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Napoleão não é condenado por seus

DIREITO crimes, mas sim transformado em


Soberano de Elba, dado que ele
INTERNACIONAL representava o Estado e não poderia ser
punido. Nesse momento, também é

PÚBLICO possível observar o uso do direito


internacional como uma forma de agir do
https://styluscuriarum.org/2023.1/ colonialismo, sobretudo na Partilha
Afro-Asiática iniciada em 1880.
“Praticamente todas as nações observam Em continuidade, no século XX,
praticamente todos os princípios de direito dá-se início a um direito internacional
internacional e praticamente todas as marcado agora por um multilateralismo,
suas obrigações praticamente o tempo onde se passa a observar na prática:
todo” L.H. Conferências da Paz da Haia de 1899 e
1907, Sociedade das Nações. - 1919,
Organização das Nações Unidas. - 1945,
HISTÓRIA DOS ELEMENTOS
Organizações Internacionais. e Tribunais
DIREITO INTERNACIONAL Internacionais. O que leva em
consideração teorias solidárias e
Inicialmente as atividades entre institucionalistas, onde práticas
diferentes nações ou grupos sociais eram decoloniais passam a ganhar força.
comandados por razões mitológicas e
religiosas, o que se evidencia pelo Ius —-----------------------------------------------------
Fetiale na Roma antiga. E, assim, parte da
doutrina não as considera como uma A CARTA DA ONU E SEUS
regulação jurídica internacional, mesmo
que houvessem relações.
PRINCÍPIOS E PROPÓSITOS
Mas, ocorre um processo de
secularização na literatura sobretudo pelo →Carta de São Francisco (1945):
historiador Hugo Grócio, já no início do Documento que deu início a organização
século XV, o qual regula essas ações de da ONU, o qual é ratificada atualmente
forma mais política, colocando o Estado por 193 países dos 196 existentes. Que
no centro das relações, guiados pelo marca um acordo multilateral para
jusnaturalismo (razão humana). promover determinados princípios, mas
Como resultado, o direito não de forma coercitiva.
internacional tem como marco inicial a Paz
de Westphalia - 1648, sendo o tratado que Artigo 1
coloca fim a Guerra dos 30 Anos e coloca, Os propósitos das Nações unidas são:
pela primeira vez, os Estados como iguais 1. Manter a paz e a segurança
Após essas alterações, o direito internacionais e, para esse fim: tomar,
internacional, no século XIX, passa a ser coletivamente, medidas efetivas para
regulado por um positivismo voluntarista evitar ameaças à paz e reprimir os atos de
(Von Martens, Oppenheim, Anzilotti.), ou agressão ou outra qualquer ruptura da paz
seja, os Estados geram as regras, as e chegar, por meios pacíficos e de
quais vão se submeter, marcando o ápice conformidade com os princípios da justiça
da soberania estatal, o que se reflete no e do direito internacional, a um ajuste ou
Congresso de Viena de 1814, onde solução das controvérsias ou situações
que possam levar a uma perturbação da 5. Todos os membros darão às Nações
paz; toda assistência em qualquer ação a que
2. Desenvolver relações amistosas entre elas recorrerem de acordo com a presente
as nações, baseadas no respeito ao Carta e se absterão de dar auxílio a qual
princípio de igualdade de direitos e de Estado contra o qual as Nações Unidas
autodeterminação dos povos, e tomar agirem de modo preventivo ou coercitivo.
outras medidas apropriadas ao 6. A Organização fará com que os
fortalecimento da paz universal; Estados que não são membros das
3. Conseguir uma cooperação Nações Unidas ajam de acordo com
internacional para resolver os problemas esses Princípios em tudo quanto for
internacionais de caráter econômico, necessário à manutenção da paz e da
social, cultural ou humanitário, e para segurança internacionais.(viola o princípio
promover e estimular o respeito aos do consentimento).
direitos humanos e às liberdades 7. Nenhum dispositivo da presente Carta
fundamentais para todos, sem distinção autorizará as Nações Unidas a intervirem
de raça, sexo, língua ou religião; e em assuntos que dependam
4. Ser um centro destinado a harmonizar essencialmente da jurisdição de qualquer
a ação das nações para a consecução Estado ou obrigará os membros a
desses objetivos comuns. submeterem tais assuntos a uma solução,
nos termos da presente Carta; este
Artigo 2 princípio, porém, não prejudicará a
A Organização e seus membros, para a aplicação das medidas coercitivas
realização dos propósitos mencionados no constantes do Capítulo VII (ameaça aos
artigo 1, agirão de acordo com os seguintes poderes do conselho de segurança e paz) .
Princípios:
1. A Organização é baseada no princípio Artigo 103
da igualdade soberana de todos os seus No caso de conflito entre as
membros. obrigações dos membros das Nações
2. Todos os membros, a fim de Unidas, em virtude da presente Carta e as
assegurar para todos em geral os direitos obrigações resultantes de qualquer outro
e vantagens resultantes de sua qualidade acordo internacional, prevalecerão as
de membros, deverão cumprir de boa fé obrigações assumidas em virtude da
as obrigações por eles assumidas de presente Carta. (cria solução para conflito de
acordo com a presente Carta. (pacta sunt normas, o que pode gerar hierarquia).
servanda)
3. Todos os membros deverão resolver Artigo 55 (direitos humanos)
suas controvérsias internacionais por
meios pacíficos, de modo que não sejam Com o fim de criar condições de
ameaçadas a paz, a segurança e a justiça estabilidade e bem estar, necessárias às
internacionais. relações pacíficas e amistosas entre as
4. Todos os membros deverão evitar em Nações, baseadas no respeito ao princípio
suas relações internacionais a ameaça ou da igualdade de direitos e da
o uso da força contra a integridade autodeterminação dos povos, as Nações
territorial ou a independência política de Unidas favorecerão:
qualquer Estado, ou qualquer outra ação a) níveis mais altos de vida, trabalho
incompatível com os Propósitos das efetivo e condições de progresso e
Nações Unidas. (exceção artigo 51) desenvolvimento econômico e social;
b) a solução dos problemas d) sob ressalva da disposição do art.
internacionais econômicos, sociais, 59, as decisões judiciárias e a doutrina
dos publicistas mais qualificados das
sanitários e conexos; a cooperação diferentes Nações, como meio auxiliar
internacional, de caráter cultural e para a determinação das regras de
educacional; e direito. (marca hierarquia).
c) o respeito universal e efetivo dos 2. A presente disposição não
prejudicará a faculdade da Côrte de
direitos humanos e das liberdades decidir uma questão ex aeque et bono,
fundamentais para todos, sem distinção se as partes com isto concordarem.
de raça, sexo, língua ou religião. (nunca foi utilizado)

—---------------------------------------------------- Ainda, deve-se atentar ao fato de


