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Questões para a oral de DIP

Lição I- Evolução histórica

1. Explique as contribuições que advêm do império romano para o surgimento do


direito internacional.
Durante um longo período a humanidade encontra-se dividida, sendo que alguns
grupos de humanos não sabem da existência de outras civilizações que não a sua,
assim quando se encontravam reagiam de forma brutal aniquilando-se uns aos outros.
A exceção mais importante neste panorama refere-se ao surgimento dos primeiros
impérios, estes animados pela vontade de alargamento do poder já não se limitam à
expulsão ou aniquilação mas impõem antes um domínio. O império faz surgir assim os
primeiros fenómenos de integração de comunidades. O império romano
nomeadamente foi indubitavelmente aquele que teve uma contribuição histórica mais
marcante. A herança grega que o império romano levou a cabo, nomeadamente no
período clássico helénico, verificamos os primeiros passos no estabelecimento de
regras nas relações entre comunidades humanas (não apenas se concebia a
coexistência com outras comunidades como ainda se efetuaram as primeiras
tentativas de sujeitar tais relações a padrões de comportamento mutuamente aceites).
É ainda de assinalar com particular enfase o ius gentium (o direito das gentes), o qual
regulava as relações com os estrangeiros entre eles. Será essa experiência e o conceito
que lhe é subjacente que conduzirá à afirmação progressiva de um direito universal.
Devemos ainda sublinhar no período romano o advento do cristianismo, este afirmou
o seu valor fundamental da igualdade de todos os homens (porque feitos à imagem de
Deus) sendo que esta circunstância é, em si mesma, uma condição da existência de um
direito universal.

2. Refira-se à origem e desenvolvimento da doutrina do direito natural e explique a sua


importância para o direito internacional.
No final da idade média podemos assinalar a origem do direito natural, será a
chamada escola espanhola de direito natural, a qual desenvolve os ensinamentos de
Aristóteles e S.Tomás de Aquino e á qual parece atribuir-se a afirmação do conceito de
comunidade internacional (da qual o direito internacional seria a ordem jurídica). Os
seus principais autores serão Francisco de Vitória e Francisco Suarez. Este último
refletiu sobre a noção de comunidades perfeitas do género humano (conjuntos
independentes) enquanto aquele desenvolveu a noção de direito das gentes
(determinado pela razão natural, o que implicava, portanto a submissão dos Estados
ao Direito natural).

3. Explique a razão pela qual se considera ter o direito internacional surgindo (apenas)
no séc.XVI.
O direito internacional moderno forma-se na convivência entre os estados europeus
após a reforma protestante, a característica principal do sistema é o facto de este ser
composto por sujeitos que reclamam soberanos. O advento da ideia de soberania
marcará definitivamente o Estado moderno, modelo esse que viria a ser
universalizado, constituindo por isso o elemento central de toda a estrutura politica
das relações internacionais e do direito internacional. Essa universalização vai afirmar-
se sobretudo a partir da independência americana e mais tarde, com a afirmação
progressiva do Oriente. Neste quadro será desenvolvido o direito internacional
clássico, elaborado e posto em prática pelos Estados europeus durante séculos,
modelo esse assumido integralmente pelo resto do mundo, trata-se no essencial do
modelo a que se chega no séc. XIX.

Lição II- Noção e objeto do direito internacional

1. Refira-se criticamente às diversas noções de direito internacional.


As definições de direito internacional podem agregar-se em volta de 3 critérios: o
critério dos sujeitos (nesta perspetiva o direito internacional seria o conjunto das
normas reguladores das relações entre estados ou entre sujeitos de direito
internacional); o critério do objeto (segundo este critério o direito internacional
corresponderia ao conjunto de regras que regulam matérias cuja natureza é
internacional); e o critério da forma de produção das normas (nesta perspetiva o
direito internacional seria o conjunto das normas criadas segundo os processos de
produção jurídica próprios da comunidade internacional, esta é a definição mais
acolhida na doutrina).

2. Explique quando surgiu o termo direito internacional referindo as designações que o


antecederam e o significado das alterações.
A expressão direito internacional surge apenas no séc. XVIII, até então utilizava-se
comummente a designação “direito das gentes”, essa expressão derivava do ius
gentium romano. Enquanto a designação tradicional partia da natureza universal deste
ramo do direito (exprimindo a ideia de um direito relativo à humanidade em geral) a
designação utilizada atualmente (direito internacional) sublinha o carácter
interestadual resultante do principio da soberania.
A evolução histórica regista não apenas uma alteração formal da designação como
serve ainda para evidenciar a ambiguidade do âmbito da matéria.

Lição III

1. Diga o que entende por voluntarismo e explique a dificuldade destas correntes


explicarem o fundamento da obrigatoriedade do direito internacional.
As correntes voluntaristas fazem derivar a obrigatoriedade do cumprimento do direito
internacional da vontade dos Estados. A importância dada às correntes voluntaristas
decorre da soberania dos Estados, porém, afirmação da vontade dos estados
dificilmente admite o desenvolvimento de uma ordem jurídica a que estes se
submetem- e esse parece ser o pecado central do voluntarismo. Temos duas correntes
voluntaristas que se revelaram importantes: a teoria da autolimitação (na qual o
estado se obriga através do seu consentimento, aceitando auto limitar-se de forma a
criar relações estáveis no plano internacional, porém, como esta autolimitação
decorre do estado, nada garante que este respeite os compromissos quando aqueles
divergirem do acordado), temos também teoria da vontade comum (esta defende que
o direito internacional resulta da vontade comum dos Estados, que nele fundem as
suas vontades individuais, porém, a tese não demonstra a superioridade da vontade
coletiva, a sua prevalência e o seu efetivo cumprimento).

2. Caracterize o normativismo e explique como Kelsen fundamenta a obrigatoriedade


das normas internacionais.
O normativismo teve origem na escola de Viena (na qual avulta Kelsen), sendo esta
distinta do voluntarismo, reclamando-se do normativismo. O seu formalismo condu-la
se não ao próprio voluntarismo, ao positivismo. Esta acredita que o fundamento da
obrigatoriedade das normas resultará de normas que lhe são imediatamente
superiores e assim sucessivamente, formando uma pirâmide do direito (opinião de
Kelsen). É ainda de apontar que nesta perspetiva se considera que no formalismo
subsiste um desprezo pelo conteúdo material da norma na determinação do
fundamento da sua obrigatoriedade.

3. Diga o que entende por sociologismo e explique criticamente em que termos esta
corrente doutrinal reage à questão do fundamento da obrigatoriedade do Direito
Internacional.
Segundo o sociologismo o fundamento da obrigatoriedade das normas jurídicas reside
nas necessidades sociais de onde procede o seu conteúdo (na sociabilidade
internacional). Neste caso não importa tanto perceber o porquê da obrigatoriedade,
mas sim observar a sua existência/ ou não existência. Porém, é de referir que esta
perspetiva sofre uma limitação nos termos em que a existência de uma regra social
não justifica o reconhecimento do seu carácter jurídico, até porque subsistirá sempre a
questão de a norma ser justa ou não.

4. Analise o problema do fundamento da obrigatoriedade do direito fundamental na


perspetiva jusnaturalista.
Segundo o jusnaturalismo o fundamento da obrigatoriedade do direito reside na
própria natureza humana, sendo que todo o Homem tem uma noção de justiça e
dispõe igualmente da razão que lhe permitirá descortinar a ordem natural (ou seja, o
conjunto de princípios e regras segundo as quais essa justiça pode ser atingida). Esta
perspetiva mantém um acento importante no conteúdo material das normas e ao
mesmo tempo limita a margem de arbítrio dos estados. Porém, também esta sofre
uma critica devido aos seus contornos vagos a que o direito natural se refere, abrindo
caminho a doses importantes de subjetivismo na respetiva interpretação.

5. Identifique a questão subjacente ao fundamento da obrigatoriedade do direito


internacional.
Sendo que existe um Direito Internacional, as suas incontornáveis fragilidade impõem
que se discuta a avaliação jurídica das suas regras. Assim começamos por aferir a
questão do fundamento da sua obrigatoriedade, ou seja, saber porque têm (se é que
têm) de se cumprir as regras de direito internacional. No âmbito do direito
internacional regula-se fundamentalmente relações entre estados, os quais se
pretendem soberanos e, portanto, não querem aceitar qualquer imposição, assim
surge a importância da determinação clara do fundamento da obrigatoriedade das
regras de direito internacional.

6. Distinga a natureza das questões relativas à juridicidade e ao fundamento da


obrigatoriedade do direito internacional.
No que diz respeito ao fundamento da obrigatoriedade, este apenas serve para
demonstrar se uma norma é tida como sendo obrigatória na perspetiva dos diversos
Estados, não implicando que a norma em questão seja sequer correta ou justa. No
âmbito da juridicidade pergunta-se, se a norma será realmente justa/ equitativa, para
além do seu valor jurídico e da sua legitimação.

7. Explique o significado da seguinte afirmação: a justificação de Kelsen relativamente


ao fundamento da obrigatoriedade do direito internacional não é voluntarista, mas
radica no formalismo (de que padece o próprio voluntarismo).
De facto, o voluntarismo retoma a base originária do positivismo jurídico
formalista e reconhece, em princípio, que a autoridade do direito internacional está
assentada num ato formal de consentimento, sendo este a representação normativa
de um ato de soberania, habilitado para vincular juridicamente o Estado. Assim,
podemos verificar que a perspetiva normativista de Kelsen apesar de não se verificar
voluntarista radica no formalismo devido à sua normatividade.

