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DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO

Sumário

1. Conceitos básicos e perfil empreendedor

2. Barreiras ao empreendedorismo

Sumário clicável
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Neste percurso, trataremos sobre alguns concei-
tos necessários para um melhor entendimento
sobre o empreendedorismo, apresentando o per-
fil de um empreendedor, para que neles você pos-
sa se ver e, quem sabe, se reconhecer como ten-
do algumas dessas características descritas no
perfil. Você poderá se inspirar a desenvolver ou
a fortalecer algumas dessas características para,
de forma mais segura, lançar-se no mercado de
trabalho ou vivenciar as experiências da vida, de Olá
maneira mais autônoma e confiante. Em seguida,
falaremos sobre as barreiras acerca do empreen-
dedorismo.

1. Conceitos básicos e perfil empreendedor

Foi no final da década de 90 que o conceito de empreendedorismo passou a ser muito


difundido no Brasil, mas a consolidação dessa temática e a sua importância deram-se no
ano 2000. Credita-se a variados fatores que talvez tenham contribuído com a repercus-
são do tema, visto que nos Estados Unidos, país onde o capitalismo tem sua principal
caracterização, o termo entrepreneurship não é algo novo, sendo bastante conhecido.

A preocupação com a criação de pequenas empresas duradouras e a diminui-


ção das altas taxas de mortalidade desses empreendimentos se constituíram
como principais motivos para a popularidade do termo empreendedorismo no
Brasil, onde tem recebido apoio governamental e de entidades de classe.

Ainda, segundo Dornelas, com as tentativas de fortalecer a economia brasileira e da im-


posição decorrente da globalização, empresas brasileiras de grande porte tiveram de
procurar alternativas para o aumento da competitividade, reduzir custos e manter-se no
mercado (Dornelas, 2021, p. 2).

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Conceituando empreendedorismo e empreendedor
Para Baggio & Baggio, (2014, p. 25), as principais teorias nas quais repousa o empreen-
dedorismo são a teoria econômica e a teoria comportamentalista. A teoria econômica é
também conhecida como schumpeteriana, e revela que os primeiros a perceberem a im-
portância do empreendedorismo foram os economistas, que tinham o interesse em com-
preender o papel do empreendedor e o efeito de sua atuação na economia. Nesta teoria,
três nomes se destacam: Richard Cantilon, Jean Baptiste Say e Joseph Schumpeter.
A teoria comportamentalista refere-se a especialistas do comportamento humano, a
exemplo de psicólogos, psicanalistas, sociólogos, dentre outros. A teoria teve como ob-
jetivo de estudo ampliar o conhecimento sobre motivação e o comportamento humano.
Aqui, temos Max Weber como um dos precursores deste grupo, ao identificar o sistema
de valores como elemento primordial que explicasse o comportamento empreendedor.
Enxergava os empreendedores como pessoas inovadoras, independentes, cujo papel de
liderança nos negócios compreendia uma fonte de poder. Entretanto, o autor que real-
mente deu início à contribuição das ciências do comportamento foi o psicólogo com-
portamentalista David C. McClelland, sendo um dos primeiros a destacar o papel dos ho-
mens de negócios na sociedade e sua contribuição para a sociedade. David concentrou
seu foco de atenção sobre o desejo, como sendo uma força realizadora controlada pela
razão.
Outros pesquisadores se debruçaram para investigar a necessidade de realização, mas,
ao que parece, nenhum deles chegou a conclusões definitivas que confirmem a existên-
cia de conexão com o sucesso dos empreendedores. Já outros autores percebem que ela
não é o bastante suficiente para explicar o sucesso dos empreendedores.

Destaca-se o fato de que os criadores da teoria comportamentalista não foram


opositores da teoria econômica, mas, no mínimo, ampliaram as características
empreendedoras.