que as resoluções e os atos unilaterais dos
Estados são capazes de criar normas de
FONTES DO DIREITO direito internacional, assim, o artigo 38
não é completo.
INTERNACIONAL Por fim, as Soft Law, ou seja, tudo
aquilo que foi adotado internacionalmente,
As fontes do direito internacional mas não cria obrigações, apenas
são estabelecidas pelos próprios estados recomendações, como por exemplo,
de forma descentralizada, mas que por normas internas de museus.
exceções podem ser criadas de forma
centralizada a partir de casos concretos e
que se dividem em Tratados, Costume,
COSTUME INTERNACIONAL
Princípio, Jurisprudência e Soft Law.
Artigo 38.1.b do Estatuto da Corte
Internacional de Justiça: “A Corte aplicará
→EXEMPLOS: Caso Pulp Mills
[...] o costume internacional, como prova
(Papelleras) e Resolução do CS 2371/2017 de uma prática geral aceita como sendo o
direito.”
→CLASSIFICAÇÃO O costume é tanto um processo
normativo como uma norma em si.Nesse
1. material: razões políticas e de sentido, é de difícil observação o exato
força momento em que um costume entra em
2. formal: estabelecidas por vigor ou deixa de ser aplicado, em caso
procedimentos de não houver norma revogatória. Como,
por exemplo, o Mar territorial. Tiro de
→CRIAÇÃO DE NORMAS FORMAIS canhão; Passagem inocente de navios
mercantes; Imunidade diplomática de
Artigo 38. 1. A Côrte, cuja função é chefes de Estado.
decidir de acôrdo com o direito Para tanto, exige-se: prática geral
internacional as controvérsias que lhe
suficientemente ampla, representativa,
forem submetidas, aplicará:
a) as convenções internacionais, quer marcada pela consistência e duração,
gerais, quer especiais. que efetividade prática e Opinio Iuris, ou seja,
estabeleçam regras expressamente a prática deve ser adotada como um
reconhecidas pelos Estados litigantes;
senso de direito ou obrigação legal
b) o costume internacional, como
prova de uma prática geral aceita
como sendo o direito; →NORMAS JUS COGENS: regras
c) os princípios gerais de direito imperativas reconhecidas que não podem
reconhecidos pelas Nações
civilizadas;
ser derrogadas, pois são exclui o outro, vez que existem
hierarquicamente superiores. mutuamente.
Reconhecidos Exemplos de Jus Cogens: e
prohibition of aggression, genocide, slavery, → OBSERVAÇÕES: Na questão de
racial discrimination, crimes against oposição de oposição, temos a
humanity and torture, and the a right to possibilidade do objetor persistente
self-determination (quando o agente se opõe no momento de
Art. 53 CVDT. É nulo um tratado criação da regra de forma continua),
que, no momento de sua conclusão, enquanto o objetor subsequente a criação
conflite com uma norma imperativa de da regra fica impedido de se opor a regra
Direito Internacional geral. Para os fins da costumeira já posta.
presente Convenção, uma norma
Por fim, o reconhecimento de um
imperativa de Direito Internacional geral é
costume pode ocorrer por meio de
uma norma aceita e reconhecida pela
comunidade internacional dos Estados correspondências e declarações, mas
como um todo, como norma da qual sobretudo pelo reconhecimento das cortes
nenhuma derrogação é permitida e que só internacionais, vide o princípio Jura novit
pode ser modificada por norma ulterior de curia.
Direito Internacional geral da mesma
natureza.
PRINCÍPIOS
→ DIREITO INTERNACIONAL GERAL
E TRATADOS ESPECÍFICOS: O direito v 38, 1., c. “Princípios gerais do direito
internacional geral se diferencia dos reconhecidos pelas nações civilizadas”.
tratados específicos, ao passo em que Aqui o documento não é
vincula todos os Estados, inclusive nos vinculativo, mas seu conteúdo não pode
novos Estados, em virtude do princípio do vir a ser violado, assim, deve-se observar
pacta sunt servanda (deve-se observar as como os Estados criaram esses
normas postas) documentos que não são tratados.
Vale ressaltar que são possíveis o Exemplo: Resolução A.G. 1514/1960, All
estabelecimento de costumes regionais e peoples have the right to
até bilaterais, mas sendo necessário a self-determination; by virtue of that right
presença dos requisitos já supracitados they freely determine their political status
entre os estados envolvido. and freely pursue their economic, social
and cultural development e Declaração do
Isso pois uma norma convencional
Rio sobre Meio Ambiente e
pode refletir uma regra internacional
Desenvolvimento de 1992.
costumeira, se for estabelecido que: a
norma do tratado codifica uma norma do
→in foro domestico: aqueles extraídos de
Direito Internacional costumeiro já
dentro das jurisdições dos países e se
existente no momento de celebração do
aproximam dos costumes
pacto; a norma do tratado levou à
● ônus da prova
cristalização de uma norma costumeira
● res judicata
emergente no momento de celebração do
● legítima defesa
pacto;
OU a norma do tratado levou a
→princípio de direito internacional: São
uma prática geral aceita como direito,
inerentes ao direito internacional, em
gerando, assim, uma nova regra
virtude de aspectos próprios e são
costumeira. Assim, tem-se que um não
induzidos ou deduzidos de outras normas
● princípio da liberdade de DOUTRINA
comunicação marítima
● autodeterminação dos povos Atua como fonte auxiliar no direito
● uti possidetis de juris (as fronteiras internacional, mas não são citadas nas
em caso de dependência são decisões para não gerar aparentes
aquelas já estabelecidas) preferências
● regras gerais: princípio ambientais
—-----------------------------------------------------
→princípios normativos: CODIFICAÇÃO DO DIREITO
● res judicata INTERNACIONAL
● onus probandi
Ocorre por meio da Associação de
→princípios interpretativos: usados para Direito Internacional, que tem como
balancear e moldaroutras normas e objetivo estudar, esclarecer e desenvolver
princípios. Entretanto, esses devem ser o direito internacional público e privado,
distinguidos de princípios orientadores, os bem como promover a compreensão. E
quais são entendidos apenas como por Interação com a Assembleia Geral da
sugestões e, dessa forma, não possuem ONU, via Questionários, comentários e
força vinculante. observações de Estados. Como resultado
é possível de se observar: Os produtos
→princípios processuais: são aqueles que adotam resoluções não vinculantes que
impõem as diretrizes dos processos no equivalem a doutrina.
âmbito internacional
Art. 13 Carta da ONU:
DECISÕES JUDICIAIS
“A Assembléia Geral iniciará estudos e fará
recomendações destinadas a: a) promover
Art. 38, 1. D: A Corte aplicará: d) sob
cooperação internacional no terreno
ressalva da disposição do art. 59, as
político e incentivar o desenvolvimento
decisões judiciárias e a doutrina
progressivo do direito internacional e a sua
publicistas mais qualificadas das
codificação”.
diferentes Nações, como meio auxiliar para
a determinação de regras de direito.
Art. 15 Estatuto da CDI:
Deve-se entender que essas
decisões anteriormente citadas incluem a "Nos artigos seguintes, a expressão
jurisdição de tribunais internos, mas com 'desenvolvimento progressivo do direito
um valor de consideração muito menor internacional' é utilizada como significando
Internacionalmente existe ainda a preparação de projetos de convenções
uma multiplicação de tribunais em matérias que ainda não foram
internacionais, mas o que se sobressai reguladas no direito internacional ou em
são as decisões da corte internacional. relação a uma área do direito que ainda não
foi suficientemente desenvolvida pela
Além disso, o Stare Decisis
prática dos Estados.
entende que as decisões internacionais
são vinculantes e cumulativas
→Resoluções (Reservas a tratados
multilaterais, 1951)
→Convenções (CVDT de 1969 e de 1986)
→Projetos de Artigos (Direito dos
Tratados)
→Conclusões (Consequências de Jus →Aplicação Territorial dos Tratados:
Cogens, 2022) valem em espaço geográfico, jurídico,
→Guias (Aplicação provisória de tratados, embarcações e aeronaves.
2021)
Art. 29 C.V.D.T. 1969 - “A não ser que uma
intenção diferente se evidencie do tratado,
TRATADOS INTERNACIONAIS ou seja estabelecida de outra forma, um
tratado obriga cada uma da partes em
relação a todo o seu território.”
Em sua definição original, tratado No que tange a uma aplicação
significa um acordo internacional extraterritorial, o direito internacional
concluído por escrito entre Estados e entende que os tratados de um Estado
regido pelo Direito Internacional. Todavia, são válidos em localidades distantes onde
essa compreensão veio a ser alterada e a jurisdição tecnicamente não é válida,
os tratados podem ser estabelecidos por quando o Estado exerce algum tipo de
qualquer sujeito de direito internacional. atividade regular na localidade.
Como consequência, os tratados
podem vir a reger direitos e obrigações Tratados Contrato x Tratados Leis
diretamente entre indivíduos e
associações, além dos Estados Um tratado contrato é estabelecido
signatários. Mas, para isso, exigem de forma mais restrita, enquanto um
normas extremamente claras. tratado lei por ser mais abrangente é
Nessa perspectiva, deve-se entendido como de funcionalidade pública.
entender que os tratados levam a uma
maior estabilidade nos acordos. No que FASES DE CRIAÇÃO DE UM
diz respeito a suas modalidades, os CONTRATO
tratados podem ser nomeados como
Carta, Estatuto, Convenção, Memorando
→Negociação.
de Entendimento (como estabelecido pelo
caso C.I.J. Delimitação Marítima no Oceano →Assinatura: Não equivale a entrada em
Índico -Somália v. Kênia) e Protocolo. vigor, apenas a cessão de alterações.
Ademais, o fundamento jurídico →Ratificação/Aceitação/Aprovação/Ace
dos tratados se regula pelo Pacta Sunt ssão: Momento em que o país dá
Servanda. Art. 26 CVDT. “Todo tratado efetivamente seu consentimento, todavia,
em vigor obriga as partes e deve ser ainda não quer dizer que o Estado vai
cumprido por elas de boa fé” entrar automaticamente em vigor, visto
que a entrada em vigor é estabelecida
→Aplicação dos Tratados no Tempo: pelo regimento do próprio tratado, o que
exige, por vezes, um número mínimo de
Artigo 28 C.V.D.T. 1969. funcionam como ratificações
ex nunc →Registro. Art. 102 C.ONU.
“A não ser que uma intenção diferente se “Todo tratado e todo acordo internacional,
evidencie do tratado, ou seja estabelecida concluídos por qualquer Membro das
de outra forma, suas disposições não Nações Unidas depois da entrada em vigor
obrigam uma parte em relação a um ato ou da presente Carta, deverão, dentro do mais
fato anterior ou a uma situação que deixou breve prazo possível, ser registrados e
de existir antes da entrada em vigor do publicados pelo Secretariado”.
tratado, em relação a essa parte.”
“2. Nenhuma parte em qualquer tratado ou
acordo internacional que não tenha sido
registrado de conformidade com as
disposições do parágrafo 1 deste Artigo O Brasil faz reserva aos arts. 25 e
poderá invocar tal tratado ou acordo 66 da Convenção de Viena sobre Direito
perante qualquer órgão das Nações
Unidas.” dos Tratados. O art. 25 fala da aplicação
provisória de tratados (antes da ratificação
Em caso de ratificação antes da pelo Congresso Nacional), e o art. 66 fala
entrada em vigor, no meio tempo entre a que a Corte Internacional de Justiça (CIJ)
assinatura e a entrada em vigor do terá jurisdição para discutir qualquer
tratado, é necessário que o Estado questão de tratado. Com isso, o Brasil
respeite as diretrizes do tratado. perdeu o direito de processar outro país
Nessas condições, um tratado na CIJ envolvendo a Convenção de Viena.
pode se tornar lei interna de um país,
mesmo sem ter entrado em vigor Efeitos das reservas
internacionalmente, caso ocorra a
deliberação necessária no congresso. →Efeitos recíprocos (Art. 21, 1 da CVDT)
Aquilo que o país reserva, todos os outros
RESERVAS A TRATADOS membros também vão reservar a esse
MULTILATERAIS país.
→Efeito relativo (Art. 21, 2 da CVDT)
→ art. 2 da CVDT: Reserva significa uma Continuidade do tratado para aqueles
declaração unilateral com o objetivo de outros Estados não envolvidos na reserva.
excluir ou modificar o efeito jurídico de Entre aqueles que não fizeram a reserva,
certas disposições do tratado em sua aquele artigo continuará em vigor e pode
aplicação a esse Estado, o que deve ser invocado relativamente.
ocorrer no momento de entrada no
tratado. Existe para aumentar a entrada INTERPRETAÇÃO DE
de Estados em tratados
TRATADOS
Se o tratado permitir, pode-se sair
do tratado e entrar nele novamente em
reserva. Não é possível a reserva em →CASO 1: Direitos de Navegação e
tratado bilateral, pois se transforma os Direitos Conexos (Costa Rica v.
termos. Nicaragua) – 2009. Onde a Nicarágua
Reserva é diferente de Declaração cedeu, no século XIX, a possibilidade de
Interpretativa, que é adotar tratados de que a Costa Rica realizar comércio no rio
significado amplo e dar significado próprio principal do país, entretanto, no século
aos termos (não exclui ou modifica XXI, o país vizinho passou a realizar
artigos). turismo no rio, o que fez a Nicarágua
O limite ao poder de fazer reserva questionar a validade das ações e pedir a
é estabelecido por um parecer consultivo proibição das atividades, dado que não
da CIJ de 1951 (Reservas à Convenção eram comerciais, a corte entendeu que
de Genocídio) que dispõe que as reservas “comércio” se trata de um termo muito
só são possíveis na medida em que forem amplo e que deve ser atualizado com o
compatíveis com o objeto e a finalidade do tempo.
tratado.
Existe a possibilidade de os →CASO 2: Caça às Baleias (Austrália v.
Estados objetarem as reservas ou Japão): Após a ratificação do tratado
imporem limites. baleiro, onde houve a proibição de caça
de baleias para fins comerciais, o Japão
passou a caçar baleias para estudar B)qualquer instrumento estabelecido por
microrganismos em seu estômago e uma ou várias partes em conexão com a
vendia a carne. Como resposta, a conclusão do tratado e aceito pelas outras
Austrália processou o Japão, ao partes como instrumento relativo ao
tratado.
argumento de que as práticas científicas
deveriam ser proibidas também é o
3)Serão levados em consideração,
tratado entendido como meio de proteção juntamente com o contexto:
ambiental e não só regulatório comercial A)qualquer acordo posterior entre as
partes relativo à interpretação do tratado
A interpretação pode assumir ou à aplicação de suas disposições;
várias formas: restritiva, extensiva ou até B)qualquer prática seguida posteriormente
evolutiva Quem tem competência para na aplicação do tratado, pela qual se
realizar interpretação são os Estados, estabeleça o acordo das partes relativo à
órgãos e cortes (que possuem a palavra sua interpretação;
C)quaisquer regras pertinentes de Direito
final). As regras usadas para a
Internacional aplicáveis às relações entre
interpretação dos tratados são abordadas
as partes. Estabelece uma interpretação
nos Arts. 31, 32 e 33 da Convenção de sistêmica.
Viena sobre Direito dos Tratados (CVDT)
de 1969 Um termo será entendido em
Todavia, o grande problema não se sentido especial se estiver estabelecido
trata de quem pode realizar Art. 32 da CVDT (Meios Suplementares de
interpretações, mas sim de quando Interpretação) - prevalece a interpretação
existem divergências de interpretação, subjetiva
assim, Três teorias se destacaram no Pode-se recorrer a meios
direito internacional para interpretar suplementares de interpretação, inclusive
tratados: aos trabalhos preparatórios do tratado e às
→Objetiva: Olha o texto em si, dado que circunstâncias de sua conclusão, a fim de
confirmar o sentido resultante da aplicação
só o texto é a vontade dos Estados.
do artigo 31 ou de determinar o sentido
Prevalece por ordem costumeira
quando a interpretação, de conformidade
→Subjetivo: Deve-se olhar a vontade dos com o artigo 31
Estados no momento da feitura do tratado a)deixa o sentido ambíguo ou obscuro; ou
e também a vontade dos Estados b)conduz a um resultado que é
evoluindo com o tempo. manifestamente absurdo ou desarrazoado.
→Teleológica: Deve-se olhar para que o
tratado foi feito. Interpretação de Tratados Autenticados em
Duas ou Mais Línguas - prevalece a
Art. 31 da CVDT (Regra Geral de interpretação teleológica Art: 34
Interpretação) Um tratado deve ser
interpretado de boa fé segundo o sentido 1. Quando um tratado foi autenticado em
comum atribuível aos termos do tratado em duas ou mais línguas, seu texto faz
seu contexto e à luz de seu objetivo e igualmente fé em cada uma delas, a não ser
finalidade. que o tratado disponha ou as partes
concordem que, em caso de divergência,
2)para os fins de interpretação de um prevaleça um texto determinado.
tratado, o contexto compreenderá, além do 2. Uma versão do tratado em língua diversa
texto, seu preâmbulo e anexos: daquelas em que o texto foi autenticado só
A)qualquer acordo relativo ao tratado e será considerada texto autêntico se o
feito entre todas as partes em conexão com tratado o previr ou as partes nisso
a conclusão do tratado; concordarem.
3. Presume-se que os termos do tratado comercio internacional tem muitos
têm o mesmo sentido nos diversos textos tratados, um mais detalhado sobre a
autênticos. liberdade comercial prevalecerá.
4. Salvo o caso em que um determinado
texto prevalece nos termos do parágrafo 1,
quando a comparação dos textos COMO MORREM OS
autênticos revela uma diferença de sentido TRATADOS
que a aplicação dos artigos 31 e 32 não
elimina, adotar-se-á o sentido que, tendo
em conta o objeto e a finalidade do tratado, →Nulidade (Arts. 46 a 53 C.V.D.T. 1969).
melhor conciliar os textos. Tratado é nulo e uma vez descoberta
pode deixar de existir ou ele sequer
No que tange respeito aos tratados nasce. Caso de coação da
de direitos humanos se sobressaia a Tchecoslováquia. Nulidade de tratado de
interpretação teleológica, além do mais, Versalhes foi tratado sobre coação dos
os tratados aqui devem ser entendidos soldados alemães, por isso não fazia
como um “organismo vivo” que se atualize parte do tratado. A grande maioria das
conforme a sociedade em que se causas da nulidade podem ser retificados
interprete o tratado. em acordo, dado a presunção de
Por fim, no que tange respeito a continuidade do tratado.
organizações internacionais, a teoria
funcional se sobressai, em virtude da Disposições do Direito Interno sobre
teoria dos “poderes implícitos”, ou seja, Competência para Concluir Tratados
mesmo que o texto não possua menção
expressa, deve-se entender que em →Um Estado não pode invocar o fato de
virtude das necessidades destas que seu consentimento em obrigar-se por
instituições, a teoria teleológica deve um tratado foi expresso em violação de
sobressair. uma disposição de seu direito interno
sobre competência para concluir tratados,
RESOLUÇÃO DE CONFLITOS a não ser que essa violação fosse
ENTRE TRATADOS manifesta e dissesse respeito a uma
norma de seu direito interno de
importância fundamental.
→Critério Hierárquico. Jus Cogens. Art.
103 ONU. Não há hierarquia entre
→Uma violação é manifesta se for
tratados internacionais, o que temos de
objetivamente evidente para qualquer
prática é o artigo 103, é um tratado que
Estado que proceda, na matéria, de
possui uma cláusula de conflitos. Não é
conformidade com a prática normal e de
superior mas é a que resolve conflitos.
boa fé.
→Critério Temporal. Art. 30 C.V.D.T.
→Artigo 47: Restrições Específicas ao
tratado posterior prevalecerá sobre o
Poder de Manifestar o Consentimento de
tratado anterior. O problema é que todas
um Estado: Se o poder conferido a um
as partes do 1º tratado precisam estar no
representante de manifestar o
2º tratado, não pode agir quando tem um
consentimento de um Estado em
número menor
obrigar-se por um determinado tratado
tiver sido objeto de restrição específica, o
→Critério da Especialidade. Os mais
fato de o representante não respeitar a
detalhados prevalecerão, exemplo. O
restrição não pode ser invocado como tratado que tenha sido obtida pela coação
invalidando o consentimento expresso, a de seu representante, por meio de atos ou
não ser que a restrição tenha sido ameaças dirigidas contra ele.
notificada aos outros Estados
negociadores antes da manifestação do →Artigo 52:Coação de um Estado pela
consentimento. Ameaça ou Emprego da Força:
É nulo um tratado cuja conclusão foi
→Artigo 48:Erro: Um Estado pode invocar obtida pela ameaça ou o emprego da
erro no tratado como tendo invalidado o força em violação dos princípios de Direito
seu consentimento em obrigar-se pelo Internacional incorporados na Carta das
tratado se o erro se referir a um fato ou Nações Unidas.
situação que esse Estado supunha existir
no momento em que o tratado foi →Artigo 53:Tratado em Conflito com uma
concluído e que constituía uma base Norma Imperativa de Direito Internacional
essencial de seu consentimento em Geral (jus cogens): É nulo um tratado que,
obrigar-se pelo tratado. no momento de sua conclusão, conflite
1. O parágrafo 1 não se aplica se o com uma norma imperativa de Direito
referido Estado contribui para tal Internacional geral. Para os fins da
erro pela sua conduta ou se as presente Convenção, uma norma
circunstâncias foram tais que o imperativa de Direito Internacional geral é
Estado devia ter-se apercebido da uma norma aceita e reconhecida pela
possibilidade de erro. comunidade internacional dos Estados
2. Um erro relativo à redação do texto como um todo, como norma da qual
de um tratado não prejudicará sua nenhuma derrogação é permitida e que só
validade; neste caso, aplicar-se-á pode ser modificada por norma ulterior de
o artigo 79. Direito In

