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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

SECRETARIA DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA


INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO AMAZONAS
IFAM/CAMPUS LÁBREA

EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÃO
Inovação significa mudar o estado das coisas, introduzindo mudanças significativas e
criativas que possam ser implementadas com sucesso a produtos e serviços. Inovar é,
portanto, a capacidade que os empreendedores possuem de se apropriar de conhecimentos
e habilidades para gerar mudanças em produtos, métodos de produção e abrir novos
mercados.
Uma empresa que inova é uma organização empreendedora antenada em tudo que
acontece dentro e fora dela, analisando e aprendendo tudo que seja útil para aumentar suas
chances de sucesso no mercado onde atua. O aprendizado desses empreendimentos, no
entanto, depende da capacidade de interação interna e externa da empresa, e da capacidade
de mobilizar conhecimento tanto individual como coletivo.
Os empreendedores precisam também, estabelecer e consolidar redes de comunicação e de
contato capazes de direcionar as atividades e capacitações inovadoras. A inovação deve ser
considerada um processo de aprendizado contínuo sobre processos, produtos e mercados
que constituem um empreendimento. Dessa forma, decisões sobre como usar e trocar
conhecimentos existentes e como obter novos conhecimentos são fundamentais para que
os empreendedores obtenham sucesso.
Nesse sentido, a inovação envolve as atividades relativas à captação, ao uso, ao
compartilhamento e à disseminação de conhecimentos pelos empreendedores. Envolve
também, a gestão das interações externas e dos fluxos de conhecimento dentro do
empreendimento, incluindo processos de busca de conhecimento externo e a consolidação
de relações mais estreitas com outros empreendedores.
Podemos citar alguns exemplos de práticas que podem estimular o processo de
empreendedorismo inovador como a Educação formal e/ou programas de treinamento; Os
grupos de trabalho formais e informais para estimular a comunicação e integração entre os
intraempreendedores; as atividades de integração, que promovem a interação entre os
intraempreendedores de diferentes setores dos empreendimentos.

Gestão da Inovação
Atualmente, quando o assunto é gestão da inovação, as discussões relacionadas à geração
de conhecimento, formação de recursos humanos e inovação tecnológica têm se tornado
cada vez mais comuns. O principal fator de competividade é o conhecimento que teremos,
ou seja, a inovação e o não o conhecimento que temos, como muitos ainda pensam.
A sobrevivência e a competitividade dos empreendimentos dependem principalmente da
sua capacidade de inovar. Esta capacidade é determinada por vários elementos
organizacionais, entre eles: a cultura da organização, a criatividade das pessoas que
compõem o corpo funcional da empresa, a estrutura e a forma como os processos
inovadores são colocados em prática, o grau de apoio às mudanças por parte da alta
gerência, entre outros.
Independentemente de porte ou setor de atuação, estudos internacionais reforçam o
componente de inovação como o grande diferencial competitivo dos empreendimentos, o
que se reflete não só no desenvolvimento de novos produtos e processos, mas também na
sua otimização. Brandão (2006)
Organizações mudam para cumprir novas leis, atender a variações nas preferências de
consumidores e parceiros, e para fazer face à crescente competitividade.
Hernandez e Caldas (2003)
Nesse contexto, a inovação coloca-se cada vez mais como um fator primordial na dinâmica
e no desenvolvimento de empreendimentos e nações.
A competição internacional está conduzindo o surgimento de novas formas organizacionais,
capazes de melhor gerir uma logística global cujo conhecimento é visto como um
direcionador de inovação. Diante disso, uma das principais tarefas dos governos é o de criar
condições que levem as organizações a realizarem os investimentos necessários às
atividades inovadoras capazes de promover mudanças, que vão desde o técnico ao social.
Incubadoras, parques e outros incentivos são políticas que estimulam o crescimento e
desenvolvimento de empreendimentos com uma cultura inovadora.
Peter Drucker, um dos maiores gurus da administração, considera que o empreendedor é
aquele que pratica a inovação sistematicamente, busca as fontes de inovação e cria as
oportunidades.
Peter Drucker, acredita ainda, que a prática de inovar pode ser apreendida. Nesse sentido,
inovar é agregar valor. Porém, é preciso um clima propício na organização. Investir em
criatividade não é se preparar para uma realidade em que as organizações devem funcionar
como verdadeiras linhas de produção de ideias, em que o desconhecido é o ponto de partida
para todos. Dessa forma, o empreendimento deverá estar constantemente voltado para a
manutenção de um ambiente que seja, sobretudo, inovador.
A gestão da inovação melhora a capacidade da organização em lançar novos produtos e
serviços com maior velocidade e probabilidade de sucesso, com menor custo e com maior
segurança e confiabilidade no atendimento às necessidades do mercado e, ainda, viabiliza o
aumento do mix de produtos da empresa.