8. Explique em que termos para o sociologismo, a questão do fundamento da


obrigatoriedade do direito internacional é pouco relevante.
No sociologismo esta questão revela-se pouco relevante pois este acredita que o
fundamento da obrigatoriedade reside nas necessidades sociais de onde procede o
seu conteúdo (na sociabilidade internacional), assim pouco importa perceber o porquê
da existência dessa obrigatoriedade, mas sim observá-la/verifica-la. Sendo que onde
está a sociedade existe direito (“ubi societas ibi jus”).

9. Diga o que entende por direito natural e explique os termos segundo os quais esta
corrente secular justifica o fundamento da obrigatoriedade do direito internacional.
O Direito natural procura fundamentar o direito no bom senso, na racionalidade, na
justiça. Considera-se que este constitui uma parte da moral universal. A teoria do
direito natural tem como objetivo avaliar as opções humanas com o propósito de agir
de modo razoável e bom. Isto alcança-se através da fundamentação de determinados
princípios do direito natural que são considerados bens humanos evidentes em si
mesmos. Segundo esta corrente o fundamento da obrigatoriedade do direito reside na
própria natureza humana, sendo que todo o Homem tem uma noção de justiça e
dispõe também da razão que lhe permite descortinar o conjunto de princípios e regras
segundo as quais essa justiça pode ser atingida (ordem natural).

10. Refira-se às mais recentes justificações doutrinais para o cumprimento das regras
internacionais.
Cada vez mais se analisa ao invés do fundamento da obrigatoriedade das normas, o
fenómeno do cumprimento, descortinando as razões do mesmo. Assim perspetiva-se o
valor jurídico da norma (em geral) na conjugação da legitimação (processual) e da
capacidade de ser sentida como justa ou equitativa. Essa conjugação conduz a uma
vinculação natural dos destinatários das normas, aos seus conteúdos e, portanto ao
seu cumprimento (sejam eles indivíduos ou estados), mesmo não existindo meios
coercivos suficientemente fortes para forçar esse cumprimento.

Lição IV- A querela teórica

1. Em que medida é diferente um conflito entre regras nacionais ou entre regras


nacionais e internacionais?
2. Distinga o dualismo do monismo identificando os pressupostos de cada uma das
tendências.

A perspetiva dualista distingue ontologicamente a ordem jurídica interna da


ordem jurídica internacional (caracteriza-se pela independência das ordens
jurídicas- esta independência justificar-se-á segundo os dualistas, pelas profundas
diferenças quanto à origem, aos destinatários e aos órgãos de aplicação de cada
uma das ordens). Os dualistas concluem haver naturezas tão distintas entre as
duas ordens (interna e internacional) que para eles seria impossível a sua
interpenetração. Para o dualismo as regras de direito internacional nunca vigoram
na ordem interna com essa natureza (não existindo conflito entre normas internas
e internacionais), podem no entanto ser reproduzidas por um ato interno (uma lei
ou ato equivalente) que imponha (pela sua natureza interna) a sua vigência.

No que diz respeito ao monismo, não existe dualidade entre ordens, mas sim
unidade, assim não ocorre distinção da natureza das ordens jurídicas. Este permite
a vigência da regra internacional na ordem interna, porém coloca-se a questão de
saber qual das regras deve permanecer em caso de conflito, existindo duas
vertentes, o monismo como primado do direito internacional (quando se entenda
que deve prevalecer a regra internacional) e o monismo como primado do direito
interno (quando se entende que deve prevalecer a regra interna). Porém é ainda
de referir que atualmente se acolhe melhor a primeira vertente na prática
diplomática. A doutrina tende portanto a considerar o primado do direito
internacional inquestionável, por se tratar de uma condição de existência desse
mesmo direito.

3. Refira-se ao advento do pluralismo.


Em geral, são os particulares que ao invocarem determinadas regras fazem surgir
na sua aplicação situações de conflito de normas. Os Estados raramente procuram
a solução para os seus conflitos em sede judicial (procurando antes resolvê-los por
meios pacíficos). Sendo os Estados os destinatários da maioria das regras
internacionais, isso significa que raramente se verifica uma situação de evidente
conflito de normas. Assim, na esmagadora maioria dos casos em que surgem tais
atritos, os Estados, ao invés de procurarem determinar quais as regras jurídicas
aplicáveis (prevalentes), preferem manter a disputa na discussão sobre os factos
ou no plano estritamente politico. Neste enquadramento, a partir da segunda
metade do século passado começou a afirmar-se uma posição doutrinal
alternativa- o pluralismo- a qual introduzindo alguma flexibilidade na abordagem
concorreu para um enfraquecimento do debate (entre monismo e dualismo). O
pluralismo jurídico consiste numa corrente doutrinal que visa uma articulação não
hierárquica das situações de conflito, por considerar normal a concorrência na
regulação- a qual resulta de situações sociais em que um comportamento é
regulado por uma ou mais ordens jurídicas ou em que estas coexistem num
mesmo âmbito social ou comunitário.

4. Identifique o regime que sendo unanimemente aceite (e fazendo, assim,


convergir na prática as posições monistas e dualistas) atenuou significativamente
a querela entre monismo e dualismo.
Existe desde logo uma convergência doutrinária relativamente ao dever de os
estados conformarem a respetiva ordem jurídica ao cumprimento das suas
obrigações internacionais. Porém esse dever de conformação não equivale à
afirmação de um principio de primazia. No quadro daquele dever é também
consensual a segunda posição que facilita a ultrapassagem da querela: o
reconhecimento aos estados de liberdade de escolha dos meios que permitam
atingir esse objetivo (de conformar o direito interno ao cumprimento das
obrigações internacionais). Verificada na prática a incompatibilidade (entre regras
internacionais e internas), os Estados não serão obrigados a garantir a vigência
forçada (a fazer prevalecer a regra internacional). Porém, se não o fizerem, tal
atitude constitui um ilícito suscetivel de originar responsabilidade internacional.
Este modelo de convergência assenta portanto no dever imposto aos Estados de
conformarem a sua ordem interna ao cumprimento das obrigações internacionais,
permitindo-lhes todavia, escolherem livremente a solução técnica que dê
cumprimento a esse dever, não existindo uma vigência forçada do direito
internacional nas ordens internas.

5. Distinga o direito do poder e da lei.


6. Identifique criticamente os fundamentos do dualismo.
Na perspetiva dualista, existe uma dualidade das ordens (interna e internacional).
Considera-se que não existe interpenetração dessas duas ordens jurídicas (não
existindo conflitos de normas). Essa independência justificar-se-á segundo os
dualistas pelas profundas diferenças quanto à origem, aos destinatários e aos
órgãos de aplicação de cada uma das ordens. A norma internacional só poderia
vigorar na ordem interna sendo reproduzida por um ato interno (através do
mecanismo da transformação).

7. Explique os fundamentos da visão monista.


Na perspetiva monista não existe dualidade das ordens jurídicas, mas sim unidade
das mesmas. A visão monista permanece fiel ao entendimento do carácter
universal do sentido de justiça, o que implica, portanto, não admitir que
argumentos de natureza formal possam recusar a aplicabilidade de regras. Porém,
ao admitir a vigência da regra internacional (enquanto tal) na ordem interna o
monismo impõe uma resposta hierárquica, o de saber qual das regras deve
prevalecer em caso de conflito. Existem assim 2 correntes, o monismo como
primado do direito internacional (quando prevalece a regra internacional) e o
monismo como primado do direito interno (quando prevalece a regra interna), é
porém importante referir que a primeira vertente merece hoje um acolhimento
dominante na prática diplomática, sob pena de pôr em causa a própria
subsistência do direito internacional se assim não for.

Lição V- Mecanismos de regulação

1. Explique a diferença entre mecanismos de receção e mecanismos de transformação.


No que toca aos mecanismos de receção, admite-se a vigência de regras de uma ordem
jurídica noutra ordem jurídica (ex. vigência de uma regra internacional, como tal, na
ordem interna), ou seja, fixam-se constitucionalmente regimes que consagram a admissão
dessa vigência. Esta receção deriva da visão unitária do direito.
No que diz respeito aos mecanismos de transformação, apesar de estes não proibirem a
vigência de regras de uma ordem jurídica na outra ordem jurídica, é necessário que exista
uma adaptação da regra à ordem jurídica em questão (por exemplo a transformação de
uma regra internacional de forma a que esta se insira na ordem interna como uma regra
interna equivalente à internacional).

2. Distinga mecanismos de receção plena de mecanismos de receção semiplena.


A receção plena corresponde aquela em que se admitem apenas eventuais exigências
formais (como por exemplo a publicação) como requisito de vigência de uma regra de
uma ordem jurídica noutra ordem jurídica.
A receção semi-plena refere-se às situações em que se combinam mecanismos de receção
e de transformação, por norma procede-se à distinção das fontes, reservando a receção a
apenas uma/ algumas delas e impondo a transformação em relação às regras
provenientes das outras.
Ex: Os mecanismos de receção semiplena surgem frequentemente nos casos dos Estados
cujas posições dualistas de principio (ou seja, por regra exigem a transformação) não
impedem a vigência imediata de algumas fontes, como por exemplo o direito
consuetudinário ou os princípios gerais de direito.

