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31/08/2020 Ead.

br

FENÔMENOS DE TRANSPORTE
CONCEITOS BÁSICOS
Autor: Me. Rafaela Guimarães
Revisor: Mario Henrique Bueno

INICIAR

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introdução
Introdução

Nesta unidade, será feito um estudo inicial das características e propriedades dos
uidos, para que possamos compreender as principais diferenças entre o
comportamento de líquidos e gases, e de niremos importantes conceitos como
massa especí ca e densidade, por exemplo. Após isso, iniciaremos o estudo da
estática dos uidos, também chamada de hidrostática, o ramo dos fenômenos de
transporte que estuda os uidos em repouso. Esse campo da engenharia é muito
utilizado no transporte de grandes cargas, como no caso dos elevadores hidráulicos,
em que precisamos mover um peso do ponto A para o ponto B. Depois serão
estudados os conceitos de tensão super cial e tangencial e do comportamento de
uidos submetidos a essas forças. Também iniciaremos o estudo da pressão que nos
acompanhará em todo o estudo de fenômenos de transporte, porque uidos
produzem pressão na tubulação ou sofrem uma pressão para produzir o resultado
que queremos. Finalmente, introduziremos o conceito de pressão nos uidos
homogêneos e heterogêneos e abordaremos a equação fundamental da estática dos
uidos. Essa equação, como o próprio nome nos diz, será muito utilizada nesta
disciplina. Portanto, ao término desta unidade, o aluno será capaz de entender os
conceitos introdutórios de fenômenos de transporte de maneira clara e precisa.
Bons estudos.

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Conceitos Básicos

Os gregos já acreditavam que tudo ui na natureza, ou seja, tudo se movimenta. Essa


teoria, chamada de panta rei, que pode ser traduzida por “tudo ui”, equivale ao que
hoje chamamos de fenômenos de transporte ou o estudo dos uidos em movimento.
Atualmente, uma das de nições mais comuns sobre fenômenos de transporte é “o
estudo de fatos da natureza que podem ser explicados cienti camente, nos quais um
uido é transportado”, e uido é “uma substância que não tem forma própria,
assume o formato do recipiente”, sendo caracterizado por um líquido ou um gás
(BRUNETTI, 2008, p. 1). Sendo assim, um uido tende a escoar quando manipulado
ou a vazar quando não contido, como no caso dos gases.

Diante disso, essa área da engenharia está presente em uma ampla gama de
aplicações que variam, desde o corpo humano, no qual as veias e artérias
transportam nosso sangue com os nutrientes que necessitamos; no projeto de
carros e espaçonaves, desde o transporte do combustível para o motor até como
podemos vencer o atrito do ar; e até no mais básico dos itens que utilizamos para
viver – a água, que é levada até nossa casa, por meio de um intrincado sistema de
bombas e tubulações.

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Os problemas causados devido aos fenômenos de transporte também serão nosso


objeto de estudo. Dentre eles, destacamos a cavitação e o golpe de aríete ou até
mesmo uma explosão em uma área classi cada devido à presença de gás natural, por
exemplo, em um projeto fora das normas técnicas.

Atualmente, temos áreas inovadoras em que as pesquisas se desenvolvem muito


rapidamente, como a biomecânica (corações e válvulas arti ciais e outros órgãos
como o fígado) e o estudo de equipamentos para esportes amadores e de alto
rendimento, além do estudo de uidos inteligentes, como alguns que são utilizados
na suspensão dos carros ou para ministrar doses precisas de remédios dentro do
nosso corpo.

Dimensões e Sistemas de Unidades


Em fenômenos de transporte, temos muitas características que devem ser utilizadas
na compreensão de como um uido se comporta em um escoamento. Essas
características possuem uma simbologia especí ca que as representa e várias
unidades que podem ser usadas para descrever sua medida. Isso já era feito na física,
por exemplo, com o comprimento, cuja representação L podia ser feita em m, cm,
mm e até mesmo polegadas. Agora, temos de fazer o mesmo para os conceitos
relacionados a uidos, como pressão, viscosidade etc.

Essas unidades se dividem em primárias, como o comprimento, tempo, massa e


temperatura, e secundárias, como a velocidade, vazão, aceleração, área etc.
Podemos escrever as unidades utilizando alguns sistemas de unidades diferentes.
Os mais utilizados são o:

SI: Sistema Internacional de Unidades, ele é utilizado no nosso país, no qual


comprimento é dado em m, o tempo em s, a massa é em kg, a temperatura é
em Kelvin e as unidades de força são 1 N = (1 kg) . ( 1 m ) . 2
s

SBG: Sistema Britânico Gravitacional, em que o comprimento é dado em


pés (ft), a unidade de tempo é o segundo (s), a unidade de força é a libra
força (lbf) e a unidade de temperatura é o Fahrenheit (ºF).

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A Tabela 1.1, a seguir, apresenta alguns fatores de conversão do Sistema Britânico de


Unidade para o SI:

Para converter
  Para Multiplique por
de

Aceleração ft/s2 m/s2 3,048 x 10-1

Área ft2 m2 9,290 x 10-2

Comprimento ft m 3,048 x 10-1

Força lbf N 4,448

Pressão lbf/ft2 (psf) N/m2 47,88

Tabela 1.1 - Fatores de conversão dos Sistemas Britânicos de Unidades para o SI


Fonte: Munson, Young e Okiishi (2004, p. 6-7).

Propriedade dos Fluidos


Utilizamos no estudo de fenômenos de transporte leis fundamentais que relacionam
as diversas grandezas da física com as propriedades dos uidos. Os uidos
apresentam características diferentes dos sólidos, e as características dos líquidos
podem diferir também das dos gases. Por exemplo, o petróleo cru vai escoar bem
mais lentamente em uma tubulação do que se essa tubulação transportasse água.
Agora, vamos começar a estudar essas características.

