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O presente trabalho tem como tema os Sujeitos do Direito Internacional Público este
que é o ramo da ciência jurídica que visa regular as relações internacionais com o fim precípuo
de viabilizar a convivência entre os integrantes da sociedade internacional. Desta feita, como
este tema caracteriza-se por ser bastante extenso e necessita de uma análise específica encontra-
se dividido em títulos e subtítulos como forma de facilitar uma melhor compreensão. O Direito
Internacional Público surgiu a partir do século XVII, quando se formaram os Estados-Nação com
as características que conhecemos hoje. O ponto limite foi o fim da Guerra dos 30 anos (em
1648), por meio do tratado de Vestefália, quando nasce a soberania nacional.
É sabido que, por suas próprias características, o Estado é, por excelência, sujeito
originário do direito internacional público. Porém, a partir do século XX, organizações
internacionais passam a contracenar com o Estado, para fins de se atingir a finalidade para a qual
a Organização das Nações Unidas fora criada em 1945, no Pós-Segunda Guerra Mundial. Estes,
em conjunto, formam actualmente os chamados sujeitos de direito internacional público,
porquanto criam direitos e obrigações na ordem internacional. Porém, o Direito Internacional em
sentido lato, como em qualquer outro ramo do Direito, acompanha o processo evolutivo da
sociedade e, portanto, não se pode querer restringir o alcance ou os destinatários das leis
internacionais. Neste contexto, sob uma perspectiva bibliográfica doméstica e internacional,
como também jurisprudencial, utilizandose do método dedutivo de pesquisa, perquirir-se-á neste
artigo somente acerca do processo evolutivo de reconhecimento dos sujeitos de direito
internacional público.
Assim como ocorre no Direito doméstico, o Direito Internacional também reconhece que
para ser um sujeito de direito é imprescindível a existência de personalidade, traduzida na ideia
de capacidade de possuir direito, deveres e obrigações, respectivamente, na ordem civil e na
ordem internacional. Para os fins do presente artigo, nos interessam aqueles sujeitos que
possuem direitos e obrigações internacionais (os sujeitos de direito internacional) e aqueles
sujeitos que criam direitos e obrigações para os sujeitos de direito internacional, por possuírem
capacidade para firmar tratados internacionais (os sujeitos de direito internacional público).
Por tais razões é que se buscou diferenciar tais sujeitos dos sujeitos de direito
internacional público. Em outras palavras, o indivíduo (ser humano) só passou a ser sujeito de
direito internacional (com direitos e obrigações internacionais), a partir do momento que se
reconheceram as organizações internacionais como sujeitos de direito internacional público,
capazes de firmar tratados internacionais e garantir direitos.
Objectivos
Objectivo Geral
Objectivos e Específicos
Aspectos Gerais
Tese Clássica Ou Estadualista: Esta defende que apenas os Estados são sujeitos de
Direito Internacional. Assim sendo, Estado e pessoa jurídica internacional são duas noções que
se identificam. Esta tese monolítica que teve como defensores VON LISZT, ANIZILOTTI e
outros, foi ultrapassada, pois hoje reconhecem como sujeito de Direito Internacional para além
do Estado as organizações Internacionais, os Indivíduos, etc.
Tese Individualista: Assenta justamente no pólo oposto: não e o Estado o único sujeito
de Direito Internacional, mas que é antes o indivíduo. Partindo do pressuposto de que o
indivíduo é o verdadeiro sujeito numa sociedade qualquer, a conclusão não pode modificar-se na
sociedade internacional. O verdadeiro sujeito na ordem jurídica internacional será todo o
indivíduo que em cada Estado tenha a seu cargo a direcção das relações internacionais ou que
intervenham activamente nelas. Por cima da sociedade integrada, que é o Estado, e para além
dela, estão as relações individuais motivadas pela sociedade natural. O órgão-Estado, “o
agregado de serviços públicos” é o acidente; a essência das relações internacionais esta no
indivíduo. É de rejeitar esta doutrina, pois não compreende a personalidade jurídica do estado e
das organizações internacionais, que confere a tais, entidades a qualidade de verdadeiros centros
autónomos de direitos e deveres.
