Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Hironobu Sano
Thiago Ferreira Dias
Introdução
A preocupação em prover serviços públicos com maior qualidade e com melhoria em
termos de sua eficiência, eficácia e efetividade desencadeou uma busca pela inovação no
setor público (CAVALCANTE e CAMÕES, 2017; DAMANPOUR; SCHNEIDER, 2006) e, além
disso, havia também a preocupação em responder aos anseios e preocupações da
sociedade (POTTS e KASTELLE, 2010). Os estudos sobre inovação pública tiveram
inspiração nas experiências do setor privado, porém as especificidades do setor público
levaram ao desenvolvimento de pesquisas específicas e a busca por identificar as barreiras e
indutores da inovação (HARTLEY, 2013; HAUKNES, 2005; LUKE, VERREYNE e KEARINS,
2010; MULGAN e ALBURY, 2003;, VRIES, BEKKERS e TUMMERS, 2016).
Em período mais recente, o processo de inovação foi associado a uma dinâmica
mais interativa e participativa na qual o setor público deixa de ser considerado o único
detentor de conhecimentos específicos e, portanto, que seria o único ator capaz de propor
soluções para os problemas e dilemas vivenciados pelas organizações públicas
(VEECKMAN, SCHUURMAN, LEMINEN e WESTERLUND, 2013). Este paradigma
tradicional é caracterizado por uma abordagem de inovação fechada e no qual o ambiente
interno às organizações é visto como fonte das ideias inovadoras (idem). A inovação aberta,
em contraposição, defende que as contribuições também podem vir do ambiente externo às
organizações e, portanto, a articulação dos órgãos públicos com outros atores deveria ser
incentivada e fortalecida (LEE, HWANG e CHOI, 2012).
Nesse contexto, os laboratórios de inovação no setor público (i-Labs) se expandiram
com o claro propósito de não somente promover melhorias nas políticas públicas, mas
também fomentar a participação da sociedade civil e do setor privado no desenvolvimento de
ideias e inovações (TONURIST, KATTEL e LEMBER, 2017).
Apesar dessa expansão, ainda se conhece pouco sobre sua natureza,
funcionamento, características operacionais, bem com sua razão de ser, pois os primeiros
estudos focaram na descrição da forma de atuação e na proposição de manuais de criação e
funcionamento, ou seja, com foco normativo e não analítico (TONURIST, KATTEL e
LEMBER, 2017; UNICEF, 2012).
Os estudos mais recentes têm procurado conceituar os laboratórios de inovação e
definir variáveis analíticas relevantes para compreender sua forma de atuação, tais como a
estrutura organizacional (ACEVEDO e DASSEN, 2016; TONURIST, KATTEL e LEMBER,
2017), objetivos (ACEVEDO e DASSEN, 2016; PUTTICK, BAECK e COLLIGAN, 2014),
flexibilidade para experimentação (MERGEL e DESOUZA, 2013), os estágios de inovação
(MULGAN, 2014), dentre outras abordagens.
Uma das preocupações centrais é se esses laboratórios cumprem com a proposta de
uma iniciativa que recebe esse nome, que é a de gerar inovações, desenvolver soluções,
testar um protótipo e promover sua implementação e disseminação. E, apesar de a grande
maioria dos laboratórios almejar influenciar de forma sistêmica o setor público, muitas não
tem conseguido passar de um espaço para debate de ideias (MULGAN, 2014).
1
Apresentado e publicado nos Anais do XXIII Congreso Internacional del CLAD, Guadalajara, 2018.
1
A expansão dos laboratórios de inovação no setor público também pode ser
observada no caso brasileiro (ASSIS e CALIMAN, 2017; DEIOP, 2016; NARCIZO, 2017;
JFRN, 2017; OLIVEIRA, 2017; SANTOS, A., 2017; SANTOS, P., 2016), porém não há
estudos sistematizados que procurem caracterizá-los e analisá-los.
