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OBJETIVOS
Ao terminara leitura deste capítulo você deve ser capaz de:
Entender o papel da derivada material na transformação entre as descrições
lagrangiana e euleriana
Distinguir entre diversos tipos de visualizações de escoamento e métodos de
representação gráfica das características de um escoamento de fluido
Ter uma percepção das diversas maneiras pelas quais os fluidos se movem e se
deformam
Distinguir entre regiões rotacionais e irrotacionais do escoamento com base na
vorticidade do escoamento
Entender a utilidade do teorema de transporte de Reynolds
Cinemática dos Fluidos
O assunto chamado cinemática diz respeito ao estudo do movimento. Na
dinâmica dos fluidos, a cinemática dos fluidos é o estudo de como os fluidos
escoam e de como descrever o movimento de fluidos. Sob um ponto de vista
fundamental, existem duas formas distintas de descrever o movimento. A
primeira e mais familiar é aquela que você aprendeu nas aulas de física do
colégio — seguir a trajetória dos objetos individuais. Por exemplo, todos já
vimos as experiências de física nas quais uma bola em uma mesa de bilhar
ou um disco em uma mesa de ar de hóquei colide com outra bola ou outro
disco ou com a parede (Figura 4-1). As leis de Newton são usadas para
descrever o movimento desses objetos, e podemos prever com exatidão
aonde eles vão e como o momento e a energia cinética são trocados de um
objeto para outro. A cinemática dessas experiências envolve acompanhar o
vetor posição de cada objeto, xA, xB ... e o vetor velocidade de cada objeto,
VA, VB ... , como funções do tempo (Figura 4-2). Quando esse método é
aplicado ao escoamento de um fluido, ele é chamado de descrição
lagrangiana do momento do fluido em homenagem ao matemático italiano
Joseph Louis Lagrange (1736-1813). A análise lagrangiana é análoga à
análise de sistemas que você aprendeu em suas aulas de termodinâmica; ou
seja, seguimos uma massa de identidade flxa.
Cinemática dos Fluidos
Sob o ponto de vista microscópico um fluido é composto de bilhões de moléculas que estão
continuamente se chocando, um pouco como as bolas de bilhar, mas a tarefa de acompanhar,
mesmo que seja um subconjunto dessas moléculas, é muito difícil, até para nossos
computadores mais rápidos e maiores. No entanto, existem muitas aplicações práticas para a
descrição lagrangiana, como o controle dos escalares passivos em um escoamento, cálculos da
dinâmica de gás rarefeito com relação à reentrada de uma nave espacial na atmosfera da Terra,
e o desenvolvimento dos sistemas de medição de escoamento com base na imagem de
partículas (como discutido na Seção 4-2). Um método mais comum para descrever o
escoamento de fluidos é a descrição euleriana do movimento de fluidos, que recebeu esse nome
em homenagem ao matemático suíço Leonhard Euler (1707-1783).
Na descrição euleriana do escoamento de fluidos, um volume finito chamado de domínio de
escoamento ou volume de controle é definido, através do qual o fluido escoa para dentro e para
fora. Não precisamos acompanhar a posição e a velocidade de uma massa de partículas de
fluido com identidade fixa. Em vez disso, definimos as variáveis de campo, funções do espaço e
do tempo, dentro do volume de controle. Por exemplo, o campo de pressão é uma variável de
campo escalar, e para escoamento de fluido tridimensional geral em regime não permanente em
coordenadas cartesianas
Cinemática dos Fluidos
Campo de pressão p= p( x , y , z , t ) (4.1)
Uma expansão semelhante pode ser escrita para o campo de aceleração da Equação 4-3.
Cinemática dos Fluidos
Na descrição euleriana, todas essas variáveis de campo são definidas em qualquer local (x, y, z)
no volume de controle e em qualquer instante de tempo t. Na descrição euleriana não nos
importamos realmente com o que acontece com as partículas individuais de fluido. Na
verdade, estamos interessados na pressão, velocidade, aceleração e outras propriedades
da partícula de fluido que esteja no local de interesse, no momento de interesse.
A diferença entre essas duas descrições fica mais clara quando se imagina uma pessoa em pé
ao lado de um rio, medindo suas propriedades. Na abordagem lagrangiana, ela joga uma sonda
que se move a jusante com a água. Na abordagem euleriana, ela ancora a sonda em um local
fixo na água.
Embora haja muitas ocasiões nas quais a descrição lagrangiana é útil, a descrição euleriana
quase sempre é mais conveniente para aplicações da mecânica dos fluidos. Além disso,
medições experimentais em geral são mais adaptadas à descrição euleriana. Em um túnel de
vento, por exemplo, sondas de velocidade ou pressão em geral são colocadas em locais fixos do
escoamento, medindo V(x, y, z, t) ou p(x, y, z, t). Entretanto, embora as equações do movimento
da descrição lagrangiana que acompanham as partículas individuais de fluido sejam bem co
nhecidas (por exemplo, a segunda lei de Newton), as equações de movimento do escoamento
de fluidos não são tão óbvias na descrição euleriana e devem ser cuidadosamente deduzidas.
