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INTRODUÇÃO À METROLOGIA

Unidade 2 - Sistema Inglês e o Metro

GINEAD
Unidade 2

Apresentação
Unidades de medidas são padrões físicos definidos utilizados para avaliação de
grandezas físicas. Por exemplo, para a medição de comprimento, representamos
este comprimento por meio de uma quantidade (valor numérico), associado a uma
unidade de medida. No Brasil, adotamos o Sistema Internacional (SI) e medimos
comprimento em metros (m), a unidade padrão de comprimento no SI. O objetivo
desta disciplina é estudar o Sistema Inglês e o metro, seus múltiplos e submúltiplos.

Bons estudos!

2.1 Sistema Inglês e o Metro


A necessidade de se avaliar, estimar e utilizar grandezas físicas dos mais diferentes
tipos sempre esteve presente ao longo da história e no dia a dia do homem.
Aplicações práticas como a mensuração ou medição da distância entre dois pontos
ou duas cidades, a quantidade de alimento disponível ou estocada para consumo, a
área disponível ou considerada para se plantar ou construir, a quantidade de água
armazenada para consumo, entre outras, sempre estiveram presentes e evidencia
esta necessidade.

Ocorre que, como em quase todo avanço tecnológico ou científico, a demanda ou


necessidade é a mola que impulsiona o avanço dos conceitos e do conhecimento e,
como essa necessidade de medição se fazia presente nos mais distantes, remotos e
longínquos lugares espalhados pelo mundo, em cada um deles, foram definidos os
seus primeiros e próprios padrões para medição de grandezas físicas.

Com a evolução sociocultural global e com o início das relações entre povos
e a prática da comunicação e realização de trabalhos e esforços conjuntos,
ficou evidente e, cada vez mais, necessário que se estabelecessem padrões de
equivalências entre os diferentes padrões de mensuração originais ou que se
unificassem e tornassem únicos estes padrões, para permitir que, de certo modo,
houvesse um consenso entre povos que adotavam padrões originalmente próprios
de medida de grandezas físicas.

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Figura 1 - Padrões de Mensuração de Grandezas Físicas

Fonte: Plataforma Deduca (2020).

Essa necessidade e o decorrente avanço dos sistemas de mensuração de


grandezas físicas, a equivalência entre eles e, em alguns casos, a adoção de um
mesmo padrão por povos e culturas diferentes podem ser percebidos até hoje. Esta
realidade se faz presente em situações como a medição de comprimento em metros
(m), adotada por alguns, ou em polegadas (pol.), adotada por outros, considerando-
se que a equivalência ou relação de conversão entre estas unidades é da ordem
de 1,00m = 39,37 pol. ou 39,37” a conversão ou a equivalência cambiais. No caso
das moedas dos países, por exemplo, um dólar americano (US$) equivale a X reais
brasileiros (R$).

2.1.1 Medidas Inglesas


Como vimos, mensurar e avaliar grandezas físicas são necessidades que
acompanharam a humanidade e a sua evolução desde os mais remotos tempos.
Essas necessidades eram atendidas com base na cultura, nos costumes e nas
tradições de cada povo. Essa verdade prática predominou e se estendeu até
aproximadamente o final do século XVIII.

Os primeiros padrões estabelecidos e considerados baseavam-se em referências


de natureza prática e conhecimento de todos, que consideravam desde partes do
corpo humano até utensílios e objetos de uso e conhecimento de todos ou, pelo
menos, da maioria.

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Como os padrões originais consideravam, por referência, partes do corpo, por
exemplo, e essas são variáveis de pessoa para pessoa – embora estes padrões
tenham sido relevantes e fundamentais historicamente –, eles obrigatoriamente
precisaram evoluir.

Para sanar estas limitações, adotou-se a prática de considerar os “tamanhos


médios” da parte do corpo como referência e a construção de um padrão físico,
inicialmente construído ou esculpido em pedra, que passaria, então, a ser o padrão
ou a referência física da unidade em questão.

Pouco depois da promulgação de sua Carta Magna (1215), a Inglaterra normalizou o


seu sistema consuetudinário de pesos e medidas.

Curiosidade
Consuetudinário: que se faz por hábito, costume; habitual, acostumado
(DICIO, 2020).

O Sistema Inglês naturalmente passou a ser adotado e utilizado na Inglaterra, o


que perdurou por mais de 600 anos, tendo sido adotado também por suas colônias
e ex-colônias, uma vez que estas naturalmente sofreram suas influências culturais.
O Sistema Inglês também foi, com pequenas adaptações, adotado nos Estados
Unidos da América (EUA), em especial até 1866, ano em que a utilização do sistema
métrico passou a ser permitida oficialmente.

Diante das diferenças e dificuldades decorrentes da adoção dos sistemas inglês


e métricos existentes na época, o governo francês, especificamente a Academia
de Ciência da França, definiu o primeiro sistema de medidas fundamentado em
constantes naturais, dando origem ao Sistema Métrico Decimal, definindo as três
primeiras unidades básicas de medida: o metro, o litro e o quilograma.

Desde então, o sistema métrico passou a ser o mais utilizado no mundo e as


necessárias constantes para conversão entre as unidades básicas entre o sistema
métrico e o Sistema Inglês foram estabelecidas em 1959. Por exemplo, 1 jarda (yard
em inglês - unidade inglesa de medida de comprimento) foi definida como sendo o

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equivalente ou correspondente a 0,91440m, o que naturalmente fez com que suas
divisões, ou seja, 1 jarda = 3 pés = 12 polegadas, também passassem a ter seus
equivalentes no sistema métrico e na matemática e formalmente definidos.

