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Disciplina:DireitosHumanos

CursodeAperfeiçoamentodeSargentos-
CASCargaHorária:15 horas-aulas

Instrutor: Subtenente Lucas – (62) 9 9699-8379

Conceituação, aspectos históricos, culturais, políticos e legais


dosDHs;CaracterísticasdoDHs.

Conceito

Pordireitoshumanosoudireitosdohomemsão,modernamente,entendidos
comoaqueles direitos fundamentais que o homem possui pelo fato de ser homem, por
suaprópria natureza humana, pela dignidade que a ele é inerente. São direitos que nãoresultam
de uma concessão da sociedade política. Pelo contrário, são direitos que
asociedadepolíticatemodeverdeconsagraregarantir.JoãoBaptistaHerkenhoff

Paraampliara compreensão, observe a definição da ONU, a Organização


dasNaçõesUnidas:

“Osdireitoshumanossãodireitosinerentesatodosossereshumanos,independentemen
te de raça, sexo, nacionalidade, etnia, idioma, religião ou qualquer outracondição.”

Aspectoshistóricos,culturais,políticoselegaisdosDHs

A noção de normas básicas para convivência em sociedade existe há


muitosséculos,aparecendoemdiversascivilizaçõesaolongodahistória.
Aconsolidaçãodosdireitoshumanosesuauniversalizaçãosederamapósa SegundaGuerra
Mundial, justamente como contraponto a esse período sombrio dahumanidade,noqualmuitaspessoas
tiveram seu direito à existência completamenteextirpado.
EmdecorrênciadasatrocidadescometidasporocasiãodaIIGuerraMundial,surgiuanec
essidadedereconstruçãodovalordosdireitoshumanos.
Assim, ao final da guerra em 1945, a observância e respeito aos direitos humanos
eliberdades fundamentais adquiriu tratamento de caráter universal, uma vez que
assumiumaiorrelevânciaperanteaComunidadeInternacional.
Nesse contexto, surge um direito do pós-guerra, denominado Direito
Internacionaldos Direitos Humanos (International Human Rights Law), que pode ser definido
com um"sistema de normas internacionais, procedimentos e instituições desenvolvidas para
implementar esta concepção e promover o respeito dos direitos humanos em todos
ospaíses,noâmbitomundial".
Desta feita, a Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948 vai se
constituirno mais importante documento relativo a essa matéria, consagrada pela Assembléia
geralda ONU, dado que pela primeira vez na história a comunidade internacional deu
umarespostajurídicaànecessidadedesecomeçaraviabilizaraproteçãouniversaleindivisível dos
Direitos Humanos, de forma a ser considerada o marco inicial de uma concepção
contemporânea dos direitos humanos.

Características

As principais características doutrinárias atribuídas aos Direitos Humanos


fundamentais citadas pelo professor José Afonso da Silva em sua obra - Curso de Direito
Constitucional Positivo, são:
 Historicidade. São históricos como qualquer direito. Nascem, modificam-se
edesaparecem. Eles apareceram com a revolução burguesa e evoluem, ampliam-se, com
ocorrerdostempos;
 Inalienabilidade. São direitos intransferíveis, inegociáveis, porque não são
deconteúdo econômico-patrimonial. Se a ordem constitucional os confere a todos, deles
nãosepodedesfazer,porquesãoindisponíveis;

 Imprescritibilidade. O exercício de boa parte dos direitos fundamentais


ocorre sóno fato de existirem reconhecidos na ordem jurídica (...). Se são sempre exercíveis
eexercidos, não há intercorrência temporal de não exercício que fundamente a perda
daexigibilidadepelaprescrição;
 Irrenunciabilidade. Não se renunciam direitos fundamentais. Alguns deles
podem até não serem exercidos, mais não se admite renncia.”
Sistema universal (Organização das Nações Unidas ONU), sistemasregionais
de direitos humanos. O Brasil e o sistema interamericano de
direitoshumanos(OrganizaçãodosEstadosAmericanosOEA).

Normasinternacionaisdedireitoshumanoseprincípioshumanitáriosaplicáveisàfunçã
odosprofissionaisdaáreadesegurançapública:

— Declaração universal dos direitos humanos (DUDH) (ONU-1948);

— Convenção americana sobre direitos humanos – Pacto de San José (CADH);


— Pacto Internacional sobre os direitos civis e políticos (PIDCP);
— Convenção contra a tortura e outros tratamentos ou penas cruéis, desumanas ou
degradantes (CCT);
— Código de conduta para os funcionários encarregados da aplicação da lei;
— Princípios orientadores para aplicação efetiva do código de conduta para
funcionários responsáveis pela aplicação da lei ;

— Princípios básicos sobre a utilização da força e arma de fogo pelos funcionários


responsáveis pela aplicação da lei;
Conjunto de princípios para a proteção de todas as pessoas sujeitas a qualquer
forma de detenção ou prisão.

Sistema universal (ONU), sistemas regionais de direitos humanos e sistema


interamericano de direitos humanos (Organização dos Estados Americanos - OEA);

Por sistema global deve-se entender a presente estrutura da Organização das


Nações Unidas, atualmente composta por 193 países, no que concerne a proteção dosdireitos
humanos, tendo como principal órgão a Comissão de Direitos Humanos (CDH), seguidos de
seus Comitês de Monitoramento e Agências Especializadas, como a Organização
Internacional do Trabalho (OIT), entre outros.
Tal sistema global de proteção aos direitos humanos é composto de instrumentos
de alcance geral, como os pactos internacionais de 1966, bem como de instrumentos
dealcance específico, como as diversas Convenções que tratam de violações específicas de
direitos (protege-se as crianças, as minorias), em que o sujeito torna-se objeto de proteção
pela sua especificidade e concreticidade, e não são concebidos de forma abstrata e geral como
nos pactos das Nações Unidas.
Por sistema regional deve-se considerar os atuais organismos internacionais
regionais existentes com o europeu, representado pela Comissão Européia de Direitos
Humanos; o americano, representado pela Comissão Interamericana e Corte Interamericana
de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA); e o africano,
representado pela Comissão Africana de Direitos Humanos (OUA), os quais buscam a
internacionalização dos direitos humanos nos planos regionais.
No âmbito da OEA, o sistema interamericano de direitos humanos conta com uma
estrutura mais simples, porém não menos importante, e está estruturado basicamente por dois
órgãos: a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), com sede emWashington
DC (EUA), e a Corte Interamericana de Direitos Humanos, com sede em San José
(CostaRica).
Ao contrário do Sistema da ONU, os sistemas regionais, inclusive o da OEA, vão
se caracterizar por uma abrangência em termos geográficos mais restrita, maior
homogeneidade entre seus membros e consequente semelhança de sistemas juridico-políticos,
que acabam por se tornarem mecanismos de proteção mais eficazes, em relação aos constantes
do sistema global.

