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Prof(a): Ana Paula Delgado

1° AULA - 31/07/2017
Em relação aos casos concretos, devemos postá-los. Veremos a
seguir o tema dos planos de aula a serem vistos:

1. Planejamento de Aulas
DIREITO INTERNACIONAL CONTEMPORÂNEO
ESTADO
TRATADOS INTERNACIONAIS
ORGANIZAÇÕES INTERNACIONAIS
PESSOA HUMANA —> A professora costuma adentrar na AV1 até aqui.
SOLUÇÃO DE CONTROVÉRSIAS INTERNACIONAIS
COOPERAÇÃO JUDICIÁRIA INTERNACIONAL
CONFLITOS DE LEIS NO ESPAÇO
DIREITO DO MAR

Bibliografia:

Curso Elementar de Dir. Int. Público -> Francisco Rizek (foi juiz da Corte de Haia e do
STF), Ed. Saraiva;
* Curso de Dir. Int. Público, Ed. Iumen Juris -> Sidney Guerra;
* Celso de Albuquerque Mello - Curso de Direito Internacional Público Volume I, Ed.
Renovar;
Valério Mazuolli - Editora RT, Curso de Direito Int. Público;
Direito Internacional Privado - Nadia Araújo, Ed. Renovar.

**Coletânea do Valério Mazuoli —> Aguardar atualização, porem deverá conter: (I) carta
da ONU (1945); (ii) Convenção de Viena sobre Direito dos Tratados (1969); (iii) Convenção
Americana sobre Direitos Humanos (1969); (iv) LINDB; (v) Resolução 9 do STJ; (vi) Nova
Lei de Migrações (Revogou a Lei 6815/80)
Iniciaremos o estudo pelo 1º tópico...

UNIDADE I - DIREITO INTERNACIONAL CONTEMPORÂNEO


- Definição de Direito Internacional: Conjunto de normas internacionais que
regem as relações entre os Estados e/ou entre Estados e demais entes que possuem
personalidade internacional.
- Atores do Direito Internacional: Forças Políticas, Econômicas e Religiosas.
Adquirir essa personalidade jurídica internacional
pressupõe a participação em organizações internacionais, celebrar tratados
internacionais, enviar representações diplomáticas.
1º Ator - Estados (PJ Dir. Pub. Int./Ext.)
Até 1945, o principal ator internacional era o Estado, o qual possui
uma característica de destaque, qual seja, a Soberania, principal elemento para sua
formação (condition sine qua non).
Povo - conjunto nacionais e População - abrange à todos.
Com o advento da globalização, há a expansão de culturas e
religiões pelos territórios, o que em muitos casos acarreta na perda de identidade para
alguns Estados, seja pelo modo como se dá essa disseminação ou pelo meio como foi
promovida.

2º Ator - Organizações Internacionais (possuem


personalidade jurídica)
Associação de Estados com uma Personalidade Jurídica própria
diferente de ONGs (associações de Estados com uma personalidade própria). Ex: ONU,
OEA, OMC, MERCOSUL, UE etc.

3º Ator - ONGs Internacionais (não possuem personalidade


jurídica internacional)
Como exemplo o Green Peace, Human Rights , WWF, Medico sem
Fronteiras etc.
4º Ator - Empresas Transnacionais (não possuem
personalidade jurídica internacional)

Como mencionado em aula são os grandes conglomerados: Coca-


Cola, Toyota etc.

5º Ator - A pessoa humana


Na atualidade é vista como uma pessoa que já adquiriu
personalidade internacional.Cabe lembrar que foi criada a CIDH, para a qual qualquer
cidadão está apto a peticionar. Ex: o indivíduo.

6º Ator - Santa Sé
Vem a ser uma ficção jurídica, o Vaticano não possui personalidade
internacional, porém em 1929, por meio do Tratado de Latrão, os Estados atribuíram
personalidade internacional à Santa Sé, no entanto, não passa a ser um Estado.
Denominado como a cúria romana(cardeais do Vaticano) mais o
Papa, podendo celebrar tratados, enviar representantes diplomáticos. Deste modo,
vemos que a Santa Sé, apesar de não ser Estado, possui personalidade jurídica, por isso
o Papa é considerado chefe de Estado (chefe da igreja católica e da Santa Sé).

7º Ator - Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV)


Fundado no Sec. XIX por Henry Donam, suíço, sendo uma ONG, a
qual teve personalidade internacional atribuída pela Convenção de Genebra de 1949,
utilizado com intuito de adentrar em Zonas de Guerras sem ser bombardeado, visando
prestar assistência humanitária, tratando-se de um órgão neutro.
Na atualidade, esse comitê atua em catástrofes também, muitas
vezes faz parcerias com ONGs. O maior financiador da Cruz Vermelha é a Suíça.

Trataremos neste momento das características da sociedade internacional,


vejamos:
(i) É uma sociedade Global;
(ii) Descentralizada (não há uma organização institucionalizada, não há um
órgão supranacional que dite as Leis);
(iii) Aberta, face às dinâmicas pelo mundo;
(iv) Paritária (advindo da igualdade formal presente no Art.5º da CRFB/88)

2º AULA - 07/08/2017

Prosseguindo acerca da Sociedade Internacional após revisarmos todo conteúdo


mencionado na 1 Aula.

Fontes do Direito Internacional


1ª FONTE) Princípios
A CIJ é um órgão judiciário da ONU, responsável pelo julgamento de litígios entre
Estados, diferente do TIP, que julga os indivíduos.
- Artigo 38 do Estatuto da Corte Internacional de Justiça (CIJ)
Artigo 38 - CIJ

1. A Corte, cuja função seja decidir conforme o direito internacional as controvérsias que sejam submetidas,
deverá aplicar;
2. as convenções internacionais, sejam gerais ou particulares, que estabeleçam regras expressamente
reconhecidas pelos Estados litigantes;
3. o costume internacional como prova de uma prática geralmente aceita como direito;
4. os princípios gerais do direito reconhecidos pelas nações civilizadas;
5. as decisões judiciais e as doutrinas dos publicitários de maior competência das diversas nações, como meio
auxiliar para a determinação das regras de direito, sem prejuízo do disposto no Artigo 59.
6. A presente disposição não restringe a faculdade da Corte para decidir um litígio ex aequo et bono, se convier
às partes .

- Tratados (acordo solene celebrado entre entes com personalidade internacional)


- Princípios (respeitar a soberania dos Estados, responsabilidade Internacional,
princípio da boa-fé dos Estados, princípio da defesa da paz e obrigação da
soluções pacíficas dos litígios.
- Costume Internacional (advém de uma prática internacional reiterada entre os Estados,
possuindo um o caráter objetivo (a prática em si) e o subjetivo (por ser obrigatório e
reiteradamente realizado pelos Estados).

3º AULA - 21/08/2017
Prosseguiremos analisando a CIJ (Corte de Haia ou Corte internacional de Justiça).
Analisamos a responsabilidade no direito internacional que no geral é do Estado,
excetuando-se o Tribunal Penal Internacional.
Citamos o Princípio da Reciprocidade, isto é, um Estado tratará o outro
diplomaticamente da mesma maneira que é tratado

2ª FONTE) Tratados Internacionais


3ª FONTE) Costumes
4ª FONTE) Os Atos Unilaterais
A promessa vem a ser um ato unilateral que causa impacto no âmbito internacional.
O reconhecimento também é um ato unilateral que causa impacto no âmbito
internacional, como exemplo, em caso de guerra, onde o governo é deposto d o novo
governo é reconhecido pelos demais Estados.
Assim, a partir da prática desses atos surgem direitos e obrigações no plano
internacional.
O reconhecimento também poderá ser realizado por uma organização, como exemplo, a
ONU.

OBS: Apesar de os atos unilaterais não estarem no Artigo


38 da CIJ, há uma unanimidade de se reconhecer estes
como fonte do DIP.
- Artigo 38 do Estatuto da Corte Internacional de Justiça (CIJ)
Artigo 38 - CIJ

1. A Corte, cuja função seja decidir conforme o direito internacional as controvérsias


que sejam submetidas, deverá aplicar;
2. as convenções internacionais, sejam gerais ou particulares, que estabeleçam regras
expressamente reconhecidas pelos Estados litigantes;
3. o costume internacional como prova de uma prática geralmente aceita como direito;
4. os princípios gerais do direito reconhecidos pelas nações civilizadas;
5. as decisões judiciais e as doutrinas dos publicitários de maior competência das
diversas nações, como meio auxiliar para a determinação das regras de direito, sem
prejuízo do disposto no Artigo 59.
6. A presente disposição não restringe a faculdade da Corte para decidir um litígio ex
aequo et bono, se convier às partes .

Meios Auxiliares (Doutrina e Decisões das Cortes Internacionais)


A doutrina de Dir. Internacional não possui força normativa, igualmente à

jurisprudência internacional.
“EX AEQUO ET BONO” —> Equidade. O juiz da CIJ só poderá julgar por Equidade se
as partes assim determinarem.

Normas Cogentes (Jus Cogens Internacional)


São normas que estabelecem um mínimo de civilidade para convivência entre os
Estados, conforme previsto no artigo 53 da Convenção de Viena sobre Direito dos
Tratados.

Artigo 53

Tratado em Conflito com uma Norma Imperativa de Direito

Internacional Geral (jus cogens)

É nulo um tratado que, no momento de sua conclusão, conflite com uma norma imperativa
de Direito Internacional geral. Para os fins da presente Convenção, uma norma imperativa
de Direito Internacional geral é uma norma aceita e reconhecida pela comunidade
internacional dos Estados como um todo, como norma da qual nenhuma derrogação é
permitida e que só pode ser modificada por norma ulterior de Direito Internacional geral da
mesma natureza. —> Pacta Sunt Servanda, Autodeterminação dos Povos (a
autodeterminação tem uma ligação direta com a Soberania), Igualdade dos Estados
(igualdade formal), Proibição do uso da força (um Estado não pode utilizar a força em face
de outro, excetuando-se por legítima defesa e por autorização do conselho de segurança
da ONU), Direitos Humanos (como exemplos: a proibição da escravidão que é
considerada uma norma cogente internacional, o tráfico de seres humanos, o genocídio,
os crimes de guerra etc, sendo normas que possuem uma obrigatoriedade internacional).

PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS REGEDORES DAS RELAÇÕES EXTERIORES

Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos seguintes
princípios:

I - independência nacional;
II - prevalência dos direitos humanos;
III - autodeterminação dos povos;
IV - não-intervenção;
Estes 4 incisos advém e remetem à Soberania.

V - igualdade entre os Estados;


VI - defesa da paz;
VII - solução pacífica dos conflitos;
VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo;
IX - cooperação entre os povos para o progresso da humanidade;
X - concessão de asilo político —> proteção dada ao indivíduo que
foge de outro estado
devido a uma perseguição de cunho político, possuindo um escopo político e tenement
humanitário.
Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará a integração econômica, política, social e
cultural dos povos da América Latina, visando à formação de uma comunidade latino-americana de
nações.

Passaremos ao estudo da Nacionalidade….

Vínculo jurídico-político que une um indivíduo a um Estado, isto é, o indivíduo possui uma
natureza jurídica com o Estado, destacando-se os direitos políticos(votar e candidatar).

A nacionalidade possui 2 dimensões:

Vertical -> correlacionada aos deveres cívicos com o Estado, ex: serviço militar, Jurado
eleitoral etc
Horizontal -> correlacionada aos direitos, restringindo-se aos que o nacional possui.

Mencionamos a distinção entre Nacionalidade e Cidadania, já vista em Direito


Constitucional.

Nacionalidade Originária
Caracterizada por ser adquirida no momento do nascimento, utilizando-se os 2 critérios,
sendo: jus solis (critério territorial) e jus sanguinis (advém da nacionalidade dos
ascendentes)

Um jovem que nasce no Brasil mas tem um de seus pais portugueses, poderá adquirir a
nacionalidade portuguesa (devido ao critério jus sanguinis) advindo do País em tela,
sendo uma discricionariedade do Estado que deverá prever em seu ordenamento
constitucional.

OBS: Poderão surgir conflitos de ordem positiva e negativa.


O conflito positivo é chamado de polipatridia (Polipátrida), isto é,
indivíduo que possui mais de uma nacionalidade originária.
Ex: indivíduo que possui 2 nacionalidades originárias (brasileira e
portuguesa).

Tratando do conflito negativo chamamos de apatridia (Apátrida), o


indivíduo não possui nacionalidade, no entanto, no futuro poderá adquirir
uma nacionalidade, sendo uma nacionalidade Derivada e não
originária.
A apatridia também está pode ocorrer em Estados Autoritários, nos quais
o Estado edita um decreto extinguindo a nacionalidade das pessoas.
Como exemplo o que foi realizado no Iraque por Saddam Hussein, por
Hitler na Alemanha em face dos judeus.

O apátrida no mundo inteiro é equiparado a um estrangeiro devido a um


Tratado Internacional existente e aplicável a todos países.
OBS: Despatriado é aquele que perdeu a nacionalidade, podendo se tornar um
apátrida. No Brasil, o estrangeiro pode perder a nacionalidade, no entanto, com o advento
da Lei de Migrações (Lei 13.445/17), caso ele venha a se torna um Apátrida, não será
permitida a perda da nacionalidade, vemos uma mudança em relação ao Estatuto do
Estrangeiro de modo a tornar mais efetiva a busca pela proteção dos estrangeiros.

Art. 12. São brasileiros:

I - natos:
a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de pais estrangeiros (ius solis), desde
que estes não estejam a serviço de seu país (ius sanguinis);--> vemos em um único inciso os 2
critérios de nacionalidade.

Neste caso, lemos "a serviço de seu país" como um serviço oficial.

b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que qualquer deles esteja a
serviço da República Federativa do Brasil;--> basta que um deles esteja a serviço oficial do
Brasil

c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde que sejam registrados em
repartição brasileira competente ou venham a residir na República Federativa do Brasil e optem, em
qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira; (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 54, de 2007)--> voltada para o filho de brasileiros nascidos no
exterior e os pais não estão a serviço do Brasil.
A inovação trazida pela EC foi no sentido de que os pais deverão registrar o filho na
repartição competente (consulado - age no interesse dos nacionais no exterior; diferente
da embaixada - responsável por interessses econômicos).

OBS: A ação de Opção de Nacionalidade é um processo de jurisdição voluntária (não


há lide) para que o indivíduo venha a optar pela nacionalidade brasileira, distinto do
procedimento da naturalidade. O foro competente será a JF, nos termos do Art.109, X, da
CRFB/88.

OBS: A atribuição de nacionalidade por casamento vem sendo extinta pelos


ordenamentos, visto que estava sendo utilizado para fraudes. no entanto, poderá
funcionar como um requisito facilitador para adquirir a naturalização, passando a ter uma
nacionalidade derivada, jamais originária.

Nacionalidade Derivada
Exemplo do brasileiro que foi viver no Canadá e resolveu se naturalizar Canadense,
renunciando a nacionalidade brasileira.
Deste modo, ao renunciar, em observância ao artigo 12, parágrafo 4º, II da CRFB/88.

A União tem a competência constitucional para estabelecer normas jurídicas acerca da


nacionalidade. Sendo assim, as regras de criação e extinção da nacionalidade possuem
previsão na própria CRFB/88.
4º AULA - 28/08/2017
Iniciamos a aula tratando acerca da natureza jurídica da Nacionalidade, que vem a ser
uma natureza jurídico-política.
Jurídico pois a partir do momento que o indivíduo está ligado à sociedade passa a ser
titular de uma série de direitos e deveres, sendo a nacionalidade um elo de natureza
jurídico-política que liga o indivíduo ao Estado.
A dimensão política pode ser destacada dentre os direitos, como exemplo, o direito ao
voto.

A nacionalidade possui dimensões, quais sejam: horizontal e vertical.

Na dimensão vertical (verticalidade) vemos a presença do Estado, pois há uma


hierarquia entre os seus componentes. Ex: o serviço militar obrigatório (munus publico),
jurado eleitoral, mesário, dentre outros deveres cívicos com previsão na CRFB/88.
No que tange à dimensão horizontal (relação de horizontalidade) podemos destacar
os direitos políticos do indivíduo nacional.

