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Tema
03
02
CRIATIVIDADE
E INOVAÇÃO
EM AMBIENTES
COORPORATIVOS
Caro estudante, no tema 02, vamos
compreender como a criatividade e a inovação
acontecem nos ambientes coorporativos. De ma-
neira mais detalhada, vamos explicar como iden-
tificar uma personalidade criativa e quais carac-
terísticas estão presentes no comportamento de
pessoas criativas. Na sequência, estudaremos
sobre como a subjetividade está inerente ao pro-
cesso criativo e, depois, como o ambiente coor-
porativo pode ser um estímulo ou um bloqueio
para a criatividade e a inovação. Finalmente, va-
mos apresentar em que consiste uma inovação
tecnológica e suas preocupações com as novas
tecnologias e a sustentabilidade ambiental.
O conjunto de conteúdos aqui descritos
deverá ajudá-lo a perceber o potencial da cria-
tividade e da inovação aplicada ao crescimento
dos negócios e consequentemente da empresa.
2.1 A personalidade criativa e o comportamento
criativo
19 O conceito de paradigma apareceu pela primeira vez a partir da filosofia de Thomas Kuhn (1922-1996). Ao
estudar a prática dos cientistas, isto é como os cientistas constroem a ciência, percebeu que existia um meca-
nismo interno próprio que guiava todo o mecanismo de descoberta e chamou este arranjo de “paradigma”.
Para ele as ciências evoluem através de paradigmas.
“paradigmas são as realizações cientificas universalmente reconhecidas que, durante algum tempo, fornece
problemas e soluções modelares para uma comunidade de praticantes de uma ciência” (KUHN, 1991, p.13).
58 Criatividade e Inovação
Um indivíduo que seja ou queira se tornar criativo deve prestar atenção
à composição da sua personalidade. A personalidade é uma das dimensões que
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influenciam, de maneira positiva ou negativa, no processo criativo, por isso a
importância em saber reconhecer seus traços mais relevantes.
Quando mencionamos personalidade criativa estamos nos referindo
àquelas pessoas que obtém o reconhecimento da produção individual pela so-
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mas sociais de relação) e aparece como um mecanismo para re-
solver desafios e conflitos, o riso surge através de uma dinâmica
cerebral entre emoções e pensamentos opostos. Quando o cérebro
chega ao ápice da confusão e não encontra alternativa para solu-
cionar o impasse, rimos. É assim que buscamos a conciliação de
ideias contrárias. Assim muitas coisas criativas são engraçadas e
vice-versa.
60 Criatividade e Inovação
criatividade estaria no poder de síntese, a competência de combinar as informa-
ções para um resultado novo. Metaforicamente comparando, uma coisa é você
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conhecer as notas e saber ler partituras, outra coisa é você criar uma música.
De maneira mais imaginativa, a criatividade poderia ser vista como um
fluído que simultaneamente interage e influencia na capacidade cognitiva e na
personalidade do indivíduo.
21 Um dos responsáveis por construir o primeiro míssil balístico teleguiado para o regime nazista e,
anos depois se tornou o chefe da NASA . Foi considerado um dos 100 melhores homens do século XX
pela Revista Times. Ver mais em: <https://www.youtube.com/watch?v=SKw8mjOO5eg>.
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• o engajamento resultante das circunstâncias ocorre quando uma
pessoa que, antes se mostrava apática, de repente ao mudar de fun-
ção na empresa, se transforma em uma pessoa dinâmica e criativa.
A ação da criança que inventa uma nova brincadeira com seus compa-
nheiros, ou a de Einstein, que formula a teoria da relatividade, ou da
boa dona-de-casa que inventa um novo molho para o prato, são todas,
segundo a nossa definição, criativas, e não vale a pena que se a dis-
ponham em uma ordem hierárquica de maior ou menor criatividade
(ROGERS apud DE MASI, 2005, p. 26).
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que está também dentro da dimensão da autorrealização, não é consequência
direta da criatividade.