Normasinternacionaisdedireitoshumanoseprincípioshumanitáriosaplicáveisàf
unçãodosprofissionaisdaáreadesegurançapública:

 Declaração universal dos direitos humanos (DUDH) (ONU-1948);


Esse documento foi inicialmente idealizado pela Comunidade Internacional, no
momento da assinatura da Carta das Nações Unidas, em São Francisco (EUA) em 1945,
ocasião em que se comprometeu a promover o respeito aos direitos humanos e liberdades
fundamentais.
Desse modo, a CDH, com a missão de elaborar uma Carta Internacional de
Direitos Humanos, teve a Declaração como primeiro documento a compô-la e sua
proclamação em 10 de dezembro de 1948, em Paris, culminou na primeira iniciativa de se
tentar traçar um padrão internacional de proteção aos direitos humanos.
Entretanto, é importante frisar que várias foram as divergências entre os países,
em especial aos países do "Bloco Socialista", liderados pela extinta União Soviética,que
discordavam por exemplo com a preponderância das "liberdades civis". Assim, a explicação
para uma rápida adoção de tão importante documento deveu-se a seu caráter não obrigatório,
posto que, diferentemente, dos tratados, convenções, pactos e acordos, as declarações não
possuem força jurídica obrigatória.
A Carta Internacional de Direitos Humanos é constituída pela Declaração
Universalde 1948 e pelos Pactos de Direitos Civis e Políticos e de Direitos Econômicos
Sociais e Culturais.
Tradicionalmente, os direitos garantidos por esse documento são divididos em
duas categorias:

1 –Os Direitos Civis e Políticos (arts.3ºa 21), que tratam da liberdade de


pensamento, consciência, religião, opinião e expressão, movimento e residência, reunião
eassociação política, bem como os direitos a formar governo, a eleições legítimas com
sufrágio universal e igual.
2 - Os Direitos Econômicos Sociais e Culturais (arts. 22 a 28), que tratam
dodireito ao trabalho, repouso, lazer e segurança social, e ainda à instrução e participação na
vida cultural da comunidade.
 Pacto Internacional sobre os direitos civis e políticos (PIDCP);

Em 23 de março de 1976, inicia-se a vigência do Pacto dos Direitos Civis e


Políticos.
Por este pacto os Estados-partes estão obrigados a respeitar e assegurar os direitos
de seus jurisdicionados, e ainda a adotar medidas legislativas para o real cumprimento das
obrigações assumidas.
Os principais direitos e liberdades asseguradas pelo pacto são: direito à vida, a não
ser submetido a tortura; de não ser escravizado; a uma nacionalidade; às liberdades de opinião
e de expressão; de movimento, entre outros.
 Pacto Internacional sobre os Direitos Econômicos, Sociais e
Culturais(PIDESC);

A entrada em vigor do Pacto Internacional de Direitos Econômicos Sociais e


Culturais se deu em 03 de janeiro de 1976, e a partir de então os Estados-partes estavam
obrigados a tomar medidas para o cumprimento dos direitos por tal pacto assegurados, como
por exemplo: o direito ao trabalho, à remuneração justa; à educação; à livre associação; a um
nível de vida adequado, entre outros.
 Convenção americana sobre direitos humanos – Pacto de San José (CADH);

Conhecida também como o "Pacto de São José", esta Convenção é, sem dúvida a
mais importante do sistema interamericano porque, como esclarece Alexandre de Moraes,o
Pacto de São José "não traz somente normas de caráter material, prevendo órgãos
competentes para conhecer dos assuntos relacionados com o cumprimento dos compromissos
assumidos pelos Estados-partes. Ele criou esses órgãos, que são : a Comissão Interamericanad
e Direitos Humanos e a Corte Interamericana de Direitos Humanos".
Tal Convenção, adotada em 22 de novembro de 1969 com vigência a partir de
julho de 1978, fundamenta-se na consolidação no Continente Americano da aplicação de um
regime de liberdades pessoais e justiça social, através do fortalecimento das instituições
democráticas de direitos humanos.
 Convenção contra a tortura e outros tratamentos ou penas
cruéis, desumanas ou degradantes - (CCT);
A Convenção contra a Tortura e outros tratamentos e Punições Cruéis,
Desumanos e/ou Degradantes, adotada em 10 de dezembro de 1984 pela Assembléia das
Nações Unidas, com vigência a partir de 1987, obriga os Estados que a ela aderiram a tomar
medidas a fim de impedir a prática de atos de tortura, assim como sua punição em qualquer
hipótese, inclusive determina que não se pode invocar "circunstâncias excepcionais"(estado
de guerra ou instabilidade política) para explicar sua prática.
Desta feita, são obrigações assumidas pelos Estados-partes a proibição de
extradição depessoas para Estados onde corram risco veemente de seremt orturadas (art 3º); a
definição em lei do crime de tortura para que sua prática seja abolida (art. 4º); a de educar os
encarregados da manutenção da ordem a propósito da proibição da tortura (art.10); a de
compensar as vítimas de tortura e/ou seus familiares dependentes (art.14).

