltando às características do poder para agir,
blico). A solução para avançar foi direcionar as um dos aspectos mais importantes dos i-labs é o
equipes individuais e levá-las a liderar e tomar nível de autonomia que deve permitir às unidades
posse de ideias específicas, programas e so- perseguir inovações descontínuas e que causam
luções práticas. Isso foi chamado por um dos rupturas sem interferência direta de estruturas or-
executivos de i-lab como a estratégia do cavalo ganizacionais tradicionais. A enquete delineou que
de Troia. Consequentemente, o networking (a os i-labs de nossa amostra foram, em sua maioria,

191
caracterizados por altos níveis de autonomia, com Os indicadores usados geralmente descrevem
o maior número das unidades tomando a parte das o desempenho de atividades e a tarefa, medin-
decisões elas próprias, com o departamento de do a qualidade de serviços, e são de natureza
ministério ou empresa principal apenas levemente tanto qualitativa quanto quantitativa. Por seu
envolvido. Metade dos laboratórios pesquisados turno, quando os orçamentos são maiores e as
considerou sua autonomia suficiente até certo atividades se tornam mais visíveis, é necessário
grau, e outros acharam totalmente suficiente ou um controle mais preciso, e surgem medidas de
difícil de avaliar. Quando olhamos especificamente um desempenho significativo – conferir no caso
para diferentes fatores de autonomia, podemos ver do laboratório Office of Personnel Management
que dois terços dos laboratórios tinham controle (OPM) em Government Accountability Office
no estabelecimento de salários e na designação (GAO) (2014). Essa também é a razão pela
e avaliação da maior parte de sua equipe. Além qual, conforme mencionado anteriormente, a
disso, a maioria das organizações estabeleceu maioria dos executivos considerou o pequeno
seus próprios objetivos, com apenas um terço tamanho de i-labs essencial para o sucesso de
dos i-labs tendo que consultar a organização suas atividades, pois, do contrário, o centro de
principal relativamente a isso. O mesmo se aplica controle iria para outra parte, e o direcionamento
a negociações com atores externos, inclusive de dos i-labs seria mais padronizado, influencian-
nível internacional. do invariavelmente o cerne das atividades do
próprio laboratório.
Geralmente, indicadores formais são usados
para comunicar resultados, mensalmente ou a Aqui é importante esboçar as fontes desse
cada três meses, entre a organização principal alto nível de autonomia. Conforme exemplificado
e os i-labs, enquanto métodos mais etnográfi- em décadas de discussão sobre os problemas de
cos (descrição de atividades, diários em vídeo, agente-principal no contexto de agencificação,
blogging etc.) são usados internamente e para o nível alto de autonomia é basicamente não
comunicar resultados para uma rede mais aceito de imediato no âmbito do setor público.
ampla de parceiros do laboratório. Os métodos As entrevistas detalhadas deram uma ideia de
etnográficos são usados mais para legitimar as como essa margem de manoba é garantida
atividades do laboratório aos olhos do público em dentro do setor público: a fonte essencial de
geral. O atingimento de objetivos é geralmente autonomia é o apoio do Executivo ou do polí-
avaliado dentro da própria organização, e não tico de alto escalão do serviço civil (ministro,
há recompensas diretas por desempenho ou por prefeito etc.). Consequentemente, segundo o
resultados obtidos (além do possível aumento relatado, nossa enquete mostrou um nível de
no orçamento em poucos dos casos analisados). apoio alto à organização do ministro ou chefe
da administração local. Surgiram, no entanto,
Em termos de finanças, no entanto, o controle resultados mais ambivalentes quando gestores
externo dos i-labs é mais rigoroso, significando que do laboratório tiveram que avaliar todo o apoio
o investimento e os orçamentos anuais têm que da organização (ministério ou departamento)
ser coordenados com o departamento principal ao laboratório.
ou o departamento de finanças. A maioria está
sujeita a auditoria externa, que se concentra em Embora os i-labs do setor público tentem
questões financeiras, legalidade e conformidade legitimar suas atividades junto ao público em
a regras. Um terço dos i-labs revelou que o uso geral por sua presença ativa na mídia ou através
de recursos é avaliado em grande extensão, e de redes de base ampla – por exemplo, através
outro terço, em alguma extensão. Alvos mensu- da mídia social –, isso não se mostrou capaz de
ráveis, contudo, geralmente não estão ligados a evitar o fechamento de i-labs em três casos de
alocação de orçamento, e o último é estabelecido, nossa amostra (HDL, DesignGov, The Studio). O
na maioria dos casos, para uso interno apenas. fator mais significativo de sobrevivência nesses