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Talvez seja possível que para algumas pessoas de sucesso a criatividade
nunca tenha sido requisitada, por conta da natureza do trabalho ou atividade
que desenvolvem. O sucesso está relacionado a outras qualificações que perfa-
zem o perfil do indivíduo, portanto, o sucesso pode ou não cruzar o caminho da
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Independentemente da ordem de prioridade, destacamos aqui o que
alguns especialistas em desenvolvimento humano apontam como habilidades
de comportamento promotoras da atitude criativa no ambiente de trabalho. São
elas:
1. Envolvimento e Responsabilidade: assumir compromissos
e tarefas de forma responsável e comprometida, tomando para si
aquilo que lhe é demandado. Transmitir segurança ao seu superior
ou subordinados, cumprindo prazos, reconhecendo erros e riscos e
pedindo ajuda quando necessário. Essas atitudes fazem do indiví-
duo uma pessoa de confiança e respeitável.
2. Proatividade e colaboração: não esperar ser solicitado, ante-
ver possíveis necessidades e saná-las antes de serem demandadas.
Auxiliar na execução de atividades como eventualmente atender ao
telefone, anotar recados mesmo que não sejam tarefas da sua com-
petência, transmitir conhecimentos e oferecer ajuda. Essas atitu-
des fazem o profissional se sobressair entre os demais e retornam
em reconhecimento de profissionalismo.
3. Empatia: saber se colocar no lugar do outro, respeitar os limites,
as dificuldades e as diferenças de cada um. Essas atitudes retornam
em forma de um clima ameno e amigável dentro da organização.
4. Equilíbrio Emocional: demonstrar afeição sem ser passional
nem emotivo em demasia, não replicar provocações e agir com
tranquilidade em situações adversas. Essas atitudes fazem o indiví-
duo ser reconhecido por sua sensatez e maturidade.
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doras afetam sua vida ou o seu trabalho. A criatividade ao mesmo tempo em que
revela novas perspectivas traz também a incerteza e o desconforto da mudança,
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ela rompe com o passado e nos tira da rotina.
Mais do que normalmente imaginamos existe uma tendência de nos
mantermos no domínio do terreno conhecido, confortável e seguro. Uma postu-
ra exageradamente conservadora interfere negativamente na aceitação ou mes-
22 Conhecida como PNL é um sistema desenvolvido nos anos 70 que reúne conhecimentos a respeito
do interesse em descrever e ensinar modelos comportamentais e linguísticos.
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ocorre é preciso ter em mente que se libertar da expectativa social faz parte da
atitude criativa. As regras e as normas sociais são fundamentais para organizar
e manter os indivíduos cientes de seus direitos e deveres, mas para abordar um
tema de uma maneira inovadora, muitas vezes precisaremos quebrar alguns pa-
radigmas.
Isso nos leva a pensar a respeito do sentido de identidade e indepen-
dência que está altamente correlacionado com o pensamento criativo, ao se con-
centrar ativamente em qualidades específicas e inerentes à própria pessoa, ao
invés de buscar qualidades conectadas às pessoas ao redor. Às vezes, é preciso
contrariar e desafiar um grupo e suas práticas vigentes para encontrar novas
soluções criativas para um determinado problema.
E, por fim, mas não menos importante evite as atitudes precipitadas. É
preciso entender as regras para depois quebrá-las. O conhecimento anterior, as
normas, o histórico do problema tudo deve ser levado em consideração. Se você
pretende criar um meio de transporte inovador comece por saber tudo que já foi
feito em relação a isso.
No próximo conteúdo, iremos entender como a subjetividade do indi-
víduo influência na criatividade e quais são os processos para a inovação.
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2.2 Criatividade e subjetividade. O processo de
inovação
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A subjetividade é um tema bastante complexo. Para dar seguimento aos
nossos estudos, sem nos determos nos aprofundamentos filosóficos sobre esse
tema, vamos partir de um conjunto de significados que nos oriente, no sentido
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As ideias resultantes da sensação são aquelas derivadas da experiência
sensorial dos indivíduos com os objetos físicos localizados no ambiente. Isto é, as
impressões são levadas para a reflexão através dos sentidos. No caso, esta função
cognitiva, como manancial de conceitos, estará dependente da experiência senso-
rial já que tem como base as impressões anteriormente percebidas pelos sentidos.