Recordou a distinção entre cidadania e nacionalidade (cidadão e nacional), visto que a


cidadania pressupõe a nacionalidade.
Do ponto de vista jurídico, a cidadania está ligada aos direitos políticos, isto é, ao pleno
uso e gozo destes.

Nacionalidade Derivada (Naturalização)

Atualmente, com o advento da Lei 13.445/17, surgiram 2 novas espécies de


naturalização. Cabe recordar que já existiam 2 tipos de naturalização, quais sejam:
originária e extraordinária, que decorrem de previsão na Constituição da República
(Art.12, II, a, b).

Acerca das 2 novas espécies mencionamos a seguir: a Naturalização Especial (com


previsão na Lei 13.445/17) e a Naturalização Provisória (já existente no ordenamento
anterior, Estatuto do Estrangeiro)

A nacionalidade derivada surge no decorrer da vida, não advém do nascimento do


invidíduo, sendo representada pelo instituto da naturalização.

II - naturalizados:

a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira, exigidas aos originários de países de
língua portuguesa apenas residência por um ano ininterrupto e idoneidade moral;--> Naturalização
Oirignária. Era a Lei 6.815/80, passando desde Maio de 2017 a estar em vigor a Lei
13.445/17. Aqui exige-se pelo menos 4 anos.

**De acordo com o Art.65 da Nova Lei de Migrações o estrangeiro deverá obedecer aos
seguintes requisitos, vejamos:

(i) capacidade civil; - tendo em vista o fato de ser um direito personalíssimo.


(ii) tempo de residência por 4 anos;
(iii) comunicar-se em lingua portuguesa;
(iv) não possuir condenação criminal

Vemos que a exigência acabou sendo abrandada em relação à Lei 6.815/80, algo que
advém justamente do momento em que a Lei havia sido elaborada, pois na época a
burocratização em relação aos estrangeiros era muito maior, havendo com isso mais
exigências.

No Brasil, o Poder Executivo é a autoridade competente para decidir acerca da


naturalização, em especial, pelo Ministério da Justiça. Assim, o estrangeiro que pretende
se naturalizar deverá protocolar o pedido junto à PF, que neste caso, exercerá seu poder
administrativo.

Cabe ressaltar que a naturalização é um ato discricionário do Poder Executivo, isto é,


ainda que o indivíduo preencha todos os requisitos, a autoridade não estará obrigada a
conceder a naturalização. Desta forma, vemos que o Estado é soberano para prática dos
atos que lhe couberem, como exemplo, a naturalização.

**Cabe indicar que o princípio que regia a Lei 6.815/80 era o Princípio da Segurança
Nacional, já a Lei 13.445/17 é regida pelos Princípios de repúdio à Xenofobia, ao
Racismo, da Prevalência dos Direitos Humanos, sendo uma Lei progressista e muito mais
liberal frente à nova ordem socio-econômica mundial.

b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na República Federativa do Brasil há mais


de quinze anos ininterruptos e sem condenação penal, desde que requeiram a nacionalidade
brasileira. (Redação dada pela Emenda Constitucional de Revisão nº 3, de 1994) --> Naturalização
Extraordinária, vemos que neste caso os requisitos estão na própria CRFB/88 (15 anos e
não ter condenação penal, além de um requisito implícito, a capacidade civil), sendo
assim um ato vinculado para ser concedido.

Questão de prova: Estrangeiro (Finlândes) veio a residir no Brasil há 16 anos e teve


uma filha com uma brasileira. Logo após se separou e deixou de pagar os alimentos à
filha, com isso a mãe brasileira ingressou com uma ação e o mesmo foi condenado a
prisão devido à dívida alimentícia (prisão civil por inadimplemento alimentar).

Cabe dizer que o fato supracitado ocorreu durante seu processo de naturalização,
entretanto, a prisão civil não pode obstar o processo de naturalização, visto que o
indivíduo preencheu os requisitos presentes no Art.12, II, b, da CRFB/88.

O finlândes não possuía nenhuma condenação penal.

EFEITOS DA NATURALIZAÇÃO
A naturalização produz efeitos a partir da data da publicação em D.O. em diante (efeitos
ex-nunc).

Vejamos o Art.5, LI, da CRFB/88..


LI - nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, em caso de crime comum,
praticado antes da naturalização, ou de comprovado envolvimento em tráfico ilícito
de entorpecentes e drogas afins, na forma da lei;--> o brasileiro nato não poderã ser
extraditado (ato de cooperação penal internacional entre jurisdições estatais), daqui
depreendemos o princípio da proteção aos nacionais ou da proteção à nacionalidade.

O brasileiro naturalizado poderá ser extraditado em 2 casos, visto que não está
acobertado pelo Princípio da Nacionalidade ainda, uma vez que os efeitos da
naturalização não são retroativos.
Além disso, segundo entendimento pacificado pelo STF, no caso de tráfico, independerá
do lapso temporal se incorrer neste crime, devendo ser extraditado.

OBS: A Deportação pressupõe uma irregularidade, diferentemente da Extradição que


pressupõe a prática de um crime. Exílio ocorre quando o indivíduo é cunhado de
perseguição política, assim a pessoa se retira do País por sofrer uma perseguição
política.

A autoridade competente pela Deportação no Brasil é a Polícia Federal. Na lei 6.815/80, a


autoridade migratória poderia dar uma notificação para saída do estrangeiro do País,
deste modo, com o advento da Lei 13.445/17, a notificação passa a ser obrigatória.

Art. 50. A deportação é medida decorrente de procedimento administrativo que consiste na retirada
compulsória de pessoa que se encontre em situação migratória irregular em território nacional.

§ 1o A deportação será precedida de notificação pessoal ao deportando, da qual


constem, expressamente, as irregularidades verificadas e prazo para a
regularização não inferior a 60 (sessenta) dias, podendo ser prorrogado, por igual
período, por despacho fundamentado e mediante compromisso de a pessoa manter atualizadas
suas informações domiciliares.

A lei de Migrações reproduz a naturalização originária e extraordinária em observância ao


texto constitucional, já as que veremos abaixo foram criadas com o advento deste novo
ordenamento infraconstitucional.

Naturalização Especial - Com previsão no Art.68 da Lei 13.445/17, prevê o caso do


brasileiro que trabalha em serviço diplomático no exterior (embaixada), no caso o cônjuge
deste, após 5 anos poderá requerer a naturalização. Neste caso, impende ressaltar que o
ato também é discricionário.

Art. 68. A naturalização especial poderá ser concedida ao estrangeiro que se encontre em uma das
seguintes situações:

I - seja cônjuge ou companheiro, há mais de 5 (cinco) anos, de integrante do Serviço Exterior


Brasileiro em atividade ou de pessoa a serviço do Estado brasileiro no exterior; ou

II - seja ou tenha sido empregado em missão diplomática ou em repartição consular do Brasil por
mais de 10 (dez) anos ininterruptos.-> estrangeiro empregado há mais e 10 anos nesse
serviço.
Para estes 2 casos, aplicam-se implicitamente a capacidade civil (dir. personalíssimo) e
não pode ter sofrido condenação penal, além de ter que se comunicar na língua
portuguesa.

Naturalização Provisória - Também exigida na Lei 6.815/80, no entanto, sofreu


alterações pela Lei 13.445/17.

Art. 70. A naturalização provisória poderá ser concedida ao migrante criança ou


adolescente que tenha fixado residência em território nacional antes de completar
10 (dez) anos de idade e deverá ser requerida por intermédio de seu representante
legal.-> o indivíduo é estrangeiro e ingressou no território brasileiro há pouco tempo..

Parágrafo único. A naturalização prevista no caput será convertida em definitiva se o naturalizando


expressamente assim o requerer no prazo de 2 (dois) anos após atingir a maioridade.-> está sujeita
à confirmação da pessoa no prazo de 2 anos após a maioridade civil.

PERDA DA NACIONALIDADE

Existem 2 maneiras de perda da nacionalidade, sendo: a Perda-Punição e a Perda-


Mudança.

Art.12, § 4º - Será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro que:

I - tiver cancelada sua naturalização, por sentença judicial, em virtude de atividade nociva ao
interesse nacional; -> previsão da Perda-Punição, a qual refere-se apenas ao naturalizado.
Trata-se de uma ação ajuizada pelo MP e não de uma condenação no âmbito penal, isto
é, para que ocorra a efetiva perda da nacionalidade, o MP deverá requerer em ação
própria. Neste tipo a perda da nacionalidade se dá por meio de sentença judicial
transitada em julgado.

II - adquirir outra nacionalidade, salvo nos casos: (Redação dada pela Emenda Constitucional de
Revisão nº 3, de 1994)-> previsão da perda-mudança, aplicável ao brasileiro nato ou
naturalizado. Neste caso, a perda da nacionalidade se exterioriza por meio de um
Decreto.

a) de reconhecimento de nacionalidade originária pela lei estrangeira; (Incluído pela Emenda


Constitucional de Revisão nº 3, de 1994)-> Polipatridia, isto é, o indivíduo é brasileiro e
português, sendo ambas uma nacionalidade originária, por isso não é considerada uma
naturalização, e sim, uma nacionalidade originária em ambos os casos.

A autoridade competente para analisar a Extradição é o STF.

b) de imposição de naturalização, pela norma estrangeira, ao brasileiro residente em estado


estrangeiro, como condição para permanência em seu território ou para o exercício de direitos civis;
(Incluído pela Emenda Constitucional de Revisão nº 3, de 1994)-> se a naturalização for o único
meio de exercer direitos, isto é, uma imposição do Estado, não haverá a perda da
nacionalidade brasileira.

Reaquisição da Nacionalidade - Art.76 da Lei 13.445/17


A reaquisição da nacionalidade é uma discricionariedade do Estado, desta forma, caso o
Estado Brasileiro conceda o indivíduo retorna ao seu Estado quo ante, voltando a ser
nato.
O indivíduo deverá provocar o Poder Executivo (Ministério da Justiça) para análise do
pedido de reaquisação.

Ex: Atletas que se naturalizaram pela Georgia para participar das Olimpíadas,
abdicando assim da nacionalidade brasileira.

Medidas de Saída Compulsórias

Existem 3 medidas de saída compulsórias para o estrangeiro: Deportação, Expulsão e


Extradição.

O nacional não estará sujeito a Deportação e nem mesmo a Expulsão, todavia, o


Nacional-naturalizado poderá ser extraditado, nos termos do art.12, parágrafo 4 da CRFB/
88 e art.75 da Lei 13.445/17.

Art. 6o O visto é o documento que dá a seu titular expectativa de ingresso em território nacional.->
via de regra para o estrangeiro ingressar e permanecer no País precisará de um visto,
concedido pelo consulado brasileiro no exterior.
De acordo com a finalidade para a qual o estrangeiro ingressa no País, haverão diversos
tipos de visto.
O visto gera uma expectativa de direito ao ingresso, haja vista que poderá ocorrer um
impedimento, isto é, o estrangeiro fica impedido de entrar no território nacional.

OBS: DEPORTAÇÃO X REPATRIAÇÃO

No geral, o impedimento advém da soberania do Estado, o indivíduo não


chega a adentrar no território nacional, ocorrendo assim uma Repatriação,
distinta da Deportação.
Na Deportação, o indivíduo entrou no território nacional de forma clandestina
ou se tornou irregular, não pressupondo um crime, e sim, a irregularidade do
estrangeiro no Brasil.

Com o advento da Lei 13.445/17, o refugiado não será repatriado devido a expressa
previsão deste novo ordenamento, pois o refugiado busca uma proteção/benefício, não
podendo ser simplesmente repatriado em sua situação de plena vulnerabilidade.

Em prosseguimento, foi mencionada a CONVENÇÃO RELATIVA AO ESTATUTO DOS


REFUGIADOS (1951), denominando o Refugiado como aquele que foge do seu País por
fundado temor de perseguição por questões de raça, religião, nacionalidade, grupo social
ou opiniões políticas, segundo disposto no Art.1, item 2 desta Convenção
supramencionada.
Ocorre que esta Convenção não aobrdava a questão da violação dos Direitos Humanos
(Ex: Guerra) e nem mesmo catástrofes ambientais.
A Lei 9494/97 define que o Refugiado foge do seu País devido a uma violação sucessiva
dos Direitos Humanos, sendo tratada como uma Lei progressista neste sentido quando
comparada à Convenção Internacional de 1951.

Citamos, como exemplo, a negativa do Brasil para os haitianos e venezuelanos, visto que
não havia o denominado "fundado temor de perseguição", o que fere frontalmente o
ordnamento brasileiro, visto que há uma clara violação aos Direitos Humanos destes
indivíduos.
Acerca destas posições adotadas foi ressaltado o caráter político em suas razões, haja
vista que o Brasil não se ateve a Lei 9494/97 do Comitê Internacional para Refugiados,
dando uma interpetação diversa da prevista em Lei, atendo-se meramente a Convenção
Internacional de 1951.

Neste sentido, vemos que o Brasil não possui nenhum tipo de políticas públicas para dar
suporte aos Refugiados.

Como meio de expor a protetividade desta nova Lei de Migrações, vemos que caso o
estrangeiro não tenha nenhum tipo de defensor, a DPU será nomeada para proteção do
estrangeiro.
Outro inovação trata da impossibilidade da Deportação de grupo, o que nos reporta ao
ocorrido com os Venezuelanos no início do ano, devendo a Deportação ser
individualizada, visto que caso contrário estaremos desconsiderando a dignidade da
pessoa humana, preceito elencado no rol de princípios fundamentais da Carta da
República.

Expulsão
A expulsão pressupõe um ato grave, uma gravidade, levando-se em conta o grau de
periculosidade do indivíduo. Exemplo do indivíduo que pratica um crime a ser julgado
perante o TPI.
O estrangeiro que é expulso fica impedido de adentrar no território nacional novamente,
diferentemente do deportado, que após devidamente regularizado, poderá retornar ao
País.

****Artigos sobre a Lei de Migrações (Lei 13.445/17)

http://www.conjur.com.br/2017-mai-26/andre-ramos-direitos-humanos-sao-
eixo-central-lei-migracao

http://www.conjur.com.br/2017-abr-18/lei-migracao-coloca-brasil-vanguarda-
defesa-imigrantes
http://www.brasil.gov.br/cidadania-e-justica/2017/05/confira-as-principais-
mudancas-trazidas-pela-lei-de-migracao

http://www.mundivisas.com.br/br/not%C3%ADcias/comentários-à-nova-lei-
de-migrações-lei-no134452017

http://justificando.cartacapital.com.br/2017/06/02/os-pros-e-contras-da-nova-
lei-de-migracao/

5º AULA - 04/09/2017

A professora vem revendo o falado na última aula à luz da Lei de Migração (Lei 13.445 de
2017).

REPATRIAÇÃO
Tratou sobre a Repatriação (Conforme Art.49)

Art. 49. A repatriação consiste em medida administrativa de devolução de pessoa em situação de


impedimento ao país de procedência ou de nacionalidade.

§ 1o Será feita imediata comunicação do ato fundamentado de repatriação à empresa


transportadora e à autoridade consular do país de procedência ou de nacionalidade do migrante ou
do visitante, ou a quem o representa.
§ 2o A Defensoria Pública da União será notificada, preferencialmente por via eletrônica, no caso do
§ 4o deste artigo ou quando a repatriação imediata não seja possível.
§ 3o Condições específicas de repatriação podem ser definidas por regulamento ou tratado,
observados os princípios e as garantias previstos nesta Lei.
§ 4o Não será aplicada medida de repatriação à pessoa em situação de refúgio ou de apatridia, de
fato ou de direito, ao menor de 18 (dezoito) anos desacompanhado ou separado de sua família,
exceto nos casos em que se demonstrar favorável para a garantia de seus direitos ou para a
reintegração a sua família de origem, ou a quem necessite de acolhimento humanitário, nem, em
qualquer caso, medida de devolução para país ou região que possa apresentar risco à vida, à
integridade pessoal ou à liberdade da pessoa.
§ 5o (VETADO).

