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18 de setembro de 2023 19:54

Todos nós, como seres humanos, sentimentos necessidades. Estas necessidades podem ser
muito variadas , desde as essenciais à sobrevivência às mais dispensáveis e passageiras, tais
como aspirações e desejos. De uma forma geral, podemos dizer que as nossas necessidades são
ilimitadas, no entanto, os recursos (bens e serviços) que utilizamos para as saciar são, por sua
vez, limitados e escassos.
Esta dicotomia leva à necessidade de fazer escolhas, face às diferentes opções que temos ao
nosso dispor. Este é o objeto principal da Economia. Nas palavras de Robbins: "a Economia é a
ciência que estuda as opções face à raridade dos bens.".
As necessidades de cada pessoa são ilimitadas, muitas vezes satisfeitas recorrentemente,
relativas, dependem de pessoa para pessoa, e de carácter variável, podem mudar com o passar
do tempo e o evoluir da tecnologia. A sobreprodução não significa que exista uma diminuição
das necessidades, ou seja, que estas tenham sido saciadas, mas sim que há um desequilíbrio no
mercado, ou seja, entre a procura e a oferta.
As escolhas e os bens são limitados, principalmente os bens económicos (diferentes dos bens
livres, que existem em tais condições que se podem obter sem grande esforço).
O início da teorização daquilo que é a Economia e da sua designação enquanto ciência dá-se
no séc. XVIII, com a publicação de "A riqueza das nações", de Adam Smith, em 1776. Smith
apresenta a ideia de que todos nós queremos obter o máximo benefício possível com o mínimo
de esforço/custo associado. Esta vontade de maximização das vantagens individuais seria o que
motiva as nossas ações. Mesmo que todos façamos escolhas diferentes, todos chegamos à
nossa decisão através desta vontade, ou seja, não é a escolha que deve ser tida em conta, mas
sim a forma como esta é feita e, embora as escolhas sejam todas diferentes, o seu aspeto em
comum é o facto de visarem a maximização das vantagens individuais, tendo em conta os
conceitos de rendimento, utilidade e desutilidade.
Podemos determinar a vontade de maximização das vantagens individuais como
"comportamentos racionais", ou seja, todas as escolhas são racionais e elas são-no na medida
em que procuraram maximizar os benefícios e reduzir os custos. De acordo com Smith, “Aos
defeitos individuais correspondem virtudes públicas”, ou seja, cada um age egoisticamente, no
sentido de satisfazer o interesse próprio, mas isso acaba por melhorar geralmente a sociedade
(cada um, querendo o melhor para si mesmo, produz o melhor para si e,consequentemente,
para todos, logo, é um bem geral). Este egoísmo individual, condizente com a lei do menor
esforço, traduz-se, em escala, em benefício público. Isto acontece pois as nossas ações, como
agente racionais, permitem uma auto-organização dos mercados de forma a atingir um
equilíbrio. O egoísmo individual transforma-se em virtudes públicas visto que contribui para o
funcionamento do mercado e para a riqueza da sociedade. Através da nossa conduta estamos a
contribuir para o equilíbrio da sociedade pelo que há uma ordem natural e imanente e a
sociedade equilibra-se por si. Pode-se concluir que o Homem procura obter o máximo de
satisfação e com isso está a contribuir para o bem comum e que a racionalidade conduz os
mercados ao equilíbrio, que se alcança naturalmente pela interação dos mercados.
Segundo esta conceção, é possível afirmar que qualquer intervenção exterior, como a do
Estado, na Economia deve ser cautelosa, limitada e mínima, pois interfere no equilíbrio da
ordem natural que decorre dos incentivos individuais dos agentes económicos, ou seja, no
equilíbrio natural da sociedade. Esta ideia, de Smith, informa a ideologia do Liberalismo
Económico e Político: a sociedade autorregula-se, ou seja, as pessoas organizam o mercado por
si mesmas, logo, não é necessária a intervenção do Estado. A ordem espontânea para que os
mercados tendem é imanente, deriva da racionalidade de cada individuo, e não transcendente,
no sentido de esta ordem provir de um ser superior.
Apesar de Smith ser identificado como o pai da Economia, outros autores e pensadores
contribuíram, desde então, para a disciplina. Podemos dizer que Smith e outros autores foram,
inicialmente, os autores clássicos. Sendo seguidos pelos autores neoclássicos. Havendo
eventualmente uma divergência de perspetivas, entre a neoclássica e a neoinstitucional.
A perspetiva neoclássica, representada por Robbins, muito associada à matemática, é uma