→Artigo 49:Dolo:Se um Estado foi levado →Extinção (Art. 54): próprio fim previsto
a concluir um tratado pela conduta pelo tratado, muitos possuem cláusulas
fraudulenta de outro Estado negociador, o sobre quando deixarão de causar efeitos.
Estado pode invocar a fraude como tendo Quando ele for cumprido por exemplo
invalidado o seu consentimento em própria modalidade de extinção. EUA e
obrigar-se pelo tratado. Rússia sobre armamentos.

→Artigo 50:Corrupção de Representante de →Denúncia (Art. 56). Precisa ser


um Estado:Se a manifestação do esclarecido um ponto de nome, denuncia
consentimento de um Estado em é sinônimo de retirada no Direito
obrigar-se por um tratado foi obtida por Internacional todo estado pode fazer
meio da corrupção de seu representante, denúncia a um tratado. Cada tratado via
pela ação direta ou indireta de outro de regra tem um termo de denúncia. Se
Estado negociador, o Estado pode alegar nada diz sobre retirada, não pode sair. Só
tal corrupção como tendo invalidado o seu pode sair se ficou claro na declaração, ou
consentimento em obrigar-se pelo tratado. quando o direito de denúncia ou retirada
Artigo 56 - Denúncia, ou Retirada, de um
→Artigo 51:Coação de Representante de Tratado que não Contém Disposições
um Estado:Não produzirá qualquer efeito sobre Extinção, Denúncia ou Retirada
jurídico a manifestação do consentimento 1. Um tratado que não contém disposição
de um Estado em obrigar-se por um relativa à sua extinção, e que não prevê
denúncia ou retirada, não é suscetível de A partir disso, o Art. 27 C.V.D.T.
denúncia ou retirada, a não ser que: 1969. S.S. Wimbledon. 1923. afirma que
a)se estabeleça terem as partes um Estado não pode utilizar seu direito
tencionado admitir a possibilidade da interno para fugir das disposições
denúncia ou retirada; ou internacionais. Ainda, na mesma
b)um direito de denúncia ou retirada perspectiva, os elementos do direito
possa ser deduzido da natureza do interno são meros fatos
tratado. internacionalmente, ou seja, não
2. Uma parte deverá notificar, com pelo impactam, isoladamente, outros Estados,
menos doze meses de antecedência, a sendo necessário a convergência de
sua intenção de denunciar ou de se retirar vontades de ao menos 2 Estados.
de um tratado, nos termos do parágrafo 1. Mas, excepcionalmente, o direito
interno pode gerar efeitos internacional
mentes, como é o caso das normas de
Corte IDH. Opinião Consultiva 26 de nacionalidade, normas de fronteiras de
2020 origem colonial
Denúncia da Convenção No que tange a influência do
Americana de Direitos Humanos. Emitiu a direito internacional no direito doméstico,
opinião consultiva (não obirgatoria mas deve-se entender que as doutrinas de
extremamente autoritativa) pode sair de common law, baseia-se no the law of the
um tratado de direitos humanos como o land, que permite que normas
nosso? O que acontece com quem saiu e internacionais são também normas de
com quem ficou? A clausula de saída da interno e que pode afetar o civil, o penal e
convenção era impossível por que era o tributário, mas de forma específica em
contrária ao Direito Internacional, mas a cada país.
Corte não comprou essa tese, tem uma Essa influência pode ser dividida e
disposição do tratado e deve respeitá-la, explicada por duas grandes teorias:
todo mundo pode sair, mas grande parte
das disposições já correspondem ao →Teoria Monista do Direito Internacional:
costume internacional portanto esses baseado em pensamentos de agentes
estados não estão vinculados à como Hans Kelsen, o qual tem como base
convenção mas sim ao costume a existência de um único ordenamento, no
correspondente. Se sair perde a proteção qual o direito interno está abaixo do direito
mas todos os seus órgãos têm que internacional. Já Hersch Lauterpacht,
interpretar o direito internacional entende que o direito internacional e o
costumeiro. Os outros estados que direito interno não se separam, dado que
ficaram, pela solidariedade americana, são um único direito sem hierarquia.
devem fazer pressão pro outro voltar. Ainda, Geoge Scelle, elabora a teoria do
desdobramento, onde as normas do
direito interno afetam o direito
O DIREITO INTERNACIONAL internacional, sobretudo pela ação dos
E O DIREITO INTERNO juristas