3. Distinga o mecanismo de receção automática do mecanismo de receção plena.


A receção plena corresponde aquela em que se admitem apenas eventuais exigências
formais (como por exemplo a publicação) como requisito de vigência de uma regra de
uma ordem jurídica noutra ordem jurídica.
A receção automática surge como um regime ainda mais favorável, no qual os Estados
prescindem da prática de qualquer ato (ainda que meramente formal) como condição da
vigência.
Assim, podemos concluir que numa são impostos requisitos formais como condição da
vigência e na outra não.
4. Distinga o mecanismo de receção automática do regime da aplicabilidade direta.
A diferença prática entre a receção automática e a aplicabilidade direta não é muito
significativa. Existe, porém, uma posição de princípio distinta.
Na receção automática a ordem jurídica interna concede/admite não impor qualquer
intervenção como condição de vigência (dispensa toda e qualquer intervenção das
autoridades de um país no outro). Porém é necessário efetivamente que passe a existir
uma vigência de uma ordem jurídica na outra (ex. vigência de uma regra internacional na
ordem interna)
Já no regime de aplicabilidade direta vai-se mais longe, reconhecendo-se a vigência
simultânea de duas ou mais ordens jurídicas sem que qualquer uma delas se arrogue à
necessidade de receber a outra. Não é implicitamente necessário que exista a vigência de
uma ordem jurídica na outra, mas sim una simultaneidade.

5. Explique em que termos se articulam as diferentes ordens jurídicas na perspetiva


pluralista.
O pluralismo propõe um modelo jus regenerativo que se concentra em compromissos e
em intervenções criativas feitas por diferentes comunidades normativas a partir de
diferentes fontes, numa interação politica, retórica e legal.
A doutrina pluralista não pretende fornecer/ identificar um critério único hierárquico
capaz de resolver todos os casos de conflito; insiste aliás que pode ser muito difícil ou até
impossível obter um acordo sobre normas que regulem a pluralidade. Porém isso não
impedirá que se obtenha o necessário consentimento em relação a mecanismos que
enfrentem a situação de pluralidade jurídica. Dificilmente as soluções serão inteiramente
satisfatórias para alguma das partes, no entanto o importante será que gerem um
consentimento funcional, ou seja, que a consciência da necessidade do compromisso
justifique o recurso aos mecanismos através dos quais as soluções sejam obtidas.

Lição VI- A vigência do direito internacional na ordem jurídica portuguesa

1. Caracterize o regime do art.8º da CRP e identifique a posição doutrinária que o


inspira.
A norma constitucional revela em termos gerais uma postura monista com primado do
direito internacional (em caso de conflito de normas prevalece a norma internacional).
Não obstante o art.8º introduz algumas exigências particulares que juntamente com a
especificação de regimes consoante as fontes virá a dar origem a um regime
relativamente desenvolvido.
O art.8º é constituído por 4 números, sendo que os 2 primeiros distinguem o direito
internacional geral ou comum e o regime relativo ao direito convencional. O terceiro é
relativo ao direito comunitário, porém surgindo a redação deste em termos genéricos,
sofrendo consequentes criticas, levou à criação do 4º número relativo ao direito
europeu.

2. Explique o significado da expressão “direito internacional geral ou comum” contida


no art.8º/1 da CRP.
O elemento mais importante no âmbito do direito internacional geral ou comum é o
costume internacional geral. Porém para além deste devemos incluir ainda no seu
conceito os princípios gerais de direito e algumas convenções universais (cujo
acolhimento e importância tornaram obrigatórias independentemente da vinculação
concreta de cada Estado).

3. Caracterize o art.8º/1 CRP enquanto mecanismo regulador das relações entre as


normas internacionais e internas.
Apesar de a doutrina não ser unânime, é seguro considerar que estamos perante uma
cláusula de receção automática, sendo que não é colocada nenhuma exigência como
condição de vigência do direito internacional geral ou comum (aqui está claro que se
trata de um mecanismo de receção), e releva também o facto de se dispensar toda e
qualquer intervenção das autoridades portuguesas (aqui consideramos que se trata de
um mecanismo de receção automático).
É ainda importante referir o regime relativo ao costume regional oi local, sendo que
este não integra o direito internacional geral ou comum, segundo o nosso legislador a
vigência deste costume é também admitida entre nós através do art.8º/1 CRP (receção
automática), até porque não existe nenhum outro regime que se lhe adeque.

4. Explique se a vigência dos costumes regionais ou locais é admitida na ordem jurídica


nacional e qual o regime aplicável.
No que diz respeito ao costume regional ou local (que não se insere no conceito de
direito internacional geral ou comum devido à sua falta de universalidade), ao que
tudo indica não existem razões aparentes para o nosso legislador recusar a vigência do
mesmo na nossa ordem jurídica. Assim a única questão que se coloca é a de saber em
que termos essa vigência é admitida entre nós. Esta é admitida nos termos do art.8º/1
CRP (receção automática), até porque não existe nenhum outro regime que se lhe
adeque.

5. Caracterize o art.8º/2 CRP enquanto mecanismo regulador das relações entre


normas internacionais e internas.
O nº2 do art.8º da CRP refere-se ao regime relativo ao direito convencional, mais
propriamente estamos perante o regime aplicável às convenções internacionais de
que Portugal seja parte. Trata-se de um regime de receção plena, sendo que as
exigências constantes na norma em nada afetam o carácter pleno da receção, sendo
que possuem um carácter meramente formal, ou se limitam a insistir na necessidade
da existência de uma vinculação válida.

6. Explique qual o regime de vigência da Carta das Nações Unidas na ordem jurídica
nacional.
Sendo que a CNU é parte integrante do Direito internacional geral ou comum
tratando-se de uma convenção universal, o regime que lhe é aplicável é o do art.8º/1
CRP, neste caso um mecanismo de receção automática.

7. Explique qual o regime de vigência do Tratado da União europeia na ordem jurídica


nacional.
Neste caso, por força do art.8º/4 CRP estamos perante um regime de aplicabilidade
direta.

8. Caracterize o art.8º/4 CRP enquanto mecanismo regulador das relações entre as


normas internacionais e internas.

As disposições dos tratados que regem a União Europeia e as normas emanadas das suas
instituições, no exercício das respetivas competências, são aplicáveis na ordem interna,
nos termos definidos pelo direito da União Europeia, com respeito pelos princípios
fundamentais do Estado de direito democrático. Esta norma consagra definitivamente o
regime da aplicabilidade direta.

Lição VII- Referências introdutórias em matéria de fontes

1. Distinga fontes criadoras de fontes transmissoras.


As fontes criadoras de direito correspondem aquilo que dá origem ou existência às
normas; as fontes transmissoras correspondem aos meios através dos quais se dá
conhecimento das normas.

2. Distinga fontes materiais e fontes formais.


As fontes formais e as fontes materiais encontram-se dentro do âmbito das fontes
transmissoras. Sendo que as fontes matérias correspondem às razões pelas quais
aparecem as normas, correspondem àquilo que justifica/inspira as normas, as fontes
materiais demonstram a existência de regras que, dependendo de prova, podem ter o
estatuto de regras obrigatórias de aplicação geral. Enquanto as fontes formais
correspondem ao processo de revelação das normas, tratam-se dos procedimentos de
elaboração do direito positivo, estas relevam do plano normativo (o único que
interessa à abordagem positivista).

3. Distinga fontes e normas.


As normas internacionais correspondem ao conteúdo e substância de uma regra
elaborada segundo as exigências procedimentais de determinada fonte formal. A
mesma norma pode resultar de várias fontes, ou a mesma fonte pode dar origem a
uma multiplicidade de normas distintas.

4. Explique em que medida existe uma hierarquia de fontes ou de normas de direito


internacional.
Existindo um conflito entre fontes ou normas de direito internacional, aplica-se a
última que tiver entrado em vigor, ou então tratando-se de uma lei especial esta
derroga a lei geral, pois não existe hierarquia entre fontes, uma pode alterar a outra
ou vice-versa.

Lição VIII- O costume internacional

1. Refira-se ao fundamento da obrigatoriedade do costume.


No que diz respeito ao fundamento da obrigatoriedade do costume é seguro dizer que
por norma assume-se a obrigatoriedade mesmo para os Estados que não hajam
participado na formação do costume. Existem duas perspetivas, primeiramente a
perspetiva subjetiva/ tradicional (em que os estados que não participassem na
formação do costume não estavam vinculados ao mesmo, podendo não o cumprir,
aqui o costume assume-se como um pacto tácito) e a abordagem objetiva/atual
(mesmo que o estado não estivesse na altura da formação do costume, como se vê o
costume como uma convivência internacional o Estado fica obrigado a cumprir por
causa de o costume ter sido formado por maior parte dos estados participantes).
O fundamento da obrigatoriedade não radica no consentimento sendo que os Estados
novos também estão obrigados ao costume já existente.
2. Identifique os elementos do costume internacional caracterizando-os.
Como elementos do costume (conclusão 2) temos a prática (conclusão 5 e 7/2), esta
deve ser geral, porém não é necessário que todos os estados adotem a mesma
conduta, podendo um costume geral surgir da prática de uma maioria de estados
apenas e também mesmo com a oposição de alguns. Não é necessária uma duração
mínima da prática desde que geral (conclusão 8/2).
O segundo elemento é a convicção da obrigatoriedade, este distingue o costume das
simples práticas. Quanto mais consciente for a prática mais fácil será de provar a
existência de obrigatoriedade, porém é necessário que existam indícios claros disso. A
prática geral deve ser distinta do simples uso ou hábito, ou até cortesia.
Estes dois elementos têm de partir de estados senão não são suscetíveis de criar
costume (por exemplo se vierem da parte de OI).

