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CAPÍTULO I

PRINCÍPIOS E DEFINIÇÕES

“Há duas formas para viver sua vida: uma é acreditar que não existe
milagre; a outra é acreditar que todas as coisas são um milagre”
Albert Einstein (1879 – 1955).

O QUE SÃO OS FENÔMENOS DE TRANSPORTE?


Os Fenômenos de Transporte constituem um ramo bem desenvolvido e eminentemente útil da
física que permeia muitas áreas das ciências aplicadas. Os Fenômenos de Transporte fornecem os
princípios teóricos e empíricos, juntamente com a Termodinâmica, a Cinética Química, etc., das
operações unitárias1 industriais. Sendo assim, fundamentais para o projeto, a operação e o
aprimoramento dos processos industriais.
O escopo dos Fenômenos de Transporte inclui três tópicos intimamente relacionados: a
Mecânica dos Fluidos, a Transferência de Calor e a Transferência de Massa. A Mecânica dos Fluidos
lida principalmente com o transporte de quantidade de movimento, a transferência de calor envolve o
transporte de energia e a transferência de massa diz respeito ao transporte de espécies químicas num
dado meio material.
Este capítulo introdutório procura descrever o escopo e os objetivos dos Fenômenos de
Transporte, além de conceitos e definições importantes. Tais informações são indispensáveis para o
estudo do assunto e das inter-relações dos vários tópicos individuais que a ele dizem respeito.
Ressalte-se que os fenômenos de transporte devem, no nível introdutório aqui proposto, ser
estudados juntos pelas razões a seguir mencionadas: os mecanismos moleculares subjacentes a estes
fenômenos de transporte estão intimamente relacionados, e consequentemente, as equações básicas
que descrevem tais fenômenos também estão intimamente relacionados; as ferramentas matemáticas
necessárias para descrever tais fenômenos são muito similares; e eles ocorrem muito freqüentemente
de forma simultânea em processos químicos industriais, biológicos, meteorológicos, ambientais, etc.;
Assim, pelos motivos já mencionados, alguns tópicos selecionados da Mecânica dos Fluidos, do
Transporte de Calor e do Transporte de Massa serão abordados nas próximas seções deste livro.
Outrossim, subjacentes aos Fenômenos de Transporte estão alguns conceitos básicos. Haja vista que
tais conceitos são tratados mais extensivamente em outras disciplinas das engenharias ou de cursos
tecnológicos, eles serão brevemente discutidos aqui. Complementarmente, problemas ilustrativos são
incluídos no fim deste capítulo para quem desejar praticar a aplicação de tais conceitos.

1
operação unitária é uma etapa básica de um processo industrial regida pelas mesmas leis da física e da química. Cada
operação unitária é sempre a mesma, independente da natureza química dos componentes envolvidos, e desta forma, os
processos podem ser estudados de forma simples e unificados.

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4 Parte Um: Introdução

GRANDEZAS FÍSICAS.
Uma quantidade ou grandeza física pode ser definida como o conceito que descreve qualitativa e
quantitativamente as relações entre as propriedades observadas no estudo de um fenômeno. A
descrição é qualitativa porque pode diferenciar conceitos distintos como grandezas distintas, e é
quantitativa porque pode exprimir o conceito matematicamente, a partir da medição1 desta grandeza,
através de valores numéricos e de uma unidade de medida.
As grandezas físicas podem ser classificadas em escalares, vetoriais ou tensoriais. Uma grandeza
escalar precisa somente de um valor numérico (intensidade) e uma unidade para ser definida; a massa,
a temperatura e a energia são exemplos de grandezas escalares. Uma grandeza vetorial necessita, para
ser completamente definida, além de uma unidade e de um valor numérico que quantifique sua
intensidade, de uma representação espacial que determine a orientação (direção e sentido) da grandeza.
São exemplos típicos de grandezas vetoriais: a velocidade, a aceleração e a força. As grandezas
tensoriais ou tensores, numa abordagem mais restrita2, são grandezas que têm uma magnitude e duas
direções associadas a ela, além da respectiva unidade de medida. O momento de inércia, o estado de
tensão e de deformação em torno de um ponto são exemplos de tensores.
As grandezas físicas também podem ser classificadas em primitivas, aquelas que não dependem
de outras para serem definidas, e em derivadas, as quais são definidas através de uma relação entre as
grandezas fundamentais. São exemplos de grandezas primitivas: a massa, o comprimento e o tempo;
enquanto que a velocidade, a potência e o fluxo magnético são exemplos de grandezas derivadas.

