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Sebenta IED I – Sistemas de Direito

Professor Regente: José Alberto Vieira // Professor Assistente: João Pedro Marchante

Constança Pinto – Turma B – 2023/2024

SISTEMAS DE
DIREITO
O Direito Comparado ocupa-se da comparação, ou seja, da análise das
semelhanças e das diferenças, entre várias ordens jurídicas ou entre institutos de
diferentes ordens jurídicas.
A comparação de direitos que é realizada através do Direito Comparado pode ser
uma:
 Macrocomparação: incide sobre as ordens jurídicas consideradas na sua
globalidade e permite distinguir os vários sistemas de direito.
 Microcomparação: incide sobre institutos jurídicos e procura analisar que
semelhanças e diferenças existem na regulação de um mesmo instituto jurídico
em diferentes ordens jurídicas.
Para determinar os vários sistemas de Direito, há que utilizar um critério de
classificação e, segundo um dos mais utilizados, pertencem ao mesmo sistema as
ordens jurídicas que comportam o mesmo catálogo de fontes do direito.

De acordo com o critério das fontes de direito, pode distinguir-se entre :


 direitos tradicionais – têm fundamentos, por exemplo, religiosos (p.e. o direito
muçulmano e o direito hebraico) e filosóficos (p.e. o direito chinês);
 direitos modernos – têm fundamentos diferenciados, fazendo-se a distinção
entre:
o sistema ocidental: assenta na civilização ocidental, que, grosso modo, se
baseia na herança grega, no pensamento cristão, na tradição humana
herdada do Renascimento, na revolução industrial e no sistema
capitalista desta emergente.
 subsistema romano-germânico;
 subsistema de common law.
o sistema comunista: possuidor de pouca expressão atualmente, visto
que, na sua pureza, talvez se encontra apenas na República Popular da
Coreia do Norte.

SISTEMA ROMANO-GERMÂNICO
O sistema romano-germânico tem uma base romanística, isto é, consiste num grupo
de países herdeiro da tradição jurídico-filosófica greco-latina e do direito dos povos
germânicos. As ordens jurídicas pertencentes ao sistema romano-germânico – como é
o caso da portuguesa – formaram-se através da receção do direito romano, muito
facilitada pela compilação constante do Corpus Iuris Civilis e elaborada por Justiniano
e, mais tarde, durante a Pandectística alemã.
Através da colonização e de outros eventos históricos, o sistema romano-germânico
expandiu-se para outras zonas do globo, nomeadamente para a África, a América
Latina e o Extremos Oriente (com destaque para o Japão e a Coreia).
No sistema romano-germânico, a lei é a principal fonte do direito e dita o valor das
restantes fontes de Direito, o que motivou a elaboração de constituições políticas
escritas e a codificação das principais áreas jurídicas
Neste sistema, existe uma conceção do direito enquanto sistema e dessa conceção
advém a ideia de que as leis são abstratas (aplicáveis a uma multiplicidade
indeterminada de casos concretos) e gerais (aplicáveis a uma pluralidade
indeterminada de destinatários) e que a analogia entre o caso omisso e o caso
regulado é o primeiro critério de integração de lacunas.
A lei define, de modo geral e abstrato, as regras que valem antecipadamente na
resolução dos casos. Os tribunais limitam-se a aplicar as regras existentes, isto é, o
Direito criado no âmbito da via legislativa. As decisões jurisprudenciais esgotam-se em
termos de eficácia no caso concreto e por conseguinte, nenhuma constitui precedente
para casos futuros. Resolvido o caso, nenhum tribunal está vinculado a tal decisão, não
tendo a decisão judicial valor normativo.

SISTEMA DE COMMON LAW


No sistema britânico as decisões dos tribunais assumem então um papel primordial,
tendo-se ficcionado que essas decisões se fundavam num pretenso direito comum a
todos os povos das Ilhas Britânicas – o chamado common law.
O sistema britânico passou, através da colonização, para os Estados Unidos, para a
Austrália e para a Nova Zelândia.
No sistema do common law, a jurisprudência assume um papel determinante como
fonte do direito, pois que funciona nele a regra do precedente: o precedente fixado
pelos tribunais superiores na decisão dos casos concretos é vinculativo para os
tribunais inferiores quando estes apreciem casos análogos, pelo que as decisões dos
tribunais anteriores fundam a regra - Ratio decidendi.
Embora a principal fonte de direito seja a jurisprudência e a regra do precedente, nos
sistemas de common law também existem leis, no entanto, estes sistemas, em
comparação com os sistema romano-germânicos, comportam uma técnica jurídica que
se manifesta numa menor preocupação com a sistematização do direito e com o
caráter abstrato e geral das regras jurídicas. O tribunal cria, através da resolução do
caso concreto, a regra que vai perdurar na ordem jurídica no futuro (embora, muitas
vezes, esta regra resulte da aplicação de leis). Nestes países, as leis só são
verdadeiramente integradas no sistema de fontes quando são objeto de decisões
judiciais e aqui o que fica a valer é a decisão jurisprudencial sobre a lei e não a lei
propriamente dita.
O costume assume um papel diferenciado e revela alguma relevância sobretudo a
nível constitucional: uma larga parte da Constituição britânica é costumeira e não está
assente em nenhum documento escrito.

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