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Mecânica dos Fluidos

Aula 2

Sistemas de Unidades
O fluido como contínuo
Campo de velocidades
Tipos de escoamento
Campo de tensões
Roteiro para aulas 1 - 3

W m. g
    . g
V V

2
Dando continuidade ao nosso estudo,
devemos estar aptos a responder:

Quem é maior 8 ou 80?

3
Dando continuidade ao nosso estudo,
devemos estar aptos a responder:

A pergunta necessita de sentido porque não há


termo de comparação.

Evidentemente que 8 m3 significa mais que 80 litros


(80 dm3).

Poderia ser de outra forma: 8 kg e 80 kg.

4
Para a resposta anterior ...

Deve-se pensar em definir a grandeza


qualitativamente e quantitativamente.

Qualitativamente – a grandeza será definida pela


equação dimensional, sendo esta constituída
pela base MLT ou FLT, onde o expoente indica o
grau de dependência entre a grandeza derivada
e a grandeza fundamental
(MLT ou FLT)
5
Sistemas de unidades

As "unidades" de grandezas físicas


(dimensões de um corpo, velocidade, força,
trabalho ou potência) permitem organizar o
trabalho científico e técnico sendo que, com
apenas sete grandezas básicas é possível
formar um sistema que abranja todas
necessidades.

6
Sistemas de unidades

Tradicionalmente a Engenharia usava 3


sistemas:

MKS (metro, quilograma, segundo)

ou

CGS (centímetro, grama, segundo),

7
A definição quantitativa depende
do sistema de unidade considerado
Por exemplo, se considerarmos o
Sistema Internacional (SI) para a
mecânica dos fluidos, temos como
grandezas fundamentais:

M – massa – kg (quilograma)
L – comprimento – m (metro)
T – tempo – s (segundo)

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As demais grandezas são denominadas
de grandezas derivadas:

Grandeza Unidade Equação dimensional


F (força) N (newton) [F] = (M*L)/T2
V(velocidade) m/s L/T
dv/dy (gradiente de velocidade*
hz ou 1/s

 dv  LT 1-1

 dy    T  -1

9   L T
Um outro sistema bastante
utilizado até hoje é o MK*S

Nele as grandezas fundamentais adotadas para


o estudo de mecânica dos fluidos são:
Grandeza Unidade
F(força) kgf (1 kgf = 9,8 N)
L(comprimento) m (metro)
T(tempo) s (segundo)

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Algumas grandezas derivadas no
MK*S:

Grandeza Unidade

F T2
M (massa) utm (1 utm = 9,8 kg) M
L

M F T2
- massa kg/m³  3 4
L L
específica

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Estados físicos da matéria
Teoria cinética
O conceito de estado físico está ligado ao movimento de átomos e
de moléculas. Essa movimentação define também a temperatura.
Quanto mais eles se movimentam (Vibração, rotação e translação),
mais energia. E quanto menos se movimentam, menos energia.

12
Estados físicos da matéria

Sólidos
oscilam em torno
de posições fixas

13
Estados físicos da matéria

De acordo com a Teoria cinética, os fluidos são


compostos de moléculas em movimento
constante, onde ocorrem colisões freqüentes.

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A mecânica dos fluidos
 A mecânica dos fluidos lida com o comportamento dos
fluidos em repouso ou em movimento.

 O escoamento dos fluídos é complexo e nem sempre


sujeito à análise matemática exata.
Hipótese do contínuo

Todos nós estamos


familiarizados com os
fluidos, como sendo
meios contínuos.

16
Hipótese do contínuo

 Inicialmente, trataremos
qualquer fluido como
substância que pode ser
dividida ao infinito, um
contínuo, sempre mantendo
suas propriedades, sem nos
preocuparmos com o
comportamento individual
de suas moléculas.

17
Hipótese do contínuo

 Ou seja, no estudo dos fluidos desprezam-se


o espaçamento e atividade moleculares,
considerando-o como um meio contínuo que
pode ser dividido infinitas vezes em partículas
fluidas entre as quais se supõe não haver
vazios.

18
Hipótese do contínuo

19
Hipótese do contínuo

22,4 x 106 mm3 6,02 x 1023 moléculas

10-9 mm3 n° moléculas

20
Hipótese do contínuo

A hipótese do contínuo é válida no tratamento


do comportamento dos fluidos sob condições
normais.

Ela falha, no entanto, quando a trajetória


média livre das moléculas*, o livre caminho
médio, torna-se da mesma ordem de grandeza
da menor dimensão característica significativa
do problema. Isto ocorre em casos específicos
como no escoamento de um gás rarefeito.