Teorias eleticas ou heteropersonalisticas: Para esta, o âmbito do Direito Internacional É
muito vasto. Afirma MIAJA DE LA MUELA em “Introducción al Derecho Internacional
Publico”, os sujeitos aqui são o Estado, as organizações internacionais é o próprio indivíduo.
Esta orientação é a adoptada ou defendida por grosso modo dos publicistas.
Diversamente do que ocorre nos direitos internos, o direito internacional não possui um
processo jurídico ou administrativo para a instituição de pessoas jurídicas. Tal fenômeno pode
tornar difícil a verificação de posse de personalidade jurídica por parte de organizações
internacionais, uma vez que estas são representadas como sujeitos derivados do direito
internacional, ao contrário dos Estados, considerados didaticamente como sujeitos originários. A
solução tem sido a observância daquilo que está geralmente assentado no tratado constitutivo ou
nos instrumentos relacionados. É o caso, por exemplo, da União Europeia, do Mercosul e da
Organização Internacional do Trabalho.
Em sua opinião consultiva sobre a Reparação por Danos Sofridos a Serviço das Nações
Unidas, de 1949, a CIJ foi requisitada pela Assembleia Geral, em razão do assassinato do Conde
Bernadotte, mediador da ONU na Palestina, e outros membros da Missão da ONU na região em
1948, acerca da questão de saber se as Nações Unidas teria capacidade de responsabilizar
internacionalmente um Estado visando a reparação pelos danos causados à Organização e à
vítima.
O exercício das funções e consecução dos objectivos da ONU também é assegurado por
seu artigo 105, que prevê que a organização “gozará, no território de cada um de seus Membros,
dos privilégios e imunidades necessários à realização de seus propósitos”, o que evidencia a
posse de direitos e obrigações pela organização. Tal como a imunidade diplomática gozada pelos
Estados, a imunidade das organizações internacionais consiste em privilégios destinados a
garantir o respeito pela personalidade jurídica e o livre exercício de suas funções. Assim, a CIJ
ao tratar da Disputa Relacionada à Imunidade de Jurisdição de um Relator Especial da Comissão
de Direitos Humanos, Opinião Consultiva emitida em 1999, concluiu que os Relatores Especiais
das Nações Unidas têm direito à imunidade jurisdicional em razão dos serviços que prestam à
organização, o que garante a independência do exercício de suas funções.
Para serem considerados como tal, os sujeitos de Direito Internacional Público devem
guardar relação direta com a norma internacional que lhes atribui direitos ou deveres, sem a
necessidade de qualquer intermediação com os Estados para que estas normas se projetem em
sua esfera jurídica.
Além dos Estados, que detêm personalidade jurídica originária no plano internacional,
também podem ser sujeitos de Direito Internacional Público as organizações
internacionais (Organização das Nações Unidas, Organização dos Estados Americanos, União
Europeia, Organização do Tratado Atlântico Norte, etc.), os indivíduos, a Santa Sé e
o Vaticano.
Conforme a capacidade jurídica no plano internacional e a forma de aquisição da
personalidade, os sujeitos de Direito Internacional Público podem ser classificados em quatro
grupos, a partir do que se desenvolve sua análise:
A fragilidade destes argumentos pode ser ilustrada pela decisão do Tribunal Penal
Internacional (TPI) de não instaurar investigação sobre os supostos crimes de guerra ocorridos
em 2014, na região de Gaza, em acções militares perpetradas por Israel. A decisão foi assim
tomada pela limitação convencionalmente imposta ao Tribunal, no sentido de que pode processar
apenas aqueles crimes cometidos em território (ou por nacionais) de Estados que ratificaram o
Estatuto de Roma ou de alguma outra forma reconheceram sua competência para tanto.
O status de Estado não era conferido, originalmente, pelo direito internacional, mas visto
como condição material de certas entidades políticas inseridas em uma dinâmica de relações
recíprocas. Contudo, atualmente o direito internacional carrega apretensão de definir seu estatuto
jurídico. Nesse sentido, as entidades devem satisfazer os critérios jurídicos internacionais
estabelecidos para fazer jus à qualidade de Estado. Como consequência, todas as prerrogativas
inerentes aos Estados seriam atribuídas a estas entidades, da mesma forma em que as obrigações
gerais oriundas da condição de Estado seriam a elas conferidas.
