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PROVA 01

AULA 01

➢ RELAÇÕES INTERNACIONAIS
O direito internacional está localizado cientificamente dentro de um conceito denominado de
Relações Internacionais, que consiste no estudo sistemático das relações político-econômicas e sociais
dentro de um Estado. Com isso, o direito internacional está inserido neste conjunto de relações entre
diferentes países, sendo apenas um contorno. Por exemplo, o fato do Brasil assinar determinado
tratado pode decorrer de uma aproximação social ou política. Resumidamente, o direito internacional
é um produto dessas interações socioeconômicas internacionais.

➢ SOCIEDADE OU COMUNIDADE INTERNACIONAL?


O termo mais adequado é “sociedade internacional” devido a concepção de ser constituída por
Estados de políticas independentes, com valores diferentes, se aproximam por meio do diálogo e
consenso, visando interesses em comum. Já o termo “comunidade internacional” se trata de uma união
entre Estados que ocorre de forma natural e espontânea devido a adotarem valores éticos próximos,
sem diálogo e os interesses em comum. No caso das relações internacionais, se aplica o termo
sociedade por se tratar de interesses.

➢ ESCOLAS
Há três grandes escolas que tentam explicar as relações internacionais. A Escola Idealista
(John Locke) que no campo internacional, a dinâmica é voltada para buscar a “paz mundial”, isto é, a
igualdade internacional. Nesta escola, todos os Estados têm a ganhar e é a forma que Joe Biden
conduz sua política internacional. Foi a escola utilizada por Michel Temer e pode ser definida por
pacífica e equânime, e se contrapõe com a Escola Realista. Por outro lado, há a Escola Realista que
atua de forma mais individualista para favores interesses próprios (Thomas Hobbes). É a escola
utilizada por Jair Bolsonaro, não busca paz e igualdade, mas lucro e interesses. Por último, há a
Escola Marxista cujo foco é entre as classes sociais, onde devem se relacionar buscando identidade
entre modelos políticos e não utilizar um único país como referência. Foi a escola utilizada por Dilma
Rousseff.

AULA 02

➢ DISTINÇÃO ENTRE DIP E DIPRI


O Direito Internacional Público (DIP) reúne o conjunto de normas aplicadas nas relações
entre os países e organizações internacionais (ONU, por exemplo), ou seja, trata sobre países e
Estados. Além disso, é o ramo do direito que regulamenta a sociedade internacional como um todo e
as relações de interesse internacional. Já o Direito Internacional Privado (DIPRI) trata de questões
relacionadas à particulares. Cuida de questões específicas abordando a transnacionalidade, isto é, trata
sobre indivíduos (e também pessoas jurídicas de direito privado). Dito isso, sua função é regulamentar
apenas os conflitos de lei no espaço, isto é, não aborda situações de sociedade internacional
(interesses, por exemplo), mas sim os problemas da sobreposição legislativa no espaço. O DIPRI
busca resolver determinadas situações de conflito de leis em tal Estado.

➢ FONTES
O DIP possui como fontes, essencialmente, tratados internacionais, ou seja, é a principal fonte
do sistema jurídico autônomo dissociado dos Estados que tratam dessas questões do país soberano.
Este ordenamento é próprio e autônomo. Já ao tratar-se do DIPRI, as fontes são de direito interno de
determinado país, ou seja, ainda que haja tratados internacionais sobre direito privado, o que
prevalece são as leis do determinado Estado (no caso do Estado brasileiro, caso se tratar do Brasil, por
exemplo).

➢ CONCEITO - DIP
O Direito Internacional público é conhecido como ciência voltada à regulamentação do
relacionamento entre Estados e Organizações Internacionais, ou seja, o DIP agrupa todo o conjunto de
regras escritas e não escritas dos Estados e OI. No entanto, pode ser conceituado, de forma simples,
como o direito que se aplica à sociedade internacional. Em âmbito internacional, deve ser reconhecido
que empresas grandes (como a Google, por exemplo) possuem força maior que alguns Estados,
portanto, também fazem parte do Direito Internacional Público, juntamente com ONG’s (organizações
não governamentais).

➢ HISTÓRICO - DIP
Ao tratar-se do ponto de vista histórico do Direito Internacional Público, se deu origem
remota no período da Antiguidade, podendo ser possível identificar elementos claros do DIP no
Império Romano, por exemplo. O Império Romano tentou regular as relações entre Roma e os povos
dominados pelo Império Romano, onde já havia o conflito de como seria possível pacificar (e
solucionar) problemas em âmbito internacional. Roma exerceu um domínio por vários territórios
reconhecendo direitos e tradições normativas de outros povos, isto é, permitindo a convivência de
normas não aplicáveis para a população romana, visando o multiculturalismo voltado ao direito. Por
outro lado, o DIP é atrelado à formação de Estados-Nação, devido ao movimento que ocorreu no final
da Idade Média e início da Idade Moderna, o qual tem-se o abandono da estrutura territorial /feudal e
a transição para a criação de Estados-Nação. Com isso, é necessário a criação de um Direito
Internacional, pois com a separação destes Estados-Nação surge a necessidade de haver uma
regulamentação para resolver conflitos entre estes territórios, consolidando assim, o surgimento do
DIP como conhecemos atualmente. Ao tratar-se do momento histórico de formação dos Estados,
existe uma mistura do DIP com o Direito Humanitário de Guerra, porque um dos primeiros conflitos a
ser abordado pelo DIP são as guerras, isto é, há uma compreensão do DIP de uso legítimo da força de
um Estado em face a outro (de forma legítima - conflitos bélicos). Este período foi marcado na
história do DIP (Direito Bélico) pelo momento bélico por sua legitimação e seus ideais colonialistas
(se apropriar de áreas fora da Europa). Outro marco importante neste período é o da Paz de Vestfália,
que consiste na convivência sem guerra entre os países, ou seja, é conhecida como o primeiro tratado
internacional descrito na história envolvendo países europeus e visava propagar a paz e a definição de
territórios, porém, somente dentro da própria europa, não quanto a outros países (não europeus). No
entanto, a paz apenas ocorreu em 1948 com a criação do tratado internacional que cria a ONU
(Organização das Nações Unidas) pós segunda guerra mundial, que foi mais eficiente para prezar a
paz mundial. Dito isso, o tratado da ONU foi mais eficaz que os anteriores devido a não preocupar-se
apenas com a situação de guerra, mas por possuir uma visão mais global com um viés
socioeconômico onde busca resolver os conflitos sem ser conforme o Direito Bélico.

