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As Hélices

da Inovação

Lançamento!!
Volta Redonda, 21 de Outubro de 2022
Prof. Marcelo Amaral, D.S.c.
mgamaral@gmail.com

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Sobre a obra
• 17 capítulos, 4 partes
• 37 autores de 22 instituições
• Aspectos Teóricos da 3H – Capítulos 1 a 4

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Sobre a obra

• Discute aspectos da relação entre a


abordagem da 3H e as temáticas da
inovação e do desenvolvimento
• Capítulos 10 e 11

• Experiências e casos aplicados, em


organizações, sistemas e ecossistemas
de inovação no Brasil
• Capítulo 12 a 17
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1. De volta ao básico: ideias originais de Etzkowitz e
Leydesdorff (1995-2002);

2. Próxima década (2003-2012): ligações, patentes,


tríades e hélices n-tupla;

3. Institucionalização do 3H e o surgimento de um
movimento acadêmico;

4. Avanços no modelo 3H e abordagens alternativas;

5. Aplicações de 3H;

6. Revisitando conceitos, construindo sínteses: uma


agenda para futuras pesquisas e aplicações.
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De volta ao básico
Idéias originais de Etzkowitz and
Leydesdorff (1995-2002)
Ideas originais de Etzkowitz and Leydesdorff (1995-2002).

• A primeira vez que o termo Triple Helix (3H) aparece na literatura com aplicação na área de gestão foi em
janeiro/1995 em um trabalho científico publicado no periódico da European Association for Study of
Science and Technology, chamado EASST Review.

ETZKOWITZ, H.; LEYDESDORFF, L. The Triple Helix - University-Industry-Government Relations: A


Laboratory for Knowledge Based Economic Development. EASST Review, v. 14, n. 1, p. 14-19, 1995.

• Este artigo apresentava a ideia de modelar os atores econômicos em três esferas superpostas, como um
diagrama de Venn, e discutir os efeitos das interações entre eles.

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Etzkowitz e Leydesdorff (2000).
Publications 1996-1997

Os artigos subsequentes mais relevantes, publicados em 1996 e 1997, foram:

1. “The Future Location of Research: A Triple Helix of University-Industry-Government”


(Leydesdorff & Etzkowitz, 1996a),
2. “Emergence of a Triple Helix of University—Industry—Government Relations
(Leydesdorff & Etzkowitz, 1996b)
Henry Etzkowitz 3. “The Triple Helix: Academic–Industry–Government Relations: Implications for The New
York Regional Innovation Environment” (Leydesdorff & Etzkowitz, 1996c),
4. “Introduction to Special Issue on Science Policy Dimensions of the Triple Helix of
University-Industry-Government Relations” (Etzkowitz & Leydesdorff, 1997).

Com “The Triple Helix: Academic–Industry–Government Relations: Implications for The


New York Regional Innovation Environment” (Etzkowitz, 1996a) e “From Knowledge Flows
to the Triple Helix: The Transformation of Academic–Industry Relations in the USA”
Loet Leydesdorff (Etzkowitz, 1996b) relacionados às conferencias e aos esforços de avançar e disseminar
suas ideias.

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Dinâmicas 3H

University / academy
Universidade (K
(K generators)
criador)
No processo de interação entre os atores ocorre(m)…
…transformações internas em cada esfera
… a influência de organizações de uma
esfera em organizações de outras esferas
… a criação de novas estruturas devido à Industria
(K usuário) Governo
superposição resultante da interação entre as hélices (regulador)
… um efeito recorrente entre os 3 níveis

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Conceito formal

• A 3H é uma analogia ou metáfora para se compreender a interação não linear entre atores das esferas
que geram conhecimento (universidade), que utilizam ou consomem conhecimento (empresa) e que
regulam e fomentam a atividade econômica (governo), visando a geração e transmissão de conhecimento
científico e tecnológico que irão permitir as empresas inovarem e a sociedade atingir o desenvolvimento
econômico e social (Amaral, Ferreira, Schocair, 2020).

