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Universidade Federal do Rio Grande – FURG

Escola de Engenharia
Disciplina de Fenômenos de Transporte

Fenômenos de Transporte:
Mecânica dos Fluidos

Fabiane Binsfeld Ferreira dos Santos


E-mail: binsfeld@gmail.com
fabianesantos@furg.br
Sala: Q03
Fone: 3233-6885
Fenômenos de Transporte

Transporte Mecânica
de Momento dos Fluidos

Transporte Transferência
de Energia de Calor

Transporte Transferência
de Massa de Massa
Conteúdo de Mecânica dos Fluidos
- Conceitos e propriedades - Cinemática dos Fluidos;
físicas fundamentais;

- Análise em Volume de
- Fluidostática;
Controle:

Equações da Conservação da
- Dinâmica da partícula – Massa, Quantidade de
Equação de Bernoulli; Movimento Linear e Angular
e da Energia;

- Escoamento interno de - Análise Diferencial dos


fluidos reais; escoamentos.
Bibliografia
Robert W. Fox, Alan T. MacDonald, Philip J.
Pritchard (2018). Introdução à Mecânica dos
Fluidos. 9ª edição, LTC Editora, Rio de Janeiro.
Bibliografia
Bruce R. Munson, Donald F. Young, Theodore H. Okiishi
(2004). Fundamentos da Mecânica dos Fluidos.
Tradução da 4ª edição americana, Editora Edgard
Blücher, São Paulo.
Bibliografia
Frank White (2011). Mecânica dos Fluidos. 6ª
Edição, Editora McGraw-Hill.
Bibliografia
Yunus A. Çengel, John M. Cimbala (2015).
Mecânica dos Fluidos – Fundamentos e
Aplicações. 3ª Edição, Editora McGraw-Hill.
Bibliografia
R. C, Hibbeler (2017). Mecânica dos Fluidos.
Editora Pearson.
Bibliografia
Franco Brunetti (2015). Mecânica dos Fluidos.
Editora Pearson.
Bibliografia
Merle C. Potter e David C. Wiggert (2003).
Mecânica dos Fluidos. Cengage Learning.
Bibliografia

Dayr Schiozer (1996). Mecânica dos Fluidos. 2ª


Edição, LTC Editora, Rio de Janeiro.
Irving H Shames (1973). Princípios Básicos.
Volume 1, Editora Edgard Blücher, São Paulo.
Irving H Shames (1973). Análise de Escoamento.
Volume 2, Editora Edgard Blücher, São Paulo.
Bibliografia
Ronald V. Giles (1975). Mecânica dos Fluidos e
Hidráulica. Coleção Schaum, Editora McGraw-
Hill do Brasil.
Victor L. Streeter, Benjamin Wylie (1982).
Mecânica dos Fluidos. Editora McGraw-Hill do
Brasil.
Avaliação

Provas Trabalhos
Mecânica dos Fluidos
Fluido

É uma matéria que se deforma continuamente


sob a aplicação de uma tensão de
cisalhamento, não importa quão pequena ela
possa ser.
Comportamento de um sólido e um fluido sob
ação de uma força de cisalhamento constante.
Comportamento de um sólido e um fluido sob
ação de uma força de cisalhamento constante.

Sólido Fluido

F V
F
     
A h
A
Fluido

Alternativamente: “fluido é uma


matéria que não pode suportar
tensão de cisalhamento quando em
repouso”.
Fluido
• Tensão é definida
por força por
unidade de área;
• Componente da
tensão normal: nos
fluidos em repouso é
chamada de pressão;
• Componente da
tensão tangencial:
tensão de
cisalhamento.
Fluido
• Um líquido toma a forma
do recipiente que está
contido e forma uma
superfície livre na
presença de gravidade;

• Um gás expande-se até


encontrar as paredes do
recipiente e enche a
totalidade do espaço
disponível. Os gases não
pode formar uma
superfície livre.
Sólido

Análises da estrutura molecular dos materiais


revelam que o material denominado sólido
(aço, concreto, etc...) apresenta moléculas
pouco espaçadas, estando sujeitas a forças
intermoleculares intensas e coesivas.
Fluido X Sólido
Espaçamento Forças Consequências
Intermolecular Coesivas
- mantém a forma;
SÓLIDO Pequeno Forte - não é facilmente
deformado.

Médio Fracas -facilmente deformáveis.


LÍQUIDO 10-7mm

- facilmente deformáveis;
GÁS Grande Desprezíveis - podem ser comprimidos;
10-6mm - ocupam todo o espaço livre.
Fluido X Sólido

Sólido Líquido Gás


Por que estudar Mecânica dos Fluidos?