Nesse contexto, o objetivo deste artigo é realizar uma categorização dos laboratórios
de inovação no Brasil a partir de seu estágio de inovação, isto é, a perspectiva proposta é a
de compreender se essas iniciativas avançam para além da geração de ideias,
transformando-as em um protótipo e, posteriormente, promovendo sua implementação. Para
tanto, a estratégia utilizada foi a de realizar um mapeamento dos i-Labs na internet e, em
seguida, foram levantadas informações dessas iniciativas em função de categorias analíticas
elaboradas no referencial teórico. A pesquisa foi concluída no dia 1 de julho de 2018 e,
portanto, informações divulgadas posteriormente podem levar a novas interpretações dos
dados. Os resultados obtidos indicam que a expansão no número de laboratórios no Brasil
apresentou certa regularidade entre 2011 e 2017, quando foram criados entre 2 a 4
laboratórios anualmente, mas teve um salto em 2017, com a criação de 10 iniciativas. Além
disso, há uma forte concentração no Poder Executivo Federal, embora tenham sido
detectadas iniciativas em outros níveis de governo e também no Poder Legislativo e
Judiciário. Quanto à produção de inovações, parte dos laboratórios avançou para o
desenvolvimento de protótipos e implementação das inovações, embora algumas tenham se
restringido à etapa da geração de ideias.
Para se chegar a esses resultados, o artigo, além desta introdução, foi estruturado
da seguinte forma: após a introdução é apresentado o referencial teórico, que discute os
conceitos de inovação e de laboratórios de inovação, gerando as categorias analíticas. Em
seguida, são apresentados os dados obtidos na pesquisa, sendo analisados com apoio de
quadros, tabelas e gráficos; e, por fim, são apresentadas as conclusões do estudo.
Referencial Teórico
Esta seção tem por intuito discutir, inicialmente, o conceito de inovação, bem como
os fatores que a promovem ou inibem. Em seguida, aborda uma discussão mais recente e
que trata da inovação aberta no setor público e na qual o processo colaborativo – envolvendo
a participação da sociedade e das empresas – é a base para a inovação pública, contexto no
qual se desenvolvem os laboratórios de inovação. Por fim, são discutidas as principais
variáveis analíticas relacionadas à atuação dos i-Labs.
2
Em seguida, o debate avançou para a construção de um arcabouço conceitual que
considerasse as especificidades da gestão pública e das políticas públicas (MULGAN e
ALBURY, 2003; BORINS, 2001). Em uma abordagem minimalista, a inovação no setor
público pode ser caracterizada como algo que, em dada organização, é novo em relação a
uma situação anterior (SPINK, 2003) ou, em outras palavras, “a inovação é uma ideia, prática
ou objeto que pode ser percebido como novo por um indivíduo ou unidade de adoção”
(ROGERS, 1995). Significa, portanto, que a inovação não é necessariamente algo inédito,
mas são novas no contexto da organização que a adota (HUGHES, MOORE e KATARIA,
2010).
O fato de algo novo ser introduzido em uma organização significa que ela irá passar
por mudanças e passará a trilhar um caminho diferente da que estava habituado, situação
que pode gerar resistência por parte de seus membros. Esses três pilares – novo, mudança
e resistência –, portanto, devem ser considerados na análise de políticas públicas inovadoras
(SPINK, 2003).
A novidade no setor público poderia ocorrer em produtos, processos, serviços ou
métodos de entrega, mas deve também estar associada a melhorias em termos de eficiência,
eficácia ou mesmo de qualidade (MULGAN e ALBURY, 2003). Além desta classificação
quanto à natureza da inovação, outra tipologia é quanto ao grau de inovação, podendo ser
incremental, radical ou sistêmica/transformacional.
Para Mulgan e Albury (2003), uma inovação incremental está relacionada com
pequenas mudanças – em produtos, processos, serviços ou entrega – mas que são capazes
de promover sua adaptação às demandas sociais e locais, tornando-se, portanto, essenciais
para a melhoria na qualidade. Por sua vez, uma inovação radical leva à introdução de algo
até então inexistente, porém a dinâmica do setor permanece a mesma. Por fim, são nas
inovações sistêmicas que setores inteiros podem ser transformados, muitas vezes com
suporte nas tecnologias da informação, e que geram novas estruturas de força de trabalho,
estabelecem novas relações entre organizações, criam novos tipos de organização e levam a
uma melhoria substancial no desempenho do setor público.
Mas a busca pela inovação pode tanto ser facilitada como encontrar barreiras.