• Etzkowitz e Leydesdorff (2000) e Leydesdorff (2003) apontam que essas interações não precisam ser
lineares, podendo ser múltiplas, configurando novos acordos mútuos entre as instituições.

• As configurações institucionais podem se organizar em subdinâmicas:


1) a dinâmica econômica de geração de riqueza advinda de troca;
2) a dinâmica baseada na reconstrução de conhecimento e inovação ao longo do tempo;
3) a necessidade política e gerencial que demanda um controle normativo nas interfaces (ETZKOWITZ,
2003);
4) a melhoria da função da universidade na transição da sociedade industrial para a sociedade baseada no
conhecimento (CAI; ETZKOWITZ, 2020).

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De uma ideia para um movimento

• O elemento chave para a rápida difusão do modelo foi a organização de eventos, as International Triple
Helix Conference, iniciados em 1996, com periodicidade bianual até 2009 e anual desde 2010.
• As THCs foram elementos centrais para agregar pesquisadores ao tema e criar uma rede de
relacionamentos e de pesquisa colaborativa formando um movimento internacional
Manchester, 2018

Glasgow, 2009 12
Vantagens da 3H

• Outro ponto importante para a rápida aceitação do modelo foi que ele parecia ser mais adequado para
explicar a rápida transformação da sociedade no fim do século XX.
• O processo de inovação, cada vez mais presente e acelerado, era resultado da transformação das
relações entre universidades, centros de pesquisa e empresas, apoiadas pelo governo.

• Etzkowitz descreve o processo como uma mudança da ciência sem fronteiras (science: the endless
frontier) de Vanevar Bush para uma "transição sem fim" (endless transition) (Etzkowtiz & Leydesdorff,
1998),

• Novas contribuições significativas aparecem em 1998 com os artigos “The Triple Helix as a Model for
Innovation Studies” (Leydesdorff & Etzkowitz, 1998) e “The Endless Transition: A "Triple Helix" of
University‑Industry‑Government Relations.” (Etzkowitz & Leydesdorff, 1998).
• Há o reforço dos conceitos centrais e da aplicabilidade para se compreender uma nova economia do
conhecimento que estava emergindo.
• E, principalmente, em atribuir à universidade o papel central no modelo.

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Antecedentes e fundamentos do modelo

• Para uma maior compreensão da abordagem de hélices, faz-se necessário entender as teorias e modelos
antecedentes à abordagem, assim com o seus fundamentos teóricos:

1) Abordagens teóricas prévias -> Hélice Dupla, Teoria Neo-Institucional e Análise de Redes Sociais.
2) Modelos antecedentes -> Sistema Nacional de Inovação e o Triângulo de Sábato.
3) Base teórica (CAI; ETZKOWITZ, 2020)
- o conceito de geometria social de interações triádicas de Simmel
+ o conceito de propriedades intermediárias de Tertius Gaudens (uma terceira parte se beneficia da
interação entre duas outras partes competindo entre si ou recebendo favor uma das outras)
+ a navalha de Occam (que diz que se não é absolutamente necessário introduzir complexidade ou
novos constructos em uma explicação, não se deve fazê-lo).

• Como uma construção teórica, o modelo também é apoiado pelo modelo 2 de produção de conhecimento -
> cujo foco é a produção de conhecimento em contextos de aplicação, e se baseia no modelo não-linear
de inovação (Gibbons, 1992).
• A 3H é a metáfora sociológica para o estudo da inovação e é desenvolvido na esteira da sociologia da
ciência de Merton, da teoria dos sistemas sociológicos de Parsons e Luhmann e dos estudos sociais da
ciência e tecnologia (Fe, 2009).
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Publicações 1999-2001

• Em 1999 e 2000 ocorreram publicações relevantes, que representam a maturidade da discussão da 3H e


uma síntese da produção dos anos anteriores, sendo os mais citados ao longo dos anos.