Inovação Tecnológica
A mudança organizacional é um fator significativo do processo de inovação. Além de
colaborar com a aptidão dos empreendedores em absorver novas tecnologias incorporadas
nas máquinas e equipamentos, ela gera impacto direto sobre o desempenho do
empreendimento.
A busca pelo conhecimento até pouco tempo atrás era considerada um diferencial dos
empreendedores, porém, hoje é uma condição essencial para que eles possam se manter no
mercado. Uma das principais tendências da era atual é a convergência digital, caracterizada
pela integração entre os diversos meios de comunicação, como televisão, telefone e
computador. Por isso, o dia a dia tem exigido, também, conhecimentos e experiências em
níveis mais elevados, como, por exemplo, o uso, por uma faxineira, de toda parafernália
eletrônica empregada na manutenção em condomínios de luxo.
“A inovação possibilita ainda que uma empresa desenvolva produtos ou serviços substitutos
para competir com empresas já estabelecidas. Como por exemplos pode-se citar: a
fotografia digital que possibilita à Sony entrar nos domínios da Kodak. A tecnologia de voz
sobre IP está permitindo que companhias de TV a cabo forneçam serviços de telefonia.
Muitos empreendimentos podem estabelecer um monopólio mediante um processo de
inovação, como foi o caso da Polaroid com a fotografia instantânea. Por outro lado, uma
empresa também pode destruir monopólios usando inovações tecnológicas, como ocorreu
no fim do monopólio da IBM na área de mainframes, decorrência das inovações no desing e
na fabricação de microprocessadores” (GOMES, 2004).
As Tecnologias da Informação e Comunicação possibilitaram o desenvolvimento de uma
economia baseada no conhecimento. Mas, mesmo com a expansão dessas tecnologias, o
conhecimento é, sobretudo, criado por seres humanos e por consumidores do
conhecimento.
O conteúdo de conhecimento inserido nos produtos e serviços está crescendo
significativamente à medida que as ideias e informações dos consumidores e as tecnologias
passam a fazer parte desses produtos. Pela infraestrutura que proporcionam, as tecnologias
e suas inovações apoiam e valorizam o trabalho das pessoas, já que, por mais competente
que um indivíduo possa ser, sem a tecnologia o seu trabalho não é facilmente percebido,
rápido, ágil, consequentemente, valorizado. A indústria automobilística, a internet e a saúde
serão os setores que mais sofrerão inovações tecnológicas. A Indústria Automobilística, por
exemplo, teria inovações para resolver problemas importantes como poluição,
congestionamentos e condições de segurança.
Dessa forma considerando a tendência da Nova Economia, em que o principal fator de
produção, de agregação de valor, de produtividade e crescimento econômico é o
conhecimento, percebe-se a necessidade da formação de profissionais para este mercado
de trabalho.
A inovação tecnológica é responsável por alavancar projetos e verdadeiras revoluções
positivas à sociedade, sendo claramente perceptível a forte relação existente entre inovação
tecnológica e emprego. A inovação tecnológica, ao mesmo tempo pode se configurar como
fator gerador de empregos para alguns, ou ser considerada como possível causa da exclusão
e desemprego para outros.