SISTEMAS DE UNIDADES.
A necessidade de medir é muito antiga e remonta à origem das civilizações. Para efetuar medidas
é necessário fazer uma padronização, escolhendo unidades para cada grandeza. Por longo tempo cada
país ou região, teve o seu próprio sistema de medidas, baseado em unidades arbitrárias e imprecisas.
Até o final do século XVIII, todos os sistemas de medidas existentes eram consuetudinários, ou seja,
baseados nos costumes e nas tradições. Os primeiros padrões utilizados para medir eram partes do
corpo humano – palma da mão (palmo), polegada, pé, braço (côvado3) – e utensílios de uso cotidiano,
como cuias e vasilhas. Com o tempo, cada civilização havia definido padrões e fixado suas próprias
unidades de medidas. Daí a multiplicidade de sistemas de medição existente desde a Antiguidade.
Em 1795, a França institui o Sistema Métrico Decimal, inicialmente com três unidades-base de
medidas: o metro (comprimento), o litro (volume) e o quilograma (massa), todas baseadas em
constantes naturais. Posteriormente, muitos outros países adotaram o sistema, inclusive o Brasil,
aderindo em 1921 à Convenção do Metro4. Entretanto, o desenvolvimento científico e tecnológico
passou a exigir medições cada vez mais precisas e diversificadas. Assim, após algumas revisões, o
Sistema Métrico Decimal deu origem, em 1960, ao Sistema Internacional de Unidades (SI), constituído
por sete unidades básicas. No Brasil, o SI foi adotado em 1962 e ratificado pela Resolução nº 12 de 12
de outubro de 1988 do CONMETRO5, tornando desde então seu uso obrigatório no país.

1
A medição de uma grandeza física é a comparação desta grandeza com outra da mesma espécie, definida como padrão e denominada
unidade de medida. Assim, medir uma grandeza consiste em verificar quantas vezes a unidade de medida está contida na grandeza sob
medição, segundo uma escala pré-definida.
2
Tensores de ordem igual a dois.
3
Um côvado era definido na antiguidade como a distância do cotovelo até a ponta do dedo médio, com o antebraço em ângulo reto com
o braço e com a mão aberta.
4
A Convenção do Metro é uma convenção internacional, inicialmente assinada por 17 nações, em 1875 na cidade de Paris, com o
propósito de estabelecer internacionalmente uma autoridade e um sistema de unidades.
5
CONMETRO é a sigla do Conselho Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial, que é um colegiado interministerial
que exerce a função de órgão normativo do Sistema Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial brasileiro.

Fenômenos de Transporte para Cursos Técnicos e Tecnológicos


Capítulo I: Definições e Princípios 5

Apesar da obrigatoriedade do Sistema Internacional de Unidades no Brasil, e do fato de que


muitos livros, manuais e periódicos relacionados às ciências naturais e tecnológicas utilizam
atualmente somente o SI, outros sistemas ainda são comumente utilizados, tais como o sistema CGS e
o sistema FPS, nas relações internacionais, no ensino e no trabalho científico e industrial. Por este
motivo, tais sistemas também serão aqui sucintamente discutidos, bem como serão apresentados os
fatores de conversão entre as unidades destes sistemas e aquelas do Sistema Internacional de Unidades.

Sistema Internacional de Unidades.


O Sistema Internacional de Unidades, instituído oficialmente na 11ª CGPM1, em 1960, e
posteriormente aperfeiçoado, adota sete unidades-base independentes entre si, além de definir as regras
para os prefixos e para as unidades derivadas, estabelecendo assim uma especificação internacional
coerente de unidades de medida. As sete grandezas e respectivas unidades-base do SI, bem como o
símbolo associado a tais unidades são apresentados na Tabela I.1. Os nomes e símbolos dos prefixos
estabelecidos pelo sistema para representar os múltiplos e submúltiplos decimais das unidades são
mostrados na Tabela I.2, enquanto que algumas das principais unidades derivadas utilizadas no âmbito
dos Fenômenos de Transporte estão relacionadas, juntamente com seus símbolos, na Tabela I.3.
Tabela I.1 – Unidades-base do SI.
Grandeza Unidade Símbolo
Comprimento metro m
Massa quilograma kg
Tempo segundo s
Corrente elétrica ampère A
Temperatura termodinâmica2 kelvin K
Quantidade de matéria mol3 mol
Intensidade luminosa candela cd

Tabela I.2 – Prefixos SI.