1. “The Future of the University and the University of the Future: Evolution of Ivory Tower to Entrepreneurial
Paradigm” (Etzkowitz at al., 2000)
2. “The Dynamics of Innovation: From National Systems and “Mode 2” to a Triple Helix of University–
Industry–Government Relations” (Etzkowitz & Leydesdorff, 2000).

• No ano de 2001 segue a produção em conjunto e com parceiros, aprofundando ideias lançadas entre 1998
e 2000.

1. “The Transformation Of University-Industry-Government Relations” (Leydesdorff & Etzkowitz, 2001)


2. “The Second Academic Revolution and the Rise of Entrepreneurial Science (Etzkowitz, 2001) e “
3. A Triple Helix of University-Industry-Government Relations: “Mode 2” and the Globalization of “National”
Systems of Innovation” (Leydesdorff & Etzkowitz, 2001),

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Publicações 2002-2003

• Em 2002, um livro coletânea é organizado sob o título “Universities and the global knowledge economy: A
Triple Helix of University-Industry-Government Relations”

• A última colaboração significativa entre eles se dá em 2003 com o artigo “Can ‘the public’ be considered as
a fourth helix in university-industry-government relations?” que é um relatório da quarta conferência da 3H,
realizada na Dinamarca e Suécia em 2002 (Leydesdorff & Etzkowitz, H., 2003).

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Próxima década (2003-2012)
Universidade empreendedora e o papel dos intermediários;
medindo ligações Universidade-Indústria-Governo,
patentes, tríades e hélices n-tupla
Próxima década (2003-2012)

• Depois de 2003, a 3H caminha em duas direções distintas e complementares e Henry e Loet só voltam a
escrever juntos em 2016.
• Neste período, Leydesdorff se volta para suas questões relacionadas aos sistemas complexos e
dinâmicos, discutindo com mensurar as relações entre os atores, além de trabalhos na área de
cientometria, patentometria, etc
• Trabalhos com pesquisadores como Martin Meyer, Mark Deakin e Inga Ivanova, entre muitos outros

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Próxima década (2003-2012)

• Etzkowitz, por outro lado, orientou suas pesquisas e


publicações para aspectos mais visíveis relacionados
com o empreendedorismo, políticas de ciência,
tecnologia e inovação (C&T&I) e ambientes de
inovação, como incubadoras e parques tecnológicos.
• Em suas longas parcerias com Marina Ranga,
James Dzisah e depois Chunyan Zhou, ele
desenvolveu discussões mais palatáveis para o
público da 3H.

• O livro lançado em 2008 (ETZKOWITZ, 2008),


relançado em versão revisada e expandida em 2017
(ETZKOWITZ; ZHOW, 2017) acaba sendo, para boa
parte dos novos pesquisadores, o caminho pelo qual
aprendem sobre 3H.

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A essência

• O modelo 3H se concentra na análise de relacionamentos mútuos e interações entre a tríade de atores


(Fé, 2009), esferas, hélices ou pás.

• A 3H é um modelo cujo arcabouço geral é a economia evolucionária e as abordagens institucionalistas da


teoria econômica, complementadas por uma perspectiva sociológica dos processos de inovação.
• É uma discussão que perpassa temas como empreendedorismo e inovação, políticas públicas,
estratégia empresarial,
• E que aborda essencialmente o desenvolvimento econômico e a prosperidade dos países.

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Modelo, teoria, metáfora ou abordagem??