DA DEPORTAÇÃO
Pela Lei antiga (Lei 6.815/80), a Deportação podia ser realizada por meio de uma
notificação do estrangeiro (era uma faculdade) ou deporta-lo ad nutum, não era
obrigatória a notificação.
Com o advento da Nova Lei, passou a ser obrigatória a notificação do estrangeiro antes
de deportá-lo, concedendo-lhe um prazo de 60 dias (artigo 50, parágrafo 1º).
Segundo a nova Lei de Deportação pode ocorrer, mas não de modo coletivo (ex: os
venezuelanos deportados de Roraima),hoje em dia não seria possível serem deportados,
conforme artigo 61 da Lei, vejamos abaixo:

Art. 61. Não se procederá à repatriação, à deportação ou à expulsão coletivas.


Parágrafo único. Entende-se por repatriação, deportação ou expulsão coletiva aquela que não
individualiza a situação migratória irregular de cada pessoa.

Outra alteração relevante é a possibilidade de proteção por meio da Defensoria Pública

Art. 50. A deportação é medida decorrente de procedimento administrativo que consiste na retirada
compulsória de pessoa que se encontre em situação migratória irregular em território nacional.

§ 1o A deportação será precedida de notificação pessoal ao deportando, da qual constem,


expressamente, as irregularidades verificadas e prazo para a regularização não inferior a 60
(sessenta) dias, podendo ser prorrogado, por igual período, por despacho fundamentado e mediante
compromisso de a pessoa manter atualizadas suas informações domiciliares.
§ 2o A notificação prevista no § 1o não impede a livre circulação em território nacional, devendo o
deportando informar seu domicílio e suas atividades.
§ 3o Vencido o prazo do § 1o sem que se regularize a situação migratória, a deportação poderá ser
executada.
§ 4o A deportação não exclui eventuais direitos adquiridos em relações contratuais ou decorrentes
da lei brasileira.
§ 5o A saída voluntária de pessoa notificada para deixar o País equivale ao cumprimento da
notificação de deportação para todos os fins.
§ 6o O prazo previsto no § 1o poderá ser reduzido nos casos que se enquadrem no inciso IX do art.
45.
Art. 51. Os procedimentos conducentes à deportação devem respeitar o contraditório e a ampla
defesa e a garantia de recurso com efeito suspensivo.
§ 1o A Defensoria Pública da União deverá ser notificada, preferencialmente por meio eletrônico,
para prestação de assistência ao deportando em todos os procedimentos administrativos de
deportação.
§ 2o A ausência de manifestação da Defensoria Pública da União, desde que prévia e devidamente
notificada, não impedirá a efetivação da medida de deportação.
Art. 52. Em se tratando de apátrida, o procedimento de deportação dependerá de prévia autorização
da autoridade competente.
Art. 53. Não se procederá à deportação se a medida configurar extradição não admitida pela
legislação brasileira.

DA EXPULSÃO
A Expulsão também é um ato administrativo, no entanto, pressupõe a gravidade. A pessoa
que não poderia ser expulsa é aquela que possui filho brasileiro ou família brasileira (até
3º grau).

Com o advento da nova Lei, as regras de quem pode ser expulso foram mais extensivas,
vejamos:

Art. 54. A expulsão consiste em medida administrativa de retirada compulsória de migrante


ou visitante do território nacional, conjugada com o impedimento de reingresso por prazo
determinado.

§ 1o Poderá dar causa à expulsão a condenação com sentença transitada em julgado relativa à
prática de:
I - crime de genocídio, crime contra a humanidade, crime de guerra ou crime de agressão, nos
termos definidos pelo Estatuto de Roma do Tribunal Penal Internacional, de 1998, promulgado pelo
Decreto no 4.388, de 25 de setembro de 2002; ou
II - crime comum doloso passível de pena privativa de liberdade, consideradas a gravidade e as
possibilidades de ressocialização em território nacional.
§ 2o Caberá à autoridade competente resolver sobre a expulsão, a duração do impedimento de
reingresso e a suspensão ou a revogação dos efeitos da expulsão, observado o disposto nesta Lei.
§ 3o O processamento da expulsão em caso de crime comum não prejudicará a progressão de
regime, o cumprimento da pena, a suspensão condicional do processo, a comutação da pena ou a
concessão de pena alternativa, de indulto coletivo ou individual, de anistia ou de quaisquer
benefícios concedidos em igualdade de condições ao nacional brasileiro.
§ 4o O prazo de vigência da medida de impedimento vinculada aos efeitos da expulsão será
proporcional ao prazo total da pena aplicada e nunca será superior ao dobro de seu tempo.

Art. 55. Não se procederá à expulsão quando:

I - a medida configurar extradição inadmitida pela legislação brasileira;


II - o expulsando:
a) tiver filho brasileiro que esteja sob sua guarda ou dependência econômica ou socioafetiva ou tiver
pessoa brasileira sob sua tutela;
b) tiver cônjuge ou companheiro residente no Brasil, sem discriminação alguma, reconhecido
judicial ou legalmente;
c) tiver ingressado no Brasil até os 12 (doze) anos de idade, residindo desde então no País;
d) for pessoa com mais de 70 (setenta) anos que resida no País há mais de 10 (dez) anos,
considerados a gravidade e o fundamento da expulsão; ou
e) (VETADO).

Art. 56. Regulamento definirá procedimentos para apresentação e processamento de pedidos de


suspensão e de revogação dos efeitos das medidas de expulsão e de impedimento de ingresso e
permanência em território nacional.
Art. 57. Regulamento disporá sobre condições especiais de autorização de residência para viabilizar
medidas de ressocialização a migrante e a visitante em cumprimento de penas aplicadas ou
executadas em território nacional.

Art. 58. No processo de expulsão serão garantidos o contraditório e a ampla defesa.


§ 1o A Defensoria Pública da União será notificada da instauração de processo de expulsão, se não
houver defensor constituído.
§ 2o Caberá pedido de reconsideração da decisão sobre a expulsão no prazo de 10 (dez) dias, a
contar da notificação pessoal do expulsando.—> novamente é dada garantia de defesa pela
DP.
Art. 59. Será considerada regular a situação migratória do expulsando cujo processo esteja
pendente de decisão, nas condições previstas no art. 55.
Art. 60. A existência de processo de expulsão não impede a saída voluntária do expulsando do País.

DA EXTRADIÇÃO
A extradição é um ato de cooperação penal internacional (entre jurisdições de
Estados), a Deportação não decorre de crime, a Expulsão pode ocorrer devido à
prática de crime, já a extradição necessariamente será baseada nesta.

**OBS: O pedido de status de refugiado é feito ao CONARE, cabendo dizer que


não pode ser dado este status a pessoa que comete crime comum (Lei 9474/97 -
Lei dos Refugiados).
No caso Battisti, inicialmente, foi negado o pedido pelo CONARE, com isso ele
recorreu ao Ministro da Justiça, que entendeu no sentido de que Battisti sofria
perseguição política, concedendo o status de refugiado. Logo após, a Itália veio a
requerer a extradição de Battisti.

Competência para análise do pedido de Extradição

Os pedidos de Extradição são recebidos e analisados pelo STF, porém nos casos
em que o pedido de extradição é entendido como legal, o indivíduo é extraditado.
Entretanto, trata-se de um case excepcional, pois o pedido foi submetido ao
Presidente da República, que optou por não extraditar o Sr. Battisti.
Ademais, o STF ressaltou que a concessão do status de refugiado foi ilegal e,
assim, de um ato ilegal não se resultam direitos.

* EXTRADIÇÃO ATIVA - Realizada pelo Brasil.

* EXTRADIÇÃO PASSIVA - Ex: caso Battisti, pois o Brasil foi demandado pela
Italia, sendo competente para análise o STF.

Impende ressaltar que a pessoa pode ser extraditada para a instrução penal ou
cumprimento de pena, não sendo necessária a sentença neste sentido.

* EXTRADIÇÃO INSTRUTÓRIA - estrangeiro extraditado para responder ao


processo criminal

* EXTRADIÇÃO EXECUTÓRIA - estrangeiro extraditado para cumprir a pena a


qual foi condenado.

*A Extradição, segundo o STF, tem como conditio sine qua non a existência de
tratado/acordo de extradição ou pelo menos uma promessa de reciprocidade.

OBS2: Outro exemplo, Ronald Biggs (constituiu família no RJ), no entanto, o


fato de ter família brasileira não impede a deportacao e nem mesmo Extradição,
apenas a Expulsão (Sumula 421 STF)

STF, Súmula Nº 421 - Não impede a extradição a circunstância de ser o extraditando casado com
brasileira ou ter filho brasileiro.

Como não havia tratado entre Brasil-Inglaterra, foi proposta a realização de uma
promessa de reciprocidade, entretanto, o Direito Britânico vedava a promessa de
reciprocidade, fato que o impediu de ser extraditado.

Casos em que não haverá Extradição:


- Brasileiro nato (princípio da proteção do nacional ou proteção da nacionalidade);
- O fato não for considerado crime no exterior (Principio da identidade);
- O Brasil for competente (princípio da extraterritorialidade);
- Lei brasileira impuser pena de prisão em abstrato inferior a 2 anos (Principio da
Bagatela);
- Extraditando estiver respondendo a processo ou já tiver sido condenado ou absolvido
no Brasil (Ne bis in idem);
- Prescrição (utiliza-se o critério misto);
- Tribunal de Exceção (
- Beneficiário de Refúgio;
- Penas vedadas no Brasil.

Art. 82. Não se concederá a extradição quando:


I - o indivíduo cuja extradição é solicitada ao Brasil for brasileiro nato;
II - o fato que motivar o pedido não for considerado crime no Brasil ou no Estado requerente;
III - o Brasil for competente, segundo suas leis, para julgar o crime imputado ao extraditando;
IV - a lei brasileira impuser ao crime pena de prisão inferior a 2 (dois) anos;
V - o extraditando estiver respondendo a processo ou já houver sido condenado ou absolvido no
Brasil pelo mesmo fato em que se fundar o pedido;
VI - a punibilidade estiver extinta pela prescrição, segundo a lei brasileira ou a do Estado requerente;
VII - o fato constituir crime político ou de opinião;
VIII - o extraditando tiver de responder, no Estado requerente, perante tribunal ou juízo de exceção;
ou
IX - o extraditando for beneficiário de refúgio, nos termos da Lei no 9.474, de 22 de julho de 1997, ou
de asilo territorial.
§ 1o A previsão constante do inciso VII do caput não impedirá a extradição quando o fato constituir,
principalmente, infração à lei penal comum ou quando o crime comum, conexo ao delito político,
constituir o fato principal.
§ 2o Caberá à autoridade judiciária competente a apreciação do caráter da infração.
§ 3o Para determinação da incidência do disposto no inciso I, será observada, nos casos de
aquisição de outra nacionalidade por naturalização, a anterioridade do fato gerador da extradição.
§ 4o O Supremo Tribunal Federal poderá deixar de considerar crime político o atentado contra chefe
de Estado ou quaisquer autoridades, bem como crime contra a humanidade, crime de guerra, crime
de genocídio e terrorismo.
§ 5o Admite-se a extradição de brasileiro naturalizado, nas hipóteses previstas na Constituição
Federal.

Art. 83. São condições para concessão da extradição:

I - ter sido o crime cometido no território do Estado requerente ou serem aplicáveis ao extraditando
as leis penais desse Estado; e
II - estar o extraditando respondendo a processo investigatório ou a processo penal ou ter sido
condenado pelas autoridades judiciárias do Estado requerente a pena privativa de liberdade.—>
Extradição Instrutoria e Executória.

O Art.84 prevê a possibilidade do estado estrangeiro pedir a prisão cautelar do


extraditando.

Se o Estado estrangeiro não retirar o estrangeiro após 60 dias da notificação deste pelo
STF, o estrangeiro será colocado em liberdade.

Art.84, § 4o Na ausência de disposição específica em tratado, o Estado estrangeiro deverá


formalizar o pedido de extradição no prazo de 60 (sessenta) dias, contado da data em que tiver sido
cientificado da prisão do extraditando.
§ 5o Caso o pedido de extradição não seja apresentado no prazo previsto no § 4o, o extraditando
deverá ser posto em liberdade, não se admitindo novo pedido de prisão cautelar pelo mesmo fato
sem que a extradição tenha sido devidamente requerida.

Não cabe extradição com base em pedido com os mesmos fatos (artigo 94)..
Art. 94. Negada a extradição em fase judicial, não se admitirá novo pedido baseado no mesmo fato.

Art. 85. Quando mais de um Estado requerer a extradição da mesma pessoa, pelo mesmo fato, terá
preferência o pedido daquele em cujo território a infração foi cometida

§ 1o Em caso de crimes diversos, terá preferência, sucessivamente:

I - o Estado requerente em cujo território tenha sido cometido o crime mais grave, segundo a lei
brasileira;
II - o Estado que em primeiro lugar tenha pedido a entrega do extraditando, se a gravidade dos
crimes for idêntica;
III - o Estado de origem, ou, em sua falta, o domiciliar do extraditando, se os pedidos forem
simultâneos.
§ 2o Nos casos não previstos nesta Lei, o órgão competente do Poder Executivo decidirá sobre a
preferência do pedido, priorizando o Estado requerente que mantiver tratado de extradição com o
Brasil.
§ 3o Havendo tratado com algum dos Estados requerentes, prevalecerão suas normas no que diz
respeito à preferência de que trata este artigo.

PRINCÍPIO DA IDENTIDADE
Ao chegar no Brasil, o pedido de Extradição deve ser bem formulado e o crime deverá ser
fato típico, antijurídico e culpável em ambos os Estados (Países).
A identidade não advém apenas da incompatibilidade, pois o Brasil não irá extraditar um
estrangeiro se este for punido de modo muito mais severo e rígido em outro País.
(Ex: na China o estelionatário é julgado com pena de morte, com isso o Chinês adentrou
no Brasil e o pedido de Extradição feito pela China foi admitido, sob a condição de que
este não sofresse com a pena de morte.
Deste modo, como a China não se submeteu ao determinado, o estrangeiro não foi
enviado à China, visto que no Brasil não foi crime, permanecendo aqui.

Distinções Constitucionais entre os Brasileiros Natos e Naturalizados


Artigo 5º, II CRFB/88 —>

Tribunal Penal Internacional é um órgão despersonalizado que julga pessoas físicas. O


Brasil além de estar obrigado internacionalmente, também está por meio da CRFB/88.

Artigo 12, parágrafo 3º CRFB/88 -> cargos privativos de brasileiros natos.

Artigo 222 CRFB/88 -> propriedade de empresa jornalística e de radiodifusão sonora e de


Sons e imagens.

CASO CONCRETO 1:

R: Sabe-se que doutrina não é fonte do direito internacional público, o artigo 38 do


Estatuto da Corte Internacional de Justiça já prevê, sendo acrescido os atos unilaterais,
assim admitidos pela jurisprudência.
1. A Corte, cuja função seja decidir conforme o direito internacional as controvérsias que sejam
submetidas, deverá aplicar;
2. as convenções internacionais, sejam gerais ou particulares, que estabeleçam regras
expressamente reconhecidas pelos Estados litigantes;
3. o costume internacional como prova de uma prática geralmente aceita como direito;
4. os princípios gerais do direito reconhecidos pelas nações civilizadas;
5. as decisões judiciais e as doutrinas dos publicitários de maior competência das diversas nações,
como meio auxiliar para a determinação das regras de direito, sem prejuízo do disposto no Artigo 59.
6. A presente disposição não restringe a faculdade da Corte para decidir um litígio ex aequo et bono,
se convier às partes.