O conhecimento e a compreensão dos princípios


básicos e dos conceitos da mecânica dos
fluidos são essenciais para a análise de
qualquer sistema no qual um fluido é o meio
operante, ou seja, o meio produtor de
trabalho.
Exemplos
Projetos de meios de Projetos
transporte aerodinâmicos

Projetos de aeronaves

Projetos para sistema de


propulsão para vôos
espaciais
Exemplos
Estudos das forças
aerodinâmicas atuantes sobre
estruturas
Exemplos

Projetos de máquinas
de fluxo

Escoamento em interno
em tubos e dispositivos

Sistema circulatório do
corpo humano
Exemplos
Exemplos

Vazamento de poluentes
Exemplos

Máquinas
Eólicas
Exemplos
Hipótese do Contínuo

Esta é uma hipótese


relacionada com a
estrutura molecular da
matéria.
Hipótese do Contínuo

Os fluidos são compostos por moléculas em


constante movimento, contudo, na maioria
das aplicações em engenharia estamos
interessados no efeito médio, ou macroscópio
destas moléculas.
Hipótese do Contínuo

Esta média deve ser avaliada em um volume


pequeno mas que ainda contenha um
número muito grande de moléculas.
Hipótese do Contínuo
O fluido será tratado como uma matéria
infinitamente divisível, ou contínua, cujas
propriedades são funções continuas no
espaço e no tempo.

Exemplos:    ( x, y, z, t )
 
V  V ( x, y, z, t )
Limitações
Uma área da mecânica em que esta hipótese
não é válida é o estudo dos gases rarefeitos.
Neste caso, o espaçamento entre as moléculas
de ar pode ser tão grande que o conceito do
meio contínuo deixa de ser válido.

Exemplo: aplicações aeroespaciais


Dimensões e Unidades
DIMENSÕES- São quantidades físicas como
comprimento, massa e temperatura. Podem ser
primárias ou secundárias.

Obs.: Unidade é o nome dado às dimensões. A


dimensão é expressa através de sua unidade. Ex.:
a dimensão primária de comprimento pode ser
medida em unidades de metros ou pés ou milhas.
( 1 milha = 5280 pés = 1609 metros)
Dimensões
A descrição qualitativa de uma “propriedade”
pode ser realizada em função de propriedades
primárias.

Comprimento [L]
Massa [M]
Tempo [T]
Temperatura []
Dimensões
Outras propriedades secundárias podem ser
obtidas da combinação destas propriedades
primárias:

Área [L2]
Velocidade [LT-1]
Massa específica [ML-3]
Dimensões
Todas as equação teóricas são
dimensionalmente homogêneas, ou seja, cada
termo da equação deve ter as mesmas
dimensões.
Exemplo:
V = V0 + at
[LT-1] = [LT-1] + [LT-2T]

[LT-1]
Sistemas de Unidades

Para quantificar uma “propriedade” é necessário


estabelecer uma unidade para cada uma das
propriedades físicas básicas – quantidade
primária.
Sistema Internacional (MLtT)
Massa – kg
Comprimento – m
Tempo – s
Temperatura – K ou °C – K=°C+273,15

Força – N – kg.m/s2 – 2ª Lei de Newton


Sistema Métrico Absoluto
Massa – g
Comprimento – cm
Tempo – s
Temperatura – K ou °C

Força – dina – g.cm/s2 – 2ª Lei de Newton


Sistema Britânico Gravitacional (FLtT)
Força – lbf
Comprimento – ft
Tempo – s
Temperatura – R ou °F – R=°F+459,67

Massa – slug – definida pela 2ª Lei de Newton


F = m.a
lbf = slug. ft/s2 slug=lbf.s2/ft
Sistema Inglês Técnico (FMLtT)
Força – lbf
Massa – lbm
Comprimento – ft
Tempo – s
Temperatura – R ou °F

Para que a 2ª Lei de Newton seja homogênea


F = (m.a)/gc gc = cte. de proporcionalidade
gc = (1lbm).(32,174ft/s2 )/1lbf
Medidas da Massa e Peso do Fluido
Símbolo Definição Fórmula Dimensão

 m
Massa massa por  [ML-3]
específica unidade de volume V

 V 1
Volume volume por   [L3M-1]
específico unidade de massa m 

Peso  peso por mg [ML-2T-2]


específico unidade de volume   g
V
razão entre a massa
Densidade SG específica do fluido SG   Adimensional
e a massa específica  H 2OaT ºC
da água numa certa
temperatura
Massa específica da água a 4°C
Fluido Incompressível
Um fluido é dito incompressível quando a variação
da massa específica com a variação da pressão é
desprezível.

Ex.: considerando a água


 =1% necessário P=210atm

Os líquidos normalmente são considerados


incompressíveis.
Fluido Compressível
Um fluido é dito compressível quando a variação da
massa específica com a variação da pressão não
pode ser desconsiderada.

