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1. INTRODUÇÃO
2. Inovação e competitividade
Após a implementação do Plano Real em 1994, que trouxe estabilidade econômica ao Brasil, o
país enfrentou períodos de ajustes e, a partir dos anos 2000, iniciou um processo de
recuperação. Esse período permitiu ao governo e às empresas planejarem estrategicamente
para o futuro, com investimentos voltados à competitividade e à preparação para os desafios
do mercado global. No entanto, mesmo com esses avanços, o Brasil ainda enfrenta desafios
significativos, como a melhoria da educação, a eficiência logística, a qualidade do sistema de
saúde e a redução de impostos, além da necessidade de acompanhar o ritmo acelerado de
outros países em termos de inovação e oferta de produtos e serviços a baixo custo.
3. Importância da inovação
O debate sobre crescimento econômico em todo o mundo, incluindo o Brasil, está cada vez
mais centrado na busca pela inovação. À medida que as economias buscam manter sua
competitividade e os países almejam uma inserção internacional sólida, a inovação torna-se
fundamental. Com a influência da tecnologia, a competição não se limita mais ao âmbito local,
mas transcende fronteiras, desafiando empresas e instituições em todos os setores. A inovação
torna-se essencial para empresas de serviços, que buscam oferecer experiências únicas aos
clientes, enquanto enfrentam a constante ameaça de imitação pela concorrência. Em setores
com evolução tecnológica contínua, como materiais, funcionalidades e design, a inovação é
indispensável para diferenciação e fidelização do consumidor.
A busca pela inovação não é apenas uma estratégia de mercado, mas uma necessidade para o
aumento do desempenho e a obtenção de vantagens competitivas. Ela pode gerar aumento da
demanda, defesa da posição competitiva, redução de custos, ampliação de margens e maior
competência para inovação futura. Com capacitação e treinamento contínuos, as empresas
podem aprimorar seus lançamentos no mercado, o que evidencia o papel crucial da inovação
para o sucesso organizacional ao longo do tempo.
5. Descoberta e invenção
Nem toda descoberta leva a uma invenção. E nem toda invenção leva a um produto. Em geral,
são necessárias atividades adicionais para desenvolver tecnologias e chegar a um protótipo e,
posteriormente, a um produto efetivamente comercializável. Portanto, para poder “fazer”
ciência e gerar tecnologia, é necessário realizar atividades de Pesquisa e Desenvolvimento
(P&D).
Segundo o Manual de Oslo, adotado por organizações como o Sebrae e o BNDES, inovação é a
introdução bem-sucedida de um produto (bem ou serviço) novo ou significativamente
melhorado, processo, método de marketing ou método organizacional que traga vantagens
competitivas no mercado. É o resultado da implementação de uma ideia que se diferencia do
padrão vigente, sendo crucial sua introdução bem-sucedida no mercado ou uso na
organização. A inovação tecnológica em produtos e processos (TPP) é especialmente destacada
quando há avanços substanciais ou novos produtos ou processos tecnologicamente
inovadores, sendo considerada implantada se for introduzida no mercado ou utilizada na
produção.
Diferentemente da invenção, nem toda criação se torna inovação, e é possível inovar sem
inventar, assim como ocorrer invenção sem posterior inovação. A distinção entre esses
conceitos ressalta a importância da absorção pelo mercado e obtenção de resultados para que
uma ideia se torne uma verdadeira inovação, destacando a relevância da criatividade em
ambos os processos de desenvolvimento.
6.1.Tipos de inovação
Classificar a inovação pode ser um desafio, pois muitas vezes há dificuldade em escolher uma
categoria específica. No entanto, em alguns casos, a inovação pode ser uma combinação de
dois ou mais tipos, sendo possível optar pela classificação que melhor a define. Geralmente, a
precisão na classificação não é crucial, exceto quando necessário para apresentar um projeto a
um órgão de financiamento, por exemplo. É comum que a implementação de uma inovação
não ocorra de forma isolada, mas sim acompanhada por outras inovações relacionadas. Mais
importante do que categorizar com precisão o tipo de inovação é ter clareza de que se trata de
um avanço genuíno.
Identificar se uma mudança constitui inovação envolve considerar se o cliente está disposto a
pagar mais pela nova versão ou se ela agregou valor significativo ao produto, trazendo
benefícios expressivos à empresa. Pequenas alterações, como mudanças de tamanho em
produtos ou serviços, não são necessariamente inovação, mas sim simples mudanças. Isso
inclui a customização de produtos ou a realização de serviços personalizados, que não se
configuram como inovação em série. Além disso, o comércio de produtos novos, reduções ou
ampliações na empresa, lançamentos de versões com poucas modificações e aumento do
capital social não são considerados inovação, a menos que essas mudanças agreguem valor
palpável.
