Este documento fornece esclarecimentos iniciais sobre a disciplina de Direito Internacional Público. Ele explica que a ordem jurídica internacional é descentralizada, universal, aberta e paritária, destacando que diferentemente do direito interno, não há uma autoridade central soberana no direito internacional.
Este documento fornece esclarecimentos iniciais sobre a disciplina de Direito Internacional Público. Ele explica que a ordem jurídica internacional é descentralizada, universal, aberta e paritária, destacando que diferentemente do direito interno, não há uma autoridade central soberana no direito internacional.
Este documento fornece esclarecimentos iniciais sobre a disciplina de Direito Internacional Público. Ele explica que a ordem jurídica internacional é descentralizada, universal, aberta e paritária, destacando que diferentemente do direito interno, não há uma autoridade central soberana no direito internacional.
1. Sidney Guerra, Direito Internacional Público. Saraiva, 11ª edição, 2019.
2. Francisco Rezek, Direito Internacional Público. Saraiva,
15ª edição, 2014 (a mais atualizada é a 16ª edição, de 2016).
3. Valerio de Oliveira Mazzuoli, Curso de Direito
Internacional Público. RT, 2019.
# Esclarecimentos iniciais e Introdução à nossa disciplina:
I. Primeiro esclarecimento: ordem jurídica internacional
ou sociedade internacional é DESCENTRALIZADA (cf. Rezek, p. 23; e Guerra, p. 59).
Francisco Rezek destaca uma das características mais
importantes do Direito Internacional atual: a sua descentralização.
O que isto quer dizer, explica o autor?
1. Ausência de um poder central: Quer dizer que, ao contrário do que ocorre no Direito Interno, não existe uma autoridade (soberania) superior que possa impor suas normas e exigir que sejam cumpridas. Ou seja, no plano internacional, as normas jurídicas não são impostas, como ocorre nas sociedades nacional constituídas na forma de Estado. Não há órgão máximo ou soberano que faça valer as convenções.
2. Organização horizontal e organização vertical
(princípio majoritário): nas relações jurídica nacionais, o Estado normalmente é o órgão soberano que elabora as leis e pode exigir seu cumprimento, porque possui o monopólio da jurisdição e uma milícia permanente. Já no plano internacional não é assim. Os Estados se organizam de forma horizontal – para simbolizar que todos têm o mesmo nível de igualdade nas relações e ninguém poderá impor ao outro qualquer tipo de situação. OBS. É PRECISO COMPREENDER BEM ISTO: NÃO É QUE OS ESTADOS ESTÃO ABSOLUTAMENTE LIVRES E NÃO SUBMETIDOS A CERTAS REGRAS; O QUE OCORRE, DE FATO, É QUE É O PRÓPRIO SUJEITO INTERNACIONAL (ESTADO) QUEM ACABA DANDO O SEU CONSENTIMENTO EM DETERMINADOS ACORDOS OU TRATADOS INTERNACIONAIS. EVIDENTEMENTE, DEPOIS DE ASSENTIR, OS ESTADOS PRECISAM CUMPRIR OS ACORDOS ASSINADOS. DE QUALQUER FORMA, E MESMO ASSIM, SE QUISEREM DESOBEDECÊ-LOS, PODERÃO, ARRICANDO-SE A CERTAS PENALIDADES QUE ELES MESMOS CONCORDARAM. 3. Normas criadas diretamente por seus próprios destinatários: ou seja, os sujeitos internacionais criam as normas que eles mesmos deverão cumprir, estando todos num mesmo nível de igualdade jurídica; não há representação jurídica, como ocorre nos órgãos legislativos da maioria dos Estados. Não há o princípio representativo e o princípio majoritário.
4. Ausência de hierarquia entre as normas
internacionais: além de não termos um órgão superior soberano, um poder representativo majoritário, as normas internacionais, quando consentidas pelos Estados, não possuem hierarquia, como acontece no Direito Interno, em que existe uma pirâmide legislativa e uma ordem hierárquica clara entre as normas jurídicas, começando com a norma fundamental (como, por exemplo, defendia Hans Kelsen). Mas quando se estabelece como norma mais adequada no plano internacional o princípio da não intervenção de um Estado nos assuntos domésticos de outro Estado, o que faz estabelecer tal primazia deste ou daquele princípio e/ou regra não é propriamente uma escolha a partir de uma lógica jurídica (que exige uma norma fundamental a dar validade e vigência a todo o resto do ordenamento jurídico), mas sim a partir de uma lógica política – para não suscitar conflitos entre as nações e ameaçar a paz internacional. Em outras palavras, por questões meramente políticas, uma cláusula de um tratado bilateral cederá lugar ao princípio da não intervenção.
5. Vigência do princípio da coordenação: na ordem
jurídica interna de um Estado, os indivíduos e as empresas estão submetidas às normas jurídicas pelo princípio da subordinação; ao contrário, na sociedade internacional os Estados convivem com base no princípio da coordenação, isto é, pela convivência organizada e harmônica de todas as soberanias envolvidas.
