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Criatividade e Inovação
Gestão da Educação a Distância
Cidade Universitária – Bloco C
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Bairro Aeroporto. Varginha /MG
ead.unis.edu.br
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reservados ao Unis – MG.
É proibida a duplicação ou reprodução
deste volume (ou parte do mesmo),
sob qualquer meio, sem autorização
expressa da instituição.

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Criatividade e Inovação
Autoria

Prof. Dr.

Luiz Carlos Vieira Guedes

Graduação em Engenharia Química. Mestrado em Biotecnologia. Doutor em


Educação. Professor de Química e de Criatividade e Inovação no Centro
Universitário do Sul de Minas.

Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/8364814324205994

GUEDES, Luiz Carlos Vieira. Guia de Estudo – Gestão da Criatividade e


Inovação. Varginha: GEaD-UNIS/MG, 2017.
80 p.
1. Criatividade 2. Inovação

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Criatividade e Inovação
Prezado (a) aluno (a),

É com grande satisfação que apresento o nosso guia acadêmico, que tem
como objetivo auxiliá-lo nos estudos da disciplina. Lembrando que ele é um
documento introdutório para seus estudos e, sempre que possível, consulte
também os livros da bibliografia básica de seu curso.
Neste guia você vai encontrar alguns assuntos introdutórios sobre
Criatividade e Inovação que poderão iniciar-lhe neste fascinante mundo, o qual
você já faz parte, porém ainda não tem consciência disso. Nosso objetivo é
incentivá-lo a tornar-se mais criativo do que realmente pensa ser.

Abraços.

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Criatividade e Inovação
Ementa

Conceitos e abordagens teóricas sobre criatividade. Atributos pessoais


que se associam à criatividade. Ferramentas de geração de ideias e
desenvolvimento da criatividade. A relação entre a criatividade e o
processo de aprendizagem organizacional. Conceitos básicos de
inovação. Tipos de inovação. Cultura de inovação. Gestão da inovação
e mudanças. A gestão do conhecimento e a inovação nas organizações.
Barreiras à criatividade e inovação no ambiente de trabalho.

Orientações

Ver Plano de Estudos da disciplina, disponível no Ambiente Virtual.

Palavras-chave
Criatividade. Inovação.

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Criatividade e Inovação
EMENTA____________________________________________________________________ 5
ORIENTAÇÕES ______________________________________________________________ 5
PALAVRAS-CHAVE ___________________________________________________________ 5

UNIDADE I – INTRODUÇÃO À CRIATIVIDADE ____________________________________ 8


1.1 CONCEITOS E ABORDAGENS TEÓRICAS SOBRE CRIATIVIDADE ____________________________ 9
UNIDADE II – FERRAMENTAS PARA GERAÇÃO DE IDEIAS E SUA RELAÇÃO COM A
APRENDIZAGEM ORGANIZACIONAL __________________________________________ 20
2.1 FERRAMENTAS PARA GERAÇÃO DE IDEIAS _________________________________________ 21
2.2 A RELAÇÃO ENTRE A CRIATIVIDADE E O PROCESSO DE APRENDIZAGEM ORGANIZACIONAL. _____ 32
UNIDADE III – ANÁLISE DOS SIGNIFICADOS E TIPOS DE INOVAÇÃO. ________________ 38
3.1 CONCEITOS BÁSICOS DE INOVAÇÃO ____________________________________________ 39
3.2 TIPOS DE INOVAÇÃO _______________________________________________________ 44
UNIDADE IV – CULTURA E GESTÃO DA INOVAÇÃO ______________________________ 52
4.1 CULTURA DE INOVAÇÃO ____________________________________________________ 53
4.2 GESTÃO DA INOVAÇÃO E MUDANÇAS. __________________________________________ 58
UNIDADE V – GESTÃO DO CONHECIMENTO E AS BARREIRAS À CRIATIVIDADE E
INOVAÇÃO ________________________________________________________________ 68
5.1 CULTURA DE INOVAÇÃO ____________________________________________________ 69
5.2 BARREIRAS À CRIATIVIDADE E INOVAÇÃO NO AMBIENTE DE TRABALHO. ___________________ 73

REFRÊNCIA BIBLIOGRÁFICA ___________________________________________________ 74

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Criatividade e Inovação
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Criatividade e Inovação
I Unidade I – Introdução à
Criatividade

Objetivos da Unidade

 Conhecer os conceitos sobre criatividade e entender os atributos


pessoais relacionados ao assunto.

Plano de Estudos

 Ciclo 01
 Atividade Exercício Individual
 Título: Introdução à Criatividade

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Criatividade e Inovação
Unidade I

Nesta unidade definiremos Criatividade e conheceremos quais são os


atributos pessoais de uma pessoa criativa. Nossos questionamentos são no sentido
de entender se somos ou não criativos, nos questionando a todo o momento
sobre a máxima: a Criatividade é somente para alguns iluminados ou todos podem
ser criativos?

1.1 Conceitos e abordagens teóricas sobre criatividade


Você deve estar se perguntando... Afinal de contas, o que é Criatividade?
Neste capítulo tentarei sanar sua dúvida com relação ao termo e como ele é
encarado.
Vários conceitos são dados à Criatividade, facilmente encontraremos
definições que vão desde o campo da Psicologia, até o campo da Administração; ou
mesmo pragmáticas como as de dicionários. Cada uma das definições acaba
puxando para a sua área de atuação. Com isso, torna-se muito complexo chegar a
uma definição única que possa abranger todas as áreas envolvidas.

Várias são as definições de Criatividade. Etimologicamente, a palavra vem do


verbo creare, que significa originar, gerar, ou seja, sua essência está na
transformação, no nascimento de algo.

Outras também podem ser acrescentadas, como as citadas no livro


“Criativamente”, de Marcelo Galvão (1992): Platão classifica Criatividade como uma
forma de loucura, e Sócrates associa o ato de criar a uma iluminação espiritual. Na
área da psicologia, “a criatividade nasce de um impulso do Id visando a solucionar
um conflito". O indivíduo criativo sabe afrouxar o ego, fazendo com que os
impulsos cheguem aos umbrais da consciência, elaborada por Freud. “Processo
natural que abastece a leis imprevisíveis”, do filósofo alemão Immanuel Kant.
“Atividade mental organizada, visando obter soluções originais para satisfação de
necessidades e desejos” do psicólogo americano Abraham Maslow. “É o processo
de produção, pelo qual uma pessoa produz um maior número de ideias, pontos de

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Criatividade e Inovação
Unidade I

vista, hipóteses, soluções, opiniões originais e eficazes do que as demais pessoas,


num espaço mais curto de tempo”, de acordo com Alex F. Osborn, o inventor do
brainstorming.
Vejamos mais uma definição, agora de Sakamoto (2000), que enxerga a
criatividade como uma expressão humana:

Criatividade, em nossa maneira de ver, em primeira instância, é


manifestação do “potencial” ou da “capacidade” criativa, já que de
imediato, podemos dizer, que ela é uma ação ou expressão humana.
Sendo “atividade”, portanto, nos parece inadequada uma referência
costumeira encontrada na literatura do assunto, que evidencia o ‘uso da
criatividade’. Nestas oportunidades, nos parece mais indicado dizer que
“nós realizamos a ação criadora” e sendo assim, podemos ainda, melhor
qualificar os fundamentos da atividade criativa e resgatar a dimensão de
“realização” associada à criatividade humana.

Outra questão importante, apontada pela mesma autora, é sobre a


associação da atividade criadora ser própria da natureza humana:

É indispensável expressar ainda, quando se trata do estudo da atividade


criadora, que este tema nos coloca em contato com interessantes
compreensões sobre a natureza humana, uma vez que, através da
criatividade, o ser humano realiza a construção de seu destino e do
próprio mundo. Devemos acrescentar a isto, que através da atividade
criativa, os seres humanos alcançam uma consciência sobre suas
potencialidades, desvendam a condição genuína de sua liberdade pessoal
e edificam sua autonomia, uma vez que através da criatividade, o homem
existe e evolui, se expressa e modela parcelas de realidade do universo
das infinitas possibilidades humanas.

Será que é somente em algumas áreas (por


exemplo, nas artes) que existem pessoas criativas?

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Criatividade e Inovação
Unidade I

A Criatividade, sendo própria da atividade humana, não existe somente em


algumas áreas, ela se manifesta das mais variadas formas, como constata Becker
(2001):

Há criatividade na música, literatura e artes, que são as áreas onde


tradicionalmente se aplica o conceito, mas também existe a criatividade
científica, a criatividade tecnológica e diversas outras formas de
pensamento original. Já as instâncias, onde diferentes abordagens são
utilizadas para se estudar a criatividade, conseguem ser tão ou mais
variadas do que as múltiplas esferas de aplicação da palavra.

Para Marcos Gurgel (2006), hoje em dia, o conceito mais utilizado é de que
a criatividade é um fenômeno multifatorial e multidimensional, que não leva em
consideração apenas os aspectos individuais e cognitivos, mas também os
psicossociais, como as influências ambientais sobre o conjunto de relações
implicadas no processo de criar.
Alencar (2008) acrescenta sobre a necessidade da Criatividade no ambiente
institucional:

Entre os requisitos desejáveis para o profissional de áreas diversas, a


criatividade está necessariamente presente. Ser flexível e saber trabalhar
em equipe, além de pensar de forma criativa e independente, são
atributos apontados no perfil do profissional bem-sucedido.

Definições a parte, o importante é que ser criativo é uma qualidade


essencial para qualquer profissional, em qualquer ramo de atividade, porém em
algumas profissões essa característica parece ser mais evidente. Solucionar
problemas de projetos é, sem a menor dúvida, um ofício eminentemente criativo. É
uma atitude humana e racional, que nem todos os avanços tecnológicos juntos
podem substituir.

Quando se pensa em Criatividade somos induzidos a acreditar que pessoas


criativas são aquelas que ficam aquém da realidade, vivem no mundo das nuvens.
Como citado por Cavalcante (2006):

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Criatividade e Inovação
Unidade I

[...] fantasiam e imaginam a realidade, mas que concretamente não


“servem” às finalidades do mundo contemporâneo, tão profundamente
mergulhado na sacralização da coisa.

Todos nós somos mais criativos do que acreditamos ser. O fato é que grande
parte das pessoas não sabe ou não assume isso e, dessa forma, passa pela vida sem
sequer ter consciência do seu potencial e sem ser encorajado a despertá-lo e
desenvolvê-lo.

Alencar (2008), sobre Criatividade, acrescenta que é um fenômeno


complexo, dinâmico, multifacetado e plurideterminado, além de identificar que:

Contribuem para sua expressão, além de atributos pessoais, elementos


do ambiente mais próximo ao indivíduo, como aqueles presentes nas
instituições de ensino e/ou no local de trabalho, além de outros de
natureza sócio-histórico-cultural.

Mas afinal de contas, como deve ser uma pessoa criativa? Uma pessoa
criativa é aquela que assimila mais rapidamente os conflitos e problemas que
precisam ser solucionados e vai de encontro às soluções para essas situações.
Existem alguns mitos relacionados à criatividade, apontados por Scott Isaksen
- especialista em criatividade. Dentre os mitos apontados, podemos destacar dois,
são eles:
- a crença de que a criatividade é um fenômeno mágico, estudar esse
fenômeno seria quebrar seu encanto.
- para ser criativo é preciso ser louco ou psicologicamente desequilibrado, a
ideia de cientista maluco com cabelos arrepiados imerso em laboratório e
totalmente alheio à realidade. A criatividade como uma coisa de excêntricos,
algo a ser evitado por pessoas normais.

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Criatividade e Inovação
Unidade I

PENSE! Para ser criativos precisamos ser meio


loucos ou aloprados?

Os mitos devem ser combatidos a fim de evitar distorções no ambiente


favorável à criatividade.
José Predebon, em seu livro “Criatividade: abrindo o lado inovador da mente”
(2013), comenta sobre alguns aspectos da criatividade. Para ele, pode-se afirmar
que a espécie humana tem capacidade inata e exclusiva de raciocinar
construtivamente. Essa capacidade produz o que tranquilamente pode ser chamado
de criatividade. Capacidade inata é o potencial que nos é próprio.
O autor De Oliveira (2010) enfatiza que toda pessoa tem potencial para ser
criativa, mas nem todos realizam esse potencial, por não terem oportunidades de
desenvolvê-lo. É necessário que a criatividade seja exercitada com persistência.
Você se lembra do seriado “O Mundo de Beakman”? Será que para sermos
criativos precisamos ser como ele?

Figura 01: O mundo de Beakman

Fonte: http://www.gcn.net.br/noticia/

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Criatividade e Inovação
Unidade I

PESQUISE alguma outra definição de Criatividade


para acrescentar aos seus estudos!