3. Refira-se à relação hierárquica entre as regras consuetudinárias e outras fontes de


direito internacional.
Existindo um conflito entre 2 costumes gerais cujo objeto seja o mesmo, prevalece o
costume mais recente.
Existindo conflito entre uma regra de costume especial e uma regra de costume geral,
prevalece a regra de costume especial ainda que anterior.
Existindo conflito entre um costume regional/ local e um costume geral, prevalece o
costume regional/local desde que não afete direitos de terceiros.
Existindo um conflito entre uma regra consuetudinária e uma regra convencional
verifica-se uma equiparação, podendo um alterar-se ao outro e vice-versa.
Nas questões entre um costume e um ato unilateral a regra geral é de que prevalece o
costume, sendo a única exceção a da objeção persistente a uma regra
consuetudinária.
No que diz respeito aos atos unilaterais das OI, devemos distinguir entre os não
obrigatórios (aqui o costume prevalece) dos obrigatórios (o costume prevalece
também).
Relativamente aos princípios gerais de direito o costume prevalece.

4. Diga o que entende por codificação do costume e distinga esta do desenvolvimento


do direito internacional.
A codificação do costume corresponde à conversão de grupos de regras
consuetudinárias em regras escritas (positivação) organizando-as de forma sistemática
e coerente. Esta implica sempre um risco de cristalização dos conteúdos, no entanto, a
diminuição da incerteza sobre a existência e conteúdo das normas fornece um
importante impulso à causa do direito internacional. A codificação do costume limita-
se a tipificar esse mesmo costume, não alterando nem desenvolvendo o mesmo. No
caso do desenvolvimento do direito internacional, este até pode ocorrer pelo
desenvolvimento de um costume, por exemplo através de uma convenção, porém o
conteúdo (escrito) dessa convenção já não corresponderá a uma tipificação do
costume visto que o conteúdo do mesmo será alterado.

5. Refira-se ao costume no quadro das fontes de direito internacional.


O costume é uma das mais importantes fontes de direito internacional, principalmente
pois nele reside ainda o núcleo fundamental do direito internacional. A importância do
costume decorre também do facto de ser por referência a esta fonte que se
fundamenta o carácter obrigatório de outras normas internacionais. Também a
jurisprudência tem insistido na importância desta fonte, chegando mesmo a plicar
normas consuetudinárias mesmo depois de estas terem sido objeto de positivação. É
ainda de referir que a sua relevância tem sido facilitada pela menos exigência de
antiguidade e bem assim pela sua capacidade de adaptação às exigências da vida
internacional que lhe permite responder às novas socializações que vão surgindo, não
sendo essa realidade coberta pela regulamentação convencional.

6. Explique a relevância prática da resposta dada à questão do fundamento da


obrigatoriedade do costume.
É relevante a questão do fundamento da obrigatoriedade do costume pois é este que
dá origem ao cumprimento das regras consuetudinárias. Numa perspetiva tradicional
considerava-se que este consentimento se tratava de um pacto tácito, o que na
verdade não se poderia manter pois assim iriamos aplicar ao costume o regime
convencional (isentando do seu cumprimento os estados que não participassem da sua
formação). Hoje em dia verificamos que o costume funciona como uma resposta às
necessidades da vida internacional, sendo necessário o acolhimento por uma maioria
representativa de estados membros da comunidade internacional, sendo que a regra
consuetudinária constitui uma resposta a uma necessidade social.
7. Explique em que medida a atividade da OI facilita a formação das regras
consuetudinárias.
As OI podem emanar resoluções que apesar de não possuírem carácter vinculativo
(não criarem costume) podem ser usadas para provar a existência de um costume. A
conduta que os estados levam a cabo perante uma resolução pode servir para provar a
existência da prática e/ou da opinio iuris.

8. Diga o que entende por costume selvagem/verde.


Um acórdão do TIJ diz que não há período mínimo para a repetição da conduta no
tempo para ser costume; a certa altura começa a falar-se do costume selvagem, o
costume sem tempo, este resultaria de uma prática quase inexistente, vieram a dizer
até que se pode criar costume sem prática. A convicção da obrigatoriedade desse
costume surge mesmo antes da prática.

Lição IX- Convenções internacionais: Noção, Terminologia e Classificações

1. Defina convenção internacional identificando os seus elementos essenciais.


Uma convenção internacional corresponde a um acordo de vontades, em forma
escrita, entre sujeitos de direito internacional, agindo nessa qualidade, regido pelo
direito internacional de que resulta a produção de efeitos jurídicos vinculativos,
qualquer que seja a sua denominação. Tem como elementos essenciais o acordo de
vontades (as vontades não terão de se manifestar em simultâneo ou paralelo podendo
ocorrer em momentos distintos). Tem de ser realizada entre sujeitos de direito
internacional (trata-se de um requisito intransponível, apenas existem convenções
entre sujeitos de direito internacional) e estes têm de agir nessa qualidade (apenas
existem convenções quando os sujeitos pretendem que o acordo de vontades seja
juridicamente vinculativo). E tem de ser regido pelo direito internacional (não existem
convenções que não sejam regidas pelo direito internacional).
2. Quais os tipos ou classificações de convenções que conhece?
Primeiramente no âmbito da classificação material temos os tratados-lei (estes
sublinham a função normativa que as convenções podem assumir, referindo-se
portanto à criação (por via convencional) de regras (de comportamento) aplicáveis às
partes; as obrigações dos tratados-lei assumem um carácter geral, integral ou
absoluto, configurando um regime genérico). Temos os tratados-contrato (visa
estabelecer/fixar as prestações e correspondentes contraprestações a que as partes se
obrigam mutuamente). Temos ainda os tratados-constituição (estes são os tratados
institutivos das OI, ou seja às convenções que criam as organizações internacionais
desenvolvendo assim a partir da determinação das suas finalidades, a estrutura
orgânica e respetivas competências e fixando os principais princípios e regras de
funcionamento).
No que diz respeito às classificações formais, primeiramente no que diz respeito à
classificação quanto à qualidade das partes temos as convenções entre Estados, as
convenções entre Estados e OI, as convenções entre OI e as convenções envolvendo
outros sujeitos de direito internacional. Depois temos também a classificação quanto
ao número de partes, aqui temos as convenções bilaterais (duas partes) e as
multilaterais (restritas ou gerais). Temos ainda a classificação quanto ao processo de
conclusão, temos os tratados solenes (sujeitos a formalidades mais importantes
reservando a vinculação para a ratificação) e os acordos em forma simplificada (nestes
em regra o processo de vinculação é reduzido à intervenção do órgão executivo que
negoceia e assina, da assinatura decorre a vinculação).

3. Explique qual a relevância da forma escrita na conclusão das convenções


internacionais.
Segundo o art.3º CV69 a falta de forma escrita não afeta a validade nem exclui a
aplicação das regras da convenção às quais as partes estariam submetidas
independentemente desta.

4. Diga o que entende por quase-tratados referindo-se ao seu regime jurídico.


Quase-tratados tratam-se de determinados acordos (contratos) entre Estados e
pessoas (coletivas) privadas estrangeiras, os quais não estão sujeitos apenas ao direito
interno dos Estados, mas também não chegam a assumir um carácter convencional.
Tradicionalmente considerava-se que estes tratados estavam abrangidos pelo direito
administrativo, porém a situação alterar-se-ia no pós-guerra, a situação que
despoletou essa evolução foi a dos contratos de investimento internacional, depressa
os riscos de nacionalização levaram a que as empresas se abstivessem de efetuar tais
investimentos; daí que tenha surgido a convenção para a resolução dos diferendos
relativos aos investimentos, ocorrendo a adesão da esmagadora maioria dos estados a
esta que garante aos investidores um regime de proteção internacional especifico que
afasta o arbítrio em processos de autoridades nacionais, já que me caso de conflito
intervirá uma entidade arbitral. Nestes termos, estes contratos internacionais de
investimento (os quase-tratados) já não se situam exclusivamente ao abrigo do direito
interno, tendo, portanto, sido objeto de um processo de internacionalização (tendo
em vista a sua proteção). Não parece todavia que deva, ou possam considerar-se
convenções internacionais.

5. Explique qual a consequência jurídica da falta de qualidade de sujeito por uma das
partes de uma convenção internacional.
A falta de qualidade das partes (o facto de uma delas não ser sujeito de direito
internacional) não afeta a validade dos atos convencionais, os quais poderão manter o
seu valor a outro título (enquanto atos de outra natureza que não convenções
internacionais propriamente ditas). O facto de uma ou mais partes não ser um sujeito
afeta portanto a qualidade convencional mas não necessariamente a sua validade.

6. Explique em que situações e com que finalidade os Estados celebram acordos entre
si, sem no entanto agirem nessa qualidade (estadual).
Os sujeitos de direito internacional podem estabelecer entre si acordos sem que,
todavia ajam nessa qualidade, a sua posição nesses acordos é de mero privado e não a
de sujeito de direito internacional, não se tratando de uma convenção mas de um
mero contrato.

7. Explique em que situações e com que finalidade os Estados, agindo nessa qualidade
podem celebrar acordos sem carácter vinculativo.
Os sujeitos de direito internacional, podem, nessa qualidade, concluir acordos aos
quais não pretendem atribuir efeitos vinculativos, é o caso dos chamados atos
concertados não convencionais (tais como as declarações politicas, os gentlemen
agreements, as comunicações, os modi Vivendi, os códigos de conduta, etc). Nestes
casos encontramos termos que pretendem regular as relações mútuas mas sem que
todavia se pretenda atribuir a esses compromissos efeitos vinculativos, ficando
portanto o seu cumprimento apenas dependente da boa-fé das partes.

Lição X- Convenções internacionais: processo de conclusão

1. Refira as principais componentes do texto das convenções internacionais.


Título, o preâmbulo, o texto/dispositivo, as cláusulas finais, o testemonium
(identificação dos subscritores), as assinaturas e os anexos.