A maioria das inovações decorre de uma melhoria significativa em algo já existente, agregando
vantagem sem alterar o padrão de referência. Ocorre inovação incremental de um produto,
quando há melhoria ou aperfeiçoamento significativo, por meio do acréscimo ou substituição
de novos materiais que o tornam mais fácil de utilizar, mais ergonômico e prático. Da mesma
forma, ocorre inovação incremental de processo quando há melhorias significativas em um
processo resultando em um desempenho notadamente superior em relação ao já existente.
Em ambos os casos, o produto ou processo caracterizado como inovação incremental cria
expectativa e desejo nos consumidores, o que melhora a competitividade da empresa.
Quando uma nova ideia resulta em produto ou processo totalmente novo, inexistente no
mercado, surgindo uma nova referência muito superior (em qualidade, capacidade, rapidez,
etc.) em relação à anterior, ocorre inovação radical. As inovações radicais estabelecem uma
ruptura estrutural e criam novo segmento, nova indústria e até mesmo novo mercado. Há
outros termos para representar os diferentes níveis de intensidade da inovação, como
semirradical e de ruptura.
6.4.Abrangência da inovação
Alguns pesquisadores não consideram esse tipo como inovação propriamente dita. Contudo,
quando a organização opta por observar o mercado, tomar um produto/serviço da
concorrência como referência, adquirir insumos, internalizar conhecimentos, desenvolver um
produto/serviço e lançá-lo, está em processo de amadurecimento e aprendizagem em termos
de Gestão da Inovação. Muitas vezes, esse processo – ainda que inicialmente intuitivo – serve
de base para promover, num futuro próximo, um desenvolvimento mais rápido da inovação, o
lançamento de inovações melhores ou originais da própria empresa e, principalmente, o
estabelecimento de uma Gestão da Inovação contínua e sistemática.
A empresa também pode ser a primeira a introduzir uma inovação em seu mercado, seja no
âmbito regional ou setorial. Nesse caso, pode ter observado a ideia em outro mercado ou
região e concluído valer a pena investir e lançar no âmbito regional ou setorial. Essa inovação é
caracterizada como sendo para o mercado e denota um arrojo maior do que a voltada para a
própria empresa, pois o risco é maior. Por exemplo, a Adimax, em 2007, trouxe para o Brasil o
sistema PetZip: espécie de zíper colocado nas embalagens plásticas para proporcionar um
fechamento visando à conservação do alimento. O sistema era inédito na América Latina.
Nos casos em que a empresa introduz pela primeira vez nos mercados, nacionais e
internacionais, ou seja, o produto/serviço não existia em outras empresas no país ou no
exterior, há uma inovação para o mundo. Em outras palavras, o produto ou serviço é inédito,
havendo uma inovação de âmbito mundial. Em geral, são produtos de maior conteúdo
tecnológico e que necessitam de atividades sistematizadas de P&D. Por exemplo: a Honda
Amazônia lançou a primeira moto com motor bicombustível do mundo, a CG Titan Mix.
Dependendo de suas características, a organização pode optar por ser seguidora da inovação
(inovando para a empresa e, algumas vezes, para o mercado) ou ser pioneira (inovando para o
mercado e/ou para o mundo). Também há a opção de fazer da inovação algo ocasional,
esporádico e totalmente dependente de insights. Ou ainda ser intencional, no caso de a
inovação estar prevista na estratégia da organização, o que a estimula a inovar sempre.
7. CONCLUSÃO
Muitas empresas só inovam quando há pressão de clientes (por mais qualidade, menor custo,
mais novidade, maior diferenciação) ou por ameaça de perda imediata de mercado (por causa
do surgimento ou crescimento dos concorrentes). São empresas tipicamente de atitude
reativa. Outras optam por inovar pelo empreendedorismo em busca de diferenciação
constante da concorrência. Normalmente, esse comportamento está atrelado à vocação do
principal dirigente para mudança. Esse tipo de organização visa à liderança de mercado e é
tipicamente de atitude proativa.
Quando principia sua procura pela inovação, a empresa pode optar por difundir os conceitos
aos poucos. Pode iniciar por um setor (de forma localizada) e, depois, disseminar conceitos e
comportamentos por toda a organização (de forma sistêmica). O fundamental, entretanto, é
começar, mesmo que de forma empírica (experimental, por tentativa e erro), e avançar para
uma forma de Gestão da Inovação sistemática (com processo e metodologia). Há necessidade
de adotar, ao longo de seu processo de aprendizado, uma abordagem disciplinada em relação à
inovação.
Referência
BESSANT, J.; TIDD, J.; PAVITT, E R. Gestão da inovação. Porto Alegre: Bookman, 2009
CARVALHO, H. G. de; CAVALCANTE, M. B.; REIS, D. R. dos. Gestão da inovação: inovar para
competir. Brasília: Sebrae, 2009.