Guaracy Silva (2010), no guia de Criatividade e Inovação, constata que,


durante muitos anos, a criatividade foi tratada como um dom supremo concedido a
alguns poucos privilegiados. Multidões que até então, em suas vidas, não tinham
registros de insights significativos estariam condenadas ao ostracismo intelectual e à
reprodução de ações e ideias de alguns poucos iluminados.
Com o advento da competitividade entre empresas de forma global, as
organizações e os indivíduos que nelas trabalhavam passaram a entender a
criatividade como uma necessidade estratégica, como um diferencial competitivo, e
não mais como algo “concedido” a alguns em detrimento de alguns poucos
“escolhidos”.
Na ciência, a criatividade e a inovação estavam a cargo da psicologia, mais
recentemente, mais precisamente a partir do lançamento do termo Economia
Empreendedora pelo estudioso Peter Drucker, os conceitos ganharam relevo e
passaram a ser “alvo” de pesquisadores de todas as ciências. Este contorno
multidisciplinar fez com que o resultado das ações criativas fosse exponencial.
Segundo muitos teóricos, os avanços no bem-estar social e na economia são
decorrentes desta extrapolação do conceito de criatividade e de sua relação com as
demais disciplinas e áreas do saber.
Para o filósofo e sociólogo alemão Erich Fronm ao criar, a pessoa encontra
seu eu, seu mundo, seu Deus. Partindo do seu pensamento estudaremos, neste
guia, a criatividade através da ótica da realização pessoal. O comportamento criativo
é produto de uma visão de vida, de um estado permanente de espírito, de uma
verdadeira opção pessoal de como desempenhar um papel no mundo.
De acordo com Predebon (2013), o desenvolvimento do comportamento
criativo também se estabelece quando os estímulos circunstanciais são “necessidade
de solução”. Essa vertente é a mais comum no campo profissional.

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Criatividade e Inovação
Unidade I

O processo criativo passa pela disposição favorável e pela não neutralidade


frente às manifestações de criatividade. Prática engajada que vem com a adoção de
uma abordagem ou técnica específica. A pessoa com atitude criativa reage
ativamente e com prazer ao desafio de achar um novo caminho para atingir um
objetivo.
O autoconhecimento é extremamente valioso para o desenvolvimento da
capacidade criativa e pode ser uma meta consciente da pessoa que deseja
aperfeiçoar-se no campo da criatividade.
Todas as pessoas são criativas em diferentes níveis; o que difere é que
algumas pessoas agem segundo suas ideias e outras, simplesmente, as ignoram (até
por medo de serem vistos como loucos, inconsequentes, “viajados” etc.). Esse é o
principal propósito de se treinar a criatividade: desenvolver a habilidade de se gerar
e implementar novas ideias!
Muitas vezes as pessoas se intitulam “não criativas” por se basearem em
uma ou outra aptidão (ou talento) que não possuem, por exemplo, não “saber”
desenhar; isso não significa que não possa ser criativo, tão ou mais até, se fosse um
exímio desenhista.
A criatividade é uma habilidade humana básica e cada um de nós pode ser
criativo (ou mais criativo) se reconhecermos nossos talentos únicos e os
desenvolvermos.
Na revista VOCÊ S/A, de março de 2012, Amanda Kamanchek aponta que
os CEOs (diretor geral ou Chefe Executivo de Ofício) de empresas acreditam que
a Criatividade é o principal atributo para a liderança, segundo pesquisa realizada
pela IBM, que ouviu mais de 1800 CEOs de 60 países. E ainda constatam que,
apesar de ser muito valorizada, é muito difícil de ser encontrada.
De acordo com o mesmo artigo da revista, o Creative Education
Foundation constata que crianças de até 3 anos de idade costumam usar 98% de
sua capacidade criativa, enquanto adultos, acima de 30 anos, costumam usar
somente 2%. As pessoas se tolhem com medo do bloqueio emocional, medo de se
exporem e de serem ridicularizadas.
Ainda no artigo relacionado, alguns artistas e especialistas dão conselhos
para aumentar a Criatividade, são eles:

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Criatividade e Inovação
Unidade I

- Quebre regras: é importante quebrar algumas regras e tentar fazer coisas


que nunca foram tentadas. Ao ter uma ideia, pesquise e veja se alguém já fez aquilo
da maneira como pensou.
- Não tenha medo de errar: assuma riscos, não tente ser perfeito o tempo
todo. Criatividade serve para explorar o desconhecido, e para isso, precisamos ter
em mente que frequentemente vamos errar. E um dos pontos básicos para
aumentar nosso potencial criativo é reconsiderar nosso medo de errar, talvez
transformando a palavra em “testar”. Não existe resposta certa ou errada. O que
existe são possibilidades diferentes.

Figura 02: Frase de Michael Jordan

Fonte: Design Unis EaD

- Tenha um caderno amigo: leve um caderno com você a todos os lugares. Caso
tenha uma ideia, anote-a e tente desenvolvê-la.
- Fuja do computador: tente passar algum momento longe do computador
(esqueça também o celular). Envolva-se com atividades como ler um livro, ouvir
música, desenhar ou passear por um lugar onde nunca tenha ido. “Para ser criativo,
é essencial deixar a mente fluir, sem ser distraído por estímulos externos
irrelevantes”, diz Sergio Navega. E, principalmente, durante o dia no trabalho,
busque momentos de isolamento e de tranquilidade para deixar a mente vagar e

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Criatividade e Inovação
Unidade I

explorar regiões incomuns, esqueça por um tempo do Facebook, do Twitter e dos


chats em geral.
- Experimente o diferente: é importante viver experiências diferentes, como viajar
para lugares desconhecidos, como algo exótico, ler um livro que não tenha nada a
ver com seu trabalho, conhecer pessoas com vidas diferentes da sua.
- Descanse: relaxe, férias são fundamentais para que você repense o significado de
sua vida e de seus sonhos pessoais.
- Rebele-se: ouça seu lado rebelde. Internamente, de forma subjetiva, não pública,
podemos questionar tudo o que está sendo feito e proposto em nossa vida pessoal
e profissional, não apenas por nós mesmos, mas por todos à nossa volta. O
objetivo é buscar maneiras diferentes de pensar e associar ideias e agir.
- Insista: esgote todas as possibilidades de um mesmo assunto. Não pare na
primeira ideia.
- Busque várias alternativas: não existe resposta certa ou errada. O que existe são
possibilidades diferentes. É necessário gerar muitas possibilidades antes de achar
algo que realmente faça sentido. Nosso cérebro odeia ambiguidades, por isso pula
muito rápido para as soluções. Então busque umas 30 ou 50 alternativas antes de
começar a pensar numa escolha.
- Agir é importante: aja, pratique a ação. Uma ideia já é um projeto de ação.
Experimente em pequena e em grande escala. Mesmo na fase de planejamento,
transforme-o em uma ação.
- Misture: toda coragem para experimentar novas combinações, coisas que não
pareciam combinar a princípio.
- Faça pausa: conheça seu ritmo. Reserve um horário para pensar livremente,
enquanto você anda ou caminha, por exemplo.

PENSE! Qual dessas doze maneiras de aumentar a


criatividade você utiliza em seu cotidiano?

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Criatividade e Inovação
Unidade I

Ainda no artigo da revista VOCÊ S/A, Tereza Amabile, uma das mais
renomadas estudiosas sobre Criatividade nos Estados Unidos, professora da
Harvard Business School, descreve sobre um estudo realizado na Xerox, onde
aponta duas características dos cientistas dessa empresa. Uma delas é que, além de
ter um profundo conhecimento em alguma área, os cientistas eram capazes de falar
com propriedade de coisas diferentes de seu campo de atuação. A segunda
característica é a voracidade por aprender coisas novas.
Amabile aponta ainda outra característica importante para inventores: a
paixão pelo que fazem. As pessoas são mais criativas quando fazem o que amam.
Outro fator importante apontado por Tereza Amabile é a motivação intrínseca,
impulso de fazer algo por simples prazer e não pela troca de elogios ou
recompensas.

Figura 03: Tereza Amabile

Fonte: http://www.hbs.edu/

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Criatividade e Inovação
Unidade I

CONCLUSÃO. Várias são as definições de


Criatividade, cada uma de acordo com sua área de
estudo. Todos são criativos, isso não é exclusividade
de alguns privilegiados. Precisamos despertar a
criatividade e deixar que ela se desenvolva.

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Criatividade e Inovação
II Unidade II – Ferramentas para
Geração de Ideias e sua Relação
com a Aprendizagem Organizacional

Objetivos da Unidade

 Compreender quais seriam as ferramentas para a geração de


uma ideia criativa e qual sua relação com o processo de
aprendizagem organizacional.

Plano de Estudos

 Ciclo 02
 Atividade Teste
 Título: Ferramentas para Geração de Ideias e sua Relação com a
Aprendizagem Organizacional

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Criatividade e Inovação
Unidade II

Na unidade 2 compreenderemos como acontece a geração de ideias e qual,


ou quais, seriam as suas relações com a aprendizagem organizacional. Será que
existe alguma sequência lógica do pensamento criativo?

2.1 Ferramentas para geração de ideias


Benny Golson, músico e compositor de jazz, ao comentar sobre criatividade
acrescenta que as pessoas criativas aceitam o risco. “ Um homem criativo dá dois
passos na escuridão. Os verdadeiros heróis, mergulham na escuridão do
desconhecido”.

Figura 01: Benny Golson

Fonte: http://jazzpages.com/Schelpmeier/bennygolson.htm

Pesquise na internet Benny Golson tocando Killer


Joe, você não se arrependerá.

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Criatividade e Inovação
Unidade II

Criar é caminhar no desconhecido, mas será que


existe uma sequência lógica para elaboração de um
pensamento criativo? Você consegue sequenciar o
pensamento criativo?

Alguns psicólogos tentaram elaborar –alguns elaboraram– sequências que


podem nos ser úteis. O primeiro, ou um dos primeiros, a elaborar uma sequência
para o pensamento criativo foi o inglês Graham Wallas em 1928, para ele o
processo criativo passa por quatro etapas, são elas: preparação, incubação,
iluminação e verificação.
A primeira etapa é a Preparação, que é o momento inicial do processo de
elaboração de um pensamento criativo, acontece quando nos deparamos com um
problema e coletamos o número maior de informações sobre ele, nada pode
passar despercebido. Após a coleta de informações deve-se refletir baseando-se nas
informações coletadas. Momento de definir a questão chave do problema.
Na segunda etapa nos encontramos na fase de Incubação, momento de se
afastar do problema, deixando-o de lado por um tempo. Mas claro que o problema
não foi resolvido.
Na terceira fase se encontra a Iluminação, ela ocorre em momentos
inesperados, de forma repentina em nosso cotidiano. Os pensamentos começam a
fazer sentido e a pessoa consegue solucionar o problema, mas ainda no campo das
ideias.
Na quarta fase, agora de forma consciente e racional pode-se chegar a
solução do problema. Neste momento a ajuda com outras opiniões podem ser
úteis.
Um outro autor, Daniel Goleman em seu livro o Espirito Criativo propõe
algo parecido com Graham Wallas com algumas modificações.
- Preparação: momento em que se mergulha no problema e investiga
qualquer dado que possa ser relevante. A ideia é reunir uma ampla série de dados,
de modo que elementos inusitados e improváveis comecem a justapor-se entre si.

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Criatividade e Inovação
Unidade II

Nossa grande dificuldade nesta fase é que somos induzidos a ficarmos


somente na superfície, o que dificulta aprofundar nas várias facetas de um problema.
As pessoas muitas vezes fracassam não porque os problemas sejam insolúveis, mas
porque elas desistem antes do tempo.
- Incubação: etapa na qual se deve digerir o que reuniu na fase de
preparação. Esta fase é mais de um trabalho na fase mais passiva, boa parte pode
acontecer fora de sua consciência atenta, acontece no inconsciente. Como se
estivesse dormindo sobre o problema. A resposta a algum questionamento pode
chegar em sonho, no momento de sonolência que antecede o sono profundo, ou
quando se desperta pela manhã.
- Devaneios: são sonhos acordados que ajudam o pensamento criativo.
Todo momento de devaneio é útil para o processo criativo, um banho, uma longa
viagem de carro, um passeio tranquilo. Após passar pelas duas fases anteriores, no
momento em que está dormindo sobre o problema, os devaneios podem ser
excelentes na elaboração da solução de algum problema. Alguns exemplos com o
Grant Wood, pintor que dizia: “Todas as ideias realmente boas que tive me
vieram quando eu estava ordenhando vaca”.

Figura 02: Pintura de Grant Wood

Fonte: http://www.nunet.com.mx

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Criatividade e Inovação
Unidade II

A todo momento nossa mente está ocupada e controlada pelos outros. Na


escola, no trabalho, diante do televisor, há sempre uma mente alheia vigiando
nossos pensamentos. Sair disto é importante.

Outro exemplo de devaneio foi o caso de Friedrich


Kekulé para descobrir a estrutura do benzeno, maior
lacuna que existia na química orgânica, contou que
após passar o dia todo pensando sobre o assunto,
decidiu relaxar em frente a uma lareira. Caiu em
devaneio e meio adormecido começou a ver as
fagulhas serpenteando no ar. De repente elas
formavam um círculo que girava, como uma cobra
que mordia sua própria cauda. Acordou com uma
imagem nova e precisa da estrutura do benzeno.