Segundo Mulgan e Albury (2003), as principais barreiras são: (i) orçamentos de curto prazo
que impedem a visão e o planejamento de longo prazos, (ii) falta de incentivos à inovação
associada à tradição de punição para as falhas, (iii) falta de habilidade para lidar com
mudanças e na gestão de riscos, (iv) ausência de uma cultura organizacional e de métodos
de gestão e processos que fomentem a inovação. Koch e Hauknes (2005) ampliaram as
barreiras com a identificação de novos fatores: (a) aversão ao risco e, portanto, à introdução
de mudanças nas rotinas já estabelecidas, (b) tamanho e complexidade das organizações,
(c) resistência por partes dos gestores públicos bem como de parte da população, que
podem ser ampliadas pela ausência de diálogo entre diferentes áreas bem com entre o
governo e a sociedade, (d) maior cautela por parte dos políticos em função da accountability.
Esses autores também elencaram um conjunto de indutores da inovação: (i)
ambiente político, incluindo eleições, (ii) mecanismos de incentivo à inovação, como
financiamento, reconhecimento, recursos, (iii) promoção de uma cultura de inovação e de
aprendizagem organizacional, (iv) fortalecer capacidade de inovação, (v) desenvolvimento da
tecnologia da inovação.
É preciso, porém, destacar que esses diferentes fatores podem tanto atuar como
barreiras e como indutores da inovação, além de poder ocorrer uma interação entre eles,
tornando mais complexo o estudo sobre a inovação no setor público (KOCH e HAUKNES,
2005; VRIES, BEKKERS e TUMMERS, 2015).
3
Inovação aberta e os laboratórios de inovação no setor públicos
4
com grande autonomia na definição de seus objetivos e formas de trabalho, além de menor
rigidez hierárquica e baixa rotatividade. Por estas características, os autores identificaram
como um dos desafios a dependência em relação a recursos externos, tanto financeiros
como em termos de recursos humanos. Mulgan (2014), entretanto, identificou que alguns
laboratórios são ligados a grandes organizações públicas e, dessa forma, possuem maior
acesso a recursos e poder, facilitando o desenvolvimento das inovações e sua disseminação.
Puttick et al.(2014) identificaram quatro tipos de laboratórios, conforme apresentado
no Quadro 1.
Mulgan (2014) propôs a classificação dos laboratórios conforme o estágio da
inovação, conforme o Gráfico 1.
Cada um desses estágios está brevemente descrito no Quadro 2.
As categorias elaboradas nos dois quadros serão adotadas como base para se
analisar as experiências dos laboratórios de inovação brasileiros.
5
É preciso destacar, ainda, que a tabela apresenta a área principal de atuação, sendo
que um mesmo laboratório pode atuar em diferentes temáticas. Por exemplo, o Laboratório
de Mobilidade e o Pátio Digital, ambos da Prefeitura de São Paulo, têm como área de
atuação principal a mobilidade urbana e a educação, respectivamente, porém também
trabalham com Big Data, fazendo uso tecnologia da informação para desenvolver soluções
inovadoras para a utilização dos dados.
A Tabela 6 apresenta a classificação dos laboratórios de acordo com seus objetivos
e considerando a classificação proposta por Puttick et al.(2014) e apresentada no Quadro 1.
A maior parte dos laboratórios atua tanto como desenvolvedores e criadores de
inovações e também como facilitadores na articulação dos governos com a sociedade civil e
o setor privado. Trata-se de uma perspectiva que está alinhada com a abordagem da
inovação aberta, ou seja, com a ideia de que os processos inovadores devem contar com a
participação de atores externos ao setor público. Se somarmos com o i-Labs classificados
nos três objetivos, teremos um total de 20 laboratórios (57%) que adotam a visão da
inovação aberta. Interessante observar que nenhum laboratório foi caracterizado apenas
como facilitador, pois, aparentemente, promover a articulação de diferentes atores precisa ter
um propósito claro.
Por outro lado, oito laboratórios foram classificados como desenvolvedores apenas e,
embora tenham a preocupação com a inovação, não tem como foco central atuar em
articulação com atores não governamentais. Trabalham, portanto, na perspectiva da
inovação fechada, ou seja, a busca por melhorias foca se na articulação dos atores internos
ao próprio órgão ao qual o laboratório está vinculado. Outros sete laboratórios foram
classificados como educadores, ou seja, atuam na perspectiva de capacitação dos gestores
públicos para que desenvolvam habilidades para atuar com inovação.