Inovação Organizacional
Em 1990, foi editada pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico
(OCDE), a primeira edição do Manual de Oslo – Proposta de Diretrizes para coleta e
Interpretação de dados sobre inovação Tecnológica, que tem o objetivo de orientar e
padronizar conceitos, metodologias e construção de estatísticas e indicadores de pesquisa
de P&D de países industrializados.
De acordo com o Manual de Oslo, as inovações organizacionais nas práticas do
empreendedorismo compreendem a implantação de novos meios para a organização de
rotinas e métodos para a realização do trabalho. De acordo com o manual, alguns exemplos
de inovação organizacional seriam: Estabelecimento de uma nova base de dados das
melhores práticas, lições e outros conhecimento que seja mais facilmente acessíveis a outros
domínios dentro da organização; Introdução, pela primeira vez, de um sistema de
monitoramento integrado para as atividades da empresa (produção, financiamento,
estratégia, marketing); Introdução, pela primeira vez, de sistemas de gerenciamento para a
produção geral ou para operações de fornecimento, como gerenciamento de cadeia de
fornecimento, reengenharia de negócios, produção enxuta, sistema de gerenciamento de
qualidade; Introdução, pela primeira vez, de programas de treinamento para criar equipes
eficientes e funcionais que integram funcionários de diferentes setores ou áreas de
responsabilidades.
As inovações organizacionais envolvem, ainda, a implementação de novos processos e
atividades para dividir responsabilidades entre o corpo funcional do empreendimento e
entre essas atividades. Fazendo referência novamente ao Manual de Oslo, pode-se destacar
ainda: Implementação da responsabilidade de trabalho descentralizada para os
trabalhadores da empresa, como conceder muito mais controle e responsabilidade sobre os
processos de trabalho para o pessoal de produção, distribuição e vendas; Estabelecimento
de equipes de trabalho formais e informais para melhorar a acessibilidade e o
compartilhamento de conhecimento de diferentes departamentos, como marketing,
pesquisa e produção; Implementação de um sistema anônimo de relato de incidentes para
encorajar a comunicação de erros ou riscos visando identificar suas causas e reduzir sua
frequência; Introdução de sistemas de produção build-to-order (vendas integradas à
produção) ou a integração da engenharia e do desenvolvimento com a produção.
Desta forma resumida, pode-se concluir que as inovações organizacionais têm como objetivo
principal aprimorar o desempenho de um empreendimento por meio da diminuição de
custos administrativos, viabilizando a satisfação das pessoas em seu local de trabalho e,
assim, melhorando a produtividade, ganhando acesso a ativos, como o conhecimento
externo, ou reduzindo os custos de suprimentos.

