Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
(texto elaborado com base em: MAZZUOLI, Valério de Oliveira. Curso de Direito Internacional
Público. São Paulo: Ed. Revista dos Tribunais, 2008. p.735 e seguintes; PORTELLA, Paulo
Henrique Gonçalves. Direito Internacional Público e Privado. Salvador: Jus Podivm, 2010. p. 619
e seguintes)
Considera-se que, atualmente, as pessoas estão sujeitas a dupla proteção: uma no plano
interno, tratada, em regra, pelo direito constitucional e outra no plano externo, objeto do direito
internacional público, tema que ora será estudado.
DIREITOS DO HOMEM A expressão vincula-se à idéia de direitos naturais (ainda não positivados)
de proteção aos indivíduos. Em outras palavras, cuida-se de direitos que
ainda não foram estabelecidos nas constituições ou em tratados
internacionais. Hoje, contudo, é praticamente impossível encontrar algum
direito não positivado em norma internacional ou interna.
DIREITOS HUMANOS Estão previstos em tratados internacionais ou são protegidos por meio de
outras normas internacionais, como os costumes. São, portanto, direitos
objeto de proteção do DIP.
O direito internacional dos direitos humanos pode ser entendido como o ramo do direito
internacional que tem por fim a proteção e a promoção da dignidade da pessoa humana em todo
o mundo, consagrando uma série de direitos dirigidos a todos os indivíduos sem distinção de
qualquer espécie.
O suporte de validade dos direitos da pessoa humana está, justamente, na dignidade da qual
toda e qualquer pessoa é portadora. Há uma forte crítica da doutrina em relação à geração de
direitos humanos, como classificam alguns. Isso porque a idéia de “gerações” pressupõe que
“uma geração substitua a outra”. Os direitos humanos, contudo, são indivisíveis, pois não se
pode afirmar que os direitos de liberdade (direitos civis e políticos), ditos de primeira geração,
sejam substituídos pelos direitos de igualdade (direitos econômicos, sociais e culturais),
considerados de segunda geração. Estes, por sua vez, também não são substituídos pelos
direitos de fraternidade (direito ao desenvolvimento, à paz, ao meio ambiente, etc.), chamados
de direitos de terceira geração, nem pelos direitos ditos de quarta geração, normalmente
vinculados à idéia de globalização dos direitos fundamentais (direito à democracia, ao
pluralismo, à informação). Para alguns, então, como o processo de desenvolvimento dos DH é
cumulativo e não excludente, motivo pelo qual a idéia que melhor definiria essas conquistas seria
a de dimensão, e não de gerações. Os direitos humanos são interdependentes e inter-
relacionados.
São características dos Direitos Humanos:
2. UNIVERSALIDADE: Basta ter a condição de “ser humano” para ter a proteção dos direitos
humanos, independentemente de sexo, raça, religião, etc. Os direitos humanos protegem todas
as pessoas, indistintamente.
O conjunto de normas internacionais que hoje protegem os direitos humanos são decorrência de
um processo lento e gradual impulsionado especialmente após a Segunda Grande Guerra,
normalmente denominado de internacionalização ou universalização dos direitos humanos.
A importância desses três precedentes resulta no fato de que eles ajudaram a sepultar alguns
dogmas, até então vigentes no plano internacional como, por exemplo, a idéia de que a
soberania estatal era absoluta e de que o direito internacional deveria se ocupar unicamente com
temas vinculados aos Estados soberanos. Esses três precedentes contribuíram para que a
proteção dos DH ultrapassasse as fronteiras estatais e ganhasse força no plano internacional.
Com o fim da Segunda Grande Guerra e em decorrência das inequívocas violações aos DH
observados no referido conflito, a humanidade percebeu que era necessário construir um
sistema capaz de impedir que tais atrocidades pudessem se repetir no plano internacional.
Portanto, os Estados viram-se obrigados a construir toda uma normatividade internacional eficaz
para que as pessoas recebessem proteção. O “direito a ter direitos”, expressão de Hannah
Arendt, passou a ser o referencial para um processo de internacionalização dos direitos
humanos, iniciado nesse período.
Pode-se afirmar, assim, que surge no âmbito da ONU um sistema global de proteção aos direitos
humanos, tanto em caráter geral – como no caso da adoção do Pacto Internacional sobre
Direitos Civis e Políticos, como de caráter específico – em face da adoção de diversos tratados
internacionais que regulamentam temas próprios, como as Convenções Internacionais de
combate à tortura, à discriminação racial, à violação ao direito das crianças, etc.).
O sistema global, também conhecido como “internacional” ou “universal” visa abranger o mundo
inteiro. É administrado pela ONU e seu principal órgão é o Alto Comissariado das Nações Unidas
para os Direitos Humanos. Seus documentos mais importantes são: Declaração Universal dos
Direitos Humanos, de 1948, o Pacto sobre Direitos Civis e Políticos, de 1966 e o Pacto sobre
Direitos Econômicos, Sociais e Culturais, de 1966.
Da mesma forma como ocorre com o sistema de proteção global, há, no plano regional,
instrumentos de caráter geral, destinados a todas as pessoas, e instrumentos internacionais de
caráter específica, destinados a determinada categoria de pessoas, como os portadores de
deficiência, os índios, as crianças, etc.
Os sistemas regionais visam promover os direitos humanos em determinadas regiões do mundo,
atentando para as especificidades de cada local. Os sistemas mais conhecidos são o Europeu, o
Africano e o Interamericano, sistema do qual o Brasil faz parte. O sistema interamericano é
administrado pela Organização dos Estados Americanos (OEA), tendo por principais órgãos a
Comissão e a Corte Interamericana de Direitos Humanos. Seu tratado mais importante é a
Convenção Americana de Direitos Humanos (Pacto de São Jose, de 1969).
Diz que os sistemas de proteção aos DH (global e regionais) são coexistentes e complementares
uns aos outros, não havendo qualquer problema quanto à regulação, por ambos os sistemas, de
direitos idênticos.
A proteção global, exercida no âmbito da ONU será estudada na aula de hoje através dos vídeos
postados. Neles, existem informações não constantes no presente texto.
A proteção regional dos DH, especialmente a que ocorre no plano interamericano, não será
objeto de estudo na disciplina. Isso porque é objeto de uma disciplina específica existente no
currículo do curso de direito, denominada de “Direitos Humanos na América Latina”.
Assim, convido-o a assistir aos vídeos postados na aula de hoje. Somados, não ultrapassam
uma hora de exibição, ok?
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
Para pensar: O Direito Internacional dos DH é o mesmo que Direito Internacional Humanitário?
Por quê?