O órgão de monitoramento dessa convenção é denominado de Comitê contra a


Tortura (sigla inglesa CAT), composto por 10 peritos responsáveis pelo exame público dos
relatórios submetidos pelos Estados-partes, podendo ainda ocorrer, mediante prévia
autorização do Estado envolvido, a investigação in loco de denúncias sobre tortura
sistemática.
 Código de conduta para os funcionários encarregados da aplicação da lei;
Adotado pela Assembléia Geral das Nações Unidas, no dia 17 de Dezembro
de1979, através da Resolução nº 34/69 em seuArt. 1º, aduz que: Os funcionários responsáveis
pela aplicação da lei devem sempre cumprir o dever que a lei lhes impõe,s ervindo a
comunidade e protegendo todas as pessoas contra atos ilegais, em conformidade com o
elevado grau de responsabilidade que a sua profissão requer.
 Princípios orientadores para aplicação efetiva do código de conduta para os
funcionário sresponsáveis pela aplicaçãoda lei;
O Conselho Econômico e Social das Nações Unidas adota esta série de princípios,
onde estão dispostos:
A. Princípios gerais:
1. Os princípios consagrados no Código deverão ser incorporados na legislação e
práticas nacionais.[...]
B. Questõe sespecíficas:
1. Seleção ,educação e formação.
2. Remuneração e condições de trabalho.
3. Disciplina e supervisão.
4. Queixas de particulares.

C. Implementação do Código em:


1. Âmbito nacional.
2. Âmbito internacional.

PRINCÍPIOS BÁSICOS SOBRE A UTILIZAÇÃO DA FORÇA E ARMA DE FOGO


PELOS FUNCIONÁRIOS RESPONSÁVEISPELA APLICAÇÃO DA LEI .

1. Sempre que o uso legítimo da força ou de armas de fogo seja indispensável, os


funcionários responsáveis pela aplicação da lei devem:

a) Utilizá-las com moderação e as sua ação deve ser proporcional à gravidade da


infração e ao objetivo legítimo a alcançar;

b) Esforçar-se por reduzire m ao mínimo os danos e lesões e respeitar e preservar


a vida humana;
c) Assegurar a prestação de assistência e socorro médico às pessoas feridas ou
afetadas, tão rapidamente quanto possível;
d) Assegurar a comunicação da ocorrência à família ou pessoas próximas da
pessoa ferida ou afetada, tão rapidamente quanto possível.
 Conjunto de princípios para a proteção de todas as pessoas sujeitas a qualquer
forma de detenção ou prisão.

Os presentes Princípios aplicam-se para a proteção de todas as pessoas sujeitas a


qualquer forma de detenção ou prisão. Vejamos alguns.
PRINCÍPIO1
A pessoa sujeita a qualquer forma de detenção ou prisão deve ser tratada com
humanidade e com respeito à dignidade inerente ao ser humano.

PRINCÍPIO 2
A captura, detenção ou prisão só devem ser aplicadas em estrita conformidade
com disposições legais e pelas autoridades competentes ou pessoas autorizadas para esse
efeito.
PRINCÍPIO 3
No caso de sujeição de uma pessoa a qualquer forma de detenção ou prisão,
nenhuma restrição ou derrogação pode ser admitida aos direitos do homem reconhecidos ou
em vigor num Estado ao abrigo de leis, convenções, regulamentos ou costumes, sob o
pretexto de que o presente Conjunto de Princípios não reconhece esses direitos ou os
reconhece em menor grau.
PRINCÍPIO 4
As formas de detenção ou prisão e as medidas que afetem os direitos do homem,
da pessoa sujeita a qualquer forma de detenção ou prisão devem ser decididas por uma
autoridade judiciária ou outra autoridade, ou estar sujeitas a sua efetiva fiscalização.
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL E ASPECTOS DA
LEGISLAÇÃO INFRACONSTITUCIONAL.

Os direitos humanos estão consolidados na Constituição da República


Federativado Brasil no título que trata dos princípios fundamentais, no título sobre os direitos
egarantias fundamentais e por último no art. 225, sobre o meio ambiente, sem eliminar outros
artigos que possam ter matéria dos direitos fundamentais.

Princípiosfundamentais

Princípios Fundamentais são os valores que orientaram oPoder Constituinte


Originário na elaboração da Constituição, ou seja, são suas escolhas políticas fundamentais.
Segundo Canotilho, são os princípios constitucionais politicamente
conformadores do Estado, que explicitam as valorações políticas fundamentais do legislador
constituinte, revelando as concepções políticas triunfantes numa Assembleia Constituinte,
constituindo-se, assim, no cerne político de uma Constituição política.
Na Constituição Federal de 1988, os princípios fundamentais estão dispostos
noTítulo I, o qual é composto por quatro artigos. Cada um desses dispositivos apresenta
umtipo de princípio fundamental. O art. 1º trata dos fundamentos da República
Federativado Brasil; o art. 2º, do princípio da separação de Poderes; o art. 3º, dos objetivos
fundamentais; e o art.4º, dos princípios das relações internacionais.

Dos Direitos e Garantias Fundamentais

A Constituição Federal de 1988, trouxe em seu Título II, os Direitos e Garantias


Fundamentais, subdivididos em cinco capítulos:

a) Direitos individuais e coletivos: são os direitos ligados ao conceito de


pessoahumana e à sua personalidade, tais como à vida, à igualdade, à dignidade, à segurança,
à honra, à liberdade e à propriedade. Estão previstos no artigo 5º e seus incisos;
b) Direitos sociais: o Estado Social de Direito deve garantir as liberdades
positivasaos indivíduos. Esses direitos são referentes à educação, saúde, trabalho, previdência
social, lazer, segurança, proteção à maternidade e àinfância e assistência aos desamparados.
Sua finalidade é a melhoria das condições de vida dos menos favorecidos, concretizando
assim, a igualdade social. Estão elencados a partir do artigo 6º;
c) Direitos de nacionalidade: nacionalidade, significa, o vínculo jurídico político
queliga um indivíduo a um certo e determinado Estado, fazendo com que este indivíduo
setorne um componente do povo, capacitando-o a exigir sua proteção e em contra partida, o
Estado sujeita-o a cumprir deveres impostos a todos, esta elencado no artigo 12;
d) Direitos políticos: permitem ao indivíduo, através de direitos públicos
subjetivos,exercer sua cidadania, participando de forma ativa dos negócios políticos do
Estado. Esta elencado no artigo14;
e) Direitosrelacionados à existência, organização e a participação em partidos
políticos: garante a autonomia e aliberdade plena dos partidos políticos com os instrumentos
necessários e importantes na preservação do Estado democrático de Direito. Está elencado no
artigo17.
Lei nº. 13.869/2019 (Abuso de autoridade);

Foi sancionada e publicada na quinta-feira, dia 05 de setembro de 2019, a nova


Leide Abuso de Autoridade, Lei n. 13.869/2019. Ela revoga expressamente a Lei nº 4.898/65,
o §2º do artigo150 e o art.350 do Código Penal.

O artigo 2º da nova LAA define quem poderá figurar no polo ativo da ação penal
de abuso de autoridade.
Assim, é sujeito ativo do crime de abuso de autoridade qualquer agente
público,servidor ou não, da administração direta, indireta ou fundacional de qualquer dos
Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e de Território,
compreendendo, mas não se limitando a servidores públicos e militares ou pessoas a eles
equiparadas, membros do Poder Legislativo, membros do Poder Executivo, membros do
Poder Judiciário, membros do Ministério Público e membros dos tribunais ou Conselhos
decontas.
Enfaticamente, a LAA define agente público, para os efeitos da lei todo aquele
que exerce, ainda que transitoriamente ou sem remuneração, por eleição, nomeação,
designação, contratação ou qualquer outra forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo,
emprego ou função em órgão ou entidade abrangidos pelo caputdo referido artigo.
O Capítulo IV, em duas seções previu os efeitos da condenação e as penas
restritivas de direito.
I - tornar certa a obrigação de indenizar o dano causado pelo crime, devendo o
juiz, a requerimento do ofendido, fixar na sentença o valor mínimo para reparação dos danos
causados pela infração, considerando os prejuízos por ele sofridos;
II - a inabilitação para o exercício de cargo, mandato ou função pública, pelo
período de 1 (um) a 5 (cinco) anos;
III - a perda do cargo, do mandato ou da função pública.
Parágrafo único. Os efeitos previstos nos incisos II e III do caput deste artigo são
condicionados à ocorrência de reincidência em crime de abuso de autoridade e não são
automáticos, devendo ser declarados motivadamente na sentença.

Lei nº 9.455/1997 (Crimes de tortura)

Alei 9.455/97,de 7 de abril de 1997 foi promulgada para sanar a lacuna até então
existente no combate à tortura e corrigir impunidades que até então existiam.
Essa lei veio num momento de clamor social, mas sabe-se que atualmente é pouco
aplicada, já que existem dificuldades para se provar o crime de tortura, principalmente no
tocante ao temor da vítima de ser alvo de represálias por parte dos torturadores.
Essa dificuldade existe também por estar arraigado em nosso ordenamento
tipificar as condutas de tortura como outros crimes, onde as penas são maisbrandas
GRUPOS VULNERÁVEIS/MINORIAS E LEGISLAÇÕES PERTINENTES

MINORIAS

As minorias são constituídas dos seguintes elementos:


• Elemento de não dominância;
• Elemento da cidadania;
• Elemento numérico
• Elemento dasolidariedade entre seus membros para que sejam preservados as
suas culturas, tradições, religião ou idiomas.
O número não é por si só, capaz de caracterizar uma minoria. Para que a
minoriaseja protegida institucionalmente, necessita ser não dominante no Estado em que vive.
A solidariedade presente nas minorias visam preservar suas características
imanentes ebuscar a manutenção das peculiaridades que os diferem dos demais. Muitas vezes
asminorias são maiorias numéricas, mas para saber se é minoria é preciso analisar não
aquantidade e sim a qualidade. Pessoas pertencentes aos grupos minoritários precisam deum
tratamento diferenciado para se enquadrar à sociedade. Deve-se avaliar o princípio da
igualdade, da isonomia e procurar entender o significado da frase de Aristóteles: “a igualdade
consiste em tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais”.O papel do Estado é
fundamental neste sentido, devendo este implantar Políticas Públicas, Ações Afirmativas,
diminuindo assim as barreiras, afim de que haja um bom convívio social.

GRUPOS VULNERÁVEIS

Os grupos vulneráveis se mostram na sociedade como sendo um conjunto de seres


humanos, possuidores de direitos civis e políticos, possuindo o direito de cidadão, porém,a
sociedade de maneira geral e pelo fato desta ser majoritária, macula certos direitos inerentes
as pessoas vulneráveis. Há de se perceber que para certa mácula ocorrer, énecessário um fator
numérico desfavorável aos grupos vulneráveis, ou seja, estes se encontram em menor número
na sociedade, pois se ocontrário fosse verdadeiro, poderiam eles se rebelar contra a sociedade.
A ligação que há entre esses grupos ocorre por ocasiões fáticas por não existir
uma identidade própria, ocorrendo assim um certo desdém na maneira da sociedade e do
poder público em enxergar esses grupos.
Pode-se conceituar grupos vulneráveis como sendo o conjunto de pessoas, ligadas
por ocorrências fáticas de caráter provisório, o qual não possui identidade, haven do interesse
em permanecer nessa situação, sendo seus direitos feridos e invisíveis aos olhos da sociedade
e do poder público. Exemplificando: idosos, mulheres, crianças, etc.

Estatuto do Idoso

Informações demográficas apontam para o envelhecimento da população


mundial,o que se confirma na realidade brasileira. Essa tendência vem acompanhada de
questões próprias do grupo composto por pessoas com idade igual ou superior aos sessenta
anos.
Há implicações nos sistemas de saúde, previdência e trabalho, entre outros, com
repercussões na dinâmica das famílias e da sociedade como um todo.
No Brasil, a proteção aos idosos como grupo vulnerável é garantida pela
Constituição da República no Capítulo II, que trata da saúde como “direito detodos e dever do
Estado” (artigo 196), especificamente ao garantir o benefício assistencialde um salário
mínimo mensal ao idoso que comprove não possuir meios de prover a própria manutenção ou
de tê-l a provida por sua família (artigo 203, V), e no Capítulo VII, que dispõe sobre os
direitos da família, da criança, do adolescente, do jovem e do idoso (artigos 226 a 230).