O Estado nasce antes do direito. Ele precede a ordem normativa que irá regular as suas
interações. Em outras palavras, a ordem jurídica internacional constitui-se como resultado do
estreitamento do convívio de entidades político-sociais. A identificação destas colectividades
como sujeitos do sistema jurídico internacional passa a ser, portanto, tarefa paulatinamente
assumida pelo direito internacional por meio da atribuição de direitos e deveres na esfera
internacional aos entes identificados como Estados.
Como todos os sistemas jurídicos, o direito internacional desenvolveu regras sobre a
personalidade jurídica, que inicialmente eram dominadas pelas características factuais do Estado.
Parâmetros de legalidade passaram a condicionar a atribuição do status de Estado a essas
entidades. Com isso, a qualidade de Estado está menos relacionada aos atributos materiais de
uma determinada entidade do que ao cumprimento de requisitos legais para sua outorga.
O que se prevê é uma certa politização deste reconhecimento. De facto, o Estado deve
permanecer um sujeito de direito suficientemente poderoso e “raro” para pretender conservar um
lugar privilegiado na condução das relações internacionais. O posicionamento dos Estados,
portanto, tende a ser conservador e o nascimento de um Estado dependeria menos do
preenchimento de certas necessidades cuja demonstração concreta é de difícil comprovação e
mais da aceitação dos seus pares. Nesse contexto, certas indagações ainda devem ser formuladas.
Uma compreensão corrente do conceito de Estado envolve dois elementos. Por um lado,
nota-se certa maleabilidade intencional que será manipulada distintamente pelos próprios
Estados nos contextos específicos em que será aplicado. Por outro lado, observase o
estabelecimento de requisitos necessários para a existência estatal. Tem-se aqui uma tensão
entre a autonomia dos Estados na identificação de novos sujeitos e o estabelecimento de regras
objetivas que os autorizem a fazê-lo. Assim, o Estado é um fenômeno histórico, sociológico e
político enquadrado em um sistema normativo e considerado pelo Direito. Não cabe ao direito
internacional criar o Estado; ele definirá os seus critérios e as suas competências.
Em outras palavras, o que é necessário para ser um Estado e o que significa ser um
Estado. A resposta, portanto, está contida em dois elementos essenciais. O Estado é uma
entidade que controla um território de forma estável. Sua natureza está contida no exercício
da função executiva e de produção normativa de uma ordem legal. A principal referência
normativa, neste cenário, é o texto da Convenção de Montevidéu sobre os Direitos e Deveres dos
Estados, de 1933, que particularmente em seu artigo 1º estipula que o Estado como pessoa de
direito internacional deve reunir os seguintes requisitos.
a) População permanente;
b) Território determinado;
c) Governo;
d) Capacidade de entrar em relações com os demais Estados.
É nesse sentido que a Convenção sobre Certas Questões Relativas aos Conflitos de Leis
sobre a Nacionalidade, celebrada na Haia no ano de 1930, estabelece em seu artigo primeiro
que “cabe a cada Estado determinar em suas leis quem são seus nacionais. Esta lei deve ser
reconhecida por outros Estados (...)”. E continua, no artigo seguinte: “Qualquer questão
relativa a determinação se uma pessoa possui a nacionalidade de um Estado deve ser resolvida
de acordo com a legislação desse Estado”. Tal matéria veio a ser igualmente tratada no parecer
consultivo sobre os Decretos de Nacionalidade Emitidos em Túnis e no Marrocos, de 1923, da
Corte Permanente de Justiça Internacional. Com efeito, é questionável se a outorga de
nacionalidade a habitantes regulares de um local é, de facto, imprescindível para a observância
do requisito populacional. Tal vínculo, embora convincente, deixa ainda dúvidas. É certo, por
exemplo, que a concessão da nacionalidade à população permanente de determinado Estado, ao
menos formalmente, deverá sobrevir a sua criação.
Por outro lado, a ausência da concessão do título jurídico de nacionalidade aos residentes
de determinados territórios em casos de sucessão de Estados não poderia implicar no
descumprimento do requisito populacional. Nesse sentido, a nacionalidade dependeria do Estado,
e não o contrário. Assim, na ausência de acordo que disponha de forma distinta, as pessoas que
residam habictualmente no território do novo Estado adquirem automaticamente a nacionalidade
desse Estado, para todos os fins internacionais, e perdem a sua antiga nacionalidade, mas esta
está sujeita às normas do novo Estado que delimitará mais especificamente quem ele considerará
como seus nacionais.