• A 3H tem aspectos positivistas e keynesiana, pois advoga e prescreve a intervenção ativa do Estado (e
dos demais atores) e relação entre os atores para o desenvolvimento.
• O que não se pode dizer é que a 3H é normativa ou prescritiva, apesar de alguns autores advogarem que
sim (como Fé, 2009), pois não diz como fazer tais relações.
• Diversos autores tratam o modelo como a caixa de pandora das soluções para o desenvolvimento. E, por
isso, considero que chamar a 3H de modelo é incorreto, pois ela é aplicável enquanto ideia, mas não
como ferramenta gerencial ou receita para ser implantada.
• Trata-se de uma teoria sobre inovação, desenvolvimento econômico e prosperidade, mas que ainda pouco
contribui para tal.
• Se não tem um “modo de uso” não é um modelo. Se não é replicável não é uma teoria.
• Diversos autores tratam como uma abordagem ou metáfora.
• Existe um amplo espaço para o desenvolvimento de ferramentas aplicadas e práticas.

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De volta a essência: Ideias consolidadas

1- Setores econômicos modelados como esferas (ou hélices)


• A atratividade da 3H se deve em muito a forma elaborada, mas ao mesmo tempo simples com a qual ela é
representada e explicada, principalmente em meios não acadêmicos.

2- Combinação de abordagens (3H e micro e macro ao mesmo tempo.)


• Abordagem Neoinstitucional, onde atores e esferas ou hélices participam da iniciativa. É importante que
existam os atores e que eles interajam, mas isto não explica como de fato eles o fazem.
• Neoschumpeteriana ou evolucionista que é mais complexa, relacionada ao processo de criação,
codificação/decodificação, transmissão e uso do conhecimento, chamado pela literatura de transferência
de tecnologia.

3- Revoluções acadêmicas
• Os conceitos de 1º e 2º revolução acadêmica são a base do modelo.
• A ideia de revolução acadêmica é uma ideia bem-acabada, original, e com um viés sociológico no qual
analisa as trajetórias institucionais evolutivas, assim próxima e complementar às ideias de revoluções
científicas (Kuhn, 2012) e paradigmas técnico-econômicos (Perez, 2010).

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Ideias consolidadas

4- Ciência Empreendedora, Universidade Empreendedora, quasi-sociedades


• O conceito de 2º revolução acadêmica é chave para se chegar ao conceito de Universidade
Empreendedora (originalmente apresentado como Ciência Empreendedora - Etzkowitz, 1983, 1989, 2001).

• A literatura sobre o tema avança ao analisar as características destas organizações, assim como propor
formas de se fazer a transição entre um modelo de Universidade de ensino e pesquisa para um que tenha
impacto econômico no seu entorno e, por fim, como mensurar o nível de amadurecimento de tal
Universidade Empreendedora (Almeida, 2021; Etzkowitz, 1998, 2013, 2016; Etzkowitz et al., 2017).

• Discussões sobre o ethos acadêmico, os professores de prática (Etzkowitz & Dzisah, 2007), o cientista
empreendedor, a liderança acadêmica, a extensão da atividade empreendedora de cursos de ciência dura
para cursos de artes (Etzkowtiz, 2013), entre outros, são encontradas nos escritos de Etzkowitz &
Leydesdorff, predominantemente no primeiro.

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Ideias consolidadas

• A universidade empreendedora é o conceito que realmente agrega diferencial para a 3H enquanto teoria.
Um não vive sem o outro, pois este conceito permite romper com o modelo linear de inovação e com a
visão convencional dos sistemas de inovação que colocavam a universidade em uma posição menos
relevante na qual ela “apenas” forma a mão de obra e faz pesquisa básica (Etzkowitz, 2006).

5- Espaços híbridos e de consenso


• O conceito de espaço híbrido e de consenso, resultante da configuração III da 3H, é uma ideia
interessante, mas não chega a ser um elemento central da teoria.
• É uma abstração e que funciona como a visão do estágio perfeito e move os atores da 3H na sua direção (
Etzkowitz, Ranga & Dzisah, 2008), como se a força entre os atores das diferentes esferas levasse
naturalmente a este estado de “equilíbrio”, o que se sabe que não é verdade, apesar de desejável.
• Não existem estudos reais comparando, por exemplo, a configuração 3H1 com a 3H3.