CASO CONCRETO 2:

R: Na questão destacamos a **Teoria do Objetor Persistente, isto é, um novo


Estado se manifesta no sentido de não se submeter a um costume anterior à sua criação.
Nessa diapasão preleciona o autor Valerio de Oliveira Mazzuoli:

"Sua importância ainda advém do fato de não existir, no campo do


Direito Internacional, um centro integrado de produção de normas
jurídicas, não obstante a atual tendência de codificação das normas
internacionais de origem consuetudinária. A codificação do costume
em documentos escritos demonstra nitidamente o seu caráter de
fonte formal do Direito Internacional, eis que uma série de institutos –
relativos, aos espaços marítimos, ao comércio, à guerra e às relações
diplomáticas – nasceram temporalmente muito antes que qualquer
tratado sobre a matéria, e inclusive antes da formação dos próprios
Estados.
De fato, é o costume internacional, enquanto modo de elaboração do
direito, uma fonte formal por se tratar de um processo regido pelo
Direito Internacional e autônomo em relação a outros modos, como
confirma o próprio art. 38 do ECIJ ao falar de “prova” de uma prática
geral aceita “como sendo o direito”

CASO CONCRETO 3:
1 / 2- O costume é uma prática de uma conduta reiterada entre os Estados, reconhecida
como obrigatória nas suas relações, tendo como elemento objetivo a prática reiterada e
como elemento subjetivo o reconhecimento pelos Estados como prática obrigatória.

3- O costume possui força normativa por meio de seu reconhecimento pelos Estados,
não havendo um lapso temporal determinado.
OBJETIVA: Letra D.

CASO CONCRETO 4:

R: Segundo disposto na Sumula 421 do STF, ele poderá ser extraditado pois não se
aplica o impedimento da família brasileira e também, pelo fato de ter cometido o crime
comum anteriormente à sua naturalização (art.5º, LI, CRFB/88), visto que os efeitos da
naturalização são ex-nunc.
Cabe indicar que o fato de ter família brasileira só impede a expulsão, não influenciando
na Extradição e Deportação.

Sendo assim, a Súmula 421 do STF é compatível com a Carta da República de 1988,
visto que a existência de relações familiares, a comprovação de vínculo conjugal e/ou a
convivência more uxorio do extraditando com pessoa de nacionalidade brasileira
constituem fatos destituídos de relevância jurídica para efeitos extradicionais, não
impedindo, em consequência, a efetivação da extradição. Não obsta a extradição o fato
de o súdito estrangeiro ser casado ou viver em união estável com pessoa de
nacionalidade brasileira.
Assim, a Súmula 421/STF revela-se compatível com a vigente Constituição da República,
pois, em tema de cooperação internacional na repressão a atos de criminalidade comum,
a existência de vínculos conjugais e/ou familiares com pessoas de nacionalidade
brasileira não se qualifica como causa obstativa da extradição, são precedentes da
Extradição 1343 do DF que teve como relator o Ministro Celso de Mello.

6º AULA - 11/09/2017
Dentro do direito internacional existem normas cogentes a serem observadas no âmbito
internacional, como já mencionado.

TRATADOS INTERNACIONAIS:

Possuem previsão no Art.38 do Estatuto da Corte Internacional de Justiça, cabendo dizer


que não há hierarquia entre estes Tratados e os Costumes.

Conceito: o tratado é uma espécie do gênero negócio jurídico, tendo como peculiaridade
o fato de ser um acordo realizado entre entes que possuem personalidade jurídica
internacional (Estados, Organizações Internacionais, CCIV, Santa Sé)

Os Tratados deverão ser formalizados por escrito, sendo impossível a celebração de


tratados verbais entre Estados, visto que não haveria um Segurança Jurídica aos
Estados.

Há um marco normativo acerca dos tratados internacionais (Convenção de Viena sobre


Direito dos Tratados de 1969). Os tratados tem como fundamento/base o Principio do
pacta sunt servanda

Tratado Bilateral (ex: firmado entre Brasil e Paraguai para criação da Usina Itaipu)
Tratado Multilateral (firmado entre diversos Estados)

Tratado aberto é aquele que possui cláusula de adesão, isto é, admite a entrada de
outros Estados.

Tratado Fechado é aquele que não admite cláusula de adesão.

Passamos as fase do Tratado…

1ª FASE - NEGOCIAÇÃO
Momento em que os Estados se reúnem, enviando representantes diplomáticos
(delegações) para elaboração do texto do Tratado, devendo ser aprovado o texto final
com o quórum de 2/3.

Estrutura dos Tratados

Os Tratados são divididos em: Preâmbulo e a parte dispositiva. Os artigos não possuem
incisos, e sim, parágrafos. No preâmbulo temos os motivos que levaram a criação
daquele tratado, já na parte dispositiva só constam os artigos propriamente ditos.

Veremos o Processo de Conclusão de um Tratado:

1- DA ASSINATURA

Cabe ressaltar que os Tratados possuem requisitos de validade, quais sejam:

* A capacidade das partes (só os que possuem personalidade internacional);


* Habilitação dos agentes signatários (plenipotenciário, ou seja, aquele que possui plenos
poderes para assinar um Tratado). O artigo 7º trata das pessoas que não precisam da
carta de plenos poderes para assinar Tratados, vejamos essas exceções:

1. Uma pessoa é considerada representante de um Estado para a adoção ou


autenticação do texto de um tratado ou para expressar o consentimento do
Estado em obrigar-se por um tratado se:

a)apresentar plenos poderes apropriados; ou

b)a prática dos Estados interessados ou outras circunstâncias indicarem


que a intenção do Estado era considerar essa pessoa seu representante para
esses fins e dispensar os plenos poderes.

2. Em virtude de suas funções e independentemente da apresentação de


plenos poderes, são considerados representantes do seu Estado:

a)os Chefes de Estado, os Chefes de Governo e os Ministros das Relações


Exteriores, para a realização de todos os atos relativos à conclusão de um tratado;

b)os Chefes de missão diplomática, para a adoção do texto de um tratado entre o


Estado acreditante e o Estado junto ao qual estão acreditados;
c)os representantes acreditados pelos Estados perante uma conferência ou
organização internacional ou um de seus órgãos, para a adoção do texto de um
tratado em tal conferência, organização ou órgão.

Sendo assim, vemos alguns destes são denominados de plenipotenciário natural.

2- DA RATIFICAÇÃO

Ato pelo qual o Estado reconhece a existência do tratado em âmbito internacional, só


sendo devidamente formalizado pelo Estado após a assinatura (realizada pelo
plenipotenciário).
A partir deste momento, vemos que o Estado passa a Estar vinculado ao Tratado, ou seja,
deve observância ao pacta sunt servanda. Há a presença de alguns vícios (Erro, Dolo ou
Coação apenas) devendo ser arguidos perante a CIJ. O País é parte originária.

Neste momento, ressaltamos o surgimento de um 3º requisito de validade dos contratos,


o livre consentimento e como 4º requisito o objeto lícito.

A Ratificação é a confirmação da Assinatura, isto quer dizer que, do ponto de vista


jurídico, determinado tratado passa a ser de observância obrigatória. No Brasil, o
Presidente da República é o responsável pela ratificação de um Tratado Internacional.

Art. 49. É da competência exclusiva do Congresso Nacional: (exemplo de controle


político do Legislativo no Poder Executivo, isto é, aplicação do denominado checks and
balance)

I - resolver definitivamente sobre tratados, acordos ou atos internacionais que


acarretem encargos ou compromissos gravosos ao patrimônio nacional;

OBS: O prazo para o Congresso Nacional apreciar este tratado nunca foi delimitado,
assim, ante o cenário internacional pode ser que após um longo lapso temporal, o tratado
não seja mais interessante de ratificação, não havendo nenhum mecanismo que venha a
obrigar o presidente a ratificar o tratado ,visto que trata-se de um ato discricionário
(observando requisitos de oportunidade e conveniência).

A Ratificação é exteriorizada por meio da Carta de Ratificação (ou instrumento de


ratificação), um documento internacional.

3 - ADESÃO

Na Adesão o Tratado já está em vigor, assim o Estado o fará via Adesão.

Para haver adesão será necessária a aprovação do Congresso Nacional.

4 - DEPÓSITO (Multilareral) ou TROCA (bilateral)

Os Estados escolhem/nomeiam um depositário (pode ser um Estado ou Organização


Internacional), assim cada país que vai ratificando envia a carta de Ratificação ao
depositário.
Em um contrato multilateral há uma cláusula que estabelece um número mínimo de
ratificações para que o tratado entre em vigor no âmbito internacional.

OBS2: O Brasil aderiu ao Pacto de São José da Costa Rica em 1992, mas não se
submeteu a jurisdição da CIDH (formulando uma reserva ao Artigo 51 deste pacto)
alegando uma certa afronta à sua Soberania, deixando de se submeter a este dispositivo
específico, isto é, se vinculou realizando uma reserva.

Essa reserva é feita pelo Presidente da República, sendo desnecessária a aprovação do


Congresso Nacional.
Em 1998, o presidente à época (FHC) retirou essa reserva, motivo pelo qual o Brasil já foi
condenado por 6 ocasiões.
No que tange às reservas, caso o tratado seja silente, serão cabíveis, caso haja previsão
expressa vedando, não será possível.
Ademais, não são aceitas reservas em um tratado com normas cogentes, ainda que o
tratado seja silente.

Aplicação da Cláusula “Rebus sinc Standibus” no Tratado

Cabe recordar que esta cláusula poderá ser alegada ante a Teoria da Imprevisão, isto é,
quando uma condição torna extremamente oneroso para uma das partes o Tratado diante
de uma imprevisibilidade que vem a surgir.

Ex: Caso Itaipu para o Brasil e Paraguai, no qual o Presidente Fernando Lugo resolveu
rever o contrato, visto que era muito oneroso ao Paraguai.
Assim, o presidente foi à Corte de Haia alegando a cláusula em voga, entretanto, não
havia fundamento jurídico para tal.

O Registro dos Tratados (artigo 102 da carta da ONU)

Os Tratados são registrados pelo secretariado da ONU com intuito de possuirem a


Oponibilidade erga omnes, assim, os que não tiverem registrados, não serão oponíveis a
todos.

Denuncia dos Tratados

É a retirada de um Estado do tratado, por isso, não cabe denúncia em face de Tratados
Bilaterais, só caberão denúncias em face de Tratados multilaterais, pois se uma das
partes denunciar, terminará. As denúncias são formuladas pelo Presidente da República.

A notificação prévia deverá ser dada ao depositário, havendo assim a extinção do tratado
para este.

OBS3: Segundo a doutrina majoritária, não cabe denúncia em Tratados acerca de


Direitos Humanos.

Extinção dos Tratados:


O Brasil ratificou a Convenção 158 da OIT (que vedava a demissão por justa causa),
assim o Brasil Veiga denunciar essa convenção pois afrontava o ordenamento jurídico
interno.

Para que o tratado produza efeitos jurídicos, deverá ser internalizado pelo ordenamento
jurídico brasileiro.

Quanto a sua extinção, se dará por termo, quando houver um tratado por tempo
determinado ou pela denúncia, isto é, a retirada de um Estado do Tratado.

7º AULA - 18/09/2017
Recordando o final da última aula, vemos que a autoridade competente para denunciar
um tratado é o Presidente da República.

A denúncia possui efeito contrário ao da ratificação, isto é, na denúncia o Estado se


desvincula do Tratado.
Na ratificação só o Presidente da República tem competência para fazê-la, não devendo
confundir este instituto com a Assinatura, ato inicial do processo de conclusão dos
Taratados, reconhecendo a exsitência do Tratado em âmbito internacional (realizada pelo
plenipotenciário - no art.7 da convenção de viena, algumas pessoas não precisarão
apresentar a carta de plenos poderes).

OBS: em prosseguimento ao falado na aula anterior, quando o presidente da república


ratifica o tratado, necessariamente o CN deverá apreciar o tratado, aprovando ou não na
íntegra, caso não o aprove, o Presidente da República não poderá ratifica-lo.
Recordando que a ratificação é um ato discricionário, sendo analisado pelo Presidente da
República sob o prisma da Conveniência e Oportunidade do interesse público.

Ratificando o tratado nascerºa uma obrigação em âmbito internacional, isto é, o Brasil


estará vinculado em âmbito internacional pelo Tratado.

Em alguns países o ato da Ratificação é um ato complexo, sendo necessário o


envolvimento do parlamento e do executivo.

A Adesão é muito similar à Ratificação no que toca aos efeitos jurídicos, no entanto, a
Adesão só ocorre em Tratado Aberto (ou seja, é uma Ratificação Tardia, visto que o
tratado já está em curso)

O Congresso Nacional exterioriza a aprovação de um tratado internacional por meio de


um Decreto Legislativo (art.49,I c/c 84 CRFB/88), ou seja, é o ato que formaliza a
aprovação de um Tratado Internacional (art.59, VI da CRFB/88).

Essa aprovação pelo CN ocorre justamente para que o Pres. da República não assuma
um compromisso gravoso para o País, nos termos do Art.49, I c/c art.84, IV da Carta
Magna.
A denúncia não pressupõe a aprovação do CN, visto que não cabe ao Legislativo apreciar
reservas, ratificações ou até mesmo denúncias, sendo atos privativos do Pres. da
República, enquanto Chefe de Estado, responsável pela condução das Políticas
Brasileiras Externas.

Assim, as únicas exceções em que o Legislativo deverá aprovar a atuação em políticas


externas do Executivo são: (i) no caso da aprovação de tratados; (ii) arpovação do
Senado ao executivo antes de conrarir empréstimos externos, operações de créditos
externas.

Ademais, recordamos que o Tratado deverá se registrado no secretariado das Nações


Unidas com intuito de impedir os tratados secretos, servindo assim para que os Tratados
ganhem oponibilidade erga omnes no cenário internacional, segundo disposto no Art.102,
a da Carta da ONU.

Caso não o façam o registro no secretariado, havendo um descumprimento deste tratado,


o mesmo não poderá ser discutido perante a CIJ, pois o tratado não possuirá
oponibilidade erga omnes, inexistindo no plano internacional.

Veremos a seguir a relação do tratado internacional com a norma jurídica interna...

INCORPORAÇÕES DE TRATADOS NO ORDENAMENTO


BRASILEIRO

* Teoria Monista -> esta teoria compreende o ordenamento jurídico como único, não
havendo distinção entre norma interna e externa, isto é, um tratado não precisará passar
por um processo de internalização. A partir da Ratificação o tratado é trazido
automaticamente para o ordenamento interno. O Brasil não adotou está Teoria.

* Teoria Dualista -> Para os países que adotam esta teoria, existem dois sistemas
jurídicos distintos, isto é, uma norma jamais adquiriria executoriedade pela “simples”
Ratificação do tratado, devendo ser submetida a um processo de incorporação para o
plano interno. Assim, o dualismo está ligado à teoria da incorporação dos tratados
internacionais no ordenamento brasileiro. Corrente adotada pelo Brasil.

Desta forma vemos que no Dualismo a norma internacional deverá ser transformada em
direito interno, havendo para tal dois tipos:

Radical Extremado -> os países que adotam este tipo exigem uma Lei que autorize a
internalização de um tratado internacional como ordenamento interno, ou seja, a Lei
deverá autorizar a autoexecutoriedade do Tratado dentro do País.

Moderado-> os países que adotam este tipo exigirão um procedimento para


internalização do tratado internacional e não uma Lei. Sendo assim, o Presidente da
República irá promulgar o texto do Tratado por meio de um Decreto Presidencial, a ser
publicado em D.O.

Ao ser incorporado o Tratado causará outro feito, qual seja: o plano de validade em que é
inserido.
PLANO DE VALIDADE

Como regra geral, uma vez incorporado o Tratado Internacional está no mesmo plano de
validade de uma Lei Ordinária Federal.

Havendo um conflito entre a Constituição e o Tratado, como regra geral, por um dos
princípios da hermenêutica jurídica, deve-se observância ao Principio da Supremacia da
Constituição.

Havendo conflitos entre Tratados e Leis, utilizaremos alguns critérios: critério da


especialidade e cronológico(norma posterior revoga lei anterior), mais utilizada.

O Congresso Nacional poderá revogar indiretamente um tratado internacional.

**TRATADOS EM MATÉRIA TRIBUTÁRIA - Artigo 98 CTN


Art. 98. Os tratados e as convenções internacionais revogam ou modificam a legislação tributária
interna, e serão observados pela que lhes sobrevenha. -> uma lei interna não tem o condão de
modificar um tratado internacional internalizado.
Neste caso, vemos a aplicação do critério da especialidade, isto é, não utiliza-se o critério
cronológico.

