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Proteção Internacional de

Direitos Humanos
Nayara Santos, Gesiel Rocha,
João Vitor Prianti e Augusto César
Tópicos Gerais
01 Direito Internacional dos Direitos
Humanos

02 Carta da ONU, Declaração Universal de


Direitos Humanos e os Pactos de Nova York

03 Sistemas Regionais

04 Estatuto de Roma do Tribunal Penal


Internacional
SEÇÃO I

O DIREITO INTERNACIONAL DOS DIREITOS


HUMANOS

PRESENTATION
1. GENERALIDADES

É relativamente grande a parte das normas internacionais


contemporâneas que diz respeito à promoção e proteção dos direitos
humanos, havendo já uma gama considerável de tratados dessa índole
(globais e regionais) atualmente conhecidos.
Característica fundamental: a proteção dos direitos da pessoa humana
independentemente de qualquer condição.
Os direitos humanos possuem dupla proteção:
● Interna
● Internacional
2. DIREITOS DO HOMEM, DIREITOS FUNDAMENTAIS E DIREITOS HUMANOS

DIREITO DOS DIREITOS DIREITOS


HOMENS FUNDAMENTAIS HUMANOS
FUNDAMENTO E CONTEÚDO DOS DIREITOS HUMANOS
“Todas as pessoas nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotadas
de razão e consciência e devem agir em relação umas às outras com espírito de
fraternidade”
os direitos humanos fundam-se em três princípios basilares:
1) o da inviolabilidade da pessoa;
2) o da autonomia da pessoa;
3) o da dignidade da pessoa.
Os direitos humanos têm conteúdo indivisível, se complementam, “direitos de
liberdade” (direitos civis e políticos) não sobrevivem perfeitamente sem os
“direitos da igualdade” (direitos econômicos, sociais e culturais) e vice-versa.
A. HISTORICIDADE
B. UNIVERSALIDADE
C. ESSENCIALIDADE
D. IRRENUNCIABILIDADE
3. E.
F.
INALIENABILIDADE
INEXAURIBILIDADE
CARACTERÍSTICAS G.
H.
IMPRESCRITIBILIDADE
VEDAÇÃO DO RETROCESSO
DOS DIREITOS Outras características contemporâneas dos
HUMANOS direitos humanos, que podem ser apresentadas
como sendo: a) a indivisibilidade; b) a
interdependência; e c) a inter-relacionariedade.
4. A QUESTÃO DAS “GERAÇÕES” (OU DIMENSÕES) DE
DIREITOS
Os direitos humanos foram divididos em três categorias (gerações ou
dimensões), com base no decorrer dos momentos históricos que inspiraram a
sua criação. O autor Paulo Bonavides explica:
1) primeira geração: liberdade
2) segunda geração: igualdade
3) terceira geração: fraternidade
Os direitos humanos têm conteúdo indivisível, se complementam, “direitos de
liberdade” (direitos civis e políticos) não sobrevivem perfeitamente sem os
“direitos da igualdade” (direitos econômicos, sociais e culturais) e vice-versa.
CRÍTICAS AO SISTEMA DE
5 DIREITOS

A classificação tradicional das “gerações” dos direitos humanos vista acima tem sido objeto
de inúmeras críticas, as quais apontam para a não correspondência entre tais “gerações de
direito” e o processo histórico de efetivação e solidificação dos direitos humanos.
Nesse sentido, não é exato – e tampouco jurídico – falar em gerações de direitos humanos,
tendo em vista que eles não se “sucedem” uns aos outros, mas, ao contrário, se cumulam,
retroalimentando-se.
O que ocorre não é a sucessão de uma geração pela outra, mas sim a junção de uma nova
dimensão de direitos humanos que se une à outra já existente, e assim por diante.
6. GÊNESE DO DIREITO INTERNACIONAL DOS DIREITOS
HUMANOS
Os marcos importantes da formação que hoje se conhece por arquitetura
internacional dos direitos humanos:
1) o Direito Humanitário;
2) a Liga das Nações;
3) a Organização internacional do trabalho.
Esses três precedentes contribuíram em conjunto para a ideia de que a proteção
dos direitos humanos deve ultrapassar as fronteiras estatais, transcendendo os
limites da soberania territorial dos Estados para alçar-se à categoria de matéria
de ordem internacional.
O DIREITO INTERNACIONAL
7 DOS DIREITO HUMANOS.
O Direito Internacional dos Direitos Humanos é aquele que visa proteger todos os
indivíduos, qualquer que seja a sua nacionalidade e independentemente do lugar onde se
encontrem.Pode-se dizer que o Direito Internacional dos Direitos Humanos é o “direito do
pós-guerra”, nascido em decorrência dos horrores cometidos pelos nazistas durante o
Holocausto (1939-1945).
Viram-se os Estados obrigados a construir toda uma normatividade internacional eficaz em
que o respeito aos direitos humanos encontrasse efetiva proteção. Desde esse momento,
então, é que o Direito Internacional dos Direitos Humanos inicia efetivamente o seu
processo de solidificação.
O “direito a ter direitos” passou a ser o referencial primeiro de todo esse processo
internacionalizante. A estrutura normativa de proteção dos direitos humanos internacional
em instrumentos: global, regional, geral e específico.
8. TRATADOS INTERNACIONAIS DE DIREITOS HUMANOS
NO DIREITO BRASILEIRO.
A promulgação da Constituição Federal de 1988 foi um marco significativo para o
início do processo de redemocratização do Estado brasileiro e de
institucionalização dos direitos humanos no país.
Atualmente, já se encontram ratificados pelo Brasil (estando em pleno vigor entre
nós) praticamente todos os tratados internacionais significativos sobre direitos
humanos pertencentes ao sistema global de proteção dos direitos humanos
(também chamado de sistema das Nações Unidas).
No que tange ao sistema interamericano de direitos humanos a situação
(felizmente) não é diferente. O Brasil também já é parte de praticamente todos os
tratados existentes nesse contexto.
“§ 3º. Os tratados internacionais referidos pelo parágrafo anterior, uma vez
ratificados, incorporam-se automaticamente na ordem interna brasileira com
hierarquia constitucional, prevalecendo, no que forem suas disposições mais
benéficas ao ser humano, às normas estabelecidas por esta Constituição”
[...] uma vez que cria “categorias” jurídicas entre os próprios instrumentos
internacionais de direitos humanos ratificados pelo governo, dando tratamento
diferente para normas internacionais que têm o mesmo fundamento de validade,
ou seja, hierarquizando diferentemente tratados que têm o mesmo conteúdo
ético, qual seja, a proteção internacional dos direitos humanos. Assim, essa
“desigualação de iguais” que permite o § 3º ao estabelecer ditas “categorias de
tratados”, é totalmente injurídica por violar o princípio (também constitucional) da
isonomia.
Os tratados internacionais de direitos humanos nas
9 Constituições latino-americanas.
Vários países da América Latina têm concedido status normativo constitucional aos tratados
de proteção dos direitos humanos, sendo crescente a preocupação dos mesmos em deixar
bem assentado, em nível constitucional, a questão da hierarquia normativa de tais
instrumentos internacionais protetivos dos direitos da pessoa humana.
São várias as Constituições de países latino-americanos (Peru, Guatemala, Chile,
Colômbia, Argentina) que, seguindo a tendência mundial de integração dos direitos
humanos ao Direito interno, incorporaram em seus respectivos textos regras bastante
nítidas sobre a hierarquia desses instrumentos nos seus ordenamentos internos.
As Constituições latino-americanas supracitadas reconhecem assim a relevância da
proteção internacional dos direitos humanos e dispensam atenção e tratamento especiais à
matéria. Os tratados têm hierarquia constitucional.
SEÇÃO II

O DIREITO DA
CARTA DA ONU
1. A regra das Nações Unidas

Foi a partir de 1945, quando da adoção da Carta das Nações Unidas, no pós-Segunda
Guerra, que o Direito Internacional dos Direitos Humanos começou a
verdadeiramente se desenvolver e a se efetivar como ramo autônomo do Direito
Internacional Público.

