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Os laboratórios de inovação no setor público brasileiro:

conceitos, tendências e características1

Hironobu Sano
Thiago Ferreira Dias

Introdução
A preocupação em prover serviços públicos com maior qualidade e com melhoria em
termos de sua eficiência, eficácia e efetividade desencadeou uma busca pela inovação no
setor público (CAVALCANTE e CAMÕES, 2017; DAMANPOUR; SCHNEIDER, 2006) e, além
disso, havia também a preocupação em responder aos anseios e preocupações da
sociedade (POTTS e KASTELLE, 2010). Os estudos sobre inovação pública tiveram
inspiração nas experiências do setor privado, porém as especificidades do setor público
levaram ao desenvolvimento de pesquisas específicas e a busca por identificar as barreiras e
indutores da inovação (HARTLEY, 2013; HAUKNES, 2005; LUKE, VERREYNE e KEARINS,
2010; MULGAN e ALBURY, 2003;, VRIES, BEKKERS e TUMMERS, 2016).
Em período mais recente, o processo de inovação foi associado a uma dinâmica
mais interativa e participativa na qual o setor público deixa de ser considerado o único
detentor de conhecimentos específicos e, portanto, que seria o único ator capaz de propor
soluções para os problemas e dilemas vivenciados pelas organizações públicas
(VEECKMAN, SCHUURMAN, LEMINEN e WESTERLUND, 2013). Este paradigma
tradicional é caracterizado por uma abordagem de inovação fechada e no qual o ambiente
interno às organizações é visto como fonte das ideias inovadoras (idem). A inovação aberta,
em contraposição, defende que as contribuições também podem vir do ambiente externo às
organizações e, portanto, a articulação dos órgãos públicos com outros atores deveria ser
incentivada e fortalecida (LEE, HWANG e CHOI, 2012).
Nesse contexto, os laboratórios de inovação no setor público (i-Labs) se expandiram
com o claro propósito de não somente promover melhorias nas políticas públicas, mas
também fomentar a participação da sociedade civil e do setor privado no desenvolvimento de
ideias e inovações (TONURIST, KATTEL e LEMBER, 2017).
Apesar dessa expansão, ainda se conhece pouco sobre sua natureza,
funcionamento, características operacionais, bem com sua razão de ser, pois os primeiros
estudos focaram na descrição da forma de atuação e na proposição de manuais de criação e
funcionamento, ou seja, com foco normativo e não analítico (TONURIST, KATTEL e
LEMBER, 2017; UNICEF, 2012).
Os estudos mais recentes têm procurado conceituar os laboratórios de inovação e
definir variáveis analíticas relevantes para compreender sua forma de atuação, tais como a
estrutura organizacional (ACEVEDO e DASSEN, 2016; TONURIST, KATTEL e LEMBER,
2017), objetivos (ACEVEDO e DASSEN, 2016; PUTTICK, BAECK e COLLIGAN, 2014),
flexibilidade para experimentação (MERGEL e DESOUZA, 2013), os estágios de inovação
(MULGAN, 2014), dentre outras abordagens.
Uma das preocupações centrais é se esses laboratórios cumprem com a proposta de
uma iniciativa que recebe esse nome, que é a de gerar inovações, desenvolver soluções,
testar um protótipo e promover sua implementação e disseminação. E, apesar de a grande
maioria dos laboratórios almejar influenciar de forma sistêmica o setor público, muitas não
tem conseguido passar de um espaço para debate de ideias (MULGAN, 2014).

1
Apresentado e publicado nos Anais do XXIII Congreso Internacional del CLAD, Guadalajara, 2018.

1
A expansão dos laboratórios de inovação no setor público também pode ser
observada no caso brasileiro (ASSIS e CALIMAN, 2017; DEIOP, 2016; NARCIZO, 2017;
JFRN, 2017; OLIVEIRA, 2017; SANTOS, A., 2017; SANTOS, P., 2016), porém não há
estudos sistematizados que procurem caracterizá-los e analisá-los.
Nesse contexto, o objetivo deste artigo é realizar uma categorização dos laboratórios
de inovação no Brasil a partir de seu estágio de inovação, isto é, a perspectiva proposta é a
de compreender se essas iniciativas avançam para além da geração de ideias,
transformando-as em um protótipo e, posteriormente, promovendo sua implementação. Para
tanto, a estratégia utilizada foi a de realizar um mapeamento dos i-Labs na internet e, em
seguida, foram levantadas informações dessas iniciativas em função de categorias analíticas
elaboradas no referencial teórico. A pesquisa foi concluída no dia 1 de julho de 2018 e,
portanto, informações divulgadas posteriormente podem levar a novas interpretações dos
dados. Os resultados obtidos indicam que a expansão no número de laboratórios no Brasil
apresentou certa regularidade entre 2011 e 2017, quando foram criados entre 2 a 4
laboratórios anualmente, mas teve um salto em 2017, com a criação de 10 iniciativas. Além
disso, há uma forte concentração no Poder Executivo Federal, embora tenham sido
detectadas iniciativas em outros níveis de governo e também no Poder Legislativo e
Judiciário. Quanto à produção de inovações, parte dos laboratórios avançou para o
desenvolvimento de protótipos e implementação das inovações, embora algumas tenham se
restringido à etapa da geração de ideias.
Para se chegar a esses resultados, o artigo, além desta introdução, foi estruturado
da seguinte forma: após a introdução é apresentado o referencial teórico, que discute os
conceitos de inovação e de laboratórios de inovação, gerando as categorias analíticas. Em
seguida, são apresentados os dados obtidos na pesquisa, sendo analisados com apoio de
quadros, tabelas e gráficos; e, por fim, são apresentadas as conclusões do estudo.