Por fim, deve-se fazer menção a um possível conteúdo substantivo atrelado à
nacionalidade e previsto no direito internacional. Restrições às regras de aquisição e perda de
nacionalidade, embora pontuais, são aceitas no seio do ordenamento jurídico internacional. De
facto, tanto a Declaração Universal dos Direitos Humanos quanto a Convenção Americana
sobre Direitos Humanos, em seus artigos 15 e 20, respectivamente, determinam que ninguém
pode ser arbitrariamente privado da sua nacionalidade nem do direito de mudá-la.
Do mesmo modo, a continuidade territorial não influencia neste critério para atribuição
da qualidade de Estado, que não pode deixar de ser atribuída unicamente em virtude do facto de
um determinado território ser fragmentado. Um Estado pode manter sob sua autoridade
territórios que não estão necessariamente vinculados a suas fronteiras, como é o caso do Alasca,
pertencente aos Estados Unidos. A fragmentação pode ser uma indicação de alguma deficiência,
mas não é, por si só, determinante contra uma reivindicação do status de Estado. Do mesmo
modo, não existe uma regra segundo a qual as fronteiras terrestres de um Estado devem ser
totalmente delimitadas e definidas. A demonstração do efectivo controle da totalidade de um
território não é exigido em situações de disputas fronteiriças para o reconhecimento da existência
de um Estado.
Como demonstra a Corte Internacional de Justiça, muitas vezes em vários lugares e por
longos períodos as fronteiras terrestres de um determinado Estado não estão claramente
demarcadas, como é demonstrado pelo caso da entrada da Albânia na Liga das Nações. É neste
contexto que a Assembleia Geral da ONU, por meio da Resolução 67/19 de 2012, concede à
Palestina o status de Estado observador perante as Nações Unidas. Assim, para o cumprimento
do requisito territorial para a constituição de um Estado, seria suficiente o controle efectivo de
parcela do território reivindicado, ou seja, que o Estado exerça sua autoridade sobre alguma
porção de terra, independente da incerteza de seus contornos.
Por outro lado, embora o controle efectivo sobre um determinado território seja elemento
necessário na consolidação de um Estado, a definição do território estatal poderá se sobrepor ao
requisito de autoridade e se estabelecer mesmo a despeito deste. Tal possibilidade se dá se a
autoridade tiver sido constituída por meio de violações às normas do direito internacional, como
por exemplo, por intermédio do uso da força.
Outro elemento relevante diz respeito ao facto de que o território de um novo Estado
deverá corresponder ao título legítimo do Estado que o antecedeu naquela parcela territorial,
ainda que parcela deste território não esteja, de facto, sob seu incontestável domínio. A aplicação
deste princípio, conhecido no direito internacional como uti possidetis iuris, teve sua origem na
colonização da América portuguesa e espanhola, mas veio a ser adaptado à situações
controversas em que as fronteiras foram criadas ou redefinidas no processo de descolonização
africana.
Tal matéria teve seus contornos preconizados pela Resolução da Assembleia dos Chefes
de Estado e de Governo da Organização da Unidade Africana de 1964, sobre “Disputas de
Fronteiras dos Estados Africanos” que declarou, de forma solene, que “todos os Estados-
Membros se comprometem a respeitar as fronteiras existentes na ocasião de sua conquista da
independência nacional”. A aprovação da resolução ocorreu a despeito da resistência anunciada
no Congresso de Todos os Povos Africanos, em Gana, em 1958, no início do período de
descolonização. Naquele contexto, ficou registrado que aquelas são fronteiras artificiais
desenhadas por poderes imperialistas para dividir os povos da África, particularmente, aquelas
que cortam grupos étnicos e separa povos do mesmo grupo.
Afinal, certas expressões têm seu significado de tal modo abrangente, mutante no tempo
e delas se recorre com tal frequência, que por vezes não se sabe exatamente a definição precisa
de seu conteúdo. Este é o caso da noção de soberania onde qualquer definição não pode conter
um conteúdo fixo que seja automaticamente aplicável. Não é que o termo soberania seja
ambíguo ou tenha uma penumbra de incerteza. Simplesmente, não há um significado preciso,
nem uma extensão natural de seu conceito.