Dito isso, o que é então o empreendedorismo que hoje tanto se divulga, vê-se nos jor-
nais, relatos em rádios, nas redes sociais casos e histórias pelo mundo afora de pessoas
com negócios bem sucedidos, que geram empregos, renda e ajudam a melhorar a eco-
nomia brasileira?
Para os autores Baggio e Baggio (2014, p.25), o vocábulo se origina da palavra imprehen-
dere, do latim, cujo correspondente é “empreender”, surgido na língua portuguesa no sé-
culo XV. Já a expressão “empreendedor”, de acordo com o Dicionário Etimológico Nova
Fronteira, teria sido originário da língua portuguesa no século XVI. No entanto, a expres-
são “empreendedorismo” decorre da tradução da expressão entrepreneurship da língua

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inglesa, que é composta da palavra francesa entrepreuneur e do sufixo inglês ship. O

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sufixo ship revela posição, grau, relação, estado ou qualidade, podendo ainda indicar uma
habilidade ou perícia ou, ainda, uma reunião de todos esses significados como em leader-
ship (liderança = perícia ou habilidade de liderar).
Dornelas (2021, p. 22) afirma que empreendedorismo é o envolvimento de pessoas e pro-
cessos que, em conjunto, levam à transformação de ideias e oportunidades. E a perfeita
implementação dessas oportunidades leva à criação de negócios de sucesso.
Rodrigues (2004, p.20) afirma que:
“Empreendedorismo é a capacidade de transformar uma ideia em uma realidade
seja ela inovadora ou não. Ser empreendedor é ser capaz de identificar opor-
tunidades, desenvolver uma visão do ambiente; ser capaz de contagiar pessoas
com suas ideias; é estar pronto para assumir riscos e aprender com os erros; é
ser um profundo conhecedor do todo e não só de algumas partes; é dentre outras
atribuições ser capaz de utilizar essas informações para seu próprio aperfeiçoa-
mento”.

Continuar abordando este conceito nos levaria a uma natural necessidade de compreen-
der o indivíduo empreendedor, já que quando falamos em empreendedorismo natural-
mente abordamos a figura do empreendedor. Dornelas (2021) afirma que o termo “em-
preendedor” apresenta várias definições e, segundo o autor, uma das mais antigas e que
talvez melhor reflita o espírito empreendedor, seja a de Schumpeter:

IMPORTANTE
“O empreendedor é aquele que destrói a ordem econômica existen-
te pela introdução de novos produtos e serviços, pela criação de
novas formas de organização ou pela exploração de novos recursos
materiais.”

Assim, após falarmos como se deu a divulgação do termo empreendedorismo no Bra-


sil e apresentarmos alguns conceitos, amparados em pesquisadores, pontuamos que o
empreendedorismo não tem somente relação com a criação de empresas, como alguns
ainda pensam. O empreendedorismo tem uma forte relação com o comportamento e as
atitudes e de acordo com Tajra:

“O empreendedorismo está relacionado à atitude, à postura pessoal e a manei-


ra como o indivíduo se comporta diante das situações com que lida em seu dia
a dia. Ser empreendedor é ter entusiasmo e energia para desenvolver as ideias
e transformá-las em ação” (TAJRA, 2019, p.153).

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A propagação deste tema coloca em contato direto com a ideia de geração de riqueza
e desenvolvimento econômico, tendo como finalidade o homem e a sociedade, sendo
estes, os que ganham com o empreendedorismo. A importância do empreendedorismo
para a sociedade é de tamanha ordem e movimento, que se têm hoje verdadeiras revolu-
ções geradoras de emprego e renda no Brasil e no mundo, nas cidades, nos bairros, com
ênfase, nas comunidades pobres do País.
De nada adianta a existência de boas condições de ambientes favorecedores do desen-
volvimento, se não existirem pessoas e projetos impregnados de capacidade de liderar e
criatividade, combinados a inovação tecnológica e o crescimento econômico.
Desta forma, o Estado e as grandes empresas não são mais vistos como as únicas bases
econômicas de relevância para a sociedade. A globalização da economia, as transfor-
mações nos processos produtivos e a crescente aceleração no uso da tecnologia re-
presentam um novo panorama e uma nova organização econômica. Neste contexto, as
pequenas e médias empresas têm um papel importante na produção e na criação de
empregos, que graças à força e à capacidade empreendedora de muitos, promove-se o
desenvolvimento econômico (FABIÃO, 2003).
Perfil Empreendedor