Dessas experiências, ao longo da vida, os indivíduos vão criando um
repertório de sensações que serão utilizadas como base para refletir todas as in-
formações recebidas. Durante o processo de reflexão23, os indivíduos resgatam
suas impressões passadas, combinando-as para formar subjetividades de nível
cada vez mais sofisticado.
A subjetividade pode ser reconhecida como o desenvolvimento da pró-
pria consciência, isto é, o auto reconhecimento dos seus desejos e esforços para
liberar seu potencial criativo e inovador e deverá se traduzir na realização das
suas tentativas de execução. O reconhecimento dos próprios limites individu-
ais, mas também das competências pessoais, ajudam a desenvolver o potencial
criativo de cada indivíduo que consiste em: observar as próprias possibilidades
e capacidades, perceber dificuldades e barreiras do contexto, elaborar uma res-
posta ou estratégia e testá-la, isto é, transformá-la em ação.
Segundo Wunt (apud Amaral, 2008) existem três momentos que im-
plicam a tomada de consciência do mundo exterior:
1. Sensação: associada à captação de estímulos ainda não diferencia-
dos (comprimento de onda e intensidade do estímulo, no caso da luz).
2. Percepção: implicando a organização dos estímulos em formas
mais ou menos definidas.
3. Apercepção: atribuição de significado ao percebido e compreensão
da cena ou situação.
Os estudos sobre as sensações e percepção tiveram início em 1910, na
Alemanha através da corrente da Escola de Psicologia experimental, denomina-
da Psicologia da Gestalt ou Psicologia da forma. Seu precursor foi Von Ehren-
fels, filósofo vienense e seus co-fundadores Max Wertheimer; Wolfgang Köhler
e Kurt Koffka. Durante seus primeiros anos, os estudos visavam à psicologia,
filosofia e o comportamento humano diante de certas ocasiões ou apreciações.
23 Cada ser humano é único em sua identidade e possui um conjunto peculiar de capacidades, sendo
singular em termos de seu potencial criador. Com isso, cada indivíduo deverá construir seu próprio
modo de existir e criar.
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Para tanto, a teoria da Gestalt considera os fenômenos psicológicos
como um conjunto autônomo, indivisível e articulado na sua configuração. A
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Gestalt como teoria da percepção tem como objetivo estudar as relações entre a
forma dos objetos e os processos de recepção por parte do indivíduo.
Aos especialistas da Gestalt interessa saber quais os significados que os
seres humanos atribuem aos objetos e acontecimentos, a percepção, a solução
24 Ver o detalhamento das Leis em: GOMES FILHO, João. Gestalt do objeto: sistema de leitura visual
de forma. 8ª ed. São Paulo: Escrituras, 2008.
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Apercepção é o processo de organização dos elementos mentais. Wun-
dt, afirmava que o processo de organizar os elementos mentais formam uma
unidade, que é a síntese criativa, que cria novas propriedades mediante a mis-
tura ou combinação dos elementos. (WUNDT apud SCHULTZ, 2009)
Assim como na teoria da Gestalt, na Apercepção, o composto é dotado
de características que não são a mera soma das características dos elementos
que o formam. Daí a celebre frase: o todo é maior que a soma das partes.
Trazendo a tona a subjetividade, uma experiência sensorial envolvendo
vários indivíduos pode ter diferentes relatos, não sendo nenhum incorreto, uma
vez que em toda experiência os atributos afetivos e ideacionais (desejos e interes-
ses para si) participam ativamente e a soma desses elementos vai gerar um novo
composto psíquico, diferente do que seria com os elementos de maneira isolada.
A Apercepção, segundo Wunt, é responsável pela significação ou inter-
pretação que o indivíduo tem do mundo que o cerca. E, neste caso, a essência
das coisas é determinada mais pelo pensamento e pela emoção do que pela per-
cepção neurológica. Assim, tanto a essência como o significado das coisas será
sempre pessoal e individual (WUNDT apud SCHULTZ, 2009).