Da mesma forma, a lícita concessão de poder discricionário a outro Estado para intervir
ou conduzir os assuntos internos de um território configura, igualmente, uma afronta à ideia de
independência formal. É evidente, assim, a incompatibilidade entre a subordinação
institucionalizada de Porto Rico aos Estados Unidos e qualquer pretensão de caracterização
daquele território como formalmente independente. A independência real, por outro lado, é
minimamente exigida e apenas será contestada a ponto de comprometer a soberania estatal
quando o exercício do poder no território tiver relação com alguma ilegalidade substancial, em
violação às regras gerais do direito internacional, como, por exemplo, uma ocupação beligerante.
Conclui-se, portanto, que a condição de Estado não restringe-se a uma esfera puramente
factual, nem, tampouco, define-se em um prisma estritamente legal2. Um Estado existe na
medida em que se relaciona com outro que o reconhece como um par. A capacidade de assumir
compromissos internacionais é, portanto, um atributo da soberania. Dessa maneira, a definição
de Estado “revela-se mais útil para distinguir os Estados de outras entidades concorrentes do
que para demonstrar a sua existência”. O que os exemplos históricos de aplicação destes
requisitos demonstram é que a existência de um Estado não está circunscrita a parâmetros
estritamente jurídicos, mas também não depende simplesmente de uma constatação fática.
Assim, nenhum dos critérios parece peremptório, de modo que um Estado pode continuar a
considerar uma entidade como um Estado, mesmo que um ou outros critérios não sejam
satisfeitos.
Com efeito, o jus standi dos indivíduos perante tribunais internacionais, ou seja, seu
acesso directo a tais instâncias foi possibilitado após um longo processo de aperfeiçoamento
processual de tais juízos. O mecanismo tradicional de tais sistemas, pelos quais as petições de
indivíduos são julgadas por intermédio de Comissões encarregadas da investigação e análise dos
casos, foi sendo aperfeiçoado ao longo dos anos de modo a permitir que os Estados sejam
efetivamente responsabilizados por violações de direitos humanos.
O jus standi do indivíduo, portanto, não é reconhecido da mesma forma nos diferentes
sistemas internacionais de proteção aos direitos humanos, A Carta das Nações Unidas considera
que promover e estimular o respeito aos direitos humanos e às liberdades fundamentais é um dos
propósitos da Organização, provisão que internacionalizou a proteção dos direitos humanos ao
prever que tal matéria não mais pertence exclusivamente ao domínio reservado dos Estados.
Observa-se finalmente que o indivíduo pode igualmente actuar como polo passivo.
Nestes casos este se relaciona principalmente com a noção de responsabilidade criminal
individual por crimes internacionais cujo ponto central foram os Julgamentos de Nuremberg e
Tóquio e que hoje encontra respaldo no Estatuto de Roma constitutivo do Tribunal Penal
Internacional. Aqui sobre o individuo recai não um direito de protecção, mas uma ordem
criminal. O bem protegido é a humanidade, mas o individuo é o autor do crime tipificado
internacionalmente. A personalidade jurídica não é plena, mas ele será o destinatário de uma
obrigação normativa de não fazer, bem como o de responder pelo feito.
CONCLUSÃO
Um dos temas ainda muito controversos para o direito internacional público é estabelecer
quem são, de facto, os seus sujeitos. Há na doutrina uma grande confusão em diferenciar os
sujeitos de Direito Internacional e os sujeitos de Direito Internacional Público. O presente artigo
teve como objectivo específico buscar propor uma forma correta dessa diferenciação.
O direito internacional deve ser entendido como uma espécie de “ramo” do Direito que se
contrapõe ao direito nacional ou interno. E, guardadas as devidas ressalvas e proporções, dentro
da grundnorm de Kelsen, o direito internacional é subdividido em diversos ramos, dentre os
quais, por exemplo, tem-se o direito internacional público, o direito internacional privado, o
direito internacional do meio ambiente, o direito internacional dos direitos humanos, etc. E em
cada um desses ramos, há um objeto, um sujeito e um destinatário que não se confundem, muito
embora possam ser comuns.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS