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Tema

Tema

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02
CRIATIVIDADE
E INOVAÇÃO
EM AMBIENTES
COORPORATIVOS
Caro estudante, no tema 02, vamos
compreender como a criatividade e a inovação
acontecem nos ambientes coorporativos. De ma-
neira mais detalhada, vamos explicar como iden-
tificar uma personalidade criativa e quais carac-
terísticas estão presentes no comportamento de
pessoas criativas. Na sequência, estudaremos
sobre como a subjetividade está inerente ao pro-
cesso criativo e, depois, como o ambiente coor-
porativo pode ser um estímulo ou um bloqueio
para a criatividade e a inovação. Finalmente, va-
mos apresentar em que consiste uma inovação
tecnológica e suas preocupações com as novas
tecnologias e a sustentabilidade ambiental.
O conjunto de conteúdos aqui descritos
deverá ajudá-lo a perceber o potencial da cria-
tividade e da inovação aplicada ao crescimento
dos negócios e consequentemente da empresa.
2.1 A personalidade criativa e o comportamento
criativo

Seguindo os aprendizados do tema anterior, a criatividade vem sendo


exigida em todos os segmentos da sociedade. Ela surge como resposta para a
situação contemporânea que vem sendo construída historicamente dentro do
paradigma da complexidade19: um contexto que necessita de rápidas e eficientes
mudanças no âmbito empresarial. Lembrando que a construção de um paradig-
ma está diretamente ligada ao conjunto de padrões ou regras, ideias e ideologia,
valores e princípios que norteiam um determinado grupo social durante um
determinado período de tempo. O paradigma está sob a influência direta das
condições produtivas e tecnológicas, além do que, indica o estágio do conheci-
mento, necessidades e desejos dos indivíduos daquele local. Entender sob qual
paradigma vivemos é importante, pois a criatividade e a inovação nascem den-
tro dele, mas também pode modificá-lo.

Para haver inovação é preciso criatividade. Toda definição pertinente de cria-


tividade inclui o elemento essencial de novidade. Criamos quando descobri-
mos e exprimimos uma idéia[sic], um produto, um serviço ou uma forma de
comportamento que seja nova em certo grupo social (CHER, 2008, p. 203).

Embora já estejamos cientes dos argumentos sobre a valorização do


profissional criativo nas empresas que querem fazer a diferença e se tornar refe-
rência em seus nichos de mercado, ainda não existe uma prática constante nem
no ambiente acadêmico nem no organizacional, além do que não é nada simples
a sua implementação.
Nesse sentido, os nossos estudos estão aqui direcionados para conhe-
cer como se comporta um indivíduo criativo e quais traços distintivos ele apre-
senta na sua personalidade, com vistas a criar alternativas para identificar e
favorecer expressões da criatividade.

19 O conceito de paradigma apareceu pela primeira vez a partir da filosofia de Thomas Kuhn (1922-1996). Ao
estudar a prática dos cientistas, isto é como os cientistas constroem a ciência, percebeu que existia um meca-
nismo interno próprio que guiava todo o mecanismo de descoberta e chamou este arranjo de “paradigma”.
Para ele as ciências evoluem através de paradigmas.
“paradigmas são as realizações cientificas universalmente reconhecidas que, durante algum tempo, fornece
problemas e soluções modelares para uma comunidade de praticantes de uma ciência” (KUHN, 1991, p.13).

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Um indivíduo que seja ou queira se tornar criativo deve prestar atenção
à composição da sua personalidade. A personalidade é uma das dimensões que

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influenciam, de maneira positiva ou negativa, no processo criativo, por isso a
importância em saber reconhecer seus traços mais relevantes.
Quando mencionamos personalidade criativa estamos nos referindo
àquelas pessoas que obtém o reconhecimento da produção individual pela so-

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ciedade. Nesse reconhecimento, a criatividade se confunde com conhecimento
e sabedoria.

[...] a literatura sobre criatividade costuma focalizar a personalidade


criativa, e sempre conclui que a maior ou menor manifestação de cria-
tividade acaba tendo o resultado de uma configuração psicológica da
pessoa cruzada com fatores externos (PREDEBON, 2010, p. 100).

Para alguns especialistas (ALENCAR, 2004; PREDEBON, 2010) que


trabalham com neurociência cognitiva alguns traços da personalidade como a
independência, curiosidade, flexibilidade, sensibilidade, motivação, gosto esté-
tico e senso de humor aparecem mais expressivamente em pessoas criativas:
• a independência é uma característica da personalidade que está re-
lacionada à autoconfiança e ousadia;
• a curiosidade vem conjugada com o espírito questionador e espe-
culativo;
• a flexibilidade caracteriza-se pela disposição de rever valores ser
capaz de integrar informações díspares ou ideias não relacionadas,
ser capaz de tomar decisões depois de avaliar seus prs e contras e
deliberadamente mudar de direção;
• a sensibilidade que, na maioria das vezes, vem associada às emo-
ções;
• a motivação e o interesse de ter objetivos claros e fazer questão do
reconhecimento do seu feito pelos pares e/ou pela sociedade;
• o gosto estético, apreciar as expressões artísticas de forma geral:
pintura – letras - música, no sentido de possuir um gosto pessoal
apurado e uma tendência a valorizar a ruptura com o tradicional e
as convenções.
• O senso de humor está conectado à perspicácia (conhecer as nor-

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mas sociais de relação) e aparece como um mecanismo para re-
solver desafios e conflitos, o riso surge através de uma dinâmica
cerebral entre emoções e pensamentos opostos. Quando o cérebro
chega ao ápice da confusão e não encontra alternativa para solu-
cionar o impasse, rimos. É assim que buscamos a conciliação de
ideias contrárias. Assim muitas coisas criativas são engraçadas e
vice-versa.

Essas características vão ser encontradas em indivíduos considerados


inteligentes: aqueles indivíduos com fluidez de pensamento, capazes de resolver
problemas da vida prática, com capacidade de articulação verbal e orientados
por objetivos claros.
Esse é um bom momento para alertar que, como vimos anteriormente,
a criatividade é um recurso natural do ser humano que precisa ser melhor cul-
tivado neste momento da história, em que as incertezas inevitavelmente fazem
parte das nossas vidas. Portanto, ser criativo é uma habilidade de sobrevivência,
por isso se constitui em uma extensão da inteligência (ALENCAR, 2001).
Boden (1999) em seu livro “Dimensões da criatividade” nos ajuda a
estabelecer a diferença entre inteligência e criatividade. Segundo a autora, a
inteligência é a capacidade de armazenar e arranjar de maneira adequada um
grande número de informações.
Com isso, podemos afirmar que a inteligência por si mesma não é evi-
dência de criatividade. A criatividade, por sua vez, é geradora de novas ideias,
produtos e conhecimento. Nesse sentido, os indivíduos criativos apresentam
padrões de pensamento que os fazem utilizar o raciocínio divergente e conver-
gente20; apresentar ideias originais e incomuns, abandonando com facilidade
abordagens antigas e adotando novas formas de pensar. São também, por outro
lado, indivíduos bastante críticos, pois identificam e avaliam quando ideias e
produtos se apresentam mal elaborados.
A inteligência pode ser de natureza intelectual (guardar ou internalizar
discursos ou fatos) ou de natureza técnica como a execução de uma tarefa ou
repetir um conjunto de diretrizes: como manejar um instrumento musical. Já a

20 Descritos no tema 01 página 14.


Ver nais em: DE BONO, Edward. Criatividade Levada a Sério: como gerar idéias produtivas através do
pensamento lateral. São Paulo: Pioneira, 1994.

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criatividade estaria no poder de síntese, a competência de combinar as informa-
ções para um resultado novo. Metaforicamente comparando, uma coisa é você

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conhecer as notas e saber ler partituras, outra coisa é você criar uma música.
De maneira mais imaginativa, a criatividade poderia ser vista como um
fluído que simultaneamente interage e influencia na capacidade cognitiva e na
personalidade do indivíduo.

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Se considerarmos o caso polêmico do engenheiro alemão Werner von
Braun 21
que aprendeu a fabricação de bombas quando serviu ao regime nazista,
mas, com a sua expertise aliou a tecnologia da combustão com princípios de na-
vegação aérea e ,surpreendentemente, acabou por realizar seu sonho de criança
de explorar o espaço sideral e levou o homem a lua, veremos que a sua ideia
engenhosa permaneceu por trás de uma necessidade imediata do armamento
bélico durante a Segunda Guerra Mundial.
Esse exemplo que acabamos de mostrar prova que o comportamento
criativo é fruto de uma visão de mundo, aliado a um estado de espírito determi-
nista.
Da comparação das definições de inteligência e criatividade, implícitas
entre si, a última engloba aspectos de natureza humana (gosto estético, imagi-
nação, audácia, persistência, curiosidade entre outros) e essas estão mais rela-
cionadas às atitudinais e de personalidade. Como veremos agora a criatividade
está no meio do caminho entre o campo da ação (atitude) e os traços de perso-
nalidade.
Predebon (2010, p.19) estabelece que existem três tipos de engajamen-
to na criatividade relacionados à personalidade:
• o engajamento voluntário na criatividade pode ser observado na
determinação na pessoa que “descobre de alguma forma o prazer
do ato de inovar, com um gratificante sentimento de estar interfe-
rindo no mundo e, assim, passa a procurar melhor qualificação no
campo da criatividade”,
• o engajamento inato caracterizado pela tendência compulsiva de
inventar coisas novas, lembrando que toda criança é criativa e este
potencial vai se perdendo ao longo da vida;

21 Um dos responsáveis por construir o primeiro míssil balístico teleguiado para o regime nazista e,
anos depois se tornou o chefe da NASA . Foi considerado um dos 100 melhores homens do século XX
pela Revista Times. Ver mais em: <https://www.youtube.com/watch?v=SKw8mjOO5eg>.

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• o engajamento resultante das circunstâncias ocorre quando uma
pessoa que, antes se mostrava apática, de repente ao mudar de fun-
ção na empresa, se transforma em uma pessoa dinâmica e criativa.

O engajamento voluntário está mais próximo de uma implicação moti-


vacional. Segundo Robbins (2005), a motivação resulta do processo de intera-
ção do indivíduo com a situação. A motivação é, também, responsável por man-
ter e intensificar os esforços que uma pessoa emprega para atingir um objetivo
e a capacidade de persistir será a medida que deverá indicar quanto tempo um
indivíduo conseguirá se manter motivado.
Assim, a motivação é um resultado próprio do indivíduo. A motivação
para se tornar uma pessoa criativa vai depender da vontade e do fôlego de cada
um. Alguns se decepcionam por não alcançarem resultados satisfatórios em
pouco tempo, outros porque foram enganados por promessa de facilidade no
processo e outros por não acreditarem ser realmente necessário investir nesta
qualificação.
Como já foi dito, a criatividade é inata ao ser humano:

A ação da criança que inventa uma nova brincadeira com seus compa-
nheiros, ou a de Einstein, que formula a teoria da relatividade, ou da
boa dona-de-casa que inventa um novo molho para o prato, são todas,
segundo a nossa definição, criativas, e não vale a pena que se a dis-
ponham em uma ordem hierárquica de maior ou menor criatividade
(ROGERS apud DE MASI, 2005, p. 26).

Alguns autores vão selecionar os atos criativos com referência em sua


relevância para o contexto da sociedade do seu tempo ou a dimensão do feito
para a história da humanidade. Um fato que não se questiona é que entre uma
receita criada pelo chef gourmet ou a invenção da Penicilina, ambas trouxeram
aos seus criadores a sensação de prazer e autorrealização e a evidência da satis-
fação ,em ambos os casos, é que torna a atitude criativa relevante por si só.
Outras pessoas mais céticas em relação a esse tema chegam a afirmar
que a criatividade, em alguns casos, nem é necessária, com a justificativa de que
pessoas vivem e mantêm seus empregos sem necessariamente exaltar a criativi-
dade. Temos que reconhecer que existe verdade nesta colocação, pois o sucesso

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que está também dentro da dimensão da autorrealização, não é consequência
direta da criatividade.

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Talvez seja possível que para algumas pessoas de sucesso a criatividade
nunca tenha sido requisitada, por conta da natureza do trabalho ou atividade
que desenvolvem. O sucesso está relacionado a outras qualificações que perfa-
zem o perfil do indivíduo, portanto, o sucesso pode ou não cruzar o caminho da

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criatividade, mas, no mínimo, o caráter humano tem a tendência de seguir em
busca da autorrealização independentemente da criatividade. A criatividade é
um dos meios possíveis, mas não o único do ser humano se sentir realizado.
Diante de crédulos e incrédulos, giram opiniões contraditórias me-
diante ao comportamento de ser ou não criativo, mas precisamos manter um
direcionamento que nos ajude a nortear esta disciplina. Então vamos pensar
no ato criativo como uma forma utilizada para a “resolução de problemas e na
descoberta de oportunidades já que estes são os campos da sobrevivência e do
desenvolvimento humano” (PREDEBON, 2010, p.15-16).
Em situações adversas da vida pessoal ou profissional, nas quais o in-
divíduo coexiste com obstáculos diariamente, implica em altos níveis de moti-
vação em relação a qualquer tipo de objetivo que este indivíduo se proponha.
Introduzir mudanças de comportamento muitas vezes difíceis, como é
o caso do exercício para a criatividade, não é apenas importante para o sucesso
profissional, ela também é fundamental para que o indivíduo melhore seu bem-
-estar emocional. Se a criatividade for um momento de autorrealização e trou-
xer aspectos positivos no comportamento e no estado mental do indivíduo, ela
pode gerar saúde (MITJÁNS MARTÍNEZ, 2006).
Se a sociedade solicita indivíduos mais criativos e o mercado de tra-
balho valoriza profissionais criativos, estimular a criatividade irá afetar o am-
biente social e as pessoas que vivem nele. Dos traços da personalidade Mitjáns
Martinez (2006) vai ressaltar novamente a implicação motivacional como fun-
damental para que se consiga ensinar criatividade.
Assim, irá depender de cada indivíduo verificar qual é o tipo de mudan-
ça de comportamento necessária para instigar a criatividade. Essencialmente, a
criatividade pode ser entendida como um conjunto de capacidades que permi-
tem um indivíduo a se comportar de maneira nova ou adaptativa em determi-
nados contextos.

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Independentemente da ordem de prioridade, destacamos aqui o que
alguns especialistas em desenvolvimento humano apontam como habilidades
de comportamento promotoras da atitude criativa no ambiente de trabalho. São
elas:
1. Envolvimento e Responsabilidade: assumir compromissos
e tarefas de forma responsável e comprometida, tomando para si
aquilo que lhe é demandado. Transmitir segurança ao seu superior
ou subordinados, cumprindo prazos, reconhecendo erros e riscos e
pedindo ajuda quando necessário. Essas atitudes fazem do indiví-
duo uma pessoa de confiança e respeitável.
2. Proatividade e colaboração: não esperar ser solicitado, ante-
ver possíveis necessidades e saná-las antes de serem demandadas.
Auxiliar na execução de atividades como eventualmente atender ao
telefone, anotar recados mesmo que não sejam tarefas da sua com-
petência, transmitir conhecimentos e oferecer ajuda. Essas atitu-
des fazem o profissional se sobressair entre os demais e retornam
em reconhecimento de profissionalismo.
3. Empatia: saber se colocar no lugar do outro, respeitar os limites,
as dificuldades e as diferenças de cada um. Essas atitudes retornam
em forma de um clima ameno e amigável dentro da organização.
4. Equilíbrio Emocional: demonstrar afeição sem ser passional
nem emotivo em demasia, não replicar provocações e agir com
tranquilidade em situações adversas. Essas atitudes fazem o indiví-
duo ser reconhecido por sua sensatez e maturidade.

Seguindo o raciocínio de que a criatividade pode nos ajudar a resolver


problemas, podemos direcioná-la de forma prática com vistas a alcançar um
objetivo ou chegar a um determinado resultado. Mas o fato é que, para isso,
será necessário enfrentarmos alguns desafios. Seja qual for a meta estabelecida:
começar um novo negócio, passar em um concurso, aprovar uma marca, ganhar
uma competição todos exigirão o enfrentamento de confrontos e a possibilidade
de não se ter êxito. O risco é um preço para as novas conquistas.
O elogio à criatividade é muito maior do que a sua aderência, isto é,
grande parte das pessoas admira a criatividade, mas contraditoriamente assu-
me uma atitude de resistência e até de hostilidade quando as ideias ditas inova-

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doras afetam sua vida ou o seu trabalho. A criatividade ao mesmo tempo em que
revela novas perspectivas traz também a incerteza e o desconforto da mudança,

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ela rompe com o passado e nos tira da rotina.
Mais do que normalmente imaginamos existe uma tendência de nos
mantermos no domínio do terreno conhecido, confortável e seguro. Uma postu-
ra exageradamente conservadora interfere negativamente na aceitação ou mes-

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mo no reconhecimento da necessidade de inovar.
Quando um ginasta quer superar sua técnica, provavelmente terá que
lidar com o desconforto de treinar novos movimentos. Se você como profissio-
nal (designer, arquiteto, engenheiro, publicitário, administrador de empresas)
pretende ser mais convincente e assertivo na comunicação das suas ideias origi-
nais deverá aprender a ser mais observador estar atento às reações das pessoas,
quem sabe até estudar programação neurolinguística22.
Para potencializar a criatividade, a mente e o corpo precisam sair da-
quele espaço denominado pela psicologia como zona de conforto. Nesse ‘es-
paço’ as pessoas se acostumam a uma série de ações e pensamentos que não
causam medo nem ansiedade. Nessas situações, o indivíduo realiza um deter-
minado desempenho que se apresenta de forma constante e limitada, gerando
uma sensação de segurança, mas que não proporciona avanços nem conquistas.
A qualidade do comportamento criativo está em experimentar, mes-
mo com a possibilidade de resultados incertos. Não estamos fazendo apologia
a uma criatividade insana em que os riscos não são calculados. Para monitorar
riscos durante o percurso das equipes criativas existem métodos como: o PM-
BOK para garantir a qualidade na gestão de projetos, o Design Thinking para
guiar processos criativos, o Canvas para planejar e imaginar cenários futuros e
testes com protótipos para não colocar pessoas em risco entre outros.
A frase de Marissa Meyer, CEO do YAHOO, pode definir bem o que
queremos dizer aqui: ‘ser gênio é ter a habilidade de cometer mais erros no
menor período de tempo’ ou o ditado popular: ‘é errando que se aprende’ por
ser pedagógico já que reconhecer o erro é uma estratégia para contornar ou não
errar novamente.
Por vivermos em sociedade, muitas vezes, o receio de errar vem asso-
ciado ao medo de rejeição por parte do grupo ao qual pertencemos. Quando isso

22 Conhecida como PNL é um sistema desenvolvido nos anos 70 que reúne conhecimentos a respeito
do interesse em descrever e ensinar modelos comportamentais e linguísticos.

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ocorre é preciso ter em mente que se libertar da expectativa social faz parte da
atitude criativa. As regras e as normas sociais são fundamentais para organizar
e manter os indivíduos cientes de seus direitos e deveres, mas para abordar um
tema de uma maneira inovadora, muitas vezes precisaremos quebrar alguns pa-
radigmas.
Isso nos leva a pensar a respeito do sentido de identidade e indepen-
dência que está altamente correlacionado com o pensamento criativo, ao se con-
centrar ativamente em qualidades específicas e inerentes à própria pessoa, ao
invés de buscar qualidades conectadas às pessoas ao redor. Às vezes, é preciso
contrariar e desafiar um grupo e suas práticas vigentes para encontrar novas
soluções criativas para um determinado problema.
E, por fim, mas não menos importante evite as atitudes precipitadas. É
preciso entender as regras para depois quebrá-las. O conhecimento anterior, as
normas, o histórico do problema tudo deve ser levado em consideração. Se você
pretende criar um meio de transporte inovador comece por saber tudo que já foi
feito em relação a isso.
No próximo conteúdo, iremos entender como a subjetividade do indi-
víduo influência na criatividade e quais são os processos para a inovação.