192
casos – também identificado por laboratórios público, em atividades com base mais ampla –
de trabalho – foi o apoio do executivo-chefe. exemplos da Nesta, no Reino Unido, ou mesmo
Quando isso se perdeu – através de processo da Mindlab, na Dinamarca, que teve diferentes
político ou mudança de liderança –, então o ondas de atividades.
obstáculo ou benefício dessas unidades co-
meçou a surgir. As características principais Os que trabalham em laboratórios de menor
do laboratório – pequeno tamanho, separação escala veem os i-labs mais como um formato
(física), autonomia – começam a agir contra os de “guerra de guerrilha” ou de um exército de
laboratórios sem a presença de um patrocinador profissionais amadores que lutam para expandir
organizacional: “não éramos grandes o bastante o espaço político (Leadbeater e Miller, 2004, p.
para dificultar nosso fechamento. O resto da 59; Mulgan, 2006), e, assim, temporalidade não
organização não entendia o que fazíamos, não é um problema. Nesse sentido, eles podem ser
estávamos interligados ao sistema”, como afirma vistos como um antagonismo expandido, ques-
um dos respondentes do survey. tionando o sistema atual, o que pode ser ligado
aos espaços agonísticos de Mouffe (2000). Os
Há várias reações a isso. Alguns laboratórios laboratórios de inovação, tanto no ambiente
de inovação viam sua existência claramente público quanto no privado, devem manter o
como temporária, percebendo que, em longo potencial de ruptura das organizações existen-
prazo, teriam que mudar muito para cumprir tes, de modo que as rotinas, normas e cultura
sua tarefa inicial, ou formas de colaboração organizacional existentes não seriam capazes
mais institucionalizadas não teriam o interesse de trabalhar imediatamente contra a mudança.
das pessoas envolvidas (designers, arquitetos, Bason (2013) descreve esses laboratórios como
especialistas em vídeo), principalmente no caso ambientes autorizadores, e algumas dessas equipes
de uma liderança de fora ser trazida para o setor possuem amplo suporte da mídia (John, 2014).
público para construir o i-lab (por exemplo, o
Laboratorio para la Ciudad). Alguns entrevistados O que surpreende no contexto mencio-
citaram seus próprios resultados de trabalho de nado – autonomia criada por apoio político
avaliação de i-labs similares, enfatizando que o de alto nível e a natureza antagônica de suas
ciclo de vida médio dessas unidades era de três atividades em termos da cultura organiza-
a quatro anos, basicamente o ciclo de vida de cional prevalente – é que os i-labs em geral
um diretor executivo (chief executive officer – não reconhecem (nem o fizeram em nossas
CEO) de alto nível. entrevistas) a natureza política de sua exis-
tência; e, em vez disso, enfatizam a natureza
Algumas unidades de inovação começaram a objetiva ou neutra de suas atividades. Isso foi
existir com uma cláusula de caducidade (a unidade previamente chamado de ponto cego político
Behavioural Insights Team BIT no Reino Unido, dos i-labs (Kieboom, 2014).
por exemplo), mas conseguiram ultrapassar a
análise inicial devido à documentação rigorosa A maioria das atividades de laboratório, todavia,
de seus resultados e ao desenvolvimento de estava em alguma extensão, ou em grande extensão,
métricas para fundamentá-los – o que, para a ligada ao desenvolvimento de política ou fazendo
maioria dos i-labs atuais, significaria mudança (ver propostas a respeito disso. No entanto, quando
exemplo no caso de Nesta em Puttick, 2014) – e se tratou de tarefas políticas – proporcionando
renovar seu mandato político, enquanto outras, conselho a ministro ou prefeito, ou ajudando a
em condições diferentes, não conseguiram, como esboçar documentos de política –, estas estavam
o DesignGov, na Austrália, por exemplo. Assim, geralmente fora do escopo dos i-labs.
para uma sobrevivência maior dos i-labs, seria
necessário, provavelmente, mudar suas organi- O ponto cego político pode, de fato, ser
zações, e eles precisariam se engajar no setor igualmente um formato de estratégia de