Massa Especí ica (ρ)


A massa especí ca de um uido representada pelo símbolo ρ (lemos rô) é a massa do
uido por unidade de volume, e a equação é dada por:

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ρ= (Equação 1.1)
m

Em que sua unidade no SI (Sistema Internacional) é kg/m³.

A massa especí ca (ρ) dos líquidos é pouco sensível às variações de temperatura e


pressão, enquanto a massa especí ca (ρ) dos gases é bastante in uenciada tanto
pela pressão quanto pela temperatura.

Peso Especí ico (γ )


O peso especí co de um uido representado pelo símbolo γ (lemos gama) é o peso
do uido contido em uma unidade de volume, e a equação é dada por:

= (Equação 1.2)
G
γ
V

Onde G é o peso.

Como G = m . g, a relação entre peso e massa especí ca é deduzida de:

m . g
= = = ρ. g (Equação 1.3)
G
γ ⇒ γ
V V

Em que a unidade no SI (Sistema Internacional) é N/m³. Por exemplo, o peso


especí co da água a 15,6 ºC, considerando g = 9,807 m/s² é igual a 9,8 kN/m³
(MUNSON; YOUNG; OKIISHI, 2004, p. 11).

Muitas vezes, é dado o peso relativo para líquidos, simbolizado por γr e de nido
por:
γ
γr = γ
(Equação 1.4)
á gua

Densidade
A densidade de um uido, representada por SG (do inglês speci c gravity, ou
gravidade especí ca), é de nida como a razão entre a massa especí ca do uido e a
massa da água a 4 ºC, adotada porque nessa temperatura ρ = 1.000 kg/m³.
ρ
SG = ρ
. (Equação 1.5)
á gua

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Muitos problemas fornecem o SG de um uido e não sua massa especí ca. Assim,
para um uido com SG = 0,8, sua massa especí ca será igual a ρ = ρ água . SG = 1.000
x 0,8 = 800 kg/m³.

Massa
Peso Especí co Peso Relativo
Líquido Especí ca ( ρ -
( γ - N/m3) (γr)
kg/m3)

Água 1.000 10.000 1

Água do mar 1.025 10.250 1,025

Benzeno 879 8.790 0,879

Gasolina 720 7.200 0,720

Mercúrio 13.600 136.000 13,6

Óleo
880 8.800 0,880
lubri cante

Petróleo bruto 850 8.500 0,850

Querosene 820 8.200 0,820

Etanol 789 7.890 0,789

Acetona 791 7.910 0,791

Tabela 1.2 - Tabela de propriedades dos uidos


Fonte: Hibbeler (2016, p. 759).

Na Tabela 1.2, temos a massa especí ca, o peso especí co e o peso relativo para
diferentes tipos de uidos.

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praticar
Vamos Praticar
Um reservatório está cheio de óleo para alimentar o sistema pneumático de uma indústria,
cuja densidade é ρ = 850 kg/m³. Se o volume do reservatório é V = 2 m³, podemos
determinar a quantidade de massa m nesse reservatório. A quantidade de massa m nesse
reservatório será um número entre:

ÇENGEL, Y.; CIMBALA, J. M. Mecânica dos uidos: fundamentos e aplicações.


Tradução de K. A. Roque e M. M. Fecchio. Revisão técnica F. Saltara, J. L. Baliño e
K. P. Burr. Consultoria Técnica H. M. Castro. São Paulo: McGraw-Hill, 2007. p.
18.

a) 0 e 500 kg.
b) 501 e 1.000 kg.
c) 1.001 e 1.500 kg.
d) 1.501 e 2.000 kg.
Feedback: alternativa correta, pois a relação entre massa, densidade e volume é
kg
dada por m = ρ V. Logo, a m = 850 ( 3
) .2 m³ = 1.700 kg. A quantidade de massa
m

que o reservatório pode armazenar será 1.700 kg.


e) 2.001 e 2.500 kg.

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Propriedades dos Fluidos

Já conhecemos as propriedades que indicam o peso do uido, como a massa


especí ca e a densidade. Essas propriedades não são su cientes para
caracterizarmos o comportamento dos uidos porque, por exemplo, a água e o óleo
podem apresentar massas especí cas aproximadamente iguais e apresentarem
comportamento muito diferente quando escoam. Para isso, precisamos estudar as
características de uidez dos uidos.

Viscosidade (μ)
Quando aplicamos uma tensão de cisalhamento a um uido, representado pela força
P, na Figura 1.1, esse uido irá se movimentar de maneira contínua com uma
velocidade U, ou seja, o líquido irá se mover com uma velocidade que será função
somente de u representada pelo gradiente de velocidade na Figura 1.1:

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Figura 1.1 - Comportamento de um uido localizado entre duas placas


Fonte: Munson; Young e Okiishi (2004. p. 13).

Em um pequeno intervalo de tempo, δ t, uma linha vertical AB no uido rotaciona um


ângulo δβ que será calculado pela equação:

tan δβ = δβ = δa

b
(Equação 1.6)

Como δ a = U δ t, temos que

δβ = U δt

b
(Equação 1.7)

Podemos observar que, como δβ é função da força P e do tempo, essa taxa de


variação com o tempo é de nida como deformação de cisalhamento e representada
pelo símbolo τ .