Cinemática dos Fluidos
EXEMPL0 4-1: Um Campo de Velocidade Bidimensional em Regime Permanente
∂V ∂V ∂V ∂V
a partícula ( x , y , z ,t )= +u +v +w (4.8)
∂t ∂x ∂y ∂z
onde também usamos o fato (óbvio) que dt/dt = 1. Finalmente, em qualquer instante de tempo t,
o campo de aceleração da Equação 4-3 deve ser igual à aceleração da partícula de fluido que
ocupa o local (x, y, z) naquele instante t, uma vez que a partícula de fluido está, por definição,
acelerando com o escoamento do fluido. Dessa forma, podemos substituir apartícula por a (x, y, z,t)
nas Equações 4-7 e 4-8 para transformar do sistema de referência lagrangiana para o euleriano.
Cinemática dos Fluidos
A aceleração de uma partícula de fluido egressa como variável de
campo:
D V ∂V ∂V ∂V ∂V ∂V
a( x , y , z , t)= = +u +v +w = +(V⋅∇ )⋅V (4.9)
Dt ∂t ∂x ∂y ∂ z ∂t
onde ∇ é o operador gradiente ou o operador del.
∂u ∂u ∂u ∂u
ax= +u +v +w
∂t ∂x ∂y ∂z
∂v ∂v ∂v ∂v
a y= +u +v +w
∂t ∂x ∂y ∂z (4.11)
∂w ∂w ∂w ∂w
a z= +u +v +w
∂t ∂x ∂y ∂z
No sistema de referência euleriana, em regime permanente pode ser definido como sendo
quando as propriedades em qualquer ponto do campo de escoamento não variam com relação
ao tempo. Como a velocidade da saída do bocal é maior do que aquela da entrada do bocal, as
partículas de fluido claramente aceleram, embora o escoamento seja em regime permanente. A
aceleração é diferente de zero por conta dos termos da aceleração advectiva da Equação 4-9.
Observe que embora o escoamento seja em regime permanente do ponto de vista de um
observador fixo no sistema de referencia euleriano, ele não é em regime permanente no sistema
de referência lagrangiana movendo-se com uma partícula de fluido que entra no bocal e acelera
à medida que passa através dele.
Cinemática dos Fluidos
EXEMPLO 4 -2: A Aceleração de uma Partícula de Fluido através de
um Bocal
Da mesma forma, a velocidade de saída média é usaída = 10,4 pés/s. Agora calculamos a aceleração
de duas maneiras, com resultados equivalentes. Em primeiro lugar, um simples valor médio de
aceleração na direção x é calculado com base na variação da velocidade dividida por uma
estimativa do tempo de residência de um a partícula de fluido no bocal, Δ t=Δ x /Δ umed (Figura 4-10).
Pela definição fundamental da aceleração com o a taxa de variação da velocidade,
Δ u u saída−uentrada usaída −u entrada u ² −u ²entrada
Método A: ax= = = = saída
Δt Δ x / Δ umed 2 Δ x /(u entrada +usaída ) 2Δ x
O segundo método usa a equação das componentes do campo de aceleração em coordenadas
cartesianas, a Equação 4-11,
∂u ∂u ∂u ∂u ∂u Δ u u ² saída−u ² entrada
a x = +u +v +w =u =umed = =160 pe ²/ s
∂t ∂x ∂y ∂z ∂x Δx 2Δ x
Aqui vem os que apenas um termo advectivo é diferente de zero. Aproximamos a velocidade média
através do bocal como a média entre as velocidades de entrada e saída e usamos como
aproximação a diferença finita de primeira ordem para o valor médio da derivada du/dx no eixo
central do bocal:
Cinemática dos Fluidos
DERIVADA MATERIAL
0 operador diferencial total (d/dt) da Equação 4-9 recebe um nome especial, derivada materíal;
alguns autores também atribuem uma notação especial a ele, D/Dt para enfatizar que ele é
formado seguindo uma partícula de fluido à medida que ela se movimenta através do campo de
escoamento (Figura 4-12). Outros nomes para a derivada material incluem derivada total, de
partícula, lagrangiana, euleriana e substancial.
D ∂
derivada materíal = +(V⋅∇ ) (4.12)
Dt ∂ t
Quando aplicamos a derivada material da Equação 4-12 ao campo de velocidade, o resultado é
o campo de aceleração expresso pela Equação 4-9 que, portanto, às vezes é chamado de
aceleração material.