A Constituição reconhece a família como base da sociedade e, portanto, merece


especial proteção do Estado (artigo 226).

O § 8º do artigo 226 dispõe que o Estado assegurará a assistência à família na


pessoa de cada um dos que a integram, criando mecanismos para coibir a violência no âmbito
de suas relações.

A CF dispõe que os pais têm o dever de assistir, criar e educar os filhos menores,
e os filhos maiores têm o dever de ajudar e amparar os pais na velhice, carência ou
enfermidade (artigo 229).

O artigo 230 da Constituição estabelece que a família, a sociedade e o Estado têm


o dever de amparar as pessoas idosas, assegurando sua participação na comunidade,
defendendo sua dignidade e bem-estar e garantindo-lhes o direito à vida.

A Constituição dispõe ainda que os programas de amparo aos idosos serão


executados preferencialmente em seus lares (artigo 230, § 1º), e confere aos maiores de
sessenta e cinco anos a gratuidade dos transportes coletivos urbanos (artigo 230, §2º)
O quadro constitucional favorável aos direitos dos idosos no Brasil, bem como a
repercussão das discussões internacionais sobre o direito ao envelhecimento digno esaudável,
levaram à edição da Lei 10.741/2003, O Estatuto do Idoso.
No ordenamento jurídico brasileiro, ele é a norma que realiza de modo mais
amplo a discriminação afirmativa (medidas que têm como objetivo combater discriminações
étnicas, raciais, religiosas, de gênero, de classe ou de casta) ouação afirmativa (políticas
sociais de combate a discriminações étnicas, raciais, religiosas, de gênero ou de casta), com o
intuito de superar as desigualdades existentes entre os idosos,como grupo vulnerável, e o
conjunto da sociedade.
Como disposições preliminares, no Título I, o Estatuto do Idoso se propõe a
regular os direitos assegurados às pessoas comidade igual ou superior a sessenta anos; e
considera que os idosos gozam de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana,
sem prejuízo da proteção integral,devendo lhes ser asseguradas, por lei ou por outros meios,
todas as oportunidades efacilidades para preservação de sua saúde física e mental e seu
aperfeiçoamento moral, intelectual, espiritual e social, em condições de liberdade e dignidade.
Estatuto da Criança e do Adolescente

O ECA foi sancionado no Brasil em 13 de Julho de 1990, pela Lei nº 8.069, a


qualse baseia na proteção integral das crianças e adolescentes, garantindo-lhes o direito
aproteção à vida e à saúde, mediante efetivação de políticas sociais públicas que permitam o
nascimento e o desenvolvimento sadio, harmonioso e em condições dignas de existência.
O ECA define as crianças e os adolescentes como sujeitos de direito, sendo-lhes
garantida a proteção integral.
Conforme o artigo 4º, é dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e
do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à
vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à
dignidade, ao respeito, à liberdade, e à convivência familiar e comunitária.

Lei 11.340/2006 - Lei Maria da Penha

A Violência Doméstica contra a mulher é um dos maiores desafios dos Direitos


Humanos. Por essa razão, foi promulgada, como um mecanismo para coibir e prevenir a
Violência Doméstica e Familiar contra a mulher.
Todavia, por mais que a lei sustente a criação de mecanismos de prevenção e
repressão, observa-se uma grande dificulda de em reduzir ou eliminar a violência de gênero e
tornar efetiva a proteção dos Direitos Humanos d amulher.
Segundo Schraiber, a violência de gênero constitui uma questão social bastante
complexa e difícil, pois é uma violência, mas não é qualquer violência; em certa medida,deve
ser objeto das sanções que regem a violação dos direitos e das leis; em outra medida, objeto
de intervenções que melhorem o convívio social e privado das pessoas, que não dizem
respeito apenas à ordem ou à legalidade do viver em sociedade, mas, sobretudo à ética da
igualdade entre humanos, sejam quais pessoas forem, e ao estímulo à ética da solidariedade,
tanto social quanto individual.
Estatuto da Igualdade Racial

O Estatuto da Igualdade Racial (lei nº 12.288/10) foi publicado em 20dejulhode


2010.
Esse estatuto traz o conceito de discriminação racial e assim dispõe:

“Art. 1º (…) Parágrafo único.Para efeito deste Estatuto, considera-se:

I- discriminação racial ou étnico-racial: toda distinção, exclusão, restrição ou


preferência baseada em raça, cor, descendência ou origem nacional ou étnica que tenha
por objeto anular ou restringir o reconhecimento, gozo ou exercício, em igualdade de
condições, de direitos humanos e liberdades fundamentais nos campos político,
econômico, social, cultural ou em qualquer outro campo da vida pública ou privada;”

Cumpre destacar que preconceito é uma forma de pensar previamente sobre algo
ou alguém sem conhecê-lo(a), é a rotulação que se faz a alguém ou a um grupo depessoas.
O preconceito direciona no sentido a discriminar toda uma coletividade, sendo
esta ofensa chamada de racismo, a qual, por sua vez, acaba por agredir diretamente o
indivíduo, por meio de atitudes de cunho negativo.
Esse ciclo vem sendo combatido através de grupos e movimentos sociais, bem
como tem sido ajudado pela evolução legislativa em matéria de combate a discriminação.
A evolução da legislação de proteção a discriminação racial ainda é tímida, pois a
discriminação no Brasil é proveniente de séculos de exploração e opressão em face dos
negros, cabendo aos poderes executivo, legislativo e judiciário, tomar as providências cabíveis
para evitar a disseminação de práticas de segregação e exclusão, e promover a integração de
todos.
Aspectos legais de defesa à diversidade sexual

DireitosdeLGBTQIA+

Casamento e união estável

A possibilidade de união estável entre pessoas do mesmo sexo,também conhecida


como “união homoafetiva”, foi reconhecida pelo Supremo Tribunal Federal na Arguição de
Descumprimento de Preceito Fundamental nº 132/RJ. A conversão da união estável em
casamento e a celebração de casamento direto foram reconhecidas pelo Conselho Nacional de
Justiça, por meio da Resolução nº 175, de 14 de maio de 2013.
Assim, duas pessoas adultas e capazes podem se casar ou celebrar união estável,
independentemente de sua orientação sexual ou identidade de gênero.
Para celebrar um contrato de união estável, basta ir a um cartório de notas
(tabelionato). Para casamento, os interessados deverão procurar o cartório de registro civil
mais perto de sua residência.