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Métodos descritivo

 Método de Lagrange: Descreve o movimento


de cada partícula, acompanhando-a em sua
trajetória; (Molecular, pouco prático)

 Método de Euler: Consiste em adotar um


intervalo de tempo, escolher uma seção ou um
volume de controle no espaço e considerar todas
as partículas que passem por este local.

22
Métodos descritivo

Método de Lagrange
O método de Lagrange descreve o movimento de
cada partícula, acompanhando-a em sua trajetória total.
O observador desloca-se simultaneamente com a
partícula.
As partículas individuais são observadas como uma
função do tempo.

23
Métodos descritivo

Método de Lagrange
Sendo assim, tomando-se um sistema coma as três
componentes em x, y e z, a posição, a velocidade e a
aceleração de cada partícula são apresentadas como:
r (x0,y0, z0,t)
V (x0,y0, z0,t)
a (x0,y0, z0,t)

24
Métodos descritivo

Método de Lagrange
O método é simples quanto à descrição do
movimento, mas apresenta grandes dificuldades
nas aplicações práticas. Na maioria dos casos, o
que interessa não é o movimento de uma partícula em
si, mas de um conjunto de partículas que constituem o
escoamento;

25
Métodos descritivo

Método de Euler:
O método de Euler consiste em adotar um intervalo de
tempo, escolher uma seção ou um volume de controle no
espaço e considerar todas as partículas que passem por
esse local.
Neste método, o observador é fixo.
r (x,y, z,t)
V (x,y, z,t)
a (x,y, z,t)

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Movimento de um elemento fluido

Considerando um elemento
infinitesimal de massa
num campo de escoamento,
diversas coisas podem
acontecer.

Ele pode sofrer translação,


rotação em torno dele, rotação
em torno dos eixos e
deformação
27
Deformações

28
Classificação dos escoamentos

Quanto à dimensão;
Quanto à variação no tempo;
Quanto à direção da trajetória;
Quanto à variação da trajetória;
Quanto ao movimento de rotação;
Quanto à compressibilidade.

29
Classificação dos escoamentos

Quanto à dimensão:
 unidimensional: quando o campo de
velocidades varia apenas em uma
dimensão;
 bidimensional: quando o campo de
velocidades varia em duas dimensões;
 tridimensional: quando o campo de
velocidades varia em três dimensões.
30
Classificação dos escoamentos

Escoamento Unidimensional
 O escoamento é dito unidimensional quando uma
única coordenada é suficiente para descrever as
propriedades do fluido.
 Para que isso aconteça é necessário que as
propriedades sejam constantes em cada seção

31
Classificação dos escoamentos

Escoamento bidimensional
 Se as grandezas do escoamento variarem em 2 dimensões,
isto é, se o escoamento puder definir-se, completamente, por
linhas de corrente contidas em um plano, o escoamento será
bidimensional.
 É o caso de um vertedor de uma barragem.

32
Classificação dos escoamentos

Escoamento tridimensional
 Praticamente todos os escoamentos que ocorrem na natureza são
tridimensionais. As grandezas que nele interferem, em cada seção
transversal de um filamento ou tubo de corrente, variam em três
dimensões.

33
Classificação dos escoamentos

Quanto à variação no tempo:


 permanente: as propriedades do fluido e sua
velocidade não variam no tempo, num dado
ponto do escoamento, podendo variar de ponto a
ponto;
 transiente: as propriedades do fluido e sua
velocidade variam no tempo, num dado ponto do
escoamento, podendo variar também de ponto a
ponto;

34
Classificação dos escoamentos

Tipos de Escoamento
Para os campos de velocidade listados abaixo, determine a sua
classificação no que diz respeito à dimensão e variação no tempo:
a) 
 

V  Ax 2 e b.t i
b)
   
c) V  Ax 2 i  Bx j  ck
   
d) V 
A.x 2 i  B.x.z j  c.z.k
e)   
V  A.x y.i  B. y.z.t j

  
35
V   Ax t .i  B. y 2 j
Classificação dos escoamentos

Quanto à direção da trajetória:


 laminar: as linhas de corrente formam
como “lâminas” paralelas que escoam em
baixa velocidade;
 turbulento: as linhas de corrente formam
pequenos turbilhões (vórtices) ao longo do
escoamento, geralmente em altas
velocidades;
36
Classificação dos escoamentos

Quanto à variação da trajetória:


 uniforme: numa dada trajetória em todos os pontos a
velocidade é constante no intervalo de tempo
considerado, podendo variar de uma trajetória para
outra;
 variado: os diversos pontos da trajetória não
apresentam velocidade constante no intervalo
de tempo considerado;

37
Classificação dos escoamentos

Quanto ao movimento de rotação:


 rotacional (ou com atrito): cada partícula fluida
é submetida a uma velocidade angular com
relação ao seu centro de massa, devido aos
efeitos de viscosidade (tensão de cisalhamento);
 irrotacional (ou sem atrito): as partículas não
de deformam, fazendo-se uma concepção
matemática do escoamento, desprezando-se a
influência da viscosidade;

38
Classificação dos escoamentos

Quanto à compressibilidade
 Incompressível:
Um escoamento incompressível é aquele em
que a massa específica de cada partícula
de fluido permanece relativamente constante
enquanto a partícula se move através do
campo de escoamento.