Sancionado pela Conferência Geral de Pesos e Medidas (CGPM), em 1960, o SI


atualizou e formalizou o antigo e original Sistema Métrico Decimal, definindo não só as
unidades fundamentais ou básicas, mas também tudo o que se refere a elas e tudo o
que normaliza a denominada ciência da medição ou, simplesmente, Metrologia.

Criado em 20 de maio de 1875, pela convenção do Metro, o Bureau Internacional de


Pesos e Medidas (BIPM) é fiscalizado exclusivamente pelo Comitê Internacional de
Pesos e Medidas, sob a autoridade da CGPM.

O Comitê Internacional de Pesos tem por finalidade:

• estabelecer os padrões fundamentais e as escalas das principais grandezas físicas


e conservar os protótipos internacionais;

• efetuar a comparação dos padrões nacionais e internacionais;

• assegurar a coordenação das técnicas de medidas correspondentes;

• efetuar e coordenar as determinações relativas às constantes físicas que intervêm


naquelas atividades.

Em 1962, o Brasil adotou oficialmente o SI e a Resolução 12, de 1988, do Conselho


Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Conmetro), ratificou a
adoção do SI no país e tornou seu uso obrigatório em todo o território nacional.

Figura 2 - Adoção do uso obrigatório do SI em todo território nacional Brasileiro

Fonte: Plataforma Deduca (2020).

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2.1.2 O Metro
Atualmente, o Metro é definido pela 17ª CGPM como: “[...] o comprimento do trajeto
percorrido pela luz no vácuo durante um intervalo de tempo de 1/299 792 458 de
segundo” (CGPM, 1984). É a unidade básica de medida de comprimento no SI.

No Brasil, o órgão governamental normativo oficial responsável pela definição de


conceitos, definições e práticas relacionadas à Metrologia é o Instituto Nacional de
Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro) que define que:

A definição do metro, dada em 1889, baseada no protótipo internacional de


liga metálica de platina-irídio, foi substituída na 11a CGPM (1960) por outra
definição baseada no comprimento de onda de uma radiação do criptônio
86. Esta mudança teve a finalidade de aumentar a exatidão da realização da
definição do metro, realização esta conseguida com um interferômetro e um
microscópio deslizante para medir a diferença do caminho óptico à medida que
as franjas eram contadas. Por sua vez, esta definição foi substituída em 1983
pela 17a CGPM (1983, Resolução 1; CR 97 e Metrologia, 1984, 20, 25) pela
definição atual seguinte:

O metro é o comprimento do trajeto percorrido pela luz no vácuo durante um


intervalo de tempo de 1/299 792 458 de segundo.

Essa definição tem o efeito de fixar a velocidade da luz no vácuo em 299 792
458 metros por segundo exatamente, c = 299 792 458 m/s.

O protótipo internacional original do metro, que foi sancionado pela 1a CGPM


em 1889 (CR, 34-38), ainda é conservado no BIPM nas mesmas condições
que foram especificadas em 1889 (INMETRO, 2012).

De modo a complementar e necessário para fins de aplicação e uso prático,


o Inmetro (2012) define também os prefixos, símbolos e fatores de conversão
aplicáveis às unidades básicas de medida de grandezas físicas no SI, inclusive o
Metro (m), conforme apresentado na Tabela 1.

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Tabela 1: Prefixos do SI

Nome do Nome do
Fator Símbolo Fator Símbolo
Prefixo Prefixo
101 deca da 10-1 deci d

102 hecto h 10-2 centi c

103 kilo k 10-3 mili m

106 mega M 10-6 micro μ

109 giga G 10-9 nano n

1012 tera T 10-12 pico p

1015 peta P 10-15 femto f

1018 exa E 10-18 atto a

1021 zetta Z 10-21 zepto z

1024 yotta Y 10-24 yocto y


Fonte: Inmetro (2012)

Saiba mais
Para saber e conhecer mais sobre o Inmetro, leia o artigo: SILVA, D. A. V.
S.; FONSECA, M. V. de A. Monitoramento para avaliação do desempenho
regulatório do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia.
Scielo, 2015. Disponível em: https://doi.org/10.1590/0034-7612132083.
Acesso em: 10 mar. 2020.

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Fechamento
Como verificamos, a Metrologia, ainda que não com essa denominação, sempre foi
uma necessidade do homem. Fundamentado em conceitos e práticas rudimentares,
o Sistema Inglês forneceu bases para a Metrologia moderna, tendo sido substituído
pelo Sistema Métrico Decimal e, por último, pelo SI, atualmente adotado na maior
parte do mundo e vigente no Brasil. Conhecer e utilizar o SI é, portanto, fundamental
e obrigatório para o exercício de atividades técnicas profissionais.

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Palavras-chave
Metrologia; Sistema Inglês; Metro.

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Referências
CGPM. 17ª CGPM – Conferência Geral de Pesos e Medidas.1983, Resolução 1;
CR 97 e Metrologia, 1984.

FROTA, M. N.; FINKELSTEIN, L. Educação em Metrologia e Instrumentação:


Demanda Qualificada no Ensino das Engenharias. Revista de Ensino de
Engenharia, v. 25, n. 1, p. 4965, 2006.

INMETRO. Avaliação da Conformidade. Diretoria da Qualidade. 5. ed. Maio/2007.


Disponível em http://www.inmetro.gov.br/infotec/publicacoes/acpq.pdf. Acesso em: 15 maio
2012.

INMETRO. Sistema Internacional de Unidades. 8. ed. do BIPM. RJ, 2012.

MARQUES, F. Procuram-se Engenheiros. Grupo Calibração. Edição Impressa


149. Julho 2008. OIML-D014-e04 - Training and qualification of legal metrology
personnel. International Document - OIML. 2004. Disponível em: http://www.oiml.org/
publications/D/D014e04.pdf. Acesso em: 17 jun. 2009.

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