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As lacunas

1- Não há “receita” para aplicar a 3H ou para transformar uma universidade em uma universidade
empreendedora.
• Montar governanças de projetos de desenvolvimento regional com atores das 3 esferas é muito pouco
para se ter de fato uma 3H.
• Como muitos praticantes dizem “é preciso fazer as hélices girarem”.
• Nesse sentido, é possível vislumbrar para a Triple Helix Association, como entidade líder do movimento,
um papel central nesse processo de decodificar a teoria em ferramentas práticas.

2- Não há ferramentas e técnicas para administrar todas as relações da 3H.


• Falta estudos sobre como os atores das esferas UIG podem organizar seus processos interativos.
• As ideias das configurações 3H1, 3H2 e 3H3 (Leydesdorff & Etzkowitz, 1996) são superficiais e não foram
aprofundadas nos últimos 25 anos.
• São exercícios de abstração, e questões de como as interações 3H1 e 3H2 são geridas para se atingir o
nível 3H3 não são tratadas na literatura de Etzkowitz & Leydesdorff e nem dos seus seguidores.
• A 3H não é um modelo gerencial, pois não é aplicável e replicável. Até o momento, a 3H serve como
inspiração para os atores e políticas, além de ser uma ferramenta analítica ex-post para estudos de caso
(Amaral et al, 2020).
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As lacunas

3- Não há meio de se medir todas as relações da 3H.


• Leydesdorff mede as interações entre os atores usando conceitos da biologia e da química (entropia,
redundância e sinergia), os quais aplica utilizando-se informações de patentes e outras de input e output
de C&T&I (Leydesdorff, 2008; Ivanova at al., 2016).
• Há também o uso de análise de redes sociais e técnicas de análise patentométrica.
• Os indicadores tradicionais de pesquisa e desenvolvimento só capturam parte das relações,
principalmente porque tratam com a parte formal e tangível do processo de inovação (Oliveira & Amaral,
2000).

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Tópicos para se explorar: Novos campos de desenvolvimento

1. Tranferência de tecnologia e mecanismos e ambientes de inovação


• A partir da Universidade Empreendedora, a 3H trata também dos processos de transferência de tecnologia
(Etzkowitz, 2007; Etzkowitz & Goktepe, 2010), incubação e dos parques tecnológicos como mecanismos
dessa atitude empreendedora com a função de transbordar os conhecimentos gerados na academia para
o setor produtivo de bens e serviços (Etzkowitz & Zhou, 2018; Etzkowitz, 2011; Etzkowitz et al., 2009).
• Existe uma avenida para se explorar a gestão e governança desses mecanismos.

2. O papel dos intermediários


• Para fortalecer a dinâmica de interações entre os atores da 3H, alguns autores abordam a importância de
instituições intermediárias entre as hélices.
• Elas aproximam os parceiros, proporcionando projetos de P&D colaborativos (Johnson, 2008)
• São institutos tecnológicos, ONGs, associações, organizações de apoio e outras agências que podem
interligar relações colaborativas, facilitando o processo de comercialização de tecnologia (Lindberg;
Lindgren; Packendorff, 2014).

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Novos campos de desenvolvimento

2- Papel do governo
• Uma das contribuições que a fazem avançar é que a 3H apresenta um novo olhar o papel do governo, não
somente como regulador, mas também como agente ativo.
• A discussão de capital de risco público (public venture capital) e da relevância do papel do estado,
alinhados com uma discussão keynesyana, aparece em Etzkowitz & Gulbrandsen (1999) e é reforçada em
outros trabalhos mais recentes de outros autores.