Figura 03: Friedrich Kekulé

Fonte: http://www.brasilescola.com

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Criatividade e Inovação
Unidade II

- Iluminação: a imersão e o devaneio conduzem a iluminação que seria a


solução do problema. Fase que merece toda glória e atenção. É o momento
longamente desejado e ardentemente perseguido, a sensação do “é isto”. “Eureka”
de Arquimedes.

Figura 04: “ Eureka” de Arquimedes

Fonte: http://curiosidades.batanga.com

- Tradução: o ato criativo só se concretiza quando pegamos a ideia e a


transformamos em ação. Traduzir a iluminação em realidade torna a ideia muito
mais que um pensamento fugaz, torna-a útil para nós e para os outros.
Para Thomas Alvas Edison, inventor da lâmpada elétrica, um inventor talvez
descubra que a maior parte de seu trabalho é gasta na preparação e execução, 99%
de um gênio são transpiração e não inspiração.

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Criatividade e Inovação
Unidade II

Figura 05: Thomas Alvas Edison

Fonte: www.biography.com

PENSE. Na solução de seus problemas você segue


alguma das sequências apresentadas?

Após as fases do desenvolvimento do pensamento criativo, Goleman


identifica as múltiplas fases da criatividade, que para ela são as seguintes:
- Ideias revolucionárias: conceito de engenharia genética, teoria da
relatividade.
- Gestos criativos: assistência aos portadores do vírus da AIDS e usuários
de drogas, a estratégia de não violência de Gandhi.

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Criatividade e Inovação
Unidade II

Figura 06: Gandhi

Fonte: http://www.history.com
Unidade II
- Grandes visões de esperança que apontam para o caminho para os outros,
como a declaração dos Direitos do Homem, o sermão “ Eu tenho um sonho” de
Martin Luther King.

Figura 07: Martin Luther King

Fonte: http://www.biography.com/

- Ideias brilhantes que nos tiram de problemas, como um horário para fazer
uma atividade física, ou se alimentar melhor no nosso dia a dia.

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Criatividade e Inovação
Unidade II

PENSE. Quais ideias brilhantes você teve nestes


últimos meses para melhorar seu cotidiano?

De um modo geral ser criativo significa fazer uma coisa antes de tudo
incomum. Muito da criatividade ocorre de forma anonimamente, nos momentos de
privacidade. Todo ato criativo destinado a causar maior impacto precisa de um
público apropriado.
Ao discutirmos criatividade uma questão recorrente é a da busca de
oportunidades inovadoras, para muitos dos estudiosos a criatividade é consequência
da inquietação humana, é decorrente da busca pelo progresso econômico e bem-
estar social.
Vários exemplos podem elucidar essas teorias apresentadas. Exemplos de
pessoas que simplesmente conseguem fazer diferente. Tentando elucidar sobre este
assunto encontrei um artigo de 2012 sobre uma inovação social da Samarco,
lembram-se daquela mineradora que teve uma represa rompida? O artigo se intitula
“Taboa Lagoa: um Caso de Inovação e Desenvolvimento Sustentável da Samarco
Mineração S. a”, ou seja, um trabalho social que a empresa executava. E, anos
depois, a mesma empresa causa um acidente ambiental sem precedentes. Seria o
reverso da moeda, fica aí uma questão a ser pensada.
Mas neste caso de uma inovação que trate do bem-estar da população seria
uma inovação social. No site da 3M tem uma definição de inovação social, vamos a
ela:
São estratégias, conceitos e ideias que atendem às
necessidades sociais e fortalecem a sociedade civil. De
acordo com a Stanford Social Innovation Review, uma das
publicações mais conhecidas sobre o tema, "Inovação Social é
uma nova solução para um antigo problema social. Uma
solução mais efetiva, eficiente, sustentável ou justa que as
soluções existentes, e que, prioritariamente, possa gerar valor
para a sociedade como um todo ao invés de beneficiar

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Criatividade e Inovação
Unidade II
apenas alguns indivíduos". Junto com as iniciativas dos
empreendedores sociais, muitas empresas também buscam
evoluir suas relações com seus clientes, desenvolvendo
estratégias mais inclusivas e criando inovações que permitem
oferecer Valor para públicos que antes não tinham acesso a
certos produtos e serviços. Em certos casos, conseguem ir
além, gerando renda nas comunidades e permitindo o
empoderamento de públicos dentro da cadeia de vendas
diretas, na oferta de microcrédito, entre outros.

Vamos a um exemplo, como o caso do indiano Arunachalam


Muruganantham que criou uma fábrica de absorventes higiênicos mais baratos.
Arunachalam para desenvolver sua invenção teve grande custo pessoal, ele quase
perdeu sua mulher, sua mãe e chegou a ser expulso de onde vivia.
"Tudo começou com a minha mulher", diz. Em 1998, ele era recém-casado
e seu mundo girava em torno de sua esposa, Shanthi, e sua mãe viúva. Um dia ele
viu que Shanthi estava escondendo alguma coisa dele. Ficou chocado ao descobrir
o que eram - "trapos asquerosos" que ela usava durante a menstruação. Quando
ele perguntou por que ela não usava absorventes higiênicos, ela disse que não
sobrariam recursos para comprar o leite. Muruganantham descobriu, então, que
quase nenhuma mulher nas aldeias vizinhas usava absorventes, menos de uma em
cada 10. Sua descoberta foi comprovada por uma pesquisa realizada em 2011 pela
AC Nielsen, encomendada pelo governo indiano, que constatou que apenas 12%
das mulheres em toda a Índia usavam o produto.
Aproximadamente 70% de todas as doenças reprodutivas na Índia são
causadas por falta de higiene menstrual - que também pode influenciar a
mortalidade materna.
O objetivo da Muruganantham era criar uma tecnologia amigável, fácil de
usar. O objetivo não era apenas aumentar o uso de absorventes higiênicos, mas
também o de criar empregos para as mulheres na área rural - mulheres como sua
mãe.

29
Criatividade e Inovação
Unidade II

Ele conseguiu seu objetivo e sua esposa ainda diz que ela não estava
completamente surpresa com o sucesso de seu marido. "Toda vez que conhece
algo novo, quer saber tudo sobre", diz ela. "E então quer fazer algo que ninguém
mais fez antes."

Figura 08: Muruganantham

Fonte: http://noticias.uol.com.br

Um outro caso interessante, agora no Brasil, foi o caso do brasileiro que


inventou uma lâmpada com garrafa pet. Alfredo Moser poderia ser considerado um
Thomas Edison dos dias de hoje, já que sua invenção também está iluminando o
mundo. Em 2002, o mecânico da cidade mineira de Uberaba, que fica a 475 km da
capital Belo Horizonte, teve o seu próprio momento de 'eureka' quando encontrou
a solução para iluminar a própria casa num dia de corte de energia. Para isso, ele
utilizou nada mais do que garrafas plásticas pet com água e uma pequena
quantidade de cloro.
Nos últimos dois anos, sua ideia já alcançou diversas partes do mundo e
deve atingir a marca de 1 milhão de casas utilizando a 'luz engarrafada'. O inventor
já instalou as garrafas de luz na casa de vizinhos e até no supermercado do bairro.
Ainda que ele ganhe apenas alguns reais instalando as lâmpadas, é possível ver pela
casa simples e pelo carro modelo 1974 que a invenção não o deixou rico. Apesar
disso, Moser aparenta ter orgulho da própria ideia.

30
Criatividade e Inovação
Unidade II

"Uma pessoa que eu conheço instalou as lâmpadas em casa e dentro de um


mês economizou dinheiro suficiente para comprar itens essenciais para o filho que
tinha acabado de nascer. Você pode imaginar?", comemora Moser.
Carmelinda, a esposa de Moser por 35 anos, diz que o marido sempre foi
muito bom para fazer coisas em casa, até mesmo para construir camas e mesas de
madeira de qualidade.

Figura 09: Moser

Fonte: http://www.bbc.co.uk

Citamos dois exemplos de pessoas preocupadas em criar para melhorar a


vida das pessoas, independente do retorno que possam ou não ter. Mas nem
sempre esta atitude é a que prevalece, o bem-estar da população.

PENSE. Será que toda criatividade e inovação é


utilizada para o bem-estar da população?

31
Criatividade e Inovação
Unidade II

2.2 A relação entre a criatividade e o processo de aprendizagem organizacional.


Agora vamos dar uma olhada em três autores e suas considerações sobre
Criatividade e Inovação, são eles Peter Drucker, Krishnarao Prahalad e José Cláudio
Cyrineu Terra. Drucker falando sobre a Criatividade e Inovação como uma nova
tecnologia, Prahalad sobre a necessidade de questionar as tendências do mercado e
Terra sobre o recurso do conhecimento.
A “Nova Tecnologia” não é a Eletrônica, a Genética ou os novos materiais,
é na verdade a Administração Empreendedora de acordo com Drucker (1987).
Para muitos economistas o “empreender” é algo que influencia profundamente a
economia, mas sem fazer parte dela. Já para outros estudiosos, principalmente os
oriundos das ciências comportamentais, as razões do “empreender” estariam nas
mudanças em valores, percepções, atitudes, na demografia, nas organizações e, nos
processos de educação.
Na Administração Empreendedora o melhor instrumento a ser usado é
Inovação, que tem como conceito o meio pelo qual os empreendedores exploram
as mudanças como oportunidades. Ela pode ser apreendida e praticada.

Figura 10: Drucker

Fonte: https://www.sbcoaching.com.br

32
Criatividade e Inovação
Unidade II

A prática do empreendedorismo está lastreada numa teoria da economia e


da sociedade. Esta teoria considera as mudanças como necessárias e saudáveis, ou
seja, a prática do empreendedorismo é uma forma de dissensão, que considera que
o empreendedor perturba e desorganiza. Joseph Schumpeter reforça esta tese
quando da criação do conceito de “destruição criativa”. De acordo com Diercio
Ferreira do portal “Consultoria Econômica”:

Sem dúvidas que Joseph Schumpeter foi dos maiores


Economistas e pensadores políticos do século 20. Joseph
Schumpeter é muito reconhecido por sua teoria que visa
explicar as atividades que levam aos ciclos de expansão e
retração do sistema Capitalista. A Teoria Schumpeteriana
derivada dos ciclos longos de Kondratieff e tem como foco
as inovações empresariais e seu papel como o principal
indutor do crescimento econômico.

É próprio do sistema capitalista destruir incessantemente velhos modelos e


substituí-los por novos. Esse ininterrupto processo constitui o que Schumpeter
chama de destruição criativa. Quando as inovações são mais intensas em
determinado setor, ele se torna o setor líder da economia.

Figura 11: Schumpeter

Fonte: http://abdet.com.br

33
Criatividade e Inovação
Unidade II

Desfrutará de um período de prosperidade, até que sua proeminência seja


destruída e conquistada por outro. Tal movimento contínuo gera os chamados
ciclos econômicos, longas ondas de prosperidade em que o capitalismo atinge seu
pico. As ondas são seguidas de vales de estagnação e recessão.

Figura 12: Ciclos ou ondas de negócios

Fonte: Livro Criatividade e Inovação

Na figura acima estão ilustradas as ondas de negócios apontadas por


Schumpeter. No seu modelo, para sua época, existiam somente três ondas, o físico
e escritor Clemente Nóbrega prolongou suas ondas até nossa época.
Uma invenção é uma ideia, esboço ou modelo para um novo ou melhorado
artefato, produto, processo ou sistema. Uma inovação, no sentido econômico,
somente é completa quando há uma transação comercial envolvendo uma
invenção e assim gerando riqueza.
A inovação, não precisa ser técnica, não precisa sequer ser uma “coisa”.
Poucas inovações técnicas podem competir, em termos de impacto, com inovações
sociais, como o jornal, os seguros e os sites de busca como o Google. Inovação,
portanto, é um termo que se relaciona à economia ou sociedade.

34
Criatividade e Inovação
Unidade II

IMPORTANTE. A destruição criativa está mais


presente em nossa vida do que imaginamos.

Unidade II
Alguns exemplos de destruição criativa apontados pela revista Ensino
Superior, ano 19, número 212 de setembro de 2016:
Não faz tanto tempo assim, o lugar ideal para a compra de livros novos era
exclusivamente a livraria. Até surgir a Amazon. Quem precisava se deslocar com
automóvel particular terceirizado tinha como principal opção o taxi. Até aparecer o
Uber. A vontade de assistir a um filme na hora em que se desejasse era saciada por
meio de aluguéis nas vídeolocadoras. Até o advento do Netflix. A hospedagem em
viagens remetia quase que automaticamente aos quartos de hotéis. E eis que criam
a Airbnb.
O segundo pensador que estaremos discutindo é Krishnarao Prahalad um
influente pensador do mundo dos negócios. De origem indiana que estudou e
morou nos Estados Unidos, porém nunca se desligou da Índia e tomando seus pais
como exemplo acreditava erradicar a pobreza através de estratégias de negócios.
Ele costumava dizer que a Índia conseguiria ganhar sua liberdade, através do
empreendedorismo.