Dessa forma, podemos entender que síntese criativa ou a criatividade
vai encontrar sua expressão nas funções Aperceptivas e nas atividades de imagi-
nação e compreensão, isto é, a capacidade de interpretar os estímulos sensoriais
de maneira a atribuir-lhe significado, sempre com base nas experiências pesso-
ais do indivíduo, suas emoções e seus conhecimentos.
No livro Criatividade e suas origens, Winnicott (1975) concluiu
que a criatividade bem sucedida é um colorido de toda atitude com relação à
realidade externa. Com este tipo de pensamento, o indivíduo passaria a exercer
uma atitude criativa perante a vida; a vida seria digna e seria digno viver o que
está em oposição à submissão diante da realidade externa.
Neste ponto, a criatividade se relaciona dentro da esfera social que
cada indivíduo ocupa. Se pensarmos no nível de desempenho social, veremos
que cada indivíduo pode exercer papeis diferentes segundo o ambiente e a si-
tuação em que se encontra. De acordo com o cientista social Erving Goffman
(2012), podemos interpretar como as ações de atores sociais.
Ocorre que, por sua vez, os diferentes modos de subjetivação desses
atores sociais estarão relacionados com a dimensão ética na medida em que
um determinado quadro de normas e valores e uma determinada postura serão
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simultaneamente ensinados e exigidos dos sujeitos. A(s) ética(s), portanto, são
como dispositivos ‘pedagógicos’ de subjetivação: elas efetivam a conversão dos
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indivíduos em sujeitos historicamente determinados pela moral da sua época.
Tanto a ética, como o desempenho dos papeis do indivíduo na socieda-
de, nos fazem refletir a respeito da razão de ser da criatividade aplicada a partir
da dimensão do produto inovador gerado pelo ato criativo. É neste momento
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No caso da nossa disciplina, a criatividade deverá valer pelo resultado
do produto gerado. Como estamos trabalhando na perspectiva do mercado, em-
bora o processo de inovação se utilize de toda a potencialidade da criatividade
ele busca um efeito prático empreendedor. Inovar e empreender são atividades
que devem estar baseadas em planejamento e envolvem riscos sobre a inovação,
por isso, se baseiam na capacidade da ideia efetivamente gerada ser receita.
Dentro dos ambientes coorporativos a inovação passou a ser consi-
derada um assunto estratégico e, também, passou a ser vista como uma opor-
tunidade para obtenção de vantagens competitivas. Manter a competitividade
depende em grande parte da competência das empresas em se adequarem nas
oscilações do mercado. É bastante importante que as estratégias de atuação da
empresa sejam capazes de absorver informações e tecnologias que circundam
para promoverem as inovações necessárias.
Quando pensamos em processo de inovação para negócios estratégicos
uma ideia brilhante não representa sozinha a inovação. Na maioria das vezes, o
investimento dispensado não consegue ultrapassar os custos de criação, nem a
implantação da referida ‘inovação’.
Quando uma empresa utiliza fontes de pesquisa externa: fornecedores,
clientes, centros de pesquisa e outros para o desenvolvimento do processo de
inovação ela está fazendo uma inovação aberta e, quando só utilizam dados e
informações da própria empresa, chama-se inovação fechada.
As atividades de inovação variam de empresa para empresa. Algumas
desenvolvem e introduzem um novo produto no mercado, enquanto outras fa-
zem melhorias contínuas em seus produtos, processos e operações. Podemos a
inovação em: produtos, processos e modelos de negócios.
[...] A compra a prestação foi uma inovação que exigiu apenas uma
ideia e revolucionou o mercado mundial, portanto, a inovação não pre-
cisa ser técnica, não precisa sequer ser uma “coisa”. (DRUCKER, 1987
p. 41).
72 Criatividade e Inovação
1) Inovação do produto:
Exemplo: a inovação de um produto: que incide em modificações nos
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atributos do produto, com mudança na cor, ingrediente ou na forma como é
utilizado em comparação ao modelo tradicional.
