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Março
Inovação
Nº 3 / 2018
Conselho
Presidente: Emilio Carazzai
Vice-presidentes: Ricardo Egydio Setubal e Isabella Saboya
Conselheiros: Alberto Emmanuel Whitaker, Doris Beatriz França Wilhelm, Monika Hufenüssler
Conrads, Richard Blanchet, Robert Juenemann e Vicky Bloch
Diretoria
Alberto Messano, Henri Vahdat e Matheus Rossi
Superintendente geral
Heloisa Belotti Bedicks
Superintendente de Desenvolvimento
Adriane de Almeida
Fotos
Divulgação / Arquivo IBGC
IBGC
Av. das Nações Unidas, 12551
World Trade Center Tower - 21º andar - CEP 04578-903 - São Paulo/SP
tel.: 55 11 3185 4200 / e-mail: ibgc@ibgc.org.br
www.ibgc.org.br
Associados mantenedores
Sumário
4 Editorial
25 Mindset digital
Os artigos desta
publicação, com exceção
dos textos assinados pelos
administradores e equipe do
IBGC, são de responsabilidade
dos autores e não refletem
necessariamente a opinião
do instituto.
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Editorial
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A inovação tem sido um dos assuntos Essa definição do Manual de Oslo tem sido
mais discutidos atualmente em todos uma das principais referências para as
os ambientes de negócios. Neste cenário, atividades de inovação. Apesar de ser um
usualmente nos deparamos com gestores, conceito abrangente e flexível, é uma definição
sócios e conselheiros estudando teórica a qual precisamos trazer para a prática.
e questionando as estruturas ideais Um exemplo dessa urgência em nosso país
e formais para um ambiente inovador. pode ser visualizado em alguns estudos
relacionados à nossa atividade econômica.
O termo inovação, entretanto, tem sido
utilizado de forma generalizada em Apesar de o Brasil figurar no ranking
nosso cotidiano. Afinal, todos querem das dez maiores economias do mundo,
ser inovadores – desde profissionais liberais sistematicamente desaponta e briga pelas
até as grandes empresas. últimas posições quando o tema é inovação.
No país, apenas 3,8% das empresas
Segundo o Manual de Oslo, principal fonte desenvolveram bens ou serviços “novos para
internacional de diretrizes para coleta e uso o mercado” entre os anos de 2012 a 2014
de dados sobre atividades inovadoras da (IBGE, 2014). A esmagadora maioria das
indústria, que tem o objetivo de orientar inovações no país representa a adoção de
e padronizar conceitos, metodologias e tecnologias já existentes, novidade apenas
construção de estatísticas e indicadores para a própria empresa.
de pesquisa, inovação é: “a implementação de
um bem ou serviço novo ou significativamente O Global Entrepreneurship Monitor 2016
melhorado, ou um processo, ou um novo (GEM 2016) aponta que o Brasil tem apenas
método de marketing, ou um novo método 20,4% dos empreendedores iniciais com
organizacional nas práticas de negócios, na potencial de inovação, metade do potencial da
organização do local de trabalho ou Alemanha e, aproximadamente, um quarto do
nas relações externas” (Manual de OSLO – potencial da China. Em relação à tecnologia,
3ª. Edição). o país amarga a última posição do ranking.
(1) LEAL, Ricardo Pereira Câmara. ˆA qualidade das praticas de Governança Corporativa afeta o valor da
empresa no Brasilˆ. IBGC, Governança Corporativa e Criação de Valor, 2014, páginas 29-35.
de que as empresas devem buscar práticas que se tornar mais flexíveis, mais tolerantes
de gestão para inovar. aos erros para incentivar a criatividade do time
e mudar conceito de hierarquia, o que pode
Alguns resultados de pesquisas confirmam requerer mudanças internas de processos
ser mais inovadoras as empresas em que e sistemas. Nessas situações, o papel da
seus presidentes, gestores e até conselheiros governança corporativa será primordial para
de administração compreendem com fomentar uma cultura de inovação no corpo
mais claridade o papel da inovação na executivo para que disseminem e implementem
estratégia corporativa. Outras afirmam uma gestão inovadora dentro da empresa.