Na maioria dos uidos, a tensão de cisalhamento é proporcional ao coe ciente de


velocidade, representada por U na Figura 1.1, de onde temos a lei de Newton da
viscosidade dada por

τ α
du

dy
(Equação 1.8)

Em que α é um símbolo de proporcionalidade. Os uidos que apresentam a tensão


de cisalhamento proporcional ao coe ciente de velocidade são chamados de uidos
newtonianos, por obedecerem à lei descoberta por Newton. Esses uidos

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apresentam uma relação linear, ou seja, a relação entre a tensão de cisalhamento e o


coe ciente de velocidade é representada por uma reta. Esse coe ciente de
proporcionalidade cou conhecido como viscosidade, representado pelo símbolo
μ  (lemos mi). A unidade da viscosidade no SI é N.s/m².

A viscosidade, representada pelo símbolo μ (lemos mi), é a propriedade que indica


se o uido tem uma maior ou menor di culdade de escoar, e ela varia, por exemplo,
com a pressão e a temperatura.

Alguns exemplos de uidos newtonianos são a água, o ar, os óleos etc. Já o sangue, as
pastas de dentes, as tintas etc. não são classi cados como uidos newtonianos por
apresentarem uma relação não linear, por exemplo, nos polímeros a viscosidade
diminui enquanto a tensão de cisalhamento aumenta.

Ainda temos que, nos líquidos, a viscosidade diminui com o aumento da


temperatura, enquanto, nos gases, a viscosidade aumenta com o aumento da
temperatura.

Nesse contexto, a viscosidade dinâmica pode ser considerada como uma medida da
resistência do uido de se movimentar, correspondendo ao atrito interno gerado
nos uidos – devido às interações moleculares –, que, em geral, é uma função da
temperatura.

Viscosidade Cinemática (υ)


A viscosidade cinemática representada pelo símbolo υ(upsilon) é o quociente entre
a viscosidade dinâmica e a massa especí ca, e pode ser expressa por:
μ
υ = ρ
(Equação 1.9)

A unidade da viscosidade no SI é dada por m²/s. Além disso, destacamos que o nome
cinemática vem das unidades comprimento e tempo, duas das grandezas
fundamentais da cinemática.

Tensões Sofridas por um Fluido

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Durante o escoamento, um uido pode sofrer uma pressão de vapor e uma tensão
super cial. Essas tensões são importantes para explicarmos os diferentes
comportamentos de um líquido e um gás quando estão submetidos a um
deslocamento.

Pressão de Vapor
A água e a gasolina evaporam quando colocados em um ambiente ao ar livre. Essa
evaporação ocorre porque algumas moléculas do líquido, localizadas perto da
superfície livre do uido, apresentam quantidade de movimento su ciente para
superar as forças intermoleculares coesivas (forças que fazem com que essas
moléculas se mantenham unidas) e escapem para a atmosfera.

Para projetarmos tubulações de uma maneira técnica e economicamente e caz,


temos de conhecer a pressão de vapor de um líquido, ou seja, qual o valor da mínima
pressão que podemos ter na nossa tubulação antes que um líquido comece a
evaporar. É claro que nunca impediremos essa evaporação totalmente, mas
precisamos reduzi-la para evitar desperdícios.

Durante essa evaporação, aparecem bolhas de ar que se rompem quando entram em


contato com uma tubulação metálica onde a pressão é maior. Esse efeito malé co ao
sistema pode atingir também bombas e turbinas hidráulicas. Ele é chamado de
cavitação e pode causar grandes transtornos no funcionamento de um sistema
hidráulico. A pá de uma turbina submetida à cavitação pode perder e ciência devido
à redução da sua superfície de contato com o uido, porque esse fenômeno vai
desgastando o metal, sendo que o material dani cado deve ser reposto por meio de
uma manutenção.

Tensão Super icial


Entre um líquido e um gás, conforme está mostrado na Figura 1.2, ou entre líquidos
que não se misturam, aparece como que uma membrana na superfície de contato,
chamada tensão super cial.

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Figura 1.2 - Forças que atuam na metade de uma gota de um líquido


Fonte: Munson, Young e Okiishi (2004. p. 21).

Por isso, são formadas gotas em uma superfície gordurosa, como ocorre quando a
nossa pele é oleosa, por exemplo. Esse fenômeno ocorre porque um líquido é
submetido a uma força diferente na superfície e no fundo do recipiente que o
contém. Essa tensão é importante quando formos calcular como a água vai escoar no
interior do solo em períodos chuvosos, por exemplo.

praticar
Vamos Praticar
A viscosidade cinemática de um óleo é 0,028 m²/s, e a massa especí ca é 850 kg/m³. A
viscosidade dinâmica no Sistema Internacional de Unidades (SI) será um número
compreendido entre:

BRUNETTI, F. Mecânica dos uidos. 2. ed. rev. São Paulo, Pearson Prentice Hall,
2008. p. 11.

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a) 0 e 10 m²/s.
Feedback: alternativa incorreta, pois a relação entre essas grandezas é dada por
2

= . Então, μ =ν . ρ = 0,028( ms x 850  ( = 23,8 m²/s.


μ kg
ν ) )
3
ρ m

b) 11 e 20 m²/s.
Feedback: alternativa incorreta, pois a relação entre essas grandezas é dada por
2

= . Então, μ =ν . ρ = 0,028( ms x 850  ( = 23,8 m²/s.