**TRATADOS INTERNACIONAIS DE DIREITOS HUMANOS


Com o advento da EC 45/2004, foram inseridos parágrafos no artigo 5º..

Art.5º, § 2º - Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes
do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República
Federativa do Brasil seja parte. —> chamada de clausula de abertura. Equipara os Tratados
de Direitos Humanos a norma constitucional, posição dos internacionalistas.
Já os constitucionalistas compreendiam que os Tratados de Direitos Humanos não
poderiam ter o condão de norma constitucional, ou seja, não eram equiparados como
norma constitucional, sendo reconhecido o direito sem equipara-lo a uma norma
constitucional.

§ 3º - Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em


cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos
membros, serão equivalentes às emendas constitucionais. —> só terão esse status de norma
constitucional os que observarem esse trâmite, só havendo um neste aspecto
(Convenção de Pessoas com Deficiência)

Em 2008, o STF passa a ter entendimento diferente do que vinha adotando, passando a
aplicar aos Tratados de Direitos Humanos que não forem aprovados no quórum exigido
pelo Art.5º, parágrafo 3º, a hierarquia de norma Supralegal, localizando-se entre a CRFB/
88 e as Leis Ordinárias. Para tal, podemos exemplificar o Pacto de São José da Costa
Rica, tido como Norma Supralegal, sobrepondo-se à lei ordinária e por isso dando origem
ao surgimento da SV 25 do STF.

8º AULA - 25/09/2017

****Matéria da Prova (AV1) - Aula 1 a 7.


ORGANIZAÇÕES INTERNACIONAIS
Podem ser universais ou regionais, com fins gerais ou específicos. Ex: OTAN,
organização regional com fins específicos, isto é, organização que abrange os países do
Atlântico Norte com a estratégia de defesa, com objetivo militar.

Associacionismo Internacional -> Marcado pelo momento pós 2ª GM, iniciando


uma tendência dos Estados de se unirem em torno de organizações internacionais.
Criando-se em 1919, a Liga das Nações com intuito de zelar pela harmonia entre os
países, a qual não conseguiu atingir seus objetivos.
Desta forma, em 1945, foi criada a ONU por meio de um ato institutivo (Tratados,
conforme já mencionados)

A OECE foi criada para administrar o auxílio americano e canadense para a reconstrução
da Europa. Em 1961, a OECE, tornou-se a OCDE, um fórum de 30 países que
desenvolvem e promovem políticas econômicas e sociais. Tem como missão construir
economias fortes em seus países membros, melhorar a eficiência, aprimorar os sistemas
de mercado, expandir o livre comércio e contribuir para o desenvolvimento em países
desenvolvidos assim como naqueles em desenvolvimento.

OBS: Como a China não reconhece Taiwan, este não pertence à ONU.
As organizações internacionais possuem direitos próprios (podendo criar regras e
regulamentações), além de serem capazes de praticar atos unilaterais.

Conforme Art.38 da CIJ,

1. A Corte, cuja função seja decidir conforme o direito internacional as controvérsias que sejam
submetidas, deverá aplicar;
2. as convenções internacionais, sejam gerais ou particulares, que estabeleçam regras
expressamente reconhecidas pelos Estados litigantes;
3. o costume internacional como prova de uma prática geralmente aceita como direito;
4. os princípios gerais do direito reconhecidos pelas nações civilizadas;
5. as decisões judiciais e as doutrinas dos publicitários de maior competência das diversas nações,
como meio auxiliar para a determinação das regras de direito, sem prejuízo do disposto no Artigo 59.
6. A presente disposição não restringe a faculdade da Corte para decidir um litígio ex aequo et bono,
se convier às partes.

Passaremos ao estudo da ONU:


Organização criada com os seguintes objetivos: zelar pela paz, harmonia e boa relação
entre os Estados, pelo desenvolvimento sócio-econômico das nações etc.
tem como ato institutivo o Tratado denominado de “Carta de São Francisco” ou “Carta da
ONU”.

Para um Estado fazer parte da ONU deverá ter a aprovação de 2/3 dos membros e aderir
a Carta da ONU.

ORGANIZAÇÃO:

Assembleia Geral -> órgão que reúne todos os representantes dos Estados-membros;
Existem Assembleias Ordinárias, ocorridas no começo de setembro até dezembro, já as
sessões extraordinárias poderão ocorrer a qualquer momento desde que o secretário-
geral da ONU ou o Conselho de Segurança convoquem;

OBS: O quórum de votação é de maioria simples, no entanto, tratando-se de questões


relevantes (eleição secretário-geral, membros Conselho de segurança etc) será
necessário o quórum de 2/3 dos membros.

O órgão da ONU que possui poder de Coerção é o Conselho de Segurança, formado


por 15 membros, 10 rotativos eleitos de 2 em 2 anos pela Assembleia Geral pelo quórum
de 2/3 dos membros e 5 fixos eleitos desde a formação da ONU.

Os 5 membros fixos são: EUA, Rússia, China, Franca e Reino Unido (“Big Five”), os quais
possuem o chamado “poder de veto” diferentemente dos 10 membros rotativos, que só
poderão se abster em uma votação.
O quórum para aprovação de uma resolução é de 9 votos, incluindo-se os 5 do Conselho
fixo, isto é, havendo um único veto do denominado “Big Five”.

A corte Internacional de Justiça tem como objetivo julgar litígios, havendo uma
competência contenciosa e consultiva.
Contenciosa pois só os Estados podem litigar na CIJ, desde que não seja uma questão
comercial, caso em que caberá à OMC.
Consultiva é a competência que a Corte possui para emitir pareceres. Ex: Construção
de um muro por Israel.
Nesta, tanto os Estados como as organizações internacionais poderão demandar à Corte.

OBS: A CIJ é o órgão judiciário das Nações Unidas, visa a resolução de controvérsias
entre os Estados, formada por 15 Juízes eleitos pela Assembleia Geral, não possuindo
poder coercitivo para imposição de suas decisões.

Secretariado-> órgão administrativo e burocrático das Nações Unidas, sendo investido


na administração das Nações Unidas, conduzido pelo secretário-geral que é delito pela
Assembleia Geral por recomendação do Conselho de Segurança possui um mandato de 5
anos, permitida uma única recondução.

Conselho de Tutela -> criado com o objetivo de auxiliar ex-colônias. Desde segunda
metade do Século XX, auxiliando alguns territórios, como exemplo, Kosov.
As Tropas de Paz da ONU possuem finalidade meramente humanitária, visando auxiliar
os países que passaram por processos de descolonização para um melhor
desenvolvimento, deixando o território sob tutela da ONU.

As organizações internacionais sobrevivem por meio de doações realizadas pelos


Estados levando-se em consideração o PIB do país.

Conselho Econômico-Social -> órgão composto por 54 membros que tem por
objetivo tratar de questões relacionadas ao desenvolvimento social dos países,
trabalhando em parceria com organismos especializados, além disso, tem como função
desenvolver estudos e relatórios referentes às questões internacionais de caráter
econômico, social, cultural, sanitário
Ex: UNICEF, UNESCO, OMS etc.

TRAZER COMPROVANTE DE POSTAGENS DOS CASOS CONCRETOS E O CASO


CONCRETO 4 MANUSCRITO.
MATÉRIA AV1: AULA 1 a 7.
CADERNO ENADE: EXERCÍCIOS DE JURISDIÇÃO CONSTITUCIONAL.

Trazer como Ordenamento a Convenção de Viena de 1969!!

CASO CONCRETO 5:

R: Tratativa acerca do Tratado de Itaipu, onde o presidente do Paraguai à época alegou


à cláusula rebus sinc stantibus pois o Tratado seria uma relação de exploração do
Paraguai em relação ao Brasil.
Neste sentido, cabe dizer que as duas afirmações do final estão equivocadas pois em
virtude da alteração que o Tratado sofreu, a energia é dividida em partes iguais, isto é, de
modo equânime entre os Estados .
Ademais, cada Estado terá direito a Usina dentro do seu território, não havendo direito da
Usina no território do outro Estado.

CASO CONCRETO 6:

R: Para que o Tratado possa produzir efeitos internos, deverá ser internalizado por meio
da aprovação do CN, conforme art.49, I CRFB/88 e ratificado pelo Presidente após, só
produzindo efeitos quando editado Decreto, em relação a outra afirmativa, não há um
parlamento comunitário no MERCOSUL.
Segundo o STF, desde a década de 70, os Tratados Internacionais deverão ser aprovados
pelo CN e ratificados pelo Presidente, este deverá editar um Decreto e publica-lo em D.O.
CASO CONCRETO 7:

R: Cabe dizer que o Greenpeace é uma ONG, isto é, não é um ente dotado de
personalidade internacional, por isso não tem legitimidade para firmar tratados
internacionais.

9º AULA - 16/10/2017

A PROTEÇÃO INTERNACIONAL DOS DIREITOS


HUMANOS

DIREITOS HUMANOS
X
DIREITOS FUNDAMENTAIS

Quando tratamos dos direitos humanos temos uma proteção em âmbito internacional
(previsão em tratados internacionais), já no que tange aos direitos fundamentais, vemos a
positivação no âmbito dos países (nas CFs).
Atualmente, existem órgãos que zelam pela proteção dos direitos humanos.

Os Direitos Humanos atualmente possuem dimensões (geração):

1ª Dimensão: Ligada aos direitos e garantias individuais políticos, surgem durante o


Séc. XVIII.

2ª Dimensão: Surgimento dos direitos sociais no final do Séc. XIX.


Com o advento da Revolução Industrial, as pessoas saem dos campos e migram para as
cidades, dando origem a classe dos operariados.
Neste contexto, surgiram os direitos sociais, com intuito de reduzir as desigualdades entre
as classes sociais.
No Brasil, os direitos sociais só surgiram na era Vargas, isto é, final da década de 30 e
início da década de 40.

3ª Dimensão: Surgem a partir do Séc. XX, os direitos Difusos, como exemplo: meio
ambiente, paz etc.

Passaremos a tratar dos antecedentes históricos da Positivação


Primeiramente, a Magna Carta de 1215 foi a primeira a prever direitos e garantias
fundamentais em plena Idade Media, advinda de um pressão dos barões ao Rei, haja
vista que os impostos foram elevados (no taxation without justification - daqui
mencionamos o surgimento do principio da Legalidade Tributária)
Em 1776 foi declarada a independência dos EUA;
Em 1787 foi promulgadas a Constituição dos EUA;
Em 1789 tivemos a declaração dos direitos do homem e do cidadão;

Todos estes criaram direitos e garantias fundamentais, isto é, somente no âmbito dos
Estados.

CARTA DA ONU (1945)


A carta da ONU insere o debate acerca da necessidade dos Estados se resguardarem
sobre a dignidade do ser humano, ou seja, preservarem a dignidade da pessoa humana.
Cabe recordar o contexto em que tal carta foi assinada, reportando exatamente a coibir as
práticas da 2ª Guerra Mundial.

OBS: Cabe dizer que os Direitos Humanos só vieram a ser positivados


em âmbito universal através da Declaração Universal dos Direitos
Humanos de1948, isto é, somente a partir dessa declaração podemos
afirmar acerca da existência dos Direitos Humanos.

Nessa diapasão, vemos que a partir de 1948 passamos a ter um sistema universal
(organismos e tratados internacionais de proteção à Pessoa humana de âmbito universal,
independentemente da região no planeta) ao lado de sistemas regionais (denominados
também como sistemas paralelos, abarcando organismos e Tratados de proteção
internacional dos direitos humanos em algumas regiões do planeta, como exemplo: o
sistema regional americano, africano e europeu).

Logo após a positivação universal, tivemos o surgimento do Pacto de Direitos Civis e


Políticos (1966), que nos remete aos direitos de 1ª Dimensão e o Pacto de Direitos
Sociais, Econômicos e Culturais (1966), referente à 2ª Dimensão.

OBS: Quanto ao Pacto de Direitos Sociais, Econômicos e Culturais,


insta salientar que por meio deste foi criado o Comitê de Direitos Humanos,
responsável por analisar relatórios anuais dos Estados que pertencem a este
pacto. Ante esses relatórios, o Comitê envia recomendações aos Estados.

Foi levantado em aula o debate acerca do Universalismo X Culturalismo.

O sistema nacional de combate à tortura influenciou a edição de uma Lei que criou o
mecanismo de Combate Nacional à Tortura.

SISTEMAS REGIONAIS DE PROTEÇÃO


A região do planeta onde os Direitos Humanos ficou mais cristalizada foi nos EUA.

Sistema Europeu:

- Convenção Européia de Direitos Humanos;


Surgiu em 1951, prevendo uma série de Direitos Humanos dentro do continente Europeu
e criou como órgão o que veremos a seguir:

- Corte Europeia de Direitos Humanos


Criada pela convenção supramencionada, permitindo que o Estado seja responsabilizado
e permitindo que ante a ação/omissão do Estado, o mesmo seja condenado.
Cabe ressaltar que o grau de observância da Corte Européia é bem alto!

Sistema Americano:

O Brasil está inserido neste sistema é desde que aderiu ao Pacto, já foi condenado 6
vezes, só submetendo-se à Jurisdição da Corte em 1998 (FHC), visto que havia uma
reserva no início de sua adesão.
**OBS: Como exemplo, citado em aula a 1ª condenação no Caso Damião Ximenes
(2004), onde os médicos envolvidos foram absolvidos, ainda que houvessem provas
evidenciando ao contrário.
Em prosseguimento, foi condenado em 2 casos acerca dos sem terra, o Caso Araguaia, o
Caso da Fazenda Vila Verde (primeira no que tange ao trabalho escravo) e o Caso Nova
Brasília (primeiro caso envolvendo policiais).

- Convenção Americana de Direitos Humanos (Pacto de San José da Costa Rica);


Realizada em 1969, o pacto só prevê os Direitos de 1ª Dimensão, ou seja, não há
previsão de Direitos Sociais e difusos (2ª e 3ª Dimensão)

A partir deste pacto foram criados os 2 órgãos a seguir:

- Comissão Americana de Direitos Humanos;


Responsável pelo recebimento de petições contendo denúncias de violação de direitos
humanos, isto é, direitos e garantias individuais (1ª Dimensão).
Os legitimados para apresentarem petição são: qualquer pessoa, grupos de pessoas ou
entidade não-governamental (ONGs).
Havendo violação, todo tipo de documentação será recolhida. Logo após, será feito um
relatório de recomendação ao Estado se localizada e confirmada a violação.

- Corte Americana de Direitos Humanos.

Caso o Estado não siga a recomendação da Comissão, a Corte ao fiscalizar o


cumprimento da recomendação poderá realizar novas recomendações e determinações
ao Estado.
Sendo assim, caso o Estado permaneça descumprindo as determinações da Corte, serão
adotadas providências tais como: envio à OEA para um bloqueio econômico-financeiro
aos Estados, embargos comerciais, ruptura das relações diplomáticas, suspensão e até
mesmo, a expulsão da OEA.

TRIBUNAL PENAL INTERNACIONAL


Tribunal responsável pelo julgamento de indivíduos
I) Criação - criado em 1998, com personalidade jurídica própria, ou seja, é um órgão
internacional autônomo. Localizado na cidade de Haia (Holanda)

II) Ato Institutivo - Criado por meio do Estatuto de Roma, tendo o Brasil em 2000
aderido ao Tratado, passando a estar obrigado a partir desta data.
Do ponto de vista da CRFB/88, com o advento da EC 45/2004, o artigo 5º teve acrescido
no parágrafo 4º a jurisdição do TPI na qual o Brasil se submete.

III) Crimes previstos - Sendo: o Genocídio, os Crimes de Guerra, os Crimes contra a


Humanidade (Apartheid etc) e a Ameaça (não tipificado até hoje pelo Estatuto de Roma).

IV) Penas - adota pena de detenção e reclusão, inclusive a pena de prisão perpétua (não
há que se falar acerca da pena de morte)

OBS: O principio da Complementaridade aplica-se ao TPI, pois o TPI só irá


exercer sua jurisdição nas seguintes hipóteses: (i) caso o Estado não tenha
condições de exercê-la, ou seja, não possa; (ii) caso o Estado tenha plenas
condições mas seja omisso na aplicação de sua legislação, isto é, não queira.