➢ TERMINOLOGIA - DIP
Até o final do século XVIII, o termo utilizado para denominar o DIP era o “Direito das
gentes” devido a influência do Império Romano. Após este período, é utilizado a nomenclatura de
“Direito das Nações” ou “Direito Nacional” por influência da obra do autor Jeremy Bentham. E,
apenas no século XX que passa a ser chamado de “Direito Internacional” devido a abertura entre DIP
e DIPRI, pois o DIPRI foi conhecido como direito extra-territorial por tratar de relações particulares
que sobrepõe o território de determinados países.

➢ OBJETO DE ESTUDO - DIP


No caso do DIP, há diversas situações que podem ser consideradas objeto de estudo. De certa
forma, o objeto de estudos no geral são as relações internacionais, porém, mais especificamente, o
objeto de estudo pode ser conhecido como cooperação internacional (regular a cooperação
internacional) com objetivo de satisfazer os interesses em comum de cada Estado. Um exemplo de
interesses em comum é a questão ambiental, que deu origem ao Tratado de Paris. Por outro lado,
existem outros dois objetos de estudo: a redução da anarquia na sociedade internacional e limitação de
competências do seus membros, isto é, não deixar a sociedade internacional operar em uma anarquia
(sem regras - para não gerar o caos), trazendo a ideia de que fazemos parte de um todo, não sendo
aceito comportamento isolacionista. Enfim, o DIP pode ser visto como ramo do direito que busca
conferir tutela adicional a certos bens jurídicos que se atribui maior importância, como por exemplo o
meio ambiente; os direitos humanos; a questão nuclear, isto é, entrega uma tutela adicional a estes
bens, não dependendo de uma tutela interna (que sobrepõe as questões do Estado).
AULA 03

➢ FUNDAMENTOS - DIP
Há uma questão complicada ao tratar-se do direito internacional público que é a dificuldade
de extrair um fundamento devido a não haver uma soberania internacional ou fundamento de
imposição normativa ligado à soberania. No entanto, existem duas teorias que buscam apresentar
motivos diferentes para explicar a origem dos tratados internacionais. A primeira delas é do autor de
direito constitucional Jellinek, onde afirma que os motivos do DIP ser obrigado se dá pela teoria
voluntarista ou vontade dos sujeitos do DIP, isto é, as normas são obrigatórias porque os indivíduos
concordam de forma expressa ou tácita com tais normas. Porém, nem sempre as decisões
internacionais são tomadas pelo consenso, às vezes se dá pela vontade da maioria. Esta teoria pode ser
considerada de caráter subjetivo. Pelo contrário, há a teoria objetivista, a qual prega que as normas
internacionais são obrigatórias não por ir de acordo com a vontade do sujeito, mas sim por serem
questões importantes. Possui caráter objetivo, o que prevalece nos dias atuais. Dentro deste conceito
está o Direito Ambiental, por exemplo, no momento que isto é relevante, você é obrigado a seguir
independente de sua vontade. A teoria objetivista vem crescendo em decorrência do avanço do
pós-modernismo (no direito: pós-positivismo, no direito constitucional: neoconstitucionalismo), isto é,
isso resulta no abandono de uma ideia de racionalidade pura (soberania) e faz-se uma mistura de
princípios jusnaturalistas dentro do positivismo, incorporando questões de direito natural. O
pós-positivismo, incorpora os fundamentos do jusnaturalismo, fazendo com que a obrigatoriedade das
normas decorra dos direitos próprios do homem, sem necessidade de estar escrito em determinado
código.

➢ CARACTERÍSTICAS - DIP
As características podem divergir de autor para autor, porém a primeira característica é a
relativização da soberania dos Estados, ou seja, os Estados não obedecerão apenas suas normas
internas, mas também as normas internacionais. No entanto, não é tão simples assim devido a todo
país ter seu próprio ordenamento interno. Outra característica do DIP é a ausência de poder central na
produção e aplicação de normas, isto é, no DIP, não há como centralizar a produção de normas
somente em um determinado local como em direito interno (STF, no Brasil), por exemplo. Também, a
terceira característica (polêmica*) é a de jurisdição internacional consentida que parte da ideia de
apenas ser julgado internacionalmente caso aceite ser processado, e apenas irei sofrer sanções caso
seja aceito. Muitos autores consideram esta teoria ultrapassada, pois em alguns casos, é absurdo a
necessidade de aceitar ser julgado (exemplo: ditadores já foram julgados contra sua vontade); além
disso, a corte internacional de justiça já fez sanções para com Estados que não as aceitaram e mesmo
assim foram aplicadas, em caso de não aceitação: bloqueio comercial (na prática). Além disso, o
direito interno é a subordinação enquanto direito internacional é a cooperação. O direito internacional
é heterogêneo, isto é, trata sobre todas as matérias (não separadamente).

AULA 04

➢ DIFERENCIAÇÃO DO DIREITO INTERNO E DIREITO INTERNACIONAL


Há uma diferenciação entre direito inteiro e direito internacional que vem gerando conflitos
devido às diferentes formas de resolver tais conflitos, e há duas grandes teorias que visam solucionar
estes problemas. São dois caminhos para resolver estes conflitos, porém cada Estado pode escolher
qual caminho vai seguir. O primeiro é a Teoria Monista (mono= um) e a Teoria Dualista (duo= dois).
Resumidamente, cada Estado adota uma teoria para solucionar os conflitos.