2. Identifique os efeitos da assinatura das convenções internacionais.


Os efeitos da assinatura variam conforme estejamos perante acordos em forma
simplificada (casos em que normalmente a assinatura poderá produzir a vinculação) ou
perante tratados solenes (em que a vinculação é, portanto remetida para um ato
posterior, em regra a ratificação). Em qualquer caso mesmo que não produza a
vinculação, a assinatura da convenção produz efeitos jurídicos que devem ser
assinalados, esta exprime o acordo quanto ao texto tornando-o definitivo e autêntico;
produz também o efeito de ratificar; da assinatura decorre a data e o local pelos quais
a convenção será conhecida; a assinatura obriga ainda os estados a absterem-se de
atos que possam privar o tratado do seu objeto ou fim (em termos mais concretos
diríamos que um estado que assinou determinado tratado solene pode vir a entender
posteriormente que não deve vincular-se a ele, se assim for deve, no entanto dar
conhecimento dessa posição logo que ela seja definitiva, o que não pode é privar o
tratado do seu objeto ou fim); a assinatura torna imediatamente aplicáveis as
cláusulas finais; é ainda de referir que a adoção por um número importante de Estados
tem um impacto por vezes superior às vinculações singulares.
3. Defina ratificação explicando sumariamente os diferentes elementos da definição.
A ratificação é definível como um ato jurídico individual e solene pelo qual o órgão
competente do Estado afirma a vontade deste se vincular à convenção cujo texto foi
por ele assinado.

4. Refira-se à origem e evolução do instituto da ratificação.


A ratificação tem origem na confirmação que os soberanos faziam das convenções que
eram concluídas pelos seus enviados às cortes estrangeiras, tradicionalmente
entendia-se que estes plenipotenciários tinham poder para vincular, nessas
circunstâncias a ratificação prendia-se essencialmente com a verificação do cabimento
no mandato, justificando-se portanto uma recusa de ratificação apenas se houvesse
um excesso ou violação do mandato. Com o absolutismo porém, a ratificação evoluiu
para uma verdadeira aprovação (o soberano chamava a si o poder de vincular).

5. Caracterize a ratificação.
A ratificação assume simultaneamente uma natureza politica (na medida em que é
insusceptivel de controlo jurisdicional); é não vinculada/ livre (não há sequer uma
presunção de ratificação- o que torna legítimas as ratificações tardias e as recusas de
ratificação); é formal (porque está dependente de um instrumento formal: a carta ou
instrumento de ratificação); e é internacional (já que visando a produção de efeitos
internacionais é regulado pelo direito internacional) e não retroativa (esses efeitos
apenas se produzem para o futuro, uma vez que não se trata de mera confirmação).

6. Explique sumariamente o regime e prática da entrada em vigor das convenções


internacionais.
No tocante à entrada em vigor importa referir que o regime é internacional (quer isto
dizer que a vigência não é regulada pelas ordens internas dos Estados, podendo
todavia estar dependente de atos produzidos nestas)- art.24º e 25º CV69. O regime
relativo à entrada em vigor da convenção pode apresentar várias configurações-tipo,
fazendo depender a mesma de alguma das seguintes circunstâncias, nomeadamente
da troca ou depósito de um dado número de instrumentos de vinculação
(imediatamente ou decorrido um dado período de tempo); da troca ou depósito dos
instrumentos de vinculação de uma dada percentagem ou categoria de Estados; ou de
uma data especifica.
Depois de iniciada a vigência internacional de uma convenção segundo as regras nela
estabelecidas, essa vigência não se suspende caso as condições de entrada em vigor
deixem de se verificar, exceto se tal efeito estiver expressamente previsto (art.55º
CV69).

7. Refira-se à obrigação e efeitos do registo das convenções internacionais.


Está expressamente consagrada a obrigação de registo (art.102º/1 CNU) através do
envio ao Secretário-geral das NU. Se a convenção for bilateral tal obrigação cabe às
partes, sendo multilateral cabe ao depositário. A falta de registo impede as partes de
invocarem a convenção perante qualquer órgão das NU (art.102º/2 CNU). A obrigação
de registo visa garantir o carácter público das convenções, contrariando a prática
diplomática secreta desde o século XIX que era sentida como contribuindo para a
instabilidade internacional.

8. Explique o surgimento e importância dos acordos em forma simplificada.


A designação de acordos em forma simplificada utiliza-se para as convenções cuja
vinculação decorre da assinatura. O aparecimento de um processo abreviado resulta
fundamentalmente de dois fatores: por um lado da urgência que a celebração de
algumas convenções impõe e por outro, com a cada vez maior atividade convencional
conduzida pelos executivos.
A sua introdução advém dos executive agreements americanos que terão surgido no
final do séc.XVIII, cuja prática foi sendo acolhida na Europa durante o séc. XIX, tendo-
se generalizado no séc.XX e referindo-se atualmente a mais de metade das convenções
concluídas.
A prática dos acordos em forma simplificada consagrou soluções que diminuem
consideravelmente o tempo necessário ao processo de conclusão da convenção.

9. Distinga a entrada em vigor de uma convenção, da entrada em vigor para um só


Estado e ainda da sua aplicação.
Deve-se distinguir a entrada em vigor no plano internacional da entrada em vigor para
um determinado Estado. Não sendo necessário que uma convenção vincule
simultaneamente todos os estados, pode ocorrer depois da entrada em vigor da
convenção outras vinculações, impondo um regime específico. Frequentemente as
convenções dispõem que a entrada em vigor nestes casos ocorra na data do depósito
do instrumento de vinculação, decorrido um determinado tempo depois dessa data,
numa data especifica ou ainda verificadas determinadas condições.
Convém ainda distinguir entrada em vigor de aplicação efetiva. Na verdade as
condições de aplicação podem ser diferentes das de entrada em vigor, mesmo estando
em vigor uma convenção pode não se aplicar, se essa aplicação derivar da verificação
de determinadas condições.

Lição XI- Convenções multilaterais particularidades

1. Identifique as particularidades das convenções multilaterais estudadas, salientando


a respetiva função e importância.
Primeiramente temos particularidades no que toca à negociação, sendo que nas
convenções bilaterais esta se realiza através de propostas e contrapropostas e nas
convenções multilaterais através de conferência intergovernamental.
Em segundo lugar, temos a assinatura diferida, esta corresponde à admissão à
assinatura de Estados que negociaram mas não assinaram no devido tempo ou que
não negociaram de todo (esta apenas ocorre quando prevista no tratado, se não
estiver prevista o depositário deverá informar o Estado que tem a sua pretensão).
Em terceiro lugar temos particularidades referentes à adesão, esta corresponde a um
ato pelo qual um Estado que não assinou uma convenção exprime o seu
consentimento a vincular-se à mesma, substitui a assinatura ou a ratificação; esta é
admitida quando esteja prevista na convenção, se por outra forma se verifique ser
essa a vontade das partes ou se todas as partes concordarem nesse sentido.
Em quarto lugar temos como particularidade as reservas, estas pretendem um regime
especial para o Estado que as formula (não são possíveis nas convenções bilaterais);
estas deverão ser formuladas com a vinculação (regra geral), excecionalmente
poderão ser formuladas antes (com assinatura tendo de ser confirmadas
posteriormente) ou poderão excecionalmente ser formuladas depois (estas em
principio não são aceitáveis a menos que os estados digam o contrário).
Em quinto lugar temos como particularidade as declarações interpretativas, estas ao
contrário das reservas não visam excluir ou modificar o efeito jurídico de disposições
convencionais, mas apenas clarificar o seu sentido e alcance; o estado quando diz que
lê uma determinada norma de uma forma lê essa norma de forma a ser aplicada da
mesma forma a todos no seu parecer; não visa um regime especial para si mesmo,
apenas uma clarificação.

2. Diga o que entende por adesão e explique sumariamente o seu regime.


A adesão consiste num ato de vinculação para sujeitos que não participaram no
processo de conclusão da convenção, e que, portanto, não a assinaram. Substitui
assim quer a assinatura quer a ratificação. Assim com a adesão a vinculação decorre
do depósito do instrumento de um único ato. O regime da adesão está fixado no
art.15º CV69 e estabelece que esta se admite quando esta esteja prevista na
convenção, se por outra forma se verifique ser essa a intenção das partes ou se todas
as partes concordarem nesse sentido. Ainda no que diz respeito ao regime da adesão a
doutrina divide-se entre convenções abertas (a adesão está prevista na convenção) e
convenções fechadas (a adesão não está prevista na convenção). Dentro das
convenções abertas distinguem-se 3 variantes: a abertura total (a convenção admite a
adesão por via do mero depósito do instrumento), abertura condicionada (se existirem
requisitos cujo cumprimento seja necessário) e a semiabertura (quando apesar de a
adesão estar prevista, esta apenas pode ocorrer após convite ou exigindo a negociação
de um tratado de adesão).
É ainda de referir que sendo recebido um pedido de adesão antes de estarem
preenchidas as condições exigidas (para a entrada em vigor da convenção), o
depositário deve informar o Estado que o tenha apresentado que o instrumento será
guardado até que tais condições estejam preenchidas, momento em que a adesão de
produzirá (ficando suspensa até esse momento).