Com o nascimento das Nações Unidas, demarca-se “o surgimento de uma nova ordem
internacional que instaura um novo modelo de conduta nas relações internacionais, com
preocupações que incluem a manutenção da paz e segurança internacional, o
NÓS, OS POVOS DA
desenvolvimento de relações amistosas entre os Estados, o alcance da cooperação NAÇÕES UNIDAS…
internacional no plano econômico, social e cultural, o alcance de um padrão internacional UNIDOS PARA UM
de saúde, a proteção ao meio ambiente, a criação de uma nova ordem econômica MUNDO MELHOR.”
internacional e a proteção internacional dos direitos humanos.” Há 78 anos, esta frase mudou os rumos do
nosso mundo.

A Carta da ONU de 1945 contribuiu enormemente para o processo de asserção


dos direitos humanos, na medida em que teve por princípio a manutenção da paz
e da segurança internacional [...] O respeito às liberdades fundamentais e aos
direitos humanos, com a consolidação da Carta da ONU, passa, assim, a ser
preocupação internacional e propósito das Nações Unidas.
2. Ausência de definição da
expressão “direitos humanos”

Contudo, a Carta da ONU não define esses direitos humanos e liberdades fundamentais, mas
nem por isso se pode entender que os mesmos não são obrigatórios, sendo obrigação dos Estados
entendê-los como regras jurídicas universais e não como meras declarações de princípios.

Certo é que ela trouxe pioneira contribuição para a “universalização” dos direitos humanos, na
medida em que reconheceu que o assunto é de legítimo interesse internacional, não mais adstrito
exclusivamente ao domínio reservado dos Estados

A grande e notória contribuição das regras da Carta da ONU foi a de deflagrar o chamado
sistema global de proteção dos direitos humanos, quando então tem início o delineamento da
arquitetura contemporânea de proteção desses direitos. Pecou, contudo, a Carta, em não ter
definido, nem sequer delineado minimamente, o conteúdo da expressão “direitos humanos e
liberdades fundamentais”.
3. Um passo rumo à Declaração Universal
dos Direitos Humanos

Como não trouxe definidamente quais eram esses direitos, em específico, surge um
anseio internacional em definir o significado das expressões direitos humanos e
liberdades fundamentais, para corrigir tal falha, o que foi concretizado apenas três
anos após a sua criação, com a proclamação da Declaração Universal dos Direitos
Humanos, em 10 de dezembro de 1948.
A Declaração, ao fixar um código ético universal na defesa e proteção dos direitos
humanos, preenche as lacunas da Carta da ONU nessa seara, complementando-a e
dando-lhe novo vigor relativamente à obrigação jurídica de proteção desses direitos

Além da proclamação da Declaração Universal fez-se também necessária a criação de “Não basta falar de paz. É preciso
dois pactos (hard law) com a finalidade de dar operatividade técnica aos direitos acreditar nela. E não basta
nela previstos: o Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos e o Pacto acreditar nela. É preciso
trabalhar por ela.”
Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais, ambos concluídos em
Sra. Eleanor Roosevelt
Nova York em 1966.
O sistema internacional de proteção dos direitos humanos tem por pilares de sustentação três instrumentos jurídicos
básicos, para além da própria Carta da ONU: a Declaração Universal de 1948 e os dois Pactos de Nova York de
1966. Desses três instrumentos a Declaração Universal é a pedra fundamental
SEÇÃO III

DECLARAÇÃO
UNIVERSAL DE
DIREITOS HUMANOS
Considerações iniciais….
A Declaração Universal dos Direitos Humanos foi adotada e proclamada em Paris, em 10
de dezembro de 1948, pela Resolução 217 A-III, da Assembleia-Geral da ONU. Dos 56
países representados na sessão da Assembleia, 48 votaram a favor e nenhum contra,
com oito abstenções (África do Sul, Arábia Saudita, Bielo-Rússia, Iugoslávia, Polônia,
Tchecoslováquia, Ucrânia e União Soviética)

Tendo como fundamento a dignidade da pessoa humana, a Declaração Universal nasce como um código
de conduta mundial para dizer a todo o planeta que os direitos humanos são universais, bastando a
condição de ser pessoa para que se possa vindicar e exigir a proteção desses direitos em qualquer ocasião
e em qualquer circunstância.
Assim, por ter firmado o papel dos direitos humanos pela primeira vez e em escala mundial, a Declaração de
1948 “pode ser considerada um evento inaugural de uma nova concepção da vida internacional”

Um dado importante a ser levado em conta quando se estuda a Declaração Universal diz respeito à sua
lógica, que é distinta da lógica do Direito Internacional clássico (westfaliano), que não atribuía voz aos
povos ou indivíduos, mas somente aos Estados partícipes da sociedade internacional. No clássico direito
das gentes as relações que são reguladas são apenas interestatais, baseadas na coexistência das
vontades soberanas dos Estados, sem a possibilidade de ingerência em tais Estados com a finalidade de
salvaguardar direitos humanos
1. Estrutura da Declaração Universal

*Tem uma estrutura bipartite

Combinou a Declaração, de
forma inédita, o discurso Preâmbulo com 7 considerandos
liberal com o discurso
social da cidadania, ou
seja, o valor da liberdade
com o valor da igualdade.

Arts. 22 ao 28 - Direitos sociais,


econômicos e culturais
Arts. 3º ao 21 -
Direitos e garantias
individuais

Art. 29 - Deveres da pessoa

Art. 30 - Princípio de
Interpretação
2. Natureza jurídica

A Declaração Universal não é tecnicamente um tratado, pois não passou pelos procedimentos tanto
internacionais como internos de celebração de tratados, não guardando também as características definidas
pela Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados (1969) para que um ato internacional detenha a
roupagem própria de tratado, especialmente por não ter sido “concluída entre Estados”, senão unilateralmente
adotada pela Assembleia-Geral da ONU.

É necessário qualificar a Declaração Universal como norma de jus cogens internacional, por ser imperativa e
inderrogável pela vontade dos Estados

A Declaração Universal de 1948 integra a Carta da ONU, na medida em que passa a ser sua interpretação
mais fiel no tocante à qualificação jurídica da expressão “direitos humanos e liberdades fundamentais”

Para juristas como Marcel Sibert, a Declaração Universal é uma extensão da Carta da
ONU (especialmente dos seus arts. 55 e 56) por integrar o texto onusiano, sendo,
portanto, sendo obrigatória para os Estados-membros da ONU no sentido de tornar
suas leis internas compatíveis com as suas disposições.

A Declaração Universal teria força vinculante aos Estados no que tange às suas
prescrições.
Vejamos o que diz a Carta da ONU em seus artigos 55 e 56:

CAPÍTULO IX
COOPERAÇÃO INTERNACIONAL ECONÔMICA E SOCIAL

ARTIGO 55 - Com o fim de criar condições de estabilidade e bem estar, necessárias às relações
pacíficas e amistosas entre as Nações, baseadas no respeito ao princípio da igualdade de
direitos e da autodeterminação dos povos, as Nações Unidas favorecerão: a) níveis mais altos
de vida, trabalho efetivo e condições de progresso e desenvolvimento econômico e social; b) a
solução dos problemas internacionais econômicos, sociais, sanitários e conexos; a cooperação
internacional, de caráter cultural e educacional; e c) o respeito universal e efetivo dos direitos
humanos e das liberdades fundamentais para todos, sem distinção de raça, sexo, língua
oureligião.

