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[...] prepondera no direito internacional público uma lógica restritiva, que apenas
reconhece os Estados e as Organizações Internacionais como sujeitos de direito
internacional. É melhor não classificar os demais como sujeitos, mas apenas como
atores internacionais.
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VARELLA, Marcelo Dias. Direito internacional público. 8.ed. São Paulo: Saraiva Educação, p.
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VARELLA, Marcelo Dias. Direito internacional público. 8.ed. São Paulo: Saraiva Educação, p.
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Atores internacionais são todos aqueles que participam de alguma forma das relações
jurídicas e políticas internacionais. A expressão compreende os Estados, as
Organizações Internacionais, as organizações não governamentais, as empresas, os
indivíduos e outros. A expressão atores internacionais é, portanto, mais ampla que
sujeitos de direito internacional e, então, mais adequada para compreender estas
outras categorias. Os demais atores internacionais (além dos Estados e das
Organizações Internacionais) podem ter poderes para determinados atos específicos,
como celebrar contratos, recorrer a tribunais para o respeito de seus direitos (humanos
ou empresariais), entre outros. Assim, não significa que apenas os Estados têm
competências e capacidades internacionais. No entanto, as capacidades e
competências internacionais dos demais atores apenas poderão ser exercidas para a
garantia dos direitos concedidos pelos Estados e não de forma indeterminada.
ATENÇÃO!
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PORTELA, Paulo Henrique Gonçalves. Direito internacional público e privado: incluindo
noções de direitos humanos e direito comunitário. 9.ed. ver., atual. e ampl. Salvador: JusPodivm,
2017, p. 13.
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PORTELA, Paulo Henrique Gonçalves. Direito internacional público e privado: incluindo
noções de direitos humanos e direito comunitário. 9.ed. ver., atual. e ampl. Salvador: JusPodivm,
2017, p. 41-42.
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O voluntarismo é uma corrente doutrinária de caráter subjetivista, cujo elemento
central é a vontade dos sujeitos de Direito Internacional. Para o voluntarismo, os
Estados e organizações internacionais devem observar as normas internacionais porque
expressaram livremente sua concordância em fazê-lo, de forma expressa (por meio de
tratados) ou tácita (pela aceitação generalizada de um costume). O Direito
Internacional, portanto, repousa no consentimento dos Estados. É também chamado de
“corrente positivista”.
Entretanto, o exercício da vontade estatal não pode violar o jus cogens, conjunto de
preceitos entendidos como imperativos e que, por sua importância, limitam essa
vontade, nos termos da Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados, de 1969 (art.
53), que determina que é nulo um tratado que, no momento de sua conclusão, conflite
com uma norma de Direito Internacional aceita e reconhecida pela comunidade
internacional dos Estados como um todo como preceito do qual nenhuma derrogação
é permitida.
ATENÇÃO!
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Marcelo Dias Varella 5
Não existe um poder soberano acima dos Estados. Não existe um Estado superior aos
demais. As Organizações Internacionais estão no mesmo nível dos Estados e têm
inclusive competências mais restritas para atuar em suas áreas específicas. Mesmo as
Organizações Internacionais universais, como a Organização das Nações Unidas (ONU)
ou a Organização Mundial do Comércio (OMC), ou aquelas oriundas de processos de
integração regional, a exemplo da União Europeia, têm competências limitadas. O
direito internacional evolui por um processo de cooperação interestatal, na maioria dos
temas e, em alguns assuntos específicos, por coordenação de alguma Organização
Internacional ou Estado mais influente naquele tema.
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VARELLA, Marcelo Dias. Direito internacional público. 8.ed. São Paulo: Saraiva Educação, p.
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Da mesma forma, não existe uma norma fundamental internacional equivalente à
Constituição que existe em cada Estado. O direito internacional é guiado por milhares
de tratados, com diferentes graus de normatividade, conforme atribuição pelos
Estados. Alguns tratados têm caráter mais obrigatório (jus cogens), outros menos (soft
norms), mas não há uma norma comum, que direcione a evolução do direito
internacional como um todo.