Os gases são compressíveis, porém:


O Número Mach, Ma = V/c é um bom indicador da
existência ou não efeitos de compressibilidade

Ma < 0,3: Incompressible Var  100 m/s


Lei dos Gases Perfeitos
m
PV  nRT sendo n 
M

R
mRT R  constante do gás
PV  M
M R  constante universal dos gases

P  R T
Equação do Estado para Gases
Perfeitos

P  R T

T – temperatura absoluta (K ou R)
P – pressão absoluta
Viscosidade

Propriedade inerente a um fluido real,


definida como a resistência que o
fluido oferece ao movimento relativo
de qualquer de suas partes.
Viscosidade

Definimos um fluido como uma matéria que se


deforma continuamente sob a ação de uma
tensão de cisalhamento. Na ausência desta
não haverá deformação. Os fluidos podem ser
classificados, de modo geral, de acordo com a
relação entre a tensão de cisalhamento e a
taxa de deformação.
(a) Comportamento de um material entre duas placas
paralelas (b) Forças que atuam na placa superior

F
F F
Comportamento de um fluido entre
duas placas paralelas

F
Viscosidade
u U
 (1)
y b
U
Derivando a equação (1)
b
du U

u
(2)
dy b
y 
A taxa de deformação, , por cisalhamento é
definida como:

   (3)
 lim  
t 0 t
 
Viscosidade
Para um pequeno instante de tempo t, temos:
a
tg ( )   
b

Ut
como a  Ut    (4)
b

Substituindo (4) em (3)


 Ut 
  U du
 lim  b    
t 0 t  b dy
 
 
Viscosidade
Sabendo que a tensão de cisalhamento é proporcional a
taxa de deformação:

constante de
   proporcionalidade

du du
    (5)
dy dy

 é denominada viscosidade dinâmica (ou absoluta) do fluido.


du
Análise dimensional de    dy

[M.L.T-2.L-2] = [][L.T-1.L-1]

[M.L-1.T-2] = [][T-1]
No SI:
kg m s N .s
[ ]  [ ]  2 [ ]  Pa.s
m.s m s m
Tensão de cisalhamento em função da taxa de
deformação por cisalhamento para alguns fluidos
Lei da Viscosidade de Newton
• “Para certos fluidos chamados Newtonianos, a
tensão cisalhante numa interface tangente à
direção do escoamento é proporcional à razão
da variação da velocidade na direção normal à
interface.”

• Todos os gases e a maioria dos líquidos são


fluidos Newtonianos. Pastas, asfaltos e
polímeros são exemplos de fluidos que não
podem ser considerados Newtonianos.
Fluidos Newtonianos e
Não Newtonianos
Exemplos de fluidos não Newtonianos

• Plástico de Binghan – fluidos que se


comportam como sólido até que a tensão
de cisalhamento seja excedida, depois
apresenta uma relação linear entre a
tensão de cisalhamento e a taxa de
deformação. Ex.: pasta dental, suspensões
de argila, lama de perfuração.
Exemplos de fluidos não Newtonianos

• Pseudoplástico – a viscosidade aparente


diminui com a taxa de deformação
crescente. Tornam-se mais finos quando
sujeitos a tensões cisalhantes. Ex.: maioria
dos fluidos não newtonianos, soluções de
polímeros, soluções coloidais e a polpa de
papel e água.
Exemplos de fluidos não Newtonianos

• Dilatantes – a viscosidade aparente cresce


conforme a taxa de deformação cresce.
Torna-se mais espesso quando submetido a
tensão cisalhante. Ex.: suspensões de
amido e areia.
Variação da viscosidade com a
temperatura e a pressão

A viscosidade de um fluido é uma medida de sua


resistência à deformação, isto se deve à força
de atrito interna que ocorre entre as camadas
de fluido à medida que elas são forçadas a se
movimentar relativamente umas às outras;
Variação da viscosidade com a
temperatura e a pressão

A viscosidade é causada pelas forças coesivas


entre as moléculas dos líquidos e por colisões
moleculares em gases. A viscosidade varia
muito com a temperatura;
Variação da viscosidade com a
temperatura e a pressão

Em um líquido, as moléculas possuem mais


energia à maiores temperaturas, e elas podem
então se opor de maneira mais forte às altas
forças coesivas intermoleculares. Como
resultado, as moléculas do líquido energizado
podem se mover mais livremente
Variação da viscosidade com a
temperatura e a pressão

Em um gás, as forças moleculares são


desprezíveis e as moléculas gasosas à altas
temperaturas movimentam-se livremente à
maiores velocidades. Isto resulta em um
número maior de colisões moleculares e,
portanto em uma maior resistência ao fluxo.
Viscosidade dinâmica de alguns fluidos
em função da temperatura
Define-se como viscosidade
cinemática


 []=[L2.T-1]

Variação da viscosidade com a
temperatura e a pressão

Em geral, a viscosidade de um fluido depende tanto


da pressão quanto da temperatura, embora a
dependência com a pressão seja bem menor.
Para os líquidos ambas as viscosidades
cinemática e dinâmica são praticamente
independentes da pressão. Para os gases a
viscosidade cinemática varia com a pressão, pois
depende da massa específica do gás.
Fluidos Ideais e Reais

Ideal – É aquele que tem viscosidade nula. Trata-se,


pois de um caso de fluidez sem a existência de
tensões tangenciais. A utilização de tal modelo
simplifica a análise de certos escoamentos. Podemos
considerar um fluido ideal quando está estático, ou
sem tensões tangenciais.

Real – É aquele que apresenta viscosidade não nula.

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