A próxima etapa consiste em verificar o processo de geração da inovação
considerando as etapas propostas por Mulgan (2014) e apresentadas no Gráfico 1. Para
tanto, foram selecionados apenas os 25 laboratórios (71%) classificados como
Desenvolvedores e Criadores de Inovação (em associação ou não com outras categorias) e,
em seguida, foram consultados seus sítios eletrônicos e alguns documentos relativos a essas
iniciativas. Os resultados obtidos para cada laboratório estão na Tabela 7 e os dados
resumidos na Tabela 8.
O primeiro aspecto a se destacar é que, como a pesquisa foi feita diretamente nos
sítios eletrônicos e/ou outras fontes de informações secundárias, muitas informações sobre a
forma de atuação dos laboratórios no processo de inovação não puderam ser levantadas e a
tabela do Anexo 2 contém muitos campos s.i., ou seja, sem informação sobre a realização
das atividades relativas a determinado estágio da inovação. Para 11 laboratórios de um total
25 não foi possível fazer a análise, ou seja, 44%.
Outra ressalva é que a interpretação também pode ser revisada em função de uma
pesquisa em maior profundidade, principalmente a partir de entrevistas ou da aplicação de
um questionário juntos aos gestores dessas iniciativas.
Destaca-se que para nenhum laboratório foi possível obter informações sobre os dois
últimos estágios da inovação, ou seja, se houve uma ampliação da inovação gerada e se sua
implementação foi capaz de promover mudanças sistêmicas na administração pública ou nas
políticas públicas.
Para os 14 laboratórios (56%) para os quais foi possível obter informações de forma
eletrônica, nove deles (32%) desenvolvem os cinco estágios iniciais da inovação, ou seja,
atuam desde a identificação das oportunidades de atuação e implementam a inovação
gerada.
6
Conclusão
Este artigo teve como proposta analisar os iLabs do Brasil quanto ao seu estágio de
inovação. Para tanto, inicialmente foi feito um levantamento dessas iniciativas a partir de
pesquisa na internet e, em seguida, as informações disponibilizadas nos sítios eletrônicos
foram organizadas para permitir sua análise a partir das categorias analíticas propostas no
referencial teórico.
O primeiro aspecto a se ressaltar é o aumento significativo no número de
laboratórios, passando de 2 iniciativas em 2011 para 35 em 2018. Estes espaços de geração
de ideias e criação de soluções estão fortemente concentrados no Poder Executivo Federal,
mas há que se destacar que há iniciativas nos governos subnacionais e também nos outros
Poderes, situação que revela uma busca por melhorias na gestão pública e a oferta de
melhores serviços aos cidadãos.
A maioria dos laboratórios tem como proposta atuar como Desenvolvedor e Criador
de inovações, ou seja, tem seu foco de ação voltado para a solução de problemas
específicos identificados em sua área de atuação. Porém, parte dos laboratórios busca
desenvolver outras atividades em conjunto, destacando-se aqueles atuam no engajamento
de atores não governamentais no processo de geração e desenvolvimento das inovações.
Trata-se de um movimento que reforça a tendência recente de coprodução ou cocriação no
setor público e a adoção do paradigma da inovação aberta. Outros i-Labs foram classificados
apenas na categoria Educadores, ou seja, seu foco de atuação é na capacitação e
qualificação de servidores públicos para atuarem com a inovação no setor público.
A coleta dos dados secundários para análise do estágio de inovação levou em conta
apenas os 25 i-Labs que foram classificados como desenvolvedores de inovação. Apesar de
parte dos laboratórios ter alcançado apenas o segundo estágio, ou seja, geram ideias, mas
não avançam na prototipação, o que limita o alcance dessas iniciativas, merece destaque o
fato de vários outros terem alcançado a etapa da implementação. A coleta dos dados não
permitiu identificar com clareza se as inovações implementadas foram disseminadas (estágio
6) e se foram capazes de provocar mudanças sistêmicas (estágio 7), o que demandaria uma
pesquisa mais aprofundada por meio de estudos de caso.
Uma limitação deste estudo refere-se ao fato de parte dos sítios eletrônicos
pesquisados não possuírem informações suficientes para classificar a atuação dos
laboratórios em alguma tipologia. Para tanto, novamente poderia se lançar mão de estudos
de casos para compreender em maior profundidade a forma de operação desses espaços.
Referências bibliográficas
Acevedo, S. & Dacen, N. (2016). Innovation for better management: the contribution of public
innovation labs. (IDB Technical Note; 1101). USA: IADB.
Almirall, E & Wareham, J. (2008). Living labs and open innovation: roles and applicability.
eJOV: The Electronic Journal for Virtual Organization & Networks, 10, p. 21-46.