Cumpre dizer que caso um país não adote a prisão perpétua (como exemplo o Brasil),
caso o TPI condene o indivíduo neste sentido, este tribunal poderá determinar que
qualquer outro País seja selecionado para que o indivíduo venha a cumprir esta pena.

V) Entrega X Extradição: Já falamos que a extradição é um ato de cooperação penal


internacional entre as jurisdições dos Estados.
Em relação a entrega, vemos que esta não é uma extradicao, pois o TPI não é um
Estado, mas sim um órgão, sendo por isso um ato de cooperação penal entre Estados-
membros do Estatuto de Roma.

Desta forma, caso o TPI solicite a entrega de um brasileiro nato, segundo o Estatuto de
Roma, o Brasil deveria entregar, mas em sua defesa, seria alegada a impossibilidade,
visto que o TPI é um órgão e não um Estado, motivo pelo qual haveria uma entrega
travestida de Extradição.

anpfiller@gmail.com - enviar material.


maria.aacaldas@gmail.com - enviar material.

10° AULA - 23/10/2017

MEIOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS


Iniciamos abordando as normas cogentes (consideradas obrigatórias) existentes entre os
Estados, mencionando a proibição do uso da força e a obrigação da solução pacífica
entre os litígios.
O Estados devem resolver as animosidades por meio da solução de conflitos, pois o
conflito armado deveria ser a última possibilidade.
*Em Direito internacional estabelece-se uma distinção entre Guerras (necessariamente
entre 2 países) e o conflito armado (exemplo do conflito entre o Estado Islâmico e a Síria)
O último recurso em âmibto internacional é a força.
**Sendo assim, de acordo com a Lei internacional só existem 2 hipóteses/
possibilidades em que a força (poder bélico/armado) poderá ser utilizado, quais
sejam, com a autorização do Conselho de Segurança da ONU e/ou por meio de sua
legítima defesa (defesa de sua Soberania).

Recordamos que o quórum para aprovação de uma Resolução no conselho de segurança


(15 membros) dependerá de 9 votos, incluindo-se os 5 países obrigatórios (EUA, Reino
Unido, França, Russia e China).

Desta forma, veremos a seguir os meios de solução de conflitos antes de chegarmos a


estes termos supramencionados, vejamos:

I) MEIOS DIPLOMÁTICOS
Agente diplomático é aquele que representa seu Estado no exterior, isto é, o cargo requer
que o indivíduo saiba desenvolver um bom diálogo, sendo capaz de articular uma boa
relação com os representantes de outros Estados. Vejamos a seguir as categorias de
meios diplomáticos:

- NEGOCIAÇÃO
A negociação é feita de Estado a Estado, podendo, inclusive, ser feita diretamente entre o
chefe de Estado-Estado, porém, em regra, ocorre por via diplomática.

- CONGRESSO ou CONFERÊNCIA
Do ponto de vista do Direito Internacional corresponde a uma reunião formal internacional
entre chefes de Estado. Não há a presença de nenhum terceiro Estado para realizar uma
ponte/aproximação.

- BONS OFÍCIOS
A partir deste meio, passamos a ter a figura de um Terceiro-Estado, isto é, uma terceira
pessoa responsável pela aproximaçao entre representantes dos demais Estados.
A escolha deste terceiro pode ser realizado pelos dois Estados, no entanto, é comum que
o próprio terceiro se ofereça.

Cabe dizer que essa "aproximação" só é feita de modo extrínseco, ou seja, não há uma
interferência na conclusão/solução a qual chegarão estes dois Estados.

- MEDIAÇÃO
Aqui também temos a figura de um terceiro que não intervém na relação, intentando
mediar as relações entre as partes para que estas cheguem a uma solução.
Neste caso, o terceiro está conduzindo/induzindo as partes a chegarem uma conclusão
por elas mesmas, isto é, o terceiro está intrínseco na relação entre os dois Estados, mas
não influi na esfera decisória dos Estados.
O mediador tem um papel de terceiro mais proativo se compararmos ao método anterior.
Exemplo: No âmbito do Direito Internacional Público temos um exemplo de conflito
envolvendo o canal/estreito de Beagle (Ushuaia), gerando um conflito entre Argentina e o
Chile, sendo chamado como mediador o Vaticano (João Paulo II), melhor dizendo, o
Papa.

- CONCILIAÇÃO
Em comparação com a categoria acima, vems que nesta também teremos um Terceiro-
Estado, todavia, vemos que o papel do terceiro é muito mais proativo, visto que haverá a
propositura de soluções para o conflito.

II) MEIOS JURÍDICOS

- CORTES
No plano internacional temos: A Corte Internacional de Justiça foi criada para a solução de
litígios em âmbito internacional (Haia).

Cabe dizer que as resoluções do Conselho de Segurança da ONU tem caráter coercitivo,
diferente da assembleia geral, que possui caráter recomendatório.

- ARBITRAGEM
Na arbitragem há a figura de um árbitro, o qual dirá o direito aplicável ante o caso
concreto, por isso oa Estados irão firmar um compromisso arbitral para que os Estados o
observem.
Em âmbito internacional vemos uma grande utilização da Arbitragem, tida como meio
jurídico pelo fato do compromisso arbitral firmado pelos Estados e, igualmente, pelo fato
de que o laudo arbitral possui força sentença, isto é, título executivo judicial jurídico.

Já no âmbito internom a arbitragem não teve a repercussão esperada.

III) MEIOS POLÍTICOS

Se chegamos aqui podemos perceber que os meios anteriores não foram capazes de
prevenir o conflito observado.

A Relação entre Coréia do Sul e Coréia do Norte encontra-se aqui. Neste contexto,
mencionamos que o órgão responsável pela solução dos conflitos em âmbito internacional
é o Conselho de segurança da ONU, órgão que possui como objetivo principal zelar pela
proteção dos pais, pela proteção internacional. Por isso, qualquer Estado poderá aciona-
ló para resolução de conflitos.

OBS: Mesmo o Estado que não faça parte da ONU, poderá suscitar a atuação do
Conselho de Segurança da ONU, desde que se submeta ao seu poder de polícia.
Ante o não atendimento das resoluções do Conselho de Segurança ocorrerão sanções,
vejamos: sanções internacionais (boicote, barreiras econômicas), interrupção do
fornecimento de energia (petróleo etc), tendo em vista que estas possuem caráter
coercitivo, diferentemente das resoluções da assembléia geral, que possuem caráter
meramente recomendativo.

Curisosidade: O Brasil possui um diplomata na Coréia do Norte e por isso as relações


comerciais dentre estes Estados aumentou muito.
Na época do governo Lula, também foi aberta uma embaixada no Cazaquistão, visando
aprimorar as relações do Brasil com os demais Estados.

Apesar de não haver previsão na carta da ONU, interpreta-se que o Conselho de


Segurança teria competência para criar Tribunais Penais Ad hoc - criados para dirimir
crimes envolvendo o Estado e particulares em âmbito internacional, quando da prática de
crimes como: genocídio, tortura, como exemplo que impulsionou a criação destes
tribunais temos o Tribunal de Nuremberg (após 2ª GM).

Exemplo: TPI para a Ex-Yugoslavia, criado após a Guerra da Bósnia, em funcionamento


até hoje, pois ainda existem pessoas sendo acusadas pelos crimes cometidos na Guerra
da Bósnia. Neste caso, a ONU autorizou a intervenção Militar pelos EUA.

2º Exemplo: Há tambem o TPI para Ruanda (em funcionamento na Tanzânia), havia um


conflito ético bem sério, o que levou a uma Guerra, matando quase 2/3 da população,
caracterizando um verdadeiro Genocídio.

Assim, a ONU autorizou a intervenção humanitária para que os militares pudessem dar
assistência humanitária às pessoas (envio dos capacetes azuis). Ao invés da intervenção
humanitária, deveria ter sido realizada uma intervenção militar com intuito de acabar com
a Guerra (conflito), segundo mencionado pela Professora.

Posto isto, extraímos a natureza política da ONU.

MEIOS COERCITIVOS

- RETORSÃO
Trata-se da aplicação da Lei de Talião no âmbito internacional, isto é, olho por olho dente
por dente. Assim, o direito internacional reconhece a retorsão legítima e legal desde que
praticada de modo proporcional, pois se a Retorsão for desproporcional, haverá uma
Represália, a ser vista a seguir.
Muito aplicada nas relações comerciais.

- REPRESÁLIA
Neste caso também aplicamos a Lei de Talião, no entanto, como elemento precípuo de
distinção com a Retorsão, vemos uma desproporcionalidade e, por isso, não admite-se no
cenário internacional.
Portanto, acaba lesando terceiros Estados.
- EMBARGO
Do ponto de vista dos meios coercitivos, não se tratam dos embargos comerciais,
econômicos, sendo uma prática costumeira que caiu em desuso, tratando-se do
sequestro de navios mercantis de outro Estado.

- ROMPIMENTO DAS RELAÇÕES DIPLOMÁTICAS


Utilizada até hoje, significa a "chamada do Embaixador", configurando um provável
rompimento das relações diplomáticas e sancionando os Estados de forma mais efetiva.

- BOICOTE
Aqui tratamos das sanções comerciais/econômicas aplicados aos Estados. Cabe indicar
que a ONU pode utilizar-se deste meio, assim como, um Estado em isolado poderá
boicotar o outro.
Exemplo: o boicote dos EUA a CUBA, influenciando diversos países nas relações com
CUBA, um meio que não partiu do Conselho de Segurança, mas sim dos próprios
Estados, como citado na imposição de barreiras econômicas.

OBS: Tratamos acerca da diferença entre o Cônsul e o Diplomata, pois o Diplomata é


o representane político do seu País no exterior, já o Cônsul está no exterior para atender
aos interesses privados.

ZONAS DE INTEGRAÇÃO ECONÔMICA


Com a globalização uma série de impactos são trazidos para a atualidade, dentre eles,
grande parte se ascentua no plano econômico, criando uma enorme competitividade entre
Estados e grandes empresas.

Com as dificuldades comerciais, os países passam a criar blocos econômicos (Integração


Econômica) com intuito de se protegerem da competitividade, valorizando-se no cenário
internacional.

Deste modo, analisemos os graus de integração dos blocos econômicos:

A) ZONA DE LIVRE COMÉRCIO —> Grau mais baixo, caracterizado pela livre
circulação de mercadorias dentro do bloco, isto é, não existem barreiras alfandegárias
para os produtos fabricados dentro do bloco, sendo possível uma lista de exceção.

Ex: Países A, B, C, D. Produtos fabricados em um destes, ao ingressar nos outros não


serão taxados, NAFTA.

B) UNIÃO ADUANEIRA —> Grau médio de integração, possui as mesmas


características da Zona de Livre Comércio (livre circulação de mercadoriais nacionais
dentro do Bloco), entretanto, todos os Estados seguem a mesma política externa
comercial comum.
Ex: Tarifa externa de produtos estrangeiros é comum dentro do Bloco.
Assim, observamos que o MERCOSUL classifica-se como uma União Aduaneira, apesar
de criado com intuito de ter natureza comum.
C) MERCADO COMUM --> Grau mais alto de integração, sendo idêntico a União
Aduaneira, acrescendo-se a livre circulação de pessoas, serviços e capitais (fatores de
produção), o objetivo era que o MERCOSUL fosse alocado neste estágio, entretanto, as
dificuldades de negociação dentro do Bloco não permitiu que chegasse a este grau de
integração.
Como Exemplo a UNIÃO EUROPÉIA.

- Natureza do MERCOSUL —> Ainda caracterizado pela UNIÃO ADUANEIRA.

- Criação -> Criado em 1991, qualquer bloco econômico é criado por meio de um
tratado. Desta forma, o MERCOSUL foi criado pelo tratado de Assunção. No início era
composto por 4 países: Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai. Ao longo dos anos, a
Venezuela veio a requerer sua entrada no MERCOSUL.
Atualmente, pelo cenário econômico e crise institucional que vive, a Venezuela está
suspensa do bloco desde 2017.

- Personalidade Jurídica --> Foi conferida pelo Protocolo de Ouro Preto, assinado em
MG. Isto quer dizer que o MERCOSUL pode celebrar tratados com outro País, Blocos.

- Protocolo de OLIVOS (2002) --> Olivos é uma cidade na Argentina. Este tratado
traça normas acerca de como os conflitos comerciais no Bloco serão solucionados,
mencionando que os árbitros do próprio MERCOSUL irão dirimi-los. Com este
protocolo foi criada uma 2º instância, chamado de TPR (Tribunal Permanente de
Revisão), localizado na cidade de Assunção no Paraguai, tendo competência para
reformar as decisões dos árbitros. Cabe dizer que este tribunal também poderá
funcionar em outros locais, apesar de sua sede localizar-se em Assunção/PA.

HISTÓRICO DA CRIAÇÃO DA OMC


Existem diversas organizações hoje em dia, sendo que cada uma destas vem a ser
especializada em uma área. São organismos especializados da ONU, trabalhando em
cooperação com as Nações Unidas.

Após a 2ª GM os países vencedores criaram a ONU e, logo após, criaram organismos


internacionais financeiros (instituições financeiras), o que denominos de "Bretton Woods",
dando origem ao FMI e ao BIRD.
Além disso, criaram o GATT (General Agreement on Tariffs and Trade / Acordo Geral de
Tarifas e Comércio).

GATT - Esse acordo/tratado criou as bases para o comércio internacional, estatuindo as


regras para liberalização do comércio internacional. Liberalização comercial, estatuindo as
regras para o comércio internacional.
Ocorre que o Acordo se tornou tão forte e teve uma efetividade tão intensa, que passou a
funcionar como uma Organização Internacional, com isso os países se reuniam
anualmente perante as denominadas "Rodadas", vejamos:
Rodadas de Negociação --> Ao longo dos anos, os países que faziam parte se
organizavam em “rodadas” para estabelecer normas internacionais acerca das
liberalizações econômicas. Definindo regras de relações comerciais internacionais
periodicamente.
Com o passar do tempo, em 1994, os países decidiram se reunir em uma das rodadas do
GATT, para criar uma organização internacional (OMC - 1994), na chamada “rodada do
Uruguai”. A partir de então o GATT deixa de existir.

A OMC tem como objetivo estabelecer normas para liberalização do comércio.


O grau de efetividade das decisões da OMC é muito elevado, tendo em vista que até
mesmo os EUA já foram sancionados, visto que para os grandes países não é
interessante haver uma relação comercial internacional frágil.

Ex: Subsídios inclusos no suco de laranja que prejudicavam o Brasil em detrimento aos
EUA, consequentemente, a OMC quebrou a patente de alguns medicamentos norte-
americanos.

****CASO EMBRAER X BOMBARDIER

**Sistema de Solução de Conflitos também aplica-se à OMC: BONS OFÍCIOS (presença


de um Estado que faz aproximação entre os países), MEDIAÇÃO (um mediador é
escolhido para induzir as partes para solução da controvérsia), ARBITRAGEM (contratam
um árbitro e este será o responsável por dizer acerca do direito aplicável ao caso
concreto).
Caso estas 3 vias não logrem êxito na solução da controvérsia, o OSC irá prosseguir na
resolução do problema.

Órgão de solução de Controvérsias (OSC) — PANEL (órgão de solução de


controvérsias, isto é, todos os meios de solução de conflitos supramencionados já foram
intentados)
Este órgão engloba procedimentos para solução das controvérsias, proferindo uma
decisão ao final.
Caso a decisão não seja seguida, a OMC poderá aplicar punições, como o exemplo já
citado da patente do medicamento norte-americano cassada.

DIREITO DO MAR
Primeiramente, mencionamos o Tratado Internacional da Convenção de Montego Bay
(1982) —> Cidade localizada na Jamaica, que estabelece zonas marítimas, em relação a
cadazona marítima os Estados-costeiros exercem direitos.
A convenção teve a adesão pelo Brasil, após o governo Collor, durante o governo Itamar.
OBS: A partir da entrada do Brasil na convenção, passaram a
haver 12 milhas marítimas apenas (cada milha corresponde a 1,6 km
mais ou menos).