Figura 13: Krishnarao Prahalad

Fonte: nestgenerationbop.com

35
Criatividade e Inovação
Unidade II

Prahalad (1995) afirma existir uma verdade substancial: o futuro pertence


não aos que possuem uma bola de cristal, mas sim aos que estão dispostos a
questionar as tendências e os preconceitos do “deixa estar, para ver como é que
fica”. O futuro pertence mais aos heterodoxos do que aos prognosticadores, mais
ao movimento do que ao irrealismo. A meta não é prever o futuro, mas sim,
imaginar um futuro possibilitado pelas mudanças na tecnologia, no estilo de vida, no
estilo de trabalho, nas regulamentações, na geopolítica global e em outras áreas. E
existem tantos outros futuros viáveis quanto existem empresas inovadoras capazes
de entender profundamente a dinâmica em ação atualmente, e que oferecem
oportunidades de se tornarem criadoras do novo. Pois o futuro não é o que
acontecerá, é o que está acontecendo.
Prahalad, considera que as bases para o sucesso obtido no passado foram
abaladas e fragmentadas quando, na maioria dos casos, a topografia do setor
mudou mais rápido do que a capacidade da alta gerência de reformular suas
crenças e premissas básicas sobre que mercados deveria servir, que tecnologias
deveria dominar, que clientes deveria atender e como obter o melhor desempenho
dos funcionários.
José Cláudio Cyrineu Terra (2000), nosso terceiro autor estudado, afirma
que o recurso “conhecimento” precisa ser constantemente realimentado, renovado
e reinventado. Caso contrário, posições e vantagens adquiridas são rapidamente
perdidas para novos e velhos competidores mais inovadores, criativos e eficientes.
A gestão do conhecimento está, dessa maneira, intrinsecamente ligada à
capacidade de empresas em utilizarem e combinarem várias fontes e tipos de
conhecimento organizacional para desenvolverem competências específicas e
capacidade inovadora, que se traduzem, permanentemente, em novos produtos,
processos, sistemas gerenciais e liderança de mercado.
Esse novo paradigma, porém, esbarra em uma visão bastante conservadora
do empresariado brasileiro. Esta cultura se manifesta no baixo investimento em
Pesquisa e Desenvolvimento (P&D), no pequeno número de patentes e na
importação de máquinas e tecnologia.
A vantagem sustentável de longo prazo ocorre quando a empresa tem a
capacidade de inovar. Porém, a inovação não é fácil, pois o seu sucesso não é
garantido e há a necessidade de aprendizado organizacional.

36
Criatividade e Inovação
Unidade II

Algumas barreiras à inovação em empresas e organizações são bem


conhecidas: falta de competências, existência de processos arraigados, falta de
disciplina, excesso de trabalho e ausência de recursos.

Figura 14: Jose Claudio Cyrineu Terra

Fonte: http://www.rioinfo.com.br

CONCLUSÃO. O pensamento criativo tem uma


sequência lógica para se formar e não surge do
nada, como um estalo momentâneo.

37
Criatividade e Inovação
Unidade III – Análise dos

III significados e tipos de


Inovação.

Objetivos da Unidade

 Analisar o que significa Inovação e quais são seus tipos.

Plano de Estudos

 Ciclo 03
 Atividade Teste
 Título: Cultura e Gestão da Inovação

38
Criatividade e Inovação
Unidade III

3.1 Conceitos básicos de inovação

PENSE. Será que Criatividade e Inovação são


sinônimos?

O site Blog de Impacto nos dá uma ideia da resposta ao questionamento:

Criatividade está relacionada com o nosso potencial de gerar


novas ideias. Ideias podem se apresentar de diversas formas,
podem ser apenas o pensamento na cabeça de uma pessoa,
podem ser verbalizadas, escritas, podem ser tangibilizadas em
coisas que podemos tocar e experimentar. Porém,
criatividade é algo subjetivo, e portanto, difícil de ser
mensurado. Já a inovação é totalmente mensurável. Há quem
diga que: “Inovação é quando a criatividade emite nota
fiscal.” Nós preferimos a definição de que inovação é quando
a criatividade gera valor, pois a palavra valor possui um
significado mais amplo, podendo estar relacionada com
qualquer tipo de resultado positivo, fruto de uma inovação.
(disponível: http://blog.impacthub.com.br/qual-e-a-diferenca-entre-criatividade-e-inovacao/
acesso em: 25_10_2016)

O conceito de inovação é bastante variado, a grande maioria das definições


estão ligadas a área de negócios. A inovação pode ser pessoal, em grupo, isto é, um
processo social, mas com destino a desenvolver novos produtos ou mesmo
processos de produção.
Um primeiro conceito é o do site “Inventta Where Innovation Lives”, que
considera que a inovação é a exploração com sucesso de novas ideias. O sucesso
para as empresas, significa aumento de faturamento acesso a novos mercados,
aumento das margens de lucro entre outros benefícios.

39
Criatividade e Inovação
Unidade III

Partindo do dicionário temos que inovação é o ato ou efeito de inovar.


Inovar é introduzir novidade, introduzir novos processos, conceitos e métodos.
Do ponto de vista legal, a Lei de Inovação (Lei Federal 10.973/2002) define
inovação como:

"introdução de novidade ou aperfeiçoamento no ambiente


produtivo ou social que resulte em novos produtos,
processos ou serviços" (art. 2o. inc. IV) [2]

Fuck (2011) citando Schumpeter, acrescenta:

“o impulso fundamental que inicia e mantém o movimento


da máquina capitalista decorre de novos bens de consumo,
dos novos métodos de produção ou transporte, dos novos
mercados, das novas formas de organização industrial que a
empresa capitalista cria”

Nova ideia, método ou dispositivo. Obviamente a ideia de introduzir algo


novo é vital para que se dê a inovação, mas que pode ser inédito ou não.
Para o governo inglês a inovação é definida como uma exploração bem-
sucedida de ideias novas. Uma nova ideia só se torna inovação quando sua
aplicação é bem-sucedida.
David Archibald explica o que é inovação e o que é criatividade através de
fórmulas, onde criatividade é:

Criatividade = ideia + ação

Nesse primeiro momento a ideia é somente um começo do trabalho


criativo. Existe a necessidade da ação para que se torne uma inovação.

Inovação = criatividade + produtividade

40
Criatividade e Inovação
Unidade III

Uma vez que a ideia se torna uma inovação é necessário que ela se torne
produtiva, através da persistência. Introduzindo novos produtos e processos. Isso
tudo com eficiência. A inovação precisa ser útil. É a introdução dessa nova ideia e
sua utilidade que definirá se é uma inovação ou não.

Inovação = ideia + ação + produtividade

Para o IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística define inovação


como implementação de produtos, bens e serviços, ou processos tecnologicamente
novos ou substancialmente aprimorados. A implementação ocorre quando o
produto é introduzido no mercado ou quando passa a ser operado por uma
empresa. Novamente constatando a existência da implementação para que possa
ser uma inovação.
Uma nova definição é a que destaca inovação como sendo a conversão de
um novo conhecimento em benefícios econômicos e sociais. O conhecimento deve
vir “ a priori” para que haja uma inovação, como um pré-requisito para
transformar uma ideia em uma inovação. Lembrando que o termo social aqui citado
não está desvinculado da questão financeira.

Figura 01: Criatividade e Inovação

Fonte: Design Unis EaD

41
Criatividade e Inovação
Unidade III

Somente concluindo, a inovação está associada à aplicação da criatividade


nos processos industriais e mesmo sociais. A invenção é a criação do novo. Pode
ser um novo produto ou uma nova forma de produzir. Nem sempre uma invenção
será posta em uso, pois ela deve ser submetida ao econômico. Uma inovação é a
aplicação de uma invenção que seja economicamente viável.

PENSE. Será que nós brasileiros somos criativos ou


inovadores?

Um questionamento que se faz nas organizações e para nós brasileiros de


um modo geral. Somos sempre identificados como criativos, o bom jeitinho, me
refiro ao bom e não ao “levar vantagem em tudo”. Mas esse bom jeitinho que
consegue solucionar problemas o tempo todo, isso nos faz muito criativos, mas
quando se fala em inovação a situação muda. Como citado no site Blog de Impacto:

Nas palavras de Theodore Levitt: “O que normalmente falta


nas organizações não é a criatividade, do ponto de vista de
geração de ideias, mas sim a inovação, do ponto de vista de
ação e produção, isto é, colocar as ideias para trabalhar.”

EXEMPLO. Segue um exemplo de uma pessoa


criativa e inovadora.
http://revistagalileu.globo.com/Revista/Common/0,,E
MI306627-17770,00-
MENINO+DE+ANOS+CRIA+UM+SENSOR+QU
E+IDENTIFICA+O+CANCER.html

42
Criatividade e Inovação
Unidade III

Um exemplo, retirado da Revista Galileu de inovação que pode trazer bem-


estar social é a inovação criada por um jovem de 15 anos, ele criou um teste que
detecta três tipos de câncer em cinco minutos. Apesar de jovem ele tem muito a
ensinar, Jack Andraka é responsável pela invenção de um detector de câncer. O
sensor é feito de papel e identifica três tipos de câncer: pâncreas, ovário e pulmão.
O método descobre o câncer de pâncreas de forma até 168 vezes mais
rápida que os aparelhos usados atualmente. Além disso, fornece resultados 90%
mais precisos, 400 vezes mais sensíveis e 26 mil vezes mais baratos do que os
métodos atuais. O custo é de três centavos de dólar e o resultado chega em
menos de cinco minutos.
O sensor criado pelo adolescente pode testar urina ou sangue e, se o
resultado for positivo para a proteína mesotelina, indica que o paciente tem câncer
no pâncreas. A tira de papel utilizada, muda conforme a quantidade da proteína no
sangue e isso pode, de acordo com Andraka, detectar o câncer antes mesmo dele
se tornar invasivo.
Ele foi o ganhador da edição do ano de 2012 do Prêmio Gordon E. Moore,
o maior da Intel Internacional Science and Engineering Fair. Andraka foi premiado
com $70.000. Ele pretende estudar para se tornar um patologista. Enquanto isso,
ele planeja iniciar testes clínicos com o sensor e colocá-lo no mercado em dez anos.

Figura 02: Jack Andraka

Fonte: http://revistagalileu.globo.com

43
Criatividade e Inovação
Unidade III

3.2 Tipos de inovação


Após enunciarmos a definição de inovação, nos vem à mente um
questionamento. Será que toda inovação é igual? existem critérios de identificação
de inovações? Vamos tentar sanar estas dúvidas com relação a inovação.
Várias são as formas de classificar as inovações de acordo com o grau de
impacto que provocam. A primeira classificação é aquela de acordo com a área do
negócio impactado, podendo ser inovação tecnológica e não tecnológica. Essa
classificação foi realizada no livro Criatividade e Inovação (2011) e baseada a partir
do Manual Oslo, uma Proposta de Diretrizes para Coleta e Interpretação de Dados
sobre Inovação Tecnológica, cujo objetivo é orientar e padronizar
conceitos, metodologias e construção de estatísticas e indicadores de pesquisa de
P&D de países industrializados.

Figura 03: Manual Oslo

Fonte: http://www.keepeek.com

44
Criatividade e Inovação
Unidade III

A inovação tecnológica é formada pela inovação de produto, que é a


introdução de um bem ou serviço novo ou significativamente melhorado levando
em consideração suas características e usos. E inovação de processo com a
introdução de um método de produção ou distribuição novo ou significativamente
melhorado.

Fuck (2011) identifica inovação tecnológica como:

Considera-se que uma inovação tecnológica de


produto/serviço ou processo tenha sido implementada se a
mesma tiver sido introduzida no mercado (inovação de
produto), ou utilizada no processo de produção (inovação de
processo).

Dentro desta concepção poderíamos citar uma inovação tecnológica, na


categoria inovação de produto o jato ERJ 145 da empresa Embraer, cuja capacidade
é de 50 lugares.

Figura 04: Jato ERJ I 145

Fonte: http://www.centrohistoricoembraer.com.br

45
Criatividade e Inovação
Unidade III

De acordo com citação do próprio site da empresa o sucesso da aeronave


transformou o ERJ 145 em símbolo de uma nova Embraer, pautada pela gestão
integrada de inteligência de mercado, projeto, produção e suporte pós-venda, o
que a recolocou entre as principais indústrias mundiais do setor.

Outra forma de inovação tecnológica é a inovação de processo, como


destaque podemos citar a presença da robotização na linha de fabricação de
automóveis. Muitas evoluções ocorreram nestas linhas, desde o fordismo Quem
não se lembra dos Tempos Modernos de Charles Chaplin?

Figura 04: Tempos Modernos

Fonte: Domínio Público

PENSE. Será que as empresas mudaram muito com


a robotização, e os empregos são os mesmos de
antes dela?

46
Criatividade e Inovação
Unidade III

Inovação não tecnológica formada pela inovação de marketing, com a


implementação de um novo método de marketing com mudanças significativas na
concepção de produto ou na sua embalagem, no posicionamento de seu produto,
na sua promoção ou na fixação de seu preço. Inovação organizacional com a
implementação de novos métodos organizacionais nas práticas de negócios da
empresa, na organização do seu local de trabalho ou em suas relações externas.

Visando as melhorias do desempenho da empresa. Em alguns locais essa


inovação é conhecida como inovação de negócio.

EXEMPLO. Um exemplo mais clássico de inovação


não tecnológica está o caso das sandálias havaianas.
Veja com Fuck(2011) coloca esse caso.

As inovações mercadológicas (também chamadas de marketing)


envolvem a implementação de um novo método de marketing, com
mudanças significativas na aparência do produto ou em sua
embalagem, no posicionamento do produto, em sua promoção ou
na fixação de preços (OECD, 2006). Um bom exemplo que ilustra
uma típica inovação de natureza mercadológica é o das sandálias
Havaianas, produzidas pela empresa Alpargatas. De produto
originalmente concebido para o mercado de baixo preço, a empresa
passou a desenvolver um posicionamento diferenciado do produto
no mercado associando as sandálias a artigo de moda utilizado por
celebridades. Atualmente a sandália Havaiana é reconhecida como
uma marca premium por seu estilo e qualidade, embora a empresa
também mantenha sua linha tradicional de sandálias. Ou seja,
estratégias inovadoras podem andar “lado a lado” com estratégias
convencionais.
Nas inovações de processo, destacamos a presença da robotização
na linha de fabricação de automóveis. Aliás, a evolução histórica da
indústria automobilística é intensiva em exemplos de inovações de
processo, com destaque para as linhas de produção características
do fordismo desenvolvidas nas primeiras décadas do início do século
XX.
47
Criatividade e Inovação
Unidade III

Figura 05: Empreendedores

Fonte: http://www.empreendedoresweb.com.br

Segundo site EmpreendedoresWeb, acessado em 16 de outubro de 2016,


o investimento inicial de uma franquia das havaianas é de:

O capital para abrir uma loja varia entre 250 mil a 400 mil,
dependendo da localização e do modelo de negócio que
você deseja montar. Já para a opção do quiosque, o
investimento necessário gira em torno de 50 mil reais. Além
desse investimento em estrutura, o franqueado Havaianas
também deverá pagar a taxa de franquia para usar a marca,
que tem um custo de 40 mil.

Ainda utilizando a classificação do livro Criatividade e Inovação (2011) outra


forma de classificar as inovações são através do impacto provocado. Sendo dividida
em inovação incremental e radical. Quem cunhou esses termos foi Schumpeter
em seu libro Business Cycles de 1939, no qual diferenciava os termos inovação
incremental e radical. O intuito da definição era explicar como tecnologias podem
criar ou destruir as ondas de prosperidade de um determinado setor.

48
Criatividade e Inovação
Unidade III

A inovação incremental se caracteriza por introduzir aperfeiçoamentos


graduais, em um produto, processo, ou prática de gestão. Também conhecida
como melhoria contínua dos processos e produtos. O site Na Pratica da Fundação
Estudar, define da seguinte forma:

A inovação incremental é uma melhoria em cima de outra


inovação. Também pode ser chamada de “inovação
marginal” ou “inovação de sustentação”. Para entender onde
está a inovação incremental, é só pensar nas diferenças entre
um Ford T de 1908 e o modelo mais recente da
Lamborghini. A principal tecnologia por trás dos dois carros é
essencialmente a mesma: um veículo com um motor de
combustão interna que pode ser dirigido por aí. O resto é
inovação incremental.

A inovação radical é a responsável pela introdução de novos produtos ou


serviços, processos ou práticas de gestão. Recorrendo novamente ao site Na Pratica
da Fundação Estudar, a definição de inovação radical, fica da seguinte forma:

Algo que é novo para o mercado e que traz uma grande


mudança tecnológica, estrutural ou operacional. Para o
instituto americano Radical Inovation Group, referência
mundial no assunto, a definição de inovação radical é a
seguinte: a criação de uma nova linha de negócios, tanto para
a firma quanto para o mercado, que ofereça de 5 a 10 vezes
mais melhorias na performance ou de 30% a 50% (ou mais)
de redução nos custos

49
Criatividade e Inovação
Unidade III

Segue um pequeno comparativo entre os dois tipos de inovação.


Inovações Incrementais Inovações Radicais
Motor 1.6 Motor comum
Motor 2.0 Motor flex
Videocassete de 4 cabeças Videocassete
De 5 cabeças DVD player
Hambúrguer Lanchonete comum
Hambúrguer com queijo Delivery
Fonte: Adaptado Criatividade e Inovação (2011)

Vamos para uma última forma de classificar as inovações, desta vez feita
baseada no material sobre Criatividade e Inovação da Universidade Interativa no qual
a inovação é classificada em radicais, incrementais, genéricas e pervagantes.
As inovações radicais são as que provocam mudanças de forma pronta e
imediata, representando uma ruptura na estrutura anterior. Elas provocam forte
impacto na sociedade e econômicas. Como exemplo a ser citado temos a máquina
a vapor ou o computador.
Inovações incrementais que produzem mudanças progressivas. Formas de
mudar sem alterar a estrutura, pressionadas, geralmente, por ações do mercado.
Enquadram-se nesse tipo de inovação as otimizações de processos.
Inovações genéricas são caracterizadas pela fusão de inovações radicais com
incrementais, como mudança de processos com o surgimento de novos setores.
Inovações pervagantes são as que reúnem características das três anteriores,
com uma ampla gama de aplicações.
Para terminar este capítulo deixo uma citação do dramaturgo, romancista,
contista, ensaísta e jornalista irlandês. Bernard Shaw:

50
Criatividade e Inovação
Unidade III

PENSE. “O homem razoável, adapta-se ao mundo


como ele é. O homem não razoável procura
transformar o mundo naquilo que ele acha que o
mundo deveria ser. Logo, todo o progresso
depende do homem não razoável”

CONCLUSÃO. O sucesso da inovação está


intimamente relacionado com o desempenho
financeiro. A inovação é o motor do crescimento
econômico. Também acarreta alargados benefícios
para a sociedade.

51
Criatividade e Inovação
IV Unidade IV – Cultura e
Gestão da Inovação

Objetivos da Unidade

 Compreender a necessidade do desenvolvimento da cultura de


inovação nos ambientes.

Plano de Estudos

 Ciclo 04
 Atividade Teste
 Título: Cultura e Gestão da Inovação

52
Criatividade e Inovação
Unidade IV

4.1 Cultura de inovação


Parece ser consenso da necessidade de se desenvolver uma cultura de
inovação no país e nas empresas. Porém, ainda restam dúvidas do que afinal seja
cultura de inovação. Neste capítulo será descrito este assunto levando em
consideração o aspecto interno e externo de uma organização.
Vamos começar nosso estudo pelo norte americano Edgar H. Schein, um
teórico sobre gestão, pioneiro no estudo sobre organizações e a cultura
organizacional:
...conceitua cultura como: Um padrão de premissas básicas
compartilhadas que o grupo aprendeu à medida que resolvia
seus problemas de adaptação externa e integração interna,
que funcionou suficientemente bem para ser considerada
válida e, portanto, para ser ensinada aos novos membros
como o meio correto de perceber, pensar e sentir em
relação àqueles problemas. (Schein, 1992)

Figura 01: Edgar H. Schein

Fonte: www.strategy-business.com

53
Criatividade e Inovação
Unidade IV

Para ele a cultura interna é o nome dado aos padrões de comportamento


explícitos e implícitos desenvolvidos ao longo do tempo. Para ele os elementos da
cultura organizacional são os comportamentos revelados no comportamento e na
interação entre as pessoas como padrões de linguagem, de tratamento e formação
de grupo. As normas que regem o grupo de trabalho. Os valores que regem a
organização, confiança e responsabilidade. A filosofia que embasa as políticas
organizacionais relacionadas a funcionários, cliente, acionistas etc. As regras de
comportamento para novos funcionários e as regras para galgar postos na
organização. O clima organizacional e a percepção que todos têm do ambiente de
trabalho.

EXEMPLO. Segue alguns exemplos de cases de


cultura organizacional retirados do site
Comunicando cultura organizacional, acesso em
19/10/2016

Case IBM

A IBM é uma multinacional focada na área de informática. Em 1991, adotou


uma postura “Market Driven Quality”, ou seja, seu objetivo principal era atender ao
mercado de maneira eficiente e com muita qualidade. Os colaboradores “vestiram
a camisa” e contribuíram para que a ação fosse um sucesso. Para a elaboração do
case, três princípios foram fundamentais: o respeito, a melhoria no serviço prestado
e a busca da excelência. Para motivar os funcionários, cada vez que eles
demonstrassem interesse, não só pela empresa, mas pela área em que atuavam,
eram elogiados em público. A partir disso, a empresa deu um passo a uma nova
fase, denominada “Nova IBM”.

54
Criatividade e Inovação
Unidade IV

Case GE

A General Electric – GE tem como princípios a melhora da qualidade de vida


por meio da inovação tecnológica, a honestidade e a integridade. Nota-se, então, a
necessidade de se adequar aos moldes de um mundo globalizado, sem que a
empresa perdesse sua ideologia central. Alguns novos valores, como sair da zona de
conforto – local em que a empresa se encontrava havia anos, a aceitação e
aplicação de boas ideias, a qualidade da prestação de serviços, a cooperação entre
as pessoas, a superação de obstáculos e barreiras encontradas e ser pioneira no
setor em que atua, foram implantados na GE. Para alcançar os resultados
esperados, investiu-se na gestão de talentos, no treinamento e desenvolvimento de
pessoas, em reuniões para gerenciamento de crises e soluções estratégicas. Todo o
processo foi divulgado aos funcionários e aos públicos por meio de ações da área
de comunicação.

Case Ambev

A Ambev é a Companhia de Bebidas das Américas. Ocupa a liderança no


mercado cervejeiro da América Latina. Após ser julgada e condenada por práticas
pouco ortodoxas de gestão de pessoas, em 2006, a empresa, além de melhorar as
práticas de gestão de pessoas, também captou novos talentos e valorizou os já
antigos. Foi criado o "Programa de Sucessores" para preparar pessoas para
determinados cargos, antes mesmo de assumi-los. Em 2007 foi criada a
Universidade Ambev, responsável pelo treinamento de 18 mil pessoas. Para que
todos as pessoas envolvidas com a Ambev pudessem se beneficiar das ações,
estabeleceram-se três princípios: um sonho para guiar e motivar a equipe em um
caminho único, a atração de novos talentos - e recursos para mantê-los na empresa
- e criando líderes. A Ambev foi eleita a melhor companhia no quesito
desenvolvimento e liderança apenas dois anos após a crise de 2006.

PESQUISE. Veja se encontra mais algum case de


empresas e suas culturas organizacionais

55
Criatividade e Inovação
Unidade IV

Segundo o portal da Educação, a cultura interna, ou cultura da organização,


é o sistema de valores existente em uma empresa e que influi sobre toda a sua
vida, inclusive as relações pessoais, marketing, atendimentos, sistemas
administrativos, controles, produção, etc. A cultura interna serve para mediar a
adesão dos funcionários, seu comprometimento e sua participação, subjetiva e
objetiva, nos processos necessários para que a empresa atinja as metas a que se
propõe. Por essas características e por sua amplitude, pode até mesmo ser
considerada como fazendo parte do marketing.
Após definirmos cultura interna, quais seriam os passos para criar um
ambiente inovador em uma determinada instituição?
Para o diretor da Siemens Ronald Dauscha a cultura da inovação é
caracterizada como a “ausência de comportamentos, regras e ambientes que
impeçam o desenvolvimento do ímpeto natural das pessoas em sugerir melhorias e
inovações, aliada a um conjunto de visões, procedimentos e recursos que
potencializem estas iniciativas”. Uma cultura da inovação só terá terreno fértil para
estabelecer processos alinhados, focados e contínuos se não existirem obstáculos
internos – muitas vezes ocultos - que possam barrar, de saída, fantásticas ideias ou
sofisticadas visões estratégicas.

EXEMPLO. O portal mexxer.com publicou em


junho de 2013, de autoria
de Hugo Sousa, seis formas de criar uma cultura
de inovação. São elas:

- Seja intencional com intenção de inovar: qualquer ambiente de verdadeira


inovação deverá ter como objetivo primário a definição do que se pretende mudar.
É necessário a intenção e consciência das pretensões, e se essas pretensões passam
pela inovação, então que se crie uma missão e visão de acordo com essa vontade.

- Crie uma estrutura para o tempo não estruturado: a inovação necessita de


tempo para seu desenvolvimento, porém apagando fogo não se tem tempo para

56
Criatividade e Inovação
Unidade IV
inovar ou pensar no futuro. No sentido inverso deste panorama surgem empresas
como a 3M e a Google que dão aos colaboradores cerca de 10% do seu tempo de
trabalho para estes experimentarem novas ideias.