Para tornar-se um empreendedor não basta apenas acumular conhecimentos


variados em áreas diversas, faz-se necessário desenvolver valores, atitudes
e comportamentos que mobilizem o sujeito a ser de fato um empreendedor,
olhando o mundo sob outra perspectiva.

Naturalmente que farão parte da vida de qualquer um de nós as dúvidas, as incertezas e


as dificuldades, mas que serão vistas pelo empreendedor, como oportunidades de negó-
cios e de desenvolvimento.
Existem inúmeras variáveis que recaem na formação do perfil de um empreendedor, bem
como não existe igualdade de opiniões nos estudos que se destinaram a definir as carac-
terísticas dos empreendedores.
As pessoas empreendedoras têm seus diferenciais e o país, assim como as empresas e
negócios, precisa delas, para que possam contribuir com inovações, ideias e concretude
de projetos.
TAJRA (2019, p. 39) apresenta o perfil do empreendedor:

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1.Iniciativa
Antecipar-se às coisas, por meio de vontade e iniciativa própria, antes que alguém o so-
licite ou, mesmo, obrigado pelas circunstâncias, vai atrás do que acredita e aproveita
ideias diferentes e inovadoras para converter em negócios bem sucedidos.
2.Persistência
Diante dos obstáculos da vida, continuar lutando, pois alguns deles são de difícil supera-
ção e quando estas situações nos chegam, é enfrentar com persistência e criatividade na
busca da superação dos problemas. Persistir é continuar lutando, podendo o empreende-
dor mudar e se adaptar quando necessário.
3.Comprometimento
Comprometer-se com algo é envolver-se com boa vontade, sacrificando-se e dando o seu
melhor, em proveito dos melhores resultados para clientes, funcionários e fornecedores.
Uma pessoa comprometida é mais fácil envolver uma outra, dado o seu grau de vontade,
energia, entusiasmo, confiança e seriedade quanto ao empreendimento.
4. Persuasão
Para realizar uma negociação exitosa, tem que se apresentar argumentos para ser con-
vincente. Para vender bem uma ideia, é preciso saber persuadir. Em quase todos os mo-
mentos estamos fazendo marketing pessoal. É preciso saber persuadir para o que se
quer e, assim, obter melhores resultados com clientes, fornecedores, funcionários e com
todos os envolvidos direta e indiretamente no negócio.
5. Bons relacionamentos
Pessoas que se relacionam bem têm grandes possibilidades de ser bem-sucedidas, po-
dendo acessar pessoas importantes para obter vantagens em negociações e gerar maior
credibilidade no mercado.
6. Autoconfiança
Para quem almeja o sucesso, a autoconfiança é um elemento impulsionador para chegar
lá. A autoconfiança mobiliza a pessoa a acreditar ser capaz de fazer um empreendimen-
to ser bem-sucedido. Quando existe autoconfiança, consegue-se transmitir confiança
para outras pessoas, que passam a acreditar em nossos sonhos, fazendo você conseguir
manter seu ponto de vista, mesmo diante dos críticos e dos pessimistas.
7. Automotivação
É uma característica que associa o poder de ter iniciativa e autoconfiança, pois através da
automotivação você consegue manter-se firme nos momentos mais complicados. Uma
pessoa automotivada enfrenta as dificuldades com persistência para conseguir o que
deseja, enxergando o lado positivo e não se deixar abalar.