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2.2 Criatividade e subjetividade. O processo de
inovação

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A subjetividade é um tema bastante complexo. Para dar seguimento aos
nossos estudos, sem nos determos nos aprofundamentos filosóficos sobre esse
tema, vamos partir de um conjunto de significados que nos oriente, no sentido

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de localizar o papel da subjetividade na construção de um pensamento criativo.
No campo da psicologia, a subjetividade está relacionada as caracterís-
ticas biológicas, com a individualidade, com a identidade e a personalidade de
cada indivíduo. E, esta maneira de ser de cada um, é construída conforme nos
relacionamos, experimentamos nossos sentidos e realizamos trocas culturais no
meio onde vivemos.
A subjetividade nos faz únicos porque identifica nossa maneira de ser
e agir no mundo. Contraditoriamente, a própria psicologia afirma que a subje-
tividade pode nos tornar igual na medida em que os fatores que constituem a
subjetividade são vividos num campo comum da objetividade social. Mas, por
outro lado, essa capacidade que o indivíduo tem de pensar por si mesmo, de
refletir ao invés de levá-lo uma aceitação do mundo externo poderá conduzi-lo
a um quadro de ação-reação. Nesse sentido, ao se recusar aceitar as condições
impostas pelo meio, o homem pode promover novas formas de subjetividade.
Retoma-se a utopia de que cada homem é senhor e construtor do seu destino e
da sua coletividade.
De forma resumida, a subjetividade pode ser entendida como o espa-
ço mental (mundo interno/subjetivo) do indivíduo no qual ele constrói, através
da reflexão, sua visão de mundo e a partir dela se relaciona com o a sociedade
(mundo externo). De acordo com a teoria do conhecimento, o mundo subjetivo
é composto por ideias, significados e emoções que, por serem baseados no ponto
de vista do indivíduo, são influenciados por seus desejos e interesses particulares.
Se a subjetividade é algo interno de cada indivíduo e, também o modo
como ele se relaciona com o mundo externo, é importante nós sabermos como
acontece esse processo de internalização. John Locke (1632-1704) foi um dos
grandes estudiosos do processo de aquisição do conhecimento. Assim como o
filósofo Aristóteles, Locke acreditava que a mente adquire conhecimento atra-
vés das experiências. Ele admitia dois tipos de experiências: a da sensação e da
reflexão.

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As ideias resultantes da sensação são aquelas derivadas da experiência
sensorial dos indivíduos com os objetos físicos localizados no ambiente. Isto é, as
impressões são levadas para a reflexão através dos sentidos. No caso, esta função
cognitiva, como manancial de conceitos, estará dependente da experiência senso-
rial já que tem como base as impressões anteriormente percebidas pelos sentidos.
Dessas experiências, ao longo da vida, os indivíduos vão criando um
repertório de sensações que serão utilizadas como base para refletir todas as in-
formações recebidas. Durante o processo de reflexão23, os indivíduos resgatam
suas impressões passadas, combinando-as para formar subjetividades de nível
cada vez mais sofisticado.
A subjetividade pode ser reconhecida como o desenvolvimento da pró-
pria consciência, isto é, o auto reconhecimento dos seus desejos e esforços para
liberar seu potencial criativo e inovador e deverá se traduzir na realização das
suas tentativas de execução. O reconhecimento dos próprios limites individu-
ais, mas também das competências pessoais, ajudam a desenvolver o potencial
criativo de cada indivíduo que consiste em: observar as próprias possibilidades
e capacidades, perceber dificuldades e barreiras do contexto, elaborar uma res-
posta ou estratégia e testá-la, isto é, transformá-la em ação.
Segundo Wunt (apud Amaral, 2008) existem três momentos que im-
plicam a tomada de consciência do mundo exterior:
1. Sensação: associada à captação de estímulos ainda não diferencia-
dos (comprimento de onda e intensidade do estímulo, no caso da luz).
2. Percepção: implicando a organização dos estímulos em formas
mais ou menos definidas.
3. Apercepção: atribuição de significado ao percebido e compreensão
da cena ou situação.
Os estudos sobre as sensações e percepção tiveram início em 1910, na
Alemanha através da corrente da Escola de Psicologia experimental, denomina-
da Psicologia da Gestalt ou Psicologia da forma. Seu precursor foi Von Ehren-
fels, filósofo vienense e seus co-fundadores Max Wertheimer; Wolfgang Köhler
e Kurt Koffka. Durante seus primeiros anos, os estudos visavam à psicologia,
filosofia e o comportamento humano diante de certas ocasiões ou apreciações.

23 Cada ser humano é único em sua identidade e possui um conjunto peculiar de capacidades, sendo
singular em termos de seu potencial criador. Com isso, cada indivíduo deverá construir seu próprio
modo de existir e criar.

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Para tanto, a teoria da Gestalt considera os fenômenos psicológicos
como um conjunto autônomo, indivisível e articulado na sua configuração. A

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Gestalt como teoria da percepção tem como objetivo estudar as relações entre a
forma dos objetos e os processos de recepção por parte do indivíduo.
Aos especialistas da Gestalt interessa saber quais os significados que os
seres humanos atribuem aos objetos e acontecimentos, a percepção, a solução

CRIATIVIDADE E INOVAÇÃO EM AMBIENTES COORPORATIVOS


de problemas e ao pensamento. Eles se ocupam de experiências e análises da
essência existentes nos processos de organização do pensamento que, por sua
vez, reúnem todos os elementos da experiência numa unidade complexa.
De acordo com a Gestalt, a percepção é um processo cerebral unifica-
do, onde ocorre a integração de processos fisiológicos, ideológicos, sensoriais e
psicológicos. Com isso, o pensamento não pode ser concebido como a soma de
atividades separadas. Desta maneira, podemos entender que, segundo a Gestalt,
a percepção dos objetos não é pura, ou melhor, o cérebro controla e processa o
que foi captado pelos órgãos sensoriais. São sete as Leis da Gestalt24: Unidade;
Segregação; Unificação, Fechamento, Continuidade, Proximidade; Semelhan-
ça; Semelhança e Pregnância. Alguns fundamentos são essenciais para a com-
preensão do processo descrito pela Teoria da Gestalt são eles: o todo e a parte,
figura e fundo e aqui e agora.
Dessa forma, a percepção seria, então, a função cerebral responsável
por atribuir sentido às informações que são resultado dos sentidos (visão, au-
dição, tato, paladar e olfato). Ainda dentro da Gestalt, encontramos a teoria da
percepção temporal, que se refere a noção da passagem do tempo, a noção do
espaço, que se refere ao tamanho e a distância entre os objetos e a propriocep-
ção que se refere a capacidade de reconhecer a localização espacial do corpo, sua
orientação, força exercida pelos músculos, posição de cada parte do corpo em
relação às demais. Outra constatação da Gestalt é de que nossa disposição para
a percepção estaria sujeita à influência da idade cronológica.
No caso do nosso terceiro ponto sobre a tomada de consciência do
mundo exterior Wunt (apud Schultz, 2009) na Apercepção ocorre uma ação
pela qual a mente amplia, intensifica ou plenifica a consciência de seus próprios
estados internos e representações.

24 Ver o detalhamento das Leis em: GOMES FILHO, João. Gestalt do objeto: sistema de leitura visual
de forma. 8ª ed. São Paulo: Escrituras, 2008.

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Apercepção é o processo de organização dos elementos mentais. Wun-
dt, afirmava que o processo de organizar os elementos mentais formam uma
unidade, que é a síntese criativa, que cria novas propriedades mediante a mis-
tura ou combinação dos elementos. (WUNDT apud SCHULTZ, 2009)
Assim como na teoria da Gestalt, na Apercepção, o composto é dotado
de características que não são a mera soma das características dos elementos
que o formam. Daí a celebre frase: o todo é maior que a soma das partes.
Trazendo a tona a subjetividade, uma experiência sensorial envolvendo
vários indivíduos pode ter diferentes relatos, não sendo nenhum incorreto, uma
vez que em toda experiência os atributos afetivos e ideacionais (desejos e interes-
ses para si) participam ativamente e a soma desses elementos vai gerar um novo
composto psíquico, diferente do que seria com os elementos de maneira isolada.
A Apercepção, segundo Wunt, é responsável pela significação ou inter-
pretação que o indivíduo tem do mundo que o cerca. E, neste caso, a essência
das coisas é determinada mais pelo pensamento e pela emoção do que pela per-
cepção neurológica. Assim, tanto a essência como o significado das coisas será
sempre pessoal e individual (WUNDT apud SCHULTZ, 2009).
Dessa forma, podemos entender que síntese criativa ou a criatividade
vai encontrar sua expressão nas funções Aperceptivas e nas atividades de imagi-
nação e compreensão, isto é, a capacidade de interpretar os estímulos sensoriais
de maneira a atribuir-lhe significado, sempre com base nas experiências pesso-
ais do indivíduo, suas emoções e seus conhecimentos.
No livro Criatividade e suas origens, Winnicott (1975) concluiu
que a criatividade bem sucedida é um colorido de toda atitude com relação à
realidade externa. Com este tipo de pensamento, o indivíduo passaria a exercer
uma atitude criativa perante a vida; a vida seria digna e seria digno viver o que
está em oposição à submissão diante da realidade externa.
Neste ponto, a criatividade se relaciona dentro da esfera social que
cada indivíduo ocupa. Se pensarmos no nível de desempenho social, veremos
que cada indivíduo pode exercer papeis diferentes segundo o ambiente e a si-
tuação em que se encontra. De acordo com o cientista social Erving Goffman
(2012), podemos interpretar como as ações de atores sociais.
Ocorre que, por sua vez, os diferentes modos de subjetivação desses
atores sociais estarão relacionados com a dimensão ética na medida em que
um determinado quadro de normas e valores e uma determinada postura serão

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simultaneamente ensinados e exigidos dos sujeitos. A(s) ética(s), portanto, são
como dispositivos ‘pedagógicos’ de subjetivação: elas efetivam a conversão dos

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indivíduos em sujeitos historicamente determinados pela moral da sua época.
Tanto a ética, como o desempenho dos papeis do indivíduo na socieda-
de, nos fazem refletir a respeito da razão de ser da criatividade aplicada a partir
da dimensão do produto inovador gerado pelo ato criativo. É neste momento

CRIATIVIDADE E INOVAÇÃO EM AMBIENTES COORPORATIVOS


que adentramos à segunda parte deste estudo: o processo de inovação.
Para Brandão (apud Alencar, 2001) a criatividade é como uma expe-
riência espiritual e psíquica, que integra diversos níveis da ação humana em
direção ao novo, ao inusitado, ao que se encontra além do limite.
Como já afirmamos anteriormente, no mundo atual, acelerado e co-
nectado, que gera informações em tempo real, a criatividade é considerada uma
capacidade humana de grande valor universal.