Adoção

A lei civil não estabelece nenhuma discriminação a respeito da orientação sexual


ou da identidade de gênero do(s) adotante(s). Assim, tanto solteiros como casais
homossexuais podem adotar. Segundo o art. 42 do ECA: “Podem adotar os maiores de 18
(dezoito) anos, independentemente do estado civil. [...] §2º Para adoção conjunta, é
indispensável que os adotantes sejam casados civilmente ou mantenham união
estável,comprovada a estabilidade da família.

Reprodução assistida

O provimento do Conselho Nacional de Justiça nº 52/2016 regula atualmente


oregistro do nascimento dos filhos gerados por meio de técnicas de reprodução assistida, de
casais hetero e homoafetivos, nos seguintes termos:
Art. 1º O assento de nascimento dos filhos havidos por técnicas de reprodução
assistida será inscrito no livro “A” (registro de nascimentos), independentemente de prévia
autorização judicial eobservada a legislação em vigor, no que for pertinente, mediante o
comparecimento de ambos os pais, seja o casal heteroafetivo ou homoafetivo, munidos da
documentação exigida por este provimento.
§ 1º Se os pais forem casados ou conviverem em união estável, poderá somenteum
deles comparecer no ato de registro, apresentando documento comprobatório da união estável.

§ 2º Nas hipóteses de filhos de casais homoafetivos, o assento de nascimento


deverá ser adequado para que constem os nomes dos ascendentes, sem haver qualquer
distinção quanto a ascendência paterna ou materna.

Direito ssucessórios

O cônjuge sobrevivente ou convivente em união estável, em uma relação


heterossexual ou homossexual, tem o direito à herança do falecido, segundo a ordem
estabelecida no art. 1829 do Código Civil.
Recentemente o Supremo Tribunal Federal declarou inconstitucional o artigo do
Código Civil que estabelecia tratamento diferenciado para as uniões estáveis, com relação ao
casamento, no que se refere à sucessão.
Assim, independentemente da orientação sexual ou da natureza da união
(casamento ou uniãoestável), aplica-se a mesma regra quanto ao direito à herança.

Indenização por Seguro DPVAT

Circular nº 257, de 21 de junho de 2004 – Superintendência de Seguros Privados


do Ministério da Fazenda, Regulamenta o direito de companheiro ou companheira
homossexual, na condição de dependente preferencial, ser o beneficiário do Seguro DPVAT.

Pensão por morte e auxílio reclusão

O(a) cônjuge ou companheiro (a) em união homoafetiva tem igual direito ao


benefício previdenciário da pensão por morte e do auxílio reclusão.
O Superior Tribunal de Justiça, desde o ano de 2005, reconhece tal direito. Para
maiores informações procure um posto de atendimento do INSS ou os juizados especiais
federais previdenciários.
Proteção contra quaisquer formas de violência

Muito embora ainda não exista crime específico relacionado a manifestações


deódio, violência homofóbica ou transfóbica, todas as pessoas, independentemente de sua
orientação sexual ou identidade de gênero, têm direito à proteção de sua vida,
integridadefísica, liberdade e honra. Assim, qualquer ato que atente contra tais direitos deve
ser punido, inclusive criminalmente.
A existência de Delegacias Especializadas em Crimes de Ódio é considerada uma
medida administrativa importante no sentido de se combater a violência homofóbica ou
transfóbica.
A Lei nº 11.340/2006, que institui medidas voltadas ao enfrentamento da
violência doméstica, explicitamente estabeleceu sua aplicação para relações homossexuais.

Sistema prisional

Resolução Conjunta nº 1, de 15 de abril de 2014, do Conselho Nacional de


Combate à Discriminação e do Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária,
estabelece os parâmetros de acolhimento de LGBTQIA+ em privação de liberdade no Brasil.
Há também a Resolução nº 4, de 29 de junho de 2011, do Conselho Nacional de
Política Criminal e Penitenciária, estabelecendo recomendações aos Departamentos
Penitenciários Estaduais, garantindo o direito à visita íntima para casais homossexuais. Fora
do âmbito penal, leis estaduais e municipais punem com sanções administrativas as pessoas
físicas ou jurídicas que praticarem ações discriminatórias contra LGBTQIA+.

Refúgio e direitos migratórios

A perseguição motivada por orientação sexual ou por identidade de gênero


éreconhecida, no Brasil, como causa para o reconhecimento da condição de refugiado
aestrangeiro, nos termos da Lei nº 9.474/1997. O cônjuge ou companheiro de estrangeiro
imigrante ou visitante tem direito, também, a visto e autorização de residência para fins de
reunião familiar, “sem discriminação alguma”, nos termos do art. 37 da nova Lei de Migração
(Lei nº 13.445/2017).
A Resolução Normativa nº 77, de 29 de janeiro de 2008, do Conselho Nacional de
Imigração, estabelece os critérios para a concessão de visto temporário ou permanente, ou
autorização de permanência, ao companheiro (a) em união estável.