serem necessários comitês de inovação e até
mesmo que esses órgãos atuem de forma As organizações ao redor do mundo
independente para que sejam positivos e estão lidando com mudanças disruptivas
alcancem resultados relevantes. nos negócios e na tecnologia, que estão
impactando a economia. Devemos
Ainda do ponto de vista de Deschamps e ter em mente que a inovação está
Nelson, ao pensarmos em governança e associada ao desenvolvimento da
inovação, devemos considerar algumas economia e da humanidade.
práticas para um ambiente inovador:
Uma empresa inovadora requer, por
1. Inovação é uma prioridade estratégica; exemplo, um modelo de gestão com
liderança descentralizada, empoderamento
2. Compreensão da alta direção quanto de times e desafios claros e concretos como
aos desafios do futuro; parte de seu ambiente e de sua cultura
corporativa. Um bom exemplo desse novo
3. Estabelecimento de um comitê modelo de gestão são os Squads como
de gestão da inovação; o do Spotify. Nessas empresas a média
gerência foi extinta e promoveram objetivos
4. Empoderamento dos direitos estratégicos para times independentes,
de tecnologia como elo entre as descentralizados e com poder para tomar
atividades de gestor e P&D; decisão. Cada Squad pode estar direcionado
para um objetivo estratégico (customer
5. Reconhecimento de projetos service, novos produtos, novos serviços,
que são relevantes para inovação; desmonetização, desmaterialização,
transformação digital da empresa, etc). São
6. Adoção de métricas para os resultados. times multidisciplinares estimulados por
desafios, liderados por um project manager
Desta forma, se a inovação estiver no DNA ou PMO, mas com todos os membros
da empresa, dificilmente a governança necessários incluídos para atender o desafio
corporativa irá emperrá-la, pois ela estará (marketing, finanças, TI, Web, Produto etc).
arraigada dentro da estrutura da empresa,
inserida em seus valores, princípios, política, Outro ponto que deve ser considerado é
cultura e na estratégia da organização, a necessidade de estarmos abertos para
permeando todas as decisões do corpo a diversidade, seja ela cultural, de gênero,
diretivo e também dos funcionários. Na visão idade e/ou étnica. Desde as constatações
de Valter Pieracciani, em seu livro Usina de pioneiras de Edith Penrose, na década de
Inovações, “Inovação é antes de tudo um 1950, entende-se que as empresas devem
estado de espírito”. ter diversidade em seus quadros para
fomentar a inovação. Como dizia Robert
Mas nem sempre encontramos empresas Wong, “O sucesso está no equilíbrio”.
com este grau de maturidade de inovação. As Portanto, é imprescindível que o conselho de
organizações com uma estrutura mais sólida, administração seja composto por diversidade,
com processos bem definidos e/ou com uma de acordo com as habilidades necessárias
trajetória longa, podem sentir mais dificuldade para que os objetivos e estratégias sejam
para criarem um ambiente inovador, pois terão atingidos. Olhando por este prisma e
Rafael Lucchesi
diretor geral do Serviço Nacional de
Aprendizagem Industrial (Senai) e diretor
de Educação e Tecnologia da Confederação
Nacional da Indústria (CNI)
Eu acho que essa questão [a necessidade de Está acontecendo uma mudança nos conselhos
inovação] se acentuou a partir de 1950. Antes de administração, que está permitindo ter
dessa época, setores como as indústrias química, outras culturas representadas e uma diversidade
farmacêutica, aeronáutica e eletroeletrônica de experiências dentro desses colegiados. Se
sempre tiveram uma postura muito ativa em você analisar um conselho de administração
termos em inovação. A diferença é que no tradicional de dez anos atrás e de muitas
passado o desenvolvimento de novas tecnologias empresas de hoje, os conselheiros são muito
e novos produtos levava décadas. Ao longo semelhantes entre si, pensam muito parecido, o
do tempo, essa preocupação que era restrita que os deixam muito confortáveis nas reuniões.
a alguns setores industrias mais dinâmicos A valorização da diversidade de experiências, de
foi se generalizando para a sociedade como visões, de preocupações e de foco em conselhos
um todo. Os bens de consumo evoluíram de administração é um processo em andamento
para atender demandas mais específicas. mais recente, mas extremamente positivo.