μ kg
ν ) )
3
ρ m

c) 21 e 30 m²/s.
Feedback: alternativa correta, pois a relação entre essas grandezas é dada por ν
2

= . Então, μ = ν . ρ . Substituindo os valores, teremos μ = 0,028( ms x 850  


μ
)
ρ

= 23,8 m²/s.
kg
( 3
)
m

d) 31 e 40 m²/s.
Feedback: alternativa incorreta, porque a relação entre estas grandezas é dada
2
μ kg
por ν = ρ
. Então, μ =ν . ρ = 0,028(
m

s
) x 850  ( 3
) = 23,8 m²/s
m

e) Entre 41 e 50 m²/s.
Feedback: alternativa incorreta, pois a relação entre essas grandezas é dada por
2
μ kg
ν = ρ
. Então, μ =ν . ρ = 0,028( ms ) x 850  ( 3
) = 23,8 m²/s.
m

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Estática dos Fluidos

O ramo da mecânica dos uidos que trata dos corpos em repouso é denominado
estática, sendo que a dinâmica estuda os corpos em movimento. Na estática, a
tensão, representada pela letra 𝜎 (lemos sigma), é de nida como força por unidade
de área, e pode ser dividida em dois tipos de tensão (normal e tangencial), conforme
apresentado na Figura 1.3:

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Figura 1.3 - Decomposição de uma força em suas componentes


Fonte: Fox et al. (2010, p. 27).

Tensão Normal
A tensão normal pode ser expressa por:

𝜎= (N/m2 = Pa) (Equação 1.10)


Fn

Em que a unidade é dada em N/m2, que equivale à unidade Pascal. Quando essa
tensão é aplicada em um uido em repouso, a tensão normal também pode ser
denominada  por pressão.

Fn = P (unidade Pascal) (Equação 1.11)

Tensão Tangencial
A força tangencial é também chamada tensão de cisalhamento 𝜏(lemos tau), e é dada
por

τ = F t (N/m2 = Pa) (Equação 1.12)


A

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Os princípios da estática dos uidos são utilizados no cálculo de forças sobre objetos
submersos, como na análise da estabilidade de embarcações, no projeto de
submarinos, na medição de pressão etc.

Com a de nição da tensão de cisalhamento, podemos rede nir o uido “como uma
substância que não pode sustentar uma tensão de cisalhamento quando em
repouso” (FOX et al., 2010, p. 27).

Para estudarmos os fenômenos de transportes, precisamos, na maioria das vezes,


de nir um volume no espaço por meio do qual o uido escoa, e para fazer isso
utilizamos o conceito de volume de controle. Desse modo, podemos estudar as
turbinas, os compressores, as tubulações, os bocais etc. que constituem um sistema
de transporte do uido. Um volume de controle é um volume arbitrário no espaço
através do qual o uido escoa, e sua fronteira geométrica é denominada de
superfície de controle, podendo ser real (no caso de tubulações) ou imaginária (como
em rios). Já um sistema de controle pode ser aberto ou fechado.

Na Figura 1.4, temos um exemplo de um sistema de tubulação que apresenta


exemplos físicos (como as tubulações e derivações) e exemplos imaginários (as
entradas e saídas do uido).

Figura 1.4 - Exemplo de um sistema de tubulação para transporte de um uido


Fonte: visivasnc / 123RF.

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As cores das tubulações nos processos industriais nos indicam o uido que estão
 transportando. As mais comuns são:

Vermelho – sistema de combate a incêndio.


Amarelo – gases não liquefeitos (como o gás natural).
Azul segurança – sistema de ar comprimido.
Branco – tubulação de vapor (normalmente com temperaturas na faixa de
200 ºC).
Laranja – ácido (como a soda cáustica, usada para limpeza química).

Além disso, é importante destacar que, nos edifícios, as tubulações em azul


representam o sistema de água, e as em amarelo, o sistema de gás.

Fluido Ideal
Um uido ideal é utilizado para simular um escoamento sem perdas por atrito, um
escoamento com viscosidade zero. Esse uido é utilizado para entendermos a
equação de Bernoulli, que trata da conservação de energia em um escoamento
uido.

Fluido ou Escoamento Incompressível


Dizemos que um uido é incompressível quando “seu volume não varia ao
modi carmos a pressão sobre ele”, ou seja, sua massa especí ca não varia com a
pressão” (BRUNETTI, 2008, p. 10).

Sendo assim, esse comportamento pode ser aplicado para líquidos e gases no estudo
da ventilação.

ti
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praticar
Vamos Praticar
Uma pressão de 88 Pa deve ser aplicada à válvula de uma comporta, conforme a gura a
seguir, para que ela permaneça na posição fechada. A tensão normal exercida por essa
pressão está situada no intervalo entre:

Fonte: Braga Filho (2012,  p. 47).

Assinale a alternativa correta:

a) 0 e 10 kN.
Feedback: alternativa correta, pois precisamos calcular a tensão normal que é
dada pela fórmula 𝜎 = Fn
= P
= 88
. E, para realizar esse cálculo, temos de obter a
A A A
2
2

área da válvula, dada por: A = π D4 = π = 0,503 m². Então, agora podemos


0,8

substituir a área na expressão 𝜎 = 88

A
= 88

0,503
= 174,95 N, que pode ser escrita
como 0,175 kN.
b) 11 e 20 kN.
Feedback: alternativa incorreta, pois precisamos calcular a tensão normal que é
dada pela fórmula 𝜎 = Fn

A
= P

A
= 88

A
. E, para realizar esse cálculo, temos de obter a
2
2

área da válvula, dada por: A = π D4 = π = 0,503 m². Então, agora podemos


0,8

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substituir a área na expressão 𝜎 = 88

A
= 88

0,503
= 174,95 N, que pode ser escrita
como 0,175 kN.
c) 21 e 30 kN.
Feedback: alternativa incorreta, pois precisamos calcular a tensão normal que é
dada pela fórmula 𝜎 = Fn

A
= P

A
= 88

A
. E, para realizar esse cálculo, temos de obter a
2
2
0,8
área da válvula, dada por: A = π D