Direito ao nome e à identidade de gênero

O direito à modificação do prenome e do gênero da pessoa no registro civil,


independentemente da adoção de procedimentos de transgenitalização, tem sido reconhecido
judicialmente em ações individuais propostas na Justiça Estadual.
Visando garantir maior segurança jurídica e facilitar o acesso à Justiça por parte
de transexuais, a Procuradoria-Geral da República ajuizou a Ação Direta de
Inconstitucionalidade nº 4.275/2009, no âmbito da qual pede o reconhecimento da retificação
do registro civil porvia administrativa, sem a necessidade de se comprovar patologia ou
modificação corporal.
O STF deu provimento à ADI e, desde 2018, a retificação do registro civil por via
administrativa, que hoje em dia é realizada diretamente nos cartórios.
Inúmeras leis estaduais e municipais reconhecem às pessoas transgêneras odireito
ao uso do nome social. Na Administração Federal, tal direito é assegurado pelo Decreto
Presidencial nº 8.727, de 28 de abril de 2016. No Sistema Único de Saúde, o respeito ao nome
social e à identidade de gênero do usuário do serviço está assegurado pela Portaria nº
1.820/2009.
Recentemente, a Receita Federal expediu a Instrução Normativa nº 1718 (de 18 de
julho de 2017), autorizando a inclusão do nome social no CPF do (a) contribuinte transexual
ou travesti.
O uso de banheiro público segundo a identidade de gênero é objeto de um
incidente de repercussão geral no Supremo Tribunal Federal, ainda pendente de julgamento.
Segundo parecer da Procuradoria-Geral da República no Recurso Extraordinário
nº 845779: “não é possível que uma pessoa seja tratada socialmente como se pertencesse a
sexo diverso do qual se identifica e se apresenta publicamente, pois a identidade sexual
encontra proteção nos direitos da personalidade e na dignidade da pessoa humana, previstos
na Constituição”.
Contudo, esse assunto, ainda sem decisão legislativa ou jurídica, é alvo de
polêmicas e tratado de acordo com o entendimento de cada ambiente.
Direito à educação e à igualdade de condições de acesso e permanência na
escola.

Recentes iniciativas conservadoras têm garantido a aprovação de leis locais


visando banir do ambiente escolar qualquer referência à sexualidade, orientação sexual ou
identidade de gênero, bem como, conteúdos batizados por essas iniciativas de “ideologia de
gênero”.

A Procuradoria-Geral da República vem ajuizando ações de Arguição de


Descumprimento de Preceito Fundamental(ADPFs) junto ao STF, questionando a
constitucionalidade dessas leis municipais, sob o fundamento de que são medidas
discriminatórias e que dificultam a permanência de crianças LGBTQIA+ na escola.
Em âmbito escolar, é essencial a atuação do Ministério Público no sentido
degarantir a existência e continuidade de políticas públicas de enfrentamento ao bullying
homofóbico e transfóbico, e de programas gerais de promoção e respeito da diversidade na
perspectiva da igualdade de acesso e permanência de todas as crianças n aescola.

Direito à saúde e à previdência social

A Portaria nº 2.836, de 1º de dezembro de 2011, institui, no âmbito do Sistema


Único de Saúde (SUS), a Política Nacional de Saúde Integral de LGBT. Vejamos:
Art. 1º. Esta Portaria institui a Política Nacional de Saúde Integral de Lésbicas,
Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (Política Nacional de Saúde Integral LGBT) no
âmbito do SUS, com o objetivo geral de promover a saúde integral da população LGBT,
eliminando a discriminação e o preconceito institucional e contribuindo para a redução das
desigualdades e para consolidação do SUS como sistema universal, integral e equitativo.
Pessoa com necessidades educativas especiais

A concepção de Educação Inclusiva é nova no cenário educacional. Em âmbito


mundial, esta pauta ganhou força na Declaração de Salamanca (UNESCO, 1994). Esta propõe
que os alunos com necessidades educacionais especiais tenham acesso às escolas de Ensino
Regular e que essas instituições devem se adequar a essa nova demanda, pois,“constituem os
meios mais capazes para combater as atitudes discriminatórias, construindo uma sociedade
inclusiva e atingindo a educação para todos”
No Brasil, na mesma década é aprovada a Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional (LDBN 9394/ 96), que determina que pessoas com necessidades educacionais
especiais sejam incluídas em escolas de Ensino Regular. (BRASIL, 1998). A constituição
brasileira de 1988, no artigo 208, Já fazia referência ao atendimento de alunos com
necessidades especiais, “preferencialmente” em turmas de Ensino Regular.

O profissional de segurança pública frente aos direitos humanos, no sentido


ao reconhecimento e valorização dos grupos historicamente discriminados

A atividade policial, atualmente, não pode ser compreendida apenas pela ótica
legal. É preciso levar em conta que as leis são rígidas e invariáveis, mas a sociedade émutável
e espera uma mudança na perspectiva do trabalho policial.
O profissional de segurança contemporâneo é um agente promotor de cidadania e
direitos humanos.

A atividade policial, de hoje, leva em consideração não só a intolerância à


criminalidade, mas também preocupa-se com o caráter social que desempenha junto à
população.
O trabalho da polícia abrange toda a determinação legal imposta pela constituição
e regimentos policiais, e, sobretudo a civilidade que o profissional deve ter, nosenso de
responsabilidade frente à sociedade, a qual espera do agente de segurança pública; aproteção
quando umc onflito se instala.
A Declaração Universal dos Direitos Humanos não faz diferença de cidadãos,
ficaclaro que todas as pessoas são iguais em direitos e deveres e veda qualquer forma
dedistinção.
O profissional de segurança, assim como qualquer cidadão, possui direitos e
obrigações, no entanto, a ele se atribui o solene dever de figurar como agente promotor de
Direitos Humanos.
Os agentes de segurança possuem o poder de representar o Estado ese tornam, por
isso, talvez, a classe de trabalhadores com mais notoriedade em suaatuação.

Dessa forma, é necessário que se invista, vigilantemente, nas ações policiais


esperando dos agentes uma atuação pautada sempre no estrito cumprimento da lei, já que
atuam para garanti-la. É importante cobrar profissionalismo nas ações.
Em sua atuação vigilante, a população deve reconhecer que o policial também é
um cidadão com deveres, obrigações e direitos. Já o policial deve sentir-se inserido e
participante dessa sociedade na mesma medida do cidadão comum. A partir da Revolução
Francesa, cidadania se tornou sinônimo de igualdade, o que significa que independente da
profissão exercida, a pessoa não perde seu status de cidadão perante a sociedade.
Espera-se muito do agir policialpela nobreza de sua missão,entretanto,asociedade
muda o discurso a toda hora.
O policial se vê perdido nos anseios da população,que em determinado momento
deseja que o agente de segurança seja polido em sua sações, já em outras situações pede que
ele seja um agente de vingança social,fazendo justiça com as próprias mãos como acontecia
nos primórdios da humanidade.
Aspessoas estão aterrorizadas pela violência que assola o país. Vive-se o clima de
guerraurbanaquegerainsegurança.
O policial não se deve levar por anseios ilegítimos que possam desprestigiar seu
trabalho. A sociedade que deseja ações desmedidas por parte do agente será a mesma que
proporcionará a ele o repúdio quando atendera os seus próprios anseios primitivos.
O uso da força é apenas uma das características da atividade policial, ela não pode
resumir o agir policial como um todo. Suas atribuições e responsabilidades vão além, nem
sempre é escolha do profissional o uso dessa prerrogativa para executar suas tarefas.
Como defende Balestreri (1998), o policial é um pedagogo de cidadania, ele
deveser incluído no rol dos profissionais pedagógicos, ao lado das profissões consideradas
formadoras de opinião. Dessa forma, o agente de segurança é um educador, o qual educapor
meio de suas atitudes ao lidar com situações cotidianas. O policial educador transmite
cidadania, a partir de, exemplos de conduta; de comportamentos baseados em moderação e
bom senso.