➢ TEORIA MONISTA
Na Teoria Monista, normas internacionais e normas internas se aplicam apenas uma norma
jurídica, ou seja, seria mais fácil haver complicações. Isto é, parte da concepção que o direito
internacional e o direito interno convivem entre elas, integrando somente uma norma jurídica havendo
maior possibilidade de conflito, não sendo necessário a discussão da incorporação do direito
internacional no direito interno, pois ele já está interno. Neste caso, dá-se origem a duas sub-teorias; a
teoria monista nacionalista que é voltado para a ideia de primazia do direito interno - normas internas
prevalecem as normas internacionais (tendência que o Brasil tem a seguir); e a teoria monista
internacionalista que está previsto em tratado internacional (art. 27 da Convenção de Viena de 1969),
que expõe que em casos de conflito entre direito interno e internacional, prevalece o internacional,
isto é, revogando a norma interna, sendo considerada uma ideia mais globalista. Dito isso, há novas
duas subteorias: a monista internalista radical onde o tratado prevalece sobre todo o direito interno,
inclusive Constituição; e a monista internalista moderada onde o tratado prevalece com mitigações, e
o direito interno pode ser aplicado com responsabilização externa em casos de violação da norma
internacional.

➢ TEORIA DUALISTA
Na Teoria Dualista, normas internas e normas internacionais integram dois ordenamentos
diferentes, ou seja, há a diminuição de conflitos. Há necessidade de internacionalização por ser duas
coisas distintas. Dentro da ideia dualista, a eficácia do direito internacional não irá depender do direito
interno, passando pela concepção de que o direito internacional é voltado para a convivência entre os
Estados e o direito interno é voltado para a convivência entre os indivíduos de um Estado. Há também
duas subteorias: o dualismo radical que parte da ideia da necessidade de retirar os conteúdos dos
tratados internacionais e aplique em lei interna para que esta lei possa valer, isto é, tem a necessidade
de que o conteúdo dos tratados seja incorporado ao ordenamento interno por lei interna; e o dualismo
moderado é tido pela maioria dos autores e apesar de não estar expresso, o Brasil adota o dualismo
moderado, pois basta a ratificação do chefe de Estado com aprovação prévia do Parlamento, isto é,
significa a atuação de concordância do poder legislativo e executivo (não basta o Presidente assinar o
tratado, após isso, deve-se ser assinado pelo Congresso Nacional por meio de Decreto Legislativo).
PROVA 02
AULA 01
➢ FONTES - DIP
Ao tratar-se das fontes formais do Direito Internacional Público, não existe uma hierarquia,
mas pode-se dizer que há um certo protagonismo aos tratados internacionais. Contudo, os tratados são
acordos necessariamente escritos, assinados por quaisquer Estados ou Organizações Internacionais
com a finalidade de tratar temas de interesse em comum. Além disso, como fonte formal do DIP há o
costume que consiste na prática geral, uniforme, reiterada dos sujeitos internacionais com
reconhecimento jurídico exigível.

AULA 02
➢ TRATADOS
Os tratados são, essencialmente, acordos escritos (formais), firmados por Estados e
organizações internacionais, com o objetivo de produzir efeitos jurídicos em âmbito internacional no
tocante a temas de interesse comum - Rezek acredita que os tratados podem ser firmados por qualquer
pessoa jurídica de Direito Internacional Público.
Não serão consideradas leis, mas sim um conjunto de regras e condutas obrigatórias entre os
Estados e organizações internacionais signatárias. A Convenção de Viena de Tratados (1969) criou um
conceito autêntico (decorre da legislação, será considerado o conceito mais importante), que
estabeleceu que o tratado internacional é um acordo escrito celebrado por Estados e organizações
internacionais, em instrumento único ou múltiplo (ou seja, além do texto principal, é possível associar
outros documentos a este), com qualquer tipo de denominação, sendo regulado pelo direito
internacional e voltado aos interesses em comum.
Obs.: as organizações internacionais foram oficialmente autorizadas a assinar tratados apenas
na Convenção de Viena de 1986.
Por se tratarem de fontes de Direito, os tratados revestem-se de caráter obrigatório,
vinculando as partes em âmbito internacional e nacional, visto que ou serão incorporados ao
ordenamento jurídico ou gerarão obrigações a serem executadas dentro dos territórios dos entes
estatais.
Devem seguir os princípios do livre consentimento, boa-fé e pacta sunt servanda (os pactos
devem ser cumpridos).

➢ TIPOS DE TRATADOS
Para melhor adequar os tratados, foram criadas várias denominações; no entanto, este não
altera seu caráter jurídico (ex. uma concordata ainda é um tratado, mesmo não tendo o nome ‘tratado’
especificamente). Assim, o tratado internacional pode ser considerado não apenas um gênero, mas
também uma espécie. Dentre as denominações usadas, podemos citar:
Convenção: nomenclatura utilizado para tratados multilaterais, com um número grande de
Estados signatários (Convenção de Genebra, Convenção de Viena).
Acordo: nomenclatura utilizada para tratados assinados por poucos Estados (acordo de Camp
David - conjunto de acordos entre Israel, Palestina e EUA).
Protocolo: tratados internacionais acessórios. Fazem referência a tratados já existentes (ex:
Protocolo de Kyoto é acessório pois faz referência à Rio-92).
Memorando: tratados internacionais de matérias de ordem técnica (ex: regras de regulação
métrica - Inmetro no BR).
Concordata: os termos não são discutidos, são impostos. Se o Estado concordar, assina (ex:
Santa Sé - a lei divina nunca está errada, então não dá para questionar/negociar os termos).
Tratados: é utilizado para tratados internacionais com um cunho maior de solenidade (ex:
Tratado de Assunção, criou o Mercosul).
Carta: tratados internacionais que criam organizações internacionais.

➢ CONDIÇÕES
Para que um tratado seja considerado válido, deve seguir determinadas condições. Desse
modo, as partes que o assinam devem ter capacidade (ex: não é possível assinar um tratado com uma
província não reconhecida como independente), quem assina deve ter habilitação para assinar (em
alguns casos o poder não será dado apenas ao chefe de Estado, serão chamados plenipotenciários -
chefe de Estado, chefe de governo e chanceler possuem autorização para representar o país no
tratado), consentimento mútuo dos Estados, formalidades (ex: ser escrito) e o objeto deve ser
lícito/possível.

