UNIVERSIDADE FEDERAL DA FRONTEIRA SUL

CAMPUS CHAPECÓ
CURSO DE ADMINISTRAÇÃO
DISCIPLINA DE GESTÃO DA INOVAÇÃO

LUIZ FELIPE SCHABARUM

MATEUS DE LIMA
WILLIAM JOHANN

INFLUÊNCIA DA COMPETIÇÃO DE NEGÓCIOS NA INOVAÇÃO

ORGANIZACIONAL

CHAPECÓ
2023
1 APRESENTAÇÃO

A inovação é entendida como um produto ou processo novo ou melhorado, que gera

mudanças significativas em relação aos anteriormente criados, seja pela organização ou pelo
mercado (OECD, 2018). Para Tidd e Bessant (2015), a inovação é criada quando a organização
transforma ideias e conhecimento em tecnologias que permitem melhorar o seu desempenho.
A inovação pode ser caracterizada como incremental, quando as mudanças nos
produtos, serviços ou processos já existentes são gradativas, ou radical, quando se observa um
alto grau de transformação. Normalmente, as inovações radicais dão origem a grandes
revoluções tecnológicas (TIDD; BESSANT, 2015).
Castro (2008) também apresenta uma distinção entre conceitos de inovação quanto ao
seu foco. Segundo o autor, existem as inovações tecnológicas, que correspondem ao uso de
tecnologia no processo produtivo, e as inovações organizacionais, que se relacionam com
estruturas ou processos organizacionais adotados. Para o Sebrae (2018), a inovação
organizacional consiste em mudanças nos métodos de negócio da empresa, seja na organização
do local de trabalho ou na relação da empresa com o mercado, clientes e fornecedores, por
exemplo. O Manual de Oslo (OECD, 2018, p. 17) destaca que “Inovações organizacionais
podem também melhorar a qualidade e a eficiência do trabalho, acentuar a troca de informações
e refinar a capacidade empresarial de aprender e utilizar conhecimentos e tecnologias”
A forte competitividade do mercado traz uma necessidade de as organizações buscarem
com frequência melhorar ou mostrar algo novo, seja em seus produtos ou processos produtivos,
ou ainda na sua forma de se relacionar com o cliente, para diferenciar-se no mercado. Assim, a
inovação tem se tornado um dos principais fatores considerados para a competitividade das
organizações (CONTO; ANTUNES JUNIOR; VACCARO, 2016). Estudo realizado pela
Confederação Nacional da Indústria (CNI, 2021) revela que grande parte das organizações
brasileiras pretendiam, na ocasião, investir em inovação para crescer ou se manter no mercado
competitivo.
A competição entre as empresas se acentuou nos últimos anos muito em função dos
avanços tecnológicos e da globalização, que incentivam a abertura de negociações globais e
ingresso em novos mercados (BISPO et al., 2020). Nesse contexto, considerando a relevância
da inovação para as organizações, este trabalho aborda a competição de negócios como uma
ferramenta para a inovação, buscando visualizar e discutir sua influência no processo de
inovação organizacional.
2 DESENVOLVIMENTO