Referencial Teórico
Esta seção tem por intuito discutir, inicialmente, o conceito de inovação, bem como
os fatores que a promovem ou inibem. Em seguida, aborda uma discussão mais recente e
que trata da inovação aberta no setor público e na qual o processo colaborativo – envolvendo
a participação da sociedade e das empresas – é a base para a inovação pública, contexto no
qual se desenvolvem os laboratórios de inovação. Por fim, são discutidas as principais
variáveis analíticas relacionadas à atuação dos i-Labs.

Inovação no setor público


O debate acerca da inovação no setor público ganhou ímpeto nos últimos anos,
inicialmente a partir de uma comparação conceitual com a inovação no setor privado (KOCH
e HAUKNES, 2005; ROSTE e MILES, 2005). A transposição de conceitos do setor privado
para o público encontra suas limitações em função do contexto de atuação das empresas,
fortemente baseada em incentivos financeiros e na busca por vantagem competitiva que gera
o lucro, ser diferente da lógica em que operam as organizações públicas, voltadas para as
questões de interesse coletivo e, inclusive, para a superação das externalidades negativas
porventura geradas pela atuação das empresas, sendo, portanto, um desafio de natureza
política (RØSTE, 2005).
Hartley (2013) complementa que a inovação no setor público tem como um de seus
fatores as mudanças nas necessidades e aspirações da sociedade. Essa perspectiva social
alicerça o debate sobre inovação no setor público no sentido de que a inovação deve levar a
um aumento na capacidade de resposta do governo frente às demandas da coletividade bem
como em momentos em que ocorra uma mudança dessas necessidades.

2
Em seguida, o debate avançou para a construção de um arcabouço conceitual que
considerasse as especificidades da gestão pública e das políticas públicas (MULGAN e
ALBURY, 2003; BORINS, 2001). Em uma abordagem minimalista, a inovação no setor
público pode ser caracterizada como algo que, em dada organização, é novo em relação a
uma situação anterior (SPINK, 2003) ou, em outras palavras, “a inovação é uma ideia, prática
ou objeto que pode ser percebido como novo por um indivíduo ou unidade de adoção”
(ROGERS, 1995). Significa, portanto, que a inovação não é necessariamente algo inédito,
mas são novas no contexto da organização que a adota (HUGHES, MOORE e KATARIA,
2010).
O fato de algo novo ser introduzido em uma organização significa que ela irá passar
por mudanças e passará a trilhar um caminho diferente da que estava habituado, situação
que pode gerar resistência por parte de seus membros. Esses três pilares – novo, mudança
e resistência –, portanto, devem ser considerados na análise de políticas públicas inovadoras
(SPINK, 2003).
A novidade no setor público poderia ocorrer em produtos, processos, serviços ou
métodos de entrega, mas deve também estar associada a melhorias em termos de eficiência,
eficácia ou mesmo de qualidade (MULGAN e ALBURY, 2003). Além desta classificação
quanto à natureza da inovação, outra tipologia é quanto ao grau de inovação, podendo ser
incremental, radical ou sistêmica/transformacional.
Para Mulgan e Albury (2003), uma inovação incremental está relacionada com
pequenas mudanças – em produtos, processos, serviços ou entrega – mas que são capazes
de promover sua adaptação às demandas sociais e locais, tornando-se, portanto, essenciais
para a melhoria na qualidade. Por sua vez, uma inovação radical leva à introdução de algo
até então inexistente, porém a dinâmica do setor permanece a mesma. Por fim, são nas
inovações sistêmicas que setores inteiros podem ser transformados, muitas vezes com
suporte nas tecnologias da informação, e que geram novas estruturas de força de trabalho,
estabelecem novas relações entre organizações, criam novos tipos de organização e levam a
uma melhoria substancial no desempenho do setor público.
Mas a busca pela inovação pode tanto ser facilitada como encontrar barreiras.
Segundo Mulgan e Albury (2003), as principais barreiras são: (i) orçamentos de curto prazo
que impedem a visão e o planejamento de longo prazos, (ii) falta de incentivos à inovação
associada à tradição de punição para as falhas, (iii) falta de habilidade para lidar com
mudanças e na gestão de riscos, (iv) ausência de uma cultura organizacional e de métodos
de gestão e processos que fomentem a inovação. Koch e Hauknes (2005) ampliaram as
barreiras com a identificação de novos fatores: (a) aversão ao risco e, portanto, à introdução
de mudanças nas rotinas já estabelecidas, (b) tamanho e complexidade das organizações,
(c) resistência por partes dos gestores públicos bem como de parte da população, que
podem ser ampliadas pela ausência de diálogo entre diferentes áreas bem com entre o
governo e a sociedade, (d) maior cautela por parte dos políticos em função da accountability.
Esses autores também elencaram um conjunto de indutores da inovação: (i)
ambiente político, incluindo eleições, (ii) mecanismos de incentivo à inovação, como
financiamento, reconhecimento, recursos, (iii) promoção de uma cultura de inovação e de
aprendizagem organizacional, (iv) fortalecer capacidade de inovação, (v) desenvolvimento da
tecnologia da inovação.
É preciso, porém, destacar que esses diferentes fatores podem tanto atuar como
barreiras e como indutores da inovação, além de poder ocorrer uma interação entre eles,
tornando mais complexo o estudo sobre a inovação no setor público (KOCH e HAUKNES,
2005; VRIES, BEKKERS e TUMMERS, 2015).