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A perspetiva neoclássica, representada por Robbins, muito associada à matemática, é uma
perspetiva de metedologia dedutiva, que parte do geral para o particular. Nela criam-se
modelos abstratos e subsequentemente tenta-se aplicar estes modelos ao mundo real.
A perspetiva neoinstitucional, por sua vez, emprega uma metodologia indutiva, que parte da
análise do concreto para o abstrato/geral, ou seja, para a formação de princípios gerais. Assim
analisa como a realidade (as instituições) condicionam o comportamento dos agentes
económicos.
Podemos afirmar que associado à perspetiva neoclássica existe o conceito de racionalidade
perfeita e associado à perspetiva neoinstitucional existe o conceito de racionalidade limitada.

A racionalidade plena/perfeita é característica/pressuposto comportamental assumido pelos


economistas da escola clássica e neoclássica que admite que os seres humanos nas escolhas
económicas são homens económicos, ou seja, que o Homem tem informação completa e plena,
o que se revela um ideal abstrato.
De facto, a racionalidade perfeita parte do pressuposto de que o Homem possui toda a
informação mas isso não ocorre. De facto, para este ideal ser aplicável, teria de se verificar que,
quando alguém quisesse fazer uma determinada compra, por exemplo uma caneta, tivesse de
saber os preços da respetiva caneta em todas as papelarias, algo que não ocorre. Percebe-se,
portanto, que o Homem revela limitações relativamente a um comportamento quase perfeito e,
nesse sentido, Herbert Simon introduz, em 1957, a ideia de racionalidade limitada que afirma
que a escolha económica é feita num contexto de ignorância económica. No entanto, embora
limitada, a escolha não deixa de ser racional visto que acarreta custos e benefícios. A nossa
informação é limitada visto que obter a mesma também acarreta custos visto que, recuperando
o exemplo da compra da caneta, para saber os preços em todas as papelarias teria de gastar
dinheiro e, sobretudo, tempo. Tempo este que não estou a canalizar para outras atividades mais
valiosas.
O conceito de Racionalidade Limitada decorre da forma como a nossa informação é limitada
porque a nossa própria capacidade informacional é limitada.
No âmbito do conceito de "custos" encontramos dois tipos: os custos explícitos ou monetários
e os custos implícitos ou de oportunidade.
Os custos explícitos consistem nos custos direitos e contabilizáveis. Entende-se como exemplo,
a busca e compra de um computador, procurando em várias lojas de tecnologia e comparando
os seus preços e qualidade de forma a conseguir o melhor computador ao preço mais barato,
além dos custos de transporte, por exemplo, que essa pesquisa acarreta. Por sua vez, os custos
implícitos consistem no valor de benefício perdido / que se deixa de obter associado à segunda
melhor alternativa. Os custos de uma atividade consistem na soma entre os custos explícitos e
os custos implícitos.
Por exemplo, supondo que eu quero comprar um carro e, nesse sentido, dirijo-me a um stand,
faltando ao trabalho. Ao não comparecer ao trabalho, vou ser descontada no meu vencimento.
Existe, portanto, uma comparação entre aquilo que fiz e o que poderia ter feito. Racionamos
sempre à margem, não segundo tudo o que poderíamos estar a fazer. Os custos implícitos são,
portanto, o valor daquilo que deixamos de fazer e, nesse sentido, escolhemos a opção que tiver
mais valor para nós.
Por outro lado, tendo como exemplo a minha presença na faculdade. Em termos de custos
explícitos podemos colocar o preço do passe e da propina e, em termos de custos implícitos, o
facto de não estar em casa a fazer algo de lazer, por exemplo. Em termos de benefícios, encaro
o investimento na minha educação enquanto uma garantia de que, no futuro, possa vir a ganhar
um maior salário, no entanto, também posso encarar estes quatro anos enquanto uma renúncia
ao vencimento imediato, visto que já podia estar a trabalhar.
Outro exemplo verifica-se quando comparamos duas situações de um determinado
trabalhador:
• SITUAÇÃO A: trabalhador por conta de outrem com o rendimento líquido de 5000€;
• SITUAÇÃO B: trabalhador independente com rendimento líquido de 4000€.
Verifica-se que a escolha mais racional a fazer é a escolha da situação A visto que maximiza os
benefícios relativamente aos custos: na situação A o nosso sujeito ganha, em termos
monetários, 1000€ a mais e, em termos de oportunidade, a chance de ganhar 1000€ a mais.
Percebe-se que faz sentido encerrar uma empresa lucrativa se existir uma atividade mais valiosa