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8. Criatividade
A criatividade é uma característica fundamental, tendo uma relação direta com a capa-
cidade de inovar e criar soluções inteligentes para problemas, sendo esta responsável
pelas invenções existentes no mundo. Muitos dos inventos nasceram a partir da criativi-
dade, e foram realizados, experimentados e aprimorados. No entanto, não basta somente
ser criativo, é necessário ter iniciativa para que um sonho torne-se realidade.
9.Estar preparado
Dada a urgência das mudanças no mundo que vêm ocorrendo cada vez mais rapida-
mente, é necessário estar preparado, bem informado e ter conhecimentos básicos para
que qualquer tipo de empreendedor seja bem-sucedido. Se você pretende montar um
empreendimento, independentemente da área, é necessário saber como funciona a pro-
dução ou a prestação dos serviços, quem serão os clientes, fornecedores, concorrentes
e tudo o que seja pertinente ao empreendimento.
10.Motivação
Um otimista analisa sempre o aspecto positivo das situações da vida. Um erro é consi-
derado um aprendizado, bem como enxergar os acontecimentos e as coisas como uma
oportunidade. Contrariamente ao pessimista, a pessoa otimista vê todos os negócios
com potencial para serem bem-sucedidos, com a expectativa de que possam se tornar
algo lucrativo.

Desta forma, conhecendo mais sobre o perfil empreendedor, é importante que


você reflita também sobre o seu perfil e analise de maneira autocrítica sobre
si, observando quais as características acima você as têm, as que precisa for-
talecê-las ou, ainda, que precisam ser desenvolvidas.

2. Barreiras ao empreendedorismo

Muitos são os desafios e as barreiras ao empreendedorismo, especialmente para quem


abre as portas de um negócio, surgindo quase que de maneira instantânea.

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Autores como Novaes e Markus (2017) esclarecem que quando se compara as iniciais
barreiras à ação empreendedora, constata-se que a falta de clientes indica o fator que
mais afeta a sobrevivência das empresas no mercado. A falta de capital e de gestão ad-
ministrativa aparece com incidência semelhante. Os autores destacam que existem tam-
bém outros fatores que dificultam a sobrevivência do recente empreendedor no mercado,
como os elevados custos e a falta de lucro.

Estudos do SEBRAE (2016) apontam as barreiras mais frequentes à ação em-


preendedora e que geram impacto diretamente nas atividades e nos resulta-
dos das empresas: a falta ou a deficiência de planejamento; a falta de apoio
familiar; as dificuldades de relacionamento entre sócios ou com os membros
da equipe; a falta de capacidade comercial; a má escolha de colaboradores,
parceiros e fornecedores; o controle de estoque deficiente; a má definição da
política de preços; a burocracia; a carga tributária; a falta de recursos financei-
ros; a ausência de crédito.

A. Barreiras mercadológicas
O empreendedor que não conhece seu mercado de atuação encontrará muitas dificul-
dades para obter retorno do negócio, visto que a abertura de uma nova empresa exige a
análise de algumas variáveis, como, por exemplo: os clientes, os produtos, os fornecedo-
res, os concorrentes e a localização, dentre outros. Tais variáveis precisam ser analisadas
detalhadamente, pois na trajetória de quem pretende abrir um negócio é bem provável
que possam dificultar ou impossibilitar a entrada do novo empreendimento em um dado
ramo de atuação (RUPPENTHAL, OLIVEIRA, NOGEIRA & FAVARIN, 2015).
A pesquisa de mercado ajudará a obter informações que não podem deixar de ser le-
vantadas, para saber mais sobre os clientes – seus interesses e comportamentos, o que
os leva a comprar, onde se encontram, hábitos e frequência de consumo etc.; sobre os
produtos – o que serão fabricados, vendidos ou os serviços que serão prestados aos
clientes; os fornecedores – seus preços, qualidade, condições de pagamento e o prazo
médio de entrega e a localização – que deve ser um local bem escolhido, pois se apresen-
ta como oportunidade de realizar boas vendas e, assim, favoreça as suas chances de se
manter no mercado (DORNELAS, 2021).
É vital que o empreendedor esteja preparado para agir diante de mudanças impostas
pelo contexto mercadológico e não preparar-se é no mínimo criar barreiras relativas ao
empreendedorismo, gerando a não captação da clientela, o que pode ser evitado ou mini-
mizado a partir de uma pesquisa de mercado (SEBRAE, 2013).