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Inovação aberta e os laboratórios de inovação no setor públicos

Ao analisar o processo de inovação nas organizações privadas, Chesbrough (2003)


identificou que este pode ser considerado uma atividade interna às organizações e, nesse
contexto, caberia aos gestores fazer a leitura das demandas e necessidades dos
consumidores e desenvolver soluções utilizando as competências que as firmas possuem.
Este processo foi denominado de inovação fechada e desconsidera que outras ideias
possam existir para além dos limites organizacionais. Em período mais recente alguns
autores passaram a defender a ideia de que é necessário que as organizações implementem
processos de inovação aberta na qual há uma maior interação com as informações
existentes no ambiente externo (VON HIPPEL, 2005; LICHTENTHALER, 2011), seja por
meio da participação de consumidores, usuários, especialistas e outras organizações.
Esse processo de busca de soluções foi denominado de citizensourcing por Hilgers e
Ihl (2010) e tem como proposta ampliar a visão do cidadão de mero consumidor para alguém
que pode atuar de forma interativa na criação de valor público, por meio de mecanismos de
colaboração em massa, o que coloca o desafio de como “os cidadãos podem atuar como
colaboradores em atividades que são tradicionalmente realizadas por um agente público
(geralmente um servidor civil) e que agora são destinados a um grupo geralmente amplo e
indefinido que são convocados por meio de chamadas públicas” (p. 69).
Este debate passou a permear o setor público também a partir da percepção de que
os problemas com os quais os governos lidam são complexos e que a experiência dos
cidadãos e de outros atores externos às organizações públicas poderiam contribuir para a
melhoria dos serviços públicos (HILGERS et. al, 2009; MERGEL, 201, MULGAN, 2014;
OSBORNE e STROKOSCH, 2013). Os cidadãos também podem ser vistos como
especialistas em certas áreas devido à experiência acumulada e, na visão da inovação
aberta, o desafio passa a ser o de criar mecanismos para identificá-los e incentivar sua
participação (DUTTON, 2011). As abordagens colaborativas passaram a ser analisadas sob
a ótica da cocriação e coprodução, ou seja, que ocorrem quando “the innovation process is
opened up, that actors from within the organization, other organizations, the private and third
sector and citizens are integrated into the innovation cycle (idea generation, selection,
implementation and diffusion) from the earliest stage onwards” (BOMMERT, 2010; p. 16),
Nesse contexto, diversos espaços de mediação entre usuários, setor público e
organizações privadas passaram a ser criadas sob a denominação de living labs (ALMIRALL
e WAREHAM, 2008, 2011; CLELAND et. al, 2012) e que atuam como intermediários da
inovação (HOWELLS, 2006).
Os laboratórios de inovação no setor público, com essa mesma característica de ser
um espaço de interação entre os diferentes atores, também passam por um processo de
expansão, principalmente a partir de 2010 (GASCÓ, 2017; TONURIST et. al, 2017) e com
apoio de organizações multilaterais, como o BID (ACEVEDO e DACEN, 2016), UNDP (2017)
e UNICEF (2012), que contribuíram para sua disseminação.
Para o Banco Interamericano de Desenvolvimento – BID, “Os laboratórios de
inovação do governo são lugares dinâmicos que estimulam a criatividade para o design de
soluções para políticas públicas. Esses laboratórios geralmente possuem equipes
multissetoriais e abordam as questões de forma colaborativa”. (ACEVEDO e DASSEN, 2016,
p. 19). Nesta definição está ausente a participação de outros atores, tal qual propõe o UNDP:
“Os laboratórios de inovação do governo são espaços de parceria onde o governo e outras
organizações experimentam novas formas de resolver problemas antigos”. (2017, p. 6).
Schuurman e Tõnurist (2017) identificaram que os laboratórios de inovação no setor
público têm como característica possuir uma estrutura própria, com uma equipe pequena e

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com grande autonomia na definição de seus objetivos e formas de trabalho, além de menor
rigidez hierárquica e baixa rotatividade. Por estas características, os autores identificaram
como um dos desafios a dependência em relação a recursos externos, tanto financeiros
como em termos de recursos humanos. Mulgan (2014), entretanto, identificou que alguns
laboratórios são ligados a grandes organizações públicas e, dessa forma, possuem maior
acesso a recursos e poder, facilitando o desenvolvimento das inovações e sua disseminação.
Puttick et al.(2014) identificaram quatro tipos de laboratórios, conforme apresentado
no Quadro 1.
Mulgan (2014) propôs a classificação dos laboratórios conforme o estágio da
inovação, conforme o Gráfico 1.
Cada um desses estágios está brevemente descrito no Quadro 2.
As categorias elaboradas nos dois quadros serão adotadas como base para se
analisar as experiências dos laboratórios de inovação brasileiros.