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Percebe-se que faz sentido encerrar uma empresa lucrativa se existir uma atividade mais valiosa
e com mais rendimentos.
Outro exemplo decorre da seguinte situação: A é o melhor advogado de Lisboa mas, ao mesmo
tempo, é o melhor a fazer tarefas de secretariado. Como há de A dividir o seu dia? Deverá
trabalhar enquanto advogado o dia todo? Como secretário o dia todo? Ou como advogado meio
dia e a outra metade enquanto secretário? Tendo em conta que advocacia traz mais benefícios
monetários, percebe-se que a escolha mais rentável seria A ser advogado a tempo inteiro visto
que o custo de oportunidade de dividir o seu tempo entre a advocacia e o secretariado seria
maior do que se se dedicasse exclusivamente à advocacia. Aplicados neste exemplo, os
conceitos de divisão e especialização afirmam que cada um desempenha aquilo que lhe traz
mais benefícios.
Um preço relativo é o preço de uma mercadoria, como um bem ou serviço, em termos de
outro; ou seja, a proporção de dois preços. Um preço relativo pode ser expresso em termos de
uma razão entre os preços de quaisquer dois bens. Por exemplo, se se considerar que um
quilograma de bananas custa 6€ e que um quilograma de maçãs custa 3€, conclui-se que o
preço relativo de um quilograma de bananas é dois quilogramas de maçã, ou seja, para comprar
um quilograma de bananas tenho de abdicar de dois quilogramas de maçãs.
Conclui-se que, os benefícios, ou seja, a satisfação das nossas vontades, têm de ser maiores do
que os custos. Procuramos sempre, portanto, obter o maior benefício líquido: maximizar os
benefícios e minimizar os custos.
A noção de benefício decorre da atribuição, da nossa parte, de valor às coisas, sendo que bens
necessários são bens com valor.
Na década de 1870, os marginalistas Jevons, Mengor e Walra concluíram,
independentemente, a preconização da revolução marginalista, que consiste numa série de
contribuições teóricas que fundamentariam uma nova abordagem da Economia - o
marginalismo -, baseada na ideia de que o valor económico resulta da utilidade marginal. Esta
revolução levou à teorização e modernização da Economia e à passagem da Economia Clássica
para a Economia Neoclássica. As descobertas dos marginalistas, condizentes com as descobertas
de Gossen feitas há vinte anos atrás, chamadas Leis de Gossen, permitiram que estas ideias
fossem amplamente divulgadas.
De acordo com a primeira Lei de Gossen, a intensidade de uma necessidade decresce á medida
que vão sendo aplicadas doses sucessivas do mesmo bem até alcançar o ponto de saciedade.
Por exemplo, tenho n copos de água à frente e tenho sede. O primeiro copo de água sabe muito
bem, até que com os sucessivos copos de água que bebo, vai deixar de saber bem (atingi a
saciedade e a partir daí vai ser penoso beber água). As decisões económicas não são de “tudo
ou nada” – há uma gestão para satisfazer parcialmente as nossas necessidades, fazer mais ou
menos de algo. Fica-se sempre aquém do ponto de saciedade. Ou seja, percebe-se que os
nossos raciocínios, andam, na verdade, na margem. Se, por exemplo, tenho dinheiro para
comprar roupa e sapatos, não vou gastá-lo todo em sapatos para ter dinheiro para roupa. O
objetivo é sempre equilibrar e satisfazer as nossas satisfações. Não temos tudo aquilo que
gostaríamos de ter. Como temos de distribuir o nosso rendimento por vários bens, verifica-se
que nem sempre satisfazemos totalmente as nossas necessidades.
Os marginalistas introduziram, portanto, o conceito de utilidade, ou seja, a satisfação
(benefícios e vantagens) que se retira por satisfazer uma necessidade. Trata-se de um conceito
subjetivo. Na generalidade das necessidades não chegamos a satisfazê-las inteiramente,
chegamos antes a um ponto anterior à saciedade, à qual chamamos utilidade marginal.