D V ∂V
a( x , y , z , t )= = +(V⋅∇ )V
aceleração materíal Dt ∂t (4.13)
A Equação 4-12 também pode ser aplicada a outras propriedades dos fluidos além da
velocidade, tanto escalares quanto vetoriais. Por exemplo, a derivada material da pressão pode
ser escrita como
D P ∂P
= +(V⋅∇ ) P
Dt ∂t
Cinemática dos Fluidos
4-2 - FUNDAMENTOS DA VISUALIZAÇÃO DO ESCOAMENTO
Embora o estudo quantitativo da dinâmica dos fluidos exija matemática avançada, é possível
aprender muito com a visualização do escoamento — o exame visual das características do
campo de escoamento. A visualização do escoamento não é apenas útil em experiências físicas
(Figura 4-15), mas em soluções numéricas também [dinâmica de fluidos computacional (CFD)].
Na verdade, a primeira coisa que um engenheiro faz ao usar a CFD e após obter uma solução
numérica é simular alguma forma de visualização do escoamento, para que possa ver o “quadro
geral”, em vez de apenas listar os números e dados quantitativos. Por quê? Porque a mente
humana foi feita para processar rapidamente uma quantidade incrível de informações visuais;
como dizem, uma figura vale mil palavras. Existem muitos tipos de padrões de escoamento que
podem ser visualizados fisicamente (experimentalmente) e/ou computacionalmente.
Cinemática dos Fluidos
Linhas de Corrente e Tubos de Corrente
As linhas de corrente são úteis como indicadores da direção instantânea do movimento dos
fluidos ao longo do campo de escoamento. Por exemplo, as regiões de escoamento de
recirculação e separação de um fluido de uma parede sólida são facilmente identificadas pelo
padrão das linhas de corrente. As linhas de corrente não podem ser observadas
experimentalmente, exceto nos campos de escoamento em regime permanente, nos quais elas
são coincidentes com as linhas de trajetória e linhas de emissão, que serão discutidas a seguir.
Matematicamente, porém, podemos escrever uma expressão simples para uma linha de corrente
com base em sua definição.
dy v
Linha de corrente no plano xy: ( )
dx ao longo de uma linha de corrente
=
u
(4.16)
Em alguns casos simples a Equação 4-16 pode ser resolvida analiticamente; no caso geral ela
deve ser resolvida numericamente. Em ambos os casos, uma constante arbitrária de integração
aparece e a família de curvas que satisfaz a Equação 4-16 representa as linhas de corrente do
campo de escoamento.
Cinemática dos Fluidos
EXEMPLO 4-4: Linhas de Corrente no Plano xy — Uma Solução Analítica
SOLUÇÃO Uma expressão analítica das linhas de corrente deve ser gerada e está
representada graficamente no quadrante direito superior.
Uma linha de trajetória é a trajetória real percorrida por uma partícula de fluído individual
em determinado período de tempo.
As linhas de trajetória formam o padrão do escoamento mais fácil de entender. Uma linha de
rajetória é um conceito lagrangiano, pois apenas seguimos o caminho de uma partícula de fluido
individual à medida que ela se movimenta ao longo do campo de escoamento (Figura 4-20).
Uma linha de emissão é o conjunto das posições das partículas de fluido que
passaram sequencialmente através de um ponto prescrito do escoamento.
Linhas de Corrente: são uma família de curvas tangentes à velocidade do fluxo em um determinado
instante.
Linhas de emissão: são o lugar geométrico, em um determinado instante, de todas as partículas que
passaram por um dado ponto no espaço em um dado instante passado.
Linhas de tempo: são o lugar geométrico, em um determinado instante, de um conjunto de partículas
que formava uma linha num dado instante passado.
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4-5 - 0 TEOREMA DE TRANSPORTE DE REYNOLDS
B SIS , t + Δt = BVC , t + Δ t − B I , t + Δt + B II , t + Δt
Os fluxos entrando e saindo da propriedade B neste caso são fáceis de determinar, uma
vez que existe apenas uma entrada e uma saída, e as velocidades são normais às
superfícies das seções (1) e (2). Em geral, porém, podemos ter várias portas de entrada e
saída e a velocidade pode não ser normal à superfície de controle no ponto de entrada. Da
mesma forma, a velocidade pode não ser uniforme.
Cinemática dos Fluidos
Em geral, porém, podemos ter várias portas de entrada e saída e a velocidade pode não ser
normal à superfície de controle no ponto de entrada. Da mesma forma, a velocidade pode
não ser uniforme. Para generalizarmos o processo, consideramos a área de uma superfície
inflnitesimal dA, na superfície de controle e indicamos sua normal unitária exterior por n. A
vazão da propriedade b através de dA é ρbV•ndA que o produto escalar V•n fornece a
componente normal da velocidade. Em seguida, a vazão total através de toda a superfície de
controle é determinada por integração como (Figura 4-55):
Ḃ s − Ḃ e =∫ ρ b V⋅ndA (4.39)
SC