Zonas Marítimas:

1) Mar Territorial (12 milhas territoriais) - Zona marítima na qual o Estado Costeiro
exerce todos os seus direitos territoriais à título de soberania, isto é, todos os direitos de
Estado Soberano. Por isso um terceiro-Estado deverá ter autorização do Estado Costeiro,
visto que será território do Estado Costeiro para efeitos de Soberania.
Desde o final de 1991, o limite foi alterado de 200 milhas marítimas para 12 milhas
marítimas (época em que o Brasil aderiu à Convenção)

OBS: Direito de Passagem Inocente -> Significa navegar


em trânsito com fins pacíficos basta que os navios comuniquem ao
Estado Costeiro quando navegam pelas milhas territoriais de outro
País, como exemplo, não poderá um navio militar fazer uma
manobra ou adentrar no espaço de águas interiores de outro País.
Para estes casos, deverá o navio informar acerca do exercício do
Direito de Passagem Inocente. A convenção de montego bay
assegura esse direito de passagem inocente.
No caso do submarino, segundo a convenção de Montego Bay, este
deverá vir à superfície, navegar por esta e arvorar a bandeira como
forma de comunicação deste direito, sendo desnecessária
autorização, bastando a comunicação reconhecida na Convenção de
Montego Bay, cabendo ao Estado Costeiro definir as rotas que a
embarcação seguirá dentro do mar territorial.

Espaço de águas interiores - águas que ficam atrás da linha de


base do continente.

2) Zona contígua (de 12 a 24 milhas) - Neste caso, para efeito de soberania não é
mais território do Estado Costeiro para efeitos de Soberania, entretanto, a Convenção de
Montego Bay garante o direito de policiamento e fiscalização nessa zona/área, com intuito
de reprimir contrabando, tráfico de pessoas, imigração ilegal.

3) Zona econômica exclusiva (ZEE - 24 a 200 milhas) - Não irá ultrapassar as 200
milhas marítimas contadas desde a linha de base territorial. Tem como ponto único a
composição pelo Mar. A Convenção permite ao Estado Costeiro explorar economicamente
aquela zona, por isso o terceiro-Estado precisará de autorização caso pretenda explorar
economicmente a área.
Ex: Lagostas localizadas no subsolo e, assim, o barco pesqueiro francês vinha e levava
as lagostas. O caso foi levado à CIJ, que comprovou que as lagostas eram da Plataforma
Continental Brasileira, devendo a França se abster de pescar na zona, ainda que
ultrapassasse a Plataforma Continental.

4) Plataforma continental
Também se estende até 200 milhas marítimas contadas desde a linha de base territorial.
Diferencia-se da ZEE pois vem a ser composta pelo leito do mar e subsolo. A Convenção
permite ao Estado Costeiro explorar economicamente aquela zona, devendo autorização
a um terceiro-Estado, no entanto, tratando-se de pesquisa científica, não há necessidade
neste caso.

A plataforma continental poderá ser aumentada, totalizando 350 milhas, em alguns locais
do território brasileiro foi aumentada (notadamente nos locais em que há Petróleo). Para
tal, o País deverá requerer autorização ao órgão da ONU (Autoridade Internacional dos
Portos Marítimos), desde que se evidenciem que há riquezas ali e não há nenhum conflito
na zona marítima com outros Estados.

5) Alto mar
Após as 200 milhas marítimas teremos essa região.

Ilustramos em sala o caso das Lagostas pescadas pelo barco pesqueiro da França. O
caso foi levado a CIJ, e o Brasil comprovou que as lagostas faziam parte da plataforma
continental brasileira.
No julgamento a França foi condenada a se abster no intervalo entre a plataforma
continental e o alto mar, pois ainda que transitoriamente, as lagostas são originárias da
Plataforma Continental Brasileira.

OBS: A plataforma continental poderá ser aumentada de 200


para 350 milhas. O órgão da ONU (autoridade internacional dos
porto marítimos) é o responsável por decidir acerca dessa
possiblidade.

O alto mar, do ponto de vista econômico poderia ser explorado por qualquer Estado. Pela
Convenção de Montego Bay, os Estados deverão cooperar para combater ilícitos em alto
mar (tráfico de pessoas, drogas, pirataria etc). Assim, um navio comercial poderá
interceptar um navio pirata, com intuito de capturá-los.

Atualmente, o alto mar é visto como um grande condomínio internacional (res communes)
diferentemente da visão passada, que o tratava como res nullius.

HOMOLOGAÇÃO DE SENTENÇA ESTRANGEIRA


A competência desde o advento da EC 45/2004 foi retirada do STF e passada ao STJ.
Tem como fonte normativa a Resolução número 9 do STJ, tratando dos requisitos para a
homologação.
A sentença estrangeira que não for homologada é um mero esboço de jurisdição (José
Carlos Barbosa de Moreira), haja vista que não possuirá executoriedade e aplicabilidade,
não representando jurisdição.

Do ponto de vista do processo civil, não existe litispendência de um litígio internacional.

O objeto do homologação da sentença tem previsão no artigo 4º da Resolução 9 do STJ,


que menciona a necessidade do trânsito em julgado da decisão judicial estrangeira. Desta
forma, não será homologada decisão que não transitou em julgado e nem mesmo tutela
de urgência.

**Cabe mencionar que no Brasil, no curso de análise da homologação de sentença


estrangeira será possível a concessão de Tutela de Urgência, quando
presentes os efeitos do fummus boni iuris e periculum in mora., antecipando os
efeitos da homologação.

Art. 4º A sentença estrangeira não terá eficácia no Brasil sem a prévia homologação pelo Superior
Tribunal de Justiça ou por seu Presidente.
§3º Admite-se tutela de urgência nos procedimentos de homologação de sentenças estrangeiras.

Os provimentos “quase judiciais” também serão objeto da homologação, ou seja, há essa


previsão pois em alguns países as decisões administrativas são proferidas por outras
autoridades e tem seu trânsito em julgado, conforme falaremos adiante do Sistema
Francês, embasado pelo arrtigo 4º, parágrafo 1º da Resolução nº 9 do STJ.

Art. 4º A sentença estrangeira não terá eficácia no Brasil sem a prévia homologação pelo Superior
Tribunal de Justiça ou por seu Presidente.
§1º Serão homologados os provimentos não-judiciais que, pela lei brasileira, teriam natureza de
sentença.

Como exemplo: No Japão, o próprio Prefeito realiza os processos de divórcios; na


França não há um sistema único de jurisdição, havendo um sistema de contencioso
administrativo, onde as sentenças fazem coisa julgada, diferentemente do Brasil.

OBS: Por isso dizemos que há o Sistema Inglês (Único, onde só a sentença judicial
fará coisa julgada) e o Sistema Francês (Há coisa julgada no âmbito administrativo).

O STJ poderá homologar parcialmente (artigo 4º, parágrafo 2º da resolução nº 9 do STJ),


isto é, há a possibilidade de homologação parcial da sentença transitada em julgado.
O único recurso cabível é o Agravo Regimental, não havendo que se falar em instância
recursal ao STF.

Art. 4º A sentença estrangeira não terá eficácia no Brasil sem a prévia homologação pelo Superior
Tribunal de Justiça ou por seu Presidente.
§1º Serão homologados os provimentos não-judiciais que, pela lei brasileira, teriam natureza de
sentença.
Art. 11 Das decisões do Presidente na homologação de sentença estrangeira e nas cartas rogatórias
cabe agravo regimental.

11ª AULA - 30/10/2017

Prosseguimento com HOMOLOGAÇÃO DE SENTENÇA ESTRANGEIRA

A Justiça Federal é o foro competente para executar a sentença estrangeira homologada


(adquirindo eficácia e executoriedade) pelo STJ e cumprimento de carta rogatória.

Cabe ressaltar que as decisões proferidas pela Corte Interamericana de Direitos


Humanos (CIDH, irá aferir a respnsabilidade do Estado por ação ou omissão pelos Dir.
Humanos) não é objeto de homologação pelo STJ.

O objeto da homologação será a sentença estrangeira transitada em julgado, isto é, o


grau de imutabilidade que a sentença adquire.

Neste sentido, mencionamos que o Sistema Brasileiro é um sistema único de jurisdição


(Inglês), visto que apenas o Judiciário produz coisa julgada, possui o monopólio da
jurisdição. Por tal razão, a decisão do STJ teria natureza constitutiva, haja vista que altera
o Estado das coisas. Por isso o STJ possui competência originária.

Por outro lado, em outros países, como já retratado na aula anterior, há um sistema
amplo, havendo a possibilidade da decisão em sede de um processo administrativo
possuir caráter de definitividade, como exemplo, o Sistema Francês, que admite a
jurisdição administrativa, Tribunal Rabínico em Israel e os Prefeitos no Japão que
realizam divórcios.

O Princípio da Cooperação Interjurisdicional é o que fundamenta o sistema de


homologação da sentença estrangeira e a concessão de exequatur (carta rogatória).
Existem 2 formas de Cooperação Interjurisdicional, quais sejam: (i) quando a sentença no
exterior já transitou em julgado, já no outro caso, (ii) o Réu reside no exterior e por isso
será utilizada a carta rogatória.

Como exceção da exceção, mencionamos o Protocolo de "Las Leñas" tratado no


âmbito do MERCOSUL, tratado de cooperação interjurisdicional para os membros do
MERCOSUL.

O Brasil segue o Sistema de Delibação, ou seja, neste Sistema em que não haverá uma
reanálise do mérito da decisão estrangeira.
Analisemso os requisitos:

Art. 5º Constituem requisitos indispensáveis à homologação de sentença estrangeira:


I - haver sido proferida por autoridade competente;
II - terem sido as partes citadas ou haver-se legalmente verificado a revelia;
III - ter transitado em julgado; e
IV - estar autenticada pelo cônsul brasileiro e acompanhada de tradução por tradutor oficial
ou juramentado no Brasil.

Existem casos em que a competência será exclusiva do Brasil, como exemplo, Ação
Possessória de bens localizados no País (imóveis localizados no Brasil), Inventário de
bens localizados no País.

O STJ analisará se a citação foi válida, com intuito de garantir o contraditório.

O requisito de ordem formal ou procedimental será necessário quando se trata da


autenticação de documento e sua tradução juramentada, se não houver um tradutor,
deverá ser requerido ao STJ a noemação de um tradutor ad hoc.
Além disso, temos requisitos materiais, como respeito a soberania e a ordem pública
brasileiras.

CONFLITOS DE LEIS NO ESPAÇO


Ressaltamos que não estamos falando de competência processual, mas sim, a Lei
material ante a situação.

A LINDB dispõe nos artigos 7º ao 10º sobre os critérios para aplicação de lei estrangeira,
desde que não haja conflito com a ordem pública. Deste modo, vemos que o legislador
dividiu estes dispositivos por assunto, regendo-se por determinado elemento de conexão.

NORMAS DE CONEXÃO --> Sistema de normas de conflito de Leis no Espaço,


dizendo qual a Lei será aplicável ao caso concreto. Com previsão nos artigos 7º ao 10º da
LINDB.

**Um juiz brasileiro poderá aplicar lei estrangeira dentro do Brasil, segundo disposto no
artigo 17 da LINDB, desde que não ofenda as Normas de Ordem Pública, Soberania e os
bons costumes (não mais utilizado).
Como o juiz não é obrigado a saber a legislação estrangeira (iuria novit curia - o juiz é
obrigado a conhecer o Direito), o juiz poderá exigir de quem invoca, prova do texto
exposto, conforme artigo 14 da LINDB, transcrito a seguir:

Art. 14. Não conhecendo a lei estrangeira, poderá o juiz exigir de quem a invoca prova do texto e da
vigência.

Categorias Jurídicas dos Elementos de Conexão:


I) ESTATUTO PESSOAL (Art.7º da LINDB) --> Regido pela Lei do Domicílio
da Pessoa.
Art. 7o A lei do país em que domiciliada a pessoa determina as regras sobre o começo e o fim da
personalidade, o nome, a capacidade e os direitos de família. --> No tocante à capacidade/
personalidade será regido pela Lei do Domicílio da Pessoa.
Exemplo: Estrangeiro (Russo) domiciliado no País, não naturalizado, caso venha a
celebrar um contrato, terá que se valer da Lei Brasileira.
Ex2: Argentino, não-domiciliado, a turismo, pretende comprar um imóvel no Brasil, ocorre
que o mesmo possui 18 anos, tendo maioridade no Brasil, mas não na Argentina (a título
de exemplo, caso a maioridade na Argentina fosse atingida aos 21 anos). Ora, se o
Argentino quiser levar a registro, não poderá fazâ-lo, pois a Lei do Domicílio da Pessoa
(Argentina) não permite a prática de todos os atos da vida civil.

Começando a observar o artigo 7º, parágrafo 1º, da LINDB, vemos que no casamento
teremos o seguinte:

Art.7º, § 1o Realizando-se o casamento no Brasil, será aplicada a lei brasileira quanto aos
impedimentos dirimentes e às formalidades da celebração.--> os impedimentos e as
formalidades políticas para realização do casamento, aplicaremos a Lei do local da
celebração.
Exemplo: Paraguaio que se casa com uma Americana no Brasil, tendo em vista que a
celebração dar-se-à no Brasil, observaremos o Código Civil Brasileiro de 2002.
Cabe indicar que não existe pelo STJ a homologação de casamento, isto é, o casamento
celebrado no exterior não precisa ser homologado, cabendo aos nubentes que pretendem
estender seus efeitos no Brasil, levar a registro o documento registrado no exterior, com
autenticação do Cônsul, devidamente traduzido pelo Tradutor Juramentado.

Art.7º, § 2o O casamento de estrangeiros poderá celebrar-se perante autoridades diplomáticas ou


consulares do país de ambos os nubentes.--> Vemos que o Brasil permite que aos
estrangeiros (Franceses, no caso) a possibilidade de se casarem no consulado do
respectivo País de origem, qual seja, França, produzindo efeitos em ambos os Estados,
ou seja, tanto no Brasil como na França.
Assim, o estrangeiro casando em Consulado Brasileiro no exterior, também não precisará
levar a registro o casamento caso retorne ao Brasil.

§ 3o Tendo os nubentes domicílio diverso, regerá os casos de invalidade do matrimônio a lei do

primeiro domicílio conjugal.--> **por uma questão de soberania, será uma exceção à regra.

Exemplo: Os nubentes possuem domicílio diverso e casam no Brasil com uma


mexicana mas, só constituem o primeiro domicílio conjugal no Uruguai.
Sendo assim, a Lei que regerá será a do Uruguai, visto que foi o primeiro domicílio
conjugal foi constituído lá.

****Se por ventura, um dos nubentes acima deseja ajuizar ação de anulação do
casamento no Brasil alegando erro essencial sobre a pessoa, o Juiz deverá aplicar a Lei
do Uruguai, em observância ao parágrafo 3º supracitado.
No artigo 8º observamos a previsão no que se refere aos Bens (DIREITOS REAIS
Internacionais).
Art. 8o Para qualificar os bens e regular as relações a eles concernentes, aplicar-se-á a lei do país
em que estiverem situados.--> será regido pela Lei onde o bem está localizado (lex rei sitae).

§ 2o O penhor regula-se pela lei do domicílio que tiver a pessoa, em cuja posse se encontre a coisa
apenhada --> Como exceção, aplicamos a lei onde está localizado o credor pignoratício.
podemos mencionar o Penhor (direito real de garantia sobre bem móvel), os credores
hipotecários e pignoratícios tem preferência no processo falimentar.

****Em relação ao penhor, quem tem a posse é o credor pignoratício (exemplo, entrega
de uma jóia de valor como garantia do pagamento de uma dívida). Assim, em relação a
direitos reais, como regra, aplicamos a Lei do local onde está localizado o bem, já em
caso de penhor, aplicamos a lei do local de domicílio do credor pignoratício.

Tudo que for pertinente a obrigações e contratos Internacionais possuem


previsão no Artigo 9 da LINDB, vejamos:

Art. 9o Para qualificar e reger as obrigações, aplicar-se-á


a lei do país em que se
constituirem.--> vemos que a legislação aplicável será a do local da celebração do
contrato da obrigação e não da execução desta. Ex: Contrato celebrado na África do Sul
para construção de ponte na África do Sul. Caso o contrato seja questionado no Brasil, o
juiz aplicará a Lei da África do Sul, observando os limites impostos pelas normas de
ordem pública e a soberania.