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Através deste gráfico é possível concluir que a Lei Marginal é decrescente, ou seja, a utilidade
marginal é decrescente. Por outro lado, a utilidade total é o somatório das utilidades marginais
e é crescente em menor progressão e utilidade marginal é a utilidade da última dose que é
empregue na satisfação de uma necessidade.
A utilidade depende de pessoa para pessoa, é um conceito subjetivo. Dessa forma, o valor que
damos a algo é relativo a cada pessoa, no entanto, o mercado não sabe isso.
Paramos de consumir porque temos de fazer equilíbrios. Supondo que cada garrafa de água
custa 1 euro, e todas as garrafas custam um euro, e eu estou cheia de sede. Aquilo que
acontece é que na primeira garrafa sinto uma vontade muito intensa, pelo que a utilidade que
retiro da garrafa vale mais do que o custo. Por sua vez, na segunda garrafa, a utilidade que
retiro da garrafa é menor mas continuo a pagar o mesmo preço da primeira garrafa. Comprar a
garrafa não é, portanto, racional pois os benefícios não superam os custos. Se comprasse a
garrafa estaria a incorrer numa decisão que me prejudicaria mais do que beneficiaria. A
utilidade é importante pois mostra quando é que os agente económicos param de consumir um
determinado bem: quando a utilidade marginal é igual ao preço. Há, portanto, uma ideia de
equilíbrio individual.
A utilidade marginal explica, então, o comportamento do consumidor no mercado: consumo
até ao momento em que o valor de utilidade dos bens seja igual ao custo dos mesmos.
No entanto, os marginalista incorreram num paradoxo, o chamado paradoxo do valor: "Nada é
mais útil do que a agua mas com ela pouco se compra. O diamante é pouco valioso quando ao
seu uso mas pode trocar-se por uma grande quantidade de bens.".
Percebe-se, portanto, uma distinção entre valor de uso, que é meramente estimativo, e valor
de troca. Percebe-se, por exemplo, esta distinção quando pensamos no código civil anotado que
tem imenso valor para o estudante de Direito mas não possui qualquer valor para um
comprador.
Desta forma, os marginalistas fizeram uma distinção entre estas duas conceções, sendo que o
referencial do valor para as relações de troca é dado pela utilidade marginal.
As trocas são um jogo de soma positiva pois todos ficam a ganhar, os compradores e os
vendedores, visto que estamos num quadro de liberdade e ninguém é obrigado a vender ou a
comprar. Um jogo de soma positiva, surge por oposição aos jogos de soma zero, em que para
um ganhar o outro tem de perder. É o exemplo de alguém que compra um telemóvel e
imediatamente é roubado depois de sair da loja. O benefício de um dá-se através do custo de
outro. É uma troca não consentida e de soma zero: aquilo que um ficou a ganhar foi aquilo que
outro ficou a perder.
No mercado há um referencial que é objetivo: o preço. O preço forma-se no mercado e pelo
confronto entre a totalidade de oferta e a totalidade de procura daquele bem. Para que o
mercado funcione tem de existir procura e oferta, e este resulta do cruzamento entre estes
conceitos.

A procura é personalizada pelos consumidores e a oferta pelos produtores, dando origem ao


preço. A utilidade é uma conceptualização do valor de um bem para o sujeito, é um conceito
subjetivo de valor. O referencial do valor de um bem para os consumidores nasce da utilidade e

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subjetivo de valor. O referencial do valor de um bem para os consumidores nasce da utilidade e
o referencial do valor para os produtores é dado pelo custo. Cada uma das parte do mercado vai
ponderar as trocas se, no caso dos consumidores, as vantagens forem maiores do que os custos
dos bens (diferencial entre ambos é a vantagem da troca para o consumidor que é definida pela
utilidade, ou seja, troco até a utilidade marginal ser igual ao preço visto que, até lá, obtenho
mais vantagens do que custos). Por sua vez, os produtores ganham quando conseguem produzir
lucro através de uma grande produção com reduzidos custos de produção. Produzem até o
custo marginal ser igual ao preço de produção.