Inovação de processos
Considera-se inovação quando um processo novo ou aprimorado é implantado em um
determinado empreendimento. O processo de inovação é percebido como sendo interativo
e multidirecional, não havendo uma etapa apenas – a da invenção, em que o aumento do
conhecimento é aproveitado pelo sistema econômico. Ao invés, existem momentos distintos
do processo de inovação, em que o conhecimento científico é aproveitado pelo sistema
econômico. (GRIZENDI, 2004).
A inovação de processo consiste na utilização de processos produtivos novos ou
aperfeiçoados, incluindo processos de logística. Esses processos podem englobar alterações
na organização de todo o processo produtivo. Essas alterações geralmente advêm da
utilização de um novo conhecimento, que tem a finalidade de ampliar a produção e a
eficiência na entrega de produtos existentes e aprimorados, reduzir custos de produção ou
de distribuição e melhorar a qualidade.
A inovação nos métodos de produção envolve as técnicas, equipamentos e softwares
utilizados para produzir bens e serviços. Segundo o Manual de Oslo são exemplos de novos
métodos de produção: Instalação de uma tecnologia de fabricação nova ou melhorada,
como equipamentos de automação ou sensores em tempo real, capazes de ajustar
processos; Novos equipamentos exigidos para produtos novos ou melhorados; Instrumento
de corte a laser; Embalagem automatizada; Desenvolvimento de produto auxiliado por
computador; Digitalização de processos de impressão; Equipamentos computadorizados
para o controle da qualidade da produção; Equipamentos de testes melhorados para o
monitoramento da produção.
As inovações nos métodos de distribuição dizem respeito à logística da empresa e aos seus
equipamentos, softwares e às técnicas para fornecer insumos, alocar suprimentos, ou
entregar produtos finais.
Apoiando-nos mais uma vez na experiência acumulada pelo manual de Oslo, citamos alguns
exemplos de novos métodos de distribuição: Scanners/computadores portáteis para
registrar bens e estoques; Introdução de códigos de barras ou de chips de identificação por
frequência de rádio passiva (RFID) para rastrear materiais ao longo da cadeia de
fornecimento; Sistemas de rastreamento GPS para equipamentos de transporte; Introdução
de softwares para identificar rotas de distribuição ideais; Softwares ou rotinas novos ou
melhorados para sistemas de compra, contabilidade ou manutenção; Introdução de
sistemas eletrônicos de liquidação; Introdução de um sistema automatizado de resposta por
voz; Introdução de um sistema eletrônico de fornecimento de tickets; Novas ferramentas de
softwares desenhadas para melhorar os fluxos de oferta; Redes de computadores novas ou
significativamente melhoradas.
É valido ressaltar que a inovação de processos parte do princípio de que o desenvolvimento
das atualizações nos métodos de distribuição e produção é baseado em atividades de rotinas
programadas e bem-estabelecidas. Por exemplo, quando um empreendedor adquire um
software antivírus ele espera que se façam atualizações constantes para impedir o
aparecimento de vírus no computador, e garantir a integridade e segurança de suas
transações.
A inovação de processos exerce ainda uma grande influência na relação da organização com
seus clientes, distribuidores e fornecedores. Ela possibilita que os empreendimentos
reduzam a complexidade da cadeia de valores, eliminando fornecedores, reduzindo o poder
de barganha, reduzindo preços e melhorando a qualidade dos produtos e serviços. A
inovação possibilita que as organizações estabeleçam uma proposição de valor adequada
que leve a criação de produtos ou serviços substitutos para competir com empresas já
estabelecidas no mercado.
Inovações de produtos e serviços
A inovação em produtos ou serviços permite que os empreendedores tracem estratégias que
possibilitem diferenciar seu empreendimento de seus competidores, enquanto a inovação
de processos possibilita uma estratégia de competitividade focada em preço, na redução de
custo e no atendimento de qualidade. Dessa maneira, a inovação de produtos e serviços
permite que os empreendedores instituam uma estratégia de competitividade baseada em
custo e diferenciação.
Atualmente estão em alta os modelos interativos de inovação, que se voltam ao
reconhecimento do potencial humano, a interação de todos os setores dentro de uma
organização, no uso da gestão como fonte referencial de desenvolvimento, junto à
identificação das necessidades dos clientes e ao atendimento a um mercado potencial.
As inovações de produtos e serviço podem utilizar novos conhecimentos ou tecnologias, ou
podem basear-se em novos usos ou combinações de conhecimentos recém-criados com
conhecimento ou tecnologias já existentes.
Novos produtos são bens ou serviços que possuem algumas características que os diferem
dos produtos já produzidos pela empresa. Os microprocessadores e filmadoras digitais foram
exemplos de novos produtos usando novas tecnologias. A televisão digital, que combinou
padrões de midlleware recém criados com a tecnologia da internet à televisão, foi uma nova
combinação de tecnologias existentes.
A economia industrial, desde a sua origem, esteve baseada em processos industriais, em
melhorias de produção, ferramentas, produção em série e outras sendo praticamente
esquecida a inovação de bens (serviços e produtos). A globalização impulsionou os esforços
organizacionais em direção à inovação de bens dentro de uma estratégia de diferenciação.
Dentre as inovações em produtos enumerados pelo Manual de Oslo, citamos: A substituição
de insumos por materiais com características melhoradas (tecidos respiráveis; ligas leves,
mas resistentes; plásticos não agressivos ao meio ambiente; etc); Sistema de
Posicionamento Global (GPS) em equipamentos de transporte; Câmeras em telefones
celulares; Sistema de fecho em vestuário; Aparelhos domésticos que incorporam softwares
que melhoram a facilidade ou a conveniência de uso, como torradeiras que desligam
automaticamente quando o pão está torrado; Softwares antifraude que perfilam e rastreiam
as transações financeiras individuais; Redes sem fio embutidas em laptops; Produtos
alimentícios com novas características funcionais (margarinas que reduzem os níveis de
colesterol no sangue, iogurtes produzidos com novos tipos de culturas, etc.); Produtos com
consumo de energia significativamente reduzido (refrigeradores com uso eficiente de
energia, etc.); Mudanças significativas em produtos para atender padrões ambientais;
Aquecedores programáveis e termostatos; Novos medicamentos com efeitos
significativamente melhorados.
A descoberta de novas formas de utilização para um produto com apenas algumas alterações
em suas características originais e especificações técnicas é uma inovação de produto. Novos
aprimoramentos em produtos já existentes podem se dar através de alterações em
materiais, componentes e outras características que melhoram ainda mais seu desempenho.
A concepção é parte integrante do desenvolvimento e da implementação de inovação de
produto. Entretanto, mudanças na concepção que não implicam em uma mudança
significativa nas características funcionais do produto ou em seus usos previstos não são
inovações de produto. Ainda assim, elas podem ser inovações de marketing. Atualizações de
rotina ou mudanças sazonais também não configuram inovações de produto.
Segundo o Manual de Oslo, nas empresas com uma maior estrutura, os novos produtos e
serviços são de responsabilidade de gerentes de produtos, comitês e equipes de novos
produtos, sendo o processo em teoria separado em oitos estágios: a geração de ideias;
triagem; desenvolvimento e teste de conceito; estratégia de marketing; analise comercial;
desenvolvimento de produto; teste de mercado e comercialização. Sabe-se que esses
estágios são seguidos com maior rigor por empresas de grande porte e estruturadas, já em
empresas pequenas e talvez média, a inovação de produto é concebida pelos proprietários.
Como exemplos de inovação em serviços, o Manual de Oslo apresenta a seguinte lista: Novos
serviços que melhoram muito o acesso dos consumidores a bens ou serviços, como o serviço
de entrega e retirada em casa para aluguel de automóveis; Serviços de Internet, como
bancos ou sistemas de pagamentos de contas; Novos tipos de empréstimos, por exemplo,
empréstimos a taxas variáveis com um teto fixo para o valor da taxa; Criação de sites na
internet, em que novos serviços como a oferta gratuita de informações sobre produtos e
várias funções de suporte ao cliente.
A inovação de produtos e serviços nem sempre tem um grau de importância significativo
para o próprio bem, como os produtos originais para a categoria de grande consumo no qual
o grau de importância da inovação é baixo, pois para a massa de consumidores esses
produtos não necessitam ter inovações radicais, que aportam novas características.
Com este exemplo, pode-se observar que a inovação que está ligada para muitas pessoas
como algo totalmente novo, nem sempre será importante para certas linhas de produtos ou
serviços, ou seja, não irá trazer grandes retornos para a organização.
Tomando o devido cuidado, inovação de produtos e serviços é sempre benéfica para as
organizações. Como no exemplo citado acima, existem distintos graus de inovação, com isso
é necessário situar o produto e definir aonde vai se aplicar a inovação e se existe algum meio
ou elemento claramente identificável que permita definir um caminho de ação para a
implantação. Existem fatores como qualidade, dinheiro, tecnologia, entre outros, que
precisam ser analisados antes de se inovar um produto ou serviço, seja ele um bem
reposicionado, reformulado ou original.
A inovação é extremamente necessária na economia do conhecimento, pois não tem como
não ocorrer inovação de bens sem conhecimento. Portanto, as organizações que não
possuírem inovação nos seus produtos e serviços estão fadadas ao desaparecimento a médio
e a longo prazos. E as organizações que já estão trabalhando na direção da inovação estarão
inseridas na economia do conhecimento, e, portanto, caminharão em um longo percurso de
possível sucesso.