Almirall, E & Wareham, J. (2011). Living Labs: arbiters of mid- and ground-level innovation.
Technology Analysis & Strategic Management, 23(1), p. 87-102.
Assis, M. C. de; Caliman, N. F. (2017). Desafios da implantação de laboratório de inovação
em governo: o caso do estado do Espírito Santo. Anais do Congresso Consad de
Gestão Pública, Brasília, DF, Brasil, 10.
Bommert, B. (2010). Collaborative innovation in the public sector. International Public
Management Review, 11(1), pp. 15-34.
Borins, S. (2001). Encouraging innovation in the Public Sector. Journal of Intellectual Capital,
2(3), p. 310-319.
7
Cavalcante, P., & Camões, M. (2017). Inovação no setor público: avanços e caminho a seguir
no Brasil. in P. Cavalcante, M. Camões, B. Cunha, & W. Severo (Org.). Inovação no
setor público: teoria, tendências e casos no Brasil (Conclusão, pp. 249-260).Brasília:
IPEA.
Chesbrough, H. (2003). Open Innovation: The New Imperative for Creating and Profiting from
Technology. Boston, MA: Harvard Business School Press.
Cleland, B., Mulvenna, M., Galbraith, B., Wallace, J., & Martin, S. (2012). Innovation of
eParticipation Strategies Using Living Labs as Intermediaries. Electronic Journal of e-
Government, 10 (2). pp. 120-132
Damanpour, F.; Schneider, M. (2006). Phases of the adoption of innovation in organizations:
effects of environment, organization and top managers. British Journal of Management,
v.17, p. 215-236.
Deiop. Bem vindo, G.NOVA! (2016, agosto 24). Governo Federal inaugura laboratório
especializado em inovação no setor público. Recuperado em 01 março de 2018 de
http://inova.gov.br/bem-vindo-gnova-governo-federa/.
Dutton, W. (2011). Networking distributed public expertise: strategies for citizen sourcing
advice to government. Washington DC: Institute for Defense Analyses.
Gascó, M. (2017). Living labs: Implementing open innovation in the public sector.
Government Information Quarterly, 34, pp. 90-98.
Hartley, J. (2013). Public and private features of innovation. In S. Osborne, & L. Brown (Ed.).
Handbook of innovation in public services (Cap. 3, p. 44-59). Massachusetts, USA:
Edward Elgar Publ.
Hauknes, J. (2005). Some thoughts about innovation in the public and private sector
compared. In: Halvorsen, T. et al., On the differences between public and private sector
innovation (Publin Report No. D9), Oslo: NIFU STEP.
Hilgers, D. et al. (2009). Open governance and citizensourcing: applying the idea of open
innovation to the public sector. Academy of management annual meeting. Chicago:
AOM, p. 1-30.
Hilgers, D.; IHL, C. (2010). Citizensourcing: Applying the concept of open innovation to the
public sector. International Journal of Public Participation, v. 4, n. 1, p. 67-88.
Hughes, A.; Moore, K.; Kataria, N. (2011). Innovation in public sector organisations: a pilot
survey for measuring innovation across the public sector. Londres: Nesta.
JFRN. (2017, setembro 04). JFRN implanta Laboratório de Inovação. Recuperado em 01
março de 2018 de https://www.jfrn.jus.br/noticia.xhtml?idNoticia=12787
Koch, P.; Hauknes, J. (2005). On innovation in the public sector: today and beyond. (PUBLIN
Project on Innovation in the Public Sector, Report no. D20). Oslo: Nifu Step.
Lee, S. M., Hwang, T., & Choi, D. (2012). Open innovation in the public sector of leading
countries. Management Decision, 50(1), pp.147-162.
Lichtenthaler, U. (2011). Open Innovation: Past Research, Current Debates, and Future
Directions. Academy of Management Perspectives, 25(1).
Luke, B., Verreyne, M., e Kearins, K. (2010). Innovative and entrepreneurial activity in the
public sector: the changing face of public sector institutions. Innovation: management,
policy & practice, 12, p. 138-153.
Mergel, I. (2017). Open innovation in the public sector: drivers and barriers for the adoption of
Challenge.gov. Public Management Review, 20(5), pp. 726-745.
Mergel, I., & Desouza, K. C. (2013). Implementing open innovation in the public sector: The
case of Challenge.gov. Public Administration Review, 73(6), pp. 882-890.