Submúltiplos Múltiplos
Fator Prefixo Símbolo Fator Prefixo Símbolo
10–1 deci d 101 deca da
10–2 centi c 102 hecto h
10–3 mili m 103 kilo k
10–6 micro µ 106 mega M
10–9 nano n 109 giga G
10–12 pico p 1012 tera T
10–15 femto f 1015 peta P
10–18 atto a 1018 exa E
10–21 zepto z 1021 zetta Z
10–24 yocto y 1024 yotta Y

1
CGPM é a sigla da Conferência Geral sobre Pesos e Medidas que, instituída pela Convenção do Metro, é constituída por delegados dos
estados membros e observadores dos países associados. Uma de suas principais atribuições é discutir e analisar os mecanismos
necessários para assegurar a propagação e o aperfeiçoamento do SI.
2
A temperatura termodinâmica é tomada numa escala absoluta. Por este motivo, suas unidades não devem receber o anteposto grau,
como nas temperaturas de escala relativa (grau Celsius e grau Fahrenheit).
3
No Brasil, o plural da unidade "mol" é dicionarizado (Aurélio, Houaiss, Michaelis) como "mols" (grafia também adotada pelo
INMETRO), embora o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa da ABL registre as grafias "móis" ou "moles".

BUARQUE, H.L.B.
6 Parte Um: Introdução

Tabela I.3 – Algumas unidades derivadas do SI.


Unidade Derivada Coerente com o SI
Grandeza Nome Símbolo Em termos das Em termos de
especial especial unidades-base SI outras unidades SI
Ângulo plano radiano1 rad m/m 1
2
Área - - m -
Atividade catalítica katal kat mol/s -
- -1
Calor específico - - m² s ² K J kg K-1
-1

Calor molar de vaporização - - kg m2 s-2 mol-1 J/mol


Coeficiente de compressibilidade - - m s² kg-1 m2/N
Concentração - - mol/m3 -
- -1
Condutividade térmica - - kg m s ³ K W K-1 m-1
Difusividade mássica - - m2/s -
2
Difusividade térmica - - m /s -
-
Energia, trabalho, calor joule J kg m² s ² Nm
-
Força newton N kg m s ² -
Força eletromotriz volt V kg m2 s–3 A–1 W/A
Frequência hertz Hz s-1 -
3
Massa específica - - kg/m -
Massa molar - - kg/mol -
Peso específico - - kg m-2 s-2 N/m3
Potência, fluxo de calor watt W kg·m² s-³ J/s
-1 -
Pressão, tensão pascal Pa kg m s ² N/m²
- -
Resistência elétrica ohm Ω kg·m² s ³ A ² V/A
Temperatura relativa grau Celsius2 ºC K -
Tensão superficial - - kg s-² N/m
Velocidade - - m/s -
Velocidade de deformação - - s-1 rad/s
Viscosidade cinemática - - m2/s -
-1 -1
Viscosidade dinâmica - - kg m s -
3
Volume - - m -
Volume específico - - m3/kg -

1
O radiano é um nome especial para o número um e que pode ser usado para fornecer informações sobre a unidade
considerada. Na prática, o símbolo rad é usado quando apropriado, mas símbolos para a unidade derivada “um” é
geralmente omitido ao se especificar os valores de grandezas adimensionais.
2
O grau Celsius é o nome especial de kelvin utilizado para expressar temperaturas relativas. O grau Celsius e o kelvin são
iguais em tamanho, de modo que o valor numérico de uma diferença de temperatura ou intervalo de temperatura é a mesma
quando expresso em graus Celsius ou em kelvin.

Fenômenos de Transporte para Cursos Técnicos e Tecnológicos


Capítulo I: Definições e Princípios 7

O símbolo da unidade sempre seguirá o valor numérico da medida, com um espaçamento de até
um caractere, na representação do resultado da medida.
Os símbolos dos prefixos são impressos em caracteres romanos (verticais), sem espaçamento
entre o símbolo do prefixo e o símbolo da unidade. Todos os nomes dos prefixos são impressos em
letras minúsculas, exceto no início da frase. O conjunto formado pelo símbolo do prefixo ligado ao
símbolo da unidade constitui um novo símbolo inseparável, que pode ser elevado a uma potência
positiva ou negativa e que pode ser combinado a outros símbolos de unidades para formar os símbolos
de unidades derivadas. Similarmente, o nome deste agrupamento também é indissociável. Assim, o
milímetro (mm), o micropascal (µPa) e o meganewton (MN) são palavras únicas e compostas por
derivação prefixal. Os prefixos formados pela justaposição de vários prefixos SI não são admitidos.
Um prefixo não deve ser empregado sozinho.