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gráficas, realinha o negócio para a comercialização de hardwares e softwares de
imagens de alta resolução em diagnósticos da área de saúde.
1) Inovação Incremental:
Consiste em pequenas melhorias que são efetivadas gradualmente nos
produtos ou em linhas de produtos. São pequenos avanços nos benefícios per-
cebidos pelo consumidor, mas não altera de forma expressiva o modo como o
produto é consumido ou mesmo no modelo de negócio.
2) Inovação Radical:
Representa uma mudança rigorosa na maneira que o produto ou ser-
viço é consumido. Geralmente, consiste na implantação de novo modelo para
aquele segmento de mercado, que modifica estruturalmente a maneira de se
comercializar ou de se ofertar algo que é muito diferente do modelo vigente.
74 Criatividade e Inovação
3) A inovação disruptiva
É um tipo de inovação que ocorre no mercado das novas tecnologias
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da informação: consiste na ruptura de um mercado oferecendo novos produtos
ou serviços que antes não existiam. Não é uma melhora é uma transformação
drástica de um produto caro e sofisticado, de acesso limitado, em algo rentável
e acessível para um público muito maior.
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2.3 Contextos criativos: estímulos e bloqueios à
criatividade e à inovação
76 Criatividade e Inovação
Sem desconsiderar essa importante função da memória das sensações
passadas e do reconhecimento de objetos e fenômenos, esse mecanismo inter-
Tema | 02
fere quando queremos buscar algo novo, se nos acostumamos com o arranjo
‘viciado’ das respostas vamos ficando apáticos e continuaremos a remoer as
mesmas soluções. É como se criássemos processos automatizados em nossas
mentes que acabam por limitar a configuração de novas ideias.
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1. A necessidade/problema ou objetivo, que foram identificados
e claramente estabelecidos graças à habilidade perceptual através
da observação e que forneceram o impulso positivo ou motivação
para buscar a resposta.
2. A crítica feita pelos pais que ofereceu o reforço negativo (neste
caso apropriado) já que a imposição da regra estanca o fluxo cria-
tivo de pensamento. (neste caso a regra só tem significado para os
pais, porque a criança não sabe o perigo que representa apoios ins-
táveis, só irá aprender depois de cair pela primeira vez).
78 Criatividade e Inovação
Como foi proposto anteriormente, o indivíduo criativo se manifesta em
vários ambientes e contextos, mas devido à natureza e o direcionamento desta
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disciplina, em especial, trataremos da inovação no ambiente empresarial.
Por isso, foi importante entendermos que testar e errar faz parte do
processo criativo a caminho da inovação, quanto mais ligações de causa e efei-
to, correlações e experiências unidas às partes do problema, mais próximos da
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inovação não acontece e, consequentemente não há novos produtos, serviços ou
novos processos.
Agora, também é verdade, que estimular a criatividade no ambiente
empresarial não é um processo muito simples. Primeiramente, porque a ino-
vação não acontece por acaso e muito menos por decreto. É preciso estabelecer
um ambiente propício para contagiar a todos criando mecanismos de partilha e
compromisso com a melhoria contínua.
As empresas que utilizam como princípio organizacional o desenvol-
vimento de processos inovadores são empresas que possuem uma cultura da
inovação e praticam a gestão da inovação. São organizações empresariais que
buscam por vantagens competitivas diferenciadas.
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Informações adaptadas para a tabela
Tema | 02
CLASSIFICAÇÃO DAS PRINCIPAIS CATEGORIAS
ASSOCIADAS À CULTURA ORGANIZACIONAL
a) Regularidades comporta- a linguagem utilizada, as tradições e os costumes que
mentais observáveis quan- evoluem, os rituais empregados em uma extensa va-
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i) Significados compartilha- o entendimento tácito que emerge quando os mem-
dos: bros do grupo interagem.
Fonte: SCHEIN, E. H. Organizational culture and leadership. San Francisco: Jossey-Bass, 1992.
82 Criatividade e Inovação
Segundo Manas (2003), algumas providências gerenciais conseguem
sintonizar as empresas para a inovação:
Tema | 02
• motivar a busca de novas oportunidades de mercados e negócios,
• desenvolver tecnologia própria,
• elevar o padrão de qualidade de seus produtos ou serviços,
• racionalizar e modernizar a produção,
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“time que está ganhando não se deve modificar”; “deixa como está para ver como
é que fica” que são frequentes nas organizações, por isso vale uma assessoria dire-
cionada ao grupo para melhorar a autoconfiança e gosto pelo desafio.
Outra situação é, que às vezes, ao invés das críticas se tornarem um
estímulo se transformam em uma barreira para a inovação, é que existe um
pensamento generalizado, em especial, nos setores de tecnologia ou financeiro,
de que a competição interna é positiva para a inovação. Neste caso, é preciso
tomar certas precauções, pois pode-se incentivar a rivalidade das pessoas de
um mesmo grupo de trabalho.
Os grupos criativos são exatamente aqueles que têm mais confiança
para dividir e debater ideias entre si. Quando as pessoas competem por dinheiro
ou por reconhecimento, param de trocar informações, o que é descontrutivo,
já que é impossível uma única pessoa ter todas as informações para resolver o
problema sozinho.
Dessa forma, é necessário apreender qual é o tipo de inovação mais
adequado para cada tipo de organizações, para poder compreender como ele
poderá interferir na dimensão do seu crescimento. Também, definir formas de
introduzir o pensamento criativo, interagir com o mercado e seus acionistas,
clientes e outros, tratando o assunto de forma a observar relações gerais que a
criatividade pode ter com o micro e o macro contexto econômico.
A criatividade e a inovação precisam ser potencializadas. Se a empre-
sa quer pessoas criativas e inovadoras precisa oferecer subsídios para que elas
possam se comportar criativamente. Se for necessário, criar uma nova cultura
organizacional que sustente a Gestão da Inovação que é o mesmo que estimu-
lar, capacitar, apostar no potencial das pessoas, através de um exercício diário
e contínuo. Criar uma cultura organizacional onde se possa arriscar, tentar e se
reinventar.
No próximo tópico iremos ver como a estrutura administrativa pode
colaborar na inserção da criatividade e da inovação na empresa.
84 Criatividade e Inovação
2.4 Inovação tecnológica em ambientes coorporativos
como fator de crescimento dos Negócios
Tema | 02
Processo de Inovação tecnológica são todos aqueles esforços que re-
sultaram em inovações de produtos e serviços. Também são consideradas ino-
vações tecnológicas um novo modelo de negócio, novo método administrativo/
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No contexto empresarial, buscam-se as inovações tecnológicas, que
ocorrem em quatro grandes áreas da empresa: empreendimento, estrutura, tec-
nologia, comportamento com o objetivo central de manter a competitividade
dentro do mercado globalizado.
Manter-se competitivo no mercado atual é estar à frente de seus con-
correntes, o que depende da capacidade de entregar para o consumidor algo que
nem ele próprio imaginava necessitar, despertando nele a vontade ou desejo de
possuir. (MANÃS, 2001)
ÁREA IMPLICAÇÕES
Empreendimento Mudança no produto, serviço, mercado, negócios,...
Estrutura Realocação de pessoal, hierarquias, unidades de negócio,
departamentalização, redes,...
Tecnologia Mudança de processos, equipamentos, relação homem-
-máquina ou máquina-máquina,...
Comportamento Mudança de atitude e habilidades das pessoas.
Fonte: VICO MAÑAS, A. Gestão de Tecnologia e Inovação. 3 ed. São Paulo: Érica, 2001.p. 20.
86 Criatividade e Inovação
Vamos estabelecer uma ordem para entendermos as terminologias uti-
lizadas e em que consistem suas respectivas responsabilidades:
Tema | 02
• Gestão estratégica e Planejamento estratégico
• Gestão da tecnologia e inovação
• Gestão de P&D
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ação, acompanhamento e execução. Seu papel é inserir a organização, segundo
a sua Missão, no ambiente onde ela está atuando, isto é, reforçar a posição da
empresa no mercado, promover a satisfação dos clientes e atingir os objetivos
de desempenho.
