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Pessoas criativas

Feliciano, Antonio
SST Pessoas Criativas / Antonio Feliciano
Ano: 2020
nº de p.: 12

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Pessoas criativas

PESSOAS CRIATIVAS

Apresentação
Neste momento estudaremos as pessoas criativas, a maneira que a Era da
Informação influenciou a criatividade das pessoas e relacioná-la com as mudanças
organizacionais ocorridas a partir dessa influência. Veremos as barreiras mais
comuns ligadas à criatividade no campo organizacional e como superá-las. Após
estudaremos as principais características das pessoas criativas.

Em seguida, conheceremos o processo criativo nas empresas e os fatores que


podem influenciá-las, assim como as suas fases, tanto do tipo analítico quanto do
intuitivo. E logo após abordaremos as etapas do processo criativo que começa na
preparação, incubação, inspiração e verificação. E por fim estudaremos o registro de
patentes e as suas particularidades.

1. O SER HUMANO E A CRIATIVIDADE


Você sabe qual o valor da sua criatividade? Sabe como a empresa que você trabalha
avalia o seu potencial criativo? Pois é, até pouco tempo, a terra, o capital e o trabalho
eram os fatores de produção e, nesse contexto, as pessoas figuravam apenas como
um insumo produtivo.

As intensas e contínuas mudanças ocorridas no âmbito da sociedade fizeram


florescer o início de um novo período, denominado Era da Informação, que teve seu
início aproximadamente em 1970.

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Era da Informação

Fonte: Plataforma Deduca (2020).

A partir desse período, as pessoas tomaram lugar de destaque nas empresas, sendo
considerado o mais importante ativo organizacional, pelo simples fato de ser a
fonte legítima de criação do conhecimento que, por sua vez, tornou fundamental à
competitividade das empresas, especialmente a partir do final do século XX, com a
globalização da economia.

Nesse contexto, a criatividade individual passa a ser percebida como relevante no


processo de desenvolvimento e competitividade das empresas. Segundo Sanmartin
(2012, p. 13), “A criatividade se manifesta de forma diferente em cada indivíduo e
depende da combinação de habilidades e atitudes”.

Nessa direção, dissemos que pessoas criativas comumente são competentes,


habilidosas, com atitude. Pense bem, se dispusermos um grupo de pessoas
perfiladas, sem mantermos interação, certamente não saberemos quais são criativas
e quais não são.

(...) A predisposição criativa depende do estilo (como a pessoa é,


espontânea, intuitiva, flexível), das barreiras e dos riscos que assumimos.
Na conduta criativa devem estar presentes três elementos: a habilidade
inata, as habilidades adquiridas e a motivação. (Sanmartin. 2012, p. 14).

As pessoas precisam reconhecer que atuam em conjunto a outras pessoas, isto


é, em equipes, havendo a necessidade da percepção de complementaridade de
competências. Portanto, manter o equilíbrio nas relações entre as pessoas em
equipes é complexo, mas absolutamente necessário para que a criatividade de cada
um se some ao conjunto, fluindo pela empresa.

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Muitas organizações criam barreiras que ultrapassam a cultura, que são materializadas
em normas, regras, procedimentos. No âmbito das organizações, a criatividade é
comumente limitada pelo excesso de burocracia nos processos de trabalho.

A criatividade precisa transpor a burocracia

Fonte: Plataforma Deduca (2020).

Bautzer (2009, p.46), apresenta algumas das principais barreiras à criatividade presentes
no ambiente organizacional: “excesso de normas; estratégias rigidamente frontais;
postura séria e contida; estrita obediência a números; segmentação total de processos;
obediência cega ao consenso; cultura da segurança total”.

Para evitar que as barreiras limitem severamente a criatividade, comprometendo o


desenvolvimento organizacional, as empresas precisam se permitir à criatividade,
reconhecê-las como elemento fundamental à competitividade, ao seu sucesso
no mercado. Ao fazê-lo, as organizações procuram moldar seu ambiente às
necessidades das pessoas.

Na visão de Torre (2005 apud SANMARTIN, 2012, p. 59), para compreender a


dimensão da pessoa no âmbito do tema da criatividade, é preciso primeiro
estabelecer a diferença entre criativo e criador. Dessa forma, apesar de manterem
uma relação umbilical, “implicam estados mentais diferentes”. Nessa direção,
Sanmartin (2012, p. 59), esclarece que “a criatividade está no potencial de cada um,
enquanto que a criação é escolha de cada um”.

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Atenção
Em toda bibliografia sobre o tema, você verá que todos os autores,
independentemente do período em que cunhou o conceito, indicam
que todas as pessoas nascem com potencial criativo.

Sendo assim, Sanmartin (2012, p. 60), considera que “a fonte da criatividade, seja
qual for o campo de atuação da pessoa, é uma sensibilidade que abrange os
mundos psíquicos dos sentimentos e valores, o mundo da imaginação”.