3. Diga o que entende por reservas, identifique os seus efeitos, as suas vantagens e os
seus inconvenientes.
Uma reserva corresponde a uma declaração unilateral feita por um Estado quando
assina, ratifica, aceita ou aprova um tratado ou a ele adere (ou seja, no momento da
sua vinculação), pela qual visa excluir ou modificar o efeito jurídico de certas
disposições do tratado, ou da convenção no seu todo, na sua aplicação a esse mesmo
estado (art.2º/1 d) CV69).
As reservas têm como efeito condicionar a vinculação, o estado faz depender a sua
vinculação da aceitação dessa mesma reserva. O segundo efeito decorre da aceitação,
sendo a modificação do efeito jurídico de certas disposições dessa convenção ou da
convenção no seu todo, na sua aplicação ao sujeito que a formula. A aceitação de uma
reserva terá sempre como efeito o acolhimento de um regime especial no seio do
regime geral.
Em termos de vantagens deve assinalar-se, desde logo, o facto de facilitarem a
vinculação (a flexibilização certamente que permite obter a vinculação de um número
mais alargado de Estados), favorecendo assim a extensão dos regimes, apoiando a sua
generalização. A segunda vantagem prende-se com o funcionamento das conferências
intergovernamentais, a admissão das reservas evita o prolongamento excessivo dos
trabalhos destas, na medida em que torna menos importante o consenso sobre os
textos já que eventuais divergências de pormenor poderão ser posteriormente
contornadas.
No que toca às desvantagens, em primeiro lugar, estas podem conduzir a uma
alteração indireta dos regimes, já que muitos dos participantes podem solicitar a
modificação do mesmo efeito jurídico, tornando assim regra geral aquilo que
supostamente deveria ser mera exceção. Outra desvantagem revela-se do facto de a
formulação sistemática de reservas retirar a clareza ao regime, já que passa a ser difícil
aferir quando em relação a quem e em que termos o regime se aplica.

4. Diga o que entende por assinatura diferida e explique a relevância deste mecanismo.
A assinatura diferida consiste em transformar a cerimónia de assinatura (que por
norma se restringe aos estados que participaram na negociação) num período aberto
durante o qual os Estados que estejam em condições de o fazer decidam nesse
sentido, podem praticar esse ato.
A assinatura diferida apresenta diversas vantagens, sendo a mais importante o facto
de permitir logo após a negociação integrar no processo de conclusão da convenção os
Estados que não puderam ou não quiseram participar na negociação. No caso de
convenções multilaterais gerais este expediente não permite apenas alargar desde
cedo o número de Estados envolvidos (o que dá mais consistência ao regime) como
ainda frequentemente facilita a entrada em vigor se esta depender do depósito de um
dado número de instrumentos de ratificação.

5. Explique o surgimento das reservas e refira-se à evolução da prática nesta matéria.


Até ao final do séc.XIX a ratificação ou adesão às convenções era entendida como um
todo, admitindo-se apenas a aceitação integral ao regime nela estipulado. A prática
inicial foi mais tarde contrariada dando origem a um regime em que as reservas teriam
de ser unanimemente aceite, esta vertente foi firmemente defendida pelos estados
europeus no pós I guerra mundial, todavia surgiu uma prática diversa na américa, esta
formulava 3 niveis de direitos e obrigações entre os estados signatários: entre estados
que não houvessem formulado reservas (aplica-se o regime formulado no texto); entre
estados que formulassem reservas e estados que as tivessem aceite (aplica-se o
regime resultante da modificação) e os casos em que a formulação da reserva surgisse
depois da entrada em vigor da convenção (esta não se aplicaria entre o estado que
formulasse a reserva e os estados que não a aceitassem). Estas duas perspetivas
coexistiram até depois da II guerra mundial, mais tarde o secretário geral das nações
unidas sob pressão solicitou um parecer à CDI e ao TIJ, sendo que os termos desse
parecer viriam a constituir a base do regime hoje acolhido na CV69. As reservas
mantiveram-se inscritas na lista de matérias em apreciação da CDI, sendo iniciado um
trabalho de quase 20 anos que veio a resultar no Guia da Prática das Reservas,
concluído em 2011.

6. Explique que autoridades nacionais podem formular reservas, em que momentos o


podem fazer e quais as exigências formais a que a formulação está sujeita.
Segundo o GPR, em geral, quem tem competência para formular reservas são os
representantes dos Estados ou OI que disponham de poderes para adotar ou
autenticar o texto da convenção ou para exprimir o consentimento a vincular-se.
Em matéria de reservas, as exigências formais são expressas, tanto a formulação como
a comunicação, a confirmação, a objeção e a própria retirada ou levantamento têm de
ser dirigidas ao depositário e efetuadas por escrito (art.23º/1 CV69).
A reserva deve ser formulada com a vinculação pois esta é uma condição da mesma
(no momento em que o Estado se pretende vincular deverá dizer que tem uma
reserva), excecionalmente poderá ser formulada antes (com a assinatura, porém tem
de ser confirmada posteriormente com a vinculação), ou poderá ser formulada
excecionalmente depois (estas em principio não são aceites a menos que os Estados
digam o contrário).

7. Distinga reservas de declarações interpretativas assinalando as principais diferenças


dos regimes.
As reservas têm como objetivo modificar ou extinguir o efeito jurídico de certas
disposições de uma convenção ou da convenção no seu todo. Já as declarações
interpretativas não visam modificar ou extinguir o efeito jurídico, mas sim apenas
clarificar o sentido de uma determinada norma da convenção, ao contrário das
reservas (que pretendem um regime especial para o Estado em questão) as
declarações interpretativas pretendem clarificar uma determinada coisa sendo que o
seu entendimento sobre essa coisa é igual tanto para o estado em questão como para
todos os outros estados, aos olhos do estado que a formula.
As reservas devem ser formuladas com a vinculação, porém poderão ser formuladas
excecionalmente antes ou depois da mesma; já as declarações interpretativas podem
ser formuladas a todo o tempo e não têm de ser confirmadas.
As declarações interpretativas ao contrário das reservas não condicionam a vinculação,
pois se o fizerem passam a ser consideradas declarações interpretativas condicionais
seguindo o mesmo regime que as reservas.

8. Refira-se aos regimes de admissibilidade e aceitação das reservas.


No que diz respeito à admissibilidade, o regime consagrado na CV69 parte do principio
da liberdade, ou seja, afirma como regra geral a admissibilidade ou a presunção da
validade das reservas, estas apenas não poderão ser incompatíveis com o objeto do
tratado.
No que diz respeito à aceitação das reservas, sendo que a formulação de uma reserva
condiciona a vinculação temos de ver se essa condição (reserva) foi aceite ou não, pois
se não tiver sido aceite a vinculação não ocorre.
O regime da aceitação das reservas distingue 4 situações:
- Se a convenção admite expressamente a formulação de reservas não é necessária
uma manifestação pois a aceitação está previamente produzida.
- No caso de uma convenção multilateral geral basta a aceitação de uma das partes.
- No caso de uma convenção multilateral restrita tem de ser aceite por todos. É
importante referir que se os estados não se pronunciarem presume-se a aceitação
decorridos 12 meses sobre a notificação da reserva.
- No caso das organizações internacionais tem de existir aceitação por parte do órgão
competente da mesma.

Lição XII- Convenções internacionais: vinculação do estado português

1. Identifique sumariamente as fases do processo de vinculação do Estado Português,


referindo os órgãos com competência para a prática dos diferentes atos.
Primeiramente temos a negociação, esta é da competência exclusiva do Governo,
podendo ocorrer uma eventual participação das regiões autónomas nos assuntos que
sejam do seu interesse, esta ocorre por intermédio do MNE, podendo ser atribuídas
funções a outros departamentos governamentais, sob a supervisão do MNE.
Em segundo lugar, temos a assinatura, esta é da competência do governo (regra geral)
sendo exercida em conselho de ministros ou pelo primeiro ministro; excecionalmente,
pode ser exercida por um plenipotenciário desde que com autorização.
Em terceiro lugar temos a aprovação, esta pode ser da competência da assembleia da
república (regra geral), tendo esta competência em tratados solenes, acordos em
forma simplificada (cuja matéria se enquadre nos art.164º e 165º CRP) e ainda nos
acordos que são da competência do Governo mas que este decide submeter à sua
apreciação. A aprovação pode também ser da competência do Governo (competência
residual). O ato através do qual a AR aprova um convenção é uma resolução e o ato
através do qual o Governo aprova uma convenção é um decreto simples.
Em quarto lugar temos a intervenção do PR, esta é obrigatória, este pode intervir
solicitando uma fiscalização preventiva da constitucionalidade, se de facto existir
inconstitucionalidade deve suscitar a apreciação do TC, se este confirmar a
inconstitucionalidade o PR deverá vetar e devolver ao órgão que tiver aprovado (se o
órgão for a AR esta poderá confirmar a norma inconstitucional; noutra situação a
norma terá de ser expurgada). Verificada a constitucionalidade se se tratar de um
tratado solene o PR ratifica através de um decreto (sendo esta um ato livre, ou seja o
PR não é obrigado), se se tratar de um acordo em forma simplificada o PR assina o ato
de aprovação (sendo esta vinculada, ou seja o PR é obrigado).
É ainda de referir a obrigatoriedade da referenda ministerial dos atos de ratificação ou
de assinatura (sob pena de incorrer em inexistência jurídica), a publicação no DR (sob
pena de incorrer em ineficácia jurídica). Podemos ainda referir a necessidade de envio
ao Secretário da ONU e o consequente registo, sendo que a falta deste impede a parte
de o invocar perante as nações unidas.