ARTIGO 56 - Para a realização dos propósitos enumerados no Artigo 55, todos os Membros da
Organização se comprometem a agir em cooperação com esta, em conjunto ou
separadamente.
3. Relativismo v.s. Universalismo

A polêmica visa responder à questão sobre serem os direitos humanos propriamente “universais” ou se
devem ceder ao que estabelecem os sistemas políticos, econômicos, culturais e sociais vigentes em
determinado Estado.
A doutrina relativista sustenta, basicamente, que os meios culturais e morais de determinada
sociedade devem ser respeitados, ainda que em detrimento da proteção dos direitos humanos nessa
mesma sociedade. Entende tal doutrina que não existe uma moral universal e que o conceito de moral,
assim como o de direito, deve ser compreendido levando-se em consideração o contexto cultural em
que se situa

A segunda Conferência Mundial de Direitos Humanos (Viena,


1993) consagrou os direitos humanos como tema global,
reafirmando a sua universalidade e consagrando a sua
indivisibilidade, interdependência e inter-relacionariedade.
Foi o que dispôs o § 5º da Declaração e Programa de Ação de Viena de 1993, nestes termos:

“Todos os direitos humanos são universais, indivisíveis, interdependentes e inter-relacionados. A


comunidade internacional deve tratar os direitos humanos de forma global, justa e equitativa, em
pé de igualdade e com a mesma ênfase. Embora particularidades nacionais e regionais devam
ser levadas em consideração, assim como diversos contextos históricos, culturais e religiosos, é
dever dos Estados promover e proteger todos os direitos humanos e liberdades
fundamentais, sejam quais forem seus sistemas políticos, econômicos e culturais”.

Além da universalidade dos direitos humanos, também foram


consagrados os princípios de:

● Indivisibilidade - os direitos humanos não sucedem em


gerações, mas se acumulam e se fortalecem ao longo dos anos
● Interdependência - os direitos do discurso liberal (civis e
políticos) serão sempre somados com os direitos de discurso
social da cidadania (sociais, econômicos e culturais)
● Inter-relacionariedade - os direitos humanos e os vários
sistemas internacionais de proteção não devem ser entendidos
de forma dicotômica, mas devem interagir em prol de sua
garantia efetiva.
Compreende-se, então, que o relativismo cultural não
pode ser invocado para justificar violações a direitos
humanos
Enriqueceu-se o universalismo desses direitos,
afirmando-se, cada vez mais, o dever dos Estados em
promover e proteger os direitos humanos de todos,
independentemente dos respectivos sistemas ou
particularismos culturais

Talvez um dos maiores entraves da Conferência de Viena de 1993 tenha sido a posição dos
países asiáticos e islâmicos, que advogaram a tese de que a proteção dos direitos humanos ali
defendida seria um produto do pensamento ocidental, que tem deixado de lado as peculiaridades
existentes em outros contextos, nos quais aqueles países consideram estar incluídos.
As afirmações de que o sistema de proteção dos direitos humanos tem interesse apenas ocidental,
sendo irrelevante e inaplicável em sociedades com valores histórico-culturais distintos, são falsas e
perniciosas: “Falsas porque todas as Constituições nacionais redigidas após a adoção da
Declaração [Universal dos Direitos Humanos] pela Assembleia-Geral da ONU nela se inspiram ao
tratar dos direitos e liberdades fundamentais, pondo em evidência, assim, o caráter hoje universal de
seus valores. Perniciosas porque abrem possibilidades à invocação do relativismo cultural como
justificativa para violações concretas de direitos já internacionalmente reconhecidos”.
Deve-se também levar em conta que apesar de os dispositivos da Declaração Universal não
agradarem todos os países nenhum deles chega a ofender as tradições de qualquer cultura ou
sistema sociopolítico

A parte final do § 5º da Declaração e Programa de Ação de Viena chegou a um consenso ou


denominador comum coerente ao permitir que se levem em conta as particularidades nacionais e
regionais, assim como diversos contextos históricos, culturais e religiosos, sem deixar, contudo, de
impor aos Estados o dever de promover e proteger todos os direitos humanos e liberdades
fundamentais, sejam quais forem (ou seja, quaisquer deles…) seus sistemas políticos, econômicos e
culturais.

Daí se entender que a diversidade cultural deve ser um somatório ao processo de


asserção dos direitos humanos, não um empecilho a este.
4. Impacto (internacional e interno)
da Declaração Universal de 1948

O grande impacto internacional da Declaração Universal de 1948 diz respeito à sua


qualidade de fonte jurídica para os tratados internacionais de proteção dos direitos
humanos

Ela tem servido de paradigma e de referencial ético para a conclusão de inúmeros


tratados internacionais de direitos humanos quer do sistema global como dos
contextos regionais.

Assim, a Declaração tem repercutido intensamente nos textos constitucionais dos


Estados, independentemente de sua obrigatoriedade ou não pela ótica estrita do
Direito Internacional clássico, tendo sido reproduzida ipsis litteris em diversas
Constituições nacionais.
SEÇÃO IV

OS PACTOS DE
NOVA YORK
1. Criação dos mecanismos de
proteção
A Declaração Universal de 1948 – apesar de ser norma de jus cogens internacional – não dispõe de
meios técnicos para que alguém (que teve seus direitos violados) possa aplicá-la na prática. A
Declaração contemplou os direitos mínimos a serem garantidos pelos Estados àqueles que habitam o
seu território, mas sem trazer em seu texto os instrumentos por meio dos quais se possa vindicar (num
tribunal interno ou numa corte internacional) aqueles direitos por ela assegurados.

A falta de aparato próprio para a aplicabilidade da Declaração deu início a inúmeras discussões
relativamente à verdadeira eficácia de suas normas, nos contextos internacional e interno.

São dois os instrumentos da Pacto de Nova York, ambos


aprovados pela Assembleia-Geral da ONU, em Nova York, em
16 de dezembro de 1966:

● O Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos e


● O Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e
Culturais.
Por que dois tratados e não um?
Tais seriam os principais argumentos:

● Os direitos civis e políticos seriam jurisdicionados (positivados nas jurisdições nacionais e


exigíveis em juízo), de realização imediata, dependentes apenas de abstenção ou “prestação
negativa” do Estado e passíveis de monitoramento;

● os direitos econômicos, sociais e culturais seriam não jurisdicionalizáveis (não podendo ser objeto
de ação judicial imediata), de realização progressiva (conforme os meios postos à disposição do
Estado), dependentes de prestação positiva pelo Estado (devendo ser implementados por
políticas públicas estatais) e de difícil monitoramento, sobretudo em sua dimensão individual.

Lingren Alves aponta que tal separação das categorias expostas é reducionista. Não são poucos os
direitos econômicos, sociais e culturais que dependem dos direitos civis e políticos para
sobreviverem, sendo a recíproca também verdadeira.

Na verdade, o verdadeiro fator da criação de dois tratados ao invés de um, foi a dificuldade
para se chegar a acordo sobre mecanismo de monitoramento de sua implementação, além da
recusa de muitos governos de diferentes ideologias em aceitar qualquer tipo de controle externo.
Qual a finalidade?