Mulgan, G. (2014). The radical’s dilemma: an overview of the practice and prospects of
Social and Public Labs (Version 1). UK: NESTA.
8
Mulgan, G., & Albury, D. (2003). Innovation in the public sector. London: Cabinet Office
Strategy Unit.
Narcizo, R.. (2017, novembro 26). ANAC lança seu laboratório de inovação – Lab InovANAC.
Recuperado em 01 de março de 2018 de http://inova.gov.br/anac-lanca-seu-laboratorio-
de-inovacao-lab-inovanac/.
Oliveira, L. F. de (2017). Fomento à inovação no setor público: laboratórios, redes e dados
abertos. Anais do Congresso Consad de Gestão Pública, Brasília, DF, Brasil, 10.
Osborne, S., & Strokosch, K. (2013). It takes two to tango? understanding the co-production
of public services by integrating the services management and public administration
perspectives. British Journal of Management, 24, pp. 31-47.
Potts, J.; Kastelle, T. (2010). Public sector innovation research: what’s next? Innovation:
Management, Policy & Practice, v. 12, n. 2, p. 122-137.
Puttick, R., Baeck, P., & Colligan, P. (2014). I-teams: The teams and funds making innovation
happen in governments around the world. UK: Bloomberg.
Rogers, E. (1995). M. Diffusion of innovation. New York: The Free Press.
Røste, R. (2005). Studies of innovation in the public sector, a theoretical framework.
(Publin Report No. D16). Oslo: NIFU STEP.
Roste, R., & Miles, I. (2005). Differences between public and private sector innovation. In T.
Halvorsen et. al., On the differences between public and private sector innovation
(Publin Report No. D9), Oslo: NIFU STEP.
Santos, A. S. (2017). Dados governamentais abertos, mobilidade urbana e laboratórios vivos
(Living labs): um estudo a partir da experiência do MobiLab no município de São Paulo.
Dissertação de mestrado, Universidade de São Paulo, São Paulo, SP, Brasil.
Disponível: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/100/100138/tde-11102017-
183141/
Santos, P. T. dos. (2016). Laboratórios de inovação cidadã e cultura hacker: um estudo sobre
o Laboratório Hacker da Câmara dos Deputados. Monografia de curso de
especialização, Câmara dos Deputados, Disponível:
http://bd.camara.leg.br/bd/bitstream/handle/bdcamara/33719/laborat %
c3%b3rios_inova%c3%a7%c3%a3o_santos.pdf?sequence=1
Schuurman, D. & Tõnurist, P. (2017). Innovation in the Public Sector: Exploring the
Characteristics and Potential of Living Labs and Innovation Labs. Technology Innovation
Management Review, 7(1), pp. 7-14.
Spink, Peter K. (2003). Invertendo prioridades e resolvendo problemas: inovação na
perspectiva dos inovadores. Oficina de avaliação de políticas públicas. São Paulo: FGV.
Tonurist, P., Kattel, R., & Lember, V. (2017). Innovation labs in the public sector: what they
are and what they do? Public Management Review, 19(10), 1-25.
UNDP. (2017). Growing government innovation labs: an insider’s guide. USA: UNDP.
Unicef. (2012). Innovation labs: a do-it-yourself guide. Kosovo: Unicef.
Veeckman, C., Schuurman, D., Leminen, S, & Westerlund, M. (2013). Linking living lab
characteristics and their outcomes: towards a conceptual framework. Technology
Innovation Management Review, pp. 6-15.
Vries, H., Bekkers, V. e Tummers, L. (2016). Innovation in the public sector: a systematic
review and future research agenda. Public Administration, 94(1), p. 146-166.
Von Hippel, E. (2005). Democratizing Innovation. EUA: MIT Press.
Vries, H. A. de., Bekkers, V. J., Tummers, L. (2015). Innovation in the Public Sector: A
Systematic Review and Future Research Agenda. Public Administration, v. 94, n 1, p.
146-166.
9
Resenha biográfica
Hironobu Sano
Professor do Programa de Pós-graduação em Gestão Pública da Universidade Federal do
Rio Grande do Norte, Coordenador da base de pesquisa: Núcleo de Inovação na Gestão
Pública.
10
Fonte: elaborado a partir de Mulgan (2014).