Podemos pensar que a criatividade aliada à inovação tem a pretensão


de criar novos mundos e a ética precisa ser considerada como um princípio fun-
dante do processo de inovação.

[...] criatividade é o processo de tornar-se sensível a problemas,


deficiências,lacunas no conhecimento, desarmonia; identificar a difi-
culdade, buscar soluções, formulando hipóteses a respeito das defi-
ciências; testar e retestar estas hipóteses e, finalmente, comunicar os
resultados (TORRANCE, 1965, p. 68).

Visto dessa maneira, o fenômeno da criatividade poderá se manifestar


em todos os setores da vida, sejam eles: científico, estético, social e político, e
é por isso que todas as ciências apresentam uma versão diferenciada no seu
conceito, condizentes com as suas próprias ideologias, agregando utilidade e
individualidade determinadas.

[...] a capacidade de uma pessoa para produzir idéias[sic], concepções,


invenções ou produtos artísticos novos ou originais, que são aceitos
pelos especialistas como tendo valor científico, estético, social ou téc-
nico. (VERNON apud BODEN 1999, p. 204)

71
No caso da nossa disciplina, a criatividade deverá valer pelo resultado
do produto gerado. Como estamos trabalhando na perspectiva do mercado, em-
bora o processo de inovação se utilize de toda a potencialidade da criatividade
ele busca um efeito prático empreendedor. Inovar e empreender são atividades
que devem estar baseadas em planejamento e envolvem riscos sobre a inovação,
por isso, se baseiam na capacidade da ideia efetivamente gerada ser receita.
Dentro dos ambientes coorporativos a inovação passou a ser consi-
derada um assunto estratégico e, também, passou a ser vista como uma opor-
tunidade para obtenção de vantagens competitivas. Manter a competitividade
depende em grande parte da competência das empresas em se adequarem nas
oscilações do mercado. É bastante importante que as estratégias de atuação da
empresa sejam capazes de absorver informações e tecnologias que circundam
para promoverem as inovações necessárias.
Quando pensamos em processo de inovação para negócios estratégicos
uma ideia brilhante não representa sozinha a inovação. Na maioria das vezes, o
investimento dispensado não consegue ultrapassar os custos de criação, nem a
implantação da referida ‘inovação’.
Quando uma empresa utiliza fontes de pesquisa externa: fornecedores,
clientes, centros de pesquisa e outros para o desenvolvimento do processo de
inovação ela está fazendo uma inovação aberta e, quando só utilizam dados e
informações da própria empresa, chama-se inovação fechada.
As atividades de inovação variam de empresa para empresa. Algumas
desenvolvem e introduzem um novo produto no mercado, enquanto outras fa-
zem melhorias contínuas em seus produtos, processos e operações. Podemos a
inovação em: produtos, processos e modelos de negócios.

[...] A compra a prestação foi uma inovação que exigiu apenas uma
ideia e revolucionou o mercado mundial, portanto, a inovação não pre-
cisa ser técnica, não precisa sequer ser uma “coisa”. (DRUCKER, 1987
p. 41).

Existem diferentes formas de inovação que podem ser classificadas


quanto aos objetivos focais da inovação:

72 Criatividade e Inovação
1) Inovação do produto:
Exemplo: a inovação de um produto: que incide em modificações nos

Tema | 02
atributos do produto, com mudança na cor, ingrediente ou na forma como é
utilizado em comparação ao modelo tradicional.

CRIATIVIDADE E INOVAÇÃO EM AMBIENTES COORPORATIVOS


2) Inovação de processo:
Exemplo: são mudanças no processo da produção do produto ou ser-
viço. Às vezes, o usuário final não percebe a alteração, mas traz benefícios no
processo de produção, geralmente com a economia de recursos e aumento na
produtividade.

3) Inovação de modelo de negócio:


Exemplo: são mudanças no modelo de negócio, isto é, na forma como
o produto ou serviço é oferecido para o mercado. Não necessariamente se intro-
duz mudanças nem no produto nem mesmo no processo de produção, a mudan-
ça ocorre na forma como que ele é distribuído e entregue ao mercado. Quando
uma indústria, como a Kodak, que surgiu como fabricante de máquinas foto-

73
gráficas, realinha o negócio para a comercialização de hardwares e softwares de
imagens de alta resolução em diagnósticos da área de saúde.

Existem também diferentes formas de inovação que podem ser classi-


ficadas quanto ao seu impacto:

1) Inovação Incremental:
Consiste em pequenas melhorias que são efetivadas gradualmente nos
produtos ou em linhas de produtos. São pequenos avanços nos benefícios per-
cebidos pelo consumidor, mas não altera de forma expressiva o modo como o
produto é consumido ou mesmo no modelo de negócio.

2) Inovação Radical:
Representa uma mudança rigorosa na maneira que o produto ou ser-
viço é consumido. Geralmente, consiste na implantação de novo modelo para
aquele segmento de mercado, que modifica estruturalmente a maneira de se
comercializar ou de se ofertar algo que é muito diferente do modelo vigente.

74 Criatividade e Inovação
3) A inovação disruptiva
É um tipo de inovação que ocorre no mercado das novas tecnologias

Tema | 02
da informação: consiste na ruptura de um mercado oferecendo novos produtos
ou serviços que antes não existiam. Não é uma melhora é uma transformação
drástica de um produto caro e sofisticado, de acesso limitado, em algo rentável
e acessível para um público muito maior.

CRIATIVIDADE E INOVAÇÃO EM AMBIENTES COORPORATIVOS


A Inovação Disruptiva pretende descobrir novos mercados e novos
consumidores através da oferta de novos produtos geralmente mais baratos
do que o produto existente, o que significa entregar um novo produto para um
mercado que anteriormente não dispunha daquele tipo de tecnologia.
O surgimento de novas tecnologias advindas de vários lugares do pla-
neta, as empresas mudando o foco da produção de hardware para a prestação de
serviços, a introdução do conceito de mobilidade graças aos dispositivos como
tablets e smartphones e a adesão crescente do conceito do software livre. Este
tipo de inovação surgiu também como alternativa para empresas que se depa-
ram com o dilema de tornar os atuais produtos ainda melhores para clientes que
querem sempre algo mais sofisticado.
Esses exemplos de inovação demonstram o quanto à criatividade e os pro-
cessos de inovação estão inseridos e atendendo às condições do mercado globalizado.
Parece muito interessante considerar sobre a capacidade que os indivíduos
criativos têm em reconstruir, construir e transformar realidades. Também é confortável
saber que todos nós temos a capacidade criadora, cabendo a cada um desenvolvê-la.

[...] criatividade é muito mais que uma característica do ser humano; é


muito mais que uma capacidade. É mais abrangente e o envolve comple-
tamente. É uma visão de vida, um estado de espírito, uma forma de ver o
mundo e de assumir um papel dentro dele (ALENCAR, 2001, p.76).

Os processos de inovação aliados à criatividade seguem comunicando


os seus resultados: suas novas invenções, novos produtos, novos serviços, re-
solvendo problemas, apresentando novas teorias, aumentando a capacidade de
análise e síntese em um processo contínuo de mudança e desenvolvimento para
a organização da vida humana.
No próximo tópico iremos conhecer contextos que estimulam ou blo-
queiam a criatividade e a inovação.

75
2.3 Contextos criativos: estímulos e bloqueios à
criatividade e à inovação

Eu não tenho nenhum talento especial. Sou apaixonadamente curioso.


Albert Einstein

Para melhor compreendermos o que são considerados como contextos


criativos, continuaremos com a ideia de quebrar o mito de que somente algu-
mas pessoas são criativas, porque isso é essencial para o desenvolvimento da
atitude criativa.

Em nossa sociedade, entretanto, muitos são os mitos e idéias[sic] er-


rôneas que continuam profundamente arraigados a seu respeito, blo-
queando e inibindo um uso mais efetivo de nosso potencial para criar.
Um destes mitos é a concepção da criatividade como algo apresentado
apenas por gênios e artistas ou a sua visualização como uma carac-
terística inata e que, portanto, não pode ser ensinada ou aprendida.
Outra idéia[sic] errônea que necessita ser desfeita é a consideração da
criatividade como dependendo apenas de fatores do próprio indivíduo
como de suas habilidades de pensamento, atributos de personalidade
e bagagem de conhecimentos, desqualificando o importante papel da
educação, do ambiente de trabalho e da sociedade para o reconheci-
mento e estímulo da capacidade de criar. (ALENCAR, 2015, p. 01)

Também já foi posto que as experiências, contextos sociais e culturais


que vamos experimentando durante nossas vidas vão criando alguns pré-con-
ceitos em nossas mentes. Mas o que precisamos saber é que esse mecanismo
de acesso, ou seja, a percepção em relação às experiências passadas é muito
importante porque, muitas vezes, dele depende nosso bem-estar. Quando con-
sultamos nossas lembranças somos capazes de evitar alguns desconfortos, caso
ela nos alerte sobre o quanto aquilo foi bom ou, pelo contrário, nos fez sofrer e
devemos evitar.

76 Criatividade e Inovação
Sem desconsiderar essa importante função da memória das sensações
passadas e do reconhecimento de objetos e fenômenos, esse mecanismo inter-

Tema | 02
fere quando queremos buscar algo novo, se nos acostumamos com o arranjo
‘viciado’ das respostas vamos ficando apáticos e continuaremos a remoer as
mesmas soluções. É como se criássemos processos automatizados em nossas
mentes que acabam por limitar a configuração de novas ideias.