Apresentação e Análise de Dados


O levantamento sobre os laboratórios de inovação no setor público brasileiro
identificou, inicialmente, 38 experiências com a denominação de laboratórios. Desses, 3
iniciativas foram descartadas pois, apesar do nome, constituem-se mais como centros de
estudos e pesquisas vinculadas a instituições de ensino superior. A lista completa com os 35
laboratórios está na Tabela 1. A Tabela 2 por sua vez, apresenta os i-Labs de acordo com
sua vinculação ao setor público ou privado.
Destaca-se que a grande maioria dos laboratórios está vinculada a órgãos federais
do setor público e as iniciativas nos níveis subnacionais de governo ainda são incipientes.
Além disso, há outras três iniciativas vinculadas a instituições de ensino superior (IES)
privadas, sendo duas da Fundação Getúlio Vargas (FGV) do Rio de Janeiro e uma da FGV
de São Paulo.
A Tabela 3 apresenta a distribuição dos laboratórios vinculados a órgãos públicos por
sua vinculação ao Poder, sendo que aquelas vinculadas a IES públicas foram separadas.
Nesta classificação, destaca-se o número de laboratórios vinculados ao Poder
Executivo Federal, com um total de 16, incluindo duas que são de universidades federais.
Além dessas, temos um movimento interessante nos outros dois Poderes, com três
laboratórios no judiciário federal, dois do legislativo federal e um do legislativo estadual,
revelando um processo de disseminação dessas experiências. A Tabela 4 mostra o ano de
lançamento dos laboratórios ao longo do tempo.
Após o lançamento dos dois primeiros laboratórios em 2011, observa-se um
crescimento regular (3 ou 4 laboratórios novos por ano) até 2016, com uma forte expansão
em 2017. A Tabela 5 indica a área principal de atuação dos laboratórios.
O destaque fica para a área de saúde, com nove laboratórios. Trata-se do resultado
de uma iniciativa da Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) com o Ministério da
Saúde e com cooperação técnica do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass),
Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems), Conselho Nacional de
Saúde (CNS) e Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), que têm adotado a
estratégia dos i-Labs para fomentar a identificação, análise, disseminação e
acompanhamento de experiências inovadoras nas mais diferentes áreas da saúde.
Em seguida, a área de gestão pública concentra a segunda temática mais trabalhada
pelos laboratórios, revelando a preocupação com a melhoria da eficiência na operação da
máquina pública. Em terceiro aparecem os laboratórios preocupados com a melhoria nas
políticas públicas.

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É preciso destacar, ainda, que a tabela apresenta a área principal de atuação, sendo
que um mesmo laboratório pode atuar em diferentes temáticas. Por exemplo, o Laboratório
de Mobilidade e o Pátio Digital, ambos da Prefeitura de São Paulo, têm como área de
atuação principal a mobilidade urbana e a educação, respectivamente, porém também
trabalham com Big Data, fazendo uso tecnologia da informação para desenvolver soluções
inovadoras para a utilização dos dados.
A Tabela 6 apresenta a classificação dos laboratórios de acordo com seus objetivos
e considerando a classificação proposta por Puttick et al.(2014) e apresentada no Quadro 1.
A maior parte dos laboratórios atua tanto como desenvolvedores e criadores de
inovações e também como facilitadores na articulação dos governos com a sociedade civil e
o setor privado. Trata-se de uma perspectiva que está alinhada com a abordagem da
inovação aberta, ou seja, com a ideia de que os processos inovadores devem contar com a
participação de atores externos ao setor público. Se somarmos com o i-Labs classificados
nos três objetivos, teremos um total de 20 laboratórios (57%) que adotam a visão da
inovação aberta. Interessante observar que nenhum laboratório foi caracterizado apenas
como facilitador, pois, aparentemente, promover a articulação de diferentes atores precisa ter
um propósito claro.
Por outro lado, oito laboratórios foram classificados como desenvolvedores apenas e,
embora tenham a preocupação com a inovação, não tem como foco central atuar em
articulação com atores não governamentais. Trabalham, portanto, na perspectiva da
inovação fechada, ou seja, a busca por melhorias foca se na articulação dos atores internos
ao próprio órgão ao qual o laboratório está vinculado. Outros sete laboratórios foram
classificados como educadores, ou seja, atuam na perspectiva de capacitação dos gestores
públicos para que desenvolvam habilidades para atuar com inovação.
A próxima etapa consiste em verificar o processo de geração da inovação
considerando as etapas propostas por Mulgan (2014) e apresentadas no Gráfico 1. Para
tanto, foram selecionados apenas os 25 laboratórios (71%) classificados como
Desenvolvedores e Criadores de Inovação (em associação ou não com outras categorias) e,
em seguida, foram consultados seus sítios eletrônicos e alguns documentos relativos a essas
iniciativas. Os resultados obtidos para cada laboratório estão na Tabela 7 e os dados
resumidos na Tabela 8.
O primeiro aspecto a se destacar é que, como a pesquisa foi feita diretamente nos
sítios eletrônicos e/ou outras fontes de informações secundárias, muitas informações sobre a
forma de atuação dos laboratórios no processo de inovação não puderam ser levantadas e a
tabela do Anexo 2 contém muitos campos s.i., ou seja, sem informação sobre a realização
das atividades relativas a determinado estágio da inovação. Para 11 laboratórios de um total
25 não foi possível fazer a análise, ou seja, 44%.
Outra ressalva é que a interpretação também pode ser revisada em função de uma
pesquisa em maior profundidade, principalmente a partir de entrevistas ou da aplicação de
um questionário juntos aos gestores dessas iniciativas.
Destaca-se que para nenhum laboratório foi possível obter informações sobre os dois
últimos estágios da inovação, ou seja, se houve uma ampliação da inovação gerada e se sua
implementação foi capaz de promover mudanças sistêmicas na administração pública ou nas
políticas públicas.
Para os 14 laboratórios (56%) para os quais foi possível obter informações de forma
eletrônica, nove deles (32%) desenvolvem os cinco estágios iniciais da inovação, ou seja,
atuam desde a identificação das oportunidades de atuação e implementam a inovação
gerada.