Surgiram com a finalidade então premente de conferir-se dimensão


técnico-jurídica à Declaração Universal de 1948, tendo o primeiro pacto
regulamentando os arts. 1º ao 21 da Declaração, e o segundo os arts. 22 a 28

Ambos esses tratados compõem hoje o núcleo-base da estrutura normativa do


sistema global de proteção dos direitos humanos, na medida em que
“judicizaram”, sob a forma de tratado internacional, os direitos previstos pela
Declaração
2. Pacto Internacional sobre
Direitos Civis e Políticos

O Pacto foi aprovado pela Assembleia-Geral da ONU em 16 de dezembro de 1966, por 106 votos a
favor e nenhum contra, com 16 ausências.
Seu rol de direitos civis e políticos é mais amplo que o da Declaração Universal, além de mais rigoroso
na afirmação da obrigação dos Estados em respeitar os direitos nele consagrados. O Pacto,
comparando-se com o Pacto sobre Direitos Econômicos, Sociais e Culturais, também é melhor
aparelhado com meios de revisão e fiscalização
Logo de início (art. 2º) já se exige o compromisso dos Estados-partes em garantir a todos os indivíduos
que se encontrem em seu território e que estejam sujeitos à sua jurisdição (sejam eles nacionais ou não)
os direitos reconhecidos no tratado, sem discriminação alguma
O problema enfrentado pelo Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos foi a resistência
dos Estados em aceitarem os mecanismos de supervisão e monitoramento dos direitos que
ele elenca. Tais mecanismos encontram-se regulados nos arts. 28 a 45 do Pacto, em que
também se instituiu um Comitê de Direitos Humanos, formado por dezoito peritos, de
nacionalidades distintas e eleitos pelos seus Estados-partes
O Comitê de Direitos Humanos tem, então, um papel de monitoramento relativamente
à implementação pelos Estados dos direitos previstos no Pacto. Mas, para além dessa
função de supervisão, tem o Comitê duas atribuições de fundamental importância.

● A primeira é de natureza conciliatória e decorre do art. 41 do Pacto - diz respeito às


chamadas queixas interestatais.
Com base no art. 41, todo Estado-parte no Pacto poderá declarar, a qualquer momento, que
reconhece a competência do Comitê para receber e examinar as comunicações em que um
Estado-parte alegue que outro Estado-parte não vem cumprindo as obrigações que lhe impõe o
tratado. Tal dispositivo jamais foi acionado.

● A segunda atribuição importante do Comitê, por sua vez, é de natureza investigatória (também
chamada de quase judicial) - esta não decorre do Pacto Internacional de Direitos Civis e
Políticos mas do seu Protocolo Facultativo
3. Protocolo Facultativo ao Pacto sobre
Direitos Civis e Políticos
Finalidade: assegurar o melhor resultado dos propósitos do Pacto, para o qual faculta ao Comitê de
Direitos Humanos (criado pelo Pacto) receber e considerar petições individuais, em caso de violações
dos direitos humanos ali consagrados (international accountability), sistemática que não foi versada
pelo Pacto.
Mecanismo de petições individuais - é a atribuição de capacidade processual internacional aos
indivíduos, permitindo a estes a utilização direta do direito de petição individual. Esse mecanismo
trouxe reflexão direta nos ordenamentos internos dos Estados.
São 2 os requisitos para que sejam admitidas as petições individuais (Art. 5º, §2º do Protocolo
Facultativo):
a) a mesma questão não está sendo examinada perante outra instância internacional de investigação
ou solução - inexistência de litispendência internacional

b) o indivíduo em questão esgotou todos os recursos jurídicos internos disponíveis para a salvaguarda
do seu direito potencialmente violado.- exige o prévio esgotamento de todos os recursos internos
O Protocolo não é claro quanto à eficácia interna das decisões do
Comitê, não obstante se tratar de órgão criado por tratado internacional que
vigora no Estado-parte respectivo.

Seja como for, certo é que, na prática, os Estados – muitas


vezes sem qualquer justificativa plausível – mais
desconsideram as decisões do órgão que efetivamente as
aplicam.

E, somente os Estados-partes do Pacto Internacional de


Direitos Civis e Políticos é que podem ser partes no
Protocolo.
4. Pacto sobre Direitos Sociais,
Econômicos e Culturais

Finalidade: é dar juridicidade aos preceitos da Declaração Universal de 1948

As disposições constantes do Pacto dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais são


exemplo daquilo que se convencionou chamar de normas de caráter programático

Diferença com o Pacto de Direitos Civis e Políticos: obrigações jurídicas distintas

Ressalte-se que a capacidade de garantir muito dos direitos econômicos, sociais e culturais, pressupõe
a capacidade econômico-financeira, algo que nem todos os Estados dispõem (instabilidade econômica)

Os direitos civis e políticos - implementação se torna obrigação imediata, sem


condicionantes
Pelo Pacto Sobre Direitos Econômicos, Sociais e Culturais, os Estados que o
ratificam assumem o compromisso de assegurar progressivamente, ‘até o
máximo de seus recursos disponíveis’, com esforços próprios ou com
cooperação internacional.
DEBATE: a acionabilidade desses direitos nas cortes e instâncias judiciárias, não sendo poucos
os que sustentam que tais cortes são incompetentes para tratar de políticas sociais.

A ideia de não acionabilidade dos direitos sociais é meramente ideológica e não científica”,
baseada numa “preconcepção que reforça a equivocada noção de que uma classe de direitos
merece inteiro reconhecimento e respeito, enquanto outra classe,ao revés, não merece
qualquer reconhecimento

Sistema de monitoramento (arts. 16 a 25 do Pacto):

● Mecanismo de relatórios - os Estados devem apresentar sobre as medidas


que tenham adotado e sobre o progresso realizado, com o objetivo de
assegurar a observância dos direitos reconhecidos no Pacto - Os relatórios
poderão indicar os fatores e as dificuldades que prejudiquem o pleno
cumprimento das obrigações previstas no Pacto.
3. Protocolo Facultativo ao Pacto sobre
Direitos Econômicos, Sociais e Culturais

Até o ano de 2008 era desconhecido o mecanismo das petições individuais no âmbito do Pacto
Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais. Por meio desse Protocolo, o Comitê
de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais fica habilitado a apreciar as petições individuais
Foi a partir do Protocolo que os direitos econômicos, sociais e culturais receberam “justiciabilidade”
São requisitos para que sejam admitidas as petições individuais (Art. 3º, §§ 1º e 2º do Protocolo):
● Esgotamento de todos os recursos internos para a proteção do direito
São inadmissíveis quando:

● não for submetida no prazo de um ano após o esgotamento dos recursos internos, exceto quando o
autor puder demonstrar que não foi possível submeter a comunicação dentro do prazo

● os fatos que constituam o objeto da comunicação tenham ocorrido antes da entrada em vigor do
presente Protocolo para o Estado-Parte em causa, salvo se tais fatos persistiram após tal data
● a mesma questão já tenha sido apreciada pelo Comitê ou tenha sido ou esteja a ser examinada no
âmbito de outro processo internacional de investigação ou de resolução de litígios

● a comunicação for incompatível com as disposições do Pacto

● a comunicação seja manifestamente infundada, insuficientemente fundamentada ou exclusivamente


baseada em notícias divulgadas pelos meios de comunicação

● a comunicação constitua um abuso do direito de submeter uma comunicação; ou quando

● a comunicação seja anônima ou não seja apresentada por escrito


SEÇÃO V

SISTEMA REGIONAL
INTERAMERICANO
1. Convenção Americana sobre
Direitos Humanos

A Convenção Americana sobre Direitos Humanos foi assinada em 1969, tendo entrado em vigor
internacional em 18 de julho de 1978, após ter obtido o mínimo de 11 ratificações. Somente os
Estados-membros da OEA têm o direito de se tornar parte dela.