193
sobrevivência. Quando as coisas vão para justificar sua existência e estão sujeitos a mudan-
escrutínio político de alto nível ou há conflito ças. Portanto, não é de surpreender que muitos
entre ministérios – “então o jogo é totalmente i-labs estejam lutando para encontrar um lugar
diferente”, afirmou um entrevistado –, os i-labs na infraestrutura de criação de políticas (Bason,
tendem a se desengajar dos projetos ou considerá- 2013). Conforme já foi dito, as principais tarefas
los como possíveis insucessos. Os executivos das organizações eram centradas no serviço
entrevistados reconheceram parcialmente que (no desenvolvimento de protótipos, na criação
o patrocínio político é, às vezes, acompanhado de novas soluções e na geração de capacidade
de projetos politicamente definidos que não são de construção de redes fora do serviço público
bem pensados nem bem propostos, por causa – gráfico 4), principalmente para os laborató-
da relação entre o ministério e os parceiros rios de inovação no nível municipal, que lidam
sociais. Quando isso não tem êxito, há mais com inovação social. Assim sendo, o papel dos
escrutínio das atividades do i-lab, e quanto i-labs pode diferir à medida que são chamados
mais as atividades se tornam orientadas para para testar e redesenhar serviços e processos
a política, mais resistência encontram dentro e existentes, apreciando a causa do declínio dos
fora do setor público. trabalhos mentalmente ou, primariamente, dando
poder aos cidadãos e às empresas para causar
3.4 Papel dos i-labs no setor público mudança – inovação por meio do setor público
–, em uma mentalidade de inovação aberta. Essa
A discussão comentada na subseção anterior última é exemplificada por orçamentos bastante
mostra que os i-labs, por sua natureza, existem enxutos, crowdsourcing (colaboração coletiva)
em ambientes turbulentos e conflitantes (seja e estruturas também enxutas, conforme o caso
em termos de mudança tecnológica, seja em de New Urban Mechanics, citado em Townsend
culturas organizacionais contraditórias), têm que (2013, p. 214-215).

GRÁFICO 4
Atividades selecionadas características de i-labs

Colaboração com PS para serviço integrado

Terceirização de tarefas não essenciais para o privado

Lojas únicas ou virtuais de pontos de serviço

Análise e gestão de risco

Reengenharia de processo de negócios

Extensão de entrega do serviço para pagamento

Desenvolvimento de produtos/serviços inovadores

0 20 40 60 80 100

Nenhum Em pequena medida Difícil de avaliar Até certo ponto Em grande medida

Elaboração dos autores.