O mercado é o ponto de encontro entre oferta e procura, quer seja um local físico ou não e,
por sua vez, o preço corresponde à expressão monetária do valor de bem, tratando-se de algo
objetivo que decorre da interação entre procura e oferta.
As empresas são quem produz os bens para colocar no mercado de bens, pelo que
representam a oferta (output) deste mercado, por outro lado, para funcionar, tem de contratar
trabalhadores, possuir matéria prima e máquinas que constituem bens instrumentais, pelo que
representam a procura do mercado de fatores. Os fatores de produção são o capital e a terra,
que constituem fatores naturais, e o trabalho. Por sua vez, as famílias representam a procura do
mercado de bens e representam a oferta do mercado de fatores. As famílias fazem oferta da
sua força de trabalho no mercado dos fatores. As famílias pagam às empresas com o seu
trabalho e as empresas pagam de volta com juros, rendas e salários. A renumeração do capital é
o juro, da terra é a renda e do trabalho é o salário.

O conceito de Economia centralizada consiste no controlo total do Estado no mercado,


determinando o tipo de consumos para as pessoas.
Na economia de mercado há intervenção do Estado na economia, podendo ser esta maior
ou menor. Verifica-se, por exemplo, que nos países nórdicos há uma maior intervenção do
Estado no Economia, ao passo que nos E.U.A se verifica um menor intervencionismo.
O economia de mercado é o foco do estudo e a intervenção do Estado pode recorrer de
duas razões: justiça e eficiência (acrescentando-se, ainda, por menção de Fernando Araújo, de
razões decorrentes da ignorância).
A Justiça está relacionada com uma ideia de justiça presente na nossa sociedade. Por
exemplo, o Estado pode intervir no sentido de uma retificação distributiva ao afirmar que quem
tem maior rendimento deve pagar mais impostos. Nesse sentido, agimos segundo a nossa
noção de equidade e justiça, e também segundo a ideia, proveniente de John Rawls, de que se
estivéssemos na base da pirâmide socioeconómica, também gostaríamos de ser ajudados, pelo
que não julgamos esta redistribuição.
Por outro lado, o Estado também pode agir no sentido de melhorar a eficiência económica. O
Estado intervem, portanto, quando quer corrigir falhas de mercado, podendo estas ser:
externalidades (bens públicos), falhas de informação e poder de mercado.
De acordo com Smith, os mercados vão funcionando por si só e vão se autorregulando e
equilibrando, corrigindo as diferenças entre a oferta e a procura, pelo que o Estado não precisa
de intervir. No entanto, os economistas perceberam que a nossa racionalidade é limitada e, por

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de intervir. No entanto, os economistas perceberam que a nossa racionalidade é limitada e, por
conseguinte, o Estado tem de intervir para corrigir as falhas do mercado. O conceito de falha
assenta na ideia de que os mercados desequilibram, mas existem falhas que legitimam a
intervenção do Estado.

PODER DE MERCADO
No âmbito de poder de mercado falamos em falhas de concorrência. Ao funcionarem
individualmente, as empresas influenciam, pela sua conduta, o funcionamento do mercado.
Este funcionamento individualizado é admissível até certo ponto pois os mesmos podem gerar
situações de concentração de poderes de mercados, ou seja, não pode haver um abuso de
poder da posição dominante de forma a que os consumidores sejam prejudicados. A
concentração do poder de mercado pode prejudicar o mercado e o seu funcionamento, bem
como os consumidores visto que um ambiente de concorrência é sempre melhor para os
consumidores e, por outro lado, pode desencadear situações de monopólio pela inovação.
Em suma, verifica-se poder de mercado quando um agente económico, através da sua
conduta, consegue influenciar os aspetos essenciais do mercado: preço e quantidade; quando
alguém explora abusivamente o mecanismo dos preços para proveito próprio: casos de
monopólio, oligopólio e monopessónio – Estado regula, legisla, incentiva e impõe padrões de
conduta.