CRIATIVIDADE E INOVAÇÃO EM AMBIENTES COORPORATIVOS


As crianças são um bom exemplo para aprendermos sobre como frear
a automatização do pensamento, pois nas crianças ela não existe ainda ou está
pouco fixada.
No decorrer da vida, o indivíduo desenvolve, progressivamente, a
capacidade perceptual. As crianças, com o tempo, de tanto observarem as ex-
pressões faciais de seus pais, acabam por compreender quando estão felizes ou
quando estão zangados. Com a percepção, a criança faz a correlação entre coisas
que acontecem através dos seus sentidos, durante este processo ela interage e
testa sues limites, verificando se aquele fato é recorrente e com isso apreende o
mundo.
Levando em consideração que a empatia e a observação é um dos pro-
cedimentos fundamentais para a criatividade, o desenvolvimento de ambos
promove uma capacidade perceptual pela atitude ativa.
Imaginemos uma criança querendo alcançar um brinquedo que se en-
contra sobre a mesa, sua percepção informa que somente uma cadeira não será
suficiente para chegar a alcançá-lo, ainda falta mais um pouco. Nesse momen-
to, a criatividade vai conduzi-la a observar ao redor para verificar que tipo de
suporte pode ser mais alto do que a cadeira. Ao encontrar um caixote ocorre a
ideia de colocá-lo sobre a cadeira, o que lhe permitirá chegar até o seu objetivo.
O primeiro ponto que precisamos analisar é a atitude criativa inova-
dora (inovadora porque a criança não copiou, ela concebeu a solução ao juntar
informações dentro daquele contexto).
O segundo ponto é o fator de risco: qualquer adulto iria desmotivá-la
por conta da instabilidade dos objetos, um sobre o outro, o que acarretaria na
queda da criança.
Vejam que agora apareceram dois novos elementos influenciadores no
processo criativo:

77
1. A necessidade/problema ou objetivo, que foram identificados
e claramente estabelecidos graças à habilidade perceptual através
da observação e que forneceram o impulso positivo ou motivação
para buscar a resposta.
2. A crítica feita pelos pais que ofereceu o reforço negativo (neste
caso apropriado) já que a imposição da regra estanca o fluxo cria-
tivo de pensamento. (neste caso a regra só tem significado para os
pais, porque a criança não sabe o perigo que representa apoios ins-
táveis, só irá aprender depois de cair pela primeira vez).

Certamente, as regras são bem-vindas, pois evitam acidentes, mas


quando não compreendemos porque elas existem, nem achamos sentido para
a sua aplicação, apenas a parte negativa da regra - aquela que inibe a iniciativa,
fica evidente, por isso é importante explicar para a criança o perigo iminente da
sua atitude.
Normas, procedimentos e regras são úteis, grande parte dos ensina-
mentos que recebemos em família ou na vida escolar foi elaborada porque de
alguma maneira funcionaram no passado, mas boa parte delas foi imposta sem
explicação nas nossas mentes.
Se a regra não tem justificativa provavelmente pode ter sido desenvol-
vida a partir de conjecturas imperfeitas ou que para os dias de hoje não servem
mais. O que nos pareceu útil, quando criança, pode não servir mais, neste caso a
criatividade ajuda a quebrar regras. Agora é fundamental entendermos a regra
para que possamos justificar sua aceitação ou, ao contrário, sua rejeição.
Margareth Boden (1999) dividiu a criatividade em duas áreas:
1. Criatividade psicológica: quando o produto ou resultado do ato
criativo é novidade para a pessoa, mas não para a humanidade
(como no caso do exemplo da criança);
2. Criatividade histórica: quando o produto ou resultado do ato cria-
tivo é inédito em escala universal.

A segunda área está mais próxima do que buscamos. Estamos à pro-


cura da criatividade histórica que é mais próxima do ato inovador e, para este
caso, não existem regras definidas e as que existem não estão trazendo as solu-
ções desejadas.

78 Criatividade e Inovação
Como foi proposto anteriormente, o indivíduo criativo se manifesta em
vários ambientes e contextos, mas devido à natureza e o direcionamento desta

Tema | 02
disciplina, em especial, trataremos da inovação no ambiente empresarial.
Por isso, foi importante entendermos que testar e errar faz parte do
processo criativo a caminho da inovação, quanto mais ligações de causa e efei-
to, correlações e experiências unidas às partes do problema, mais próximos da

CRIATIVIDADE E INOVAÇÃO EM AMBIENTES COORPORATIVOS


solução estaremos.
Consequentemente, vai ficando mais claro que a criatividade é o pro-
cesso que deflagra a inovação e a inovação é o processo de implementar o pro-
duto gerado pelo ato de criar. Do ato criativo, precisa ser realizada uma inova-
ção  em um determinado campo de atuação: design, arquitetura, administração,
engenharia entre outros, ou seja, é necessário propor uma solução para um pro-
blema de uma forma inédita, além do que essa inovação precisa ser reconheci-
da pelos pares.
Ambas as etapas são fundamentais e necessitam de tempo e investi-
mento por parte das pessoas e das empresas que buscam a inovação.
Outro fator importante que precisamos deixa evidente é que para fazer
inovação existem limites, que não significam bloqueios, mas requisitos que vem
junto com a formulação do problema.
Por exemplo, quando trabalhamos para a inovação de produto, os
limites são essenciais para guiar o processo criativo; um orçamento apertado
como requisito de projeto não pode ser considerado um bloqueio criativo.
Os requisitos para o desenvolvimento do projeto podem e devem ser
negociados sempre que necessário, mas dificilmente os profissionais ligados a
criatividade recebem um “brief dos sonhos” do tipo: “pode gastar quanto qui-
ser”, “o cliente é qualquer pessoa”, “não temos pressa”, “entregue quando ficar
pronto” ou, ainda, “tudo o que fizer será aprovado”.
Obviamente para aquele momento inicial, a criatividade genuína pode
ser interessante, inclusive existem técnicas para o desbloqueio que incentivam
“esse vale tudo”, mas para a inovação não deverá funcionar da mesma maneira.
As soluções são feitas para um mundo real e, portanto, seus critérios e requisi-
tos deverão ser respeitados. Afinal, quem precisa de criatividade quando não se
tem obstáculos nem desafios para enfrentar?!
Sim, é fato que a criatividade precisa de limites e, também, é fato que
as empresas não sobrevivem mais sem inovação. Sem a geração de ideias, a

79
inovação não acontece e, consequentemente não há novos produtos, serviços ou
novos processos.
Agora, também é verdade, que estimular a criatividade no ambiente
empresarial não é um processo muito simples. Primeiramente, porque a ino-
vação não acontece por acaso e muito menos por decreto. É preciso estabelecer
um ambiente propício para contagiar a todos criando mecanismos de partilha e
compromisso com a melhoria contínua.
As empresas que utilizam como princípio organizacional o desenvol-
vimento de processos inovadores são empresas que possuem uma cultura da
inovação e praticam a gestão da inovação. São organizações empresariais que
buscam por vantagens competitivas diferenciadas.

[...] cultura organizacional é o conjunto de pressupostos básicos que


um grupo inventou, descobriu ou desenvolveu ao aprender como li-
dar com os problemas de adaptação externa e integração interna e que
funcionaram bem o suficiente para serem considerados válidos e en-
sinados a novos membros como a forma correta de perceber, pensar
e sentir, em relação a esses problemas. (SCHEIN apud FLEURY et al
1996, p.20)

Os estudos sobre cultura organizacional são muitos e diversificados,


mas alguns conceitos se destacam com mais frequência como crenças, valores e
pressupostos básicos que são compartilhados por todos os membros da organi-
zação, representados através de normas, que podem ser observadas em rituais,
palavras, imagens e ações.

80 Criatividade e Inovação
Informações adaptadas para a tabela

Tema | 02
CLASSIFICAÇÃO DAS PRINCIPAIS CATEGORIAS
ASSOCIADAS À CULTURA ORGANIZACIONAL
a) Regularidades comporta- a linguagem utilizada, as tradições e os costumes que
mentais observáveis quan- evoluem, os rituais empregados em uma extensa va-

CRIATIVIDADE E INOVAÇÃO EM AMBIENTES COORPORATIVOS


do as pessoas interagem: riedade de situações.
b) Normas do grupo: os padrões implícitos e os valores que evoluem em
grupos de trabalho.
c) Valores expostos: os princípios e valores articulados e publicamente
anunciados, que o grupo proclama estar tentando
atingir, tais como qualidade do produto ou liderança
em preço
d) Filosofia formal: os princípios ideológicos e as políticas que guiam as
ações do grupo em relação aos acionistas, clientes e
outros stakeholders.
e) Regras do jogo: as regras implícitas para ser bem sucedido na organi-
zação, os macetes que um recém chegado deve apren-
der para ser aceito pelo grupo, o jeito que nós fazemos
as coisas por aqui.
f) Clima: o sentimento que é gerado num grupo pelo layout fí-
sico e o modo que os membros da organização inte-
ragem uns com os outros, com clientes ou estranhos.
g) Habilidades incorpora- as competências especiais que os membros do grupo
das: demonstram ao realizar determinadas tarefas e a ha-
bilidade de fazer coisas, que são passadas de geração
para geração sem necessariamente estarem articula-
das por escrito.
h) Hábitos de pensamento, as estruturas cognitivas compartilhadas que guiam as
modelos mentais e/ou para- percepções, pensamentos e linguagem usadas pelos
digmas linguísticos: membros de um grupo e são aprendidas pelos novos
membros no processo de socialização inicial.

81
i) Significados compartilha- o entendimento tácito que emerge quando os mem-
dos: bros do grupo interagem.

j) Metáforas ou símbolos in- as ideias, sentimentos e as imagens que os grupos de-


tegrativos: senvolvem para se caracterizar, que pode ser ou não
apreciado conscientemente, mas estão incorporados
em edifícios, layout dos escritórios e outros artefatos
materiais do grupo.

Fonte: SCHEIN, E. H. Organizational culture and leadership. San Francisco: Jossey-Bass, 1992.

Dada à importância crescente da inovação nos contextos empresariais


é responsabilidade da cultura organizacional, através da Gestão da Inovação,
buscar por mais vantagens competitivas diferenciadas para que a empresa al-
cance seus objetivos. Os gestores deverão utilizar como estratégia medidas que
facilitem a fruição da criatividade e da inovação dentro do ambiente empresa-
rial.
As empresas que pretendem dissolver barreiras e bloqueios do seu pes-
soal relativos à criatividade e a inovação criam ações que promovem à melhoria
contínua de seus produtos, serviços e processos, afinal a excelência é uma longa
jornada, para a qual todos têm que estar preparados para avançar paulatina-
mente.
Gestores de inovação sabem que não há receita mágica para a inovação
a não ser o trabalho de persistência, disciplina e foco na criação de valor para o
cliente.
Para isso, criam-se equipes multidisciplinares para trabalharem em
projetos pilotos em várias áreas do negócio. Esses projetos, a princípio experi-
mentais, visam o aperfeiçoamento das pessoas e dos processos no contexto da
empresa, tendo por características principais o tempo reduzido de implementa-
ção e o baixo custo.
Conforme já estudamos, há casos que a criatividade se manifesta natu-
ralmente da própria personalidade humana, mas há situações que a criatividade
só acontece por meio da interação entre os pensamentos do indivíduo e seu
contexto sociocultural, é neste segundo caso que, por vezes, poderemos acionar
a criatividade mediante estímulos externos.

82 Criatividade e Inovação
Segundo Manas (2003), algumas providências gerenciais conseguem
sintonizar as empresas para a inovação:

Tema | 02
• motivar a busca de novas oportunidades de mercados e negócios,
• desenvolver tecnologia própria,
• elevar o padrão de qualidade de seus produtos ou serviços,
• racionalizar e modernizar a produção,

CRIATIVIDADE E INOVAÇÃO EM AMBIENTES COORPORATIVOS


• capacitar técnica e gerencialmente pessoal especializado e recursos
humanos em geral.

Contudo, alguns especialistas relatam que tanto a inovação como a


criatividade têm sido severamente inibidas por obstáculos de natureza emocio-
nal e social subestimada por um sistema administrativo que, por vezes, tenta
reduzi-la abaixo do nível de suas reais contribuições. Sobre isto Mana (2003)
também indica algumas barreiras burocráticas inovação:
• o isolamento da alta administração;
• a intolerância com os pesquisadores, aliada a incentivos inadequados;
• o horizonte de curto prazo;
• as práticas contábeis conservadoras;
• o racionalismo e a burocracia excessivos.

Mesmo hoje, com toda divulgação a respeito da necessidade da inova-


ção e da criatividade, os ambientes empresarias ainda sofrem com ideias equi-
vocadas e errôneas a respeito do processo criativo. Esses mitos impedem que a
empresa desenvolva em seus colaboradores o seu potencial criativo.
É admissível e saudável um pouco de cautela por parte dos empre-
sários, já que inovar é um procedimento de risco e isso já ficou bastante evi-
dente, mas com um bom planejamento e gestão é um risco que deve e pode
ser administrado.
Qualquer tipo de mudança, no princípio, pode causar instabilidade,
mas os gestores que querem a inovação precisam propiciar aos seus colabora-
dores tempo e permissão para erros e adequações.
Questionamentos e críticas fazem parte do amadurecimento do processo
de inovação na empresa e, na maioria das vezes, podem ser pertinentes e va-
liosas. Entretanto, é preciso enfrentar a resistência de pessoas que insistem em
argumentar contra o novo. São pessoas que utilizam aquelas velhas justificativas:

83
“time que está ganhando não se deve modificar”; “deixa como está para ver como
é que fica” que são frequentes nas organizações, por isso vale uma assessoria dire-
cionada ao grupo para melhorar a autoconfiança e gosto pelo desafio.
Outra situação é, que às vezes, ao invés das críticas se tornarem um
estímulo se transformam em uma barreira para a inovação, é que existe um
pensamento generalizado, em especial, nos setores de tecnologia ou financeiro,
de que a competição interna é positiva para a inovação. Neste caso, é preciso
tomar certas precauções, pois pode-se incentivar a rivalidade das pessoas de
um mesmo grupo de trabalho.
Os grupos criativos são exatamente aqueles que têm mais confiança
para dividir e debater ideias entre si. Quando as pessoas competem por dinheiro
ou por reconhecimento, param de trocar informações, o que é descontrutivo,
já que é impossível uma única pessoa ter todas as informações para resolver o
problema sozinho.
Dessa forma, é necessário apreender qual é o tipo de inovação mais
adequado para cada tipo de organizações, para poder compreender como ele
poderá interferir na dimensão do seu crescimento. Também, definir formas de
introduzir o pensamento criativo, interagir com o mercado e seus acionistas,
clientes e outros, tratando o assunto de forma a observar relações gerais que a
criatividade pode ter com o micro e o macro contexto econômico.
A criatividade e a inovação precisam ser potencializadas. Se a empre-
sa quer pessoas criativas e inovadoras precisa oferecer subsídios para que elas
possam se comportar criativamente. Se for necessário, criar uma nova cultura
organizacional que sustente a Gestão da Inovação que é o mesmo que estimu-
lar, capacitar, apostar no potencial das pessoas, através de um exercício diário
e contínuo. Criar uma cultura organizacional onde se possa arriscar, tentar e se
reinventar.
No próximo tópico iremos ver como a estrutura administrativa pode
colaborar na inserção da criatividade e da inovação na empresa.

84 Criatividade e Inovação
2.4 Inovação tecnológica em ambientes coorporativos
como fator de crescimento dos Negócios

Tema | 02
Processo de Inovação tecnológica são todos aqueles esforços que re-
sultaram em inovações de produtos e serviços. Também são consideradas ino-
vações tecnológicas um novo modelo de negócio, novo método administrativo/

CRIATIVIDADE E INOVAÇÃO EM AMBIENTES COORPORATIVOS


organizacional e, até mesmo, a adaptação às novas fontes de energia, matéria-
-prima e suprimentos.
Como nos interessa falar sobre a importância da inovação tecnológica
aplicada em ambientes coorporativos, o conceito de inovação está implicado em
explorar novas ideias e delas obter sucesso comercial. Nos ambientes coorpora-
tivos é comum relacionar sucesso com aumento do faturamento, acesso a novos
nichos de mercado, ganhos refletidos nos lucros entre outros benefícios.
Vale a pena ressaltar que a melhoria contínua é um fator motivador da ino-
vação, mas sua aplicação não é garantia de inovação. A melhoria contínua ajuda man-
ter a competitividade dos produtos em termos de qualidade e custos. Já a inovação,
para ser caracterizada como tal, precisa causar um impacto significativo como, por
exemplo: na estrutura organizacional, na concorrência ou no faturamento.
As universidades públicas e privadas e os institutos científico-tecnoló-
gicos expandem suas parcerias com as indústrias e empresas para que estas não
se distanciem da geração de novos conhecimentos disponíveis e possam estar à
frente na produção de novas tecnologias. 
A maioria das grandes empresas possui departamentos dedicados à
inovação, com laboratórios de pesquisa e desenvolvimento - P&D, somando-se
ao quadro funcional com diversos pesquisadores. As empresas são, em grande
parte, responsáveis pela inovação por conta de viabilizarem para o mercado as
novas ideias por meio de tecnologias, produtos e processos.
Chama-se sistema de inovação um conjunto de instituições: centros de
pesquisa, universidades, agências de fomento, governo, empresas e seus clien-
tes, fornecedores, concorrentes e investidores.
A dinâmica de interação entre esses parceiros é essencial, pois cada
um tem um papel primordial que vai desde a prática de pesquisa, do desenvol-
vimento de produtos e processos, até a aplicação subsídios ou investimentos,
passando por desenvolvimento de prototipação, pesquisa de mercado, logística
e escalonamento de produção.

85
No contexto empresarial, buscam-se as inovações tecnológicas, que
ocorrem em quatro grandes áreas da empresa: empreendimento, estrutura, tec-
nologia, comportamento com o objetivo central de manter a competitividade
dentro do mercado globalizado.
Manter-se competitivo no mercado atual é estar à frente de seus con-
correntes, o que depende da capacidade de entregar para o consumidor algo que
nem ele próprio imaginava necessitar, despertando nele a vontade ou desejo de
possuir. (MANÃS, 2001)

Possíveis mudanças que ocorrem em quatro grandes áreas de uma empresa.

ÁREA IMPLICAÇÕES
Empreendimento Mudança no produto, serviço, mercado, negócios,...
Estrutura Realocação de pessoal, hierarquias, unidades de negócio,
departamentalização, redes,...
Tecnologia Mudança de processos, equipamentos, relação homem-
-máquina ou máquina-máquina,...
Comportamento Mudança de atitude e habilidades das pessoas.

Fonte: VICO MAÑAS, A. Gestão de Tecnologia e Inovação. 3 ed. São Paulo: Érica, 2001.p. 20.

Para que as empresas realizem inovações, é necessário que elas saibam


conviver com as mudanças, conforme estudamos no conteúdo 2.3, não há como
inovar no cenário competitivo sem planejamento ou uma competente gestão
estratégica aliada à gestão de tecnologia e inovação que é o termo que se atribui
para o processo de implantar e administrar toda e qualquer inovação e ou ideias
inovadoras no contexto da empresa.
Todo planejamento de gestão de tecnologia e inovação deverá estar li-
gado ao pensamento da gestão estratégica assumido pela organização, levando
em conta, primordialmente, os próprios objetivos e visão de futuro para o em-
preendimento.