4
=π 4
= 0,503 m². Então, agora podemos
substituir a área na expressão 𝜎 = 88

A
= 88

0,503
= 174,95 N, que pode ser escrita
como 0,175 kN.
d) 31 e 40 kN.
Feedback: alternativa incorreta, pois precisamos calcular a tensão normal que é
dada pela fórmula 𝜎 = Fn

A
= P

A
= 88

A
. E, para realizar esse cálculo, temos de obter a
2
2
0,8
área da válvula, dada por: A = π D

4
=π 4
= 0,503 m². Então, agora podemos
substituir a área na expressão 𝜎 = 88

A
= 88

0,503
= 174,95 N, que pode ser escrita
como 0,175 kN.
e) 41 e 50 kN.
Feedback: alternativa incorreta, pois precisamos calcular a tensão normal que é
dada pela fórmula 𝜎 = Fn

A
= P
A
= 88

A
. E, para realizar esse cálculo, temos de obter a
2
2
0,8
área da válvula, dada por: A = π D

4
=π 4
= 0,503 m². Então, agora podemos
substituir a área na expressão 𝜎 = 88
A
= 88

0,503
= 2933,33 N, que pode ser escrita
como 2,93 kN.

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Equação Fundamental da
Estática dos Fluidos

A pressão é uma força exercida sobre uma unidade de área que pode realizar um
trabalho no transporte de cargas pesadas, como no caso dos elevadores hidráulicos.

Pressão
A pressão nada mais é do que a tensão normal dividida pela área de aplicação dessa
força. Matematicamente, temos:

p= Fn

A
(N/cm2) (Equação 1.13)

Devemos ter em mente que pressão e força são conceitos diferentes. Por exemplo,
podemos ter uma força de 1 N aplicada em uma área de 10 ou 5 cm². A força será a
mesma, mas a pressão, não. As pressões serão iguais a 0,1 e 0,2 N/cm²,
respectivamente, ou seja, quanto maior a área em que a força é exercida, menor é a
pressão.

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Teorema de Stevin ou Equação


Fundamental da Estática dos Fluidos
A diferença de pressão entre dois pontos de um uido em repouso é igual ao
produto do peso especí co do uido pela diferença de cotas dos dois pontos. Esse
teorema é a explicação para o aumento de pressão conforme mergulhamos. A
pressão na superfície, ao nível do mar, é menor do que a uma profundidade de 20 m,
por exemplo. Matematicamente, essa lei pode ser escrita como:

dP

dz
= - ρ g (Equação 1.14)

Essa equação também é conhecida como a equação fundamental da estática dos


uidos.

Podemos realizar um experimento simples para demonstrar o teorema de Stevin.


Para isso, basta fazermos perfurações perto da tampa e embaixo, perto do fundo, em
uma garrafa de refrigerante cheia de água, que está ilustrada na Figura 1.5, para
constatarmos que os furos inferiores escoam a água com jatos mais potentes do que
os furos superiores.

Figura 1.5 - Demonstração da diferença de pressão entre dois pontos em uma garrafa
de refrigerante cheia de água
Fonte: Kirill Cherezov / 123RF.

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Devemos ressaltar que a diferença de pressão entre dois pontos quaisquer é igual ao
produto do peso especí co do uido, multiplicado pela diferença de cotas entre
esses pontos, não importando:

a distância entre esses pontos;


o formato do recipiente.

Lei de Pascal
A pressão aplicada em um ponto de um uido em repouso é transmitida
integralmente a todos os pontos do uido. Se a pressão aplicada é distribuída
integralmente em todos os pontos do uido, podemos ampli car ou reduzir a força
aplicada, diminuindo ou aumentando a área de aplicação dessa força,
respectivamente. Portanto, esse é o princípio do elevador hidráulico, que está
ilustrado na Figura 1.6:

Figura 1.6 - Ilustração da lei de Pascal


Fonte: udaix / 123RF.

Pressão em um Ponto

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Utilizamos a pressão para indicar a força normal atuando sobre um ponto por
unidade de área atuando sobre um uido em um dado plano. Considerando o
diagrama de corpo livre mostrado na Figura 1.7, construímos essa gura removendo
um pequeno elemento do uido, com a forma de uma cunha triangular. Para facilitar
a visualização, não mostramos as forças na direção x e o eixo z foi referenciado como
vertical (por causa da atuação do peso). Analisaremos primeiro o uido em
movimento acelerado para chegarmos à sua análise em repouso.

Figura 1.7 - Forças em um elemento de uido arbitrário


Fonte: Munson, Young e Okiishi (2004. p. 35).

As equações do movimento (2a Lei de Newton) nas direções y e z serão dadas por:

= py δxδ z - ps δxδ s sen θ = ρ  ay (Equação 1.15)


δx δy δz
∑ Fy
2

= pz δxδ z - ps δxδ s cos θ - γ  = ρ  az (Equação 1.16)


δx δy δz δx δy δz
∑ Fz
2 2

onde:

a pressão ps, py e pz são as pressões médias nas superfícies da cunha;


γ e ρsão o peso especí co e a massa especí ca do uido;

ay e az representam as acelerações.

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A pressão necessita ser multiplicada por uma área para obtermos a força gerada por
ela. Ao analisarmos a geometria da cunha, constatamos que:

δy = δscos θ e δz = δssen θ$ (Equação 1.17)

Então, podemos escrever as equações do movimento como sendo:

δy
py - ps = ρ ay 2
(Equação 1.18)

pz - ps = (ρaz +  ) δz

2
(Equação 1.19)

Para um ponto, vamos analisar o limite onde δ x, δ y e δ z tendem a zero e vamos


manter θconstante. Logo,

py = ps e pz = ps (Equação 1.20)

Então, ps = py = pz. Podemos concluir que a pressão em um ponto de um uido em


repouso, ou em um movimento no qual as tensões de cisalhamento não existem, é
independente da direção, ou seja, essa é a demonstração do teorema de Pascal.