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IMPORTANTE
É fato que se o empreendedor não possuir conhecimento para se
adaptar às necessidades mercadológicas, deixando-as para fazer
somente quando é obrigado, devido aos concorrentes, certamente
enfrentará grandes desafios que podem prejudicá-lo, deixando para
fazer depois.

B. Barreiras administrativas
Dificilmente empreendimentos em estágio inicial dispõem de recursos financeiros para
contratar administradores e consultores com conhecimentos técnicos necessários para
colocar em prática todas as ferramentas basilares para uma favorável gestão do negócio.
Assim, o que conta é a administração empreendedora (MENDES, 2017).

ATENÇÃO!
Alguns empreendedores acreditam que o conhecimento empírico
ou os que têm são suficientes para administrar um negócio. Fal-
tam-lhes algumas habilidades necessárias para este fim. É muito
comum empreendedores resistirem a buscar ajuda especializada
de empresas e consultorias com expertise no trabalho de gestão da
empresa.

É bem verdade que muitos empresários acreditam possuir uma capacidade nata em ad-
ministração, acreditando que o fato de ter o conhecimento prático do seu negócio é o
suficiente para a ação empreendedora (DORNELAS, 2018).
Os autores Misunaga, Miytake e Filippin (2012) corroboram que a ausência de conheci-
mento sobre os procedimentos administrativos por parte do empresário é um dos es-
senciais fatores que resultam na mortalidade das empresas e que o fato de não com-
preender os processos de gestão relacionados ao ramo ou atividade do negócio pode
representar um desastroso fim, sendo que o fato de ter uma ampla visão da sua empresa
e apresentar muitas habilidades empreendedoras não será suficiente quando ele neces-
sitar administrar de forma eficiente e adequada o novo projeto.

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IMPORTANTE
Existe uma cultura que permeia a cabeça do empresário, e isso
atrapalha muito a gestão administrativa, quando, alimentado pela
crença de que pode fazer tudo, assume vários papéis concomitan-
temente: o proprietário da empresa, o administrador, o gerente etc.

Esta pluralidade de papéis assumidos por uma só pessoa acaba prejudicando a eficiência
dos processos administrativos, além de dificultar os resultados da empresa, pois os pla-
nos estratégicos da empresa são esquecidos. É muito comum nas pequenas empresas
os empresários assumirem esses papéis, visto que os poucos recursos, nos primeiros
anos de suas atividades empreendedoras, não permitem contratar mais pessoas (Guerra;
Teixeira, 2010).
A falta do conhecimento gerencial dificulta a atividade da empresa, pois a carência de
informações relacionadas à conduta administrativa pode acarretar o encerramento ainda
prematuro do negócio, orientando-se que a empresa tenha apoio gerencial para adminis-
trar algumas questões de ordem administrativa, a exemplo do salário dos funcionários,
dos encargos, dos conhecimentos sobre os impostos que irá pagar e outras obrigações
relacionadas à atividade, pois sem ele, as práticas administrativas se tornam mais difí-
ceis e arriscadas.
C. Barreiras financeiras
Geralmente a primeira pergunta que aqui se faz é: qual a necessidade de recursos para
iniciar o negócio? Sabe-se que a falta de apoio financeiro pode ser considerada um obs-
táculo à ação de empreender e sua ausência pode, em muitos casos, sustar a ação em-
preendedora dos indivíduos que detêm afinidade com o empreendedorismo (SOUZA,
2014).
No dia a dia das micro e pequenas empresas, a falta de dinheiro é uma realidade muito
constante. Se o empreendedor não puder investir no seu projeto, ele não contará com
recursos para administrar, contratar pessoas e adquirir tecnologias. A falta de capital é
um elemento que limita a ação empreendedora, dificultando ao empreendedor dar maior
visibilidade à empresa no mercado. Outro aspecto é o de que a falta de capital fortalece
a entrada de empresas do mesmo ramo no mercado, o que contribui com o acréscimo
de concorrentes, bem como diminui a probabilidade de a empresa receber um destaque
diante das outras. O surgimento de muitos concorrentes aumenta as estatísticas de mor-
talidade das empresas, especialmente quando o empreendedor não detém recursos para
investir (SANTOS, 2012).