86 Criatividade e Inovação
Vamos estabelecer uma ordem para entendermos as terminologias uti-
lizadas e em que consistem suas respectivas responsabilidades:

Tema | 02
• Gestão estratégica e Planejamento estratégico
• Gestão da tecnologia e inovação
• Gestão de P&D

CRIATIVIDADE E INOVAÇÃO EM AMBIENTES COORPORATIVOS


1) Gestão Estratégica e Planejamento Estratégico

Por estratégia, podemos entender todo o potencial que é deliberado para


desenvolver uma vantagem competitiva de uma empresa. Para desenvolver esta
vantagem as empresas precisam construir uma identidade sólida e estabelecer
objetivos claros em relação ao mercado. O aconselhável é começar pelo entendi-
mento da razão de ser da empresa e do que ela pode oferecer, com isso será possí-
vel reconhecer quem são seus concorrentes e estabelecer seu posicionamento no
mundo dos negócios. Quanto mais diferenciais uma empresa puder estabelecer
em relação aos seus concorrentes, maior será sua vantagem competitiva.
Dessa forma, o modo como a empresa se comporta, isto é, suas atitudes
sobre o modo de fazer negócios e o modo de interferir no mercado, a capacidade de
se adaptar sem ferir seus princípios vão construindo uma imagem que é percebida
pelos seus clientes, fornecedores, concorrentes enfim pela sociedade em geral.
Assim, a Gestão Estratégica guarda um pensamento original, holístico
e sistêmico que é a base fundante para a construção da imagem da organização,
mas também para avaliar a situação, acrescentar novos elementos, refletir e até
realinhar novas estratégias e metas conforme a necessidade.
Como o conceito de estratégia se relaciona diretamente com visão de futu-
ro, os responsáveis pela gestão estratégica devem questionar tanto os possíveis riscos
como as possíveis oportunidades. Somente dessa maneira se consegue propor ações
antecipadas e dar respostas estratégicas ou adotar contramedidas para evitar o pior.
O Planejamento Estratégico é um processo gerencial articulado e con-
tínuo para o cumprimento das estratégias previamente estabelecidas. Ele diz
respeito à formulação de objetivos25 metas e, seus respectivos programas de

25 Matriz SWOT é uma ferramenta amplamente utilizada para identificar FORÇAS/FRAQUEZAS


– OPORTUNIDADES/AMEAÇAS relacionadas respectivamente ao ambiente interno da empresa e
externo (mercado)
As análises procedentes dessa Matriz permitem definir e priorizar ações efetivas no planejamento
estratégico.

87
ação, acompanhamento e execução. Seu papel é inserir a organização, segundo
a sua Missão, no ambiente onde ela está atuando, isto é, reforçar a posição da
empresa no mercado, promover a satisfação dos clientes e atingir os objetivos
de desempenho.
Para Drucker (apud Chiavenato, 2003), planejamento estratégico é o
processo contínuo e sistemático que contém uma visão prospectiva de atuação
para a empresa. Segundo o autor, planejar estrategicamente significa tomar
decisões de médio e/ou longo prazo que comprometem o direcionamento e a
viabilidade do negócio e, portanto, envolve riscos: desde organizar as atividades
necessárias à execução dessas decisões, monitorar e medir o alcance dos resul-
tados até retroalimentar esse sistema com informações pertinentes.
Incluso na Gestão Estratégica e consequentemente do Planeja-
mento Estratégico existem vários procedimentos que visam traçar um diag-
nóstico onde para isso são realizados levantamentos sobre a situação atual da
empresa: uma avaliação profunda da existência e/ou adequação das estratégias
vigentes, bem como, dos resultados esperados. O diagnóstico estratégico deter-
mina o grau e o nível de competitividade da empresa, o seu portfólio de produ-
tos, ações de mudanças, vulnerabilidade às ameaças, quantidade de recursos
disponíveis e prioridade para projetos futuros.

Os principais elementos da gestão estratégica


Declaração da a missão é o elemento que traduz as responsabilidades e preten-
missão sões da organização junto ao ambiente e define o negócio, de-
limitando o seu ambiente de atuação. A missão da organização
representa sua razão de ser, o seu papel na sociedade.
Visão de negócios mostra uma imagem da organização no momento da realização
de seus propósitos no futuro. Trata-se não de predizer o futuro,
mas de assegurá-lo no presente. A visão de negócios cria um
“estado de tensão” positivo entre o mundo como ele é e como
gostaríamos que fosse (sonho). A visão de negócios associada
a uma declaração de missão compõe a intenção estratégica da
organização.

88 Criatividade e Inovação
Diagnóstico estra- procura antecipar oportunidades e ameaças para a concreti-

Tema | 02
tégico externo zação da visão, da missão e dos objetivos empresariais. Cor-
responde à análise de diferentes dimensões do ambiente que
influenciam as organizações. Estuda também as dimensões se-
toriais e competitivas.

CRIATIVIDADE E INOVAÇÃO EM AMBIENTES COORPORATIVOS


Diagnóstico estra- corresponde ao diagnóstico da situação da organização diante
tégico interno das dinâmicas ambientais, relacionando- a às suas forças e fra-
quezas e criando as condições para a formulação de estratégias
que representam o melhor ajustamento da organização no am-
biente em que atua. O alinhamento dos diagnósticos externos
e internos produz as premissas que alicerçam a construção de
cenários.
Fatores críticos de esse recurso metodológico é uma etapa do processo inserida
sucesso entre o diagnóstico e a formulação das estratégias. Ele procu-
ra evidenciar questões realmente críticas para a organização,
emergindo dos problemas apontados na análise realizada com
a aplicação do modelo SWOT, de cuja solução dependerá a con-
secução da missão. Os determinantes de sucesso também são
denominados fatores críticos de sucesso e encaminham as po-
líticas de negócios.

Definição dos ob- a organização persegue simultaneamente diferentes objetivos


jetivos em uma hierarquia de importância, de prioridades ou de urgên-
cia. Análise dos públicos de interesse (stakeholderes) – quando
foi definida a estratégia, já se observou que só se tem sucesso
na estratégia elaborada ao atender às necessidades dos públicos
de interesse. Um stakeholder consiste em uma pessoa, um gru-
po de pessoas ou uma organização que pode influenciar ou ser
influenciado pela organização, como consumidores, usuários,
empregados, proprietários, dirigentes, governo, instituições fi-
nanceiras, opinião pública ou acionistas. A análise consiste na
identificação dos grupos e de seus interesses e poderes de influ-
ência no que diz respeito à missão da organização.

89
Formalização do um plano estratégico é um plano para a ação, mas não basta
plano somente a formulação das estratégias dessa ação. É necessário
implementá-las por meio de programas e projetos específicos.
Requer um grande esforço de pessoal e emprego de modelos
analíticos para a avaliação, a alocação e o controle de recursos.
Esse elemento metodológico exige uma abrangência completa
de todas as áreas de tomada de decisão da organização; uma
racionalidade formal no processo de tomada de decisão e um
firme controle sobre o trabalho.
Auditoria de de- trata-se de rever o que foi implementado para decidir os novos
sempenho e resul- rumos do processo, mantendo as estratégias implantadas com
tados sucesso e revendo as más estratégias. A reavaliação das estra-
(reavaliação estra- tégias aparece como resultado de um processo de medição de
tégica) diversos grupos de influências associados a cada estratégia.

Fonte: ZENONE, Luiz C. Marketing Estratégico e Competitividade Empresarial: Formulando estra-


tégias mercadológicas para organizações de alto desempenho. São Paulo: Editora Novatec, 2007

Na tabela acima estão dispostos os momentos e procedimentos que


envolvem uma Gestão Estratégica. As etapas descritas ajudam a visualizar de
forma mais simples os conceitos envolvidos em cada procedimento.
Vale a pena destacar a necessidade do envolvimento e a disponibili-
dade por parte dos responsáveis pela empresa em apontar a visão de futuro
em relação ao empreendimento, ou seja, a disponibilidade para opinar e apoiar
as decisões estratégicas. Por se tratar de momentos decisivos para o futuro da
empresa, é preciso atenção aos pontos de mudança que podem afetar de forma
positiva ou negativa a cultura organizacional.
Em função da complexidade do mercado e do grande número de va-
riáveis que envolvem os problemas dentro da empresa, é preciso estabelecer
prioridades seguindo uma sequência lógica e hierárquica para a implantação
das ações mais relevantes. Esses procedimentos definem o direcionamento que
a empresa precisa seguir para sobreviver ou se destacar no cenário econômico.
A comunicação é outro fator relevante para o planejamento estratégi-
co, a existência de perfeita comunicação institucional interna é a troca, o diálogo
e a negociação entre as pessoas que fazem parte da corporação, de forma a sem-
pre validarem o que vem a ser a Missão, Visão e Valores da empresa.

90 Criatividade e Inovação
O processo de seleção das prioridades se inicia com a apuração do le-
vantamento da situação atual da empresa, todo o cuidado com esse procedi-

Tema | 02
mento se explica pela urgência quando se trata de desenvolver ações corretivas
constantemente, focando nos objetivos e metas e desenvolvendo estratégias
de forma a manter sua sobrevivência, crescimento e diferenciação competiti-
va. Não esquecendo que a Gestão Estratégica tem como responsabilidade pres-

CRIATIVIDADE E INOVAÇÃO EM AMBIENTES COORPORATIVOS


crever como a empresa deve dirigir sua imagem para o mercado.
As ferramentas internalizadas na gestão do processo de inovação pre-
cisam ser adaptadas para cada realidade empresarial, levando em conta: o setor
de atuação, a estrutura e a cultura organizacional, o sistema econômico, a visão
de futuro e suas ambições.

2) Gestão da Tecnologia e Inovação

Se a competitividade de uma empresa é medida de acordo com a sua


capacidade de transformar e gerar riquezas, isto é, inovar no contexto do segui-
mento onde atua ela, com certeza deverá combinar vários tipos de conhecimen-
tos, competências, técnicas, equipamentos e recursos financeiros suficientes
para fazer frente a este desafio.
É neste momento que a Gestão da Tecnologia para a Inovação se torna
essencial e ajuda as empresas a administrarem as operações de forma mais efi-
caz e estratégica para fortalecer seu know-how e sua produção.
Dessa forma, podemos visualizar o potencial de competitividade da
organização no contexto tecnológico dentro de um determinado mercado de
segmentação em um determinado momento. Sem penetrarmos no emaranhado
conceitual sobre tipos de tecnologias, vamos seguir com uma definição genérica.
Segundo a etimologia, tecnologia vem da junção de duas palavras de
origem grega “tecno de téchne” que podem ser traduzidas como arte ou ofício
(no sentido de saber fazer algo) e “logia de logus” que podem ser definidas como
estudo ou razão. Que seria alguma coisa parecida com o estudo sobre como fa-
zer algo ou a razão de saber fazer algo.