Ranking de Inovação
A Bloomberg, portal americano especializado em economia divulgou uma pesquisa em 2020,
para identificar o país mais inovador do mundo, em sua metodologia foi utilizado 07 (sete)
indicadores: dinheiro gasto em P&D (pesquisa e desenvolvimento), valor agregado
adicionado à produção, produtividade, pesquisa científica, eficiência do setor terciário,
concentração de alta tecnologia nas empresas públicas e registro de patentes.
O ranking partiu da análise de 200 economias - aqueles países que não forneceram
informações sobre seis dos sete critérios analisados foram eliminados.

Ranking dos Países Inovadores (2020)


Ord País Pontuação Ord País Pontuação
1º Alemanha 88,21 6º Israel 85,03
2º Coreia do Sul 88,16 7º Finlândia 84,00
3º Singapura 87,01 8º Dinamarca 83,22
4º Suíça 85,67 9º Estados Unidos 83,17
5º Suécia 85,50 10º França 82,75
46º Brasil 53,65
Fonte: https://www.bloomberg.com
A VISÃO, A OPORTUNIDADE E A CRIATIVIDADE

Entendendo a visão

Filion et al. (2000) afirma que antes de tomar qualquer iniciativa, isto é, antes de pôr a mão
na massa, o empreendedor precisa dispor de uma estrutura de pensamento sistêmico e
visionário, porque é com base nisso que poderá fixar seus objetivos e traçar caminhos para
atingi-los.
Os estudos de Filion revelam-se importantes porque, além de conceituar com simplicidade
e profundidade o que é o empreendedor, preocupam-se com seu sistema de atividades. O
autor estuda o modo como o empreendedor desenvolve seu trabalho.
A visão, de acordo com Filion et al. (2000), é “uma imagem, projetada no futuro, do lugar
que se quer ver ocupado pelos seus produtos no mercado, assim como a imagem projetada
do tipo de organização necessária para consegui-lo”. De acordo com esse autor existem três
categorias de visão.
A primeira é denominada emergente (ideias de produtos ou de serviços que queremos
lançar). A segunda é denominada central (resultado de uma ou mais visões emergentes),
que se divide em visão externa, ou seja, o lugar que se quer ver ocupado pelo produto ou
serviço no mercado, e interna, o tipo de organização de que se tem necessidade para
alcançá-lo. A terceira categoria compreende as visões complementares, que são atividades
de gestão definidas para sustentar a realização da visão central.

Três categorias de visão de Filion


Para Filion, as pessoas motivadas a abrir uma empresa criam, no decorrer do tempo, ideias
baseadas na sua experiência. Tais ideias, a princípio, surgem em estado bruto e refletem uma
vontade ainda não muito definida. São visões emergentes. Prosseguindo em sua busca,
chega o dia em que o empreendedor sente que encontrou a forma final do produto/serviço
e sabe para quem vendê-lo. Ele acaba de dar corpo à sua visão central.

A visão central externa representa o mercado alvo do produto/serviço, seus clientes,


concorrentes, fornecedores, análise do ambiente macro. A visão central interna diz respeito
à montagem e organização da empresa. Por fim, as visões complementares indicam as
necessidades de gerenciamento da empresa.

Na teoria visionária de Filion, existem alguns elementos que funcionam como suporte à
formação da visão. São eles: conceito de si, energia, liderança, compreensão de um setor,
relações. Para esse autor o conceito do espaço de si é considerado muito importante no
aproveitamento do potencial do empreendedor.

Elementos de suporte do processo visionário de Filion

Segundo Filion (1991), a autoimagem ou conceito de si é a principal fonte de criação. O


autor afirma que as pessoas só realizam algo a partir do momento em que se julgam
capazes de fazê-lo. O conceito de si representa a forma como a pessoa se vê, é a imagem
que tem de si mesma. Nessa reflexão, tem-se que a autoimagem influência fortemente o
desempenho do indivíduo. No conceito de si estão contidos os valores de cada pessoa,
sua forma de ver o mundo, sua motivação.
O conceito de si influência e condiciona o processo visionário. A empresa representa a
exteriorização da personalidade de quem a cria ou gerencia. Por isso, o gestor
empreendedor deve conhecer a si mesmo profundamente, pois as características pessoais
influenciam a empresa. Se uma pessoa é desorganizada, tende a incorporar essa
característica em sua criação.

Outro elemento componente do processo visionário é a energia, que se relaciona com a


quantidade e a qualidade do tempo dedicado ao trabalho. A energia é influenciada pelo
conceito de si e pelos valores, que determinam o quanto uma pessoa está disposta a investir
em determinado momento.

A energia é a fonte na qual o empreendedor busca o fôlego necessário para compreender


um determinado setor, desenvolver uma visão, estabelecer as relações necessárias,
aprofundar-se nas características do produto ou serviço e dedicar-se à organização e ao
controle gerencial. Nesse sentido, a energia é um dos elementos fundamentais na formação
das condições para o exercício da liderança.

A liderança é decorrente do conceito de si, da energia, da compreensão do setor, da visão e


das relações. A liderança pode influenciar esses elementos, e sua importância no processo
visionário é clara, pois exerce impacto sobre o tamanho e a faixa da visão – amplitude do
que o empreendedor quer realizar (DOLABELA, 2008).

Como ter a visão de oportunidade real sem conhecer a área de negócios em que se pretende
atuar? Como desenvolver uma visão sem a compreensão do setor? Temos que pensar sobre
essas questões! Reflita e elabore um parecer sobre esta reflexão.

O ato de abrir uma empresa ligada a um setor sobre o qual não se tem conhecimento não é
empreendedorismo, é uma aventura. Na teoria visionária de Filion, compreender um setor
significa saber como são estruturadas e como funcionam as empresas que atuam naquele
ambiente, como os negócios se processam, quem são os clientes, como se comportam e qual
o seu potencial, pontos fortes e fracos da concorrência, fatores críticos de sucesso,
vantagens competitivas, possíveis reações diante da entrada de novas empresas no
mercado.
Quando inicia o seu processo visionário, o empreendedor busca relações que possam
contribuir para o aprimoramento e a realização de sua visão. Sendo assim, os
empreendedores passam a perceber suas relações como produtos sociais de que necessitam
para melhorar, desenvolver e implementar sua visão.

Entendendo a oportunidade

A oportunidade representa um papel central na atividade empreendedora. Entre os


atributos fundamentais de um empreendedor está a capacidade de identificar e agarrar uma
oportunidade e buscar os recursos para aproveitá-la. Ao definir oportunidade, alguns
autores geralmente empregam o conceito de ideia, devido à sua importância para a
atividade empreendedora. Isso porque, normalmente, atrás de uma oportunidade existe
sempre uma ideia.