3- Governança de cidades inteligentes e iniciativas de desenvolvimento regional


• A partir da visão da universidade e do governo no desenvolvimento econômico, a 3H trata do
desenvolvimento de regiões e de cidades (Etzkowitz, 2005; Etzkowitz & Klofsten, 2005), inclusive de
cidades inteligentes (Leydesdorff & Deakin, 2011), mas também não trata da gestão e governança destes
ambientes. Essa inclusive é uma lacuna bastante comum na literatura sobre desenvolvimento regional.
• Pistas: A literatura sobre distritos industriais marshalianos (Markusen, 1995) ou sobre cadeias globais de
valor (Gereffi, 2018) ou ainda sobre cadeias globais de inovação (Engel, 2014) nos dão alguns caminhos
sobre como se dá a governança dessas redes produtivas, em geral liderada por uma organização que
reúne o conteúdo de conhecimento e inova.

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Novos campos de desenvolvimento

4- O administrador acadêmico
• O grupo de pesquisas funciona como uma empresa de consultoria especialista em projetos ágeis, cujo
produto são os artigos científicos (papers), modelos e tecnologias, em similaridade com o descrito por
Etzkowitz quando nomeia esses grupos de quase-empresas (Etzkowitz, 2003a). Assim, artigos científicos
ou não, aulas e palestras, consultoria e serviços, patentes e empresas são possíveis produtos da atividade
acadêmica.
• Liberdade acadêmica do cientista X necessidades econômicas e sociais reais do cotidiano das pessoas e
organizações (Irzik, 2013).

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Ideias inacabadas ou em aberto

• Ideias periféricas como a circulação de pessoas, como um elemento dinamizador das hélices (Dzisah &
Etkowitz, 2008); a transformação de esferas em espaços (Etzkowitz & Ranga, 2010); e outras, podem ser
mais exploradas e trazerem contribuições significativas na construção de um modelo ou teoria

• Mais recentemente têm se notado esforços em se aproximar de temas como a inovação aberta
(Leydesdorff & Ivanova, 2016) e sustentabilidade (Cai & Etzkowitz, 2020).
• Tanto a proposta de uma 3H para a sustentabilidade quanto a proposta da Quintuple Helix (Carayannis,
Barth e Campbell, 2012) têm boas intenções e preocupações com o rumo da humanidade e devem ser
mais exploradas, como uma nova fronteira para os estudos das interações entre atores de diferentes
hélices.

• Cai & Etzkowitz (2020) identificam uma série de temas que afetam como a 3H ocorre, como a indústria
4.0, a dimensão global (globalização), a criação da confiança entre os atores (que as vezes é mais
importante que o conhecimento tácito em si), e a conexão entre os níveis micro e macro.
• Tais influências sobre o modelo podem e precisam serem estudadas,

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Mais hélices?? X Evolução do modelo

• Desde que o modelo começou a ser difundido houve tentativas de inclusão de novos atores e hélices no
modelo original.
• Etzkowitz e Leyderdorff inicialmente foram reticentes em aceitar tais intervenções, mas depois entenderam
que o modelo era vivo e que estava fora do controle deles dizer quem podia ou não incluir mais hélices.
• Desde então, eles vêm dialogando com essas novas versões, entendendo também que a ciência é um
processo aberto construído com base em interação e iteração.
• Entretanto, a posição é bastante clara no sentido que a tríade de atores e esferas é suficiente para
explicar o que acontece do ponto de vista de geração e uso de conhecimento (LEYDESDORFF, 2020).

• Umas das primeiras evoluções identificadas é o chamado modelo neocorporatista proposto por Viale e
Campodall’Orto (2002) para analisar o desenvolvimento regional da comunidade europeia.
• O argumento central era que em termos de pesquisa a Europa e os EUA não eram muito diferentes,
mas que na transferência de tecnologia, a Europa era muito menos atuante e que o estado precisava
entrar em cena mais fortemente por meio de políticas públicas regionais.
• Não era propriamente um modelo, mas uma aplicação da 3H à realidade europeia e os autores não
fizeram maiores desenvolvimentos posteriores.

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A quarta hélice, hélice gêmeas

• As 3 esferas não “giram” soltas no espaço, elas estão ancoradas no contexto histórico da sociedade da
qual aquelas instituições fazem parte.
• Etzkowitz & Leydesdorff exploram o assunto em artigo de 2003 (Leydesdorff & Etzkowitz, 2003), antes dos
trabalhos de Carayannis e Campbell (2009), e chamam de público, termo escolhido que talvez não tenha
ajudado a compreensão da ideia.