Equação Básica do Campo de Pressão


Consideremos um elemento do uido como o mostrado na Figura 1.8. Nesse
elemento, atuam dois tipos de forças: as super ciais devidas à pressão, e as de
campo que, nesse caso, é igual ao peso do elemento. Se chamarmos a pressão no
centro geométrico por p, as pressões médias nas várias faces do elemento podem
ser expressas em função de p e de suas derivadas (conforme está retratado na Figura
1.8). A força resultante na direção y é dada por:

dp δy dp δy
δ Fy = (p  −   dy   2
)δ x δ z - (p  +   dy   2
)δ x δ z (Equação 1.21)

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Figura 1.8 - Forças super ciais e de campo atuando num elemento de uido
Fonte: Munson, Young e Okiishi (2004, p. 36).

Reescrevendo a Equação 1.21, temos que:

δFy = - x δy δz (Equação 1.22)


dp
δ
dy

Da mesma forma, as forças resultantes nas direções x e z serão obtidas das


equações:

δFx = - x δy δz e δFz = - x δy δz (Equação 1.23)


dp dp
δ δ
dx dz

A força vetorial da força super cial resultante que atua no elemento é:

δFs = δFx ^i + δFy ^


j + δFz k (Equação 1.24)
^

Reescrevendo novamente, temos que:

dp dp dp
δFs = - ( dx  i 
ˆ  +  
dy
 ^
j  +  
dz
 k) δ x δy δz (Equação 1.25)
^

onde i 
ˆ , j 
ˆ e k 
ˆ
são vetores unitários do sistema de coordenadas da Figura 1.89.

O grupo entre parênteses da Equação 1.25 representa a forma vetorial do gradiente


de pressão e pode ser reescrito como:

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= ᐁp (Equação 1.26)
dp dp dp
ˆ  +   ^
 i   ^
j  +    k
dx dy dz

sendo que:

ᐁ(  ) =
d(  ) d(  ) d(  )

dx
ˆ  +  
 i 
dy
 ^
j  +  
dz
^
 k (Equação 1.27)

e o símbolo ᐁ representa o operador gradiente. Assim, a força super cial por


unidade de volume pode ser expressa por

= - ᐁp (Equação 1.28)
δF s

δx δy δz

Como o eixo z é vertical, o peso do elemento de uido que estamos analisando é


dado por

- δW k
^
= - γδ x δy δz k
^
(Equação 1.29)

O sinal negativo indica que a força devida ao peso aponta para baixo (sentido
negativo do eixo z).

Agora, vamos aplicar a 2ª Lei de Newton no uido:

∑ δF = δm a (Equação 1.30)

onde ∑ δF representa a força resultante que atua no elemento, a é a aceleração do


elemento e δm é a massa do elemento (que pode ser escrita como ργδ x δy δz).
Desse modo, a Equação 1.30 resulta em:

∑ δF = δFs - δW k
^ = δm a (Equação 1.31)

ou

- ᐁp δx δy δz - γ δx δy δz k
^ = ρ δx δy δz  a (Equação 1.32)

Dividindo a Equação 1.21 por δx δy δz, obtemos:

- ᐁp - γk
^ = ρa (Equação 1.33)

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A Equação 1.33 é chamada equação geral do movimento. Ela é válida para os casos
em que as tensões de cisalhamento no uido são nulas. Ela será muito utilizada para
calcularmos a pressão nos uidos em movimento.

Água
chegando
nas nossas
casas
Deste modo a água chega na nossa casa em
condições próprias para consumo.

Variação da Pressão em um Fluido em


Repouso
Quando um uido está em repouso, a aceleração é nula (a = 0 m/s²). O gradiente de
pressão se reduz a

- ᐁp - γk
^
= 0 (Equação 1.34)

Os componentes da Equação 1.34 são:

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dp dp dp

dx
=0 dy
=0 dz
= - γ (Equação 1.35)

Essas equações mostram que a pressão não é função de x ou de y. Assim, não


detectamos qualquer variação no valor da pressão quando mudamos de um ponto
para outro situado no mesmo plano horizontal. Logo, a equação de p se torna:

dp

dz
= - γ (Equação 1.36)

A Equação 1.36 é de fundamental importância para o cálculo da distribuição de


pressão nos casos em que o uido está em repouso e pode ser utilizada para
determinar como a pressão varia com a elevação. Essa equação indica que o
gradiente de pressão na direção vertical é negativo, ou seja, a pressão decresce
quando nos movemos para cima em um uido em repouso. Essa equação é uma
comprovação do teorema de Stevin.

Fluido Incompressível
A variação do peso especí co de um uido é provocada pelas variações de sua massa
especí ca e da aceleração da gravidade. Isso ocorre porque γ é igual ao produto da
massa especí ca do uido pela aceleração da gravidade (γ = ρ g, peso especí co
N/m³). Como a variação de g não será considerada neste estudo, vamos analisar
somente as variações de ρ (massa especí ca, kg/m³). A variação de massa especí ca
dos líquidos normalmente pode ser desprezada. Nos casos em que a hipótese de
peso especí co é constante, a Equação 1.36 pode ser integrada diretamente,
resultando em:

p2 z2

p1
dp = - γ ∫z 1
dz (Equação 1.37)

onde p1 e p2 são as pressões nos planos com cota z1 e z2, conforme é mostrado na
Figura 1.9:

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Figura 1.9 - Variação de pressão em um uido em repouso e superfície livre


Fonte: Munson, Young e Okiishi (2004, p. 38).