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Conclusão
Este artigo teve como proposta analisar os iLabs do Brasil quanto ao seu estágio de
inovação. Para tanto, inicialmente foi feito um levantamento dessas iniciativas a partir de
pesquisa na internet e, em seguida, as informações disponibilizadas nos sítios eletrônicos
foram organizadas para permitir sua análise a partir das categorias analíticas propostas no
referencial teórico.
O primeiro aspecto a se ressaltar é o aumento significativo no número de
laboratórios, passando de 2 iniciativas em 2011 para 35 em 2018. Estes espaços de geração
de ideias e criação de soluções estão fortemente concentrados no Poder Executivo Federal,
mas há que se destacar que há iniciativas nos governos subnacionais e também nos outros
Poderes, situação que revela uma busca por melhorias na gestão pública e a oferta de
melhores serviços aos cidadãos.
A maioria dos laboratórios tem como proposta atuar como Desenvolvedor e Criador
de inovações, ou seja, tem seu foco de ação voltado para a solução de problemas
específicos identificados em sua área de atuação. Porém, parte dos laboratórios busca
desenvolver outras atividades em conjunto, destacando-se aqueles atuam no engajamento
de atores não governamentais no processo de geração e desenvolvimento das inovações.
Trata-se de um movimento que reforça a tendência recente de coprodução ou cocriação no
setor público e a adoção do paradigma da inovação aberta. Outros i-Labs foram classificados
apenas na categoria Educadores, ou seja, seu foco de atuação é na capacitação e
qualificação de servidores públicos para atuarem com a inovação no setor público.
A coleta dos dados secundários para análise do estágio de inovação levou em conta
apenas os 25 i-Labs que foram classificados como desenvolvedores de inovação. Apesar de
parte dos laboratórios ter alcançado apenas o segundo estágio, ou seja, geram ideias, mas
não avançam na prototipação, o que limita o alcance dessas iniciativas, merece destaque o
fato de vários outros terem alcançado a etapa da implementação. A coleta dos dados não
permitiu identificar com clareza se as inovações implementadas foram disseminadas (estágio
6) e se foram capazes de provocar mudanças sistêmicas (estágio 7), o que demandaria uma
pesquisa mais aprofundada por meio de estudos de caso.
Uma limitação deste estudo refere-se ao fato de parte dos sítios eletrônicos
pesquisados não possuírem informações suficientes para classificar a atuação dos
laboratórios em alguma tipologia. Para tanto, novamente poderia se lançar mão de estudos
de casos para compreender em maior profundidade a forma de operação desses espaços.

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Systematic Review and Future Research Agenda. Public Administration, v. 94, n 1, p.
146-166.

9
Resenha biográfica

Hironobu Sano
Professor do Programa de Pós-graduação em Gestão Pública da Universidade Federal do
Rio Grande do Norte, Coordenador da base de pesquisa: Núcleo de Inovação na Gestão
Pública.

Thiago Ferreira Dias


Professor do Programa de Pós-graduação em Gestão Pública da Universidade Federal do
Rio Grande do Norte, Vice-coordenador da base de pesquisa: Núcleo de Inovação na Gestão
Pública.