Na prática internacional, é →Teoria Dualista do Direito Internacional:


necessário uma análise interna de cada baseado por Henrich Triepel e Dionisio
país para que se possa concluir sobre Anzilotti, onde não existia ponto de
influências mútuas. contato entre o direito interno e o direito
internacional, dado que são elaboradas declaração constitucional de direitos e
por sujeitos distintos e com finalidades reconhecidas pelos atos e convenções
distintas. Aqui, será necessário a Teoria internacionais fundados no direito das
da Adaptação, ou seja, que as normas do gentes. É dever dos órgãos do Poder
Público - e notadamente dos juizes e
direito internacional devem ser adaptadas
Tribunais - respeitar e promover a
para que tenham funcionalidade interna.
efetivação dos direitos garantidos pelas
Constituições dos Estados nacionais e
No plano prático, como se deve assegurados pelas declarações
observar o sistema de cada país, as internacionais(...)”.(Supremo Tribunal
teorias são adotadas distintamente e Federal, HABEAS CORPUS 87.585-8,
sempre com exceções. Na França, o TOCANTINS. Voto do Ministro Celso de
direito internacional é entendido como Mello. 03/12/2008)
norma interna direta, a Alemanha entende Isso se dá, pois a Constituição
que o direito nacional será adaptado ao brasileira realiza inúmeras menções a
internacional. Na União Europeia, ocorre esse aspecto. O que ocorre pelo art. 4
uma integração vasta, dado às normas
supranacionais que geram efeitos Art. 4º A República Federativa do
imediatos. Em contrapartida, a Itália atua Brasil rege-se nas suas relações
internacionais pelos seguintes princípios:
como um agente dualista, visto que o
I - independência nacional;
sistema interno exige adaptações
II - prevalência dos direitos humanos;
Por fim, é válido ressaltar que a III - autodeterminação dos povos;
adoção de uma destas teorias deixa de IV - não-intervenção;
atender às necessidades atuais do V - igualdade entre os Estados;
ordenamento jurídico que é de extrema VI - defesa da paz;
complexidade. VII - solução pacífica dos conflitos;
VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo;
IX - cooperação entre os povos para o
O DIREITO INTERNACIONAL progresso da humanidade;
E O DIREITO BRASILEIRO X - concessão de asilo político.
Parágrafo único. A República Federativa do
Brasil buscará a integração econômica,
dualismo moderado política, social e cultural dos povos da
América Latina, visando à formação de
O direito internacional tem grande uma comunidade latino-americana de
influência no Brasil, sobretudo nos nações.
tribunais superiores e, inclusive em
tribunais de segunda instância, como no Em continuidade, os artigos
caso do TJMG. Assim, vale a citação do 21,49,84,104,109 e 178 apresentam a
julgado do ministro Celso de Mello: separação de competências. Cabendo à
União manter relações com os
“O Poder Judiciário constitui o instrumento estrangeiros, declarar guerra (precisa
concretizador das liberdades civis, das passar pelo Congresso) e celebrar a paz.
franquias constitucionais e dos direitos Ao executivo, cabe privativamente, a
fundamentais assegurados pelos tratados capacidade de celebrar tratados e
e convenções internacionais subscritos convenções, que são sujeitos a referendo
pelo Brasil. (...) O Juiz, no plano de nossa
do Congresso Nacional em separado
organização institucional, representa o
pelas duas casas e que será promulgado
órgão estatal incumbido de concretizar as
liberdades públicas proclamadas pela por um decreto presidencial, o que ocorre
por uma justificativa democrática.
Mas, existem exceções, que são turnos, por três quintos dos votos dos
os acordos executivos que sirvam para respectivos membros, serão equivalentes
interpretar e detalhar acordos já às emendas constitucionais.
existentes, quando não acarretam em
compromissos gravosos e que tratam Para aqueles que não foram
apenas do modus vivendi da diplomacia (o aprovados pelo quantum necessário no
que não engloba a nomeação de Congresso ou que foram aderidos antes
embaixadores). Nesse sentido, ainda se do dispositivo, o RE. 466.343/SP
exige que esses acordos executivos deve entendeu, por meio da supralegalidade,
ser reversível e não pode aumentar os que nós trataremos de normas
gastos supralegais, ou seja, que estão acima das
Além do mais, a Lei nº 13.810 de leis ordinárias, mas abaixo das normas
2019, entende que as decisões constitucionais.
obrigatórias do Conselho de Segurança O que estaria em concordância
entram de imediato no ordenamento com a tese do controle judicial de
brasileiro. convencionalidade, que foi desenvolvido
A partir do entendimento da forma pela Corte Interamericana, onde todas as
como ocorre a incorporação de normas normas devem estar em consonância com
internacionais no direito interno, faz-se o Pacto de San José da Costa Rica.
necessário situar a questão da hierarquia. Além disso, deve-se observar que
Até 1977, os tratados as normas de direito tributário
internacionais eram entendidos pelo STF internacional revogam e modificam a
como superiores ao direito nacional, o que legislação tributária internacional, vide art
se altera com a R.E 80.004/77, a qual 98 CTN.
passa a entender que os tratados Ainda, por meio do RE 63.6331 se
internacionais não se sobrepõem ao entendem que as normas de transporte
direito nacional , dado o princípio “lex aéreo tem prevalência ao Código de
posterior derogat legi priori”, fazendo com Defesa do Consumidor, em virtude do
que as leis nacionais e as normas princípio da especialidade
internacionais tenham o mesmo valor.
Mas, deve-se salientar que o STF —----------------------------------------------------
deu aos tratados de direitos humanos uma
característica distinta dos demais, vez que CONTEÚDO DAS NORMAS
esses podem ser tidos como normas INTERNACIONAIS
constitucionais, via emenda. Para isso
entende-se que os Direitos Humanos
→direito humanitário: regulam as ações
protegem os grupos socialmente
durante combates, como a proteção de
vulneráveis do abuso do Estado ou dos
civis, os limites de combates e ação da
particulares. Direitos Humanitários são
cruz vermelha
Direitos que prestam auxílio às pessoas
em condição de vulnerabilidade, como por
→direitos humanos: regulam os direitos
exemplo montar um acampamento que
individuais universalmente reconhecidos,
envolva a proteção dos refugiados.
no sentido de que internacionalmente
Art. 5 § 3º Os tratados e
independente de questões geográficas e
convenções internacionais sobre direitos culturais todos os indivíduos são iguais.
humanos que forem aprovados, em cada Surgem em 1948 na Assembleia da ONU
Casa do Congresso Nacional, em dois que acata a Carta de Direitos Humanos
por meio de uma ação de soft law. Ainda, cada um desses tratados
Existindo dois sistemas possui um grupo entendidos como O
1. sistema universal: tratados e Comitê de Direitos Humanos (18
órgãos que todos os estados são especialistas) e o Comitê dos Direitos
convidados a participar Econômicos, Sociais e Culturais, o qual
2. sistemas regionais: Sistema atua como órgão de supervisão das
Europeu, Sistema Inter-Americano, normas internas de cada tratado e que
Sistema Africano, Carta Arábe de não gera obrigações, apenas denúncias e
Direitos Humanos e o Sistema pareceres.
Asíatico. No âmbito geral, a ONU possui um
Conselho de Direitos Humanos, realiza
Inicialmente aquele que era sistematicamente a Revisão Periódica
obrigado a responder a tais normas era a Universal e como Procedimentos
própria ONU, dado que ela não vincula Especiais: Relatório Genocídio Rohingya
seus membros a cumprir ou efetivar os (2018). Mas, ainda devemos entender que
direitos humanos, dado que sequer havia esses pareceres não geram obrigações,
uma definição destas normas pois são soft law.
Todavia, em 1948, a Carta de
Direitos Humanos solidifica o consenso →Outras Iniciativas Âmbito da ONU
entre os Estados, o qual gera uma ordem
costumeira a ser respeitada. Ainda, 1. Genocídio (1948)
deve-se observar que essas normas 2. Convenção Internacional para
podem possuir limitações:
Eliminação de Todas as Formas de
Art. 29.2 Discriminação Racial (1965)

No exercício deste direito e no gozo destas 3. Convenção contra Discriminação


liberdades ninguém está sujeito senão às contra Mulheres (1979)
limitações estabelecidas pela lei com vista
exclusivamente a promover o 4. Convenção Proteção das Crianças
reconhecimento e o respeito dos direitos e
liberdades dos outros e a fim de satisfazer 5. Organização Internacional do Trabalho
as justas exigências da moral, da ordem 6. Organização das Nações Unidas para a
pública e do bem-estar numa sociedade
democrática. Educação, a Ciência e a Cultura

Além disso, deve-se observar que


Sistemas Regionais
não existiam obrigações, o que apenas
vem a se estabelecer com Os Pactos → O Sistema Europeu de Proteção aos
Internacionais sobre Direitos Civis e Direitos Humanos: Surge para lidar com o
Políticos e Direitos Econômicos, Sociais e avanço da Cortina de Ferra durante a
Culturais - 1966 (existem dois tratados em Guerra Fria.
virtude da Guerra Fria, pois cada bloco
→ O Sistema Interamericano de Proteção
ratificou um tratado).
aos Direitos Humanos: Surge para lidar
O tratado de direitos civis deve ser com as ditaduras latino-americanas.
entendido como de aplicação imediata,
enquanto os direitos Econômicos, Sociais 1. Pacto de San José da Costa Rica -
e Culturais são aplicadas de forma a 1969 -1978.
respeitar as limitações sócio-culturais de 2. Protocolo de San Salvador - 1988
cada país. 3. Comissão Interamericana.
4. Corte Interamericana de Direitos próprio ordenamento, é um pouco
Humanos: não pode ser acessada abstrato. Como vejo se o sujeito
diretamente pela população civil, é tem subjetividade?
necessário que o indivíduo vá até
a Comissão que irá emitir uma O Estado como sujeito
resolução para o país, o que se
não vier a ser cumprido levará a Convenção de Montevidéu de
um caso na Corte. Em caso de 1933: quiseram definir o que é o Estado
reincidência, o novo caso terá de Art. 1o O Estado como pessoa de Direito
ser levado pela Comissão, que irá Internacional deve reunir os seguintes
gerar um parecer baseado no requisitos:
precedente anterior I – população permanente; (Nacionais e
estrangeiros residentes permanentes.)
→O Sistema Africano de Proteção aos II – território determinado;
Direitos Humanos: Surge para lidar com o III – governo; Não necessariamente tem
histórico colonialista de ser democrático, mas a europa e
américa usam essa requisito como base
OS SUJEITOS DO DIREITO de reconhecimento
IV – capacidade de entrar em relações com
INTERNACIONAL os demais Estados.

Sujeitos do Direito Internacional A partir disso, questões como a


soberania são compatíveis com o direito
→Clássicos: Estado, Estados falidos. internacional quando ela não é absoluta.
Organizações Internacionais, Ordem de Ainda, a autodeterminação dos povos veio
Malta ( antigos sujeitos, que atuavam a ser utilizada como um meio de
desde a Idade Média entre os estados), descolonização do mundo e,
Santa Sé é a sede da Igreja Católica posteriormente, vem a ser associada a
(órgão jurídico que representa os estados. tratados de direitos humanos.
Participa de conferência internacional, é O que se deve observar é que o
um membro observador da ONU. Papa princípio da autodeterminação, mesmo
fez algumas mediações internacionais) pautando organizações políticas livres,
não implica, necessariamente, um direito
→Novos ou Emergentes: Empresas à secessão. O que é entendido como
Transnacionais, ONGs. (green peace, exceção a Povos Coloniais, Povos
WWF, Connectus, não visam o lucro, Dominados por Estrangeiros e Povos
visam à uma ação, fazem lobby pra alterar que não representam sua população.
jurisprudência) (apartheid)
→Critérios de Subjetividade (Crawford): Exemplo: CIJ – Opinião Consultiva
1. Ator do DI: conceito não é do Chagos – 2019 – Caráter costumeiro.
campo jurídico, é no curso de
Relações Internacionais, é alguém "A Corte está consciente de que o direito à
que influencia o campo autodeterminação, como direito humano
internacional fundamental, tem um amplo escopo de
2. Sujeito: tem a ver com aplicação. No entanto, para responder à
personalidade, no DI está sujeito questão que lhe é colocada pela
àquela ordem jurídica. O sujeito do Assembleia Geral, o Tribunal limitar-se-á,
ordenamento é determinado pelo nesta Opinião Consultiva, a analisar o
direito à autodeterminação no contexto da b) Pacto da Liga das Nações (1919);
descolonização." (para 144) entende que países membros da liga
das nações poderia entrar em guerra
“A Corte considera que, embora a
se aprovado pela Liga
resolução 1514 (XV) seja formalmente uma
recomendação, ela possui caráter
c) Tratado Relativo à Renúncia da
declaratório a respeito do direito à
autodeterminação como norma Guerra como Instrumento de
consuetudinária, tendo em vista seu Política Nacional (Pacto
conteúdo e as condições de sua adoção. A Kellogg-Briand/Pacto de Paris de
resolução foi aprovada por 89 votos com 9 1928): aqui os estados renunciam ao
abstenções. Nenhum dos Estados
direito da guerra, mas esse tratado
participantes na votação contestou a
não era diretamente integrado ao
existência do direito dos povos à
autodeterminação. Certos Estados sistema
justificaram sua abstenção com base no
tempo necessário para a implementação de → A Proibição do Uso da Força segundo
tal direito.” (para. 152) o Artigo 2 da Carta das Nações Unidas:

Assim, deve-se observar que não Art. 2. A Organização e seus Membros,


existem regras claramente postas, sendo para a realização dos propósitos
necessário a análise do caso concreto, o mencionados no Artigo 1, agirão de acordo
com os seguintes Princípios: (jus ad
que esbarra diretamente com o princípio
bellum)
da integridade territorial, o qual acaba,
excluindo as exceções, sendo o 4. Todos os Membros deverão evitar em
privilegiado, em virtude da manutenção do suas relações internacionais a ameaça ou o
status quo. uso da força contra a integridade territorial
ou a independência política de qualquer
→Reconhecimento:é um ato unilateral Estado, ou qualquer outra ação
baseado em razões políticas e que podem incompatível com os Propósitos das
se distinguir em: Nações Unidas.
1. Teoria Constitutiva é aquela que dá
Este artigo regula unicamente o
ênfase no reconhecimento por
uso da força entre Estados, ou seja, o uso
parte dos outros membros da
da força interna da força não é abrangido
Comunidade Internacional
aqui. Além disso, manobras econômicas
2. Teoria Declaratória é aquela onde
não estão relacionadas a esse artigo
apenas a declaração do Estado e
como também operações que possuem
seus requisitos de formação é
consentimento das partes
suficiente e, independe do
reconhecimento dos demais →1ª Exceção: autorização do uso da
Estados ou a entrada na ONU.
força por parte do Conselho de
Segurança (Artigo 24)
USO DA FORÇA 1. A fim de assegurar pronta e eficaz ação
por parte das Nações Unidas, seus
Evolução Histórica Membros conferem ao Conselho de
Segurança a principal responsabilidade na
manutenção da paz e da segurança
a) Concepções de Guerra Justa; internacionais e concordam em que no
cumprimento dos deveres impostos por
essa responsabilidade o Conselho de 1. preventiva: Aqui existe apenas
Segurança aja em nome deles. uma presunção, em virtude de um
contexto. Como ocorreu em Israel
→2ª Exceção: exercício da Legítima em 1981 que atacou o reator
Defesa Individual ou Coletiva nuclear do Iraque que utilizava
enriquecimento de Urânio.
Art. 51: Nada na presente Carta prejudicará
2. preemptiva: Aqui existe um ataque
o direito inerente de legítima defesa
certo e iminente, o que permite o
individual ou coletiva no caso de ocorrer
um ataque armado contra um Membro das país alvo a agir em legítima
Nações Unidas, até que o Conselho de defesa. Como ocorreu na guerra
Segurança tenha tomado as medidas de 6 dias, quando Israel atacou a
necessárias para a manutenção da paz e da coalizão arabe que se preparava
segurança internacionais. As medidas para atacá-lo.
tomadas pelos Membros no exercício
desse direito de legítima defesa serão CONSELHO DE SEGURANÇA
comunicadas imediatamente ao Conselho
de Segurança e não deverão, de modo
algum, atingir a autoridade e a
→Obrigatoriedade das Decisões:
responsabilidade que a presente Carta
Artigo 25 da Carta da ONU. Os Membros
atribui ao Conselho para levar a efeito, em
das Nações Unidas concordam em aceitar
qualquer tempo, a ação que julgar
e executar as decisões do Conselho de
necessária à manutenção ou ao
Segurança, de acordo com a presente
restabelecimento da paz e da segurança
Carta. à executar as decisões do Conselho
internacionais.
de Segurança, aplica-lo ao artigo 48.

→Pressupostos para o exercício da Artigo 48 da Carta da ONU. 1. A ação


legítima defesa: É necessário nesses necessária ao cumprimento das decisões
casos que ocorra um ataque armado e do Conselho de Segurança para
que não ocorra nenhuma ação por parte manutenção da paz e da segurança
do conselho de segurança internacionais será levada a efeito por
todos os Membros das Nações Unidas ou
→Requisitos para o exercício da legítima por alguns deles, conforme seja
defesa: clara necessidade, determinado pelo Conselho de Segurança.
proporcionalidade em comparação à ação 2. Essas decisões serão executas pelos
Membros das Nações Unidas diretamente
inicial e imediaticidade (varia em cada
e, por seu intermédio, nos organismos
caso, mas não pode ser anos depois)
internacionais apropriados de que façam
parte.
→Requisitos para legítima defesa: O
estado afetado pode recorrer ao seus →Recomendações: Resoluções Pacíficas
aliados para responder a uma ação de Controvérsias. Aqui os países não são
armada que sofreu, mas sendo necessário obrigados a aderir
tratados de recíproca defesa e a
voluntariedade do país parceiro, salvo →Obrigações: Ameaças à Paz, Ruptura
exceção quando os tratados dispõe a da Paz e Atos de Agressão (ponto mais
obrigatoriedade de ajuda. gravoso, como Rússia vs. Ucrânia).

→modalidades de legítima defesa →Recomendações e Autorizações -


Acordos Regionais.
Veto Medidas Coercitivas

Artigo 27.3. As decisões do Conselho de Artigo 42. No caso de o Conselho de


Segurança, em todos os outros assuntos, Segurança considerar que as medidas
serão tomadas pelo voto afirmativo de previstas no Artigo 41 seriam ou
nove membros, inclusive os votos demonstraram que são inadequadas,
afirmativos de todos os membros poderá levar a efeito, por meio de forças
permanentes, ficando estabelecido que, aéreas, navais ou terrestres, a ação que
nas decisões previstas no Capítulo VI e no julgar necessária para manter ou
parágrafo 3 do Artigo 52, aquele que for restabelecer a paz e a segurança
parte em uma controvérsia se absterá de internacionais. Tal ação poderá
votar. compreender demonstrações, bloqueios e
outras operações, por parte das forças
O artigo fala que tem que ter o aéreas, navais ou terrestres dos Membros
das Nações Unidas.
voto afirmativo dos 5 membros
permanentes. A interpretação é de que
Ex: Afeganistão Ex. primeira invasão ao
não pode ter voto negativo. Caso que o
Iraque, na segunda invasão ao Iraque o
país não vota.
pedido americano foi negado, mas por
parecer jurídico de um professor inglês, a
Atuação do Conselho de Segurança?
invasão foi justificada como continuação
Artigo 39. O Conselho de Segurança da primeira.
determinará a existência de qualquer
ameaça à paz, ruptura da paz ou ato de Grande Poder Discricionário na mão do
agressão, e fará recomendações ou Conselho.
decidirá que medidas deverão ser tomadas
de acordo com os Artigos 41 e 42, a fim de Ex. Desert Storm, 1990. Repelir a invasão
manter ou restabelecer a paz e a segurança do Iraq no Kuwait, autorizou uma
internacionais. coalização internacional. 30 nações
contribuíram.
Agressão < Rupturas < Ameaças à Paz.
Exemplos: Somália (1992); França no
Medidas Não Coercitivas Genocídio de Ruanda (1994).

Artigo 41. O Conselho de Segurança As Missões de Paz


decidirá sobre as medidas que, sem
envolver o emprego de forças armadas, Via de regra a ONU age através
deverão ser tomadas para tornar efetivas dos Estados. O primeiro meio dela agir é
suas decisões e poderá convidar os autorizar Estados. Mas também pode ela
Membros das Nações Unidas a aplicarem mesma assumir o controle, por meio de
tais medidas. Estas poderão incluir a
missões de paz. Vão até a região do
interrupção completa ou parcial das
conflito agir. Ex.: missão de paz no Haiti.
relações econômicas, dos meios de
comunicação ferroviários, marítimos, Três tipos de missão de paz:
aéreos , postais, telegráficos, radiofônicos,
ou de outra qualquer espécie e o →Peace Keeping. Não usa-se a força.
rompimento das relações diplomáticas.
→Peace Enforcement à eventualmente
Ex. Sanções na Coréia.Ex.2. Tribunal está na hora de impor a paz, executar a
Penal Ex Iugoslávia. paz.
→Peace Building à construir a paz Todavia, não se chegou a uma conclusão
naquele lugar. Reconstruir um país que em relação ao desarmamento, mas criou
está à beira do colapso. Congo, Cyprus, a Corte Permanente de Arbitragem (CPA).
Georgia, Haiti, Kosovo, Sudão.
A CPA é um órgão que monta
Limites à ação do Conselho de tribunais arbitrais. Esses grupos estão à
Segurança? disposição dos estados. Não era uma
corte efetiva, era uma lista de
Jus Cogens. procedimentos. Isso, pois o que vale é
sempre a vontade dos estados para que
Princípios e Propósitos da Carta. haja arbitragem, necessidade de
voluntarismo, como consequência, as
Caso Kadi. EU. 2008. decisões arbitrais, esparsas, não criavam
uma jurisprudência.
CORTE INTERNACIONAL DE
Nesse sentido, no Pós I-GM, com
JUSTIÇA
a Organização Internacional se criou as
Ligas das Nações e a Corte Internacional
→Bases e composição: Obrigação de
de Justiça, sendo esta a primeira corte
resolução pacífica de controvérsias (art.2
internacional permanente.
da Carta), posteriormente detalhada no
art.33 da mesma Carta. Esse artigo dá Como consequência, agora, os
total liberdade ao estado de escolher juízes são profissionais e
como resolver as controvérsia. Assim pré-estabelecidos, eleitos pelos órgãos
sendo uma das razões pelas quais a das ligas das Nações; que geram
jurisdição da corte não é obrigatória aos jurisprudência.
estados (soberania dos estados).
Posteriormente, pós II-GM: A Corte
Artigo 36.
Permanente de Justiça Internacional é
O conselho de Segurança poderá, em sucedida pela Corte de Justiça
qualquer fase de uma controvérsia da Internacional,
natureza a que se refere o Artigo 33, ou de
uma situação de natureza semelhante, →continuidade Jurisprudencial e
recomendar procedimentos ou métodos de Institucional: Procedimento que se inicia
solução apropriados. em 1946, o que leva a um Direito
processual internacional. A contribuição
→Jurisdictio internacional: Entendida da jurisprudência para o Direito
como a arbitragem internacional. A qual é Internacional: decidiu muitas questões.
utilizada pelos estados no séc XIX. Onde Grande fonte de interpretação de tratados
estados elegem árbitro para gerar e costumes internacionais.
decisões obrigatórias, assim, a arbitragem
é dito como meio judicial de solução de →Regras internacionais que regem a
conflitos. Os americanos e ingleses atividade da corte: Carta da ONU; estatuto
usaram a arbitragem na guerra de da CIJ → anexado à Carta; regras
Secessão. procedimentais no Regulamento da Corte;
Practice Directions; A Jurisprudência da
Levou às Convenções da Paz de própria corte, o direito processual que a
Haia, que foram convocados pelo czar da corte cria na sua própria jurisprudência.
Rússia, com o objetivo de desarmamento.
Art. 93: Todo membro da ONU é parte do Artigo 96. 1. A Assembléia Geral ou o
Estatuto da Corte. Conselho de Segurança poderá solicitar
parecer consultivo da Corte Internacional
Art. 95: os estados reconhecem a corte, de Justiça, sobre qualquer questão de
dela são parte , mas isso não significa que ordem jurídica.
a corte terá jurisdição só por conta disso
para decidir o caso. Competências da Corte da Hai
→Composição da Corte: são 15 juízes Art. 34. O Conselho de Segurança poderá
eleitos, sem atenção à sua nacionalidade. investigar sobre qualquer controvérsia ou
Existem 5 assentos para os países da situação suscetível de provocar atritos
europa e ocidentais, 3 para a África, 3 entre as Nações ou dar origem a uma
para Ásia, 2 para a Am. Latina e 2 para a controvérsia, a fim de determinar se a
Europa do leste.A eleição ocorre por uma continuação de tal controvérsia ou
indicação de 4 nomes, a lista vai à situação pode constituir ameaça à
manutenção da paz e da segurança
Assembleia Geral da ONU e ao CS.
internacionais.
Esses juízes devem atuar
Assim, apenas Estados e
conforme a imparcialidade, ou seja, julgar
organizações internacionais podem ser
cada caso de uma maneira imparcial, sem
julgados. Já o indivíduo pode ter seus
ser influenciado. Mas, como cada país
direitos discutidos na Corte, mas somente
pode ter mais de um juiz dentro dos
através do instituto chamado “proteção
limites regionais , pode haver uma certa
diplomática”, quando um estado processa
influencia de determinados países
outro estado para discutir sobre os direitos
→Art 31 (mecanismo da CIJ): O juiz "ad de seus cidadãos. Sempre estado contra
hoc", também chamado juiz "nacional", é estado.
indicado pelos Estados que se encontram
A representação das partes ocorre
em litígio. É uma instituição remanescente
com os diplomatas nomeados pelos
da arbitragem e visa atender à igualdade
estados, ou mesmo chefe de estado.
entre os Estados e dar às partes maior
Podem ser agentes e advogados.
confiança na Corte. Assim, se o Brasil
tem uma controvérsia com a Argentina, a Artigo 36.
corte tem um juiz brasileiro, a argentina
então teria direito de escolher um juiz. 3. Ao fazer recomendações, de acordo com
este Artigo, o Conselho de Segurança
deverá tomar em consideração que as
FUNÇÕES controvérsias de caráter jurídico devem,
em regra geral, ser submetidas pelas
→Contenciosa: resolução de conflito
partes à Corte Internacional de Justiça, de
existente entre estados, sentença que acordo com os dispositivos do Estatuto da
leva em conta a maioria, para desempatar, Corte.
juiz ad hoc.
O Artigo 38 do Estatuto da Corte
→Consultiva: está na Carta da Internacional de Justiça estabelece como
ONU,parecer consultivo,não é um ato fontes de direito internacional os tratados,
jurisdicional, não é de sentença, não são o costume internacional, os princípios
obrigatórias, contudo, quando a corte diz o gerais de direito, as decisões judiciais e a
doutrina de juristas renomados.
direito, ela acaba influenciando ele. Surge
pela ONU.
→A sentença: Possui caráter declaratório, →Polícia e combate ao crime: Interpol
não é executora de suas sentenças. A
decisão da corte só será obrigatória para →Integração política e econômica regional:
as partes. São definitivas e inapeláveis. Mercosul, ECOWAS e União Europeia
Existe a possibilidade de reinterpretação.
É possível revisar. Existe a formação de Ainda, essas organizações podem
um jurisprudencia internacional relativa ao ser bilaterais, como a Comissão do Rio
direito internacional. O que deve ser Uruguai (Argentina e Uruguai) no Caso
cumprido pelo voluntarismo e boa-fé. Pulp Mills

→Art. 94 da carta: compromete a Vale dizer também que alianças


conformar-se; a outra parte terá direito de militares como AUKUS, Pacto de
recorrer em caso de descumprimento da Varsóvia, Pacto de Bagdá etc. e
outra. organizações não-governamentais não
são organizações internacionais
ORGANIZAÇÕES
Conceito de Organização
INTERNACIONAIS
Internacional
Os Estados não são mais os
Artigos de 2011 da CDI: “Organização
únicos sujeitos do Direito Internacional,
estabelecida por Tratado ou outro
visto que existem as Organizações instrumento governado pelo Direito
Internacionais. As quais pautam a Paz e internacional possuindo sua própria
segurança, desenvolvimento e direitos personalidade internacional. As
humanos (universal) > ONU. Como organizações internacionais podem
exemplo possuir como membros, além de Estados,
outras entidades”.
→Paz e segurança, desenvolvimento e
direitos humanos(regional): OEA, LEA, →Os 4 elementos do conceito:
OUA, ASEAN, Conselho da Europa,
OSCE, Organização para Cooperação de Estabelecidas por Tratado; Compostas
Xangai etc. por membros que são Estados ou outras
Organizações Internacionais; Reguladas
→Segurança/Não-Agressão: OTAN pelo Direito Internacional; Dotadas de
Personalidade Jurídica Internacional
→Comércio Internacional: OMC
Opinião Consultiva Reparação por Danos
→Sistema Financeiro Internacional: Banco – CIJ – 1949: a capacidade da ONU de
Mundial e FMI apresentar uma reivindicação
internacional de reparações por lesões
→Desenvolvimento: OCDE sofridas por agentes da organização
quando em serviço.
→Saúde Pública Global: OMS
Opinião Consultiva da CIJ Ponto essencial
→Trabalho: OIT – Determinar se a ONU tinha
personalidade internacional:
→Meteorologia: OMI
Personalidade – Entidade capaz de se
→Aviação: ICAO valer das obrigações que recaem sobre os
membros
Análise da Carta da ONU (a) tiver aceitado a responsabilidade por
esse ato perante a parte lesada; ou
Nenhuma disposição confere
personalidade à ONU. Contudo, nem (b) tiver levado a parte lesada a confiar
todos os sujeitos possuem personalidade em sua responsabilidade.
idêntica. Para isso, podemos realizar uma
análise da intenção dos Estados 2. Presume-se que qualquer
fundadores. responsabilidade internacional de um
Estado nos termos do parágrafo 1 seja
Nesse sentido, os Objetivos subsidiária.
(Propósitos) da Organização faz com que
a ONU precise, necessariamente, de Admitimos que os poderes do
personalidade. governo são limitados, e que seus limites
não devem ser transcendidos. Mas
Art. 2(5) Os Estados devem prestar acreditamos que a boa interpretação da
assistência à Organização em todas as Constituição deve permitir à legislatura
suas ações nacional a discrição, com relação aos
meios pelos quais os poderes que ela
Art. 10 A Assembleia Geral pode promover confere devem ser executados, o que que
recomendações aos Estados membros
permita a esse órgão desempenhar os
Art. 25 Os Estados membros devem altos deveres a ele atribuídos, da maneira
cumprir as resoluções do Conselho de mais benéfica para o povo. Que o fim seja
Segurança das Nações Unidas. legítimo, que esteja dentro do escopo da
Constituição, e todos os meios que sejam
→ A Organização pode concluir tratados apropriados e não sejam proibidos, mas
com Estados: que estejam de acordo com a letra e o
espírito da Constituição, tratam-se de
“A Corte conclui que a Organização é uma meios constitucionais.
pessoa internacional. Isso não significa
que ela é um Estado ou que possui os →Corte Internacional de Justiça: OC
mesmos direitos e obrigações de um
Reparations for Injuries: De acordo com o
Estado. Nem é ela um super Estado.
direito internacional, deve-se considerar
Significa que ela é um sujeito do Direito
Internacional e capaz de possuir direitos e que a Organização tem os poderes que,
obrigações, dentre eles o de fazer embora não estejam expressamente
reclamações”. previstos na Carta, são conferidos a ela
por implicação necessária, como sendo
→Consequências da Personalidade Jurídica essenciais para o desempenho de suas
– CIJ: Artigo 62 funções.

Responsabilidade de um Estado membro Regra para interpretar os instrumentos


de uma organização internacional por um constitutivos das OIs é necessário:
ato internacionalmente ilícito dessa Princípio da efetividade – capacidade para
organização que as OIs cumpram suas funções A
PARTIR de seus instrumentos
Um Estado membro de uma organização constitutivos; Subsidiariedade: Alguns
internacional é responsável por um afirmam que os poderes implícitos
DECORREM dos poderes expressos
ato internacionalmente ilícito dessa
organização se:
Os poderes não expressos não Opinião Consultiva sobre a
podem ser livremente implícitos. Os Legalidade de Armas Nucleares – 1996 –
poderes implícitos decorrem de de uma CIJ: As organizações internacionais são
concessão de poderes expressos e são regidas pelo "princípio da especialidade",
limitados àqueles que são "necessários" ou seja, são investidas de poderes pelos
para o exercício dos poderes Estados que as criam, cujos limites são
expressamente concedidos. -- Juiz uma função dos interesses comuns cuja
Hackworth, Reparations for Injuries. promoção esses Estados lhes confiam. Na
opinião da Corte, atribuir à OMS a
Como se pode evidenciar pela competência para tratar da legalidade do
criação de tribunais penais e uso de armas nucleares - mesmo tendo
comissões de reparação e Criação de em vista seus efeitos sobre a saúde e o
missões de paz meio ambiente - seria equivalente a
desconsiderar o princípio da
Capacidades, Privilégios e especialidade; pois tal competência não
Imunidades poderia ser considerada uma implicação
necessária da Constituição da
→Privilégios e Imunidades: Lógica de Organização à luz dos propósitos
Imunidades Diplomáticas da última aula atribuídos a ela por seus Estados
também se aplica aqui membros.

→Bens das OIs: Imóveis, automóveis, Responsabilidade – Externa e


fundos etc. Interna
Art. 105 da Carta da ONU: “A Organização OIs podem cometer violações do direito
gozará, no território década um dos seus
internacional e devem responder por elas,
membros, dos privilégios e imunidades
mas as munidades dificultam isso.
necessários para a realização de seus
objetivos”. Aqui, existe a possibilidade de
Caso: Cólera no Haiti –– Nepaleses que
renunciar à Imunidade
serviram na MINUSTAH levaram a doença
ao país caribenho –– Imunidades,
Poderes e Obrigações
responsáveis não foram
responsabilizados.
Pouco a pouco, as OIs foram
acumulando "poderes", como uma
ONU apontou um comitê independente de
analogia com os Estados, todavia, essa
investigação, o que desencadeou uma
situação deu origem a uma reação dos
tresponsabilidade separada entre OIs e
Estados, vide a lógica da soberania.
seus membros.
Poder de Fazer Reclamações
Resoluções
Internacionais,Exigir o cumprimento do
direito, Exigir reparações, Cessação,
Resoluções obrigatórias, como do
restituição, compensação e satisfação,
Conselho de Segurança, Canais para
Poder de ser parte num processo
Opiniões de Experts, Guidelines,
internacional, Pode existir
Diretrizes, Manuais, Recomendações etc.
corresponsabilização
Soft Law
Princípio da Especialidade
Codex Alimentarius – OMS, Agenda Se o exercício dos direitos e liberdades
2030,Declaração do Rio mencionados no artigo 1 ainda não estiver
garantido por disposições legislativas ou
de outra natureza, os Estados Partes
O SISTEMA comprometem-se a adotar, de acordo com
LATINO-AMERICANO DE as suas normas constitucionais e com as
disposições desta Convenção, as medidas
DIREITOS HUMANOS legislativas ou de outra natureza que forem
necessárias para tornar efetivos tais
→Normas Relevantes direitos e liberdades.