• Segundo Etzkowitz e Zhou (2006), vários candidatos estavam sendo sugeridos, como o trabalho, o capital
empreendedor, o setor informal e a sociedade civil.
• Entretanto, a introdução de uma 4 hélice afetaria a dinâmica criativa do modelo baseado em uma tríade.
• Etzkowitz e Zhou (2006) propõem uma segunda 3H, chamada de sustentável, baseada nas relações entre
a universidade, o público e o governo (UPG) como um espelhamento e complemento do modelo original,
chamado aqui de 3H da inovação. Essas duas tríades ganha o nome de Triple Helix gêmeas.

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Hélice quádrupla e quíntupla

• Em 2009 e 2019 surgem contribuições relevantes de modelos com 4 e 5 Hélices


• O modelo mais aceito da hélice quádrupla (4H) foi proposto por Carayannis e Campbell (2009), que
entende a sociedade como integrada pelos atores da chamada sociedade civil organizada, além de
influenciada por elementos como a mídia e a cultura.
• Em seguida, estes autores sentem a necessidade de incluir a sustentabilidade ou o sistema natural como
uma nova hélice.
• Assim, emerge a Quintuple Helix (5H) como um modelo baseado na 4H, incorporando o tema meio
ambiente ao considerar a crescente preocupação com o aquecimento global e questões sustentáveis
(CARAYANNIS; CAMPBELL, 2011; CARAYANNIS; CHEREPOVITSYN; ILINOVA, 2017).

33
nHelix

LEYDESDORFF, L. The Triple Helix, Quadruple Helix, …, and an N-Tuple of Helices: Explanatory Models for
Analyzing the Knowledge-Based Economy?. Journal of Knowledge Econonomy, v. 3, p. 25–35, 2012.
https://doi.org/10.1007/s13132-011-0049-4

• É possível modelar os atores da sociedade em quantas hélices se desejar (Leydesdorff, 2012, 2021).
• A relação entre os atores das diferentes esferas está relacionada aos processos de criação, apropriação e
uso de conhecimento científico e tecnológico.
• Esses fluxos de informação e estoques de conhecimento são o que habilitam as capacidades das
organizações do setor produtivo, vulgo empresa, em inovar.
• E a inovação é o que habilita a capacidade de competir das organizações modernas.

• Leydesforff alerta que há uma boa capacidade do ponto de vista matemático em se analisar e
compreender tais interações em um espaço com até três dimensões, mais do que isso o processo fica
muito complexo e não está claro se o resultado a ser obtido justifica esse aumento da complexidade
(Leydesdorff, 2021).
• Em suma, não faz sentido incluir mais atores e esferas, se a contribuição destes não for significativamente
relevante (quanto a geração e uso do conhecimento).
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Agenda de pesquisa futura

Duas direções complementares:


1) Avanços em direção a uma teoria
• Ideias inacabadas: circulação de pessoas, esferas em espaços, confiança, macro x micronível
• Conexão com outras ideias: Inovação aberta, sustentabilidade, indústria 4.0/globalização
2) Estudos comparativos entre países

Lacunas a serem preenchidas:


1) Não há “receita” para aplicar a 3H ou para transformar uma Universidade em uma Universidade
Empreendedora
2) Não há ferramentas ou técnicas para administrar todas as relações da 3H
3) Como medir todas as relações da 3H
 
Novos campos de desenvolvimento: 
1) Transferência de tecnologia e mecanismos de inovação e Ambientes/Ecossistemas
2) O papel de Intermediários
3) Papel do Governo
4) Governança de cidades inteligentes e iniciativas de desenvolvimento regional
5) O administrador acadêmico
60
Livros

61
Obrigado!!
Thank you!!

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