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Dolabela (2021, p.187) afirma que:
Quando uma empresa está no estágio inicial, sendo criada, geralmente as melho-
res opções para o empreendedor são os empréstimos e as economias pessoais
da família, de amigos e de investidores pessoas físicas (investidores-anjo), entrar
em incubadoras de empresas, participar de aceleradoras de empresas (um misto
de incubadora e fundo de investimento), os programas especiais do governo etc.
Mesmo porque os bancos de varejo, as empresas de leasing etc. exigem muita
contrapartida para efetuar o empréstimo a altas taxas de juros, inviabilizando-
-o, empresas de capital de risco dificilmente investirão em empresas nascentes
devido ao alto risco do negócio. Empresas em estágios mais avançados, com
dois ou três anos de existência, recém-saídas das incubadoras de empresas, por
exemplo, são mais atrativas para os capitalistas de risco, pois passaram pela difí-
cil fase inicial de inserção no mercado e necessitam de mais capital para um rápi-
do crescimento, com boas expectativas de valorização e retorno do investimento.

Destaque-se que o crédito independe do porte da empresa e, no caso do crédito para as


micro e pequenas empresas, se apresenta como um fator necessário para a permanência
do empreendimento em situações de crise, bem como um forte aliado para a expansão
do negócio (CASCAES, 2014).

Outros autores também consideram sobre barreiras financeiras à ação em-


preendedora (RUPPENTHAL et al., 2015):
• Inadimplência de clientes.
• Falta de gestão financeira elaborada.
• Falta de crédito.
• Falta de capital de giro.

D. Barreiras criadas pelo empreendedor


Para os autores Banacim, Cunha e Corrêa (2009), as características e as particularidades
pessoais do indivíduo que decide empreender têm influência direta no desempenho da
empresa. Outros autores, como Novaes e Markus (2017), reforçam que a postura da pes-
soa empreendedora é um das condições fundamentais que influenciam diretamente para
o sucesso ou insucesso do negócio, sendo necessário que o empresário invista em capa-
citação e desenvolva habilidades para gerir o seu negócio, pois do contrário, ele mesmo
criará uma barreira para o desenvolvimento de sua empresa.
Por outro lado, agir com a devida cautela é sempre bom e não cometer o excesso de oti-
mismo por parte do empreendedor, que, para alguns autores, é considerado um grande

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obstáculo à sobrevivência de seu negócio ou projeto. Destacam que o otimismo é im-
portante para motivar a ação empreendedora, entretanto, em demasia, pode atrapalhar e
comprometer o sucesso da empresa.
O otimismo exagerado pode contribuir para que o empreendedor despreze os números e
corra riscos desnecessários, ignorando a concorrência, deixando de analisar os recursos
e não se volte às exigências do mercado.
A decepção do fracasso de uma ação empreendedora pode acarretar uma negativa rea-
ção emocional para o empreendedor, bloqueando a execução de projetos futuros. Alguns
empresários podem ser resistentes a mudanças, e essa estagnação pode prejudicar em
muito o desempenho da empresa. Parece controverso, mas as características empreen-
dedoras de determinação e insistência podem se apresentar como uma barreira à per-
cepção do empreendedor referente à implementação de mudanças (Cavalheiro, 2015).
Dornelas (2013) afirma que o empreendedor brasileiro precisa mudar sua mentalidade
para ser de fato protagonista de um empreendedorismo inovador, que prevalece no mun-
do contemporâneo, e assim promover o desenvolvimento econômico.