39
Classificação dos escoamentos

Quanto à compressibilidade
 Incompressível:
Ex.: escoamentos de líquidos, escoamentos de gás com
baixa velocidade, tais como o escoamento
atmosférico, a aerodinâmica de aterrissagem e
decolagem de aviões comerciais, os escoamentos de
ar em sistemas de ar condicionado e de aquecimento,
os escoamentos em torno de automóveis e através de
radiadores e ventiladores, e o escoamento de ar em
volta de edifícios.

40
Classificação dos escoamentos

Quanto à compressibilidade
Compressível:
Ex: a aerodinâmica de aeronaves de alta velocidade, o
escoamento de ar através de turbinas de jatos, o
escoamento de vapor através de turbina em usinas
termoelétricas, o escoamento de ar em um compressor,
e o escoamento de mistura de ar-gasolina no motor de
combustão interna.

41
Aplicação

1. Desconfiando que a gasolina utilizada no


motor de seu carro está adulterada, o que
você faria para confirmar esta desconfiança?

42
Aplicação
 Pesquisar os valores admissíveis para a
massa específica da gasolina.
m
ρ
V

20°C = 0,7893 (g/cm³ )


26°C = 0,7852 (g/cm3)

43
Aplicação

 Escolher um recipiente de volume (V)


conhecido.
 Através de uma balança obter a massa do
recipiente vazio (m1)
 Encher o recipiente com uma amostra de
volume (v) da gasolina

44
Aplicação

 Determinar a massa total (recipiente mais o


volume V da amostra da gasolina – m2)
 Através da diferença entre m2 e m1 obter a
massa m da amostra de volume V da gasolina
e assim obter a massa específica da mesma.

45
Aplicação

 Comparar o valor da massa específica obtida


com os valores especificados para que a
gasolina seja considerada sem adulteração.

ρtabelado  pexp ?

46
Aplicação

Através da comparação anterior é possível


concluir se a gasolina encontra-se, ou não,
adulterada.

47
Exercícios
1.13 FOX 6ª ed.
Enunciado
A massa da bola de golfe oficial inglesa é 45,9 g e o seu diâmetro
médio é 41,1 mm. Determine a massa específica e a densidade
relativa da referida bola. (ρH2O = 1000 kg/m3)

Resolução: Passos 1 – 3
1- Geometria do problema
2- Declaração das informações dadas e solicitadas
3- Formulação básica

48
Exercícios

1.13 FOX 6ª ed.


Resolução: Passos 1 – 3
Modelo Físico e Dados Modelo matemático

49
Exercícios
1.13 FOX 6ª ed.
Resolução: Passo 5 -7
Análise algébrica e cálculo da massa específica:

Verificação da consistência dos dados e


introdução dos valores numéricos:

50
Exercícios
1.13 FOX 6ª ed.
Resolução: Passo 5 -7
Análise algébrica , verificação da consistência dos dados e
introdução dos valores numéricos no cálculo da densidade
relativa:

51
Campo de velocidade

 O campo de velocidades descreve o


movimento do fluido
 A velocidade num ponto é a velocidade
instântanea de uma partícula de fluido no
ponto e instante de interesse:
 As componentes do vetor velocidade vão
depender do tipo de escoamento.

52
Exercícios
Exemplo 2.1 FOX 6ª ed.
Enunciado   
Um campo de velocidade é dado por: V  Ax i  Ay j
Considere que x e y são dados em metros , as unidades de
velocidade são dadas em m/s e A= 0,3 s-1

a) Obtenha uma equação para as linhas de corrente;


b) Trace a linha de corrente que passa pelo ponto (2,8);
c) Determine a velocidade de uma partícula no ponto (2,8);
d) Determine a localização de uma partícula no instante t = 6s;
e) Qual a velocidade dessa partícula em t = 6s?
53
Exercícios
Exemplo 2.1 FOX 6ª ed.
Resolução
Passos 1 e 2: Declaração
 das informações
  dadas e solicitadas
Campo de velocidade: V  Ax i  Ay j
A = 0,3 s-1

a) Obtenção da equação para as linhas de corrente


(linhas tangentes à direção do escoamento em cada ponto)
Vy  Ay  y
dy    
 Vx Ax x
dx linhade
corrente
54
Exercícios
Exemplo 2.1 FOX 6ª ed.
a) Obtenção de uma equação para as linhas de corrente
(linhas tangentes à direção do escoamento em cada ponto)
y
dy  
 x
dx linhade
corrente