A Equação 1.37 pode ser reescrita como:

p1- p2 = γ h = p1 = γ h + p2 (Equação 1.38)

onde h é igual a distância z2 - z1 (profundidade medida a partir do plano que


apresenta p2). A Equação 1.38 mostra que a pressão em um uido incompressível
em repouso varia linearmente com a profundidade. Essa distribuição de pressão é
chamada de pressão hidrostática. Essa equação também comprova o teorema de
Stevin.

Da Equação 1.38 temos que a diferença de pressão entre dois pontos pode ser
especi cada pela distância h, ou seja:

p1  − p2
h= γ
(Equação 1.39)

Sendo que h é chamada de carga e é interpretada como a altura da coluna de uido


com peso especí co γ necessário para provocar uma diferença de pressão p1 -  p2. A
pressão p0 é utilizada para nos referirmos à pressão atmosférica e, muitas vezes, é
representada por uma superfície livre.

A distribuição de pressão em um uido homogêneo, incompressível e em repouso é


função apenas da profundidade (em relação a um plano de referência), e ela não é

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in uenciada pelo tamanho ou forma do tanque ou recipiente que contém o uido.


Pela aplicação da Equação 1.39, temos que a pressão será a mesma em todos os
pontos da linha AB da Figura 1.10. O valor real da pressão ao longo da linha AB
depende apenas da profundidade, h, da pressão na superfície livre, p0 e do peso
especí co do uido contido no reservatório.

Figura 1.10 - Variação de pressão em um uido em repouso e superfície livre


Fonte: Munson, Young e Okiishi (2004, p. 39)

O fato de a pressão ser constante em um plano com mesma elevação é fundamental


para a operação de dispositivos hidráulicos, como macacos, prensas, controles de
aviões e de máquinas pesadas.

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reflita
Re ita
Os fenômenos de transporte são fundamentais no nosso dia a dia.
Graças a eles, temos água nas nossas casas. Com as mudanças
climáticas, está cando cada vez mais difícil o abastecimento de
água nas grandes cidades. Com o aquecimento global, esse
fenômeno pode se agravar, demandando projetos cada vez com
menores perdas e mais e cientes. Será que no futuro um país
poderá desperdiçar água com vazamentos em suas tubulações
como ocorre com 30% da água tratada no Brasil?

Fonte: Cirilo (2015).

Fluido Compressível
Os gases, como o oxigênio e o nitrogênio, são modelados como uidos compressíveis
porque suas massas especí cas variam de modo signi cativo com as alterações de
temperatura e pressão. Por isso, temos de considerar a possibilidade da variação do
peso especí co do uido antes de integrarmos a Equação 1.31. Na maioria das vezes,
essa aproximação não precisa ser feita porque o gradiente de pressão do ar é muito
pequeno quando comparado com o dos líquidos. Só a título de ilustração, o peso
especí co do ar ao nível do mar a 15 ºC é 1,2 x 10¹ N/m³, enquanto que o da água, nas
mesmas condições, é de 9,8 x 10³ N/m³.

Se tivermos de considerar a variação do peso especí co devido a uma grande


diferença de altura, da ordem de milhares de metros, devemos considerar a variação
do peso especí co do uido nos cálculos das variações de pressão por meio da
fórmula:

p = ρ R T (Equação 1.40)

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onde R é a constante do gás e T é a temperatura absoluta (em Kelvin).

Combinando as Equações 1.40 com a Equação 1.37, temos que

dp g p

dz
=- R T
(Equação 1.41)

Separando as variáveis, camos com

p2 p1 g  z2

p1
dp = ln p2
=- R

z1
dz

T
(Equação 1.42)

onde g e R foram admitidos constantes no intervalo de integração.

saiba mais
Saiba mais
O artigo sobre “Abordagem didática e prática da
ação do vento em edi cações”, apresentado na
ConstruMetal de 2016, trata de uma forma
simples e precisa sobre os cuidados que devemos
tomar nos projetos de grandes edifícios, devido à
pressão que a força do vento exerce nos andares
superiores.

ACESSAR

Também podemos utilizar a expressão

g (z2  − z1 ) 
p2 = p1 exp [−  R T 0
] (Equação 1.43)

A Equação 1.43 fornece a relação entre a pressão e a altura numa camada isotérmica
de um gás perfeito. Para tubulações de gases, como a de gás natural, esse efeito não

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precisa ser considerado, porque as distâncias verticais envolvidas no projeto são


pequenas.

praticar
Vamos Praticar
A gura a seguir apresenta esquematicamente uma prensa hidráulica, em que os dois
êmbolos têm, respectivamente, as áreas A1 = 10 cm² e A2 = 100 cm².

BRUNETTI, F. Mecânica dos uidos. 2. ed. rev. São Paulo: Pearson Prentice Hall,
2008.

Figura 1.11 - Esquema de uma prensa hidráulica


Fonte: Brunetti (2008, p. 22).

Considerando que uma força de 200 N seja aplicada no êmbolo (1), assinale a alternativa
que indica qual será a força transmitida ao (2).