6. Ausência de obrigatoriedade da jurisdição
internacional: na ordem jurídica interna, todos estamos submetidos à jurisdição estatal e devemos nos resignar, cedo ou tarde, às posições do órgão judicante nacional; já na ordem internacional, não é bem assim – na ordem normativa internacional, o Estado não é originalmente jurisdicionável perante corte alguma; dizemos “originalmente” porque a sua submissão eventual e secundária a determinado Tribunal só se dá se assim ele (Estado) quiser e aceitar, dada a livre manifestação de sua vontade soberana. Só assim a sentença pode resultar obrigatória e o seu comportamento rebelde ser considerado um ato ilícito. OBS. NÃO É QUE NÃO EXISTE, NO DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO, UM SISTEMA DE SANÇÕES. O QUE OCORRE É QUE HÁ, SIM, UMA FALTA DE AUTORIDADE CENTRAL PROVIDA DO MONOPÓLIO DA FORÇA E A JURISDIÇÃO. MAS ACASO OS ESTADOS, POR VONTADE LIVRE, ACEITEM TAL SUBMISSÃO, PODERÃO SER PUNIDOS. EM TESE, É ASSIM QUE DEVERIA FUNCIONAR. NA PRÁTICA, SABEMOS QUE, AO LADO DO PRINCÍPIO DA IGUALDADE SOBERANDA ENTRE OS ESTADOS NA ORDEM INTERNACIONAL, COSTUMA APARECER CERTA DESIGUALDADE DE FATO: OU SEJA, ALGUNS PAÍSES ESTÃO MAIS SUJEITOS A SANÇÕES DO QUE OUTROS – DESDE DE QUE TENHAM AO MENOS CONSENTIDO EM SEREM REGIDOS POR CERTAS NORMAS INTERNACIONAIS. PODEMOS CITAR, COMO EXEMPLO, QUE DIFICILMENTE SE PODERIA APLICAR UMA SANÇÃO AOS PAÍSES QUE HOJE COMPÕEM O PODER DE VETO NO CONSELHO DE SEGURANÇA DA ONU. IMPORTANTE: SIDNEY GUERRA NOS LEMBRA DAS IMPOSIÇÕES DE SANÇÕES DA ONU COM RELAÇÃO AO IRAQUE NA CHAMADA GUERA DO GOLFO, DETERMINANDO QUE FOSSEM RETIRADAS AS TROPAS IRAQUIANAS DO KUWAIT. O IRAQUE É MEMBRO DA SOCIEDADE INTERNACIONAL E DA ONU, À QUAL ADERIU COM LIBERDADE E COM O EXERCÍCIO DE SUA SOBERANIA.
II – Segundo esclarecimento: a sociedade internacional é
UNIVERSAL (cf. Sidney Guerra, p. 57):
1. Antes, apenas os Estados podiam ser sujeitos de direito
internacional; atualmente, novos atores internacionais começam a ser admitidos (especialmente pós-Segunda Guerra Mundial);
2. Contribuiu, segundo Sidney Guerra, o processo de
descolonização (lembrar que o Brasil, enquanto colônia de Portugal, não figurava nas relações internacionais – colônias não podiam celebrar tratados internacionais, sem personalidade jurídica internacional;
3. Abandono da classificação que existia antes da Segunda
Grande Guerra: Estados civilizados, semicivilizados e os não civilizados. 4. Atualmente temos 193 Estados aderentes da ONU; na sua fundação, em 1945, apenas 51.
III – Terceiro esclarecimento: a sociedade internacional é
ABERTA (cf. Sidney Guerra, p. 58)
1. Não existe um número determinado de atores que façam
parte das relações internacionais;
2. A ordem internacional vem se abrindo a novos fatores e a
novas razões para admitir novos atores internacionais, tais como: organizações internacionais, indivíduos, empresas transnacionais e organizações não governamentais, dentre outros;
3. Por isso se faz uma diferença entre sujeitos de direito
internacional e atores internacionais – todo o sujeito internacional é um ator internacional, mas nem todo o ator internacional é um sujeito internacional;
4. Por exemplo, as empresas internacionais são atores, mas não
são sujeitos, porque não podem praticar todos os atos da vida internacional – exemplo: tratados internacionais; seus agentes não possuem imunidade;
IV – Quarto esclarecimento: a sociedade internacional é
PARITÁRIA (cf. Sidney Guerra, p. 60)
1. Segundo Sidney Guerra, “porque consagra a igualdade
jurídica”. Destaca este autor que é um paradigma ideal que a sociedade internacional tem começado a buscar e seguir; 2. Um exemplo simples que demonstra a tentativa de alcançar a isonomia entre os Estados soberanos na ordem internacional: na assinatura de tratados internacionais, na realização de Congressos e Conferências internacionais, os nomes dos países são dispostos conforme a ordem alfabética, não se fazendo distinção de qualquer espécie – lembra-nos Sidney Guerra que já em 1815, na Ata final do Congresso de Viena, começava-se a aplicar tal metodologia).
3. Fundamento normativo internacional: art. 1º, alínea 2, e o
art. 2º, alínea 1, da Carta da Organização das Nações Unidas (preveem o princípio da igualdade, a regra da não discriminação e o princípio da reciprocidade).
4. Com o princípio do primado da igualdade, os Estado
soberanos, igualmente, podem, por exemplo, demandar em tribunais internacionais, de votar nos órgãos plenários, com tal voto contabilizado de forma igualitária, ter o direito de legação, etc.
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