➢ CLASSIFICAÇÃO
Números e partes: pode ser bilateral (dois) ou multilateral (mais de dois Estados).
Procedimentos: pode ser solene ou simplificado.
Execução: podem ser transitórios (prazo para começar e terminar) ou permanentes.
Adesão: podem ser abertos ou fechados (ex: Mercosul - só abrange países da América do
Sul).
Efeitos: existem tratados que atingem terceiros e outros não. Em regra, não poderiam atingir,
mas, excepcionalmente, alguns atingem.
Natureza: tratados-lei (situações de opiniões convergentes - eu assino um tratado pois
pensamos da mesma forma - tratados sobre direitos humanos são, em regra, tratados-lei) e
tratados-contrato (situações de interesses “divergentes” - contrato de compra e venda de carro: um
quer o dinheiro, outro quer o carro). - PRESTAR ATENÇÃO, PODE TER 1 QUESTÃO DE
CONCURSO SOBRE.

AULA 03
➢ PROCESSO DE ELABORAÇÃO DOS TRATADOS
Ao tratar-se do processo de elaboração de tratados, é possível afirmar que há 5 fases: a
negociação - discussão; a assinatura - anuência preliminar; a ratificação - aceitação; a troca de
instrumentos; o registro - publicidade. No entanto, há divergências nas fases dependendo do autor
utilizado, isto é, para alguns pode ser consideradas 7 fases enquanto para outros, apenas 3, portanto,
não preocupar-se com a divisão das fases.
Então, todo tratado inicia-se com a fase de negociação (discussão), que para alguns autores, é
uma pré-fase na elaboração dos tratados que consiste na fase em que os Estados e Organizações
Internacionais estão em processo de discussão acerca de determinado tema (ex: guerra - o que vai
constar - como vai constar). (ex: contrato de casamento - é fase pois mesmo na fase antes de entrar em
vigência é passível de responsabilização).
A segunda fase (alguns autores a consideram a primeira fase propriamente dita) é a assinatura
que não termina com a assinatura, e sim começa, é feita em regra pelo Chefe do Estado ou pessoas
devidamente habilitadas. Também é chamada de anuência preliminar, significando que de forma
preliminar determinado Estado está se submetendo ao tratado, isto é, no momento em que é assinado,
não pode-se exigir tal comportamento ou cumprimento do tratado, é necessário seguir com as demais
fases para o tratado entrar em vigência.
Para o contrato entrar em vigência, é necessário passar pela terceira fase, a de ratificação, que
consiste na aceitação posterior por parte do Estado, isto é, fase de confirmação. A ratificação pode ser
simples ou dupla. No caso do Brasil, é adotado o mecanismo de dupla ratificação devido ao fato da
adoção da teoria dualista nacionalisra moderada, ou seja, na grande maioria dos Estados a ratificação
se dá de forma simples no Congresso respectivo (simples), e no caso do Brasil (dupla) quem faz a
ratificação é o Senado, isto é, além de ser assinado pelo chefe de Estado, também passa pela
confirmação do Poder Legislativo (Senado e não Câmara dos Deputados pois a Câmara são
representantes do povo e o Senado representa os Estados membros). Resumidamente, o Congresso
(Senado) ratifica por meio de decreto legislativo e o Presidente ratifica por meio de decreto (simples
decreto). A ratificação é um ato discricionário, isto é, significa que deve ser usado dos interesses
nacionais na conveniência e na oportunidade do tratado internacional enquanto estiver a frente da
ratificação (analisar o tratado e ver se é conveniente com os interesses nacionais). Não existe limite de
tempo para ratificar, ou seja, não é possível uma ratificação tácita devido ao tempo.
Já na quarta fase consiste na troca de instrumentos que ocorre após a ratificação, isto é, o que
dá vigência internacional ao tratado (passa a informação ao outro Estado que foi realizada a
ratificação). É comum situações em que nem todos os Estados (ex: todos confirmam, menos um =
tratado não entra em vigência) confirmam e o tratado não entra em vigor devido a falta de troca de
instrumentos. Também é chamado de depósitos de instrumentos no caso de tratados que possuem
muitos países envolvidos, ou seja, deposita tais instrumentos na ONU, que irá gerenciá-los.
Geralmente, tratados com números grandes de signatários possuem uma cláusula de número mínimo
de ratificações necessárias para dar vigência internacional ao tratado (ex: mínimo 100 depositou = tem
vigência internacional APENAS EXEMPLO).
A quinta fase se trata do registro (publicidade) que consiste no art. 80 da Convenção de Viena
sobre Tratados que determina que o tratado deve ser registrado na Secretaria Geral da ONU, ou seja,
após todas as fases anteriores, leva-se o tratado até a ONU para ser registrado e dar publicidade.
Entretanto, há autores que não adotam esta fase, devido a não obrigatoriedade de registrar tratados na
ONU, geralmente só é feito registro em casos que tem problemas em dar publicidade.

➢ INTERPRETAÇÃO DE TRATADOS
A interpretação de tratados é estudada na hermenêutica (forma de interpretação clássica) e há
várias questões na LINDB acerca de como interpretar, porém, isto também ocorre para tratados
internacionais. A Convenção de Viena sobre tratados de 1969 aborda um conjunto de regras e posturas
interpretativas a serem observadas. Primeiramente, são interpretado tratados internacionais na língua
autêntica do tratado internacional (ex: bíblia) e geralmente, os tratados são regidos em mais de uma
língua (ex: inglês e francês), e deve-se ser interpretados no idioma escrito devido aos termos técnicos
autênticos e não termos traduzidos, para não ocorrer erros de interpretação. Segundo, é necessário
observar os princípios internacionais da boa-fé, isto é, a lealdade, honestidade e fidelidade. Existe uma
orientação de sempre interpretar os termos dos tratados dentro do sentido comum dos tratados e do
contexto o qual se apresenta, isto é, há o sentido comum das palavras e há o sentido não-usual,
deve-se utilizar o sentido comum e ainda, no contexto apresentado (sem tirar do contexto - ex:
jantoukkk). Além disso, há a interpretação sistemática que consiste na impossibilidade de interpretar
determinado artigo, tratado ou lei fora do sistema que ela se apresenta. Dito isso, é necessário
interpretar os tratados internacionais juntamente com as rodadas de negociação - rodadas diplomáticas
em conjunto com os outros tratados internacionais existentes àquela determinada matéria
(hermenêutica sistemática), ou seja, além da hermenêutica clássica, é necessário utilizar a
hermenêutica sistemática para realizar a interpretação (ex: deve-se ter uma coerência constitucional -
se for discutir maioridade penal, não se deve discutir dissociados a outros aspectos relacionados à
idade - capacidade eleitoral ativa).

AULA 04
➢ ALTERAÇÃO DE TRATADOS INTERNACIONAIS
Os tratados internacionais podem sofrer alterações, porém, há divergências no direito interno
e direito internacional. No caso do direito interno, pode haver alteração administrativa pelo projeto de
lei e mudar a lei específica, preocupando-se com a regra de simetria (disposto na CF/88), isto é, em
casos de lei ordinária, altera-se para lei ordinária e se a lei é complementar, altera-se para a lei
complementar. A dificuldade do Brasil é que existem casos onde a lei ordinária, anterior a CF/88 foi
alterada por lei complementar (ex: Código Tributário - lei ordinária anterior a CF/88, então deve-se
ser alterado para lei complementar). Já no caso do direito internacional, para alterar determinado
tratado internacional NÃO é necessário haver a concordância de todos os países signatários do
tratado. Pode acontecer de existir uma alteração de tratado seguido do coro determinado e no
momento que feita vale para todos os países e NÃO depende da concordância de todos os países,
podendo ter a redação alterada e determinado país que era signatário do tratado, manter a redação
originária pois o país que assinou o tratado pode se manter na redação originária, isto é, devendo o
tratado alteração passar pelo processo de ratificação porém caso não haver a ratificação vale a redação
originária. Tem-se a exceção no caso de adesão superveniente de Estado ao tratado: o tratado estava
em 6 países e após sofrer alteração somente 3 países ratificaram, e ocorre de um novo Estado ser
signatário deste tratado, portanto, o novo Estado é OBRIGADO a seguir com a redação alterada - ou
seja, se eu sou membro do tratado desde o início, não sou obrigado a seguir a redação alterada,
podendo seguir a originária. se eu entrei no tratado depois de alterado, sou obrigado a seguir a redação
alterada.

➢ EFEITOS DOS TRATADOS


Ao tratar-se dos efeitos, é possível o tratado internacional possuir efeitos restringidos a suas
partes via regra (efeitos que afetam apenas os países signatários), porém, existem também, tratados
que atingem terceiros, isto é, países não-signatários (ex: em questão a ucrânia e rússia - cobra-se
protocolos de segurança acerca de questões nucleares que a rússia não foi signatária).
Como abordado anteriormente, não é possível haver uma adesão condicionada ao tratado
internacional. Todavia, há a cláusula resolutória que consiste no gatilho que dá início a vigência do
tratado internacional, ou seja, o tratado apenas surtirá efeito quando determinado evento futuro (certo
ou incerto - a partir do ano de 2030 - guerra, respectivamente) acontecer (ex: corredor humanitário -
assina antes, e em caso de declaração guerra, tem-se o gatilho e passa a valer).
Além disso, existem situações em que o objeto do tratado é parcialmente indeterminado ou
determinável, isto é, que não é algo certo e bem determinado mas que é possível, no futuro, quando o
tratado passa a ter efeitos, determinar quais serão os efeitos (ex: minerais que não se sabe existência e
depois é descoberto - minerais indeterminados).

➢ RESERVAS DE TRATADOS
As reservas dos tratados é o processo que surge, tanto na assinatura, quanto de maneira
superveniente no momento de ratificação. A reserva de tratados consiste na declaração unilateral que
pode ter qualquer tipo de denominação onde tal Estado, dentro de sua soberania, se reserva ao direito
de excluir determinado dispositivo da minha sujeição, ou seja, se reserva ao direito de não se submeter
ao texto total do tratado ou de realizar modificação da interpretação aplicada a minha pessoa (feito no
momento de assinatura ou ratificação). Pode haver reservas de tratados já assinados e ratificados,
inclusive, não há impedimentos para que tratados projetem a realização de reservas ou salvaguardas.
Porém, há uma preocupação internacional de que os países façam a reserva de forma abusiva. Então,
para evitar que os países façam reservas abusivas, muitos tratados já incluem cláusulas de proibição
de reserva (se não tiver expressa esta cláusula, a reversa é possível), podendo ser realizada na
assinatura ou na ratificação ou até mesmo após a ratificação, podendo ainda, levar a exclusão ou
reinterpretação do dispositivo.

➢ EXTINÇÃO DE TRATADOS
Tecnicamente, os tratados internacionais têm como regra uma vigência por prazo
indeterminado porém, também é possível possuir prazo determinado, ou seja, pode haver a extinção
do tratado com o fim* do prazo (de tal data até tal data), sendo este, um dos motivos pelos quais um
tratado é extinto.
Por outro lado, há também a possibilidade de substituição* de tratado que consiste na troca
por outro. Há também a situação de perda de objeto do tratado internacional que faz com que ele seja
extinto (ex: tratado sobre a quem pertence uma ilha - ilha desaparece - extinção de tratado por perda
de objeto).
Também, pode ocorrer a extinção através de denúncia/retirada*, que consiste na retirada de
um determinado país do tratado (ex: Trump tirou o Estatuto da OMS) por meio de denúncia. Neste
caso o tratado continua a existir, exceto caso todos os países fizessem a denúncia (seria extinto).
Ainda, há a extinção de tratado internacional por número mínimo*, isto é, que possuem um
número mínimo de países que assinaram e ratificaram, porém, se ocorrer a retirada de países, tornando
menos que o mínimo o número de membros participantes, ocorre a extinção de tratado.
Há a extinção por meio de violação substancial* (ex: Brasil assina tratado com outro país
porém descumpre, e então, o outro país rompe com o tratado, podendo causar sua extinção).
Por último, há rompimento diplomático* (ex: algum tratado comercial entre rússia e ucrânia =
é extinto com a guerra).

AULA 05
➢ HIERARQUIA DE TRATADOS INTERNACIONAIS
Existe um debate dentro do direito acerca da temática denominada antinomias. Basicamente,
no Brasil adotamos o autor Norberto Bobbio, o qual afirma que a antinomia é a situação onde,
aparentemente, há o conflito de normas que são aplicadas no caso concreto (duas normas aplicadas ao
mesmo caso). No direito internacional, o dever de hierarquia de tratados internacionais é essencial
para acabar com o problema de antinomias, pois, as normas internacionais e normas internas, as quais
entram em conflito, e a solução para determinar qual norma prevalece ou é aplicada, é o conceito de
hierarquia, ou seja, para determinar qual norma é cabível é necessário um estudo de hierarquia
(depende da linha hierárquica utilizada em tal tratado). O critério hierárquico é o principal mas caso
não baste, observa-se o critério cronológico (lei posterior revoga lei anterior) e o da especialidade (lei
especial revoga lei geral).
Além disso, há a Convenção de Viena de 1969 que expõe no art.27 que não é possível invocar
o direito interno sempre em face do direito internacional, ou seja, afirma que vale mais o direito
internacional que o direito interno. Resumidamente, o art. 27 afirma que não se pode invocar a
soberania interna para dizer que não vale o direito internacional. O Brasil adota parcialmente a
Convenção de Viena pois somos signatários da Convenção mas possui um legalismo próprio que dá
uma primazia específica de tratados frente a legislação interna, ou seja, o Brasil possui um sistema
próprio que adota níveis diferentes de hierarquia de direito internacional. Em função desta sistemática,
há dúvidas acerca de qual corrente o Brasil adota: monismo, dualismo, prevalecendo até mesmo a
adoção do dualismo moderado.

➢ CRITÉRIOS DOS TRATADOS - ANTES - H. LEGAL ORDINÁRIA


Ao tratar dos critérios, é necessário realizar um recorte temporal: uma coisa é pensar antes da
EC 45/04, conhecida como reforma do Judiciário que mudou a matéria de hierarquia de tratados
internacionais. Antes da EC 45/04, o sistema de hierarquia possuía apenas um tipo de hierarquia com
uma pequena ressalva, isto é, antes, a hierarquia era ordinária (ou legal) ficaria ao meio da pirâmide
de Kelsen, junto com as leis. No momento que o tratado é incorporado, possui a hierarquia de uma lei,
ou seja, valeria menos que a CF.
Em casos de conflito, deveria utilizar os critérios cronológicos (10% dos casos necessitam do
critério de especialidade) ou de especialidade. (ex: contrato de locação - lei de locação é anterior ao
CC, prevalecendo apesar disso = 90% dos casos são assim - cronológica). Todo tratado internacional
vale como lei, com exceção ao Código Tributário Nacional (lei da década de 60) expõe em seu art. 98
que os tratados internacionais sobre direito tributário possuem hierarquia supralegal, isto é, o CTN
afirma que os tratados sobre direito tributário estariam intermediários entre CF e leis (acima das leis e
abaixo da CF). O motivo desta ressalva é devido ao princípio de proibição de isenções heterônomas
que consiste na União não poder dar isenção de um tributo do município e nem o município pode dar
isenção a um tributo federativo. No entanto, Estado e município não assinam tratado internacional,
portanto quando o chefe de Estado assina o tratado está doando como chefe da república, e desta
forma, há capacidade de assinar tratado internacional sobre direito tributário relacionado a municípios.
(disse que não vai encher o saco com isso na prova).
➢ APÓS EC 45/04 - H. LEGAL ORDINÁRIA
Após isso, acontece a EC 45/04 que altera a CF, afirmando que os tratados internacionais
sobre direitos humanos podem ter hierarquia constitucional (mesma validade que emendas à
constituição) desde que dentro do processo de recepção dos tratados, submeta-os ao quórum de
votação de ⅗ dos votos (quórum qualificado - mesmo quórum de votação para aprovar emenda à CF).
Então, após a EC 45/04, passa a haver três níveis de hierarquias de tratados internacionais; a
hierarquia legal ordinária; hierarquia supralegal (intermediária - vale mais do que lei e menos que
CF); e a hierarquia supralegal constitucional (acima - vale o mesmo que a CF). A hierarquia
constitucional é algo temático, no caso de tratados sobre direitos humanos (direito interno= direitos
fundamentais).
A forma com que o art. 5º, §3º foi interpretado, gerou correntes e decisões diferentes por parte
do STF, firmando seu entendimento apenas em 2008/2009. Basicamente, a briga doutrinária envolvia
duas grandes teorias, com um conflito de direito intertemporal (transição de uma norma para outra
norma). Haviam, no Brasil, vários tratados sobre direitos humanos antes da EC 45/04 - mas o que
fazer com eles após? Assim, iniciam-se as teorias:
Teoria da supralegalidade (Ministro Gilmar Mendes): majoritariamente adotada pelo STF.
Defende o meio-termo, ou seja, tratados sobre direitos humanos pré EC 45/04 passam a ter a
hierarquia supralegal. Caso queira torná-la constitucional, deve submetê-lo a uma nova votação, de
acordo com o previsto na Emenda Constitucional - isso já era aplicado no direito tributário.
Teoria Constitucionalista (Ministro Celso de Mello): se não havia a previsão constitucional de
aprovar como emenda, os tratados anteriores à EC 45/04 deveriam ser considerados EC
automaticamente, sem precisar passar pelo processo de votação. Em caso de novos tratados, estes
deveriam passar pelo processo previsto na EC 45/04.
Esse conflito já existia pela prisão do depositário fiel: de acordo com o contrato de depósito
(eu fico com um determinado bem em depósito e te devolvo quando você pedir), se o bem não for
devolvido, o indivíduo poderia ser preso. No entanto, o Pacto de São José da Costa Rica (1992)
estabeleceu que não poderia ocorrer prisão por dívida no mundo inteiro (a não ser no caso de débito
alimentar). Então, na prática, no Brasil, prevalecia o estabelecido no Código Civil, e não no tratado.
Com a EC 45/04, esse entendimento mudou, sendo estabelecida a Súmula Vinculante 25, que proibia
a prisão por dívida, mas não pelo tratado ter se tornado constitucional, mas sim supralegal, estando
acima das leis civis.
O autor Mazzuoli criou a denominação Controle de Convencionalidade, que diz que após a
EC 45/04, não haverá apenas o controle de constitucionalidade (CF valida as normas inferiores), mas
também o controle de convencionalidade (como os tratados internacionais estão ao lado da CF, tudo o
que está abaixo deverá ser validado à luz dos tratados - ex: se uma lei viola os direitos humanos, essa
lei não vai ser válida, não vai ser convencional). Desde 2008 essa tese é adotada pelo STF.
Na França e na Espanha é adotado o conceito de bloco de constitucionalidade: existem
normas que não estão na constituição mas que possuem a mesma hierarquia. No direito francês existe
a Constituição e a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, o qual possuiria o mesmo “peso”
da constituição - assim funcionaria no Brasil com a Constituição e os tratados.
Hoje, no Brasil, adota-se a teoria da supralegalidade. Se o tratado sobre direitos humanos
passar pela votação, será constitucional; se não, será supralegal. Os demais tratados serão legais.
Em 2007, o Brasil assinou um tratado nos EUA que protege as pessoas com deficiência
(questão de direitos humanos), sendo validado no ordenamento interno como o Decreto 186/2008.
Este foi o primeiro tratado internacional sobre direitos humanos recepcionado no Brasil com o
procedimento estabelecido na EC 45/04, sendo aceito e estabelecido com hierarquia constitucional
(IMPORTANTÍSSIMO!!!!).
PROVA 3
RESUMO ALHEIO