Essa passagem da autora enfatiza claramente o caráter pessoal da criatividade. Ela


ainda pondera que a criatividade individual depende da capacidade das pessoas
em desaprender o que está mantido na sua memória, em conhecimentos tomados
como verdades definitivas. Nesse sentido, podemos afirmar que na aprendizagem
deve haver certa dose de relatividade, tornando o conhecimento passível de novas
agregações, portanto, de novas aprendizagens.

Algumas características fazem parte do perfil criativo das pessoas, como


elevado nível de conhecimento, flexibilidade, capacidade de atuar em ambientes
competitivos sob forte pressão, entre outras. Por certo, você precisa saber que
não há necessidade de uma pessoa possuir todas essas características para ser
considerada criativa. Lembre-se de que apesar de nascermos com potencial criativo,
sendo que esse é trabalhado em toda a nossa trajetória de vida, portanto, é a partir
de nossos aprendizados (e desaprendizados) que efetivamente construímos essas
características.

2. PROCESSO CRIATIVO NAS ORGANIZAÇÕES


O processo criativo não é novo, pois a criatividade também não o é, mas ganha
espaço nas estratégias organizacionais por ser, sobretudo atualmente, considerada
fundamental ao desenvolvimento das empresas. O processo criativo é complexo
e depende, entre outros fatores, do intenso fluxo de conhecimentos que ocorre
diariamente nas relações entre as pessoas que, por meio de atividades de
compartilhamento, agregam novas informações e conhecimentos, ampliando seu
potencial criativo.

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Sanmartin (2012), comenta que o processo criativo vem ao longo da história sendo
estudado por inúmeros autores, como Ribot (1900), Dewey (1910), Poincaré (1913)
e Wallas (1926). Na literatura sobre o tema criatividade, esses são autores clássicos,
cujas contribuições foram importantes para o desenvolvimento do tema e ainda são
amplamente referenciados nos diversos estudos atualmente publicados.

Considerando a linha do tempo sobre esses estudos e a fim de conhecer


algumas das principais contribuições desses autores, apontaremos alguns
aspectos apresentados por Sanmartin (2012). Para ela, no que tange ao processo
criativo, Ribot sugeriu a existência de dois tipos: “um dizia respeito às pessoas
de pensamento analítico e lógico; e o outro seria das pessoas mais intuitivas”
(SANMARTIN, 2012, p. 64).

Vejamos a cadência do processo criativo individual a partir de cada tipo sugerido por
Ribot:

Cadência do processo criativo

Fase do pro-
Tipo analítico Tipo intuitivo
cesso criativo
Ideia prévia (princípio da
Primeira fase Preparação geral inconsciente
incubação)

Ideia, inspiração, erupção ou


Segunda fase Invenção ou descobrimento
comunicação

Terceira fase Comprovação ou aplicação Desenvolvimento ou construção

Fonte: Adaptado de Sanmartin (2012, p.64).

Os tipos de Ribot identificam as pessoas do processo criativo a partir de


percepções de como pode ocorrer a criação, isto é, enquanto que a primeira pode
ser detalhadamente planejada, a segunda pode ocorrer a partir de um planejamento
pouco estruturado, cujas etapas são seguidas com base na intuição individual.

Segundo Sanmartin (2012), é bem interessante a proposição do processo criativo


elaborado no âmbito dos estudos clássicos sobre a criatividade e o processo criativo,
que hoje parecem óbvios, entretanto, foram estudos que abriram o caminho para as
pesquisas atuais.

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Curiosidade
Se a criatividade é dependente da ação humana, então, como
empresas são apontadas como criativas? Quem é mais criativo: uma
empresa do ramo alimentício ou uma empresa de base tecnológica?
Quais fatores levam as empresas a personalizarem o processo
criativo? Como as empresas incorporam a criatividade humana?

O fato é que tanto os estudos mais antigos, quanto os recentes, colocam a pessoa
como o centro da criatividade.

3. IDENTIFICANDO AS ETAPAS DO PROCESSO


CRIATIVO
Diversos são os fatores que diferenciam as empresas: alguns de caráter formal
(como a visão e a missão), outros caracteristicamente subjetivos, representados
pela cultura institucional. O fato é que, independentemente desses parâmetros,
todas partem das mesmas etapas do processo criativo de. Sanmartin (2012), que
apresenta as etapas do processo criativo definidas por Wallas:

• Preparação: obtenção de informações, reconhecimento do problema e utiliza-


ção dos conhecimentos adquiridos. Comumente dissemos que, nesse perío-
do, perguntas são elaboradas;
• Incubação: período de dormência, atividade latente e inacessível à consciên-
cia. Acontece mais frequentemente no relaxamento e na pausa exterior. Des-
preocupação consciente do problema. Nesse momento, as pessoas relaxam,
podendo, por insight, ter uma ideia criativa. Entretanto, seu estado psicológico
está voltado para atividades relaxantes;
• Inspiração: momento de iluminação, intuição e visão rápida, quando a solu-
ção emerge, de forma inesperada, como revelação. Nesse momento, a pessoa
busca a inspiração para levá-la às ideias criativas. Por isso ela, consciente-
mente, está afastada do estado de relaxamento;
• Verificação: trata-se de formular a título de compreender, verificar, comprovar e
comunicar os resultados. Nesse momento, a ideia criativa já está em prática.

