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Organizações

empreendedoras
e inovadoras
Bassler, Ana Cristina
SST Organizações empreendedoras e inovadoras / Ana
Cristina Bassler
Ano: 2019
Nº de p.: 11

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Organizações
empreendedoras e
inovadoras

Apresentação
As organizações empreendedoras e inovadoras precisam possuir intrínseco em sua
cultura organizacional tal comportamento, para que de fato possa ser considerada
empreendedora ou inovadora. Desta forma, para estudar tais organizações, se faz
necessário compreender o conceito de cultura organizacional

Nesta unidade você será levado a entender o contexto do empreendedorismo e da


inovação nas organizações visando uma postura estratégica. Você aprenderá o
que é e como se dá a postura estratégica das organizações; em seguida terá uma
visão a respeito das organizações empreendedoras e inovadoras para então poder
assimilar o processo da formulação de estratégias no contexto de sustentabilidade.
Bom estudo!

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Organizações empreendedoras e
inovadoras
A inovação pode se apresentar de diferentes maneiras e gerar impactos bastante
significativos no mercado, conforme estudamos até aqui. Para a formulação da
estratégia, bem como para a sua implementação, devemos observar a cultura
organizacional. Na visão de Andrade (2016):

A cultura organizacional é composta pelo conjunto de crenças, valores


e comportamentos aceitos e partilhados por todos os trabalhadores. A
cultura ajuda a construir laços de cooperação, motivação e dedicação
dos trabalhadores, facilitando a interiorização da visão global da
empresa. A cultura também dá forma ao empenho de cada um, a sua
atuação intraempreendedora, à assunção de valores de honestidade, de
entreajuda e de comunicação aberta. Outros gestores podem preferir
enfatizar valores assentes em posturas conservadoras, na consulta aos
seus superiores, na formalização etc. Por exemplo, comportamentos
e atitudes mais conservadoras serão incentivados, mas as empresas
tecnológicas tendem a incentivar a criatividade e a assunção de riscos.
(ANDRADE, 2016, p. 297).

No entendimento de Andrade (2016), são características da cultura organizacional


a identificação do trabalhador com a empresa no seu todo mais do que com a
sua tarefa, a ênfase no grupo e a organização em equipe em vez de individual, as
normas e regras de supervisão, a colaboração entre os trabalhadores nos esforços
de melhoria e de inovação, as normas para atribuir recompensas pelo desempenho
ou mesmo aspectos como as regras a seguir nas novas contratações. No fundo,
essa forma de conceber o que é a cultura organizacional não é nova, e nos estudos
de Elton Mayo, na Western Electric, em 1924, já emergia a importância de variáveis
emocionais e a existência de uma cultura informal nas organizações. A cultura
influencia, por exemplo, a resistência às mudanças estratégicas.

Na literatura sobre gestão da inovação nas organizações, boa parte dos autores
concorda que a gestão da inovação se relaciona diretamente com outras duas
áreas: empreendedorismo e gestão do conhecimento.

O empreendedorismo pode ser entendido como o processo de criação de novos


negócios de valor, processo este que exige do empreendedor conhecimento,
dedicação e enfrentamento de riscos (de mercado, financeiros, entre outros).

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E, novamente, veja que interessante: o empreendedor, como o agente hábil para
produzir inovação, apesar de parecer um tema recente e atual, foi um conceito
elaborado pelo austríaco Joseph Alois Schumpeter, um dos primeiros estudiosos do
assunto, importante economista e cientista político nascido no século XIX.

O empreendedorismo se desdobra em outro conceito muito importante: o


intraempreendedorismo, que é a capacidade de empreender, ou seja, criar coisas
novas dentro de uma organização já em funcionamento.

Entende-se por gestão do conhecimento o esforço das organizações em criar e


difundir conhecimento e integrá-lo a seus produtos, processos, sistemas e serviços.
Envolve também a proteção desse conhecimento contra o uso indevido.

Há outro conceito que você também precisa saber. Você já deve ter ouvido a frase:
“As pessoas são o grande ativo das empresas”.

Na prática, isso significa que o conhecimento das pessoas é tão importante que faz
parte do patrimônio das organizações, certo?

Na visão de Andrade (2016) as pessoas são importantes para as organizações:

As pessoas são o recurso-chave das organizações contemporâneas.


São as pessoas que pensam, que criam, que formulam, que executam e
que controlam. A começar pelo líder e pela equipe executiva, os recursos
humanos – que alguns autores referem como o capital humano ou
intelectual (por comparação com o financeiro) – são o fator crítico e
fundamental para a implementação da estratégia (ANDRADE, 2016, p.
307).