A proteção dos direitos humanos prevista na Convenção Americana é coadjuvante ou complementar


da que oferece o Direito interno dos seus Estados-partes. Tal significa que não se retira dos Estados
a competência primária para amparar e proteger os direitos das pessoas sujeitas à sua
jurisdição, mas que nos casos de falta de amparo ou proteção aquém da necessária, em
desconformidade com os direitos e garantias previstos pela Convenção, pode o sistema
interamericano atuar concorrendo para o objetivo comum de proteger determinado direito que o
Estado não garantiu ou preservou.

Não é supletória ao Direito Nacional!


A base da Convenção está nos seus dois primeiros artigos. Nos termos
do art. 1º, § 1º, intitulado Obrigação de respeitar os direitos, os
Estados-partes “comprometem-se a respeitar os direitos e liberdades
nela reconhecidos e a garantir seu livre e pleno exercício a toda pessoa
que esteja sujeita à sua jurisdição, sem discriminação alguma

A locução “a toda pessoa que esteja sujeita à sua jurisdição” significa


que a proteção da Convenção Americana independe da
nacionalidade da vítima, sendo estrangeiros ou apátridas,
residentes ou não em um desses Estados, estão protegidos pela
Convenção Americana.

A Convenção Americana não enuncia de forma específica qualquer direito social, cultural ou
econômico; limita-se a determinar aos Estados que alcancem, progressivamente, a plena realização
desses direitos, mediante a adoção de medidas legislativas e outras que se mostrem apropriadas,
nos termos do art. 26 da Convenção.

a Convenção Americana vem integrada por dois órgãos: a Comissão Interamericana de


Direitos Humanos e a Corte Interamericana de Direitos Humanos
2. Comissão Interamericana de
Direitos Humanos
A origem da Comissão Interamericana de Direitos Humanos é uma resolução e não um tratado.
Trata-se da Resolução VIII, adotada na V Reunião de Consulta dos Ministros das Relações
Exteriores, ocorrida em Santiago (Chile) em 1959.
Membros da comissão: a Comissão é integrada por sete membros “de alta autoridade moral e
reconhecido saber em matéria de direitos humanos”, que podem ser nacionais de qualquer Estado
membro da Organização dos Estados Americanos. Os membros da Comissão são eleitos, a título
pessoal, pela Assembleia Geral por um período de quatro anos, podendo ser reeleitos apenas uma vez.
Competências: órgão de admissibilidade das petições ou comunicações particulares
Pouquíssimas queixas são admitidas e segue à Corte. Nota-se que apenas “grandes temas” têm
sido submetidos à Corte pela Comissão.
Os requisitos para admissão de uma petição encontram-se previstos no art. 46, §1º da Convenção
Americana.
As funções da Comissão estão previstos no art. 41 da Convenção
3. Corte Interamericana de Direitos Humanos

Trata-se de tribunal internacional supranacional, capaz de condenar os Estados-partes na Convenção


Americana por violação de direitos humanos.

Composição e eleição de membros: 7 juízes (de nacionalidades diferentes), nacionais dos


Estados-membros da OEA. O Secretário Geral da OEA solicita aos Estados partes na Convenção que
apresentem uma lista com os nomes de seus candidatos para a Corte. Cada Estado parte pode propor até
três candidatos, sendo eleitos pela Assembleia Geral da OEA. Os juízes(as) eleitos possuem um mandato
de 6 anos podendo serem reeleitos uma vez, somente.

Competências:

● competência consultiva: uniformizar a interpretação acerca de sua própria jurisprudência e dos


dispositivos da Convenção Americana e de Tratados Internacionais.

● competência contenciosa: julgamento de petições e denúncias de violação de direitos humanos em


casos concretos, tendo caráter jurisdicional.
4. Eficácia Interna das Sentenças
proferidas pela CIDH

Sentenças internacionais são diferentes de sentenças estrangeiras.


As sentenças da Corte Interamericana têm duplo efeito:

● Res judicata: valendo para os Estados condenados (arts. 62 e 68 da Convenção)


● Res interpretata: para Estados terceiros - não é obrigado a ser sempre aplicada, uma vez que a
jurisdição interna de um Estado pode possuir uma interpretação mais benéfica que a prolatada pela
Corte IDH
Vários países latino-americanos têm se preocupado em seguir a jurisprudência da Corte
Interamericana nas suas ordens internas.
Função consultiva da Corte: a Corte IDH, por meio desta, responde às consultas formuladas pelos
Estados membros da OEA ou seus órgãos sobre:
a) a compatibilidade das normas internas com a Convenção;
b) a interpretação da Convenção ou de outros tratados relativos à proteção dos direitos humanos nos
Estados Americanos.
SEÇÃO VI

SISTEMA REGIONAL
EUROPEU
ORIGEM E OBJETIVOS GERAIS
Informações iniciais sobre a Convenção Europeia de Direitos Humanos

● Em relação aos demais sistemas regionais de proteção , o europeu é o que


alcançou o maior grau de evolução até o momento, tendo grande influência
sobre os demais.
Pós
. Segunda Guerra
● Isso decorre do fato de ter sido ele o primeiro a ser efetivamente instalado, a Mundial;
partir da aprovação da Convenção Europeia de Direitos Humanos, em 1950.

● Consequência direta dos eventos da Segunda Guerra Mundial, buscando


criar um padrão mínimo de proteção aos Direitos Humanos.
Busca por parâmetros
● É o tratado-regente do sistema regional europeu de proteção dos direitos mínimos de proteção
humanos. aos direitos humanos.

● Entrou em vigor internacional em 3 de setembro de 1953, quando dez


Estados europeus a ratificaram, tal como exige o seu atual art. 59, § 2º.
Portanto, trata-se de um texto de vida longa, que continua a ser o mais
expressivo catálogo europeu de direitos, hoje aplicável a 47 Estados do
Conselho da Europa.
Quem está sob a proteção
desse Tratado?
● As pessoas protegidas são quaisquer pessoas que
estejam sujeitas à jurisdição do Estado-parte em
causa, independentemente de sua nacionalidade.

(Art 1° da Convenção Europeia)


Partes da Convenção Europeia de Direitos Humanos

1° PARTE
(Título I, arts. 2º a 18) são elencados os
direitos e liberdades fundamentais,
essencialmente civis e políticos

2° PARTE

(Título II, arts. 19 a 51) a Convenção


regulamenta a estrutura e funcionamento
da Corte Europeia de Direitos Humanos

3° PARTE
(Título III, arts. 52 a 59) a
Convenção estabelece algumas disposições
diversas.
pppppppppppp
pppppppppppp

Protocolos Substanciais
pppppppppppp
pppp

● (Protocolo nº 1): direito de propriedade,


Como se disse, a Convenção Europeia sempre foi o mais à instrução e de sufrágio;
expressivo catálogo europeu de direitos. Mas ela (em seu texto
● (Protocolo nº 4): proibição da prisão civil
originário) não esgotou todo o rol de direitos e instrumentos por dívidas, liberdade de circulação,
necessários à efetiva proteção dos direitos humanos na Europa. proibição da expulsão de nacionais e
proibição da expulsão coletiva de
Para ampliar o rol de direitos protegidos, foram feitos vários estrangeiros;
protocolos à Convenção Europeia que preveem direitos
substantivos, a saber: ● (Protocolo nº 6): abolição da pena de
morte em tempo de paz; (Protocolo nº
13): abolição completa da pena de
morte, mesmo em situações de
exceção.

● (Protocolo nº 7): adoção de garantias


processuais na expulsão de
estrangeiros, garantia ao duplo grau de
jurisdição em matéria criminal, direito à
indenização em caso de erro judiciário,
o princípio do non bis in idem e o
princípio da igualdade conjugal;

● (Protocolo nº 12): direito à não


discriminação
Os Órgãos
Para o monitoramento dos direitos nela
consagrados, a Convenção Europeia, em seu
texto original, instituiu três órgãos distintos:

a) um semijudicial, a Comissão Europeia de


Direitos Humanos;

b) um judicial, a Corte Europeia de Direitos


Humanos; e

c) um “diplomático”, o Comitê de Ministros (do


Conselho da Europa)
O Protocolo n°11
Com o Protocolo n° 11, manteve-se a função de
supervisão do Comitê, mas aboliu-se a
competência contenciosa que ele detinha no
regime anterior. Essa abolição da função
decisória do Comitê foi aplaudida pela melhor
doutrina. Assim, do Protocolo nº 11 em diante a
função de decidir se houve ou não violação da
Convenção Europeia passou a ser uma função
exclusiva da Corte.

Esclarecidos os pontos principais da Convenção


Europeia de Direitos Humanos, merece agora
ser analisada a Corte Europeia.
A CORTE EUROPEIA

● 20 de abril de 1959;
● O primeiro tribunal de
direitos humanos a ser
instalado no Mundo.
● Primeira sentença em 14 de
novembro de 1960, Caso
Lawless Vs. Irlanda
Caso Lawless Vs. Irlanda
● Gerard Richard Lawless

● Exército Republicano Irlandês - IRA

● O caso foi aberto por violação, pelo


governo irlandês, dos artigos 5, 6 e 7 da
Convenção Europeia dos Direitos do
Homem
Características da Corte
● Número de juízes igual ao
número de Estados Membros do
Conselho da Europa;

● A própria corte é responsável por


eleger seus presidentes e
vice-presidentes.

● Desde sua instalação até o ano


de 2021, a corte chegou ao
número de 24.511 sentenças
proferidas.
Principais alterações
● Os protocolos de números 8, 9 e 11
foram os maiores responsáveis pelo
aperfeiçoamento institucional do
sistema regional europeu de direitos
humanos.
A nova Corte

Desde sua criação, a corte sofreu diversas alterações, sendo sua


principal, o protocolo 11, de 1 de novembro de 1998, em que tornou-se
uma instituição em tempo integral e a Comissão Européia de Direitos
Humanos , que costumava decidir sobre a admissibilidade dos pedidos,
foi abolida.
Competência consultiva
● Criada pelo Protocolo nº 2, de 1963;
● Os mais altos tribunais nacionais dos Estados que fazem parte
do Protocolo podem solicitar pareceres consultivos da Corte
Européia sobre questões de interpretação da Convenção
Européia e seus protocolos.
Críticas a competência

A limitação da competência
consultiva, fez com que até 2005,
não fosse proferido nenhum
parecer consultivo, 42 anos
depois que entrou em vigor.
Competência contenciosa

A sentença se limita a declarar que


o ato estatal violou (ou não) a
Convenção Europeia, bem assim as
consequências que o Estado em
causa deve suportar, a depender do
tipo de violação constatada.
Admissibilidade
● Art. 35 da convenção;
● Esgotamento dos recursos internos;
● Prazo de inscrição de quatro meses (a partir da
decisão judicial nacional final);
● Não ser a petição incompatível com o disposto na
Convenção ou nos seus Protocolos;
● Não ser anônima a petição;
● Requerente sofreu uma desvantagem significativa;
● Não ser manifestamente infundada ou de caráter
abusivo;
● Não ser a petição idêntica a alguma já submetida a
corte ou outro órgão internacional, sem conter fatos
novos.
SEÇÃO VII

SISTEMA REGIONAL
AFRICANO
Criação do sistema regional africano

● O continente africano tem sofrido


com inúmeras violações de direitos
humanos.
● A parte da África que mais sofre com
essas violações é a África
Subsaariana.
Criação do sistema regional africano

● Conferência de Lagos sobre o Estado de Direito


(Nigéria, 1961) → antecedente e ponto de partida do
sistema regional africano.
● Organização da Unidade Africana (OUA) → direito à
autodeterminação dos povos como um dos seus
temas centrais (1963-1970).
Em 2002, passou a se chamar União Africana
Carta Africana dos Direitos Humanos e dos Povos
● Tratado regente do sistema africano

● Também chamada de Carta de Banjul

● Aprovada em 1981 na Conferência Ministerial da OUA,


em Banjul, Gâmbia, e adotada pela XVIII Assembleia dos
Chefes de Estado e de Governo da OUA no mesmo ano

● Entrou em vigor em 21 de outubro de 1986

● Estabeleceu como órgão apenas a Comissão Africana


dos Direitos Humanos e dos Povos.
Estrutura da Carta

Parte I Parte II Parte III


(arts. 1º a 29) (arts. 30 a 63) (arts. 64 a 68)

Direitos e deveres dos “Medidas de Disposições diversas


cidadãos salvaguarda” da carta (entrada em vigor da
(composição da Carta, emendas ou
Comissão, revisão do texto, etc).
competências,
processo e princípios
aplicáveis)
Particularidades do Direito Regional
Africano

Conscientes do seu dever de libertar totalmente a África cujos


povos continuam a lutar pela sua verdadeira independência e
pela sua dignidade, e comprometendo-se a eliminar o colonialismo, o
neocolonialismo, o apartheid, o sionismo, as bases militares
estrangeiras de agressão e quaisquer formas de discriminação,
nomeadamente as que se baseiam na raça, etnia, cor, sexo, língua,
religião ou opinião política;
Categorias de direitos humanos

Preâmbulo

[...]

Convencidos de que, para o futuro, é essencial dedicar uma particular atenção ao direito ao
desenvolvimento; que os direitos civis e políticos são indissociáveis dos direitos
econômicos, sociais e culturais, tanto na sua concepção como na sua universalidade, e
que a satisfação dos direitos econômicos, sociais e culturais garante o gozo dos direitos
civis e políticos;
Direitos Humanos e Direitos dos
Povos

Preâmbulo

[...]

Tendo em conta as virtudes das suas tradições históricas e os valores da civilização


africana que devem inspirar e caracterizar as suas reflexões sobre a concepção dos direitos
humanos e dos povos;

Reconhecendo que, por um lado, os direitos fundamentais do ser humano se baseiam


nos atributos da pessoa humana, o que justifica a sua proteção internacional, e que, por
outro lado, a realidade e o respeito dos direitos dos povos devem necessariamente
garantir os direitos humanos;
Deficiências
● Ambiguidade e falta de definição precisa em seu texto
● Ausência de cláusula derrogatória de direitos em
situação de exceção e cláusula de reserva
As Instituições de Garantia e de Controle da Carta Africana
1. Comissão Africana dos Direitos Humanos e dos
Povos;
2. Corte Africana dos Direitos Humanos e dos
Povos;
1. Comissão Africana dos Direitos
Humanos e dos Povos
● A Comissão Africana dos Direitos Humanos e dos povos foi
instituída pela própria Carta de Banjul, nos termos do seu
artigo 30, como medida de salvaguarda, com a finalidade de
promover os direitos humanos e dos povos e de
assegurar a sua eficácia no continente africano;

● A ausência de um órgão jurisdicional, como nos sistemas


americano e europeu que à época eram constituídos pela
Comissão e pela Corte, é apontada como uma das principais
causas da fragilidade e das limitações na eficácia da
proteção dos direitos humanos na África.
Estrutura da Comissão
Como disposto no texto da Carta, a Comissão é composta por 11 membros, nacionais de

diferentes Estados africanos, escolhidos a partir de uma lista de nomes elaborada pelos
Estados-partes, dentre pessoas reconhecidas por sua elevada moralidade e consideração, além da

sua integridade, imparcialidade e de seu notado conhecimento acerca dos direitos humanos e dos
povos. Os membros da Comissão são eleitos pela Conferência dos Chefes de Estado e de

Governo, em escrutínio secreto, para um mandato de seis anos, renovável.


Competência
● Análise, admissibilidade da denúncia e
julgamento da ação;

● Análise dos relatórios emitidos pelos


Estados-partes quanto a medidas adotadas
internamente para proteção dos direitos
humanos.
Competência Interpretativa

Ademais, é válido ressaltar que apesar de ser considerado um


órgão político, a Carta Africana atribuiu à Comissão a
competência interpretativa, função esta típica dos órgãos
jurisdicionais nos sistemas americano e europeu, através
da qual cabe à Comissão interpretar todos os dispositivos da
Carta, quando requisitada por um Estado-parte, por uma
instituição da União Africana ou por uma Organização Africana
reconhecida pela UA.
Comunicação à Comissão

● As violações à Carta Africana podem ser encaminhadas

à Comissão através de comunicações elaboradas pelos


Estados-partes ou pelos próprios indivíduos.
Requisitos de Admissibilidade
● Prévio esgotamento dos recursos internos;

● Não se utilizar exclusivamente de notícias difundidas

pelos meios de comunicação em massa;

● Apresentar a reclamação em prazo razoável;

● Não haver litispendência internacional.


Decisão
Se a decisão for no sentido de que de fato houve
violação ou violações aos direitos previstos na
Carta africana, a Comissão enviará
recomendações ao Estado culpado para que
sejam cessadas as violações, ou para que
realizem mudanças em leis específicas. Alguns
Estados cumprem as recomendações e tomam as
providências cabíveis, outros, no entanto, as
desprezam, uma vez que as decisões da
Comissão não são jurídico-vinculativas.
Estrutura da Corte
De acordo com o artigo 11 do Protocolo, a Corte será composta por 11 magistrados e estes
devem ser nacionais de Estados membros da União Africana, não podendo haver
dois juízes nacionais de um mesmo Estado. Ademais, a indicação será feita a partir de
uma lista de nomes elaborada pelos Estados partes do Protocolo, tomando como base
pessoas de alta moral e notadas competência e prática na área dos direitos humanos e
direitos dos povos.
Competência
● Quanto à competência consultiva, cabe à Corte emitir opiniões
motivadas acerca da interpretação da Carta de Banjul ou de qualquer
outro documento internacional de direitos humanos que tenha caráter
relevante, como disposto no artigo 4º do Protocolo;

● No que tange à competência contenciosa da Corte Africana, esta


deverá julgar os litígios buscando sempre uma solução amistosa,
podendo adotar “medidas provisórias”.
Peticionários
O artigo 5º do Protocolo estabelece que poderão enviar demandas a serem
apreciadas pela Corte: a Comissão, o Estado Parte que tenha apresentado
reclamação para a Comissão, o Estado Parte em face de quem a reclamação foi
apresentada, o Estado-parte cujo cidadão tenha sido vítima de violação de
direitos humanos, e as organizações intergovernamentais africanas.
Desafios
Muitos são os desafios a serem enfrentados pela Corte Africana,
nesse sentido bem resume Flávia Piovesan:

Com efeito, a credibilidade da nova Corte estará condicionada ao


enfrentamento desses desafios, que compreendem a maior aceitação
de sua jurisdição pelos Estados, com a ampla ratificação do Protocolo;
a independência e a integridade de sua atuação; a sua relação com a
Comissão, de forma a conferir maior eficácia ao sistema de proteção
dos direitos humanos e dos povos consagrado na Carta; a
insuficiência e precariedade dos recursos financeiros disponíveis; e o
devido cumprimento de suas decisões pelos Estados-partes, que
ainda experimentam os dilemas de consolidação do regime
democrático e do Estado de Direito no âmbito interno.
SEÇÃO VIII

DIREITOS HUMANOS NO
MUNDO ÁRABE
1. LIGA ÁRABE

● Liga dos Estados Árabes, criada pelo Protocolo de Alexandria, em 22 de março de 1945

● Não havia na Carta da Liga, entretanto, qualquer menção à proteção dos direitos
humanos, tendo a primeira Resolução sobre o tema sido adotada pelo Conselho da Liga
Árabe em 12 de setembro de 1966

● a Comissão Permanente Árabe para os Direitos Humanos, a fim de elaborar um programa


para a celebração do Ano dos Direitos Humanos, em 1968
2. A CARTA ÁRABE DE DIREITOS
HUMANOS E A AUSÊNCIA DE PROTEÇÃO

● Até o presente momento o Mundo Árabe conta apenas com um tratado-regente em matéria de
proteção aos direitos humanos: a Carta Árabe de Direitos Humanos. Desde o seu Preâmbulo,
percebe-se que não se trata de um instrumento laico, eis que fundado na religião islâmica.
Também, em vários dispositivos a Carta submete sua interpretação à Shari’ah

● A Carta já foi também criticada pela então Alta Comissária das Nações Unidas para os Direitos
Humanos, Louise Arbour, por equiparar o sionismo ao racismo, em desconformidade com a
Resolução da Assembleia-Geral 46/86, que rejeita seja o sionismo uma forma de racismo e de
discriminação racial

● Não é possível dizer já existir, repita-se, um verdadeiro “sistema” regional árabe em matéria de
direitos humanos, para o que seria necessária a criação de instâncias de monitoramento
similares às existentes nos continentes europeu, americano e africano. O que existe no “sistema”
árabe de proteção é, por enquanto, apenas o seu tratado-regente (a Carta). Não se tem ainda uma
Comissão e, tampouco, uma Corte árabe de direitos humanos, o que seria necessário para que se
pudesse falar em um verdadeiro e novo sistema regional de proteção
SEÇÃO IX

DIREITOS HUMANOS NA
ÁSIA
1. ASEAN

● O primeiro passo rumo à proteção desses direitos naquela região foi dado quando a
Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN, na sigla oficial em inglês) logrou
adotar, em novembro de 2012, uma Declaração de Direitos Humanos.