Para Drucker (apud Chiavenato, 2003), planejamento estratégico é o
processo contínuo e sistemático que contém uma visão prospectiva de atuação
para a empresa. Segundo o autor, planejar estrategicamente significa tomar
decisões de médio e/ou longo prazo que comprometem o direcionamento e a
viabilidade do negócio e, portanto, envolve riscos: desde organizar as atividades
necessárias à execução dessas decisões, monitorar e medir o alcance dos resul-
tados até retroalimentar esse sistema com informações pertinentes.
Incluso na Gestão Estratégica e consequentemente do Planeja-
mento Estratégico existem vários procedimentos que visam traçar um diag-
nóstico onde para isso são realizados levantamentos sobre a situação atual da
empresa: uma avaliação profunda da existência e/ou adequação das estratégias
vigentes, bem como, dos resultados esperados. O diagnóstico estratégico deter-
mina o grau e o nível de competitividade da empresa, o seu portfólio de produ-
tos, ações de mudanças, vulnerabilidade às ameaças, quantidade de recursos
disponíveis e prioridade para projetos futuros.
88 Criatividade e Inovação
Diagnóstico estra- procura antecipar oportunidades e ameaças para a concreti-
Tema | 02
tégico externo zação da visão, da missão e dos objetivos empresariais. Cor-
responde à análise de diferentes dimensões do ambiente que
influenciam as organizações. Estuda também as dimensões se-
toriais e competitivas.
89
Formalização do um plano estratégico é um plano para a ação, mas não basta
plano somente a formulação das estratégias dessa ação. É necessário
implementá-las por meio de programas e projetos específicos.
Requer um grande esforço de pessoal e emprego de modelos
analíticos para a avaliação, a alocação e o controle de recursos.
Esse elemento metodológico exige uma abrangência completa
de todas as áreas de tomada de decisão da organização; uma
racionalidade formal no processo de tomada de decisão e um
firme controle sobre o trabalho.
Auditoria de de- trata-se de rever o que foi implementado para decidir os novos
sempenho e resul- rumos do processo, mantendo as estratégias implantadas com
tados sucesso e revendo as más estratégias. A reavaliação das estra-
(reavaliação estra- tégias aparece como resultado de um processo de medição de
tégica) diversos grupos de influências associados a cada estratégia.
90 Criatividade e Inovação
O processo de seleção das prioridades se inicia com a apuração do le-
vantamento da situação atual da empresa, todo o cuidado com esse procedi-
Tema | 02
mento se explica pela urgência quando se trata de desenvolver ações corretivas
constantemente, focando nos objetivos e metas e desenvolvendo estratégias
de forma a manter sua sobrevivência, crescimento e diferenciação competiti-
va. Não esquecendo que a Gestão Estratégica tem como responsabilidade pres-
91
De maneira simplificada, a tecnologia26 é sempre um produto oriundo
da ciência e da engenharia que foi constituído segundo um conjunto de méto-
dos, técnicas e instrumentos e, na maioria das vezes, visa à resolução de um
problema.
Obviamente, os avanços da tecnologia provocam grande impacto eco-
nômico, principalmente nos países que as desenvolve, tanto pelo lado positivo:
visto que proporciona melhor nível de vida para as pessoas daquele lugar; como
fatores negativos: visto que as questões de ordem social continuam a se desen-
volver em números alarmantes como a desigualdade social, a substituição do
homem pela máquina em vários postos de trabalho e a degradação ambiental
(descarte e ocupação desordenada).
Por sua vez, esses desdobramentos retornam como desafios e proble-
mas para o campo da inovação da própria tecnologia e permite à gestão da tec-
nologia analisar, com maior precisão, os aspectos decorrentes das atividades
das empresas em relação ao seu entorno.
Portanto, a Gestão da Tecnologia é o processo de interligação entre ciên-
cia e engenharia que estão atrelados a estratégias de pesquisas, desenvolvimento
e produção, com o intuito de atingir os objetivos de negócio da empresa de forma
eficiente, eficaz, ser economicamente viável e, agora também, sustentável.