Porém, sabe-se que ideia é diferente de oportunidade. Ideias não são necessariamente
oportunidades, e o fato de não se conseguir distingui-las pode ser uma das grandes causas
de insucesso entre os empreendedores iniciantes.

Filion et al. (2000) afirma que “algumas pessoas têm muitas ideias, mas não conseguem
perceber oportunidades de negócios. Outras têm poucas ideias, mas descobrem
oportunidades fabulosas”.

Segundo Filion (1991), a autoimagem ou conceito


de si é a principal fonte de criação. O autor afirma
que as pessoas só realizam algo a partir do
momento em que se julgam capazes de fazê-lo. O
conceito de si representa a forma como a pessoa
se vê, é a imagem que tem de si mesma. Nessa
reflexão, tem-se que a autoimagem influência
fortemente o desempenho do indivíduo. No
conceito de si estão contidos os valores de cada
pessoa, sua forma de ver o mundo, sua
motivação.

Oportunidade é uma ideia vinculada a um produto ou serviço que agrega valor ao seu
consumidor, seja pela inovação, seja pela diferenciação. Possui algo de novo e atende a uma
demanda dos clientes; representa um segmento de mercado. Possui atratividade, tem
potencial para gerar lucros e surge em um momento adequado a quem vai aproveitá-la – o
que a torna pessoal. É durável e baseia-se em necessidades insatisfeitas.

Se você tem uma ideia que acredita ser interessante e que pode se transformar em um
negócio de sucesso, pergunte a si mesmo e a seus sócios: Quais são os clientes que
comprarão o produto ou o serviço de sua empresa? Qual o tamanho atual do mercado em
reais e número de clientes? O mercado está em crescimento, estável ou estagnado? Quem
atende esses clientes atualmente, ou seja, quem são os seus concorrentes? Se você e seus
sócios não conseguirem responder a essas perguntas básicas iniciais com dados
concretos, vocês têm apenas uma ideia, e não uma oportunidade de mercado (DORNELAS).

Por meio do foco sistemático, o empreendedor conseguirá pensar intensamente no seu


futuro produto, serviço, atividade. Uma vez estabelecido um alvo, o empreendedor estará
atento a tudo o que se refira a ele. Viagens, reuniões, festas, encontros, revistas de moda,
feiras servirão de fonte de informações para aprofundar seu conhecimento sobre o negócio
escolhido.

Percebe-se então que é por meio da formação da visão que o empreendedor estará apto a
se aprofundar e adquirir conhecimentos sobre seu futuro negócio. Conhecerá o setor de
atividades, o negócio e seus elementos: a necessidade e o comportamento dos clientes e da
concorrência, a tecnologia envolvida, as tendências da área, a lucratividade do setor, os
investimentos necessários, as ameaças, o ciclo de vida, os fatores críticos de sucesso.

As oportunidades podem ser identificadas por:

Brainstormings: permitem estimular a criatividade e identificar oportunidades de negócios;


Estudos de áreas geográficas: exemplo: sul de Minas, polos eletrônicos, Amazônia,
Tocantins; Estudos de setores: tecnologia de informação, por exemplo; Estudos de
indústrias específicas: telefonia celular, internet; Estudos de recursos renováveis e não
renováveis: florestas nativas e plantadas, correção e adaptação de solos, fontes alternativas
de energia, aproveitamento do lixo urbano (adubo, papel, combustível, outros),
aproveitamento da serragem para madeira prensada/aglomerado; Estudos do ambiente
tecnológico: redes, fibras ópticas, gás natural, análise da pauta de importações; Análise de
transformações e tendências de mercado: participação da mulher na força de trabalho,
internacionalização das economias, industrialização dos serviços, combate à poluição com
veículos que emitem oxigênio; Análise de transformações e tendências de mercado:
participação da mulher na força de trabalho, internacionalização das economias,
industrialização dos serviços, combate à poluição com veículos que emitem oxigênio;
Mercados emergentes: lazer, saúde, educação, varejo financeiro, comunicação global,
turismo; Desenvolvimento dos hábitos prospectivo (antecipar os acontecimentos) e pró-
ativo (tomar a iniciativa, enxergar oportunidades); Análise de empresas/setores como
cadeia de processos ou unidades de negócios; análise dos Movimentos demográficos: no
Brasil e em outros países, o aparecimento de um grande mercado representado pelas
pessoas da terceira idade.