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Na medida em que avançam as pesquisas sobre o processo criativo, mais
complexas elas se tornam ou mais etapas são agregadas. O fato é que o processo
criativo não possui linearidade, nem mesmo uniformidade, por isso as empresas
conseguem moldá-lo à cultura.

O processo criativo é complexo, envolve inúmeros aspectos, tanto de ordem íntima


pessoal quanto organizacional.

O indivíduo e a complexidade do processo criativo

Fonte: Plataforma Deduca (2020).

De fato, na visão de Sanmartin (2012, p.35), a criatividade e seu processo


emergem da liberdade humana, pois “a autonomia perceptiva e mental permitirá
ir além do aprendido”.

Em essência, por maior que seja a criatividade, buscamos criar diferenciais


competitivos, tanto organizacionais quanto individuais.

Para as empresas, não há como agir diferente: devem estimular a criatividade o


máximo possível, visando à ampliação das suas possibilidades de inovação.

Motivar continuamente as pessoas ao exercício da criatividade é fundamental


para as organizações que se proponham competitivas no cenário de uma
economia globalizada.

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Registro de patentes.
Segundo Ahlert e Camara Junior (2019) o registro de patentes é um documento
formal, que é concedido pelo Estado, através do Instituto Nacional da Propriedade
Industrial (INPI). O registro de patente tem o objetivo de reconhecer os direitos de
propriedade e uso exclusivo de uma invenção perfeitamente descrita.

As pessoas (física ou jurídica) que detém o direito de invenção, aperfeiçoamento


de produtos ou processos, conseguiram a concessão da patente através da Lei
da Propriedade Industrial, nº. 9.279, de 14 de Maio de 1996. O título da patente de
propriedade é de caráter temporário.

Para que a patente possa ser regulamentada a invenção precisa enquadrar nas
seguintes naturezas e modalidades segundo o INPI.

• Patente de Invenção (PI) - Produtos ou processos que atendam aos requisitos


de atividade inventiva, novidade e aplicação industrial. Sua validade é de 20
anos a partir da data do depósito.
• Patente de Modelo de Utilidade (MU) - Objeto de uso prático, ou parte deste,
suscetível de aplicação industrial, que apresente nova forma ou disposição,
envolvendo ato inventivo, que resulte em melhoria funcional no seu uso ou em
sua fabricação. Sua validade é de 15 anos a partir da data do depósito.
• Certificado de Adição de Invenção (C) - Aperfeiçoamento ou desenvolvimento
introduzido no objeto da invenção, mesmo que destituído de atividade inventi-
va, porém ainda dentro do mesmo conceito inventivo. O certificado será aces-
sório à patente e com mesma data final de vigência desta.

Para solicitar o registro de patente deve-se analisar e verificar se a invenção


corresponde aos requisitos solicitados. Não é concedido o registro de invenção
parecida ou idêntica a uma já patenteada. O registro de patente é valido apenas
no território nacional. Para solicitar o registro em outros território deve-se utilizar o
Tratado de Cooperação de Patentes (PCT) que pode ser mediado pelo INPI.

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FECHAMENTO
Estudamos as profundas e intensas mudanças na sociedade e nas organizações
por causa da Era da Informação, e também como essas mudanças alteraram as
estratégias das empresas para terem diferenciais competitivos.

Analisamos que as pessoas criativas possuem competência, habilidade e atitude.

Vimos que, quando as pessoas interagem com grupo, a criatividade é potencializada.

Estudamos que a criatividade no campo das organizações é cercada de excessos de


burocracias nos processos de trabalho.

Refletimos sobre a complexidade do processo criativo nas organizações e


observamos a cadência do processo criativo individual.

Por fim, conhecemos as etapas do processo criativo e o registro de patentes.

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REFERÊNCIAS
AHLERT, Ivan B.; CAMARA JUNIOR, Eduardo G. Patentes: proteção na lei de
propriedade industrial – São Paulo: Atlas, 2019.

BAUTZER, D. Inovação: repensando as organizações. São Paulo: Atlas, 2009.

CATMULL, E.; WALLACE, A. Criatividade S.A.: superando as forças invisíveis que


ficam no caminho da verdadeira inspiração. Rio de Janeiro: Rocco, 2014. 1. ed.

CRIATIVIDADE. In: DICIONÁRIO Eletrônico Aurélio. Disponível em: <https://


dicionariodoaurelio.com/criatividade>. Acesso em: 27 abr. 2020.

FLEURY, A.; FLEURY, M. T. L. Aprendizagem e inovação organizacional. São Paulo:


Atlas, 1997.

SANMARTIN, S. M. Criatividade e inovação na empresa: do potencial à ação criadora.


São Paulo: Trevisan, 2012.

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