➢ DESCRITIVA 01 - JURISDIÇÃO ESTATAL

5.1. Conceito:

Jurisdição é, antes de tudo, uma faceta do poder político do Estado. O poder do Estado é um só, o
poder político, o poder dele impor sua vontade coercitivamente aos indivíduos. Esse poder, por uma
conveniência, é dividido em poderes. Tripartição dos poderes, legislativo, executivo e o judiciário,
que está relacionado a resolução de conflitos. Existe um problema sobre “transnacionalidade”
envolvendo o debate da jurisdição. Jurisdição é o poder que o Estado detém de dizer o Direito no
caso concreto. Temos um segundo conceito que é o de competência, que é a medida da jurisdição.
Todo juiz no brasil está investido de jurisdição. Mas precisa-se dividir, por termos uma extensão
territorial muito grande. Criamos regras de competência para dividir essa jurisdição em órgãos
diferente. Por isso temos no Brasil, uma justiça comum federal, uma justiça comum estadual (uma
competência remanescente). Portanto quando entramos nesse debate de jurisdição o resguardo da
ordem jurídica do ponto de vista doméstico tem um debate de até onde vai a jurisdição de um Estado,
como os dois Estados equacionam esse problema, limitam o espaço deles. - Pode para aplicar o direito
a um determinado caso, com o objetivo de solucionar conflitos de interesses e com isso resguardar a
ordem jurídica e a autoridade da lei.

Obs.: a jurisdição é a área territorial (município, estado, região ou país) sobre o qual este poder é
exercido por determinada autoridade ou Juízo. Temos um critério inicial que é de que a jurisdição tem
como critério a limitação do territorial, ou seja, a jurisdição é exercida dentro de determinado
território dentre desse determinado Estado.

- Teria como criar um critério diferente? Sim, com relação às pessoas. Desse modo, como exemplo, a
justiça é somente para os brasileiros, ou inclui também os estrangeiros que respondem a justiça
brasileira. A graça dessa questão é que o direito internacional traz certas exceções ou casos
específicos, coisas que fogem à regra.

5.2. Jurisdição Territorial:

A jurisdição territorial de cada membro do direito internacional é geral e exclusiva e isso existe para
evitar a coexistência de soberanias estatais, dentro de um território posso resolver qualquer matéria e
isso é exclusivo, não temos sobreposição (ex. nessa área posso ter o Brasil e a Argentina resolvendo
conflitos, não é assim). Essa jurisdição se aplica a toda a população (artigo 9 da Convenção de
Montevidéu) Não utilizamos o conceito de povo e sim de população (inclui estrangeiros, que fazem
parte da população). Ela não é absoluta. Existem exceções (ex. membros de carreiras diplomáticas não
se sujeitam a jurisdição daquele determinado Estado em que eles se encontram).

Existe uma discussão sobre o fundamento dessa jurisdição de cada Estado. Até de ordem filosófica.
Há duas linhas de pensamento na doutrina:

Obs.: dominium – o Estado é proprietário do território (titular de direito real) do qual poderia dispor
de modo absoluto e exclusivo. A teoria do dominium é minoritária.