A competição é uma prática comum no mercado, em que se observa a disputa entre

organizações concorrentes. Geralmente há um comportamento de rivalidade entre as partes, que
buscam ganhos individuais (WINKLER; MOLINARI, 2011). No entendimento de Arbix
(2010), a competição entre firmas é o ponto de criação de muitas inovações, que iniciam como
pequenas modificações ou cópias, e que vão evoluindo até se tornarem produtos viáveis para o
mercado.
Porter (1999) relata que o crescimento econômico de países como Alemanha e Japão,
pós segunda guerra mundial, foi motivado por intensa competição interna. Da mesma forma, o
autor também ressalta que o desenvolvimento de setores de telecomunicação, transporte e
energia, são exemplos de que a competição desencadeia a inovação e é capaz de promover a
ascensão desses setores.
Inovar em um mercado competitivo acaba se tornando uma necessidade, sendo possível
adotar abordagens de novos processos ou criar novos produtos para preencher lacunas
existentes no mercado. As organizações que deixam de inovar acabam perdendo espaço para
os seus concorrentes (SEBRAE ALAGOAS, 2022) e, nesse contexto, Porter (1999) indica que
as pressões externas motivam a inovação, e assim a competitividade contribui para que as
empresas instiguem o pensamento criativo e superem a inércia organizacional. A concorrência,
muitas vezes vista como uma ameaça, pode despertar a criatividade e fazer com que a empresa
ou empreendedor busque alternativas inovadoras para tornar seu negócio mais atrativo
(SEBRAE SANTA CATARINA, 2018).
Observar o que os concorrentes estão fazendo, como estão estruturados, que estratégias
utilizam, por exemplo, é uma oportunidade de captar ideias para aplicação na organização, uma
vez que a concorrência está no mesmo mercado de atuação e possivelmente enfrenta os mesmos
desafios. Ao avaliar a concorrência, é possível verificar a existência de produtos que podem ser
otimizados ou processos que podem ser ajustados para melhorar a eficiência (INSTITUTO
OLHAR, 2018). Essas situações, como citado anteriormente por Arbix (2010), podem resultar
no desenvolvimento de inovações.
Porter (1999), ao contextualizar as implicações de regulamentações favoráveis à
inovação para as empresas, comenta que o setor automobilístico dos Estados Unidos precisou
aprender a competir através da inovação para se manter em um mercado que trazia automóveis
inovadores, mais leves e com maior eficiência energética, fabricados por montadoras alemãs e
japonesas. Essa situação ressalta a influência da competição de negócios para a adoção de
inovações no ambiente organizacional.
A competição entre negócios também pode ser visualizada no contexto de eventos de
inovação, que na visão de Cirilo et al. (2022) tem um papel importante para a geração de novos
negócios. O portal Accept Mission (202-) indica ainda a possibilidade de utilizar competições
entre empresas para coletar ideias e soluções focadas em um determinado objetivo ou problema
organizacional, que por sua vez, podem resultar em inovações organizacionais.

3 APLICAÇÃO

A competição de negócio como fator de inovação pode ser visualizada no setor

financeiro. O desenvolvimento tecnológico e o crescimento das fintechs, empresas que
oferecem serviços financeiros com alto uso da tecnologia, promoveram a disrupção de produtos,
processos e também de modelos de negócios no setor. Além de carregar a inovação como um
de seus pilares, as fintechs impulsionaram empresas consolidadas e tradicionais do mercado
financeiro a inovar (SILVA et al., 2022).
O’grady (2022) afirma que a competição entre as fintechs e os bancos gera importantes
inovações para o setor financeiro. A popularização dos bancos digitais incentivou muitos
bancos tradicionais a oferecerem serviços digitais para os seus clientes, principalmente
atendimentos de forma remota e ágil, promovendo aproximação com os clientes sem que haja
necessidade de deslocamento até a agência física. O investimento em inovação realizado por
bancos como Itaú e Bradesco ampliou as opções de atendimento e serviços online, o que
resultou no aumento de clientes (G1, 2021).
Em uma visualização prática no cotidiano de instituições bancárias, vivenciada pelos
membros do grupo, também se observa a influência da competição. O estabelecimento de metas
de vendas de seguro e cartas de crédito para os funcionários, por exemplo, pode estimular a
adoção de estratégias individuais para ampliar o número de vendas, que podem ser aprimoradas
e transformadas em novos processos de vendas, tornando-se uma inovação organizacional.
A competição acirrada entre os bancos também promove o surgimento de novas
estratégias de comunicação com os clientes, que se tornam inovações organizacionais. Bancos
como o Sicoob passaram a oferecer canais de comunicação via aplicativo WhatsApp, agilizando
serviços com autorizações feitas via aplicativo, por exemplo, que melhoram a satisfação dos
clientes que geralmente desejam ter seus problemas solucionados de forma rápida e sem
burocracias.
Desse modo, se observa que algumas inovações organizacionais identificadas nos
bancos são influenciadas pela competição de negócios. A diversidade de instituições financeiras
disponíveis no mercado faz com que as mesmas disputem os clientes, e a adoção de inovações
que permitam agilidade e facilidade na comunicação, como as citadas anteriormente, podem se
transformar em fatores determinantes para a permanência e captação de novos clientes.