Quadros, tabelas e gráficos

Quadro 1 – Tipos de laboratórios e características


N Categoria Características
Desenvolvedores e
1 Voltados à solução de desafios específicos
criadores de inovação
Preocupados no engajamento de cidadãos, organizações não
2 Facilitadores
governamentais e setor privado na busca de novas ideias
Focados em promover mudanças na forma como as organizações
3 Educadores públicas lidam com a inovação, principalmente por meio do
desenvolvimento de habilidades e transformação de processos
Tem um horizonte maior do que a solução específica desenvolvida e
4 Arquitetos
analisam o contexto mais amplo do contexto social
Fonte: Puttick et al.(2014)

Quadro 2 – Características dos estágios de inovação


N
Estágio Características
.
Identificar oportunidades Compreender melhor os desafios do setor no qual atuam e
1
e desafios identificar oportunidades de atuação
Gerar ideias inovadoras a partir dos problemas identificados no
2 Gerar ideias
estágio anterior
Desenvolver e testar Desenvolver a ideia e criar um protótipo para testar a viabilidade
3
(prototipação) da ideia quanto ao alcance, custos, dificuldades de implementação
Se o teste for bem sucedido, o laboratório passa a ter um caso
4 Estabelecer um caso
bem fundamentado
O protótipo está em condições de ser implementado pela
5 Implementar
organização
A inovação pode ter seu alcance ampliado a partir da sua
6 Ampliar a escala
disseminação
A disseminação da inovação pode levar a mudanças sistêmicas na
7 Mudanças sistêmicas
organização ou mesmo no setor público

10
Fonte: elaborado a partir de Mulgan (2014).

Tabela 1 – Laboratórios de inovação no setor público


Vínculado Inovação Área de
N. Laboratório Poder Esfera UF Ano
institucional aberta? atuação
Gestão
1 G.NOVA Executivo Federal DF 2016 ENAP Sim
Pública
Fábrica de Ideias Gestão
2 Executivo Federal DF 2016 ANVISA Sim
da Anvisa Pública

3 Lab InovANAC Executivo Federal DF 2017 ANAC Sim Aviação


Laboratório de Comissão de
4 Inovação Executivo Federal DF 2017 Valores Sim Finanças
Financeira Mobiliários
Laboratório de
Atenção às Ministério da
5 Executivo Federal DF 2012 Não Saúde
Condições Saúde, OPAS
Crônicas
Laboratório de
Atenção Ministério da
6 Executivo Federal DF 2012 Não Saúde
domiciliar no Saúde, OPAS
SUS
Laboratório de
Inovações em Ministério da
7 Executivo Federal DF 2017 Não Saúde
Educação na Saúde, OPAS
Saúde
Laboratório de
Gestão do Ministério da
8 Executivo Federal DF 2014 Sim Saúde
Trabalho na Saúde, OPAS
Saúde
Laboratório de
Inovação APS
9 FORTE (Atenção Executivo Federal DF 2018 ANS, OPAS Não Saúde
Primária à
Saúde)
Laboratório de
Atenção Integral
Ministério da
10 à Saúde de Executivo Federal DF 2013 Não Saúde
Saúde, OPAS
Jovens e
Adolescentes
Laboratório de
Manejo da Ministério da
11 Executivo Federal DF 2012 Não Saúde
Obesidade nas Saúde, OPAS
Redes
Foro da Seção
12 i9.JFRN Judiciário Federal RN 2017 Judiciária do Rio Sim Judiciário
Grande do Norte
Foro da Seção
13 iJuspLab Judiciário Federal SP 2017 Judiciária de São Sim Judiciário
Paulo

11
Vínculado Inovação Área de
N. Laboratório Poder Esfera UF Ano
institucional aberta? atuação
Câmara dos
14 LABHACKER Legislativo Federal DF 2013 Sim Legislativo
Deputados
Tribunal de
15 coLAB-i Legislativo Federal DF 2015 Sim Legislativo
Contas da União
Laboratório
Hacker de
Inovação da Câmara
16 Câmara Legislativo Federal DF 2017 Legislativa do Sim Legislativo
Legislativa do Distrito Federal
Distrito Federal
(LABHINOVA)
Laboratório de
Inovação e
Universida Universidade de Gestão
17 Estratégia em Federal DF 2012 Sim
de Brasília Pública
Governo -
Linegov - UnB
Laboratório de
Inovação
Universidade Tecnologia
Tecnológica em Universida
18 Federal RN 2011 Federal do Rio Não da
Saúde de
Grande do Norte Informação
(LAIS/HUOL/UF
RN)
Laboratório de Universidade
Políticas
19 Políticas Executivo Federal MG   Federal de Não
Públicas
Públicas - MG Alfenas
Laboratório de
Inovação em
Inclusão de
Ministério da
20 Cidadãos na Executivo Federal DF 2011 Não Saúde
Saúde
Implementação
de Políticas de
Saúde
Laboratório de
Ministério da
21 Saúde Executivo Federal DF 2014 Não Saúde
Saúde
Suplementar
Laboratório de Foro da Seção
22 Gestão e Executivo Federal ES 2017 Judiciária do Sim Judiciário
Inovação Espírito Santo
SEGER Secretaria
LAB.ges - de Estado de
Estadua Gestão
23 Laboratório de Executivo ES 2017 Gestão e Sim
l Pública
Gestão Recursos
Humanos
Pensa Sala de
Estadua
24 Ideias - Rio de Executivo RJ 2013 Casa Civil Sim Big Data
l
Janeiro
25 iGovLab - Executivo Estadua SP 2015 Secretaria de Não Gestão
Laboratório de l Governo (SP) Pública
Inovação em
Governo do