Exercício Resolvido I.1 – Converta de “centímetro” para “metro” nas unidades as seguir:
a) 1 cm3 b) 1 cm-1 c) 1 W/cm

Resolução:
a) 1 cm3 = (10-2 m)3 = 10-6 m3
b) 10 cm-1 = 10·(10-2 m)-1 = 103 m-1
c) 1 W/cm = (1 W)/(10-2 m) = 102 W/m

Destaque-se, ainda, que todas as unidades existentes podem ser expressas em função das
unidades-base do SI. Contudo, consideram-se como unidades derivadas do SI aquelas que são produtos
de potências das unidades básicas e que não incluem fatores numéricos diferentes de um. Também, os
nomes e símbolos de algumas das unidades assim obtidas podem ser substituídos por nomes e
símbolos especiais que podem ser usados para se formar expressões e símbolos de outras unidades
derivadas, como já exemplificado na Tabela I.3.

Sistema CGS.
O Sistema CGS é um sistema de unidades, cujas unidades-base são o centímetro para o
comprimento, o grama para a massa e o segundo para o tempo. Foi introduzido em 1874 pela British
Association for the Advancement of Science usando prefixos variando de “micro” a “mega” para
expressar múltiplos e submúltiplos decimais. As unidades-base e algumas unidades derivadas do
sistema CGS são apresentadas na Tabela I.4.
Conquanto haja tendência de unificação internacional por meio do SI, o Sistema CGS ainda é
bastante utilizado em várias áreas por diversas razões: elas parecem ser mais convenientes em alguns
contextos; muito da antiga literatura de física ainda usa tais unidades; elas ainda são largamente
empregadas em astronomia.

BUARQUE, H.L.B.
8 Parte Um: Introdução

Tabela I.4 – Algumas unidades CGS.


Equivalência com as
Grandeza Unidade Símbolo
unidades-base CGS
Comprimento centímetro m -
Massa grama g -
Tempo segundo s -
Força dina dyn g cm s-2
Energia, trabalho, calor erg erg g cm2 s-2
Potência, fluxo de calor erg por segundo erg/s g cm2 s-3
Pressão bar bar 106 g cm-1 s-2
Viscosidade dinâmica poise P g cm-1 s-1
Viscosidade cinemática stokes St cm2/s

Sistema FPS (Sistema Inglês de Engenharia).


Em alguns países, um sistema de unidades não-decimal tem sido usado desde longa data no
comércio e na indústria. Este sistema é conhecido como Sistema Inglês (English System),
particularmente nos Estados Unidos, ou, em muitos outros países, como Sistema Imperial (Imperial
System). Mais recentemente, tem recebido a denominação de Sistema FPS, por se basear nas unidades
inglesas pé (foot), libra (pound) e segundo (second). As principais unidades do Sistema FPS são
apresentadas na Tabela I.5.
O uso desse sistema disseminou-se através da Grã-Bretanha e das colônias britânicas.
Atualmente, ainda é adotado como sistema de unidades oficial somente nos Estados Unidos, na Libéria
e na União de Mianmar. Igualmente, embora o Parlamento britânico tenha decidido pela adesão do
país ao Sistema Internacional de Unidades há décadas, a população inglesa continua utilizando o
antigo sistema no seu cotidiano.
Tabela I.5 – Algumas unidades FPS.
Equivalência com
Grandeza Unidade Símbolo
outras unidades FPS
polegada in. -
Comprimento
pé ft 12 in.
Massa libra ou libra-massa lb -
Tempo segundo s -
Força libra-força lbf 32,174 lb ft s-2
Temperatura termodinâmica grau Rankine ºR -
Temperatura relativa grau Fahrenheit ºF ºR
Energia, trabalho pé libra-força ft lbf 32,174 lb s-2
Calor unidade térmica britânica1 Btu 778,1693413128 ft lbf
Potência, fluxo de calor horsepower HP 550 ft lbf s-1
Pressão libra-força por polegada quadrada psi lbf/in.2

1
International Steam Table.

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Capítulo I: Definições e Princípios 9

