Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
da Inovação
Lançamento!!
Volta Redonda, 21 de Outubro de 2022
Prof. Marcelo Amaral, D.S.c.
mgamaral@gmail.com
2
Sobre a obra
• 17 capítulos, 4 partes
• 37 autores de 22 instituições
• Aspectos Teóricos da 3H – Capítulos 1 a 4
3
Sobre a obra
3. Institucionalização do 3H e o surgimento de um
movimento acadêmico;
5. Aplicações de 3H;
• A primeira vez que o termo Triple Helix (3H) aparece na literatura com aplicação na área de gestão foi em
janeiro/1995 em um trabalho científico publicado no periódico da European Association for Study of
Science and Technology, chamado EASST Review.
• Este artigo apresentava a ideia de modelar os atores econômicos em três esferas superpostas, como um
diagrama de Venn, e discutir os efeitos das interações entre eles.
7
Etzkowitz e Leydesdorff (2000).
Publications 1996-1997
8
Dinâmicas 3H
University / academy
Universidade (K
(K generators)
criador)
No processo de interação entre os atores ocorre(m)…
…transformações internas em cada esfera
… a influência de organizações de uma
esfera em organizações de outras esferas
… a criação de novas estruturas devido à Industria
(K usuário) Governo
superposição resultante da interação entre as hélices (regulador)
… um efeito recorrente entre os 3 níveis
9
Conceito formal
• A 3H é uma analogia ou metáfora para se compreender a interação não linear entre atores das esferas
que geram conhecimento (universidade), que utilizam ou consomem conhecimento (empresa) e que
regulam e fomentam a atividade econômica (governo), visando a geração e transmissão de conhecimento
científico e tecnológico que irão permitir as empresas inovarem e a sociedade atingir o desenvolvimento
econômico e social (Amaral, Ferreira, Schocair, 2020).
• Etzkowitz e Leydesdorff (2000) e Leydesdorff (2003) apontam que essas interações não precisam ser
lineares, podendo ser múltiplas, configurando novos acordos mútuos entre as instituições.
10
De uma ideia para um movimento
• O elemento chave para a rápida difusão do modelo foi a organização de eventos, as International Triple
Helix Conference, iniciados em 1996, com periodicidade bianual até 2009 e anual desde 2010.
• As THCs foram elementos centrais para agregar pesquisadores ao tema e criar uma rede de
relacionamentos e de pesquisa colaborativa formando um movimento internacional
Manchester, 2018
Glasgow, 2009 12
Vantagens da 3H
• Outro ponto importante para a rápida aceitação do modelo foi que ele parecia ser mais adequado para
explicar a rápida transformação da sociedade no fim do século XX.
• O processo de inovação, cada vez mais presente e acelerado, era resultado da transformação das
relações entre universidades, centros de pesquisa e empresas, apoiadas pelo governo.
• Etzkowitz descreve o processo como uma mudança da ciência sem fronteiras (science: the endless
frontier) de Vanevar Bush para uma "transição sem fim" (endless transition) (Etzkowtiz & Leydesdorff,
1998),
• Novas contribuições significativas aparecem em 1998 com os artigos “The Triple Helix as a Model for
Innovation Studies” (Leydesdorff & Etzkowitz, 1998) e “The Endless Transition: A "Triple Helix" of
University‑Industry‑Government Relations.” (Etzkowitz & Leydesdorff, 1998).
• Há o reforço dos conceitos centrais e da aplicabilidade para se compreender uma nova economia do
conhecimento que estava emergindo.
• E, principalmente, em atribuir à universidade o papel central no modelo.
13
Antecedentes e fundamentos do modelo
• Para uma maior compreensão da abordagem de hélices, faz-se necessário entender as teorias e modelos
antecedentes à abordagem, assim com o seus fundamentos teóricos:
1) Abordagens teóricas prévias -> Hélice Dupla, Teoria Neo-Institucional e Análise de Redes Sociais.
2) Modelos antecedentes -> Sistema Nacional de Inovação e o Triângulo de Sábato.