12
Vínculado Inovação Área de
N. Laboratório Poder Esfera UF Ano
institucional aberta? atuação
Estado de São
Paulo
Laboratório de
Inovação em Secretaria de
Estadua Segurança
26 Segurança Executivo SC 2017 Segurança Sim
l Pública
Pública – Pública (SC)
HUBSSP/SC
Laboratório de
Gestão Universida Estadua Gestão
27 SP   EACH-USP Não
Governamental - de l Pública
EACH-USP
Lab.Rio -
Laboratório de Municip Participaçã
28 Executivo RJ 2014 n.d. Sim
participação da al o Social
Prefeitura do Rio
MobiLab - Secretaria
Laboratório de Municip Municipal de Mobilidade
29 Executivo SP 2014 Sim
Mobilidade - al Mobilidade e urbana
Prefeitura de SP Transportes
LabProdam - Prodam (Empresa
Laboratório de Pública de Tecnologia
Municip
30 Inovação Executivo SP 2016 Tecnologia da Não da
al
Tecnológica da Prefeitura de São Informação
Prefeitura sp Paulo)
Municip Gestão
31 011.Lab Executivo SP 2017 n.d. Sim
al Pública
Secretaria
Municip
32 Pátio Digital Executivo SP 2018 Municipal de Sim Educação
al
Educação (SP)
LAB FGV -
Laboratório de
Políticas Universida (Privada Políticas
33 RJ   FGV-RJ Não
Públicas da de ) Públicas
Fundação
Getúlio Vargas
GPP LAB -
Laboratório de
Gestão e Universida (Privada Políticas
34 SP 2015 FGV-SP Sim
Políticas de ) Públicas
Públicas - FGVP-
SP
DAPP LAB -
Laboratório de
inovação e Universida (Privada Políticas
35 RJ   FGV-RJ Não
tecnologia de ) Públicas
aplicada a
políticas públicas
Fonte: elaboração própria

Tabela 2 – Número de laboratórios por setor e tipo de órgão

13
N. de
Setor Tipo de órgão Laboratórios %
de Inovação
Federal 22 63%
Público Estadual 5 14%
Municipal 5 14%
Privado (não se aplica) 3 9%
Total Geral 35 100%
Fonte: elaboração própria

Tabela 3 – Laboratórios por Poder ou vinculadas a IES públicas - % em relação ao total


Poder Poder Poder Instituição de Total Geral
Vínculo
Executivo Legislativo Judiciário Ensino Superior  

Nível Federal 14 44% 2 6% 3 9% 2 6% 21 66%


Nível Estadual 4 13% 1 3%     1 3% 6 19%
Nível Municipal 5 16%             5 16%
Total Geral 23 72% 3 9% 3 9% 3 9% 32 100%
Fonte: elaboração própria

Tabela 4 – Laboratórios de inovação


Ano inauguração N. Labs
2018 2
2017 10
2016 3
2015 3
2014 4
2013 3
2012 4
2011 2
Sem informação 4
Total 35
Fonte: elaboração própria

Tabela 5 – Área principal de atuação dos laboratórios de inovação


Área de atuação N. iLabs
Saúde 9
Gestão Pública 7
Políticas Públicas 4
Judiciário 3
Legislativo 3
Tecnologia da Informação 3
Aviação 1
Educação 1
Finanças 1
Mobilidade urbana 1

14
Participação Social 1
Segurança Pública 1
Total 35
Fonte: elaboração própria

Tabela 6 – Objetivos dos laboratórios de inovação


Objetivo N.
Desenvolvedor e Facilitador 15
Desenvolvedor 5
Educador 7
Desenvolvedor, Educador e Facilitador 4
Educador e Facilitador 2
Desenvolvedor e Educador 1
Não identificado 1
Total 35
Fonte: elaboração própria

Tabela 7 – Laboratórios de inovação – Estágio de inovação


Identificar Estabe
Gerar Prototi Imple Ampliar
N. Laboratório Esfera UF oportunidades lecer um
ideias pação mentar a escala
e desafios caso
1 G.NOVA Federal DF SIM SIM SIM SIM SIM s.i.
2 i9.JFRN Federal RN SIM SIM SIM SIM SIM s.i.
3 LABHACKER Federal DF SIM SIM SIM SIM SIM s.i.
Laboratório de
Inovação e
4 Estratégia em Federal DF SIM SIM SIM SIM SIM s.i.
Governo - Linegov
- UnB
Laboratório de
Inovação
Tecnológica em
5 Federal RN SIM SIM SIM SIM SIM s.i.
Saúde
(LAIS/HUOL/UFR
N)
Lab.Rio -
Laboratório de
6 Municipal RJ SIM SIM SIM SIM SIM s.i.
participação da
Prefeitura do Rio
MobiLab -
Laboratório de
7 Municipal SP SIM SIM SIM SIM SIM s.i.
Mobilidade -
Prefeitura de SP
8 Pátio Digital Municipal SP SIM SIM SIM SIM SIM s.i.
GPP LAB -
Laboratório de
9 Gestão e Políticas Privada SP SIM SIM s.i. SIM SIM s.i.
Públicas - FGVP-
SP