11
Vínculado Inovação Área de
N. Laboratório Poder Esfera UF Ano
institucional aberta? atuação
Câmara dos
14 LABHACKER Legislativo Federal DF 2013 Sim Legislativo
Deputados
Tribunal de
15 coLAB-i Legislativo Federal DF 2015 Sim Legislativo
Contas da União
Laboratório
Hacker de
Inovação da Câmara
16 Câmara Legislativo Federal DF 2017 Legislativa do Sim Legislativo
Legislativa do Distrito Federal
Distrito Federal
(LABHINOVA)
Laboratório de
Inovação e
Universida Universidade de Gestão
17 Estratégia em Federal DF 2012 Sim
de Brasília Pública
Governo -
Linegov - UnB
Laboratório de
Inovação
Universidade Tecnologia
Tecnológica em Universida
18 Federal RN 2011 Federal do Rio Não da
Saúde de
Grande do Norte Informação
(LAIS/HUOL/UF
RN)
Laboratório de Universidade
Políticas
19 Políticas Executivo Federal MG Federal de Não
Públicas
Públicas - MG Alfenas
Laboratório de
Inovação em
Inclusão de
Ministério da
20 Cidadãos na Executivo Federal DF 2011 Não Saúde
Saúde
Implementação
de Políticas de
Saúde
Laboratório de
Ministério da
21 Saúde Executivo Federal DF 2014 Não Saúde
Saúde
Suplementar
Laboratório de Foro da Seção
22 Gestão e Executivo Federal ES 2017 Judiciária do Sim Judiciário
Inovação Espírito Santo
SEGER Secretaria
LAB.ges - de Estado de
Estadua Gestão
23 Laboratório de Executivo ES 2017 Gestão e Sim
l Pública
Gestão Recursos
Humanos
Pensa Sala de
Estadua
24 Ideias - Rio de Executivo RJ 2013 Casa Civil Sim Big Data
l
Janeiro
25 iGovLab - Executivo Estadua SP 2015 Secretaria de Não Gestão
Laboratório de l Governo (SP) Pública
Inovação em
Governo do
12
Vínculado Inovação Área de
N. Laboratório Poder Esfera UF Ano
institucional aberta? atuação
Estado de São
Paulo
Laboratório de
Inovação em Secretaria de
Estadua Segurança
26 Segurança Executivo SC 2017 Segurança Sim
l Pública
Pública – Pública (SC)
HUBSSP/SC
Laboratório de
Gestão Universida Estadua Gestão
27 SP EACH-USP Não
Governamental - de l Pública
EACH-USP
Lab.Rio -
Laboratório de Municip Participaçã
28 Executivo RJ 2014 n.d. Sim
participação da al o Social
Prefeitura do Rio
MobiLab - Secretaria
Laboratório de Municip Municipal de Mobilidade
29 Executivo SP 2014 Sim
Mobilidade - al Mobilidade e urbana
Prefeitura de SP Transportes
LabProdam - Prodam (Empresa
Laboratório de Pública de Tecnologia
Municip
30 Inovação Executivo SP 2016 Tecnologia da Não da
al
Tecnológica da Prefeitura de São Informação
Prefeitura sp Paulo)
Municip Gestão
31 011.Lab Executivo SP 2017 n.d. Sim
al Pública
Secretaria
Municip
32 Pátio Digital Executivo SP 2018 Municipal de Sim Educação
al
Educação (SP)
LAB FGV -
Laboratório de
Políticas Universida (Privada Políticas
33 RJ FGV-RJ Não
Públicas da de ) Públicas
Fundação
Getúlio Vargas
GPP LAB -
Laboratório de
Gestão e Universida (Privada Políticas
34 SP 2015 FGV-SP Sim
Políticas de ) Públicas
Públicas - FGVP-
SP
DAPP LAB -
Laboratório de
inovação e Universida (Privada Políticas
35 RJ FGV-RJ Não
tecnologia de ) Públicas
aplicada a
políticas públicas
Fonte: elaboração própria
13
N. de
Setor Tipo de órgão Laboratórios %
de Inovação
Federal 22 63%
Público Estadual 5 14%
Municipal 5 14%
Privado (não se aplica) 3 9%
Total Geral 35 100%
Fonte: elaboração própria
14
Participação Social 1
Segurança Pública 1
Total 35
Fonte: elaboração própria
15
Identificar Estabe
Gerar Prototi Imple Ampliar
N. Laboratório Esfera UF oportunidades lecer um
ideias pação mentar a escala
e desafios caso
LAB.ges -
10 Laboratório de Estadual ES SIM SIM s.i. s.i. s.i. s.i.
Gestão
iGovLab -
Laboratório de
Inovação em
11 Estadual SP SIM SIM s.i. s.i. s.i. s.i.
Governo do
Estado de São
Paulo
Fábrica de Ideias
12 Federal DF SIM SIM s.i. s.i. s.i. s.i.
da Anvisa
13 iJuspLab Federal SP SIM SIM s.i. s.i. s.i. s.i.