Os consumidores ficaram mais exigentes ao Ainda hoje, a questão da estratégia digital e
longo do tempo, o que gerou e impulsionou da inovação em grande parte das empresas é
uma série de inovações no setor industrial. um assunto que o conselho de administração
delega para a administração operacional
O senhor também é membro de da companhia. No geral, os conselheiros
conselhos de administração. Em sua se satisfazem com os relatórios periódicos
percepção, como o tema da inovação produzidos pela gestão sobre o andamento
está endereçada dentro dos colegiados dessas questões. Em muitos poucos casos, os
das empresas brasileiras? Há um claro conselhos participam do processo de formulação
entendimento nos conselhos de que a de uma estratégia de inovação.
inovação está alinhada à busca de uma
melhor competitividade nos negócios? Alguns conselhos de administração têm perfis
exclusivamente técnicos e operacionais e outros
Temos um processo em andamento. Eu vejo têm perfis majoritariamente financeiros. Nem
os conselhos ainda concentrados em suas um nem outro é suficiente para assegurar o
missões tradicionais, tais como definir a sucesso da companhia. O conselho diversificado
estratégia, acompanhar a performance deve considerar experiência em segmentos
dos negócios, decidir sobre investimentos, empresariais distintos, alguns profissionais
gerir riscos, atentar para a gestão de pessoas. com visão financeira e outros com ênfase em
Esses assuntos ainda são o foco principal dos tecnologia e mercado.
conselhos de administração. Mas, recentemente,
dependendo do segmento do mercado em O Brasil ainda engatinha quando o
que a empresa atue, questões de tecnologia assunto é inovação se comparado às
e inovação, de marketing e estratégia digital grandes economias mundiais. Qual o
passaram a se introduzir nas agendas dos grande empecilho para avançarmos
colegiados junto a questões de outra natureza, nessa seara? O que devemos fazer para
como a de responsabilidade social, mudanças termos uma indústria inovativa?
climáticas, responsabilidade ambiental,
ética. Mas é um processo em andamento. Há Há diversos fatores que interferem no processo
empresas em que isso se dá de maneira de mais de inovação no país. E a primeira não é
acelerada e, em outras, de forma mais lenta. propriamente a inovação. Temos o reflexo da
Importante frisar que as questões de inovação situação da economia brasileira e das empresas
estão hoje majoritariamente concentradas nas no país. No Brasil, estatisticamente, as empresas
diretorias, junto à gestão, e não nos conselhos ainda investem menos em inovação que os seus
de administração. congêneres de fora. Há uma série de razões
para isso, tal como a dificuldade de operar no
Como a diversidade de perfis dentro dos Brasil. A rentabilidade das empresas no país é
conselhos pode contribuir para que as mais baixa que na maioria das economias mais
discussões sobre a inovação não fiquem desenvolvidas. Rentabilidade mais baixa em um
restritas ao executivo e alavanquem na ambiente operacional mais hostil, mais instável,
pauta dos conselhos de administração? faz com que o foco da administração se concentre
Natural de São Paulo, Pedro Wongtschowski é engenheiro químico, mestre e doutor em Engenharia pela Escola
Politécnica da Universidade de São Paulo. Foi diretor superintendente da Oxiteno (1992-2006). Entre janeiro de
2007 e dezembro de 2012 foi presidente da Ultrapar Participações. É presidente do Conselho de Administração
da Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (EMBRAPII), presidente do Instituto de Estudos para
o Desenvolvimento Industrial (IEDI) e presidente do Conselho Superior da Associação Nacional de Pesquisa,
Desenvolvimento e Engenharia das Empresas Inovadoras (ANPEI). É membro do conselho de administração
de diversas empresas, incluindo a Ultrapar Participações e Embraer, e de instituições não-governamentais na
área de tecnologia, empreendedorismo e inovação. É pesquisador associado do Núcleo de Política e Gestão
Tecnológica da USP desde 2012.