2. Assinale as principais particularidades do processo de vinculação do Estado


português.
Como particularidades temos a não vinculação pela assinatura (sendo necessário
sempre mais um ato, a aprovação). A segunda particularidade tem a ver com a
previsão de acordos em forma simplificada sujeitos à aprovação pela AR, esta apenas
de distingue dos tratados solenes na medida em que retira ao PR a apreciação politica.
Em terceiro lugar temos a inexistência de um regime para a adesão, enquanto na
perspetiva internacional a vinculação decorrerá da adesão, na perspetiva nacional essa
vinculação parece ter de resultar sempre da aprovação ou ratificação.
Em quarto lugar podemos salientar a extensão da intervenção do PR (chefe de estado),
esta incide sobre todas as convenções, esta extensão parece justificar-se no intuito de
permitir o controlo preventivo da constitucionalidade.

3. Distinga a ratificação pelo PR da assinatura do PR dos atos de aprovação.


A distinção entre ratificação e assinatura é simples, a ratificação dirige-se ao tratado e
é um ato não vinculado ou livre que produz a vinculação; já a assinatura incide sobre o
ato de aprovação, é vinculada e limita-se a aferir o cumprimento das exigências
constitucionais.

4. Distinga o ato de assinatura do PR (da resolução ou do decreto que aprovam


convenções) da assinatura das convenções internacionais, competência do governo.
A assinatura do ato de aprovação é da competência do PR e é um ato interno que
incide sobre outro ato interno visando a produção de efeitos também eles internos; já
a assinatura da convenção é da competência do Governo e é um ato internacional que
incide sobre a própria convenção, visando a produção de efeitos também eles
internacionais.

Lição XIII- Convenções internacionais: validade

1. Distinga personalidade de capacidade judiciária e refira as consequências da


incapacidade dos sujeitos de direito internacional.
Para uma convenção ser válida, os sujeitos têm de ter capacidade convencional, ou
seja, para além de existirem enquanto sujeitos (e de terem assim personalidade
jurídica internacional), hão-de dispor de capacidade para se vincularem à convenção
em causa.
A falta de capacidade dos sujeitos não determina a invalidade do ato, este pode
subsistir, nomeadamente enquanto contrato, perdendo, todavia, a qualidade
convencional- sendo, portanto essa a consequência imediata e obrigatória da
incapacidade das partes.

2. Identifique e explique sumariamente as condições de validade das convenções


internacionais.
Podemos observar como primeiro requisito para a validade da convenção a
capacidade das partes, ou seja, para uma convenção ser válida, os sujeitos têm de ter
capacidade convencional, ou seja, para além de existirem enquanto sujeitos (e de
terem assim personalidade jurídica internacional), hão-de dispor de capacidade para
se vincularem à convenção em causa. Como segundo requisito temos a licitude do
objeto, é necessário que o objeto seja licito, em direito internacional a questão da
licitude do objeto levantou desde cedo um problema especial, que consistia em
determinar o corpo de regras por confrontação do qual se pudesse retirar ou avaliar a
licitude, o problema foi parcialmente ultrapassado com a consagração expressa e
consequente desenvolvimento do conceito de ius cogens (as convenções têm de ser
compatíveis com o ius cogens). Como terceiro requisito temos a regularidade do
consentimento, sendo que o consentimento deve ser regular, formalmente e
materialmente, não podendo ser adulterado de qualquer forma sob pena de incorrer
numa nulidade.

3. Diga o que entende por ius cogens referindo-se à formação deste conceito no plano
internacional.
O conceito cuja introdução pela CDI não foi pacifica levanta dificuldades a vários níveis
que devem ser analisados desde o inicio. A primeira dificuldade surgiu quanto à
determinação do âmbito do ius cogens, primeiro procurou-se determiná-lo
materialmente por referência às regras internacionais de âmbitos especiais, mas isso
tornou-se impossível/ impraticável; depois defendeu-se a referência ao direito natural
mas também essa via padecia da indefinição dos próprios limites.
O regime acolhido na CV69 define o ius cogens como o conjunto de normas às quais
nenhuma derrogação é permitida (e que só podem ser modificadas por uma nova
norma de direito internacional geral com a mesma natureza) de direito internacional
geral aceites e reconhecidas como tal pela comunidade internacional. A definição
constituiu um marco na evolução do ius cogens, cuja existência deixaria de ser
questionada.
O ius cogens trata-se de um direito cujo grau de imperatividade o distingue das
restantes regras de direito internacional, dito positivo, tratam-se de regras perentórias
indisponíveis, ou seja, que as partes de uma convenção não podem afastar nas suas
relações mútuas (derrogar), nem modificar. As convenções cujas normas violem este
tipo de normas incorrerão numa nulidade absoluta.

4. Explique em que termos a irregularidade formal do consentimento pode afetar a


validade deste consentimento.
O art.46º CV69 consagra um regime compromissório assente no principio de que as
irregularidades formais não afetam a validade. O principio não pode todavia ter uma
aplicação absoluta, por isso, a titulo excecional, admite-se que as irregularidades
formais gerem uma nulidade (relativa), sem o que quaisquer atos de duvidosa
imputabilidade às autoridades nacionais poderiam ser considerados como vinculando
os estados. O regime impõe dois requisitos para que estas irregularidades se revelem:
que a violação tenha sido manifesta e que diga respeito a uma norma de importância
fundamental.

5. Distinga nulidades absolutas de nulidades relativas identificando o respetivo regime.


A nulidade absoluta é de interesse geral e pode ser invocada por qualquer interessado,
já a nulidade relativa é de interesse particular e só pode ser invocada pelo particular
interessado em questão.
O aspeto mais marcante da distinção entre os regimes é o da possibilidade de sanação
do vicio, restringe-se essa possibilidade às situações previstas nos art.46º a 50º CV69,
as quais constituirão nulidades relativas.
As nulidades relativas afetam apenas o consentimento e por isso a sua invocação visa
invalidar esse consentimento; já as nulidades absolutas quando invocadas visam a
anulação do tratado num todo.
No caso das nulidades relativas é admitida a expurgação dos vícios por divisibilidade,
mas afirma-se a indivisibilidade absoluta no tocante às nulidades absolutas.

6. Explique os efeitos da nulidade das convenções internacionais.


A nulidade tem como efeito a cessação da vigência, pois um tratado nulo não tem
força jurídica, convém porém constatar que só as nulidades absolutas implicam a
nulidade da convenção, sendo que as nulidades relativas apenas afetam o
consentimento do estado em vincular-se, não impedindo necessariamente a
convenção de continuar em vigor.
Outro efeito é a retroatividade, se eventualmente produziram efeitos tais efeitos são
indevidos, pelo que deverá em regra restabelecer-se a situação que existiria não fosse
essa vigência imprópria.
Por último temos como efeito a indivisibilidade, verificando-se a existência de uma
causa de nulidade esta afeta em princípio todo o tratado.

7. Refira-se ao erro e explique em que termos este afeta a validade das convenções.
Por erro deve entender-se uma prefiguração incorreta da realidade, este só releva se
incidir sobre um elemento essencial e, nessa medida, insuscetivel de obrigar as partes
à luz do principio da boa-fé. O erro não pode ser invocado quando o estado tenha
contribuído para o mesmo ou se tivesse apercebido dele, o erro dá origem a uma
nulidade relativa, podendo ser invocado apenas pelo interessado afetado pelo mesmo.

8. Distinga corrupção de dolo.


O dolo corresponde a uma conduta fraudulenta (de um estado que tenha participado
na negociação), conduta essa que terá de ter conduzido um estado a vincular (não
releva o dolo praticado por um estado que não tenha participado na negociação e não
releva também a conduta fraudulenta que tenha conduzido à abstenção).
A corrupção corresponde a uma subespécie de dolo (já que para todos os efeitos se
trata de uma conduta fraudulenta que conduz à vinculação).

9. Distinga a coação sob o estado da coação sob o representante.


A coação sobre o representante envolve qualquer tipo de violência (direta ou indireta)
ou chantagem. Na coação sobre o representante apenas releva para o efeito a ameaça
ou uso da força física. A distinção entre as duas deve fazer-se, não em razão do
eventual destinatário da ameaça ou agressão, mas antes em razão dos interesses
ameaçados (se são interesses do Estado ou interesses do representante).

10. Refira-se às exceções ao principio da retroatividade das nulidades.


Se a nulidade foi provocada pela atuação voluntária da outra parte (como é o caso da
corrupção e da coação) é retirada a esta a possibilidade de solicitar tal
restabelecimento, assim obsta que ninguém possa obter vantagem do seu ato ilícito.
Outra exceção refere-se aos atos praticados de boa-fé que não são afetados pela
invalidade, não tendo que ser resposto aquilo que foi gasto por exemplo.

11. Refira-se às exceções ao principio da indivisibilidade.


Também no caso da indivisibilidade subsistem dois regimes excecionais:
-a divisibilidade obrigatória (dever-se-á solicitar a divisão, expurgando-se apenas as
cláusulas viciadas se o vicio afeta apenas determinadas cláusulas).
-divisibilidade facultativa (tratando-se de dolo ou corrupção o estado cujo
consentimento foi afetado pode optar entre invocar essa nulidade em relação a todo o
tratado ou apenas em relação às cláusulas afetadas).

