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Faculdade de Direito

Direito Internacional Público

Quais os Fundamentos para existência do Direito Internacional Público?


Explique a ideia dos principais autores. Discorra sobre a Denominação da disciplina
utilizando as ponderações dos autores.

De acordo com Celso Mello, o Direito Internacional tem sua origem enquanto o
Direito da Guerra, a fim de evitar que os conflitos ocasionassem a destruição dos Estados.
Ademais, autores como Samuel Pufendorf, Christian Wolf e Emerech de Vattel defendem a
ideia de o Estado reger-se inicialmente pela Lei natural, estando a origem do Direito
Internacional ligada a tal aspecto.
Estudiosos modernos, a exemplo de Triepel, em "Droit International et Droit Interne"
(1920), Hans Kelsen, Verdross, Jellinek, Bustamante, Calvo e Sá Viana buscam explicar a
ordem jurídica internacional por meio de duas principais linhas de pensamento: o
voluntarismo e o objetivismo. Para os pensadores da primeira, o Direito Internacional
resultaria da vontade dos Estados, dentro de tal ideia, desenvolveram-se diversas teorias como
a teoria da autolimitação, teoria da delegação do direito interno, teoria do consentimento das
nações e entre outras. De acordo com a teoria da autolimitação, defendida por Georg Jellinek,
apenas em função de sua vontade o Estado se submete ao Direito das Gentes, sendo esta
autolimitação um ato voluntário. Para Max Wenzel, teórico também voluntarista e defensor da
teoria da delegação do direito interno, o Direito das gentes buscava sua justificação no direito
interno de cada Estado, assim, a teoria de Wenzel se relaciona com a da autolimitação, sendo
como que uma extensão dela. Já para o objetivismo, o era preciso afastar o elemento
subjetivo e considerar como base do Direito Internacional os princípios, os costumes e as
normas internacionais, as principais teorias dessa forma de raciocínio são a teoria da norma
fundamental, as teorias sociológica, a teoria pacta sunt servanda e entre outras. Segundo a
teoria pacta sunt servanda, de Anzilotti, a obrigatoriedade do Direito Internacional baseava-se
no princípio de Direito Romano de que os pactos devem ser cumpridos e respeitados, assim,
os Estados se sujeitariam ao que foi acordado. O jurista Hans Kelsen seguia a teoria da
norma-base, segundo a qual uma norma jurídica possuiria validade quando estivesse
totalmente integrada ao ordenamento, dessa maneira, não se trataria de um ato de vontade por
parte dos Estados, dado que a norma fundamental agiria na formação tanto do Direito
Internacional quanto do Interno.
Em 1920, a Corte Internacional de Justiça listou, em seu art. 38, o que seriam as fontes
do Direito Internacional, sendo elas: as convenções internacionais, o costume internacional,
os princípios internacionais e, sob ressalva do art. 59, as decisões judiciárias e a doutrina
publicista mais qualificadas das diferentes nações. Contudo, a doutrina atual traz ainda outras
fontes reconhecidas e as divide em formais e materiais. Dentre as fontes formais do Direito
Internacional, aquelas que esboçam as normas e seu modo de exteriorização, pode-se citar
como exemplo os Tratados não-ratificados por se caracterizarem como processos que levam à
formulação de regras vinculativas e os princípios gerais do direito, que são também
reconhecidos como fontes formais, visto serem aplicáveis a contextos específicos da vida
internacional. As fontes materiais, por sua vez, são as determinantes da origem das fontes
formais e agem como um auxílio em sua compreensão, como exemplo cita-se o próprio art. 38
da Corte Internacional de Justiça.
Acerca da denominação do Direito Internacional, observa-se a existência de três
critérios levados em consideração: Sujeito interveniente (Estados, Organizações
Internacionais e Intergovernamentais, indivíduo); Matéria regulada (objetivo de buscar paz e
estabilidade); Fontes normativas (consuetudinária e convencional). Desse modo, o Direito
Internacional Público seria conceituado como um conjunto de regras e princípios que
disciplinam e regem a conduta da sociedade internacional, buscando alcançar os objetivos
comuns da sociedade. A partir desse conceito, verifica-se uma evolução sobre a denominação
do Direito Internacional Público. A priori, este direito era considerado apenas como uma
espécie de moral internacional, por não possuir coercibilidade. No século XIX, Jeremias
Bentham, autor inglês, utilizou o termo Internacional para argumentar em oposição ao
national law e municipal law, trazendo a ideia de integração entre as nações. Ademais,
segundo Carlos Roberto Husek, a busca pela denominação desse direito passou por diversos
termos, como o próprio Direito das Gentes, Direito Social Universal,Direito Transnacional e
entre outros, chegando até o “Direito Internacional”. Sobre o termo “Público”, adotou-se para
diferenciá-lo do Direito Privado, que também assume caráter internacional. Contudo, o
mesmo autor afirma ser desnecessário o uso do termo “Internacional”, visto ser o “Direito
Internacional Privado” já reconhecido como uma esfera interna de direito e, dessa maneira,
estando intrínseca a diferença entre os dois, ainda para embasar sua crítica, Husek recorre a
Clóvis Beviláqua, que afirma ser o maior inconveniente do termo “Público” a suposição de
existência de dois direitos internacionais, quando são, na verdade, tanto por seus objetos
quanto por seus sujeitos, diferentes.

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