91
De maneira simplificada, a tecnologia26 é sempre um produto oriundo
da ciência e da engenharia que foi constituído segundo um conjunto de méto-
dos, técnicas e instrumentos e, na maioria das vezes, visa à resolução de um
problema.
Obviamente, os avanços da tecnologia provocam grande impacto eco-
nômico, principalmente nos países que as desenvolve, tanto pelo lado positivo:
visto que proporciona melhor nível de vida para as pessoas daquele lugar; como
fatores negativos: visto que as questões de ordem social continuam a se desen-
volver em números alarmantes como a desigualdade social, a substituição do
homem pela máquina em vários postos de trabalho e a degradação ambiental
(descarte e ocupação desordenada).
Por sua vez, esses desdobramentos retornam como desafios e proble-
mas para o campo da inovação da própria tecnologia e permite à gestão da tec-
nologia analisar, com maior precisão, os aspectos decorrentes das atividades
das empresas em relação ao seu entorno.
Portanto, a Gestão da Tecnologia é o processo de interligação entre ciên-
cia e engenharia que estão atrelados a estratégias de pesquisas, desenvolvimento
e produção, com o intuito de atingir os objetivos de negócio da empresa de forma
eficiente, eficaz, ser economicamente viável e, agora também, sustentável. 
Para isso, algumas atividades relacionadas à gestão da tecnologia de-
vem ser consideradas:
Encontrar tecnologias que sejam mais relevantes para a empresa;
Classificar e avaliar as tecnologias pertinentes, conforme importância
estratégica, recurso disponível, ciclo de vida (de baixo, médio e longo prazo),
sustentabilidade etc;
Dominar tecnologias com alta significância para o setor;
Traçar estratégias para o departamento de pesquisa e desenvolvi-
mento; Incentivar processos inovadores: para desenvolvimento(interno) ou
aquisição(externo) de know-how;

26 Resumidamente as tecnologias são conhecidas como:


• Tecnologias primitivas: descoberta da roda, do fogo, da escrita entre outras.
• Tecnologias medieval: fundamentos técnicos da arquitetura; invenções como a prensa móvel, in-
ventos militares com a criação de armas ou as tecnologias das grandes navegações que permitiram a
expansão marítima,
• Tecnologias da Revolução Industrial (sec. XVIII): modificaram todo o processo produtivo.
• Tecnologias da telecomunicações (sec. XX): computadores, rede de telecomunicações e,
• Tecnologias de ponta: Nanotecnologia, Energia Nuclear, Biotecnologia entre outras.

92 Criatividade e Inovação
Planejar as atividades do departamento de pesquisa e desenvolvimen-
to, considerando as competências internas necessárias e seus objetivos estraté-

Tema | 02
gicos;
Adquirir recursos e/ou estabelecer de parcerias.
Implementar o novo processo ou o novo produto na linha de produção
da empresa e,

CRIATIVIDADE E INOVAÇÃO EM AMBIENTES COORPORATIVOS


Acompanhar a introdução do produto/serviço no mercado.

Dentro de uma visão econômica, empresa precisa decidir em termos


de produtos e mercados quais tem maior interesse em inovar. A empresa pode
decidir substituir produtos que estejam sendo descontinuados ou aumentar a li-
nha de produtos que oferece, visando aumentar sua participação de mercado ou
abrir novos mercados. Outra estratégia é aumentar a flexibilidade da produção,
reduzindo custos através do corte de materiais de consumo ou insumos para a
produção. E, também, querer melhorar a qualidade do produto, as condições de
trabalho dos seus colaboradores e/ou reduzir danos ao meio ambiente.

1) Gestão de Pesquisa e Desenvolvimento - P&D

Definida a estratégia, o portfolio e o planejamento de trabalho, a equi-


pe de P&D deverá se responsabilizar pela criação do produto, por isso é de fun-
damental importância que os conceitos e definições, bem como, os requisitos e
limites do projeto estejam bem compreendidos.
Um risco que as empresas correm quando não conseguem vislumbrar
um panorama macro do processo da inovação é concentrar esforços em apenas
uma das etapas do desenvolvimento do produto. Se a empresa valoriza muito a
pesquisa, por exemplo, há o risco de só o início estar bem estruturado, prejudi-
cando a obtenção dos resultados esperados. Competências da equipe de P&D:
• Pesquisa;
• Pesquisa aplicada;
• Desenvolvimento do produto;
• Testes com protótipos ou modelos.

93
Ao longo de todo o processo de inovação, é bastante providencial que a
equipe de P&D desenvolva ferramentas para avaliar e controlar, através de in-
dicadores de processos e riscos todas as etapas para poder definir novos rumos
para o projeto e evitar a erros futuros.
A Gestão de P&D além de realizar pesquisas e desenvolver o produto
é, também, responsável pela proteção legal das ideias e soluções advindas de
todo o processo. Desta forma, o conhecimento fica armazenado e protegido para
gerar novos conhecimentos e cada vez mais know-how tecnológico.
Gestão estratégica e Planejamento estratégico, Gestão da tec-
nologia e Inovação e Gestão de P&D não funcionam isoladamente, são três
instâncias que trabalham de maneira integrada. As etapas apresentadas ante-
riormente não representam ações imediatas e operacionais.
Todo o planejamento estratégico deve estar articulado com os objeti-
vos e planos operacionais da empresa focados na maximização dos resultados e
na minimização das deficiências sempre utilizando princípios de maior eficiên-
cia, eficácia e efetividade. Estes são os principais critérios para avaliar o papel
da gestão da tecnologia para inovação.
As empresas precisam entender as vantagens de trabalhar com uma vi-
são mais ampliada através da abertura para o diálogo, com centros de pesquisa
que são os grandes geradores de conhecimento no país, o estabelecimento de
parcerias público-privadas permite que vários esforços sejam catalisados. Tam-
bém, a inovação aberta é uma tendência que reflete um modelo colaborativo
para a geração de novas ideias que envolvem clientes, parceiros e fornecedores
no processo da inovação.
Para que gestão da inovação aconteça, na prática, de forma integrada, a
seleção de uma equipe multidisciplinar, formada por profissionais de diferentes
áreas e hierarquias de dentro da empresa é o caminho mais assertivo para se
pensar no processo de inovação como um todo.

94 Criatividade e Inovação
Tema | 02
SEELIG, Tina. Ingenium: um curso rápido e eficaz sobre cria-
tividade. São Paulo: Boa Prosa, 2012.
Leia: In Genius: um curso rápido e eficaz sobre criatividade.

CRIATIVIDADE E INOVAÇÃO EM AMBIENTES COORPORATIVOS


De forma clara e simples o livro apresenta muitos casos de criatividade,
consegue conectar a teoria com a prática e, ensina como encarar desa-
fios da vida profissional e pessoal e obter resultados expressivos.

CHISTENSEN, Clayton M. O Dilema da Inovação. São Paulo:


makron Books, 2001.
Leia: O Dilema da Inovação
Num tom provocativo e desafiador, o livro discorre sobre como fazer
as coisas certas pode levar empresas ao fracasso, além de esclarecer de
forma bem simples o conceito de inovação disruptiva.

CARVALHO, Hélio Gomes de. Inovação como estratégia compe-


titiva da micro e pequena empresa. Brasília : SEBRAE, 2009.
Leia: Inovação como estratégia competitiva da micro e pequena empresa
Com abordagem clara e didática o livro apresenta a importância da
inovação como estratégia competitiva em micro e pequenas empresas.
Disponível em http://www.bibliotecas.sebrae.com.br/chronus/AR-
QUIVOS_CHRONUS/bds/bds.nsf/A70245605BDE684C832575EC0
04C3FAB/$File/NT00041B16.pdf

BURGELMAN, R. A. et al. Gestão estratégica da tecnologia e da


inovação: conceitos e soluções. 5. ed. Porto Alegre: McGraw-Hill,
2012. 648p.
Leia: Gestão estratégica da tecnologia e da inovação: conceitos e soluções
O livro traz uma seleção de artigos sobre tecnologia e inovação na perspec-
tiva do gestor e, também, na perspectiva da própria organização. PARTE
1 - Integrando tecnologia e estratégia: uma perspectiva geral de gestão
Seção 1 - Inovação tecnológica; Seção 2 - Inovação tecnológica e estratégia.

95
Nos estudos do tema 02 foram apresentados como a personalidade e
o comportamento são influenciadores da criatividade, mas também a
criatividade é resultado de um determinado tipo de personalidade e
comportamentos. Por isso, exercitar uma postura que combine mais
com as qualidades inerentes à personalidade criativa, pode melhorar
substancialmente seu poder criativo.
Aprendemos que a subjetividade é o resultado dos modos como a sen-
sação; percepção e Apercepção através da mente criam uma experiên-
cia completa e individual com o mundo que nos rodeia. Aprendemos,
também, que a percepção não é uma simples combinação de elementos
sensoriais, é muito mais, ela propicia uma organização ativa dos todos
os elementos perceptivos na mente, de modo a formar uma experiência
coerente.

Quanto ao processo de inovação, destacamos aqui, os tipos de inovação


quanto aos seus objetivos focais e quanto ao seu impacto e a necessida-
de da criatividade para o processo inovador.

No campo organizacional vimos que as empresas que pretendem dis-


solver os bloqueios relativos à criatividade e a inovação tem que buscar
um caminho próprio para estimular a criatividade de seus colaborado-
res para que eles possam começar agir criativamente.

No campo da tecnologia, vimos que inovar envolve uma série de téc-


nicas, instrumentos e competências mercadológicas e gerenciais, o que
significa tomar consciência do cenário competitivo do mercado onde
atuam. E, quando a empresa quiser obter vantagens competitivas, é
primordial que a Gestão Estratégica, a Gestão da Tecnologia e Inova-
ção e a Gestão de P&D, através de seus representantes, procurem agir
de forma conjunta para resolver problemas nos seus produtos, serviços
ou processos.

96 Criatividade e Inovação
Use a sua criatividade e registre aqui as ideias principais presentes no
conteúdo estudado, buscando construir uma síntese pessoal sobre o tema.

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