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FENÔMENOS DE TRANSPORTE 4 – UNIDADE 1

Departamento de Eng. Química - UFSCar


Prof. Gustavo Maia

CAPÍTULO 1

INTRODUÇÃO

O estudo de fenômenos de transporte tem aplicações muito importantes na engenharia,


pois permite “conhecer” assuntos diversos, como o transporte de fluidos através de tubulações ou
a quantificação da dissipação de calor em motores. O estudo dos fenômenos de transporte é
indispensável para projeto, operação e otimização de processos e equipamentos, em todos os
campos da engenharia.
Os fenômenos de transferência tratam basicamente da movimentação de uma grandeza
física de um ponto a outro do espaço, e são eles: transporte de quantidade de movimento,
transporte de energia térmica e transporte de massa. A seguir são apresentados alguns exemplos
das aplicações de fenômenos de transporte.

Engenharia Civil e Arquitetura: hidráulica, hidrologia e conforto térmico de edificações;


Engenharia Sanitária e Ambiental: estudo da difusão de poluentes e tratamento de resíduos;
Engenharia Elétrica e Eletrônica: cálculos da dissipação térmica e de potência;
Engenharia Química: todas as Operações Unitárias;
Engenharia Mecânica: usinagem, tratamentos térmicos, máquinas hidráulicas, máquinas
térmicas (motores e refrigeração) e aeronáutica (aerodinâmica);
Engenharia de Produção: otimização de processos, transporte de fluidos e de material, troca de
calor e estudos de ciclo de vida.

1. SISTEMAS DE UNIDADES

As dimensões são nossos conceitos básicos de medida, tais como comprimento (L),
tempo (T), massa (M), temperatura (θ), e assim por diante; as unidades são o meio de expressar
as dimensões tais como pés ou centímetros para comprimento ou horas e segundos, para o
tempo. Em termos de um sistema de particular de dimensões, todas as quantidades mensuráveis
podem ser divididas em quantidades primárias (ou fundamentais) e secundárias (ou derivadas).
As quantidades primárias são um pequeno grupo de unidades fundamentais, das quais se
originam as secundárias.

1.1. Sistemas de Unidades Absolutos

Existem três sistemas de unidades absolutos: o c.g.s. (CGS), o Giorgi ou SI (MKS) e o


inglês (FPS). De todos estes, as dimensões fundamentais são comprimento, massa e tempo (e
temperatura). As diferentes unidades destes três sistemas são apresentadas na Tabela 1A.
Nestes sistemas, força é uma unidade derivada das três unidades fundamentais. As
unidades de força e energia são detalhadas na Tabela 1B. Quando as dimensões de calor são
usadas, é conveniente definir a unidade de temperatura. Para os sistemas CGS e MKS, a unidade
de temperatura é definida em graus centígrados (ºC), enquanto que para o sistema Inglês é
definido em graus Fahrenheit (ºF).

Tabela 1A: Unidades Fundamentais do Sistema Absoluto.


Dimensão SI (MKS) Sistema Inglês (FPS) c.g.s (CGS)
Massa M kg lb ( libra) g
Tempo T s s s
Comprimento L m ft cm
Temperatura θ K (ºC) R (ºF) K (ºC)

Tabela 1B: Unidades Derivadas do Sistema Absoluto.


Dimensão SI (MKS) Sistema Inglês (FPS) c.g.s (CGS)
Força -2
MLT kg·m/s² (N) lb·ft/s² (pdl) g·cm/s² (dina)

Pressão -1 -2 kg/m·s² (N/m2) lb/ft·s²


g/cm·s²
ML T (dyn/cm²) (baria)
(Pa)

kg·m²/s² (N·m) g·cm²/s²


Energia ML2T-2 lb·ft²/s² (pdl·ft) (-)
(J) (dina·cm) (erg)
Potência ML2T-3 kg·m²/s³ (J/s) (W) lb·ft²/s³ g·cm²/s³ (erg/s)

1.2. Sistemas de Unidades Técnicos

Entre os mais usados sistemas técnicos estão o métrico e o inglês. Em ambos, as unidades
fundamentais são comprimento, força e tempo. Com relação à temperatura, a unidade do sistema
métrico é o grau centígrado, e no sistema inglês é o Fahrenheit. A Tabela 2 mostra as unidades
fundamentais dos sistemas métrico e inglês.

Tabela 2: Unidades Primárias do Sistema Técnico.