3) Base teórica (CAI; ETZKOWITZ, 2020)
- o conceito de geometria social de interações triádicas de Simmel
+ o conceito de propriedades intermediárias de Tertius Gaudens (uma terceira parte se beneficia da
interação entre duas outras partes competindo entre si ou recebendo favor uma das outras)
+ a navalha de Occam (que diz que se não é absolutamente necessário introduzir complexidade ou
novos constructos em uma explicação, não se deve fazê-lo).
• Como uma construção teórica, o modelo também é apoiado pelo modelo 2 de produção de conhecimento -
> cujo foco é a produção de conhecimento em contextos de aplicação, e se baseia no modelo não-linear
de inovação (Gibbons, 1992).
• A 3H é a metáfora sociológica para o estudo da inovação e é desenvolvido na esteira da sociologia da
ciência de Merton, da teoria dos sistemas sociológicos de Parsons e Luhmann e dos estudos sociais da
ciência e tecnologia (Fe, 2009).
14
Publicações 1999-2001
1. “The Future of the University and the University of the Future: Evolution of Ivory Tower to Entrepreneurial
Paradigm” (Etzkowitz at al., 2000)
2. “The Dynamics of Innovation: From National Systems and “Mode 2” to a Triple Helix of University–
Industry–Government Relations” (Etzkowitz & Leydesdorff, 2000).
• No ano de 2001 segue a produção em conjunto e com parceiros, aprofundando ideias lançadas entre 1998
e 2000.
15
Publicações 2002-2003
• Em 2002, um livro coletânea é organizado sob o título “Universities and the global knowledge economy: A
Triple Helix of University-Industry-Government Relations”
• A última colaboração significativa entre eles se dá em 2003 com o artigo “Can ‘the public’ be considered as
a fourth helix in university-industry-government relations?” que é um relatório da quarta conferência da 3H,
realizada na Dinamarca e Suécia em 2002 (Leydesdorff & Etzkowitz, H., 2003).
16
Próxima década (2003-2012)
Universidade empreendedora e o papel dos intermediários;
medindo ligações Universidade-Indústria-Governo,
patentes, tríades e hélices n-tupla
Próxima década (2003-2012)
• Depois de 2003, a 3H caminha em duas direções distintas e complementares e Henry e Loet só voltam a
escrever juntos em 2016.
• Neste período, Leydesdorff se volta para suas questões relacionadas aos sistemas complexos e
dinâmicos, discutindo com mensurar as relações entre os atores, além de trabalhos na área de
cientometria, patentometria, etc
• Trabalhos com pesquisadores como Martin Meyer, Mark Deakin e Inga Ivanova, entre muitos outros
18
Próxima década (2003-2012)
19
A essência
20
Modelo, teoria, metáfora ou abordagem??
• A 3H tem aspectos positivistas e keynesiana, pois advoga e prescreve a intervenção ativa do Estado (e
dos demais atores) e relação entre os atores para o desenvolvimento.
• O que não se pode dizer é que a 3H é normativa ou prescritiva, apesar de alguns autores advogarem que
sim (como Fé, 2009), pois não diz como fazer tais relações.
• Diversos autores tratam o modelo como a caixa de pandora das soluções para o desenvolvimento. E, por
isso, considero que chamar a 3H de modelo é incorreto, pois ela é aplicável enquanto ideia, mas não
como ferramenta gerencial ou receita para ser implantada.
• Trata-se de uma teoria sobre inovação, desenvolvimento econômico e prosperidade, mas que ainda pouco
contribui para tal.
• Se não tem um “modo de uso” não é um modelo. Se não é replicável não é uma teoria.
• Diversos autores tratam como uma abordagem ou metáfora.
• Existe um amplo espaço para o desenvolvimento de ferramentas aplicadas e práticas.
21
De volta a essência: Ideias consolidadas
3- Revoluções acadêmicas
• Os conceitos de 1º e 2º revolução acadêmica são a base do modelo.
• A ideia de revolução acadêmica é uma ideia bem-acabada, original, e com um viés sociológico no qual
analisa as trajetórias institucionais evolutivas, assim próxima e complementar às ideias de revoluções
científicas (Kuhn, 2012) e paradigmas técnico-econômicos (Perez, 2010).