- Entre em cena e saia quando não for necessário: Um bom exemplo desta prática
é o tal tempo livre dado aos colaboradores de uma empresa. A sua entrada em
cena é representada pelo tempo livre que permite ao colaborador. A sua saída é
quando o funcionário decide o que vai fazer com esse tempo. De uma forma mais
generalista, esta ideia passa por dotar os seus colegas das melhores ferramentas,
aquelas que lhes permitam experimentar novas tecnologias, produtos e até
processos. É uma boa política. Agora saia de cena. Todos os envolvidos num
processo de inovação (atenção, um processo de inovação pode levar anos,
décadas) deverão ter uma estrutura e apoio suficiente que os ajude “a navegar na
incerta e explorar o processo criativo sem o sufocar,” diz Soren Kaplan, diretor da
consultoria InnovationPoint.

- Meça o que tem verdadeiro significado: Para muitas organizações, o problema não
passa por surgir com novas ideias. De fato, até podem ter uma mão cheia delas. O
problema surge quando se trata de medir o valor dessas ideias. O grande desafio da
inovação não é somente inovar – é inovar para criar impacto. A questão é: que
métricas deverão ser medidas?

- Dê recompensas que valham a pena e tenham valor: Para Kaplah, reconhecer o


sucesso é crítico, mas a maioria das empresas param por aí. Um prêmio anual para
o mais inovador não é suficiente para catalisar uma cultura de inovação. As
recompensas formais são boas a curto-prazo – mas não mantém as pessoas
altamente motivadas.

- Crie símbolos: “Os símbolos representam os valores fundamentais de uma


organização e eles surgem sobre muitas formas – declarações de valores, prêmios,
história de sucesso, flyers nos corredores, frases etc. Aqueles que criam símbolos de
inovação nas suas empresas estão a criar a cultura de inovação,” diz Kaplan.

57
Criatividade e Inovação
Unidade IV

CONCLUSÃO. É necessário se ter em mente que a


inovação não é mais do que ir buscar em vez de
esperar. Se as organizações não têm histórias que
transmitam os seus valores, então comecem a busca
voluntária e criem os seus próprios valores.

De acordo com Priscila Zuini, no portal Exame.com, implantar uma coisa


nova na empresa não significa que ela seja inovadora. “Inovação é diferente de
novidade. As pequenas empresas têm muita sede de buscar coisas novas. Inovação
é fruto de processos e nessas empresas eles nem sempre estão bem definidos”.
Para não confundir, lembre-se que inovação parte do princípio de que existe um
objetivo a ser alcançado. Para isso, existe um cronograma e pontos de checagem,
que definem a direção e a velocidade certas para chegar ao resultado esperado.

4.2 Gestão da inovação e mudanças.


Drucker apresenta as possíveis fontes de inovação em sua obra Inovação e
Espírito Empreendedor (1987).

Figura 02: Drucker

Fonte: www.admeorg.com

58
Criatividade e Inovação
Unidade IV

O autor cita a existência de sete diferentes fontes de inovação e, aborda


detalhadamente a origem de cada uma delas. Das sete fontes, as primeiras quatro
estão dentro das organizações (sejam elas públicas ou privadas). Elas são visíveis e
sintomáticas. Porém, elas são indicadores bastante confiáveis de mudanças que já
ocorreram ou que podem ser provocadas com um pequeno esforço. Essas quatro
fontes são: o inesperado, a incongruência, a inovação baseada na necessidade do
processo e mudança na estrutura do setor industrial ou na estrutura do mercado
que apanham a todos desprevenidos.
O segundo grupo de fontes para a oportunidade inovadora, um conjunto de
três delas, implica mudanças fora da empresa ou do setor, são elas: as mudanças
demográficas, mudanças em percepção, disposição e significado e conhecimento
novo, tanto científico como não científico.

1- A primeira fonte de inovação: O inesperado


Esta fonte de inovação tende a ser relegada a segundo plano nas
organizações, porém é uma rica oportunidade.
Sucesso inesperado: é um desafio para o julgamento das organizações, para
explorá-lo requer análises. Ele pode estar relacionado com comportamentos,
expectativas, e valores de um número substancial de consumidores. O sucesso
“inesperado” força as organizações aos questionamentos: “Que mudanças básicas
são apropriadas para definirmos nossos negócios? Nossos Mercados?” Se estes
questionamentos puderem ser respondidos pelas organizações, provavelmente
oportunidades recompensadoras e menos arriscadas serão geradas. O sucesso
inesperado é uma grande oportunidade, mas ele exige ser levado a sério pelas
organizações, exige seriedade e recursos.
Um exemplo desta situação é o caso da DuPont, que por 30 anos, se
restringiu a produzir munição e explosivos. Na década de 20 ela organizou seus
primeiros esforços de P&D em outras áreas, uma delas a de química de polímeros,
que foi impulsionada por um acidente ocorrido em um de seus laboratórios. A
partir daí a vocação para a produção de itens no mercado bélico perdeu
importância para os produtos químicos.

59
Criatividade e Inovação
Unidade IV

Figura 03: DuPont

Fonte: http://www.logweb.com.br/dupont-anuncia-novo-presidente-para-america-latina/

Fracasso inesperado: raramente são percebidos com sintomas de oportunidades.


Um considerável número de fracassos são, naturalmente, nada mais que erros, são
resultados de participação irrefletida ou incompetência, no projeto ou na execução.
Porém, se algo falha a despeito de ser cuidadosamente planejado, cuidadosamente
desenhado e conscienciosamente executado, o fracasso resultante, muitas vezes
revela oportunidades.

Evento externo inesperado: são eventos que acontecem fora da organização que
podem se tornar uma fonte de inovação. Uma condição para explorar o sucesso do
evento inesperado externo é que ele se enquadre no conhecimento e capacitação
do próprio negócio. O evento inesperado externo pode ser uma oportunidade
para aplicar a competência especializada já existente na empresa para uma nova
aplicação, uma que não altere a natureza do negócio.
Um exemplo de inesperado é apontado no site Endeavor Brasil, escrito por
André Rezende, acesso em 20 de outubro de 2016:

Tenho um exemplo na minha própria empresa para


apresentar: a Prática fabrica equipamentos para cozinhas
profissionais e de um certo tempo para cá vimos percebendo

60
Criatividade e Inovação
Unidade IV
uma venda cada vez maior para residências de alto padrão.
Este fato foi identificado como oportunidade e agora
cuidamos de adaptar produtos, serviços e canais de
distribuição para este novo grupo de clientes alvo. O fracasso
inesperado da instituição, ou de preferência do concorrente,
é um motivador para ir ao mercado, escutar e buscar
entender se há aí uma oportunidade escondida. O sucesso
das megalivrarias no Brasil, considerado um país de poucos
leitores, é um evento inesperado – será que estamos fazendo
as suposições certas sobre o nosso mercado e nossos
clientes?

2 - A segunda fonte de inovação: A incongruência


Uma incongruência é a mesma coisa que uma discrepância, uma dissonância,
entre o que é e o que “deveria ser” e entre o que é e o que é percebido pelos
outros. Ainda assim, uma incongruência é um sintoma de uma oportunidade para
inovar. Ela aponta uma “falha” latente.
Esta incongruência gera instabilidade capaz de despertar esforços de
pequena monta que poderão mover grandes massas e talvez ocasionar uma
reestruturação da configuração econômica ou social.
A incongruência é claramente perceptível às pessoas de dentro ou ligadas
ao setor, mercado ou processo.
Como exemplo de incongruência temos realidades econômicas
incongruentes. Se a demanda por um produto ou serviço está crescendo em ritmo
acelerado, seu desempenho econômico deverá acompanhar o mesmo ritmo. No
entanto, em função de fatores macroeconômicos isto pode não ocorrer. Uma
política de taxação, uma barreira fitossanitária, entre outras ações, são exemplos de
fatos geradores de oportunidades de inovação.
Sempre que indivíduos ou organizações interpretam mal a realidade, sempre
que eles partem de pressupostos errôneos, seus esforços mostram-se inúteis. Há,
então, uma incongruência que, mais uma vez, oferece oportunidade para a inovação
bem-sucedida para quem quer que a perceba e a explore.
Produtores e fornecedores quase sempre interpretam erroneamente o que
o cliente realmente compra. A reação do produtor e do fornecedor, em geral, é a

61
Criatividade e Inovação
Unidade IV
de se queixar que os fregueses são “irracionais” ou “não dispostos a pagar pela
qualidade”. Sempre que este tipo de queixa é ouvida, há razão para pressupor que
os valores e expectativas considerados pelos produtores ou fornecedores como
válidas são incongruentes com os valores e expectativas concretos de fregueses e
clientes. Há então razões para procurar uma oportunidade para inovação que seja
bem específica e tenha boa chance de sucesso.
A incongruência entre a realidade percebida e a realidade concreta muitas
vezes se evidencia por si mesma. Raramente esta incongruência sugere inovações
“heroicas”, a solução, geralmente, deve ser pequena e simples, localizada e
altamente específica.
Exemplo: teoricamente o ensino médio profissionalizante deveria qualificar as
pessoas para as atividades profissionais, tanto administrativas como técnicas. A
realidade no Brasil não confirma esta suposição e isto criou a oportunidade para o
surgimento dos cursos de tecnólogos, de curta duração e que complementam o
ensino médio, qualificando o jovem para o mercado de trabalho.

3 - A terceira fonte de inovação: A necessidade do processo


A necessidade aqui apresentada é bem específica, é a chamada “necessidade
de processo”, não é vaga ou geral, e sim bastante concreta.
Da mesma forma que o inesperado, ou a incongruência, ela existe dentro
de uma organização, setor ou serviço e, está concentrada na tarefa e não na
situação.
Ela sugere o aperfeiçoamento de um processo que já existe, substitui uma
ligação que esteja fraca, redesenha um antigo processo a partir do conhecimento
existente.
As incongruências e as mudanças demográficas podem ser as causas mais
comuns da necessidade do processo. As inovações bem-sucedidas baseadas na
necessidade do processo requerem cinco itens básicos.

62
Criatividade e Inovação
Unidade IV

uma definição
clara do objetivo; que as
especificações
um elo “fraco”, ou para a solução
“que falta”; possam ser
claramente
definidas;

Inovações percepção ampla


bem sucedidas de que “deve
um processo
baseadas na haver um modo
auto-suficiente;
necessidade melhor”, isto é,
do processo alta receptividade.

Existem, porém, três cuidados importantes (restrições):

Restrições

A necessidade
precisa ser Podemos até
A solução precisa
compreendida. Não mesmo entender
se adequar à
basta que seja um processo e
maneira como as
“sentida”. Caso ainda assim não
pessoas fazem o
contrário, não se possuir o
trabalho e querem
pode definir as conhecimento para
fazê-lo.
especificações para fazer o trabalho;
a solução;

63
Criatividade e Inovação
Unidade IV

As oportunidades para inovação, baseadas na necessidade do processo,


podem ser encontradas sistematicamente. Isto é que Edison fez pela eletricidade e
eletrônica. Porém, uma vez encontrada a necessidade do processo, ela precisa ser
validada em relação aos cinco critérios básicos apresentados antes. Então,
finalmente, a oportunidade de necessidade do processo precisa ser testada também
em relação às três restrições.

EXEMPLO. As pessoas precisam apanhar taxis e


os taxis precisam encontrar seus passageiros –
usar a internet e os smartphones para promover
este encontro é uma proposta de negócio já com
milhões de usuários, conquistados rapidamente.

4 - A quarta fonte de inovação: Estruturas da indústria e do mercado


As estruturas do setor industrial e do mercado, às vezes, duram por muitos
e muitos anos, e parecem ser estáveis. Quando na verdade, as estruturas industriais
e de mercado são bastante frágeis. Um pequeno arranhão e elas se desintegram,
muitas vezes rapidamente. Quando isso acontece, todos os membros da indústria
precisam agir. Continuar os negócios como antes é quase uma garantia de desastre
e pode condenar uma empresa à extinção. No mínimo, a empresa perderá sua
posição de liderança; e, uma vez perdida, essa liderança quase certamente jamais
será recuperada. Porém, uma mudança na estrutura do mercado ou da indústria
constitui também uma importante oportunidade para inovação.
Na estrutura industrial, a mudança demanda espírito empreendedor de cada
um dos membros do setor. Exige que cada um pergunte mais uma vez: “O que é o
nosso negócio?” E cada um dos membros precisará dar uma resposta diferente,
mas, acima de tudo, uma resposta nova a essa questão. A mudança na estrutura da
indústria oferece oportunidades bem visíveis e bem previsíveis para os que estão
fora dela, mas os que são do setor vêem essas mesmas mudanças principalmente
como ameaças. Os de fora que inovam podem, então, constituir um fator relevante

64
Criatividade e Inovação
Unidade IV
numa indústria ou área importante em pouco tempo e a um risco relativamente
baixo.
As inovações que exploram mudanças na estrutura da indústria são
particularmente eficazes se o setor e seus mercados são dominados por um grande
fabricante ou fornecedor, ou por muito poucos deles. Mesmo se não existir um
monopólio verdadeiro, esses grandes e dominantes produtores e fornecedores,
tendo sido por muito tempo bem-sucedidos e não desafiados, tendem a ser
arrogantes. Inicialmente, eles ignoram o novato como sendo insignificante, e até
mesmo um amador. Mas, mesmo quando o novato cresce em seu market share,
eles acham difícil se mobilizar para o contra-ataque.
As novas oportunidades de crescimento raramente se enquadram no modo
como a indústria tem “sempre” abordado o mercado, se organizado para ele, e
como o têm definido. O “inovador” nesta área, portanto, tem uma boa chance de
ser deixado em paz. Por algum tempo, as velhas empresas ou serviços ainda estarão
atendendo bem ao mercado. Elas provavelmente prestarão pouca atenção ao novo
desafio, seja tratando-o com condescendência ou ignorando-o de todo.
Com o declínio da inflação e maior dificuldade na mobilidade urbana
ressurgiu a lógica das lojas de vizinhança, que se tornaram objeto de investimento
mesmo para os grandes varejistas.