● Faltam países da região asiática (como Japão, China, Coréia do Norte e Coréia do Sul,
para citar apenas alguns)
1. A DECLARAÇÃO

● A Declaração contém 40 artigos assim divididos: princípios gerais (arts. 1.º a 9.º),
direitos civis e políticos (arts. 10 a 25), direitos econômicos, sociais e culturais (arts.
26 a 34), direito ao desenvolvimento (arts. 35 a 37), direito à paz (art. 38) e
cooperação para a promoção e proteção dos direitos humanos (arts. 39 e 40)

● A Declaração é considerada não vinculante (non-binding) para os Estados que a


adotaram, mesmo porque não há previsão de mecanismos de monitoramento e de
supervisão nesse modelo. Tal, entretanto, não desonera esses Estados de suas
obrigações relativas a direitos humanos no âmbito das Nações Unidas e de outras
organizações internacionais

● Na prática, é que os Estados que a adotaram não têm despendido esforços para
implementá-la em âmbito doméstico, o que ainda poderá levar anos para acontecer. Essa
demora para a concretização dos direitos humanos na Ásia
SEÇÃO X

ESTATUTO DE ROMA DO
TRIBUNAL PENAL
INTERNACIONAL
DA NECESSIDADE DE UM TPI

Fonte: Fotos – Genocídio – Genocídio Armênio –


100 anos de luta (genocidioarmenio.com.br)

Foto de Sebastião Salgado, 1996, disponível em: Fotos: O genocídio de


Ruanda, pelo olhar de um mestre da fotografia | | EL PAÍS (elpais.com)
ANTECEDENTES
Tratado de Versalhes (1919)

FINAL DA PRIMEIRA
GUERRA MUNDIAL

Tratado de Sèvres (1920)


TRIBUNAL DE NUREMBERG

TRIBUNAL MILITAR INTERNACIONAL DE


TÓQUIO
Os tribunais ad hoc
TRIBUNAL PENAL INTERNACIONAL PARA A
EX-IUGOSLÁVIA

TRIBUNAL PENAL INTERNACIONAL PARA


RUANDA
CONTRIBUIÇÕES
● Responsabilização individual dos autores dos crimes;
● Desconsideração das imunidades de jurisdição e das ordens
superiores como excludentes da responsabilidade internacional;
● Não deixar impunes os responsáveis por atrocidades contra a
humanidade.
CRÍTICAS

● Criação por meio de resoluções da ONU;


● Violação ao princípio do juiz natural.
Estatuto de Roma do TPI
● Aprovado em 17 de julho de 1998;
● Entrou em vigor internacional em 1º de julho de 2002;
● 120 votos favoráveis contra 7 contrários;
● A EC n.º 45/2004 expressamente integrou a jurisdição
do TPI ao bloco de constitucionalidade (art. 5º, § 4º)
CARACTERÍSTICAS
1. NÍVEL SUPRACONSTITUCIONAL
2. INDEPENDÊNCIA
3. SUBSIDIARIEDADE
4. JUSTIÇA AUTOMÁTICA
Estrutura do Estatuto
Preâmbulo + 128 artigos, distribuídos em:
I – Criação do Tribunal;
II – Competência, admissibilidade e direito aplicável;
III – Princípios gerais de direito penal;
IV – Composição e administração do Tribunal;
V – Inquérito e procedimento criminal;
VI – O julgamento;
VII – As penas;
VIII – Recurso e revisão;
IX – Cooperação internacional e auxílio judiciário;
X – Execução da pena;
XI – Assembleia dos Estados-partes;
XII – Financiamento;
XIII – Cláusulas finais
COMPETÊNCIAS
1. MATERIAL (art. 5º, §1)
a) Crime de genocídio (art. 6º)
b) Crimes contra a humanidade (art. 7º)
c) Crimes de guerra (art. 8º)
d) Crime de agressão (Emendas de Kampala, art. 8 bis)
2. TEMPORAL
a) Crimes cometidos após a sua instituição (1º de julho de 2002), conforme
art. 11, § 1º
b) Estado que se torna parte do Estatuto após 01/07/2002: crimes cometidos
após o Estatuto entrar em vigor no referido Estado, salvo disposição em
contrário (art. 11, § 2º c/c art. 12, § 3º)
3. SUBJETIVA - o TPI não exerce jurisdição sobre:

a) Menores de 18 anos;
b) Estados;
c) Organizações internacionais;
d) Pessoas jurídicas de direito privado
Antinomias (aparentes) com o direito brasileiro

1. ENTREGA versus EXTRADIÇÃO


2. PENA DE PRISÃO PERPÉTUA
3. IMUNIDADES E PRERROGATIVAS DE FUNÇÃO
4. RESERVA LEGAL
5. QUEBRA DA COISA JULGADA
“o ato de entrega é aquele feito
pelo Estado a um tribunal
internacional de jurisdição
permanente, diferentemente da
extradição, que é feita por um
Estado a outro, a pedido deste,
1. Entrega x extradição
em plano de absoluta igualdade,
em relação a indivíduo nesse Pela compatibilidade: Valério Mazzuoli,
último processado ou condenado
e lá refugiado” (MAZZUOLI, considerando o caráter supraconstitucional do
2019, p. 1441)
Estatuto e que a entrega é um instituto distinto
da extradição

Em sentido contrário: Paulo Queiroz (2015, p.


151).
2. Pena de prisão perpétua
O art. 77, §1º, alínea b prevê a pena de prisão perpétua “se o elevado
grau de ilicitude do fato e as condições pessoais do condenado o
justificarem”. Mazzuoli entende que não há antinomia real com o direito
pátrio, pois a vedação constitucional do art. 5º, inciso XLVII, alínea b
não tem o condão de vincular a ordem internacional, isto é, apenas
alcança a execução penal interna (2019, p. 1443). Em sentido contrário,
Paulo Queiroz (2015, p. 151).
3. Imunidades e prerrogativas de função
“As imunidades ou normas de procedimento especiais decorrentes
da qualidade oficial de uma pessoa; nos termos do direito interno
ou do direito internacional, não deverão obstar a que o Tribunal
exerça a sua jurisdição sobre essa pessoa.” (art. 27, §2º)
4. Reserva legal
- Previsão dos princípios nullum crimen sine lege e nulla
poena sine lege, em seus arts. 22, § 1º e 23
- O Estatuto detalha minuciosamente os crimes de sua
competência
5. Violação à coisa julgada
Art. 20, §3. O Tribunal não poderá julgar uma pessoa que já tenha sido julgada por outro
tribunal, por atos também punidos pelos artigos 6o, 7o ou 8o, a menos que o processo nesse
outro tribunal:

a) Tenha tido por objetivo subtrair o acusado à sua responsabilidade criminal por
crimes da competência do Tribunal; ou

b) Não tenha sido conduzido de forma independente ou imparcial, em conformidade


com as garantias de um processo eqüitativo reconhecidas pelo direito internacional, ou
tenha sido conduzido de uma maneira que, no caso concreto, se revele incompatível com a
intenção de submeter a pessoa à ação da justiça.
Obrigado!
FONTES
ELABORADO POR : Augusto César, Gesiel Rocha, João Vitor Prianti e Nayara Santos

FONTES :

• Direito Constitucional, de
Pedro Lenza (2023)
• Curso de Direito Penal: Parte
Geral, de Paulo Queiroz (2015)
• https://jus.com.br/artigos/29
20/esta-nascendo-o-primeir
o-tribunal-penal-internaciona
l, artigo de Luiz Flávio
Gomes (2002)
• Livros, artigos, etc
SLIDE DE TEXTO
SUB TITULO

Texto
Protocolo n° 11

Com o Protocolo n° 11, manteve-se a função de


supervisão do Comitê, mas aboliu-se a
competência contenciosa que ele detinha no
regime anterior. Essa abolição da função decisória
do Comitê foi aplaudida pela melhor doutrina.
Assim, do Protocolo nº 11 em diante a função de
decidir se houve ou não violação da Convenção
Europeia passou a ser uma função exclusiva da
Corte.

Esclarecidos os pontos principais da Convenção


Europeia de Direitos Humanos, merece agora ser
analisada a Corte Europeia.
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