A essa importância do conhecimento das pessoas como parte do patrimônio das


organizações damos o nome de capital humano ou capital intelectual.

Agora você conhecerá as diferentes classificações que uma inovação pode ter.
Existe uma classificação fundamental que você deve intuitivamente perceber: as
inovações radicais e as inovações incrementais. Conforme Christensen, Grossman
e Hwang (2009), inovações radicais representam uma mudança drástica, um total
rompimento com a maneira de consumir um determinado produto ou serviço.

Christensen, Grossman e Hwang (2009) comentam inovações incrementais são


melhorias de determinadas tecnologias, sem rompimento com a base da ideia ou
modelo original, e representam pequenos avanços ou melhorias na forma como
algum determinado produto, processo ou serviço é percebido por quem o consome.

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Existem outros tipos de inovação, os mais importantes são: inovação de produto,
inovação de processo, inovação de marketing e inovação de modelo de negócio.
Junges e Silva (2013) apresentam estes tipos de inovações:

Inovação de produto:

Esse é o tipo de inovação de mais fácil percepção, pois é aquela que ocorre
quando as empresas ou inventores disponibilizam para a sociedade, como
o próprio nome diz, produtos ou serviços novos ou já conhecidos, mas com
melhorias inéditas.

Inovação de processo:

É uma novidade ou melhoria significativa em algum processo organizacional


e, por isso, refere-se a um contexto de organizações (empresas).

Inovação de marketing:

Ocorre uma inovação de marketing e comercialização quando há novidade


ou melhoria na embalagem, no posicionamento de mercado, na forma como
é comercializado e nas estratégias de venda de determinado produto ou
serviço.

Inovação de modelo de negócio:

Um dos fundamentos da inovação de modelo de negócio é a Teoria da


Complexidade.

A Teoria da Complexidade engloba coisas que são complicadas, envolvem


muitos elementos e interações, não são deterministas e propendem a resultados
inesperados. Sistemas complexos são não lineares e podem ser caóticos. Um
aspecto fundamental da Teoria da Complexidade é o comportamento total ou
agregado de uma grande quantidade de itens, partes ou unidades entrelaçadas,
conectadas ou interligadas em rede. Um aspecto surpreendente é o fato de ela
aplicar-se a muitos tipos de “unidades” (grãos de areia amontoados, moléculas em
um ímã, pessoas dirigindo carros nas vias expressas, e assim por diante). Sendo
as leis matemáticas da Teoria da Complexidade essencialmente indiferentes à
natureza das “unidades”, isso evidentemente comportou a promessa de uma teoria
universal de grande utilidade para a elucidação de muitos aspectos da economia e

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de outros sistemas envolvendo seres humanos. Na verdade, como a compreensão
científica da biologia revela a natureza da evolução e dos processos biológicos,
há quem afirme que a biologia talvez seja a melhor metáfora para compreender as
empresas do século XXI (KLEINDORFER, 2012).

Inovação e desenvolvimento
Como vimos, a inovação ocorre quando a criatividade é capaz de gerar algum valor.
Mas o que isso significa na prática? Siga em frente e descubra!

Você deve se lembrar da época não muito distante em que já sentíamos como era
viver em uma realidade moderna em que os eletrônicos ocupavam muitos espaços
em nossas vidas e em nossos lares. Já era comum termos computadores em casa
e no trabalho, câmeras fotográficas digitais, filmadoras, videogames, aparelhos
de som, CDs e DVDs. E, claro, eles, os nossos telefones celulares, que até então
serviam apenas para realizarmos ligações telefônicas e enviarmos mensagens por
SMS. Não faz muito tempo, não é mesmo?

Atenção
Uma das indústrias que mais cresce no mundo inteiro é a de
empresas que criam aplicativos. As ideais para novos aplicativos
surgem em todos os lugares do mundo, de diversas maneiras
e para resolver praticamente todas as situações que pudermos
imaginar.

Lembre-se que uma inovação implica impactos econômicos justamente por trazer
elementos novos que geram riqueza, que, por sua vez, gera mais oportunidades.

Inovação e economia
Imagine que você percebeu, em sua cidade, que havia uma necessidade de as
pessoas saberem os horários do transporte público e a situação do trânsito. Você
estuda e se aprofunda no assunto, cria um aplicativo que resolve o problema e o
disponibiliza para download.