4 FECHAMENTO

A inovação está presente no cotidiano das organizações. O mercado cada vez mais
dinâmico exige que as empresas estejam atentas às demandas e busquem por soluções capazes
de satisfazer essas necessidades, de modo a se manterem competitivas. Nesse contexto, a
criação de ambientes favoráveis para a inovação se mostra importante, e podem ser utilizadas
algumas estratégias, ferramentas e metodologias, a exemplo da competição de negócios
apresentada neste trabalho, para alcançar o desenvolvimento de inovações.
Observa-se que a competição de negócios é uma estratégia assertiva para promoção da
inovação, tanto no contexto de adaptação de processos já utilizados por outras empresas, quanto
para a criação de novas soluções específicas. Ao olhar para negócios que competem no mesmo
mercado, é possível obter ideias que colaborem para a melhoria da organização e contribuam
para sua competitividade.
Por vezes, se tem a ideia que para inovar é preciso altos investimentos em tecnologia,
porém, considerando o contexto da inovação organizacional, nota-se que é possível incorporar
inovações em uma organização com investimento relativamente baixo. De todo modo,
independente do investimento, é importante que a organização crie um ambiente favorável para
a inovação e incentive a participação de líderes, colaboradores e também de parceiros externos
nesse processo, criando mecanismos para gestão da inovação.

REFERÊNCIAS

ACCEPT MISSION. Desafio de inovação: como organizar sua própria competição. 202-.
Disponível em: https://www.acceptmission.com/pt/blog/how-to-organize-innovation-
challenges/. Acesso em: 15 fev. 2023.
ARBIX, G. Estratégias de inovação para o desenvolvimento. Tempo soc. Vol. 22, n. 2, 2010.
BISPO, E. S.; SILVA, R. S.; SANTOS, J. M.; NASCIMENTO, E. A. Cooperação,
competição e coopetição nas relações entre pequenos feirantes de um aglomerado de varejo
em Aracaju-SE. Gestão e Desenvolvimento. Vol. 17, n. 3, p. 56-78, 2020.
CASTRO, M. T. B. Inovação predatória no ordenamento jurídico brasileiro. 124f.
Dissertação (Mestrado em Direito) – Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro,
2008.
CIRILO, A. K. M.; SANTOS, E. Q.; OLIVEIRA, L. S.; SANTOS, S. D. M.; BARROS, D. S.
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2022. Disponível em: https://www.doity.com.br/anais/anais-2022/trabalho/260013. Acesso
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na pandemia e tiveram aumento de lucro e produtividade. 2021. Disponível em:
https://noticias.portaldaindustria.com.br/noticias/inovacao-e-tecnologia/80-das-industrias-
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CONTO, S. M. de.; ANTUNES JUNIOR, J. A. V.; VACCARO, G. L. R. A inovação como
fator de vantagem competitiva: estudo de uma cooperativa produtora de suco e vinho
orgânicos. Gest. Prod. Vol. 3, n. 2, p. 397-407, 2016.
G1. Com avanço de fintechs, bancos tradicionais aceleram digitalização e diversificam
serviços. Economia. 2021. Disponível em:
https://g1.globo.com/economia/noticia/2021/07/18/com-avanco-de-fintechs-bancos-
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negócios. 2018. Disponível em: https://institutoolhar.com.br/blog/entenda-como-a-
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Disponível em: https://www.terra.com.br/economia/dinheiro-em-dia/meu-negocio/bancos-x-
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em: https://www.sebrae-sc.com.br/blog/concorrencia-ameaca-ou-oportunidade. Acesso em:
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SILVA, R. V. P.; LOPES JUNIOR, E. P.; CAMARA, S. F.; TORRES JUNIOR, P. Dinâmica
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Financeiros no Brasil. Anais eletrônicos... In: XLVI Encontro da ANPAD, EnANPAD 2022.
Disponível em:
http://anpad.com.br/uploads/articles/120/approved/e7e8f8e5982b3298c8addedf6811d500.pdf.
Acesso em: 14 fev. 2023.
TIDD, J.; BESSANT, J. Gestão da inovação. 5 ed. Bookman. 2015.
WINKLER, N. C.; MOLINARI, G. T. Competição, Colaboração e Coopetição: Revendo os
Conceitos em Estratégias Interorganizacionais. Revista ADMpg Gestão Estratégica. Vol. 4,
n. 1, 2011.