Separando-se as variáveis e integrando-se, temos:

 
dy dx
 ln y   ln x  C
y x
55
Exercícios
Exemplo 2.1 FOX 6ª ed.
Obtenção de uma equação para as linhas de corrente
(linhas tangentes à direção do escoamento em cada ponto)

ln y   ln x  c

xy  C

56
Exercícios
Exemplo 2.1 FOX 6ª ed.
Resolução
b)Trace a linha de corrente que passa pelo ponto (2,8);
Para a linha de corrente que passa pelo ponto (2,8), temos:
xy= C
x0y0 = 2mx8m =16 m2

57
Exercícios

Exemplo 2.1 FOX 6ª ed.


Resolução
c) Determinar a velocidade de uma partícula no ponto (2,8);
No ponto (2,8) a velocidade
 da partícula
 é dada por:
Campo de velocidade: V  A xi  A yj e A = 0,3 s-1
SUbstituindo-se o valor de A, e as coordenadas do ponto na
equação do campo de velocidade, tem-se:
 A x0  A y0 
V  0,3 ( 2)i  0,3(8) j
  
V  0,6 i  2,4 j
58
Exercícios
Exemplo 2.1 FOX 6ª ed.
Resolução
d) Determinar a localização de uma partícula no instante t = 6s;
  
O campo de velocidade é dado por: V  i 
Ax Ay j
dx dy
Como: Vx   Ax e
Vy    Ay
dt dt
Separando-se as variáveis , integrando-se e resolvendo em x,
primeiramente, tem-se:
x t
  x  x0 e At
dx x
 Adt ln  At
x
x0 0 x0
59
Exercícios
Exemplo 2.1 FOX 6ª ed.
Resolução

Da mesma forma, separando -se as variáveis , integrando-se e


resolvendo a equação em y, tem-se:

y t
  y  y 0 e  At
dy y
 Adt ln   At
y0
y
0 y0

60
Exercícios
Exemplo 2.1 FOX 6ª ed.
Resolução
Substituindo-se as coordenadas do ponto (2,8) dadas em metros ,
as unidades de velocidade dadas em m/s, t= 6s e A= 0,3 s-1,
nas equações de x e y obtidas anteriormente, tem-se:

y  y0 e  At x  x0 e At

y0 A t x0 A t
y  8e (0,3)6 m  1,32m x  2e(0,3)6 m  12,1m

Sendo assim, para t= 6s a partícula estará na posição (12,1; 1,32)m


61
Exercícios
Exemplo 2.1 FOX 6ª ed.
Resolução
e) Qual a velocidade da partícula em t = 6s?
Substituindo-se na equação de velocidade os valores encontrados
anteriormente para x e y (12,1:1,32)m e A= 0,3 s-1 tem-se:
  
V  Ax i  Ay j
  
V  0,3s(12,1i )  0,3s(1,32 j )m
  
V (3,6 i  0,396 j )m / s

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Referências
 Ássy, T.M. Mecânica dos Fluidos, Editora Plêiade - SP., 1996 - Coletânia de Exercícios de Mecânica dos
Fluídos - EPUSP/Depto. de Engenharia Mecânica.
 Fox, R.W. & Mc Donald, A.T. Introdução à Mecânica dos Fluidos . Livros Técnicos e Científicos Editora
S.A. - RJ, 4ª edição revista, 2006.
 LOUREIRO, Professor Eduardo . Mecânica dos Fluidos
 NACCACHE, Profa. Mônica F.
 OLIVESKI, Profa. Rejane de Cézaro.
 PORDEUS, Prof. Roberto Vieira Pordeus . Regime de Escoamento. Univ. Fed. Rural do Semi-árido
 Streeter, V.L.; Wylie, E.B.; Bedford, K.W. Fluid Mechanics".McGraw-Hill, nith edition, 1998.
 Vieira, R.C.C. Atlas de Mecânica dos Fluidos- Volumes (Cinemática, Estática e Fluidodinâmica) - Editora
Edgard Blucher Ltda / Editora da Universidade de São Paulo, 1971.
 BIRD, R.B.; STEWART, W.R.; LIGHTFOOT, E.N. Fenômenos de Transporte. LTC, 2004.

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