5 - A quinta fonte de inovação: Mudanças Demográficas


As mudanças demográficas podem ser definidas como mudanças na
população, em termos de grandeza, estrutura etária, composição, emprego, status
educacional e renda.
Na verdade, as mudanças demográficas tendem a ser tão rápidas, tão
abruptas e causam tanto impacto, quanto as dos tempos já passados. A crença
popular de que as populações passavam por transformações vagarosas no passado
é puro mito. As populações são inerentemente instáveis e sujeitas a mudanças
repentinas e pronunciadas. Essas variações não são apenas estonteantemente
repentinas, são muitas vezes misteriosas e desafiam explicações.
Um exemplo de mudanças demográficas, retirado do portal da BBC Brasil, é
o caso do aumento do número de idosos no Brasil. Amparado pela maior
expectativa de vida, o número de brasileiros acima de 65 anos deve praticamente
quadruplicar até 2060, confirmando a tendência de envelhecimento acelerado da

65
Criatividade e Inovação
Unidade IV
população já apontada por demógrafos. A estimativa faz parte de uma série de
projeções populacionais baseada no Censo de 2010 divulgadas nesta quinta-feira
pelo IBGE. Segundo o órgão, a população com essa faixa etária deve passar de 14,9
milhões (7,4% do total), em 2013, para 58,4 milhões (26,7% do total), em 2060.
Uma excelente fonte de inovação para todos os setores.
O que torna a mudança demográfica uma oportunidade tão
recompensadora para o empreendedor é, precisamente, o fato de ser negligenciada
pelos tomadores de decisão, quer sejam homens de negócios, administradores
públicos ou formuladores de políticas públicas. Todos ainda estão crentes de que a
demografia não muda, ou pelo menos, que não muda depressa.
É necessário, porém, mais do que analisar estatísticas, não há dúvidas de que
elas são o ponto de partida, mas é preciso sair a campo para ver e ouvir.

6 - A sexta fonte de inovação: Mudanças em Percepção


Quando ocorre a mudança de percepção, os fatos não mudam somente o
seu significado. Ele permanece sendo um fato. Muitas vezes ele não pode ser
quantificável; ou melhor dizendo, quando chegar a ser quantificado, já será
demasiado tarde para servir de oportunidade para inovação. Porém, ele não é algo
exótico ou intangível. É concreto: pode ser definido, testado e, acima de tudo
explorado.
Segundo Drucker (1987), executivos e administradores admitem o potencial
da inovação baseada na percepção. Eles tendem, porém, a esquivar-se dela por
“não ser prática”. Consideram que se baseia na percepção de um ente
incompreensível ou simplesmente excêntrico.
Não há nada mais perigoso do que ser prematuro ao explorar a mudança
na percepção. Em primeiro lugar, uma boa parte do que parece ser uma mudança
na percepção acaba sendo uma novidade de curta direção (uma moda), que
desaparece dentro de um ou dois anos. Mas, precisamente por haver tanta
incerteza em saber se a mudança na percepção é uma novidade passageira ou algo
permanente, e em quais são realmente as consequências, que a inovação baseada
na percepção deve começar pequena e ser bem específica.
Um exemplo desta fonte de inovação é apontado no site da Fundação
Dom Cabral, em 24 de julho de 2012. O planejamento das empresas em um
contexto de capitalismo sustentável deve considerar o longo prazo, ao pensar em

66
Criatividade e Inovação
Unidade IV
décadas, gerações ou até mesmo séculos à frente. Essa mudança se justifica com a
percepção de que os recursos naturais são cada vez mais escassos, ao mesmo
tempo em que a população do planeta chegará a 9 bilhões de pessoas até 2050.
Nesse cenário, a busca por soluções e alternativas que visem a diminuição dos
impactos negativos das atividades humanas é constante. As organizações que não
estiverem preparadas para lidar com os processos e produtos que surgirão com
este fim tendem a sucumbir, o que torna a visão de longuíssimo prazo central para
o sucesso das empresas.

7- A sétima fonte de inovação: Conhecimento Novo


A inovação baseada no conhecimento é segundo Drucker (1987) a
“superestrela” do espírito empreendedor. Ela é o que as pessoas normalmente
querem dizer quando falam sobre inovação.
Dentre as inovações que fizeram história, as inovações baseadas no
conhecimento sobressaem-se bastante. O conhecimento, contudo, não é
necessariamente científico ou técnico.
Geralmente, as inovações baseadas no conhecimento são temperamentais,
caprichosas e de difícil controle.
As inovações baseadas em conhecimento possuem o mais longo tempo de
espera de todas as inovações. Existe primeiro, um longo espaço de tempo, entre o
aparecimento do novo conhecimento e ele se tornar aplicável.
Desta inovação temos vários exemplos que trouxeram grandes avanços a
população.
As inovações baseadas em conhecimento raramente se baseiam em um só
fator, mas sim na convergência de vários tipos de conhecimento nem todos eles
científicos ou tecnológicos.

CONCLUSÃO. Foram apresentadas algumas fontes


de inovação, não significa que são as únicas.

67
Criatividade e Inovação
V
Unidade V – Gestão do
Conhecimento e as Barreiras à
Criatividade e Inovação

Objetivos da Unidade

 Identificar a relação entre a gestão do conhecimento e as


barreiras à criatividade e inovação

Plano de Estudos

 Ciclo 05
 Atividade Teste
 Título: Gestão do Conhecimento e as Barreiras à Criatividade e
Inovação

68
Criatividade e Inovação
Unidade V

5.1 Cultura de inovação


De acordo com CARVALHO em sua dissertação de mestrado, desde os
primórdios da humanidade, que as mudanças e as inovações ocorrem com base em
um esquema que envolve o gerenciamento dos recursos, as ferramentas de suporte
a esse gerenciamento e o meio ambiente. Cada um desses fatores pode ser
visualizado tanto nas formas primitivas de produção – como, por exemplo, na
construção das pirâmides do Egito – como nos atuais modelos de gestão.
A sociedade mundial, atualmente está dependente da informação, isso
ocorre a partir da década de 90. Na Era Industrial, o capital e o trabalho eram os
fatores de produção mais importantes para qualquer organização e para o
desenvolvimento de qualquer nação. Na Era do Conhecimento, os cérebros –
representados pelo capital intelectual, as pessoas e a informação são os novos
fatores chaves para o cenário atual. CONTINI (2001) acrescenta:

O fim do século XX e início do XXI podem ser


caracterizados como épocas do do domínio da ciência e da
tecnologia, marcadas pelo avanço do conhecimento. O
resultado final desse amplo processo de inovação tecnológica
no mundo da ciência atinge a economia, a sociedade e as
formas de as pessoas viverem e se relacionarem.

O mundo está passando por uma transformação, a era industrial atingiu seu
auge na metade do século passado e começou a perder “fôlego” a partir da
consolidação dos computadores como ferramentas de processamento e
armazenamento de dados.
A Revolução Industrial acabou ocasionando a enorme expansão da classe
média e elevou o padrão de vida de todos; porém, inicialmente, na verdade ela
aumentou mais ainda a lacuna já grande entre ricos e pobres, da mesma forma que
a Revolução da Informação está fazendo hoje. Pouco após a Guerra da Secessão,
em 1869, os produtos agrícolas constituíam quase 40% do PIB norte-americano,
meio século depois após o final da Primeira Guerra Mundial, esse percentual havia
caído para 14% e ao final do século XX este índice estava em 1,4%.

69
Criatividade e Inovação
Unidade V

PESQUISE. Um pouco sobre a Revolução Industrial,


vai ajudar a entender sobre o desenvolvimento
industrial.

O setor industrial passa agora pela mesma situação que passou a agricultura,
em detrimento do setor de serviços. Mas, do mesmo modo em que a Revolução
Industrial não acabou com a agricultura, pois as pessoas precisam de alimentos
proveniente da agricultura, a Revolução da Informação não acabará com a indústria.
(Stewart, 1998). O autor CASTRO (2015) acrescenta a este fato o seguinte:

Tomando como referência os países desenvolvidos europeus


e os Estados Unidos, durante a revolução industrial no século
XVIII e XIX, a agricultura respondia por uma participação
elevada na economia e mão de obra, posteriormente a
indústria começa a ganhar espaço sobre a agricultura,
enxugando a mão de obra desta e elevando seus índices de
empregos.

A Era do Conhecimento se inicia com a criação do transistor, em 1948, que


é o ponto de partida para toda a revolução digital. A partir de então, pode-se dizer
que se está na terceira geração, a da informação; anteriormente já se passou a era
do hardware e do software.
Na era do hardware, o principal foco era a capacidade de processamento,
de memória. Na era do software, a busca era por programas cada vez mais
interativos e funcionais. Com o advento da Internet, o volume de informação
cresceu exponencialmente e faz-se necessário, cada vez mais, de ferramentas
inteligentes que filtrem, classifiquem, estabeleçam prioridades e gerenciem esse
grande volume de informações.

70
Criatividade e Inovação
Unidade V

Assim, na era do conhecimento, é essencial haver pessoas, cérebros, que


criem essas ferramentas, unindo os conhecimentos a respeito do hardware e do
software. LASTRES (1999) ilustra bem esta nova condição:

Esse novo papel da informação e do conhecimento nas


economias vem provocando modificações substantivas nas
relações, forma e conteúdo do trabalho, o qual assume um
caráter cada vez mais “informacional”, com implicações
significativas sobre o perfil do emprego.

A gestão das pessoas, ou do capital intelectual, é a principal forma de evoluir


o valor das empresas, visto que a grande dificuldade do momento em relação às
organizações é mensurar seus ativos intangíveis.
Para alguns autores a gestão do conhecimento é o processo sistemático de
identificação, criação, renovação e aplicação dos conceitos que são estratégicos na
vida de uma organização. É a administração dos ativos de conhecimento desta
organização.

SUGESTÃO DE LEITURA. Informação e


Globalização na era do conhecimento. De: Helena
Lastres e Sarita Albagli.
Disponível em:
http://www.liinc.ufrj.br/pt/attachments/055_saritalivro
.pdf

As bases competitivas das empresas provem do conhecimento e a inovação


é a forma para se alcançar a sustentabilidade. É evidente que estamos vivendo em
um ambiente cada vez mais turbulento, em que vantagens competitivas precisam
ser, permanentemente, reinventadas e setores de baixa intensidade em tecnologia e
conhecimento perdem, inexoravelmente, participação econômica (TERRA, 2000).

71
Criatividade e Inovação
Unidade V

A habilidade das organizações em aprender e inovar, por meio do


conhecimento, é uma fonte certa de vantagem competitiva durável.
A Gestão do Conhecimento está intrinsecamente ligada à capacidade das
empresas em utilizar e combinar as várias fontes e tipos de conhecimento
organizacional para desenvolverem competências específicas e capacidade
inovadora, que se traduzem, permanentemente, em novos produtos, processos,
sistemas gerenciais e liderança de mercado. (TERRA, 2000).
A criatividade sempre está por trás de um processo inovador. E para haver
inovação é necessário um ambiente propício ao seu desenvolvimento. A
criatividade deve ser estimulada para que as ideias novas e criativas resultantes
desta ação venham a ser aplicadas em uma etapa posterior. Considera-se a
inovação como a aplicação dessas ideias para a criação de algo novo, que tenha
algum valor relativo para a organização em que será implementada.

Figura 01: Criatividade

Fonte: CHIAVENATTO,1996

A criatividade e a inovação são intrínsecas ao conhecimento. Este determina


o nível de inovação da organização e pode ser tanto individual quanto
organizacional. Define-se conhecimento como o conjunto de crenças mantidas por
um indivíduo acerca de relações causais entre fenômenos.