1948 – Carta da OEA - Organização dos →Quais são os direitos protegidos pelo
Estados Americanos
Sistema? (Arts. 3 ao 25)
1948 – Declaração Americana de Direitos
Artigo 3. Direito ao reconhecimento da
Humanos.
personalidade jurídica
Artigo 4. Direito à vida
1969 – Convenção Interamericana
Artigo 5. Direito à integridade pessoal
sobre Direitos Humanos. (link)
Artigo 6. Proibição da escravidão e da
servidão
(Pacto de San José da Costa Rica)
Artigo 7. Direito à liberdade pessoal
Artigo 8. Garantias judiciais
1980 – Estatuto da Corte Interamericana
Artigo 9. Princípio da legalidade e da
de Direitos Humanos.
retroatividade
Artigo 10. Direito a indenização
1988 – Protocolo de San Salvador de
Artigo 11. Proteção da honra e da
Direitos Econômicos, Culturais e Sociais.
dignidade
Artigo 12. Liberdade de consciência e de
1990 – Protocolo sobre a Proibição da
religião
Pena de Morte
Artigo 13. Liberdade de pensamento e de
expressão
→Obrigações Fundamentais do Sistema Artigo 14. Direito de retificação ou
(CADH) resposta
Artigo 15. Direito de reunião
Art. 1. Obrigação de Respeitar Direitos Artigo 16. Liberdade de associação
Os Estados Partes nesta Convenção Artigo 17. Proteção da família
comprometem-se a respeitar os direitos e Artigo 18. Direito ao nome
liberdades nela reconhecidos e a garantir Artigo 19. Direitos da criança
seu livre e pleno exercício a toda pessoa
Artigo 20. Direito à nacionalidade
que esteja sujeita à sua jurisdição, sem
Artigo 21. Direito à propriedade privada
discriminação alguma por motivo de raça,
cor, sexo, idioma, religião, opiniões Artigo 22. Direito de circulação e de
políticas ou de qualquer outra natureza, residência
origem nacional ou social, posição Artigo 23. Direitos políticos
econômica, nascimento ou qualquer outra Artigo 24. Igualdade perante a lei
condição social. Artigo 25. Proteção judicial
Artigo 2. Dever de adotar disposições
de direito interno Órgãos Relevantes
→Comissão Interamericana de Direitos a) não existir, na legislação interna do
Humanos:“A Comissão tem a função Estado de que se tratar, o devido processo
legal para a proteção do direito ou direitos
principal de promover a observância e a
que se alegue tenham sido violados;
defesa dos direitos humanos” b) não se houver permitido ao presumido
prejudicado em seus direitos o acesso aos
Órgão da OEA recursos da jurisdição interna, ou houver
sido ele impedido de esgotá-los; e
c) houver demora injustificada na decisão
→Corte Interamericana de Direitos sobre os mencionados recursos.
Humanos
Casos contra o Brasil
Relatório da ComIDH sobre o Brasil de
2021 (link)
→Corte IDH. Caso Ximenes Lopes Vs.
O Sistema de Petições Individuais Brasil. Sentencia de 4 de julio de 2006. Serie
C No. 149.
Art. 44 CADH
Qualquer pessoa ou grupo de pessoas, ou →Corte IDH. Caso Escher y otros Vs.
entidade não-governamental legalmente Brasil. Interpretación de la Sentencia de
reconhecida em um ou mais Estados Excepciones Preliminares, Fondo,
membros da Organização, pode apresentar Reparaciones y Costas. Sentencia de 20 de
à Comissão petições que contenham noviembre de 2009. Serie C No. 208.
denúncias ou queixas de violação desta
Convenção por um Estado Parte.
→Corte IDH. Caso Gomes Lund y otros
("Guerrilha do Araguaia") Vs. Brasil.
Art. 46 CADH
Excepciones Preliminares, Fondo,
1. Para que uma petição ou comunicação
Reparaciones y Costas. Sentencia de 24 de
apresentada de acordo com os artigos 44
ou 45 seja admitida pela Comissão, será noviembre de 2010. Serie C No. 219.
necessário:
a) que hajam sido interpostos e esgotados →Corte IDH. Caso Trabajadores de la
os recursos da jurisdição interna, de Hacienda Brasil Verde Vs. Brasil.
acordo com os princípios de direito Excepciones Preliminares, Fondo,
internacional geralmente reconhecidos; Reparaciones y Costas. Sentencia de 20 de
b) que seja apresentada dentro do prazo de octubre de 2016. Serie C No. 318.
seis meses, a partir da data em que o
presumido prejudicado em seus direitos
→Corte IDH. Caso Favela Nova Brasília Vs.
tenha sido notificado da decisão definitiva;
Brasil. Interpretación de la Sentencia de
c) que a matéria da petição ou
comunicação não esteja pendente de outro Excepciones Preliminares, Fondo,
processo de solução internacional; e Reparaciones y Costas. Sentencia de 5 de
d) que, no caso do artigo 44, a petição febrero de 2018. Serie C No. 345.
contenha o nome, a nacionalidade, a
profissão, o domicílio e a assinatura da →Corte IDH. Caso Pueblo Indígena Xucuru
pessoa ou pessoas ou do representante y sus miembros Vs. Brasil. Excepciones
legal da entidade que submeter a petição. Preliminares, Fondo, Reparaciones y Costas.
Sentencia de 5 de febrero de 2018. Serie C No.
2. As disposições das alíneas a e b do
346.
inciso 1 deste artigo não se aplicarão
quando:
→Corte IDH. Caso Herzog y otros Vs. → Convenção sobre o Comércio
Brasil. Excepciones Preliminares, Fondo, Internacional das Espécies Silvestres
Reparaciones y Costas. Sentencia de 15 de Ameaçadas de Extinção (CITES) (1973)
marzo de 2018. Serie C No. 353.
→ Convenção das Nações Unidas sobre o
→Corte IDH. Caso de los Empleados de la Direito do Mar (UNCLOS) (1982)
Fábrica de Fuegos de Santo Antônio de Jesus y
sus familiares Vs. Brasil. Excepciones →Adoção de instrumentos não
Preliminares, Fondo, Reparaciones y Costas. vinculantes
Sentencia de 15 de julio de 2020. Serie C No.
407. → Projeto de “Princípios de conduta na
área ambiental para orientação dos
→Corte IDH. Caso Barbosa de Souza y Estados na conservação e utilização
otros Vs. Brasil. Excepciones preliminares, harmônica de recursos naturais
Fondo, Reparaciones y Costas. Sentencia de 7 compartilhados por dois ou mais Estados”
de septiembre de 2021. Serie C No. 435. do PNUMA (1978)

→Programa de Montevidéu para o


→Corte IDH. Caso Sales Pimenta Vs.
Desenvolvimento e Revisão Periódica do
Brasil. Excepciones Preliminares, Fondo,
Direito Ambiental (1981)
Reparaciones y Costas. Sentencia de 30 de
junio de 2022. Serie C No. 454. → Carta Mundial da Natureza (1982)

DIREITO AMBIENTAL →A Comissão Mundial sobre Meio


Ambiente e Desenvolvimento e o Relatório
INTERNACIONAL Brundtlant (1983-1987).

Surgimento dos primeiros tratados → A Conferência das Nações Unidas


bilaterais no século XIX: sobre o Meio Ambiente e o
Desenvolvimento ou ECO-92 (1992)
→ A Convenção sobre Pesca de 1815
→A Declaração do Rio (1992)
→O Caso Trail Smelter (1941)
→ Agenda 21
→Conferência Científica das Nações
Unidas sobre Conservação e Utilização → Rio +20 (2012)
dos Recursos Naturais (1949)
Os Objetivos de Desenvolvimento
→ A Conferência de Estocolmo (1972)
Sustentável: 17 metas globais (2015)
→ O Programa das Nações Unidas para
→Objetivo 6: Assegurar a disponibilidade
Meio Ambiente (PNUMA) (1972)
e gestão sustentável da água e
saneamento para todos.

→Objetivo 13: Tomar medidas urgentes


Proliferação de tratados ambientais para combater a mudança climática e
multilaterais seus impactos.

→Objetivo 14: Conservação e uso


sustentável dos oceanos, dos mares e dos
recursos marinhos para o Princípio 4 da Declaração do Rio: “Para
desenvolvimento sustentável. alcançar o desenvolvimento sustentável, a
proteção ambiental constituirá parte
→Objetivo 15: Proteger, recuperar e integrante do processo de
promover o uso sustentável dos desenvolvimento e não pode ser
ecossistemas terrestres, gerir de forma considerada isoladamente deste.”
sustentável as florestas, combater a
Princípio da prevenção
desertificação, deter e reverter a
degradação da terra e deter a perda de CIJ: Caso das Papeleiras (2010)
biodiversidade.
Princípio da precaução
Sujeitos do Direito Internacional
Ambiental Princípio 15 da Declaração do Rio: “Com
o fim de proteger o meio ambiente, o
Estados, Organizações Internacionais, princípio da precaução deverá ser
Indivíduos, Organizações amplamente observado pelos Estados, de
Não-Governamentais (ONGs) acordo com suas capacidades. Quando
houver ameaça de danos graves ou
irreversíveis, a ausência de certeza
Princípios científica absoluta não será utilizada como
razão para o adiamento de medidas
→Princípios Procedimentais:
economicamente viáveis para prevenir a
degradação ambiental.”
Acesso à informação
Responsabilidades comuns, mas
Participação da sociedade civil em
diferenciadas
processos de tomada de decisão
Capacidade x Resposabilidade
Acesso à justiça
Princípio 7 da Declaração do Rio: “Os
→Princípios substantivos: Estados irão cooperar, em espírito de
parceria global, para a conservação,
Proibição do dano transfronteiriço (no proteção e restauração da saúde e da
harm rule) integridade do ecossistema terrestre.
Considerando as diversas contribuições
CIJ: Caso do Canal de Corfu (1947) para a degradação do meio ambiente
global, os Estados têm responsabilidades
Princípio 2 da Declaração do Rio: “Os comuns, porém diferenciadas. Os países
Estados, de acordo com a Carta das desenvolvidos reconhecem a
Nações Unidas e com os princípios do responsabilidade que lhes cabe na busca
direito internacional, têm o direito internacional do desenvolvimento
soberano de explorar seus próprios sustentável, tendo em vista as pressões
recursos segundo suas próprias políticas exercidas por suas sociedades sobre o
de meio ambiente e de desenvolvimento, e meio ambiente global e as tecnologias e
a responsabilidade de assegurar que recursos financeiros que controlam.”
atividades sob sus jurisdição ou seu
controle não causem danos ao meio Princípio do “poluidor-pagador”
ambiente de outros Estados ou de áreas
além dos limites da jurisdição nacional.” Princípio 16 da Declaração do Rio: “As
autoridades nacionais devem procurar
Desenvolvimento sustentável promover a internacionalização dos custos
ambientais e o uso de instrumentos Opinião Consultiva n. 23/2017 da Corte
econômicos, tendo em vista a abordagem Interamericana de Direitos Humanos
segundo a qual o poluidor deve, em
princípio, arcar com o custo da poluição, Resolução n. 48/13 do Conselho de
com a devida atenção ao interesse público Direitos Humanos da ONU (2021): o meio
e sem provocar distorções no comércio e
ambiente limpo, saudável e sustentável é
nos investimentos internacionais.”
um direito humano.
Princípio da equidade (inter e
intrageracional) DIREITO PENAL
INTERNACIONAL
Princípio 3 da Declaração do Rio: “O
direito ao desenvolvimento deve ser
exercido de modo a permitir que sejam Elementos Históricos da Justiça
atendidas equitativamente as necessidades Penal no Ordenamento Internacional
de desenvolvimento e de meio ambiente
das gerações presentes e futuras.”
→ Primeira Guerra Mundial (1919):
Implementação e cumprimento das regras Comissão para punição penal de altos
de Direito Internacional Ambiental oficiais alemães, inclusive o Kaiser
→ Segunda Guerra Mundial - Tóquio e
Não existe um fórum internacional Nuremberg (1945): Carta anexada ao
de adjudicação ambiental. Acordo para Punição de Criminosos de
Guerra; Tribunal de Nuremberg -
A maioria dos tratados ambientais Composição
possuem mecanismos de implementação → Tribunal Internacional Penal para a
que funcionam por meio de relatórios de Ex-Iugoslávia (1994)
conduta elaborados pelas partes, para → Tribunal Internacional Penal para
avaliar o seu cumprimento. Ruanda