DIREITOSHUMANOS E A PMGO

Direitos humanos: coisa de polícia. Ricardo Brisolla Balestreri

A obra do professor Ricardo Balestreri demonstra os graves problemas que o


Brasil enfrenta no campo dos direitos humanos e polícia. Ao abordar questões como
antagonismo moral entre polícia e bandido, ética corporativa versus ética cidadã, lógica
policial e lógica militar, aponta alguns dos caminhos que se pode trilhar para atingir o perfil
do policial protagonista, educador em direitos humanos e promotor da cidadania.

Os direitos dos profissionais de segurança pública: portaria interministerial


SEDH/ MJ nº 2 - Estabelece as diretrizes nacionais de promoção e defesa dos direitos
humanos para a categoria.

Ficam estabelecidas as Diretrizes Nacionais de Promoção e Defesa dos Direitos


Humanos dos Profissionais de Segurança Pública.
Temas tratados:
DIREITOS CONSTITUCIONAIS E PARTICIPAÇÃO CIDADÃ

VALORIZAÇÃO DA VIDA
DIREITO À DIVERSIDADE E SAÚDE
REABILITAÇÃO E REINTEGRAÇÃO
DIGNIDADE E SEGURANÇA NO TRABALHO

SEGUROS E AUXÍLIOS
ASSISTÊNCIA JURÍDICA E HABITAÇÃO
CULTURA, LAZER E EDUCAÇÃO
PRODUÇÃO DE CONHECIMENTOS

ESTRUTURAS E EDUCAÇÃO EM DIREITOS HUMANOS


Em suma, a Portaria propõe:

1. Constituir núcleos, divisões e unidades especializadas em Direitos Humanos


nas academias e na estrutura regular das instituições de segurança pública, incluindo entre
suas tarefas a elaboração de livros, cartilhas e outras publicações que divulguem dados e
conhecimentos sobre o tema.

2. Promover a multiplicação de cursos avançados de Direitos Humanos nasi


nstituições, que contemplem o ensino de matérias práticas e teóricas e adotem o Plano
Nacional de Educação em Direitos Humanos como referência.

3. Atualizar permanentemente o ensino de Direitos Humanos nas academias,


reforçando nos cursos a compreensão de que os profissionais de segurança pública também
são titulares de Direitos Humanos, devem agir como defensores e promotores desses direitos e
precisam ser vistos desta forma pela comunidade.

4. Direcionar as atividades de formação no sentido de consolidar a compreensão


de que a atuação do profissional de segurança pública orientada por padrões internacionais de
respeito aos Direitos Humanos não dificulta, nem enfraquece a atividadedas instituições de
segurança pública, mas confere-lhes credibilidade, respeito social e eficiência superior.

VALORIZAÇÃO PROFISSIONAL

PORTARIA Nº 7341 DE 04 DE JANEIRO DE 2016. (alterada pela Port.


nº8427, de 04.10.16 - Publicada no DOEPM nº 190 de 11.10.16) Nomeia Comissão
Interna de Direitos Humanos da PolíciaMilitar.

A Comissão constituída, tem por finalidade a defesa dos direitos humanos e da


cidadania do Policial Militar, bem como assessorar o Comando da Corporação a fim de que as
ações policiais militares sejam embasadas nos princípios dos Direitos Humanos.
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BRASIL. Lei nº 10.741, de 1º de outubro de 2003. Estatuto do Idoso. Dispõe
sobreoEstatutodoIdosoedáoutrasprovidências.Brasília:2003.
BRASIL. Lei nº 12.288, de 20 de julho de 2010. Estatuto da Igualdade
Racial.Institui o Estatuto da Igualdade Racial; altera as Leis nos 7.716, de 5 de janeiro de
1989,9.029,de13deabrilde1995,7.347,de24dejulhode1985,e10.778,de24de
novembrode2003.Brasília:2010.
BRASIL.Leinº11.340,de7deagostode2006(Lei Maria da Penha). Criamecanismos
para coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos do §8o do art. 226
da Constituição Federal, da Convenção sobre a Eliminação de Todas
asFormasdeDiscriminaçãocontraasMulheresedaConvençãoInteramericanaparaPrevenir,Pun
ireErradicar a Violência contra a Mulher; dispõe sobre a criação dosJuizados de Violência
Doméstica e Familiar contra a Mulher; altera o Código de ProcessoPenal, o Código Penal e
a Lei de Execução Penal; e dá outras providências. Brasília:2006.
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BRASIL. Ministério da Justiça e Secretaria de Direitos Humanos da Presidência
daRepública. Portaria Interministerial nº 4.226, de 31 de dezembro de 2010.
EstabeleceDiretrizessobreoUsodaForçapelosAgentesdeSegurançaPública.Brasília:2010.
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Direitos Humanos Pacto de San José (CADH). Promulga a Convenção Americanasobre
Direitos Humanos (Pacto de São José da Costa Rica), de 22 de novembro de 1969.Brasília:
1992. BRASIL. Decreto nº 40, de 15 de fevereiro de 1991. Convenção contra atortura e
outros tratamentos ou penas cruéis, desumanos ou degradantes (CCT).
Mantémconcessões,permissõeseautorizaçõesnoscasosquemencionaedáoutrasprovidencias.
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