FALHAS DE INFORMAÇÃO
Existem ainda as falhas de informação, ou assimetrias informativas, que podem ser de dois
tipos: seleção adversa e risco moral.
Uma assimetria informativa é a diferença informacional entre dois bens/agentes envolvidos
numa transação, ou seja, o domínio de uma informação importante para as condições da
transação, que uma pessoa sabe melhor e vai usar para obter vantagens à custa da outra.

Seleção Adversa
Na seleção adversa, verifica-se um estreitamento do mercado que decorre da forma como
neste ficam os "piores" agentes económicos, excluindo-se os "melhores". Toma-se como
exemplo, o mercado dos carros usados em que apenas o vendedor sabe avaliar a qualidade do
bem. O potencial comprador não tem acesso à informação total do bem, pelo que fixa um valor
médio para gastar nesse bem. Por esse valor, os vendedores dos bens com melhores qualidades
retiram-se do mercado (não estão dispostos a vender por esse preço). Posteriormente, sairão
do mercado os medianos até só restarem os maus.
Por outro lado, no caso das seguradoras, o segurando tem mais informação e a seguradora
fixa um prémio médio para o seguro. Se o seguro do carro não fosse obrigatório, os melhores
condutores retirar-se-iam do mercado e, no limite, só os piores condutores é que teriam seguro.
Conclui-se, portanto, que o Estado tem a função de legislar para que não haja este
estreitamento do mercado (seja na obrigação de algo ou não).

Risco Moral
No risco moral, verifica-se a atuação negligente de um agente, por este saber que o seu
comportamento será dificilmente detetado, ou seja, que o seu contraparte não detetará
eficientemente essa conduta. Não se consegue aferir a diligência na conduta de outrem pelo
que há uma resposta na ordem jurídica – formulações contratuais para superar a aversão ao
risco. É o exemplo de alguém que tem o vendedor da sua empresa num país estrangeiro. Este
agente tem liberdade de estabelecer um contrato que dê uma remuneração fixa e uma parte
variável consoante as vendas.

EXTERNALIDADES
Falamos ainda de externalidades que tanto podem ser positivas como negativas. Tratam-se de
efeitos positivos ou negativos causados pela atuação de alguém sobre a esfera de outrem que

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efeitos positivos ou negativos causados pela atuação de alguém sobre a esfera de outrem que
não é compensado pelos prejuízos nem tem de pagar pelos benefícios.
Trata-se de uma externalidade positiva "sentir o cheiro agradável do perfume do vizinho" e
trata-se de uma externalidade negativa "ouvir música muito alta e má do meu vizinho". Outros
exemplos de externalidades negativas são o barulho, a poluição e o fumo.
As externalidades não são objeto de transação pelo que não têm preço, tratam-se,
simplesmente, de efeitos que fogem do mercado.
Verifica-se que a poluição do mundo advém das atividades produtivas e que a poluição sonora
pode advir, por exemplo, dos aviões. Percebe-se, portanto, que a atividade económica e
produtiva acaba por produzir externalidades, sejam elas positivas ou, principalmente, negativas.
No entanto, estas atividades, embora acarretem efeitos negativos, são necessárias para a vida,
sendo que, por exemplo, para parar a poluição sonora teríamos de deixar de recorrer aos aviões
o que teria um imenso custo social.
Conclui-se, portanto, que uma sociedade tem sempre externalidades. Problema este que, à
medida que as sociedades se foram desenvolvendo, ficou pior. No entanto, a ideia é minimizar
as externalidades, de forma a que o custo social não seja tão alto, sendo nesse sentido que o
Estado atua e limita. Verifica-se ainda que se as entidades funcionassem individualizadas, na sua
tentativa de maximizar os benefícios, maximizariam também as externalidades, chamando-se a
estas atividades, atividades externalizadoras, pelo que, desta forma, o Estado atua. O Estado
vem refrear o nível de atividade daquele que continua a lucrar quando os danos que causa a
terceiros já são em elevado grau.

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