Obs.: imperium – não existe domínio e sim uma relação que o Estado exerce seu poder sobre as
pessoas no território

“A jurisdição estatal sobre o território é geral e exclusiva. Geral porque abrange todas as
competências típicas de um Estado, de ordem administrativa, legislativa e judicial. Exclusiva porque o
ente estatal não deve coexistir com outra soberania nesse espaço geográfico. Em decorrência desse
poder soberano, toda pessoa é obrigada a respeitar a ordem jurídica do Estado em cujo território se
encontre, independentemente de sua nacionalidade. A norma estatal tutela também bens e relações
jurídicas encontradas dentro do âmbito territorial do Estado. Dentro dos limites do território, a
jurisdição dos Estados aplica-se, portanto, a toda a população, nos termos do artigo 9 da Convenção
de Montevideo sobre os Direitos e Deveres dos Estados, de 1933, que reza que “A jurisdição dos
Estados, dentro dos limites do território nacional, aplica-se a todos os habitantes”. Desse modo, todos
os indivíduos que se encontram no território de um Estado estão obrigados a obedecerem às leis desse
ente estatal, estando também sujeitos aos ditames estabelecidos pelas autoridades pertinentes. Cabe
enfatizar que os estrangeiros estão sujeitos à lei do Estado onde se encontram, não importa a
nacionalidade, o tempo de permanência no território do outro ente estatal ou o caráter da estada.”

“A relação do Estado com o território é objeto de teorias sintetizadas nas noções de dominium e de
imperium. Pela primeira, o Estado seria proprietário do território e, portanto, titular de um direito real,
exercido diretamente sobre uma coisa, o solo, com o qual o ente estatal teria relação de domínio e do
qual poderia dispor de modo absoluto e exclusivo. Pela segunda, não existiria domínio, mas uma
relação pela qual o Estado exerceria seu poder sobre pessoas e, por meio destas, sobre o território.”
5.3. Imunidade: Impossibilidade de certas pessoas sejam julgadas por outros Estados contra a sua
vontade e que os seus bens sejam submetidos a medidas de autoridades locais. Exceções em que
pessoas e bens não estão sujeitos à jurisdição do país em que se encontram. Cometem um ato e não
são responsabilizados por aquele Estado.

Obs.: limitação da soberania. Essa imunidade é considerada como uma limitação do exercício de
soberania de um Estado.

Atingidos: Três categorias de pessoas são as atingidas por essas situações de imunidade, os Estados
estrangeiros, Organizações Internacionais e algumas autoridades dos Estados estrangeiro e das
Organizações.

Pressuposto: proteção das pessoas naturais e jurídicas que atuam nas relações internacionais para
evitar constrangimentos. - A razão de ser dessa imunidade é explicada pela doutrina pela palavra
CONSTRANGIMENTO. Ou seja, você protege certas pessoas de sofrerem constrangimento (sofrer
pressão para ter uma atuação diferente). Não poder ser processado garante uma maior independência
no exercício de Estados Estrangeiros em território estrangeiro.

Obs.: “iguais não podem julgar iguais” “exclusividade jurisdicional do Estado no seu território”. -
Existe outra expressão que é “iguais não podem julgar iguais”. Ou seja, um momento que se
reconhece que um estado está no mesmo patamar de outro estado, não se coloca iguais para julgar
iguais (ex. como irmãos numa casa). Essa expressão tem repercussão em várias temáticas no Direito.

Aplicação: para relações que os Estados estrangeiros venham a desenvolver no exterior.

Existe ou não limites à essa exceção? Exceções à exceção ou a sua aplicação? Antigamente (década
de 80 para trás) não existiam limites, se estudava imunidade como algo absoluto (aqueles agentes não
poderiam ser processados em nenhum caso). Agora estão crescentes os casos de submissão ao
judiciário local.
Limites: antigamente não existiam limites, mas hoje sim, relativizar mas por normas costumeiras a
submissão ao judiciário local.

- Imunidade absoluta – salvo com o seu consentimento (até 1980 no BR)

- Imunidade relativa - Aplica-se no Brasil a “imunidade relativa”, uma ideia de exceção dentro da
exceção. Existe uma relativização, ou uma nova interpretação sobre os contornos dessa imunidade
jurisdicional

- Convenção de basileia de 1972

5.4. Imunidade relativa: O que vale agora.

Existe uma tentativa em se diferenciar os atos de império e atos de gestão por parte do Estado, ou seja,
a imunidade jurisdicional seria aplicada apenas em situações em que o Estado atua em território
estrangeiro com atos de império (em prerrogativas soberanas como atos de guerra, vistos, deportação
etc.) Diferente dos atos de gestão (equipara a particular como aquisição bens moveis e imóveis, atos
comerciais, contratação funcionários, responsabilidade civil), que são situações que estão sujeitos a
serem processados perante o judiciário local.

Obs.: Justiça do Trabalho. TST ACI 9696. A partir da atuação da Justiça do Trabalho outros casos
passaram a tratar sobre essa imunidade absoluta (contestando) relativização.

Estados estrangeiros e Organização Internacionais têm essa imunidade, mas existe uma diferenciação
teórica sobre o fundamente da imunidade. A imunidade dos Estados decorre basicamente de costume.
Existe um costume internacional secular em que se garante que o Estado não seja responsabilizado
pelo Estado estrangeiro. A da Organização não é por base em costume e sim um fundamento que vem
dos tratados internacionais (ex. tratados da ONU).

Formas diferente de contornar problemas a ver com a imunidade. Arbitragem internacional vem
crescendo. No caso das organizações, vem um uso de autotutela, onde você tem discussões jurídicas
que ocorrem na própria organização (ex. na Corte Internacional de Justiça, ligada à ONU).
5.5. Tipologia de imunidade relativa: falar que você pode ser processado não é a mesma coisa que
falar que você pode ser executado.

Existe um questionamento de aplicação de imunidade relativa. O fato dos Estados estrangeiros e seus
agentes poderem ser processados não significada que eles possam sofrer um processo de execução ou
expropriação forçada. Se um Estado sofre uma condenação e não cumpre acontece um diálogo.

IMUNIDADE EXECUTIVA (EXECUÇÃO)

é a execução forçada de bens de um Estado estrangeiro em uma demanda judicial

a imunidade permanece absoluta no sentido executivo.

(IMUNIDADE ABSOLUTA NO SENTIDO EXECUTIVO)

- Mais uma exceção

A Justiça do Trabalho brasileira vem tomando decisões que estão indo no caminho da execução
forçada de bens estrangeiros a justiça trabalhista. TST - você protege, mas apenas bens necessários à
proteção dos bens do Estado afetos atividades diplomáticas e consulares.

PROVA 04

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