194
Em geral, os i-labs consideram suas tarefas social, conforme Kieboom (2014). Assim sendo,
no setor público como únicas, sem qualquer nesse sentido, o encontro de simples soluções
unidade ou organização similar em termos de (protótipos rápidos, abordagens rápidas e nem
tarefas, desempenho e resultados. Ao mesmo sempre precisas) assume o comando, enquanto
tempo, nossa enquete com os gestores mostrou a dinâmica de um sistema complexo pode ser
que eles identificam que a concorrência a suas subestimada, principalmente em termos de
tarefas vem tanto de dentro do setor público inovação social, na qual alguns consideram mais
como de empresas privadas (por exemplo, con- importante um engajamento em longo prazo, para
sultorias, think tanks). Na maioria dos casos, no que haja um impacto real (Mulgan, 2009; 2010).
entanto, a perspectiva internalizada dos i-labs foi
a preferida – o que significa que os i-labs do setor Os i-labs, então, tentam se beneficiar da
público não devem ser criados como consultorias tendência crescente de aplicativos cívicos
financiadas pelo setor público. baseados em dados abertos, já que mudanças
políticas mais complexas estão fora de seu con-
Os principais benefícios discutidos durante trole. Enquanto a maioria dos i-labs não mediu
as entrevistas foram em relação à experiência os efeitos de sua atividade em longo prazo,
específica do setor público e quanto ao acesso avaliando seus resultados e o impacto de três a
ao conhecimento e aos tomadores de decisões. seis meses depois dos projetos, vários gestores
Além disso, alguns entrevistados disseram temer reconheceram que o protótipo e a mudança que
que os efeitos de aprendizado, acompanhando o acompanham podem somente se manifestar
a experimentação e o desenvolvimento dentro depois de alguns anos. Por conseguinte, em
do setor público, não seriam tão grandes se o muitos casos, há elevado tempo de execução
modelo fosse externado. Aqueles com expe- entre o projeto e a implantação.
riência prévia no serviço público enfatizaram
também a motivação específica do serviço Os i-labs tentam documentar e tornar pú-
público comparada à motivação financeira que blico, tanto quanto possível, seu envolvimento
assumiu o comando, em alguns casos, e começou em blogs na mídia social. Enquanto o impacto
a interferir nos objetivos do i-lab – por exemplo, dos laboratórios pode ser medido em diferentes
membros do i-lab colaborando de perto com níveis – o próprio laboratório, as obras narrativas
parceiros externos. que cria, inovações e inovadores que apoiam o
discurso de inovação e o ajudam a se estabelecer
Enquanto, em geral, os objetivos mencionados (Tiesinga e Berkhout, 2014, p. 106) –, resultados
durante as entrevistas se referiam a desafios transversais (redes, alteração de discurso etc.)
complexos que requerem mudança de sistemas são, segundo o próprio relato dos i-labs, mais
(ver tabela do apêndice C), as atividades foram fáceis de obter. Ao mesmo tempo, permanece a
direcionadas para programas, projetos e serviços pergunta de quão aptos são os i-labs em facilitar
singulares. Em alguns casos, quando o i-lab devia a alteração em nível de sistema ou se há um papel
trabalhar com mudança de política de nível mais no setor público mais conectado a um projeto
alto, a organização não obteve êxito. específico, como exemplos e legitimadores de
mais mudanças em outras partes da organização
Somente um terço dos i-labs de nossa amostra do setor público.
assumiu alguma implantação de tarefas. Dessa
forma, eles se engajaram primariamente em um 4 DISCUSSÃO E CONCLUSÕES
protótipo rápido e se mostraram menos inte-
ressados em um engajamento em longo prazo, Nossa enquete mostra que os i-labs tendem
embora a escalabilidade seja um dos aspectos a confirmar bastante as organizações caris-
mais enfatizados nas novas soluções de inovação máticas de Weber. Em detalhe, para resumir

195
nossos resultados, podemos descrever os é até mesmo preferido pelos i-labs, já que isso
i-labs conforme a seguir. lhes permite manter agilidade e autonomia, pois,
com orçamentos maiores, o controle hierárquico
1) Do modo como são criados hoje, são mais tende a aumentar. De forma interessante, as ha-
singulares em sua missão, com a previsão bilidades de TI parecem não estar presentes de
de agirem como agentes de mudança no forma destacada nos i-labs estudados.
setor público e disporem de ampla auto-
nomia no estabelecimento de seus alvos e Os i-labs, embora proeminentes em muitas
métodos de trabalho. estratégias de gestão pública modernas, ainda
estão longe de ser tornarem parte orgânica do
2) São estruturados separadamente do resto setor público. A principal fonte de autonomia,
do setor público e com previsão de serem assim como de sobrevivência, é o apoio político
capazes de atrair financiamento externo, e/ou administrativo de alto nível, significando
assim como de vender suas ideias e soluções que, quando um laboratório perde seus pa-
ao setor público. No entanto, dependendo trocinadores, suas chances de sobrevivência
do contexto, sua construção organizacional diminuem radicalmente. Isso criou um para-
pode diferir consideravelmente. doxo curioso: i-labs menores são mais fáceis
de fechar, enquanto os maiores enfrentam o
3) Como regra, não têm autoridade sobre risco de perder a flexibilidade e a liberdade de
as estruturas do setor público; assim, sua ação. Uma das consequências desse paradoxo
efetividade depende fortemente de sua tem sido o ciclo de vida bem curto dos i-labs
capacidade de comunicar e persuadir experimentais.
outras unidades do setor público por meio
de um networking informal. Isso lhes for- Comparando-se os resultados empíricos às
nece autonomia, bem como incentivo para expectativas teóricas, podemos argumentar,
experimentar novas soluções e processos. em primeiro lugar, que, de um lado, a difusão
dos laboratórios de inovação no setor público
4) Além disso, tipicamente, possuem orçamen- pode ser vista como uma moda ou um cos-
tos relativamente baixos e são geralmente tume após o sucesso de mídia e publicidade
organizações fluidas e, portanto, dependentes em círculos de política de alguns dos primei-
dos recursos (fundos, recursos humanos) ros i-labs (por exemplo, Mindlabs). Por outro
que puderem obter externamente. lado, os i-labs através do mundo são muito
diferentes. Pode haver alguns modelos que
Mesmo assim, esse tipo de cenário também sejam isomórficos, com pequenas unidades
limita a capacidade de os i-labs catalisarem e geralmente dependentes de funcionários
levarem a cabo mudanças amplas no setor públi- do laboratório e de conjuntos específicos de
co. Os i-labs tendem a ser estruturas pequenas, habilidades e interesses que tenham.
especializadas em experimentos rápidos, que
geralmente não têm a capacidade e a autoridade Em segundo lugar, uma das tarefas desses
de influenciar de forma significativa a melhoria de espaços semiautônomos é, de fato, catalisar e
novas soluções e processos. As principais habili- legitimar a mudança no setor público. A conces-
dades dos i-labs são sua capacidade de revitali- são de suficiente autonomia aos i-labs, dando a
zar ou exibir serviços orientados para o usuário, eles incentivo para se especializarem em expe-
redesenhar projetos, enquanto a capacidade de rimentos orientados ao usuário e forçando-os
fazê-lo frequentemente se baseia em uma atitude a desenvolver as capacidades respectivas,
antagônica da equipe que está motivada pela opor- tornou-os agentes de mudança úteis no setor
tunidade de criar protótipos em vez de padronizar público. Todavia, conforme arguido anterior-
novas soluções. Além disso, o tamanho pequeno mente, o risco de diminuir a autonomia, a falta

196
de cultura de apoio e a autoridade para criação BAUMOL, W. J. Entrepreneurial enterprises, large
de rotina de novas soluções limita o potencial established firms and other components of the
de os i-labs representarem o papel de agentes free-market growth machine. Small Business
de mudança. Economics, v. 23, n. 1, p. 9-21, 2004.

Em terceiro lugar, os i-labs realmente tendem BELLEFONTAINE, T. Innovation labs: bridging


a ser unidades do setor público com um índice think tanks and do tanks. Policy Horizons Ca-
de mortalidade um pouco mais alto do que as nada, [s.l.], 2012.
agências públicas comuns.
BESSANT, J. Enabling continuous and discon-
Em quarto lugar, a tecnologia tem um papel tinuous innovation: learning from the private
central na formação dos i-labs. Muitas das tare- sector. Public Money and Management, [s.l.],
fas que os laboratórios realizam estão direta ou v. 25, n. 1, p. 35-42, 2005.
indiretamente relacionadas ao desenvolvimento
de soluções baseadas em TICs para os cidadãos, BLOOM, L.; FAULKNER, R. Innovation spaces:
assim como para o setor público. No entanto, transforming humanitarian practice in the United
curiosamente, muitos dos i-labs dependem, em Nations. Oxford: University of Oxford, 2015.
grande medida, de capacidades externas de (Working Paper Series, n. 107).
TICs, obtidas por meio da terceirização ou do
crowdsourcing. Embora criados para catalisar BORINS, S. Innovations in government: re-
mudança no setor público, os próprios i-labs search, recognition, and replication. Washington:
precisam sobreviver no contexto do setor pú- Brookings Institution, 2008.
blico, para o qual as habilidades relacionais e de
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202
APÊNDICE A
LISTA DOS I-LABS ENTREVISTADOS
1) C. Bason, Mindlab, Dinamarca. Em 7 de 7) A. Calderón Mariscal, Digital Nation Mexico,
outubro de 2014. Open Mexico, México. Em 10 de novembro
de 2014.
2) A. Roberts, DesignGov, Canberra, Austrália.
Em 16 de outubro de 2014 (fechado). 8) G. Gómez-Mont, Mexico City’s Laboratorio
para la Ciudad, or LabPLC, Mexico City,
3) S. Vincent, La 27e Region, Paris, França. México. Em 13 de novembro de 2014.
Em 17 de outubro de 2014.
9) M. Kieboom, Kennisland, Amsterdam, Holan-
4) E. Barrett, Silk, Kent, Reino Unido. Em 2 de da. Em 26 de novembro de 2014.
dezembro de 2014.
10) M. Steinberg, Helsinki Design Lab, Sitra,
5) C. Mauldin, Public Policy Lab, New York, Helsinki, Finlândia. Em 27 de novembro de
Estados Unidos. Em 27 de outubro de 2014. 2014 (fechado).