Dimensão Sistema Métrico Sistema Inglês
Comprimento L m pé (ft)
Força F kgf libra força (lbf)
Tempo T s s
Temperatura θ K (ºC) R (ºF)

1.3. Sistemas de Unidades de Engenharia

Até agora, somente sistemas que consideram apenas três magnitudes como fundamentais
foram descritos. Entretanto, em sistemas de engenharia, quatro magnitudes são consideradas
básicas: comprimento, tempo, massa, e força. A Tabela 3 apresenta as diferentes unidades para
os sistemas de engenharia métrico e Inglês.
Tabela 3: Unidades Primárias do Sistema Usado em Engenharia.
Dimensão Sistema Métrico Sistema Inglês
Comprimento L m pé (ft)
Massa M kg libra (lb)
Força F kgf libra força (lbf)
Tempo T s s
Temperatura θ K (ºC) R (ºF)

1.4. Conversão de Unidades

A conversão de unidades de um sistema para outro é feita facilmente se as quantidades


são expressas como uma função das unidades fundamentais de massa, comprimento, tempo e
temperatura, embora tabelas mais completas sejam comuns.

2. CONCEITOS E DEFINIÇÕES

2.1. Fluidos

Nós temos um sentimento comum quando trabalhamos com um fluido que é oposto
àquele do trabalho com um sólido: fluidos tendem a escoar quando interagimos com eles; sólidos
tendem a se deformar ou dobrar.
Os engenheiros necessitam de uma definição mais formal e precisa de um fluido. Assim,
um fluido é uma substância que se deforma continuamente sob a aplicação de uma tensão de
cisalhamento (tangencial), não importa quão pequena ela seja.
Assim, os fluidos compreendem as fases líquida e gasosa (vapor) das formas físicas nas
quais a matéria existe. A distinção entre um fluido e o estado sólido da matéria é clara quando
você compara seus comportamentos. Um sólido deforma-se quando uma tensão de cisalhamento
lhe é aplicada, mas sua deformação não aumenta continuamente com o tempo.

Figura 1: Escoamento de um fluido sob a ação de uma força tangencial.

Nesta disciplina iremos considerar os fluidos como um meio contínuo, isto é, uma
substância que pode ser dividida em infinitas partes sem encontrarmos vazios. Não iremos nos
preocupar com o comportamento individual de cada partícula, mas com o efeito macroscópico,
mensurável, de um conjunto de partículas.
Os fluidos podem ser classificados como:
• Compressíveis ou incompressíveis (sob o efeito da pressão)
• Dilatáveis ou indilatáveis (sob o efeito da temperatura)
2.2. Hipótese do Contínuo

O comportamento dos fluidos é explicado por sua estrutura molecular, a qual se mantém
coesa pela atração entre as partículas elementares que a compõem, e que dão a sua mobilidade.
Se ampliarmos sua estrutura molecular nós veremos imensos vazios entre as moléculas.
Isto traz um uma dificuldade matemática principalmente para o cálculo diferencial. Isto é, a
derivada de uma função só pode ser calculada em um ponto se a função é contínua naquele
ponto.
Para contornar esta situação, foi formulada a hipótese do contínuo, que admite a matéria
contínua nas condições normais da engenharia, permitindo a aplicação das ferramentas utilizadas
em cálculo diferencial e integral, anteriormente válidas para sistemas contínuos (da sua própria
definição). Mesmo assim não deve ser aplicadas para gases rarefeitos como nos estudos com
plasma ou em voos no limite da atmosfera.

2.3. Fluidos incompressíveis

São os fluidos cujos volumes não dependem da pressão, isto é, apresentam volumes
próprios independentes da pressão à que estão submetidos, tal como os líquidos. Esse conceito
pode ser matematicamente formalizado como:
 ∂V 
  =0
 ∂P  T
2.4. Fluidos compressíveis

São os fluidos cujos volumes dependem da pressão, isto é, apresentam volumes próprios
dependentes da pressão à que estão submetidos, tal como os gases. A expressão formal é:
 ∂V 
  <0
 ∂P  T
2.5. Fluidos indilatáveis

São os fluidos cujos volumes independem da temperatura, isto é, apresentam volumes


próprios independentes da temperatura à qual estão submetidos, tal como os líquidos. A
expressão formal é:
 ∂V 
  =0
 ∂T  P
2.6. Fluidos dilatáveis

São os fluidos cujos volumes dependem da temperatura, isto é, apresentam volumes


próprios dependentes da temperatura à qual estão submetidos, tal como os gases. A expressão
formal é:
 ∂V 
  >0
 ∂T  P
2.7. Massa específica

A massa específica de um fluido (também conhecida como densidade) é definida como a


quantidade de matéria contida num certo volume de fluido.
Esta propriedade é utilizada normalmente para caracterizar a massa de um fluido.
Podemos inferir por meio das definições dadas anteriormente que, um fluido incompressível e
indilatável (tal como os líquidos), apresenta massa específica constante com a temperatura e com
a pressão. Já para um fluido compressível e dilatável (tal como os gases), a massa específica é
uma função da temperatura e da pressão.
m
ρ=
V

Na Tabela 4 são apresentadas propriedades físicas de alguns fluidos de uso comum na


engenharia, dentre elas a massa específica (density), no Sistema Internacional de unidades (SI).

Tabela 4: Propriedades físicas de alguns fluidos comuns

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