Inovação e competitividade
precisam andar juntas
por João Carlos Brega
Não se deram conta de que estamos em um (MIT) lança um desafio e um mantra: “Seja
tempo em que pessoas mudam de emprego, desobediente. Não se pode mudar o mundo
sem mudar de empresa. Ou de que vivemos sendo obediente”. Trata-se de um mundo de
um choque de gerações entre os menos de inovação, de avanço científico e social. Esse
30 anos e os mais de 60 anos, todos co- território, portanto, é dos desobedientes,
criando ou brigando nas empresas. aqueles que desafiam o status quo. Daqueles
que não perguntam se devemos mudar e
São tempos em que lançamos um foguete sim como mudar.
no espaço com a mensagem colocada nas
peças: “feito no planeta Terra, por seres Nesta economia circular, criativa e
humanos”. Ou ainda, uma época em que compartilhada, é preciso repensar o passado,
a tradicional Universidade de Oxford vê se reconsiderar o presente e reimaginar o
destacar em seu campus o “Ghost Club”, futuro. Tudo ao mesmo tempo.
iniciativa que criada no século 8, um grupo
de estudos sobre espíritos e vida após a O economista Joseph Schumpeter, em
morte e que se tornou a grande sensação 1939, estava certo quando criou o termo
entre os estudantes. destruição criativa. “Se você não reiventar o
que você estiver fazendo, alguém fará isso!”
Pelos labirintos corporativos, novas
expressões são sussurradas: quarta Que tempo curioso este, onde a gigante do
revolução industrial, destruição criativa, tabaco Philip Morris cria no Reino Unido a
inovação disruptiva, era cognitiva, era campanha “Um futuro livre de fumaças”, com
dos makers, mundo Vuca, blockchain, o objetivo de ajudar as pessoas a pararem
hackaton, co-criação, computação quântica, de fumar. E ainda afirma: construímos a
exploração espacial e outras tantas empresa de cigarros mais bem-sucedida
tendências exponenciais. do mundo, com as marcas globais mais
populares e icônicas. E explica: tomamos
Brotam para aposentar velhos modelos de uma decisão dramática, agora estamos
negócios, como a “eficiência operacional”, de construindo o futuro do Philip Morris com
Adam Smith, a planta automotiva, de Henri base em produtos sem fumo, que são uma
Ford, o conceito da GM, de Peter Drucker, escolha muito melhor do que o tabagismo.
análise SWOT, cinco forças, de Michael
Porter… Este universo já não cabe na atual Seria um caso isolado? Veja, nesses
fase, da gestão da inovação, gestão da nossos tempos a Nestlé lança na China um
mudança e gestão do futuro. dispositivo com inteligência artificial e que
funciona como assistente para responder na
Vivemos os tempos da humanoide Sophia casa das pessoas perguntas sobre nutrição.
e sua inteligência artificial. Uma criação Tudo de forma personalizada. A gigante
humana que ganha a cidadania da Arábia de alimentos agora é uma empresa de
Saudita com o objetivo de ser a porta-voz tecnologia. Novas competições?
da transição econômica daquela região, que
almeja sair da economia do petróleo e entrar A Coca Cola, mudando uma tradição de
a economia da inovação. 125 anos, resolve embarcar no mercado de
bebidas alcoólicas.
No entanto, nesses nossos tempos pós-
normais, nada é tão simples. A inteligência Mais exemplos? A L’Oréal criou sua internet
artificial de Sophia começa a questionar, das coisas, um sensor projetado para ser
por exemplo, sobre os motivos de na Arábia implantado na unha e permitir aos usuários
Saudita as mulheres não terem direitos rastrear suas exposições ao sol e, desta
iguais aos dos homens. Para horror dos forma, combater os riscos de câncer de
governantes locais. pele. Novos mercados?
A HP junto com uma das suas principais O Brasil é também um dos poucos países do
fornecedoras, a Flex, desenvolveu uma das mundo que combinam uma grande estrutura
indústrias de reciclagem de eletrônicos industrial e agrícola localizada próxima a um
mais sofisticadas do mundo, a Synctronics, dos maiores mercados consumidores do
com sede no Estado de São Paulo. A mundo. Esta proximidade é uma condição
Coca Cola anunciou em janeiro de 2018 o que permite estruturar uma economia
investimento bilionário na reciclagem de circular que além de reduzir impactos
embalagens plásticas. ambientais, reduz custos e gera novos
negócios lucrativos.