A diplomacia e a cooperação entre O Tribunal Penal Internacional


Estados são fundamentais para a
resolução de controvérsias ambientais.
→ Estatuto de Roma (1998 - 2002) :
Nos últimos anos, várias cortes e Tipificação e Legalidade; Permanência;
tribunais não especializados em matéria Efeito Inibitório
ambiental têm sido provocados a decidir
CF, EC-45/2004, Art. 5o, § 4º “O Brasil se
controvérsias ambientais, entre eles a
submete à jurisdição de Tribunal Penal
Corte Internacional de Justiça, o Tribunal
Internacional a cuja criação tenha
do Mar, as cortes regionais de Direitos manifestado adesão”
Humanos e tribunais arbitrais. Isso cria o
risco de uma fragmentação do Direito
Internacional Ambiental?

O Direito Internacional Ambiental e os


Direitos Humanos
A Estrutura do Tribunal
Resoluções n. 2398 (1968) e 45/94 (1990)
da AGNU. 18 juízes exclusivos e independentes com
competência para direito internacional e
direito penal representando as principais alguma baseada na qualidade oficial. Em
tradições jurídicas do mundo; Mandato de particular, a qualidade oficial de Chefe de
9 anos sem reeleição. Estado ou de Governo, de membro de
Governo ou do Parlamento, de
→A Jurisdição do Tribunal Penal representante eleito ou de funcionário
público, em caso algum eximirá a pessoa
Internacional: Não é universal;
em causa de responsabilidade criminal nos
Complementariedade
termos do presente Estatuto, nem
constituirá de per se motivo de redução da
Art. 12 do Estatuto de Roma – Jurisdição
pen
ratione personae e loci e Jurisdição ratione
materiae (Crime de genocídio, Crime contra →O sujeito acusado, segundo o Art. 55 do
a humanidade, Crimes de guerra, O crime Estatuto: Não deve ser forçado a incriminar
de Agressão, Emendas de Kampala) a si mesmo; Não deve ser submetido a
nenhuma forma de coerção ou ameaça,
Art. 13 – Formas de exercício da
tortura o qualquer tratamento desumano
Jurisdição: Jurisdição por indicação de um
degradante; Deve poder valer-se de sua
Estado parte ao Procurador, Jurisdição por
própria língua ou contar com a ajuda de
indicação direta do Procurador, Jurisdição
intérpretes durante o procedimento;Não
por indicação expressa do CSNU, 2005 –
deve ser submetido à prisão arbitrária e
Crimes cometidos em Darfur
irregular de forma contrária aos ditames do
Estatuto; Tem o direito de ser informado a
→ Direito Aplicável: Art. 21 do Estatuto de priori de seu processo; De permanecer em
Roma silêncio sem por isso ser incriminado; De
contar com assistência legal por ela
→Garantias Processuais escolhida e nomeada pelo tribunal; De ser
questionado na presença de seu defensor;
Princípios Gerais do direito penal – Parte Ampla defesa e contraditório.
III
→Penas aplicáveis: Art. 77 do Estatuto de
Nullum crimen sine lege Roma: Prisão até no máximo 30 anos,
Prisão perpétua – extrema gravidade do
Nulla poena sine lege crime cometido, Multa ou apreensão de
patrimônio, Processo de apelação
Não-retroatividade
Crimes Internacionais:
Responsabilidade criminal individual
Genocídio: Art. 6 do Estatuto de Roma – A
Deve ser considerado pretensamente prática de atos destinados a destruir, em
responsável se: Ela comete o crime; Se todo ou em parte, um grupo nacional,
ela ordena, solicita ou induz o crime étnico ou religioso, por meio da matança
de seus membros, da provocação de sério
→Art. 28 – Responsabilidade de dano físico ou psíquico, da deflagração
comandantes militares: Se ela auxilia calculada e voluntária de sofrimento sobre
no cometimento do crime: Contribui para o o grupo, visando seu desaparecimento, a
cometimento do crime por um indivíduo ou prática de medidas de prevenção de
grupo; Incita publicamente à prática de nascimentos, a expulsão e aculturação de
genocídio. crianças.

→Art. 27 Irrelevância da Qualidade Oficial: Crimes contra Humanidade (Art. 7): Para os
O presente Estatuto será aplicável de forma efeitos do presente Estatuto, entende-se
igual a todas as pessoas sem distinção por "crime contra a humanidade", qualquer
um dos atos seguintes, quando cometido 2008 em Darfur, Sudão; O primeiro
no quadro de um ataque, generalizado ou mandado de prisão contra Omar Hassan
sistemático, contra qualquer população Ahmad Al Bashir foi emitido em 4 de
civil, havendo conhecimento desse ataque março de 2009, o segundo em 12 de julho
de 2010. O suspeito ainda está foragido.
Crimes de Guerra (Art. 8): O Tribunal terá
competência para julgar os crimes de
guerra, em particular quando cometidos RESPONSABILIDADE
como parte integrante de um plano ou de INTERNACIONAL
uma política ou como parte de uma prática
em larga escala desse tipo de crimes ( As
Toda regra internacional constitui
violações graves às Convenções de
um direito e uma expectativa. À medida
Genebra, de 12 de Agosto de 1949, a saber,
qualquer um dos seguintes atos, dirigidos que a expectativa não é cumprida, nasce
contra pessoas ou bens protegidos nos a responsabilidade do Estado pelo
termos da Convenção de Genebra que for descumprimento. É um princípio geral de
pertinente; Outras violações graves das todo ordenamento jurídico.
leis e costumes aplicáveis em conflitos
armados internacionais no âmbito do Três Elementos para um Ato Ilícito
direito internacional, a saber, qualquer um
dos seguintes atos; Em caso de conflito →Fábrica de Chorzow. Alemanha v.
armado que não seja de índole Polônia. 1928.
internacional, as violações graves do artigo
3o comum às quatro Convenções de →Caso dos Reféns em Teerã. U.S. v. Irã.
Genebra, de 12 de Agosto de 1949, a saber,
1980.
qualquer um dos atos que a seguir se
indicam, cometidos contra pessoas que
→Caso Diallo. ICJ. Guiné v. Congo. 2010.
não participem diretamente nas
hostilidades, incluindo os membros das
forças armadas que tenham deposto armas
Costume Internacional.
e os que tenham ficado impedidos de
Fábrica de Chorzow. 1928. “É um
continuar a combater devido a doença,
princípio do direito internacional que toda
lesões, prisão ou qualquer outro motivo:
violação de um compromisso envolve uma
obrigação de realizar reparação”
→Agressão
Governo alemão compra uma
→Jurisprudência do TPI: Caso Al Bashir:
Fábrica de Químicos na Alta Silésia. Com
Acusações: cinco acusações de crimes
o Tratado de Versalhes, essa região vai
contra a humanidade: assassinato,
pra Polônia. A Polônia expropria a
extermínio, transferência forçada, tortura e
Fábrica. O Governo Alemão diz que não
estupro; duas acusações de crimes de
pode expropriar sem compensar. E que a
guerra: direcionar intencionalmente
Polônia violara uma obrigação
ataques contra uma população civil como
internacional.
tal ou contra civis individuais que não
participam das hostilidades e pilhagem;
→Projeto de Artigos da CDI de 2001
três acusações de genocídio: matando,
sobre o Ato Internacionalmente Ilícito.
causando sérios danos físicos ou mentais
e infligindo deliberadamente a cada →Projeto de Artigos da CDI de 2011 sobre
grupo-alvo condições de vida calculadas OIs.
para causar a destruição física do grupo,
supostamente cometido entre 2003 e
“Art. 1. Todo ato internacionalmente ilícito Circunstâncias Excluindo a Ilicitude.
de um Estado acarreta sua
responsabilidade internacional.” →Consentimento. (Art. 20): Ex. Tropas
que atravessam o território.
→Os artigos estabelecem regras
secundárias, que possuem como →Legítima defesa. (Art. 21): “Em
pressuposto a existência de uma conformidade com a Carta da ONU”. Aqui
Obrigação Internacional. pode continuar mesmo após o fim do ato
ilícito do outro país.
O Direito interno não pode
inocentar um ato. O princípio é de que o →Contramedidas. (Art. 22): Ex. Clássico.
Estado não pode invocar o seu direito Bombardeamento antes de 1945.
interno para escusar-se de uma obrigação Entendidas como o regulamento das
internacional. sanções internacionais que visam por fim
aos atos ilícitos do outro agente.
→Violação de uma Obrigação
Internacional: Não há necessidade da →Força Maior. (Art. 23): “a ocorrência de
existência de um dano, apenas de um ato uma força irresistível ou de um
ilícito. acontecimento imprevisível, além do
controle do Estado”
Efeitos da Responsabilidade.
→Perigo Extremo. (Art. 24): "não tem
Ao identificar-se um ato ilícito nenhuma alternativa razoável, em uma
atribuível ao Estado, as regras situação de perigo extremo, de salvar a
secundárias que imediatamente emergem vida do autor ou vidas de outras pessoas
envolvem três efeitos. confiadas aos cuidados do autor"

→Continuidade do dever de cumprir (Art. →Estado de Necessidade. (Art. 25):


29) Necessidade de um ato de emergência.

→Obrigação de Cessação ou Não Caso Torrey Canyon, 1967. Navio


Repetição (Art. 30) da Libéria bate num recife e em águas
internacionais começa a derramar óleo.
→Reparação (Art. 31) Depois de alguns salvamentos, UK
bombardeia. Entende-se como uma
Modos de Reparação medida num Estado de necessidade.

Não existe prevalência no modo de Ex. Muro. Corte analisou artigo 25.
reparação. Vai depender da obrigação
principal. Vai depender da possibilidade. Ex. Neptune 1797. Invadiu águas
Na prática recente, Estados são muito territoriais em virtude de uma tempestade.
mais inclinados a preferir Satisfação do
que Restituição, por exemplo. Ex. Virginius 1873. Navio estadunidente
foi capturada pela Espanha para evitar de
→Restituição. Restitutio in integrum. dar socorro aos rebeldes cubanos.

→Indenização Por fim, deve-se entender que não


existe exclusão em caso de norma de Jus
→Satisfação. Cogens. (Art. 26)

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