Entendendo a criatividade

Baronet (apud FILION et al., 2000, p. 44) define criatividade como: A capacidade de
encontrar constantemente soluções para os problemas, de construir novos produtos, de
definir novas perguntas em determinado campo – perguntas essas que serão, pelo menos no
início, consideradas novas ou originais, mas que, em última instância, serão aceitas e
reconhecidas (as vezes até premiadas) em um determinado ambiente cultural.

Segundo Dolabela (2008, p. 133) “a percepção de que a criatividade pode ser aprendida é de
grande importância na atividade empreendedora. Existem técnicas e exercícios para
desenvolver um comportamento criativo”. O comportamento criativo parecer ter sua origem
no hábito de buscar novas ideias, novas formas de apresentar ideias antigas, de identificar
problemas e inconsistências nos produtos e serviços oferecidos.

Mas o que é intuição? Intuição não é um talento misterioso. É o subproduto direto do


treinamento e da experiência que foram estocados como conhecimento. A criatividade surge
durante o processo de solução de problemas, que depende do conhecimento, incluindo um
tipo de conhecimento que permite ao especialista compreender situações rápida e
produtivamente.

Algumas fontes de ideias que podem ser utilizadas no dia a dia de um empreendedor,
segundo Dolabela (2008), são: Negócios existentes: as falências muitas vezes podem
representar excelentes oportunidades de negócios. Os bons negócios são adquiridos por
pessoas próximas (empregados, diretores, clientes, fornecedores); Franquias e patentes;
Licença de produtos; Revistas de negócios; Universidades e institutos de pesquisas; Feiras
e exposições; Empregos anteriores: grande número de negócios é iniciado por produtos ou
serviços baseados em tecnologia e ideias desenvolvidas por empreendedores enquanto eles
eram empregados de outros; Contatos com compradores de grandes empresas: eles ajudam
a identificar imperfeições e inconsistências em produtos e serviços e indicam quais são
adquiridos fora, mas podem ser oferecidos ou produzidos no local;
Contatos profissionais: advogados de patentes, contadores, bancos, associações de
empreendedores; Consultoria: prestar serviços a empresas pode ser uma fonte de ideias;
observação do que se passa em volta, nas ruas; Ideias que deram certo em outros lugares;
Experiência própria como consumidor ou usuário de serviços; Mudanças demográficas,
sociais e nas circunstâncias de mercado; Caos econômico, crises, atrasos (quando há
estabilidade, as oportunidades são mais raras); Uso das capacidades e habilidades pessoais;
imitação; dar vida a uma visão; Transformação de um problema em oportunidade;
“Descobrir” algo que já existe: melhorar, acrescentar algo novo à ideia já existente;
Combinar de uma forma nova; Tendências do ambiente.

Frases para pensar:

 Esta “geringonça” tem inconvenientes demais para ser levada a sério como meio de
comunicação. Ela não tem nenhum valor para nós. (Memorando interno da Western
Union sobre o telefone em 1876);
 Quem pagaria para ouvir uma mensagem enviada a ninguém em particular? (Sócios
de Oavid Sarnoff, fundador da RCA, em resposta à sua consulta urgente sobre
investimentos em rádio nos anos 1920);
 O conceito é interessante e bem estruturado, mas, para merecer uma nota melhor
do que 5, a ideia deveria ser viável. (Examinador da Universidade de Yale sobre tese
de Fred Smith propondo um serviço confiável de malote. Smith viria a ser o fundador
da Federal Express);
 Quem se interessaria em ouvir os atores? (H. M. Warner, da Warner Brothers, no
auge do cinema mudo em 1927);
 Então nós fomos para a Atari e dissemos: “Ei, nós fizemos essa coisa engraçada,
construída com algumas peças de vocês; o que acham de nos
financiar? Também podemos dá-la para vocês. Só queremos produzi-la. Paguem
nossos salários e trabalharemos para vocês. E eles disseram não.
Então, fomos para a Hewlett-Packard, e eles disseram: “Nós não queremos vocês.
Vocês nem terminaram a faculdade”. (Steve Jobs, fundador
da Apple, sobre as tentativas de atrair o interesse para o computador pessoal
projetado por ele e Steve Wozniakís).

REFERÊNCIA
HALICKI, Zélia. Empreendedorismo. Instituto Federal do Paraná. Rede E-tec Brasil. Curitiba –
PR, 2012.
CARMO, Cintia Tavares do. Empreendedorismo. Instituto Federal do Espírito Santo. Rede E-
tec Brasil. Colatina – ES, 2011.

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