IMPORTANTE
Achar que as ideias simples serão suficientes para ter uma posição
vantajosa em relação aos seus concorrentes, engana-se, pois sen-
do simples de fazer, podem ser facilmente copiadas e, assim, sua
vantagem competitiva deixa de existir.

Resistir às mudanças ligadas à inovação, à tecnologia, por certo, afastará cada


vez mais este empreendedor das possibilidades do sucesso, afinal, o momen-
to é de constante reciclagem, aprendizado e (re)invenção.

Inovações duradouras ajudam a manter a continuidade da empresa, podendo criar barrei-


ras para os novos entrantes no mercado, de modo que o empreendedor pode imprimir um
crescimento sustentável em sua empresa.
Segundo Dornelas (2021):
Alguns fatores podem ser citados como influenciadores desse desempenho: o pouco
conhecimento do mercado externo por parte do empreendedor brasileiro; a pouca am-
bição de muitos empreendedores brasileiros (o “pensar grande” ou o desejo de ser um
competidor global muitas vezes não são considerados um objetivo possível pelo próprio
empreendedor); a acomodação com o mercado interno, mais facilmente identificado e

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mapeado; a barreira da língua (o mercado mundial padronizou o inglês, mas muitos em-
preendedores brasileiros não dominam o idioma o suficiente para realizar negociações
internacionais); a falta de clareza e de suporte adequado aos empreendedores que que-
rem exportar; os tratados de livre-comércio e barreiras protecionistas criadas pelo Brasil
e por outros países, entre outros.
Este tipo de barreira relacionada ao comportamento do empreendedor parece-nos com-
plicado, entretanto, é possível de ser trabalhado e superado. A flexibilidade ajuda ao em-
preendedor a abrir-se para aprender com o novo, acolher orientações dos profissionais
que tenham conhecimentos, expertises e que podem ajudar nesta empreitada.
Figura 1 – Dica de empreendedora

Fonte: NTE (2021)

RESUMO DO PERCURSO DE APRENDIZAGEM

O conceito de empreendedorismo passou a ser muito difundido no Brasil, a partir dos


anos 90, mas a consolidação do tema e a sua importância deram-se no ano 2000. Atri-
bui-se a variados fatores que talvez tenham colaborado com a sua repercussão.
A preocupação com a criação de pequenas empresas duradouras e a diminuição das
altas taxas de mortalidade desses empreendimentos se constituíram como principais
motivos para a popularidade do termo empreendedorismo no Brasil.
Muito se propaga, e costumamos ouvir frases de que alguém é empreendedor em sua fa-
mília ou na sua rede de network. Mas afinal, o que é o empreendedorismo? Dornelas (2021,
p. 22) afirma que “empreendedorismo é o envolvimento de pessoas e processos que, em

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conjunto, levam à transformação de ideias e oportunidades. E a perfeita implementação
destas oportunidades leva à criação de negócios de sucesso”. Para Tajra, (2019, p.153):
“O empreendedorismo está relacionado à atitude, à postura pessoal e à maneira como o
indivíduo se comporta diante das situações com que lida em seu dia a dia. Ser empreen-
dedor é ter entusiasmo e energia para desenvolver as ideias e transformá-las em ação”.
Neste último conceito, percebe-se a presença da teoria comportamentalista, sendo esta,
nos dias atuais, muito necessária para se tornar um protagonista de sua história de vida e,
para colocar em prática no seu negócio, requer a atitude de fazer as coisas acontecerem.
As qualidades pessoais definidas como perfil empreendedor vêm corroborar e deixar
cada vez mais claro que este indivíduo precisa ter habilidades desenvolvidas ou desen-
volvê-las para estar à frente de negócios bem-sucedidos. Tajra (2019) faz referência à
Iniciativa, à Persistência, ao Comprometimento, à Persuasão, aos Bons relacionamentos,
à Autoconfiança, à Automotivação, à Criatividade, ao Estar preparado e à Motivação. Por
outro lado, o empreendedorismo também têm suas barreiras que lhe afetam o desen-
volvimento, como as barreiras mercadológicas, as barreiras administrativas, as barreiras
financeiras e as barreiras criadas pelo próprio empresário.
É fato que empreender não é fácil, nem romântico, sendo um desafio constante de apren-
dizados e mudanças comportamentais, baseado em pesquisa de mercado, amparado
num plano de negócio, para desenvolver produtos e serviços cada vez mais ligados à ino-
vação e à criatividade. Os negócios que oferecerem flexibilidade, comodidade e eficácia,
através do uso de tecnologia de “baixo toque”, serão os que sobreviverão no mercado.