6) J. van den Steenhoven, Director, MaRS 11) D. Ni Raghallaigh, The Studio, Dublin, Irlanda.
Solutions Lab, Toronto, Canadá. Em 30 de Em 2 de dezembro de 2014 (fechado).
outubro de 2014.

APÊNDICE B

GRÁFICO B.1
Atividades selecionadas características de i-labs: planejamento, avaliação e medição
Medidas de poupança por causa de crise
financeira e de orçamento
O desenvolvimento com outras organizações públicas
de serviços compartilhados para apoio à gestão
Avaliação/estimativa de desempenho

Desempenho de sistemas de cálculo de custo


Desenvolvimento de resultados orientados para HMR
(pagamento relacionado ao desempenho)
Gestão de autonomia interna estendida para
níveis mais baixos de gerência
Desenvolvimento de relatório interno e sistemas de avaliação como
base de avaliação de resultados pela administração
Destinação interna de orçamento e recursos financeiros
a unidades organizacionais com base em resultados
Gerenciamento interno com base em objetivos e resultados

Planejamento para vários anos

0 20 40 60 80 100

Nenhuma Em pequena extensão Difícil de avaliar Em alguma extensão Em ampla extensão

Elaboração dos autores.

203
GRÁFICO B.2
Modos de avaliação tradicionais

Painéis de usuário ou cliente

Unidades internas monitorando qualidade

Sistemas de gestão de qualidade (como ISO < BSC)

Pesquisas com o cliente

Padrões de qualidade para produção e entrega de serviço

Relatório público de desempenho da organização em relatórios anuais

0 100

Nenhuma Em pequena extensão Difícil de avaliar Em alguma extensão Em ampla extensão

Elaboração dos autores.

APÊNDICE C

RESULTADOS DE I-LABS

TABELA C.1
Avaliação da pertinência dos resultados dos i-labs sobre a melhoria dos seguintes critérios¹
  0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Eficiência 0 0 0 16.67 0 0 0 33.33 16.67 33.33 0

Eficácia 0 0 0 16.67 0 0 16.67 16.67 16.67 33.33 0

Qualidade 0 0 0 0 0 16.67 0 33.33 16.67 16.67 16.67

Motivação 0 0 0 0 0 16.67 0 16.67 16.67 33.33 16.67

Satisfação da equipe 0 0 0 0 0 16.67 16.67 16.67 16.67 16.67 16.67

Qualidade da gerência 0 0 0 0 0 16.67 0 33.33 16.67 16.67 16.67

Coesão interna 0 0 0 0 0 16.67 0 33.33 16.67 16.67 16.67

Estabilidade da organização no ambiente 0 0 16.67 0 0 0 0 33.33 33.33 0 16.67

Flexibilidade da organização 0 0 0 0 0 0 16.67 33.33 33.33 0 16.67

Reatividade à sociedade 0 0 0 0 0 0 0 33.33 33.33 0 33.33

Prestação de contas para a sociedade 0 0 0 0 16.67 0 0 16.67 33.33 0 33.33

Entrega de serviço de nível democrático 0 0 0 0 16.67 0 0 33.33 0 16.67 33.33

Elaboração dos autores.


Nota: ¹ Sendo 0 o valor mais baixo, e 10 o valor mais alto.

204

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