22
Ideias consolidadas
• A literatura sobre o tema avança ao analisar as características destas organizações, assim como propor
formas de se fazer a transição entre um modelo de Universidade de ensino e pesquisa para um que tenha
impacto econômico no seu entorno e, por fim, como mensurar o nível de amadurecimento de tal
Universidade Empreendedora (Almeida, 2021; Etzkowitz, 1998, 2013, 2016; Etzkowitz et al., 2017).
• Discussões sobre o ethos acadêmico, os professores de prática (Etzkowitz & Dzisah, 2007), o cientista
empreendedor, a liderança acadêmica, a extensão da atividade empreendedora de cursos de ciência dura
para cursos de artes (Etzkowtiz, 2013), entre outros, são encontradas nos escritos de Etzkowitz &
Leydesdorff, predominantemente no primeiro.
23
Ideias consolidadas
• A universidade empreendedora é o conceito que realmente agrega diferencial para a 3H enquanto teoria.
Um não vive sem o outro, pois este conceito permite romper com o modelo linear de inovação e com a
visão convencional dos sistemas de inovação que colocavam a universidade em uma posição menos
relevante na qual ela “apenas” forma a mão de obra e faz pesquisa básica (Etzkowitz, 2006).
24
As lacunas
1- Não há “receita” para aplicar a 3H ou para transformar uma universidade em uma universidade
empreendedora.
• Montar governanças de projetos de desenvolvimento regional com atores das 3 esferas é muito pouco
para se ter de fato uma 3H.
• Como muitos praticantes dizem “é preciso fazer as hélices girarem”.
• Nesse sentido, é possível vislumbrar para a Triple Helix Association, como entidade líder do movimento,
um papel central nesse processo de decodificar a teoria em ferramentas práticas.
26
Tópicos para se explorar: Novos campos de desenvolvimento
27
Novos campos de desenvolvimento
2- Papel do governo
• Uma das contribuições que a fazem avançar é que a 3H apresenta um novo olhar o papel do governo, não
somente como regulador, mas também como agente ativo.
• A discussão de capital de risco público (public venture capital) e da relevância do papel do estado,
alinhados com uma discussão keynesyana, aparece em Etzkowitz & Gulbrandsen (1999) e é reforçada em
outros trabalhos mais recentes de outros autores.
28
Novos campos de desenvolvimento
4- O administrador acadêmico
• O grupo de pesquisas funciona como uma empresa de consultoria especialista em projetos ágeis, cujo
produto são os artigos científicos (papers), modelos e tecnologias, em similaridade com o descrito por
Etzkowitz quando nomeia esses grupos de quase-empresas (Etzkowitz, 2003a). Assim, artigos científicos
ou não, aulas e palestras, consultoria e serviços, patentes e empresas são possíveis produtos da atividade
acadêmica.
• Liberdade acadêmica do cientista X necessidades econômicas e sociais reais do cotidiano das pessoas e
organizações (Irzik, 2013).
29
Ideias inacabadas ou em aberto
• Ideias periféricas como a circulação de pessoas, como um elemento dinamizador das hélices (Dzisah &
Etkowitz, 2008); a transformação de esferas em espaços (Etzkowitz & Ranga, 2010); e outras, podem ser
mais exploradas e trazerem contribuições significativas na construção de um modelo ou teoria
• Mais recentemente têm se notado esforços em se aproximar de temas como a inovação aberta
(Leydesdorff & Ivanova, 2016) e sustentabilidade (Cai & Etzkowitz, 2020).
• Tanto a proposta de uma 3H para a sustentabilidade quanto a proposta da Quintuple Helix (Carayannis,
Barth e Campbell, 2012) têm boas intenções e preocupações com o rumo da humanidade e devem ser
mais exploradas, como uma nova fronteira para os estudos das interações entre atores de diferentes
hélices.