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books/9788536531625.(DIGITAL)

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UNIVERSIDADE DE FORTALEZA (UNIFOR)

Presidência
Lenise Queiroz Rocha

Vice-Presidência
Manoela Queiroz Bacelar

Reitoria
Fátima Maria Fernandes Veras

Vice-Reitoria de Ensino de Graduação e Pós-Graduação AUTORA


Maria Clara Cavalcante Bugarim MARIA ELIENE SOARES DE SOUZA
Vice-Reitoria de Pesquisa
José Milton de Sousa Filho Mestre em Administração de Empresas pela Universidade
Vice-Reitoria de Extensão
de Fortaleza (UNIFOR), com a temática sobre Capital
Randal Martins Pompeu social em redes sociais: Rede Associada de Mulheres
Empreendedoras (RAME), graduada em Direito, pela Uni-
Vice-Reitoria de Administração versidade de Fortaleza (UNIFOR); Pedagogia e Especial-
José Maria Gondim Felismino Júnior
ização em Língua Portuguesa pela Universidade Estadual
Diretoria de Comunicação e Marketing do Ceará) e Pós-Graduação em Educação à Distância:
Ana Leopoldina M. Quezado V. Vale Gestão e Tutoria (UNIASSELVI). Atualmente, parceira do
Diretoria de Planejamento
Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas
Marcelo Nogueira Magalhães (SEBRAE/CE).

Diretoria de Tecnologia
José Eurico de Vasconcelos Filho

Diretoria do Centro de Ciências da Comunicação e Gestão


Danielle Batista Coimbra

Diretoria do Centro de Ciências da Saúde


Lia Maria Brasil de Souza Barroso

Diretoria do Centro de Ciências Jurídicas


Katherinne de Macêdo Maciel Mihaliuc

Diretoria do Centro de Ciências Tecnológicas


Jackson Sávio de Vasconcelos Silva

RESPONSABILIDADE TÉCNICA

COORDENAÇÃO DA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

Coordenação Geral de EAD Revisão Gramatical


Douglas Royer Janaína de Mesquita Bezerra
José Ferreira Silva Bastos
Coordenação de Ensino e Recursos EAD
Andrea Chagas Alves de Almeida Identidade Visual / Arte
Francisco Cristiano Lopes de Sousa
Supervisão de Planejamento Educacional
Ana Flávia Beviláqua Melo Editoração / Diagramação
Emanoel Alves Cavalcante
Supervisão de Recursos EAD Rafael Oliveira de Souza
Francisco Weslley Lima Régis da Silva Pereira
Supervisão de Operações e Atendimento Produção de Áudio e Vídeo
Mírian Cristina de Lima José Moreira de Sousa
Analista Educacional Pedro Henrique de Moura Mendes
Lara Meneses Saldanha Nepomuceno Programação / Implementação
Projeto Instrucional Márcio Gurgel Pinto Dias
Francisca Vânia dos Santos Renan Alves Diniz
Ana Lucia do Nascimento
Maria Mirislene Vasconcelos

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