72
Criatividade e Inovação
Unidade V

5.2 Barreiras à criatividade e inovação no ambiente de trabalho.


Ao longo de nosso guia procuramos trabalhar com a importância da
Criatividade e Inovação nas organizações. Para algumas a Criatividade e Inovação
encontram-se explicitas em suas estratégias, missões ou mesmo visão. Porém quase
sempre falta uma comprovação empírica no âmbito organizacional, a interação
entre valores, estratégias, pessoas, papéis, tecnologia e ambiente constitui um
processo extremamente complexo.
A criatividade e inovação poderiam ser influenciadas por inúmeras variáveis
e de diferentes formas. Uma mesma variável poderia tanto estimular quanto inibir a
manifestação da criatividade, dependendo de suas características, dos modos pelos
quais interage e do contexto em si.
É reconhecido que o potencial criativo da organização repousa na mente
dos seus membros. Desta forma, a expressão da criatividade organizacional estaria
sujeita a uma complexa relação, na qual interagem os indivíduos, os grupos e o
contexto de trabalho. Partindo desta premissa, as atitudes e os comportamentos
influenciam o contexto organizacional e são influenciados por ele. Com isso se
torna necessário entender como essa influência acontece no ambiente
organizacional.
Alguns autores como Alencar (2005) deixa claro que vários são os fatores
que influenciam no pensamento criativo. Ela aponta alguns como a intransigência,
autoritarismo, protecionismo e paternalismo, falta de integração entre os setores,
falta de apoio para colocar novas ideias em ação e falta de estímulos aos
funcionários. Entretanto, a criatividade seria potencializada em organizações cuja
cultura reconhecesse o potencial ilimitado dos seus recursos humanos, cultivasse a
harmonia do grupo, estabelecesse expectativas apropriadas, tolerasse as diferenças
e reconhecesse os esforços individuais.
As barreiras à criatividade estão relacionadas à estrutura das organizações
em que predominam as regras e a determinação do desempenho dos papéis e
funções. Um dos aspectos que torna a estrutura organizacional uma barreira à
criatividade é a existência de procedimentos rígidos e de comportamentos
padronizados por parte dos membros da organização. Tais elementos inibem o
potencial criador e fecham os canais que poderiam gerar situações inovadoras.

73
Criatividade e Inovação
Unidade V

Um autor que vai contestar bastante esta condição de barreiras à


criatividade é sociólogo Domenico de Masi. Segundo Domenico De Masi (1993), a
criatividade pode nos ajudar a criar um novo modo de competitividade. Ele acredita
que temos que recusar a concepção de competitividade como a destruição do
adversário. As empresas estavam acostumadas a competir com outras organizações
do mesmo país, falando o mesmo idioma, e agora tem competidores do mundo
todo.
Figura 02: Domenico de Masi

Fonte: vidaartedireitonoticias.blogspot.com

De acordo com a publicação Deborah Oliveira no site ITFORUM 365,


Domenico de Masi acrescenta:

Pergunte aos líderes o que eles esperam de seus times e a


primeira palavra que eles citam é criatividade. Mas o que
acontece na prática é que a cultura corporativa muitas vezes
não permite que seus funcionários façam além do esperado,
do que está dentro da zona de conforto, e tragam novas
ideias. E mesmo quando eles desenvolvem esse lado e algo
dá errado, são crucificados por não terem acertado. “Para ser
criativo, é preciso reduzir resistências”.

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Criatividade e Inovação
Unidade V

As empresas têm escassez de ideias. Não foram as empresas fabricantes de


máquinas de escrever mecânicas que inventaram as máquinas elétricas de escrever.
Tampouco foram estas que inventaram as máquinas eletrônicas. E não foram as
produtoras de válvulas que inventaram os transistores.
Mas, para que superemos este nosso estágio de desenvolvimento
organizacional que não contempla a criatividade, Masi propõe a revisão de alguns
paradoxos da organização empresarial:

Paradoxos da organização empresarial


O rendimento do trabalho intelectual não depende do local e
do número de horas, mas vamos todo dia trabalhar no mesmo
local e ali permanecemos o maior tempo possível;

A produção de ideias tem necessidade de autonomia e


liberdade; no entanto, as empresas são cada vez mais
burocráticas;

Os executivos, para serem orientados para o mercado, devem


conhecer bem o mundo a sua volta, mas eles ficam dentro do
escritório o dia todo;

Todos podem trabalhar um pouco menos. No entanto, os país


trabalham 12 horas por dia, enquanto os filhos estão
desempregados;

A cada dia, diminui a diferença entre os conhecimentos dos


chefes e dos subordinados, mas a diferença entre os salários é
cada vez maior;

Fonte: O autor

Para Masi, o mundo está se dividindo em três: o primeiro mundo é


constituído por países que querem produzir, sobretudo ideias, em universidades,
laboratórios de pesquisas e de estética, provedores e grandes bancos de dados.

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Criatividade e Inovação
Unidade V

Neles, o rendimento per capita é de aproximadamente 20 mil dólares por


ano e o custo de trabalho é de 24 dólares por hora.
Existe um segundo tipo de nações – como China, Brasil, Coréia do Sul,
Cingapura, Romênia, Bulgária e Hungria -, para onde os países de primeiro mundo
estão transferindo suas fábricas. Hoje, a chegada de uma fábrica não é mais sintoma
de desenvolvimento, mas de subdesenvolvimento. Elas são transferidas para onde o
trabalho é mais barato. Ele custa um dólar por hora na China, três na Coréia do Sul,
sete em Cingapura e dez dólares no Brasil. Um operário em Milão custa tanto
quanto 24 operários na China.
No terceiro mundo, os países são obrigados a vender a qualquer preço a
mão de obra, as matérias-primas, as bases militares e a subordinação política em
troca da sobrevivência.
O trabalho se transformou. Quando Marx escreveu o “Capital”, em meados
do século XIX, na cidade mais industrializada da Inglaterra, Manchester, 96% dos
trabalhadores faziam trabalhos manuais. Hoje, nos Estados Unidos, ele é feito por
apenas 33% da população.
Para Masi, assim como fizeram Taylor e Ford no início do século XX,
transformando completamente o trabalho artesanal e agrícola, ao inventar métodos
novos de organização industrial, temos que inventar totalmente a organização pós-
industrial, para isso necessitamos da criatividade.
Hoje sabemos como é feita uma mentalidade criativa. Sabemos que as
pessoas criativas têm muita curiosidade, grande desejo de inovação e um talento
múltiplo. Conseguem fazer muitas coisas belas, não se preocupam com a crítica
alheia, têm uma grande paixão pelo desafio, uma forte opinião de si próprios, uma
forte energia vital e grande tenacidade.
Se pessoas que possuem imaginação trabalharem juntas com pessoas
também imaginativas, acabamos criando grupos que nada criam. Se colocarmos
juntas, apenas pessoas concretas, vamos criar grupos burocráticos que também não
vão resolver nada.
É preciso que as empresas criem então grupos criativos unindo pessoas
imaginativas e concretas. Mas é fácil para essas pessoas trabalharem juntas? Não é
fácil. É necessário que haja algumas condições. Precisam ter, em primeiro lugar, uma

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Criatividade e Inovação
Unidade V

missão compartilhada; em segundo, um líder criativo; e em terceiro, trabalharem


com aquela modalidade que chamada, por Masi, de ócio criativo.

PESQUISE. Veja Domenico de Masi no Roda Viva.


https://gabrielgoulartvideomaker.blogspot.com.br/20
14/09/futuro-do-trabalho-e-ocio-criativo-domenico-
de-masi-no-roda-viva.html .

Ócio criativo não é preguiça nem significa não fazer nada. Há quem pense
que se não sofrermos, não é trabalho. Para incentivar a criatividade, é preciso ter
chefes não-burocráticos e que sejam capazes de criar um clima de entusiasmo, além
de disponibilidade, meios físicos e econômicos, grande abertura aos estímulos
externos e muita liberdade de ação. E opor-se a todos os paradoxos já
apresentados.
Masi ainda coloca que é preciso, em primeiro lugar, estimular bastante a
automação, que pode encarregar-se de todo trabalho físico tedioso e repetitivo,
deixando para os seres humanos o trabalho criativo. Em segundo lugar, contratar
mais mulheres, de modo que seja em número pelo menos igual ao dos homens. Em
terceiro, fazer com que as mulheres tenham a mesma possibilidade de carreira dos
homens, pois a natureza distribuiu de forma justa a inteligência.
É necessário treinar todos os colaboradores, desde o presidente até o último
funcionário, para a longevidade e o ócio criativo. É necessário dar-lhes a consciência
de que vivemos durante muitos anos e que o trabalho não é tudo. E que existe
uma grande diferença entre o trabalho manual, que pode ser interrompido em um
determinado momento, e o trabalho intelectual, que não para nunca.
Frequentemente, quando temos um problema na empresa, encontramos fora a
solução, sobretudo no momento em que estamos meio dormindo, meio
acordados.
Introduzir um pacto de gerações, entre adultos e jovens, para redistribuir o
trabalho, a riqueza, o conhecimento e o poder. Quando adultos trabalham doze

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Criatividade e Inovação
Unidade V

horas por dia e os jovens ficam desempregados, há uma enorme perda de


criatividade.
Atribuir um papel central à solidariedade que se contrapõe à competitividade
destrutiva.
Dar importância à ética e à estética. Os locais de trabalho devem ser belos e
diversificados.
Substituir o controle pela motivação. O trabalho físico pode ser controlado, o
intelectual, apenas motivado.
Eliminar nas empresas todas as atividades que não tenham um sentido. Muitos
de nós realizamos muitas coisas insensatas durante o dia. De acordo com Simão
Mairins (www.administradores.com), acesso em 21 de outubro de 2016:

"Os burocratas são os assassinos tristes dos alegres criativos".


Com essa pequena frase – tão cheia de efeito quanto de
significado – o sociólogo italiano Domenico de Masi nos
respondeu por que odeia tanto a burocracia. E é justamente
essa repulsa a base de boa parte de seu pensamento, que o
tornou uma das figuras de maior influência no mundo desde
os anos 1970, quando suas obras ganharam notoriedade.
Para Domenico, a burocracia gera trabalhos desnecessários,
os trabalhos desnecessários nos fazem trabalhar mais, e
trabalhando mais em atividades burocráticas temos menos
tempo para dedicar à atividade intelectual, para ele, o motor
que move o mundo (e nas próximas décadas moverá ainda
mais).

Domenico de Mais é bem categórico ao dizer que precisamos trabalhar menos


e com a criatividade e inovação ao nosso lado, para ele o homem deve trabalhar
mais com a cabeça que com a força dos músculos.

CONCLUSÃO. Neste capítulo trabalhamos com as


barreiras à Criatividade e Inovação e apresentamos
Domenico de Mais com suas ideias sobre o “Ócio
Criativo”.

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Criatividade e Inovação
Unidade V

Durante este guia acadêmico trabalhamos os


conceitos de Criatividade e Inovação e suas
implicações na gestão do Conhecimento. Espero
que tenha conseguido despertar em vocês o
interesse pelo assunto, que não se esgota somente
neste guia. Muito assunto tem disponível sobre ele
na internet e em vários livros das várias áreas que
enfocam estes temas.
Nossos desafios são grandes e gostaria de ter
atingido o objetivo da disciplina que é o de instigar
os alunos para a necessidade de se tornarem
criativos e inovadores, uma necessidade não só
pessoal, mas também para todo o país.

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Criatividade e Inovação
Refrência Bibliográfica
ALENCAR, E. M. L. S.; FLEITH, Denise de Souza. Criatividade pessoal: fatores
facilitadores e inibidores segundo estudantes de Engenharia. Magis. Revista
Internacional de Investigación en Educación, 2008, 1.1: 113-126.
BECKER, Maria Alice d’Avila et al. Estudo exploratório da conceitualização de
criatividade em estudantes universitários. Psicologia: Reflexão e crítica, v. 14, n. 3, p.
571-579, 2001.
CAVALCANTI, Joana. A criatividade no processo de humanização. 2006.
DE OLIVEIRA, Z. Fatores influentes no desenvolvimento do potencial criativo.
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GALVÃO, Marcelo. Criativa mente. Rio de Janeiro/RJ: Qualitymark, 1992.
GURGEL, Marcos F. Criatividade & Inovação: uma Proposta de Gestão da
Criatividade para o Desenvolvimento da Inovação [Rio de Janeiro]. 2006 X, 193 p.
29,7 cm (COPPE/UFRJ, M.Sc., Engenharia de Produção, 2006) Dissertação -
Universidade Federal do Rio de Janeiro, COPPE
PREDEBON, José. Criatividade: abrindo o lado inovador da mente. 8.ed. – São
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SAKAMOTO, Cleusa Kazue. Criatividade: uma visão integradora. Revista Psicologia-
Teoria e Prática, v. 2, n. 1, 2000.
WECHSLER, Solange Muglia. Criatividade e inovação no contexto brasileiro.
ANAIS–TRABALHOS COMPLETOS, p. 29, 2013

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Criatividade e Inovação

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