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Também idealize que você tenha feito um ótimo trabalho e que as pessoas passam
a usar seu aplicativo, o que gera um excelente faturamento para você.

A sua ideia gerou novos empregos e arrecada uma boa quantidade de impostos que
são convertidos em benefícios para todos de sua região.

Crescimento econômico

Fonte: Plataforma Deduca (2019).

Assim, a quantidade de trabalho aumenta, então você precisa contratar mais


pessoas para cuidar das melhorias do aplicativo, da parte comercial, do
atendimento aos seus clientes e de outras funções.

Além disso, os usuários do seu aplicativo conseguiram se organizar em seu


cotidiano, já que puderam entender melhor o trânsito e o transporte público e,
assim, utilizá-lo de uma forma melhor.

Conseguiram ainda, com isso, trabalhar mais em seus empregos e também gerar
mais renda, o que gera mais impostos, que também são convertidos em educação,
saúde e serviços melhores à população de sua região.

É por isso que a inovação interessa muito ao campo de estudo da economia,


visto que é uma das causas do desenvolvimento econômico de uma região. Trott
(2012, p. 6) cita que “historiadores econômicos do século XIX observaram que a
aceleração do crescimento econômico foi resultante de progresso tecnológico”.
E, em tempos de globalização, sabemos que essa “região” pode ser, muitas vezes,
todo o planeta.

É muito interessante essa relação entre inovação e desenvolvimento econômico. De


acordo com Trott (2012, p. 6), foi Karl Marx que primeiro “sugeriu que as inovações

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poderiam ser associadas com as ondas de crescimento”. A criatividade é capaz de
realizar o que está no campo de nossas ideias em produtos inovadores, que podem
gerar impacto na sociedade em que vivemos e, assim, propiciar o desenvolvimento
econômico.

Portanto Trott (2012) comenta que a inovação é o motor do crescimento e que a


aceleração do crescimento econômico foi resultante de progresso tecnológico.
Enfatiza também que o processo de inovação está inserido na economia através do
desenvolvimento de novos produtos servindo como estímulo para o crescimento
econômico. Desenvolvimentos científicos e tecnológicos conduzem a inserções
de conhecimento (indivíduos criativos) em firmas que desenvolvem conhecimento,
produtos e processos.

Quando você ouve o termo tecnologia, provavelmente vem à sua mente imagens
de computadores, máquinas e robôs. Mas atente ao real significado da palavra:
tecnologia significa a aplicação de um conhecimento. Então, não necessariamente
quando se fala em inovação tecnológica estamos falando de robôs, foguetes e
outros maquinários. Lembre-se das outras formas de conhecimento aplicado, como
medicamentos, vacinas, novos materiais, softwares, novos processos de trabalho,
entre outros tantos possíveis exemplos.

Atenção
Em sua obra “Teoria do desenvolvimento econômico”, em 1911,
Schumpeter foi o primeiro economista a apontar a inovação
tecnológica como o grande motor do desenvolvimento capitalista,
devendo ser buscada e incentivada pelos governos.

Fechamento

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Chegamos ao fim desta unidade, você foi convidado a refletir sobre os conceitos
de organizações empreendedoras e inovadoras. Você começou estudando que
inovação e, por consequência, empreendedorismo são os grandes motores para o
desenvolvimento econômico e que isso foi apontado por Schumpeter no início do
século passado.

Você também aprendeu que inovações radicais são uma mudança drástica
na maneira de consumir um determinado produto ou serviço e que inovações
incrementais são melhorias sem rompimento com a base da ideia ou do modelo
original. Identificou, ainda, os tipos de inovação mais importantes (de produto, de
processo, de marketing e de modelo de negócio).

Conheceu que a gestão da inovação nas organizações se relaciona diretamente


com conceitos de gestão do conhecimento e do empreendedorismo e que o capital
intelectual é determinante no sucesso de uma organização.

Até mais!

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Referências
ANDRADE, A. R. de. Planejamento estratégico: formulação, implementação e
controle. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2016.

CHRISTENSEN, C. M.; GROSSMAN, J. H.; HWANG, J. Inovação na gestão da saúde:


soluções disruptivas para reduzir custos e aumentar qualidade. Porto Alegre:
Bookman, 2009.

KLEINDORFER, P. R. O desafio das redes: estratégia, lucro e risco em um mundo


interligado. Porto Alegre: Bookman, 2012.

TROTT, P. Gestão da inovação e desenvolvimento de novos produtos. Porto Alegre:


Bookmann, 2012.

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