Para isso, algumas atividades relacionadas à gestão da tecnologia de-
vem ser consideradas:
Encontrar tecnologias que sejam mais relevantes para a empresa;
Classificar e avaliar as tecnologias pertinentes, conforme importância
estratégica, recurso disponível, ciclo de vida (de baixo, médio e longo prazo),
sustentabilidade etc;
Dominar tecnologias com alta significância para o setor;
Traçar estratégias para o departamento de pesquisa e desenvolvi-
mento; Incentivar processos inovadores: para desenvolvimento(interno) ou
aquisição(externo) de know-how;
92 Criatividade e Inovação
Planejar as atividades do departamento de pesquisa e desenvolvimen-
to, considerando as competências internas necessárias e seus objetivos estraté-
Tema | 02
gicos;
Adquirir recursos e/ou estabelecer de parcerias.
Implementar o novo processo ou o novo produto na linha de produção
da empresa e,
93
Ao longo de todo o processo de inovação, é bastante providencial que a
equipe de P&D desenvolva ferramentas para avaliar e controlar, através de in-
dicadores de processos e riscos todas as etapas para poder definir novos rumos
para o projeto e evitar a erros futuros.
A Gestão de P&D além de realizar pesquisas e desenvolver o produto
é, também, responsável pela proteção legal das ideias e soluções advindas de
todo o processo. Desta forma, o conhecimento fica armazenado e protegido para
gerar novos conhecimentos e cada vez mais know-how tecnológico.
Gestão estratégica e Planejamento estratégico, Gestão da tec-
nologia e Inovação e Gestão de P&D não funcionam isoladamente, são três
instâncias que trabalham de maneira integrada. As etapas apresentadas ante-
riormente não representam ações imediatas e operacionais.
Todo o planejamento estratégico deve estar articulado com os objeti-
vos e planos operacionais da empresa focados na maximização dos resultados e
na minimização das deficiências sempre utilizando princípios de maior eficiên-
cia, eficácia e efetividade. Estes são os principais critérios para avaliar o papel
da gestão da tecnologia para inovação.
As empresas precisam entender as vantagens de trabalhar com uma vi-
são mais ampliada através da abertura para o diálogo, com centros de pesquisa
que são os grandes geradores de conhecimento no país, o estabelecimento de
parcerias público-privadas permite que vários esforços sejam catalisados. Tam-
bém, a inovação aberta é uma tendência que reflete um modelo colaborativo
para a geração de novas ideias que envolvem clientes, parceiros e fornecedores
no processo da inovação.
Para que gestão da inovação aconteça, na prática, de forma integrada, a
seleção de uma equipe multidisciplinar, formada por profissionais de diferentes
áreas e hierarquias de dentro da empresa é o caminho mais assertivo para se
pensar no processo de inovação como um todo.
94 Criatividade e Inovação
Tema | 02
SEELIG, Tina. Ingenium: um curso rápido e eficaz sobre cria-
tividade. São Paulo: Boa Prosa, 2012.
Leia: In Genius: um curso rápido e eficaz sobre criatividade.
95
Nos estudos do tema 02 foram apresentados como a personalidade e
o comportamento são influenciadores da criatividade, mas também a
criatividade é resultado de um determinado tipo de personalidade e
comportamentos. Por isso, exercitar uma postura que combine mais
com as qualidades inerentes à personalidade criativa, pode melhorar
substancialmente seu poder criativo.
Aprendemos que a subjetividade é o resultado dos modos como a sen-
sação; percepção e Apercepção através da mente criam uma experiên-
cia completa e individual com o mundo que nos rodeia. Aprendemos,
também, que a percepção não é uma simples combinação de elementos
sensoriais, é muito mais, ela propicia uma organização ativa dos todos
os elementos perceptivos na mente, de modo a formar uma experiência
coerente.
96 Criatividade e Inovação
Use a sua criatividade e registre aqui as ideias principais presentes no
conteúdo estudado, buscando construir uma síntese pessoal sobre o tema.
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