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a) Entre 0 e 500 N.
Feedback: alternativa incorreta, pois a pressão transmitida pelo êmbolo (1) será
P1 = . A pressão P1 será transmitida totalmente ao êmbolo (2). Logo, P2 A2 =
P1

A1

P1 A1 = F2. Então, P1 = 200

10
= 20 N/cm². Portanto, F2 = 20 x 100 = 2.000 N.
b) Entre 501 e 1.000 N.
Feedback: alternativa incorreta, pois a pressão transmitida pelo êmbolo (1) será
P1 = . A pressão P1 será transmitida totalmente ao êmbolo (2). Logo, P2 A2 =
P1

A1

P1 A1 = F2. Então, P1 = 200

10
= 20 N/cm². Portanto, F2 = 20 x 100 = 2.000 N.
c) Entre 1.001 e 1.500 N.
Feedback: alternativa incorreta, pois a pressão transmitida pelo êmbolo (1) será
P1 = . A pressão P1 será transmitida totalmente ao êmbolo (2). Logo, P2 A2 =
P1

A1

P1 A1 = F2. Então, P1 = 200

10
= 20 N/cm². Portanto, F2 = 20 x 100 = 2.000 N.
d) Entre 1.501 e 2.000 N.
Feedback: alternativa correta, pois a pressão transmitida pelo êmbolo (1) será P1
= . A pressão P1 será transmitida totalmente ao êmbolo (2). Logo, P2 A2 = P1
P1

A1

A1 = F2. Então, P1 = 200

10
= 20 N/cm². Portanto, F2 = 20 x 100 = 2.000 N. Esse
princípio também é utilizado em servomecanismos, dispositivos de controle de
freios etc.
e) Entre 2.001 e 2.500 N.
Feedback: alternativa incorreta, pois a  pressão transmitida pelo êmbolo (1) será
P1 = . A pressão P1 será transmitida totalmente ao êmbolo (2). Logo, P2 A2 =
P1

A1

P1 A1 = F2. Então, P1 = 200

10
= 20 N/cm². Portanto, F2 = 20 x 100 = 2.000 N.

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indicações
Material
Complementar

FILME

Horizonte profundo (Deepwater horizon)


Ano: 2016

Comentário: essa é a história da plataforma de extração de


petróleo no Golfo do México que, por vários motivos,
explodiu e foi responsável pelo maior desastre ambiental
daquela região. A reconstrução da plataforma, a tubulação
de extração do petróleo e a pressão com que o acidente
ocorre são aspectos imperdíveis.

TRAILER

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LIVRO

Mecânica dos uidos: fundamentos e


aplicações
Yunus A. Çengel e John M. Cimbala

Editora: McGraw-Hill

Comentário: o livro indicado traz muitas aplicações novas


para a área de mecânica dos uidos. Cada capítulo
apresenta um estudo de caso relacionado a uma
preocupação ambiental como a geração de energia eólica, os
transplantes de órgãos e a aerodinâmica dos carros.

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conclusão
Conclusão

Chegamos ao nal do estudo dos conceitos fundamentais para o entendimento dos


fenômenos de transporte. Nesta unidade, estudamos as propriedades dos uidos,
como a massa especí ca e, inclusive, os vários sistemas de unidades que podemos
utilizar.

Depois iniciamos o estudo da estática dos uidos, em que aprendemos que uidos
são líquidos e gases e que a estática é a parte da ciência que estuda os líquidos em
repouso.

Vimos, também, que a viscosidade é uma propriedade fundamental dos uidos. Cada
uido tem uma determinada viscosidade que apresenta importância fundamental no
projeto de tubulações e de equipamentos como os elevadores hidráulicos.

Também estudamos o conceito de pressão e a variação da pressão com a posição em


líquidos homogêneo e heterogêneo.

E, nalmente, aprendemos a equação fundamental da estática dos uidos, com um


exemplo ilustrativo.

referências
Referências
Bibliográ cas
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BRAGA FILHO, W. Fenômenos de transporte para engenharia. 2. ed. São Paulo:


LTC, 2012.

BRUNETTI, F. Mecânica dos uidos. 2. ed. rev. São Paulo: Pearson Prentice Hall,
2008.

CIRILO, J. A. Crise hídrica: desa os e Superação. Revista USP, São Paulo, n. 106, p.
45-58, jul./ago./set. 2015. Disponível em:
https://www.revistas.usp.br/revusp/article/download/110102/108685/. Acesso em:
20 dez. 2019.

ÇENGEL, Y.; CIMBALA, J. M. Mecânica dos uidos: fundamentos e aplicações.


Tradução de K. A. Roque e M. M. Fecchio. Revisão técnica F. Saltara, J. L. Baliño e K. P.
Burr. Consultoria Técnica H. M. Castro. São Paulo: McGraw-Hill, 2007.

FOX. R. W. et al. Introdução à mecânica dos uidos. 8. ed. Tradução e revisão técnica
R. N. Koury. São Paulo: LTC, 2010.

HIBBELER, R. C. Mecânica dos uidos. Tradução de D. Vieira. São Paulo: Pearson


Education do Brasil, 2016.

MUNSON, B. R.; YOUNG, D. F.; OKIISHI, T. H. Fundamentos da mecânica dos


uidos. Tradução da quarta edição americana de Euryale de Jesus Zerbini. São
Paulo: Edgard Blucher, 2004.

NASCIMENTO, B. M.; MORATTI, D. G.; OLIVEIRA JR., J. L.; SCOTÁ, N. M., BROETTO,
R. B.; SAGRILO, R. G.; FERREIRA, W. G. Abordagem didática e prática da ação do
vento em edi cações. In: CONGRESSO LATINO-AMERICANO DA CONSTRUÇÃO
METÁLICA, 7., 2016, São Paulo. Anais [...]. São Paulo: ABCEM, 2016. Disponível em:
https://www.abcem.org.br/construmetal/downloads/Anais-do-7-
Construmetal2016-EBook.pdf. Acesso em: 23 dez. 2019.

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