Mindset digital
por Carlos Piazza
Carlos Piazza
Darwinista Digital
Inteligência artificial –
a nova fronteira digital
por Hamilton M. da Cunha Jr.
E é por esta razão que tanto o Google Estudos indicam que o mundo gera ao redor
quanto outras grandes empresas de de 2,2 Exabytes (2,2 bilhões de Gbytes) de
tecnologia, investem bilhões de dólares informações por dia, proveniente de diversas
desenvolvendo softwares, hardwares e, formas de captação (IoT, celulares, sensores,
principalmente, algoritmos especiais, que câmeras digitais, etc ...) e são estes dados
preencham estas deficiências. É uma corrida o “combustível” que acelera o aprendizado
que envolve capital financeiro, humano e destes computadores equipados com
também tecnologias que ainda estão de certa algoritmos de inteligência artificial.
forma a frente da nossa realidade, como é o
caso dos computadores quânticos. Ou seja, a base está pronta!
90% deste valor foi investido em pesquisa Estas serão as profissões do futuro!
e desenvolvimento e 10% em aquisições
de startups voltado para tecnologia e Outro vetor de desenvolvimento de
inovação em IA. profissionais especializados, tem sido o
investimento de recursos em universidades
A Amazon direciona seus desenvolvimentos e centros de pesquisas fora de suas bases.
para robótica e reconhecimento de voz,
enquanto a SalesForce busca aprimorar os O Facebook inaugurou recentemente um
agentes virtuais e Machine Learning. laboratório de IA em Paris e posteriormente
replicará o modelo para Nova York e Vale
De acordo com pesquisa aplicada em mais É definitivamente uma nova fronteira, cheia
de 3 mil executivos (C-Level) - distribuídos de mistérios e descobertas!
em diversas partes do mundo, somente
20% acusam utilizar tecnologia de IA em
seus negócios, sendo que 12% realmente as
aplicam em escala. Hamilton M. da Cunha Jr.
Board Member - Digital Transformation
O fato é que ainda existe muita incerteza & Inovation / Management Consulting /
Professor
sobre os reais benefícios que IA trará para os
negócios e em quanto tempo será possível
amortizar os investimentos. Também não
universidades, o que é fundamental para que servimos e exportamos. Isso nos daria
a cadeia de inovação, que começa desde uma vantagem competitiva ainda maior em
pesquisa básica até a transferência de agronegócio. Dados os nossos desafios em
tecnologia para o mercado, e nós temos comunicação e infraestrutura, tecnologias e
responsabilidade de criar tecnologias que sistemas desenvolvidos aqui seria muito mais
trarão retorno para a sociedade. apropriado para países emergentes.
Segundo o relatório da CNI, cerca de 57% Há pelo menos 20 anos, atuo com pesquisa
das empresas declaram usar informações em países emergentes com uma rede
provenientes da universidade para definir de cientistas — são 3 mil pesquisadores
seus novos projetos. em seis continentes — que trocam
conhecimento e aprendizado, buscando
Tudo isso traz diversidade de pensamento em soluções para problemas locais que são
um mundo globalizado que possui problemas também aplicáveis ao redor do mundo. A
bem distintos. Um exemplo básico para inovação tem que ser pensada além de
ilustrar esse cenário é pensar nos desafios uma criação de oportunidades de negócio,
que os Estados Unidos enfrentam e fazer quando a companhia pensa em inovação
um paralelo com os desafios que o Quênia sustentável passa a atuar como agente
enfrenta. Não podemos restringir inovação transformador socioeconômico de um
com implementação de tecnologia de ponta. país. O resultado disso? Impacto direto na
Para o Quênia, por exemplo, solucionar um realidade desses locais e, a maior razão desse
problema de água potável tem que ser algo sucesso é a sincronização dos objetivos
de baixo custo, pois implementar tecnologia com as preocupações da população local
de ponta desenvolvida nos EUA seria e a contribuição para o desenvolvimento
economicamente inviável para o país. econômico e social, ou seja, inserindo-a
Quando pensamos em um mundo em uma cadeia de inovação local, mas
globalizado, precisamos tirar o centro das com colaboração global, recuperando assim
grandes potências e começar a pensar que nossa produtividade e avançando nossa
localmente podemos desenvolver algo agenda de competividade.
que terá apelo global.