****OBS: CLÁUSULA DE ELEIÇÃO DE FORO NO CONTRATO X


CLÁUSULA DE ELEIÇÃO DE LEI APLICÁVEL AO CONTRATO

A legislação brasileira admite a aplicação da Cláusula de Eleição de Foro (as partes por
meio de um consenso estabelecem o local para dirimir os litígios advindos do Contrato),
todavia, não permite a cláusula de lei material aplicável ao Contrato. Exemplo: Empreiteira
Brasileira celebrou contrato com uma Organização na África do Sul, na Cidade do Cabo,
para construção de uma ponte.
No contrato foi estabelecido o foro da cidade do Rio de Janeiro para dirimir os conflitos
advindos do Contrato, logo após, estipulou-se que aplicar-se-à a norma material
brasileira.
Desta forma, vemos que uma cláusula será aplicável e a outra não, visto que caso
contrário estaremos afrontando a LINDB, que manda aplicar a lei sul-africana.

No caso de as partes alegarem que o contrato é um ato de vontade das partes, não há
como ser aplicável ao caso, visto que a legislação aplicável será a do local onde o
contrato foi celebrado, já que a LINDB determina a aplicação da legislação do local onde
foi celebrado o contrato, qual seja, África do Sul.

Por fim, tratamos sobre o Direito Sucessório Internacional, com previsão no artigo
10 da LINDB:
Art. 10. A sucessão por morte ou por ausência obedeceà lei do país em que domiciliado o
defunto ou o desaparecido, qualquer que seja a natureza e a situação dos bens.--> a
sentença estrangeira que realiza a partilha de bens não precisará ser homologada pelo
STJ. Neste caso, vemos que a Lei será a aplicável ao local do último domicílio do de
cujus.
Isto posto, igualmente à competência processual, o inventário será aberto no local do
último domicílio do de cujus.

****Artigo 10. § 1º A sucessão de bens de estrangeiros, situados no País, será regulada pela
lei brasileira em benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, ou de quem os
represente, sempre que não lhes seja mais favorável a lei pessoal do de cujus.-->
Vemos um instituto com previsão constitucional no artigo 5º da CRFB/88.
Apesar de ser estrangeiro, o de cujus faleceu no Brasil e era domiciliado aqui, deste
modo, o inventário será aberto aqui, assim como a lei material aplicável.
Como era português e possuía herdeiros necessários brasileiros, caso a Lei de Portugal
seja mais benéfica, deverá ser aplicável ao caso.

12ª AULA - 06/11/2017

CASO CONCRETO 8:

R: A questão não possui algo correto ou errado, por isso complementamos


contextualizando acerca do sistema de resolução de conflitos no plano internacional com
previsão na Carta da ONU.
Acerca da atuação da ONU, mencionamos sobre a função do Conselho de Segurança
(órgão responsável pela autorização da intervenção militar, visto que suas decisões são
dotadas de natureza coercitiva), para tal estabelecmos a diferença entre a Intervenção
Militar (esta intervenção é feita com intuito Bélico, recordando-se que essa autorização
se dá por meio de autorização do Conselho de Segurança e só se dará em última
instância) e a Assistência Humanitária (tem como intuito policiar o País de forma
auxiliar e para que haja, deverá existir um pedido do Estado, representado pelos
capacetes azuis, que agem com intuito de auxiliar e apoiar o Estado).

Neste viés, mencionamos a questão não está incorreta, porém a ONU, após o
esgotamento de todos os meios de resolução de conflitos (Bons Ofícios, Mediação,
Conciliação, Negociação e os próprios meios políticos exercidos pelo Conselho de
Segurança), poderá, por meio do Conselho de Segurança, órgão responsável, autorizar a
Intervenção Militar.
CASO CONCRETO 9:

R: Antes de adentrarmos no tema do caso em tela, realizamos uma retrospectiva sobre


o Sistema Internacional de Proteção da Pessoa Humana, havendo neste 2 vertentes: a
Proteção Universal(existem tratados de direitos humanos abertos a quaquer País,
independente da localização geográfica, tendo como marco a Declaração Universal de
1948, além do status que estes tratados possuem em nosso ordenamento jurídico. Dentre
outros Tratados: Convenção contra o Genocídio, contra o preconceito em face da Mulher)
e a Proteção Regional (são tratados sobre direitos humanos adstritos a certas zonas
do planeta, como exemplo, no âmbito das Américas a Convenção Interamericana de
Direitos Humanos (Pacto de San José da Costa Rica), que criou 2 órgãos importantes: a
Comissão Americana de Direitos Humanos (recebe petições contendo denúncias de
violações de Direitos Humanos, sendo parte legítima qualquer pessoa, grupo de pessoas
ou entidade não-governamental) e a Corte Americana de Direitos Humanos.

A comissão irá elaborar um relatório com recomendações, as quais deverão ser


observadas dentro do prazo de 90 dias, se não o fizer, o caso será enviado à Corte.
A Corte, neste momento, irá demandar em face do Estado, condenando o Estado a
reparar o dano, em decisão irrecorrível.

Assim, caso o Estado nao cumpra a determinação da Corte, o caso será enviado à OEA,
que fará um relatório sobre esse descumpriemnto e a Assembléia Geral poderá instituir
sanções ao Estado.

****A escravidão, em termos de Tratados internacionais, está ligada ao Direito de


Propriedade, desta forma, ela se associa a um direito de propriedade que uma pessoa
exerce sobre a outra (propriedade e privação da liberdade).
A escravidão se associa a um direito de propriedade que uma pessoa exerce sobre a
outra, caracterizando-se a partir daí a Escravidão do ponto de vista de tratados
internacionais. Sendo determinante o exercício de propriedade sobre outrem.

****No que tange ao tráfico de pessoas, podemos caracterizá-lo como toda transação
com intuito de vender, adquirir ou ceder direitos sobre o indivíduo, isto é, os direitos de
propriedade sobre outra pessoa.

Existem 2 direitos/garantias que jamais serão relativizados, quais sejam: proibição contra
Escravidão e proibição contra Tortura. Vemos que não existe nenhum Tratado
Internacional que excepcione.

A Convenção contra Tortura considera que toda prova obtida por meio da Tortura será
considerada ilícitca.

CASO CONCRETO 10:

R: Aproveitamos o caso para recordar os conceitos de Impedimento (a pessoa não


ingressa no território do Estado, ela é enviada de volta ao País de origem/repatriada)
Extradição (ato de cooperação penal entre as jurisdições dos Estados) e
Deportação(quando o estrangeiro que está irregular é deportado, devendo a autoridade
responsável enviar uma prévia notificação) e Expulsão (devido a um ato grave
cometido, entretanto, algumas pessoas, devido ao Princípio da Proteção à Família, não
será expulso) mencionando sobre as possibilidades de extradicao do brasileiro
naturalizado (Exercício idêntico ao da Aula 4).
Segundo disposto na Sumula 421 do STF, ele poderá ser extraditado pois não se aplica o
impedimento da família brasileira e também, pelo fato de ter cometido o crime comum
anteriormente à sua naturalização (art.5º, LI, CRFB/88), visto que os efeitos da
naturalização são ex-nunc.
Cabe indicar que o fato de ter família brasileira só impede a expulsão, não influenciando
na Extradição e Deportação.

Sendo assim, a Súmula 421 do STF é compatível com a Carta da República de 1988,
visto que a existência de relações familiares, a comprovação de vínculo conjugal e/ou a
convivência more uxorio do extraditando com pessoa de nacionalidade brasileira
constituem fatos destituídos de relevância jurídica para efeitos extradicionais, não
impedindo, em consequência, a efetivação da extradição. Não obsta a extradição o fato
de o súdito estrangeiro ser casado ou viver em união estável com pessoa de
nacionalidade brasileira.
Assim, a Súmula 421/STF revela-se compatível com a vigente Constituição da República,
pois, em tema de cooperação internacional na repressão a atos de criminalidade comum,
a existência de vínculos conjugais e/ou familiares com pessoas de nacionalidade
brasileira não se qualifica como causa obstativa da extradição, são precedentes da
Extradição 1343 do DF que teve como relator o Ministro Celso de Mello.

CASO CONCRETO 11:

R: Retomamos aos meios diplomáticos de solução de litígios, dentre eles: bons ofícios
(um terceiro Estado realiza a aproximação entre os Estados que estão no litígio, só realiza
essa aproximação), Mediação (papel do mediador que deverá induzir as partes para que
cheguem a uma decisão, há uma proatividade maior que nos bons ofícios) e a
Conciliação (o conciliador atua em conjunto com as partes para que cheguem a uma
solução conjunta, propondo meios para tal.
Além destes, temos os meios jurídicos de solução de litígios, como: Arbitragem (o árbitro
dirá o direito aplicável ao meio concreto) e as Cortes Internacionais (Exemplo: Corte de
Haia).

Sendo assim, verificamos que há um erro na questão, pois menciona-se que o meio
diplomático do conciliador será atuar como um mediador, algo totalmente incorreto, tendo
em vista o papel do Conciliador é muito mais evasivo e proativo na resolução de um
conflito internacional do que o de um Mediador.
CASO CONCRETO 12:

R: Cabe dizer que o MERCOSUL caracteriza-se como uma União Aduneira, por isso há
uma livre circulação de mercadorias e bens dentro do MERCOSUL, além da existência de
uma política externa comum aos membros desta União. Isto é, quando um bem de um
País que não é do bloco chega aqui, os critérios de taxação serão similares entre todos
(tratamento de modo uniforme), visando a proteção econômica do bloco.
O MERCOSUL foi criado pelo Tratado de Assunção e com o Protocolo de Ouro Preto foi
atribuída personalidade internacional ao MERCOSUL, ou seja, o bloco poderá realizar
tratados com outra organização ou ICMS outro País, visto que possui personalidade
internacional.
O Protocolo de OLIVOS (substituiu o Protocolo de Brasília) fala que os conflitos
comerciais que acontecem no bloco serão dirimidos por árbitros que atuam junto ao
Mercosul (presença da Arbitragem).
Caso um dos países esteja insatisfeito, poderá interpor recurso ao Tribunal Permanente
de Revisão (TPR), localizado no Paraguai.
Por fim, concluímos que a questão está errada

CASO CONCRETO 13:

R: Iniciamos pela leitura do artigo 23 do CPC/15, que trata acerca da competência


exclusiva.

Art. 23. Compete à autoridade judiciária brasileira, com exclusão de qualquer outra:

I - conhecer de ações relativas a imóveis situados no Brasil;

II - em matéria de sucessão hereditária, proceder à confirmação de testamento particular e ao


inventário e à partilha de bens situados no Brasil, ainda que o autor da herança seja de
nacionalidade estrangeira ou tenha domicílio fora do território nacional; --> devido à Soberania
Brasileira, não haverá homologação da sentença estrangeira.

III - em divórcio, separação judicial ou dissolução de união estável, proceder à partilha de bens
situados no Brasil, ainda que o titular seja de nacionalidade estrangeira ou tenha domicílio fora do
território nacional.

Art. 21. Compete à autoridade judiciária brasileira processar e julgar as ações em que:->
Trata da competência concorrente.

I - o réu, qualquer que seja a sua nacionalidade, estiver domiciliado no Brasil;

II - no Brasil tiver de ser cumprida a obrigação;

III - o fundamento seja fato ocorrido ou ato praticado no Brasil.

Em observância ao Artigo 21, I, do CPC/15, a ação poderá ser ajuizada no Brasil, até
porque o acidente ocorreu em território brasileiro, assim, a questão está correta.
CASO CONCRETO 14:
R: Tratamos da Corrente Monista e da Teoria Dualista (originando a Teoria da
Incorporação).

A Corrente Monista entende que o ordenamento jurídico é um só, independente das


normas internas e das normas internacionais, já para a Dualista, existem 2 sistemas que
correm em paralelo, sendo: o ordenamento interno (leis, CF etc) e o ordenamento
internacional (tratados, convenções etc).

Para a corrente Monista, o tratado internacional não precisaráde um processo para ser
internalizado ao ordenamento jurídico, basta sua ratificação para observância pelo
Estado, já nos países que adotam a Corrente Dualista, o tratado precisará ser incorporado
(Teoria da Incorporação). Isto é, o tratado internacional para ser trazido para o direito
interno deverá se submeter a um procedimento, qual seja, o Presidente deverá promulgar
o tratado por meio de um Decreto e, logo após, publicá-lo em D.O. A partir deste moment
o Tratado já estará internalizado no ordenamento interno.

No Brasil, adotamos a Teoria Dualista, portanto, o Tratado deverá ser incorporado para
produzir seus efeitos no ordenamento interno.

CASO CONCRETO 15:

R: Recordamos acerca do Direito do Mar. Primeiramente, mencionamos a Convenção


de Montego Bay (1982, o Brasil aderiu em 1991), a qual estabelece zonas marítimas,
quais sejam:

* Mar territorial (linha de base do continente até 12 milhas marítimas temos o mar
territorial, local onde o Estado para todos os efeitos de sua Soberania permanece
exercendo todos os direitos territoriais, isto é, território soberano). Desta forma, para que
um terceiro-Estado realize pesquisas científicas ou pretenda explorar algo, deverá
requerer ao Estado-Costeiro autorização para tal. Ademais, a Convenção de Montego
Bay, prevê o chamado Direito de Passagem Inocente, ou seja, direito de as embarcações
passarem/transitarem pelo mar territorial de forma pacífica, sendo possível o
estabelecimento de rotas pelo Estado-Costeiro);
* Zona contígua (Os Estados costeiros tem o direito de realizar o policiamento e
fiscalização, localiza-se de 12 até 24 milhas). Não é mais território do Estado-Costeiro
para efeitos de soberania, permitindo-se a estes apenas a fiscalização e policiamento;
* Zona econômica exclusiva (área marítima onde o Estado-Costeiro poderá exercer a
exploração econômica, limite de até 200 milhas marítimas). Um terceiro-Estado só poderá
explorar com autorização do Estado-Costeiro, mas poderão realizar pesquisas científicas,
bem como passar cabos/dutos para otimização de suas atividades em outras regiões;
* Plataforma continental, localiza-seado leito do mar e o subsolo, possui um limite de até
200 milhas marítimas (contados do continente), podendo ser ampliado em até 150 milhas
marítimas, desde que nunca ultrapasse o total de 350 milhas marítimas.
Essa ampliação deverá ser requerida à "Autoridade Internacional dos Fundos Marítimos" -
órgão da ONU - não sendo possível ultrapassar 350 milhas contadas da linha de base do
continente).
* No Alto mar vigora o "princípio da liberdade dos mares" (liberdade de navegação,
exploração econômica), sendo uma área sem jurisdição, no entanto, os Estados
assumem a obrigação de evitar a prática de ilícitos, como: tráfico de drogas, pessoas,
pirataria etc. Insta salientar que os navios oficiais tem direito a visita (inspeção), captura e
policiamento, visando o combate aos ilícitos citados.

Neste caso, a possibilidade do Direito de Passagem será admitida no caso do mar


territorial quando dirigido esse consentimento à autoridade costeira responsável, não é
necessária autorização, apenas a sinalização quanto ao "Direito de Passagem Inocente"
previsto e assegurado pela Convenção de Montego Bay.

CASO CONCRETO 16:

R: O Brasil conseguiu aumentar sua plataforma continental em algumas regiões em até


350 milhas da plataforma continental (denominadas de Amazônia Azul, devido às riquezas
naturais existentes), tendo o Estado brasileiro direito de explorar economicamente, de
forma exclusiva, os recursos vivos e não vivos dentre estas 150 milhas no que tange ao
subsolo e ao leito, totalizando 350 milhas marítimas de plataforma continental.
Cabe indicar que um terceiro-Estado poderá colocar cabos e dutos de Passagem, mas
jamais explorar a região, visto que cabível apenas ao Brasil.

AV2 —> A prova estará com conteúdo de todo semestre. Não admite-se consulta.

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