• Cai & Etzkowitz (2020) identificam uma série de temas que afetam como a 3H ocorre, como a indústria
4.0, a dimensão global (globalização), a criação da confiança entre os atores (que as vezes é mais
importante que o conhecimento tácito em si), e a conexão entre os níveis micro e macro.
• Tais influências sobre o modelo podem e precisam serem estudadas,
30
Mais hélices?? X Evolução do modelo
• Desde que o modelo começou a ser difundido houve tentativas de inclusão de novos atores e hélices no
modelo original.
• Etzkowitz e Leyderdorff inicialmente foram reticentes em aceitar tais intervenções, mas depois entenderam
que o modelo era vivo e que estava fora do controle deles dizer quem podia ou não incluir mais hélices.
• Desde então, eles vêm dialogando com essas novas versões, entendendo também que a ciência é um
processo aberto construído com base em interação e iteração.
• Entretanto, a posição é bastante clara no sentido que a tríade de atores e esferas é suficiente para
explicar o que acontece do ponto de vista de geração e uso de conhecimento (LEYDESDORFF, 2020).
• Umas das primeiras evoluções identificadas é o chamado modelo neocorporatista proposto por Viale e
Campodall’Orto (2002) para analisar o desenvolvimento regional da comunidade europeia.
• O argumento central era que em termos de pesquisa a Europa e os EUA não eram muito diferentes,
mas que na transferência de tecnologia, a Europa era muito menos atuante e que o estado precisava
entrar em cena mais fortemente por meio de políticas públicas regionais.
• Não era propriamente um modelo, mas uma aplicação da 3H à realidade europeia e os autores não
fizeram maiores desenvolvimentos posteriores.
31
A quarta hélice, hélice gêmeas
• As 3 esferas não “giram” soltas no espaço, elas estão ancoradas no contexto histórico da sociedade da
qual aquelas instituições fazem parte.
• Etzkowitz & Leydesdorff exploram o assunto em artigo de 2003 (Leydesdorff & Etzkowitz, 2003), antes dos
trabalhos de Carayannis e Campbell (2009), e chamam de público, termo escolhido que talvez não tenha
ajudado a compreensão da ideia.
• Segundo Etzkowitz e Zhou (2006), vários candidatos estavam sendo sugeridos, como o trabalho, o capital
empreendedor, o setor informal e a sociedade civil.
• Entretanto, a introdução de uma 4 hélice afetaria a dinâmica criativa do modelo baseado em uma tríade.
• Etzkowitz e Zhou (2006) propõem uma segunda 3H, chamada de sustentável, baseada nas relações entre
a universidade, o público e o governo (UPG) como um espelhamento e complemento do modelo original,
chamado aqui de 3H da inovação. Essas duas tríades ganha o nome de Triple Helix gêmeas.
32
Hélice quádrupla e quíntupla
33
nHelix
LEYDESDORFF, L. The Triple Helix, Quadruple Helix, …, and an N-Tuple of Helices: Explanatory Models for
Analyzing the Knowledge-Based Economy?. Journal of Knowledge Econonomy, v. 3, p. 25–35, 2012.
https://doi.org/10.1007/s13132-011-0049-4
• É possível modelar os atores da sociedade em quantas hélices se desejar (Leydesdorff, 2012, 2021).
• A relação entre os atores das diferentes esferas está relacionada aos processos de criação, apropriação e
uso de conhecimento científico e tecnológico.
• Esses fluxos de informação e estoques de conhecimento são o que habilitam as capacidades das
organizações do setor produtivo, vulgo empresa, em inovar.
• E a inovação é o que habilita a capacidade de competir das organizações modernas.
• Leydesforff alerta que há uma boa capacidade do ponto de vista matemático em se analisar e
compreender tais interações em um espaço com até três dimensões, mais do que isso o processo fica
muito complexo e não está claro se o resultado a ser obtido justifica esse aumento da complexidade
(Leydesdorff, 2021).
• Em suma, não faz sentido incluir mais atores e esferas, se a contribuição destes não for significativamente
relevante (quanto a geração e uso do conhecimento).
34
Agenda de pesquisa futura
61
Obrigado!!
Thank you!!