15
Identificar Estabe
Gerar Prototi Imple Ampliar
N. Laboratório Esfera UF oportunidades lecer um
ideias pação mentar a escala
e desafios caso
LAB.ges -
10 Laboratório de Estadual ES SIM SIM s.i. s.i. s.i. s.i.
Gestão
iGovLab -
Laboratório de
Inovação em
11 Estadual SP SIM SIM s.i. s.i. s.i. s.i.
Governo do
Estado de São
Paulo
Fábrica de Ideias
12 Federal DF SIM SIM s.i. s.i. s.i. s.i.
da Anvisa
13 iJuspLab Federal SP SIM SIM s.i. s.i. s.i. s.i.
Laboratório
Hacker de
Inovação da
14 Câmara Estadual DF SIM SIM s.i. s.i. s.i. s.i.
Legislativa do
Distrito Federal
(LABHINOVA)
DAPP LAB -
Laboratório de
inovação e
15 Privada RJ SIM s.i. s.i. s.i. s.i. s.i.
tecnologia
aplicada a
políticas públicas
Pensa Sala de
16 Estadual RJ s.i. s.i. s.i. s.i. s.i. s.i.
Ideias
Laboratório de
Inovação em
17 Segurança Estadual SC s.i. s.i. s.i. s.i. s.i. s.i.
Pública –
HUBSSP/SC
18 Lab InovANAC Federal DF s.i. s.i. s.i. s.i. s.i. s.i.
Laboratório de
19 Inovação Federal DF s.i. s.i. s.i. s.i. s.i. s.i.
Financeira
20 coLAB-i Federal DF s.i. s.i. s.i. s.i. s.i. s.i.
Laboratório de
21 Políticas Públicas Federal MG s.i. s.i. s.i. s.i. s.i. s.i.
- MG
Laboratório de
22 Gestão e Federal ES s.i. s.i. s.i. s.i. s.i. s.i.
Inovação
LabProdam -
Laboratório de
23 Inovação Municipal SP s.i. s.i. s.i. s.i. s.i. s.i.
Tecnológica da
Prefeitura sp

16
Identificar Estabe
Gerar Prototi Imple Ampliar
N. Laboratório Esfera UF oportunidades lecer um
ideias pação mentar a escala
e desafios caso
24 011.Lab Municipal SP s.i. s.i. s.i. s.i. s.i. s.i.
LAB FGV -
Laboratório de
25 Políticas Públicas Privada RJ s.i. s.i. s.i. s.i. s.i. s.i.
da Fundação
Getúlio Vargas
s.i.: sem informação disponível no sítio eletrônico ou em documentos pesquisados
Fonte: elaboração própria

Tabela 8 – Estágios de inovação dos laboratórios


Estágios N. %
Estágios 1 a 7 0 0
Estágios 1 a 5 9 36%
Estágios 1 a 2 5 20%
Nenhum estágio identificado 11 44%
Total 25 100%
Fonte: elaboração própria

Gráfico 1 – Estágios de inovação

Gerar Mudanças
ideias sistêmicas
Identificar
oportunidades
e desafios

Desenvolver Ampliar
e testar a escala
(prototipação)

Estabelecer
um caso
Implementar

Fonte: Mulgan (2014)

17
Resumo: Ao longo dos últimos anos, o Brasil tem vivenciado um crescimento no número de
laboratórios de inovação no setor público (i-Labs), acompanhando uma tendência
internacional e também latino-americana, porém ainda não há estudos sistematizados que
analisem esse fenômeno no país. Neste cenário, o objetivo deste artigo é realizar uma
categorização dos laboratórios de inovação no setor público e compreender seu atual estágio
de inovação, tendo como base conceitual o referencial teórico sobre i-Labs. Dentre as
categorias de análise identificadas pela literatura, destacamos a sua tipologia quanto ao tipo
de atuação – desenvolvimento de inovação, facilitadores do engajamento de atores externos
ao setor público, educadores para fortalecer a capacidade de inovação, ou arquitetos, que
buscam promover inovações em um contexto social mais amplo – e o estágio da inovação,
que varia desde o processo de identificação de oportunidades e geração de ideias, passado
pela prototipação, implementação e aumento da escala. O levantamento dos laboratórios foi
realizado a partir de uma pesquisa nos seus sítios eletrônicos e, sem seguida, foram
buscadas as principais informações para a sua categorização. Atualmente são 35 i-labs,
instituídos nas três esferas de governo – federal, estadual e municipal – e distribuídos nos
três Poderes – Executivo, Legislativo e Judiciário. Além disso, foi identificado que a maior
parte dos laboratórios está inserida num processo de inovação aberta, no qual atores
externos ao setor público são estimulados a participar do ciclo de inovação, num processo de
cocriação e coprodução de inovações.

Palavras chave
Inovação no setor público, laboratórios de inovação, estágios de inovação, inovação aberta

18

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