Neste sentido, o direito internacional evolui em geral pela concordância dos Estados.
Estes aceitam submeter-se a determinadas regras gerais, com o objetivo de atingir seus
interesses comuns em relação aos demais membros da sociedade internacional.
ATENÇÃO!
A maior parte da doutrina entende que ainda não há uma comunidade internacional,
visto que o que uniria os Estados seriam seus interesses, não laços espontâneos e
subjetivos, e pelo fato de ainda haver muitas diferenças entre os povos, dificultando a
maior identificação entre as pessoas no mundo. Entretanto, já é possível defender a
existência de uma comunidade internacional, à luz de problemas globais que se
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PORTELA, Paulo Henrique Gonçalves. Direito internacional público e privado: incluindo
noções de direitos humanos e direito comunitário. 9.ed. ver., atual. e ampl. Salvador: JusPodivm,
2017, p. 34-37.
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referem a todos os seres humanos, como a segurança alimentar, a proteção do meio
ambiente, os desastres naturais, os direitos humanos e a paz.
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ATENÇÃO!
8. Pode se dizer que um Estado que adote uma política externa isolacionista
integra a sociedade internacional? justifique sua resposta.
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PORTELA, Paulo Henrique Gonçalves. Direito internacional público e privado: incluindo
noções de direitos humanos e direito comunitário. 9.ed. ver., atual. e ampl. Salvador: JusPodivm,
2017, p. 45-46.
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Paulo Henrique Gonçalves Portela 8
Os entes que exercem a jurisdição internacional normalmente são criados por tratados,
que definem as respectivas competências e modo de funcionamento. Podem ser
judiciais (seguindo o modelo das cortes nacionais), arbitrais ou administrativos, como
as comissões encarregadas de monitorar o cumprimento de tratados.
Pode haver órgãos com amplo escopo de ação, como a Corte Internacional de Justiça
(CIJ), competente para conhecer de qualquer lide relativa ao Direito Internacional, e
entidades especializadas, como as cortes de direitos humanos. A jurisdição de certos
órgãos pode pretender abranger o mundo inteiro, como no caso do Tribunal Penal
Internacional (TPI), ao passo que a competência de outros entes abrange apenas o
âmbito regional, como no caso do Tribunal Permanente de Revisão do MERCOSUL. Por
fim, há mecanismos que podem examinar conflitos relativos a qualquer tratado, como a
CIJ, ou quanto a tratados específicos, como o Comitê sobre a Eliminação da
Discriminação contra a Mulher (CEDAW), encarregado de acompanhar a execução da
Convenção Internacional contra a Discriminação contra a Mulher.
Por fim, a maioria dos órgãos internacionais ainda não permite que sujeitos que não
sejam Estados ou organizações internacionais participem de seus procedimentos.
Entretanto, há exceções importantes, como a Corte Europeia de Direitos Humanos, que
abre a possibilidade de que um indivíduo processe um Estado europeu pela violação
de seus direitos fundamentais, ou o Tribunal Penal Internacional, que julga pessoas
naturais acusadas de crimes contra a humanidade. Nas Américas, a Comissão
Interamericana de Direitos Humanos pode receber reclamações diretas de indivíduos
(“petições individuais”) contra violações de seus direitos
(https://www.mpf.mp.br/atuacao-tematica/sci/dados-da-atuacao/corte-idh).
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PORTELA, Paulo Henrique Gonçalves. Direito internacional público e privado: incluindo
noções de direitos humanos e direito comunitário. 9.ed. ver., atual. e ampl. Salvador: JusPodivm,
2017, p. 45-46.
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O Direito Internacional também inclui a possibilidade de imposição de sanções contra
aqueles que violem as normas internacionais. De fato, os tratados podem fixar
consequências jurídicas para os atos ilícitos dos entes obrigados a observar os
preceitos de Direito das Gentes e criar órgãos internacionais encarregados de fazer
valer as normas acordadas pelos Estados.
ATENÇÃO!
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