Conversão de Unidades.
A conversão de unidades de um sistema para outro é feita facilmente se as quantidades são
expressas como uma função das unidades-base. Fatores de conversão são usados para converter
diferentes unidades. O fator de conversão é o número de unidades de um dado sistema contido em uma
unidade correspondente em outro sistema. Os fatores mais comuns para as diferentes grandezas são
apresentados na Tabela I.6.
Tabela I.6 – Alguns típicos fatores de conversão de unidades.
Grandeza Sistema de Unidades
SI CGS FPS Outra unidade
2 4 2 2
Área 1m = 10 cm = 10,7639 ft = 1550 in2
Calor 1J = 107 erg = -4
9,478x10 Btu = 0,239 cal
Comprimento 1m = 100 cm = 39,3701 in. = 3,28084 ft
Energia, trabalho 1J = 107 erg = 0,73756 ft lbf = 3,725x10-7 HP h
Força 1N = 105 dyn = 0,22481 lbf = 0,10197162 kgf
Massa 1 kg = 1000 g = 2,20462 lb = 0,0685218 slug
Massa específica 1 kg/m3 = 10-3 g/cm3 = 3
0,062428 lb/ft = 10-3 g/cm3
Potência, fluxo de calor 1W = 107 erg/s = 1,341x10-3 HP = 3,4121 BTU/h
Pressão 1 Pa = 10-5 bar = 1,4503x10-4 psi = 9,8692x10-6 atm
Quantidade de matéria 1 mol = 1 g-mol = 0,0022 lb-mol = 10-3 kg-mol
Temperatura 1K = 1K = 1,8 ºR = -
Tempo 1s = 1s = 1s = 2,7778x10-4 h
2
Viscosidade cinemática 1 m2/s = 4
10 St = 10,7639104 ft /s= 1550,0031 in.2/s
Viscosidade dinâmica 1 kg m-1 s-1 = 10 P = 0,672 lb ft-1 s-1 = 0,102 kgf s m-2
Volume 1 m3 = 106 cm3 = 35,3147 ft3 = 1000 ℓ

Equações Dimensionalmente Homogêneas e Unidades Consistentes.


Uma equação dimensionalmente homogênea é aquela na qual todos os termos têm as mesmas
unidades. Tais unidades podem ser as unidades-base ou as derivadas. Fatores de conversão não são
necessárias quando unidades consistentes são utilizadas.
Equações derivadas diretamente a partir de leis físicas e químicas são dimensionalmente
homogêneas. Conquanto que equações obtidas por métodos empíricos, normalmente não são
dimensionalmente homogêneas e contêm termos em várias diferentes unidades.
O leitor deve estar atento para homogeneidade dimensional das equações. Para tanto, um sistema
de unidades (e.g., SI, CGS, FPS) pode ser selecionado. Então, quando necessário, unidades devem ser
substituídas para cada termo na equação e aquelas iguais canceladas.
Neste livro, todas as equações são dimensionalmente homogêneas, exceto quando contrariamente
explicitado.

BUARQUE, H.L.B.
10 Parte Um: Introdução

Exercício Resolvido I.2 – Avalie se a equação para determinação da distância vertical


percorrida por um corpo em queda livre, s, com velocidade inicial vo durante o tempo t, dada a
seguir, é dimensionalmente homogênea,
1
s = vo t + g t 2 ,
2
em que g é a aceleração da gravidade no local.

Resolução:

Adotando o SI e analisando dimensionalmente a equação,

m m m m
[m] = [ ] ⋅ [s] + [ 2 ] ⋅ [s] 2 ⇒ [m] = [ ] ⋅ [s/ ] + [ 2 ] ⋅ [s/ 2 ] ⇒ [m] = [m] + [m] ⇒ [m] = [m]
s s s/ s/

Assim, pode-se verificar que as unidades em cada termo da equação reduzem-se àquela de
comprimento, indicando a homogeneidade dimensional da equação.

Exercício Resolvido I.3 – Avalie se a equação para determinação da energia consumida para
moer uma unidade de massa de sólido, expressando a Lei de Bond e dada a seguir, é
dimensionalmente homogênea,
 1 1 
− W = k ⋅ C ⋅ wi ⋅  − ,
 D D 
 2 1 
em que – W é a energia consumida em HPh; C é a capacidade do moinho, em toneladas por
hora; wi é conhecido como índice de trabalho, em kWh/t; D1 e D2 os diâmetros médios do sólido,
em cm, antes e depois da moagem, respectivamente; e k é uma constante empírica.

Resolução:

Adotando o SI, convertendo adequadamente as unidades das grandezas apresentadas, e


analisando dimensionalmente a equação,

kg J  1 1  kg J kg
[J] = [ ]⋅[ ]⋅ − ⇒ [J ] = [ ] ⋅ [ ] ⋅ [cm −0,5 ] ⇒ [J ] = [ 2 0,5 ] ⋅ [J ]
s 
s  [cm] 
[cm]  s s s cm

Pode-se verificar que as unidades não são consistentes na equação, indicando a não
homogeneidade dimensional da mesma.

Fenômenos de Transporte para Cursos Técnicos e Tecnológicos

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