Laboratório
Hacker de
Inovação da
14 Câmara Estadual DF SIM SIM s.i. s.i. s.i. s.i.
Legislativa do
Distrito Federal
(LABHINOVA)
DAPP LAB -
Laboratório de
inovação e
15 Privada RJ SIM s.i. s.i. s.i. s.i. s.i.
tecnologia
aplicada a
políticas públicas
Pensa Sala de
16 Estadual RJ s.i. s.i. s.i. s.i. s.i. s.i.
Ideias
Laboratório de
Inovação em
17 Segurança Estadual SC s.i. s.i. s.i. s.i. s.i. s.i.
Pública –
HUBSSP/SC
18 Lab InovANAC Federal DF s.i. s.i. s.i. s.i. s.i. s.i.
Laboratório de
19 Inovação Federal DF s.i. s.i. s.i. s.i. s.i. s.i.
Financeira
20 coLAB-i Federal DF s.i. s.i. s.i. s.i. s.i. s.i.
Laboratório de
21 Políticas Públicas Federal MG s.i. s.i. s.i. s.i. s.i. s.i.
- MG
Laboratório de
22 Gestão e Federal ES s.i. s.i. s.i. s.i. s.i. s.i.
Inovação
LabProdam -
Laboratório de
23 Inovação Municipal SP s.i. s.i. s.i. s.i. s.i. s.i.
Tecnológica da
Prefeitura sp
16
Identificar Estabe
Gerar Prototi Imple Ampliar
N. Laboratório Esfera UF oportunidades lecer um
ideias pação mentar a escala
e desafios caso
24 011.Lab Municipal SP s.i. s.i. s.i. s.i. s.i. s.i.
LAB FGV -
Laboratório de
25 Políticas Públicas Privada RJ s.i. s.i. s.i. s.i. s.i. s.i.
da Fundação
Getúlio Vargas
s.i.: sem informação disponível no sítio eletrônico ou em documentos pesquisados
Fonte: elaboração própria
Gerar Mudanças
ideias sistêmicas
Identificar
oportunidades
e desafios
Desenvolver Ampliar
e testar a escala
(prototipação)
Estabelecer
um caso
Implementar
17
Resumo: Ao longo dos últimos anos, o Brasil tem vivenciado um crescimento no número de
laboratórios de inovação no setor público (i-Labs), acompanhando uma tendência
internacional e também latino-americana, porém ainda não há estudos sistematizados que
analisem esse fenômeno no país. Neste cenário, o objetivo deste artigo é realizar uma
categorização dos laboratórios de inovação no setor público e compreender seu atual estágio
de inovação, tendo como base conceitual o referencial teórico sobre i-Labs. Dentre as
categorias de análise identificadas pela literatura, destacamos a sua tipologia quanto ao tipo
de atuação – desenvolvimento de inovação, facilitadores do engajamento de atores externos
ao setor público, educadores para fortalecer a capacidade de inovação, ou arquitetos, que
buscam promover inovações em um contexto social mais amplo – e o estágio da inovação,
que varia desde o processo de identificação de oportunidades e geração de ideias, passado
pela prototipação, implementação e aumento da escala. O levantamento dos laboratórios foi
realizado a partir de uma pesquisa nos seus sítios eletrônicos e, sem seguida, foram
buscadas as principais informações para a sua categorização. Atualmente são 35 i-labs,
instituídos nas três esferas de governo – federal, estadual e municipal – e distribuídos nos
três Poderes – Executivo, Legislativo e Judiciário. Além disso, foi identificado que a maior
parte dos laboratórios está inserida num processo de inovação aberta, no qual atores
externos ao setor público são estimulados a participar do ciclo de inovação, num processo de
cocriação e coprodução de inovações.
Palavras chave
Inovação no setor público, laboratórios de inovação, estágios de inovação, inovação aberta
18