Lição XIV- Convenções internacionais: aplicação

1. Identifique as principais exceções ao principio da relatividade das convenções


internacionais.
O principio geral em matéria de feitos das convenções em relação a terceiros é o da
relatividade, ou seja, o de que uma convenção apenas produz efeitos relativos (e não
absolutos ou gerais), o mesmo é dizer que os efeitos se esgotam dentro da esfera
jurídica das partes, ou ainda, que não criam direitos nem obrigações para um terceiro
estado sem o consentimento deste.
São correntemente admitidas exceções a este principio, exceções essas que decorrem
desde logo do consentimento dos terceiros, mas podem surgir fora desse
consentimento.
O consentimento de terceiros regula-se de forma separada no que diz respeito aos
efeitos relativos a direitos e a obrigações, no que diz respeito às obrigações é
necessário um consentimento expresso, no que diz respeito aos direitos presume-se o
consentimento uma vez que se trata de uma vantagem.
Fora do consentimento de terceiros deparamo-nos com um conjunto de situações em
que as convenções produzem efeitos para terceiros porque o seu regime
excecionalmente extravasou a relatividade para se tornar oponível a todos os
terceiros. A principal exceção ao principio da relatividade resulta do surgimento de um
costume (nada se opõe a que uma norma enunciada num tratado se torne obrigatória
em relação a terceiros estados como uma norma consuetudinária, reconhecida como
tal); para além disso ainda se registam outras situações excecionais como a criação de
situações objetivas, a criação de entidades cuja existência é oponível a terceiros ou por
emanação de normas universais.

2. Refira-se às exigências típicas das ordens internas dos estados para o inicio de
execução das convenções internacionais.
A execução das convenções na ordem interna inicia-se com uma introdução na ordem
interna (ou seja pelo preenchimento das condições de aplicabilidade existentes nessa
ordem), trata-se de uma obrigação de resultado resultante do principio da boa fé. O
processo tradicional de inicio da execução na ordem interna consiste na prática de um
ou mais atos especialmente destinados a efetuar essa introdução (ex. promulgação).
A execução dos tratados supõe também a adoção de medidas internas de execução. A
doutrina vem defendendo que deve reconhecer-se em principio o efeito direto às
disposições das convenções que criam direitos a particulares (sem o que lhes estaria a
retirar o seu efeito principal).

3. Diga o que entende por boa-fé na execução das convenções internacionais.


Execução de boa-fé significa sem fraude à lei, com fidelidade e lealdade aos
compromissos assumidos (sem privar a convenção do seu objeto ou fim). Os estados
devem não só adotar as medidas necessárias à execução, mas também têm a
obrigação de facilitarem o cumprimento dos objetivos e bem assim a obrigação de se
absterem das medidas que dificultem ou ponham em perigo essa realização.

4. Identifique as técnicas convencionais destinadas a facilitar o controlo da execução


das convenções internacionais.
-Preferência pela fixação de obrigações de resultado em alternativa a fixação de
obrigações de comportamento (as obrigações de resultado são mais fáceis de cumprir.
-Preferência pela fixação de cláusulas derrogatórias (em alternativa a cláusulas de
salvaguarda), se os regimes excecionais assentarem em cláusulas de salvaguarda o
abuso é facilitado, uma vez que são invocáveis unilateralmente, por isso são
preferíveis as cláusulas derrogatórias segundo as quais a suspensão da execução exige
o acordo entre as partes, regime esse evidentemente menos suscetivel a utilizações
abusivas, por isso garantindo uma melhor execução dos tratados.

5. Justifique a não retroatividade da aplicação das convenções internacionais.


Esta justifica-se por duas razões, primeiramente por segurança jurídica (em termos
gerais) e ainda de forma a evitar atrasos na aplicação (que decorriam da necessidade
de maior ponderação na vinculação se tais efeitos pudessem admitir-se).

6. Explique qual o regime da aplicação territorial das convenções internacionais.


A aplicação das convenções estende-se em regra à totalidade do território das partes,
porém esta regra não é absoluta podendo ser contrariada pelo tratado em si (implícita
ou explicitamente). A maioria das situações especiais surge porque existem territórios
que beneficiam de regimes jurídicos distintos (segundo o direito interno dos estados),
as mais comuns são a cláusula federal (excluem-se os estados federados da obrigação
de execução de um tratado); temos também a cláusula colonial (que exclui do âmbito
de aplicação os territórios de colónias ou províncias ultramarinas); no que diz respeito
às zonas às quais os estados não exercem plena soberania subsiste um debate sobre a
aplicabilidade parecendo dever presumir-se a não aplicabilidade, salvo quando a
vontade das partes se revele outra.

7. Identifique as causas de não execução das convenções internacionais.


A não execução das convenções por desconformidade com o direito interno só
excecionalmente pode justificar-se, apenas quando verificados os requisitos do art.46º
CV69 (a importância fundamental da norma e o caracter manifesto da violação) essa
inexecução se pode admitir.
As partes de uma convenção podem consentir no incumprimento, ou ainda darem
origem a situações de ameaça ou agressão que justifiquem essa não execução por
legitima defesa, pela adoção de contramedidas.
Admite-se ainda a não execução em razão de elementos exteriores (independentes do
comportamento das partes) nomeadamente em casos de força maior, ação direta ou
estado de necessidade.

8. Refira-se às garantias de execução das convenções internacionais.


A execução das convenções internacionais está garantida pelos mecanismos gerais
(regime da responsabilidade internacional e a suscetibilidade de adoção de
contramedidas- estas servem para um estado pressionar outro a cumprir as suas
obrigações, sempre sem coação militar). Esta é também garantida por outros
mecanismos, como por exemplo os mecanismos permanentes de controlo que
funcionam no seio das OI e também os mecanismos especiais de garantia, como é o
caso do gage (que consiste numa afetação especifica ou mecanismo de reciprocidade
especial), e também outras garantias de potências e as garantias de instituições ad hoc
criadas para efeitos de monitorização e controlo da execução.
A estipulação expressa de mecanismos de regulação pacifica dos conflitos constitui a
solução que melhores garantias oferece da boa execução das convenções.

Lição XV- Convenções internacionais: suspensão e cessação da vigência

1. Distinga causas de nulidade de causas de cessação da vigência.


As causas de nulidade ocorrem necessariamente até ao momento da vinculação,
sendo um dos seus efeitos a retroatividade. Diferente deste enquadramento são os
casos de cessação da vigência, aqui referimo-nos a situações anteriores ou posteriores
à entrada em vigor da convenção que por alguma razão vão fazer com que a
convenção deixe de vigorar, esta não é retroativa (apenas afeta o futuro da
convenção), enquanto a nulidade afeta toda a existência da convenção (incluindo o
seu passado- se algum efeito jurídico tiver sido produzido).

2. Distinga denúncia e recesso.


O recesso ocorre nas convenções multilaterais enquanto a renúncia ocorre nas
convenções bilaterais. A diferenciação dos termos a utilizar decorre essencialmente da
diferença existente nos efeitos de uma e outra figura. A denúncia implica o fim da
convenção, toda a denúncia extingue a convenção (pois não pode existir uma
convenção com apenas uma parte). Diversamente o recesso refere-se à retirada, saída
ou abandono por uma parte, ou seja, implica também a cessação da vigência para uma
parte, mas tratando-se de uma convenção multilateral essa cessação não impede que
a convenção continue a vigorar para as restantes partes.

3. Explique os efeitos que a violação substancial pode ter na vigência de uma


convenção.
O regime da violação substancial das regras de uma convenção por uma parte apenas
autoriza a cessação da vigência nas convenções bilaterais, porém não é automático, é
necessário que a outra parte desencadeie o processo. Nas convenções multilaterais a
violação substancial das circunstâncias só autoriza a cessação se todas as partes
acordarem nesse sentido.

4. Distinga a impossibilidade superveniente da alteração das circunstâncias.


Os regimes da impossibilidade superveniente e da alteração fundamental das
circunstâncias regulam situações contíguas (iniciada a vigência de uma convenção
podem sobrevir circunstâncias que tornem mais difícil ou mesmo impossível o seu
cumprimento), claro que se o cumprimento for impossível a parte pode invocar essa
circunstância para conforme o caso pôr termo à sua vigência ou para se retirar da
convenção (aqui trata-se de impossibilidade superveniente, sendo que seria difícil
prever outra solução uma vez que a impossibilidade não é contrariável por uma via
normativa, estando este regime facilitado por natureza). A questão sensível coloca-se
face a alterações das circunstâncias que não tornam impossível o cumprimento mas
dificultam-no em termos substanciais; estas não podem ser invocadas como motivo
para pôr fim a um tratado ou deixar de ser parte dele (regra geral), porém a titulo
excecional é autorizado que a alteração das circunstâncias leve à cessação da vigência
se estiverem verificados 2 requisitos: a existência dessas circunstâncias ter constituído
uma base essencial do consentimento das partes a obrigarem-se pelo tratado; e se
essa alteração tiver por efeito a transformação radical da natureza das obrigações
assumidas no tratado).

5. Refira-se aos efeitos dos conflitos armados na vigência das convenções.


Na visão tradicional, existindo um conflito armado ocorre a cessação da vigência da
convenção. Porém isto não é bem assim, por exemplo quando existem convenções em
que o objeto é um conflito armado (ex. cruz vermelha), assim a eclosão de um conflito
armado não implica a extinção dos tratados nem a suspensão da sua aplicação.

6. Refira-se ao regime de invocação de cessação ou suspensão da vigência, ao


procedimento a adotar e aos efeitos decorrentes de ambas.
O regime de suspensão da vigência deve, sempre que possível considerar-se uma
alternativa preferível à cessação da vigência. Tal como vimos a cessação da vigência
das convenções pode ocorrer nos termos previstos nas próprias convenções e em
geral por consentimento das partes, mas surge também a titulo incidental. Quanto aos
efeitos da cessação da vigência deve dar-se a devida atenção ao disposto no art.70º.
No tocante aos efeitos da suspensão devemos atentar ao art.72º CV69.

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